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a importância da Educação Empreendedora tanto para o desenvolvimento de comportamentos empreendedores quanto para o desenvolvimento do potencial empreendedor.

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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA PARA A FORMAÇÃO DO 
PROFISSIONAL REFLEXIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AUTORES: Américo Diniz Neto 
Rua da Cruz, 124 Venda da Cruz – São Gonçalo– RJ 
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E.mail fernando@latec.uff.br 
Telefone:(21)2629-5711
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Resumo 
 
 
A civilização vem percorrendo ciclos evolutivos cada vez mais freqüentes. Durante séculos 
viveu-se a era industrial e, logo em seguida, contada em décadas, a era da informação. 
Atualmente, analistas já apontam a era atual como a era do conhecimento, cultura, lazer e 
ecologia. Acredita-se que a humanidade poderia dar um salto ainda maior, avançando para a 
era da sabedoria, indo além do conhecimento científico, despertando o homem para o uso 
produtivo da cultura popular, da experiência de vida, do equilíbrio da natureza, da intuição e 
da percepção emotiva. 
 
Este artigo mostra a importância de disseminar a educação empreendedora nas bases 
curriculares brasileiras, visando a formação de jovens focados na demanda do mercado de 
trabalho. A pesquisa realizada aponta para a necessidade de maior interação da universidade 
com o mercado, de forma a oferecer profissionais em sintonia com as necessidades do 
mercado de trabalho. 
 
Pesquisas em periódicos, jornais, artigos, livros de autores consagrados no tema, bem como 
debates em congressos e palestras, mostram a necessidade de sensibilizar todos os envolvidos 
no processo da educação, desde pais, educadores, mestres, entidades e governantes, para 
importância de disseminar a cultura empreendedora. 
 
 
Palavras Chaves : 
Educação empreendedora, Empreendedorismo, Inovação 
 
 
 
 
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Abstract 
 
 
Civilization has been experiencing more and more evolutionary cycles. For centuries we have 
lived under the Industrial Age and then, right after that, we moved on to the Information Age, 
which now lasts for decades. Nowadays, some analysts are pointing at the beginning of a new 
evolutionary cycle, that is, the Age of Knowledge, Culture, Leisure and Ecology. We would 
like to believe that humanity could perform an even higher jump towards what we call the 
Age of Wisdom, going beyond the scientific knowledge, revealing men awareness for the 
productive use of popular culture, life experience, nature balance, intuition and emotive 
perception. 
 
This article shows the importance of disseminating entrepreneurial culture through out the 
educational system, including it in high school programs, aiming to provide youth the 
necessary background to comply with job market demand. The research performed points out 
the need of promoting greater interaction between universities and the marketplace, so that 
universities can be able to prepare professionals tuned with job market needs. 
 
Researches published in periodicals, journals, specialized magazines, books written by experts 
in the subject, as well as debates held in conferences and seminars related to the matter, show 
the need of sensitizing all people involved in educational processes, such as fathers, teachers, 
masters, entities and political authorities of the importance of disseminating entrepreneurial 
culture. 
 
Key Words: 
Entrepreneurial Culture, Entrepreneurship, Innovation 
 
 
 
 
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Introdução 
 
 
Discorrer sobre empreendedorismo tornou-se muito comum nos dias de hoje. Entretanto, 
despertar e estimular o potencial empreendedor é tarefa a qual poucos se dedicam. A 
abrangência das questões que envolvem o assunto é tão ampla que é razoável supor que tal 
tarefa venha a ser desempenhada por todas as forças da sociedade. Vislumbra-se a chegada, 
bem próxima, de um futuro sem empregos. Mantidas as atuais bases curriculares, as quais 
incorporam apenas os valores tradicionais, as universidades continuarão “produzindo 
candidatos a empregos” e toda uma geração estará “fadada à falência”. 
 
Importante lembrar que a Lei de Diretrizes e Base da Educação, de 20 de Dezembro de 1996, 
em seu artigo 1º é bem clara: “A educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de 
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais” e acrescenta que, “a educação escolar deverá vincular-se ao 
mundo do trabalho e prática social”.i 
 
Questiona-se, portanto, o fato do Brasil, que já copiou tantos modelos educacionais adotados 
em outros países, não seguir o exemplo de grandes centros de ensino norte-americanos e 
europeus que hoje já praticam a cultura empreendedora em suas bases curriculares. Por que 
não inserir desde o ensino fundamental, conceitos de empreendedorismo, inculcando a cultura 
empreendedora na mente dos jovens brasileiros desde a sua mais tenra infância? 
 
Acredita-se firmemente que o despertar dos jovens brasileiros para atitudes empreendedoras 
só se dará de forma consistente, contínua e relativamente rápida se for utilizado o sistema 
educacional como meio de divulgação. Temas como Empreendedorismo, Meio Ambiente, 
Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável devem ser mais explorados, seja 
através da transversabilidade entre matérias, seja a partir da introdução desses temas como 
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matérias optativas da grade curricular. É necessário que sejam criadas alternativas para que os 
jovens, ao se graduarem, possam contar com uma nova expectativa que hoje lhes falta – a de 
não apenas atuarem, enquanto empregados, como um elo sem muita importância e autonomia, 
de toda uma engrenagem complexa, mas sim adotarem a postura de colaboradores mais 
conscientes da parceria “empregado – empresa”, adotando atitudes empreendedoras em todos 
os seus movimentos, podendo, até mesmo, optarem pela aventura de se tornarem empresários, 
constituindo seus próprios negócios. 
 
Uma das principais motivações por trás do interesse no desenvolvimento de pesquisa e 
reflexão sobre este tema foi a observação de que, atualmente, existem muito poucas entidades, 
sejam elas escolas de educação profissional ou escolas de nível superior que realmente 
estejam preocupadas com a formação de jovens com o perfil que o mercado de trabalho 
demanda de fato, ou seja, um profissional que não tenha medo de correr riscos, que seja 
audacioso, criativo, visionário, enfim, que seja dotado de espírito empreendedor. 
 
Recentemente, o Jornal do Brasil estampava a seguinte manchete em seu caderno Economia e 
Negócios: “Desemprego apavora Brasileiro”. As estatísticas apresentadas refletiam os 
sentimentos dos brasileiros quanto ao desemprego e, apesar de estarrecedoras, sua leitura não 
mais causava espanto para qualquer brasileiro. O artigo relatava que “... em pesquisa 
encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, 56% das pessoas entrevistadas 
acreditam que o desemprego vai aumentar nos próximos 6 meses e 63% temem perder 
sua vaga. Destes, 40% tem muito medo e 23% tem pouco medo e entre os 37% 
restantes, 9% já estão desempregados...”. 
 
De fato, o emprego, na acepção antiga da palavra, acabou. Importante notar que o alto nível 
de desemprego não ocorre, certamente, por falta de criatividade, vontade, habilidades 
específicas e coragem dos jovens brasileiros,mas sim pela falta de orientação, informação e, 
até mesmo, vontade política dos dirigentes do país. Certamente, está na universidade, vista 
como escola-técnica, o ambiente mais propício para a formação empreendedora, com enfoque 
na sustentabilidade, ética e respeito ao meio ambiente. Apenas dessa maneira, será possível 
construir um país deveras sustentável. 
 
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Este artigo adota, como premissa, a importância do professor no processo de mudança de 
paradigmas que tem início quando o jovem deixa de agir como um simples empregado, 
passando a adotar atitudes empreendedoras e, se encerra, com a determinação de um novo 
perfil de profissional, dono do seu próprio destino. 
 
O processo da Educação através dos tempos 
 
Ao longo da história da humanidade, a educação foi se moldando de acordo com as 
instituições, sempre calcadas em bases sólidas ditadas pelo próprio povo. 
 
Acredita-se que, conhecer e entender as origens do processo educacional, possa auxiliar no 
entendimento das influências que afetam as organizações, bem como a desvendar as 
principais causas que levam ao sucesso ou ao fracasso de grandes projetos em benefício dos 
membros da sociedade. 
 
A educação, desde seus primórdios, foi caracterizada pelo ensinamento entre os povos 
primitivos de forma espontânea e natural. Ministrava-se, pela imitação direta e inconsciente, 
as práticas dos adultos às crianças. Elas normalmente iniciavam as suas ocupações na tribo 
pela construção de utensílios, aprendendo a caçar, a pescar ou mesmo desempenhando 
atividades agrícolas, sempre monitorados pelos mais velhos. 
 
Em uma fase mais adiantada, a educação foi adquirindo um certo valor permanente porque, 
através das cerimônias religiosas e das danças, os ensinamentos eram transmitidos pelos mais 
velhos aos mais jovens. À medida que havia um acúmulo de conhecimento, esses jovens eram 
elevados a feiticeiros e curandeiros, em seguida a sacerdotes e assim por diante. È no rastro 
desta cadeia que se deu o surgimento dos primeiros professores da era primitiva. E como não 
poderia deixar de ser, com o passar do tempo, e em função de diversos acontecimentos sócio- 
culturais, surgiu, então, o professor da era atual. 
 
Razões para disseminar a cultura empreendedora 
 
A realidade do mundo atual, uma grande aldeia “on line”, aponta para uma nova relação entre 
mercado e trabalho, muito diferente daquela de tempos atrás – empregos escasseiam e, ao 
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mesmo tempo, há trabalho em excesso. O índice médio de desemprego, apurado pelo 
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada - IPEA, vem sendo considerado o pior dos 
últimos 15 anos (IBGE, 2001). 
 
Sustentando a necessidade de se disseminar a cultura empreendedora, surge Filion que, em 
entrevista à Revista Sebraeii, disse que “nos próximos anos, nossa compreensão do termo 
carreira irá mudar radicalmente e muitas carreiras irão se tornar mais 
empreendedoras, permitindo aos indivíduos que possam escolher o melhor caminho a 
ser percorrido”. 
 
Certamente será necessário rever todas as crenças que envolvem atualmente a inserção de 
cidadãos ao mercado de trabalho. E certamente, também, não mais será possível conceber a 
formação de meros empregados. Isto porque, as relações de emprego sofreram grandes 
alterações nas últimas décadas. O avanço da tecnologia e a necessidade das empresas serem 
cada vez mais competitivas, principalmente pelo fenômeno da globalização, aliados à 
conjuntura sócio-econômica do país e do mundo, diminuíram vertiginosamente os postos de 
trabalho tradicionais. 
 
As mudanças também ocorrem vertiginosamente no âmbito das universidades. Um diploma 
de graduação, que era até bem pouco tempo sinônimo de boa colocação no mercado de 
trabalho, não oferece a mesma regalia na situação atual: se nas últimas décadas a maioria dos 
universitários almejava seguir a carreira de executivo ao terminar a faculdade, nos dias atuais 
a concepção é outra. O momento é de mudanças que favorecem grandes oportunidades. O 
emprego, no sentido comumente aplicado, tende a se extinguir. O aumento da competitividade 
obriga o desenvolvimento de um espírito empreendedor preparado para assumir riscos. 
 
Além das razões acima explicitadas, podem ser destacadas outras tantas razões para 
disseminar a cultura empreendedora, conforme acredita Dolabela (1999). São elas: 
 
• Auto-realização – o empreendedorismo oferece graus elevados de satisfação ao 
empreendedor, pois é a exteriorização do que se passa no seu interior 
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• Estimular o desenvolvimento – o desenvolvimento econômico está calcado nas micro e 
pequenas empresas que têm sido as maiores responsáveis pelo crescimento econômico do 
país 
• Apoiar as pequenas empresas – o mundo “on line” coloca a micro e pequena empresa 
como as maiores responsáveis pela geração de novos postos de trabalho 
• Responder ao desemprego – com a falta de empregos, as instituições de ensino superior 
passam a ser agentes de disseminação da cultura empreendedora 
 
É possível ensinar alguém a ser empreendedor? 
 
O desenvolvimento da carreira empreendedora não envolve apenas o emprego ou trabalho em 
um pequeno negócio, ganhando maior amplitude e passando a incluir o trabalho junto aos 
negócios da família, as microempresas, o auto-emprego, o empreendedorismo ecológico, o 
empreendedorismo tecnológico, as cooperativas, o empreendedorismo de grupo, o 
empreendedorismo social, assim como outros tipos de empreendimentos no setor dos grandes 
negócios (Filion, 2001). 
 
Segundo Dolabela (1999), o empreendedor é alguém que aprende sozinho. Ele busca os 
conhecimentos que necessita. Ele faz as coisas acontecerem antecipando-se aos fatos com 
uma visão futura de negócios porque a idéia do negócio é dele. 
 
Para criar um ambiente de ensino de empreendedorismo, o mais importante é ter exemplos de 
alguém que possa dizer o que fez e como fez, falar sobre os problemas que enfrentou. Ensinar 
e empreender são uma combinação poderosa, porque todo empreendedor é um professor que 
quer ensinar aos outros, é curioso e quer saber como são as coisas. 
 
O ensino do empreendedorismo evoca novas formas de aprendizado e relacionamento porque 
seus fundamentos não estão inseridos no conceito do ensino tradicional que se aprende na 
escola. O ensino do empreendedorismo deverá se ocupar da formação de jovens capazes de 
desenvolver culturas empreendedoras. 
 
A Universidade pode ensinar empreendedorismo? 
 
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A universidade, certamente, pode ser vista como o principal ponto de partida, no que diz 
respeito à disseminação da cultura empreendedora, porque ela é, tradicionalmente, fonte 
formadora de opinião e disseminadora do saber. Supondo que a educação empreendedora 
fosse introduzida nos cursos de nível médio e fundamental, por certo, os jovens, ao chegarem 
à universidade, já teriam suas vidas mais direcionadas. A disseminação da cultura 
empreendedora deveria, na verdade, ser propiciada desde cedo, sedimentando atitudes e 
comportamento empreendedores desde a base da educação fundamental. 
 
Na visão de Dolabela (1999), a estratégia pedagógica empreendedora, semelhante à proposta 
de Schön na formação de um profissional reflexivo, apoia-se na construção e na realização do 
sonho, compondo o eixo do auto-aprendizado. 
 
A universidade, vista como um forte agente de mudança, deveria proporcionar aos jovens o 
ambiente necessário para o desenvolvimento de suas habilidades, ou seja, o mercado 
funcionaria como agente sinalizador, dando a direção e atualizando o conteúdo do 
aprendizado. 
 
Para que a universidade possa exercer esse papel, torna-se necessário viabilizar a integraçãodo locus universitário à realidade do mercado. Em outras palavras, é preciso trazer para a sala 
de aula “o verdadeiro mestre” no assunto, ou seja, o empresário empreendedor, para que 
compartilhe sua experiência. Esta ação proporcionaria aos jovens a oportunidade de extração 
de conselho e orientação, estimulando-os e auxiliando-os em seu processo de aprendizagem. 
 
A educação transformou-se em um instrumento fundamental para inserir novas formas de 
adaptação do trabalhador a uma era de revolução tecnológica, na qual os novos 
conhecimentos diferem daqueles aprendidos nos bancos das escolas que mantêm currículos 
pouco adequados para a conjuntura atual. Enquanto a educação formal prepara jovens 
técnicos para trabalhar em empresas formais, o mercado cresce em oferta de serviços e micro 
negócios. 
 
O professor como facilitador 
 
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Além de trazer o “verdadeiro empreendedor” para a sala de aula, transformando-o em 
“professor”, na medida em que transfere sua experiência prática e cotidiana para os alunos, 
não se deve negligenciar a importância do “verdadeiro professor” no processo da 
disseminação da cultura empreendedora. Indubitavelmente ele pode ser considerado peça 
fundamental para a transformação do sonho de empreender em realidade - o seu eixo maior. 
 
Na verdade, críticas ao comportamento do professor devem ser direcionadas à cultura 
pedagógica que dominou o magistério ao longo da história, formando professores para serem 
meros transferidores de conhecimentos. A cultura pedagógica focava a formação de 
empregados para trabalhar em grandes estatais ou empresas multinacionais. Sabe-se, 
entretanto, que este tipo de pedagogia conservadora está desaparecendo. 
 
O professor hoje é o maior parceiro na empreitada de fazer o aluno empreender. Ele é visto 
como alguém que vai prover os recursos para que os alunos desenvolvam e aprimorem o 
próprio espírito empreendedor. Assim, o saber deve ser utilizado para a construção de alguma 
coisa que faça sentido para o indivíduo, pois as coisas mais importantes não podem ser 
ensinadas, mas sim descobertas e apropriadas pela própria pessoa. 
 
O aluno é o centro da sala de aula e o professor o facilitador da aprendizagem que deve atuar 
demonstrando, aconselhando, questionando (Dolabela 1999). A proposta pedagógica 
empreendedora tenta diminuir o efeito da censura sobre os sonhos dos jovens, fazendo com 
que a decisão parta do âmago do próprio indivíduo, e não de uma imposição ou indução do 
professor. 
 
Alguns pontos para reflexões dos professores 
 
Formar empreendedores, capacitar os jovens para se tornarem verdadeiros atores centrais no 
cenário de mudança do mundo atual torna-se o verdadeiro objetivo a ser perseguido. Nesse 
sentido, vale lembrar que o professor deve manter-se sempre atento. Dolabela (1999) elenca 
alguns pontos para a reflexão dos professores, os quais são listados a seguir: 
 
• O professor é alguém que vai criar condições necessárias para o aluno aprender sozinho a 
ser empreendedor, não vai ensinar; 
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• Não dê respostas. Habilite-se a fazer perguntas. O empreendedor é alguém que aprende 
sozinho; 
• Não seja paternalista na relação com os alunos. Eles devem buscar sozinhos o 
conhecimento de que necessitam; 
• Jamais influencie o aluno na busca de uma idéia de negócio. Lembre-se de que uma 
empresa é a realização de um sonho; 
• Em sala de aula, dê lugar à emoção dos alunos e também à sua. Ela é o principal caminho 
para a razão e o talento; 
• Não se sinta responsável pela apresentação de soluções. Este é o papel do aluno pré-
empreendedor e 
• Encoraje os alunos a definirem seus problemas, situações e visões. 
 
Contribuições das Universidades Brasileiras e Instituições 
 
Diante da imprescindível necessidade de adequar-se às exigências da conjuntura atual, 
acordando a tempo para a importância desse tema, algumas instituições universitárias em todo 
o país já adotaram modificações em seus currículos, visando à formação de empreendedores. 
 
Este é o caso, por exemplo, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da 
Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV), pioneira no ensino de empreendedorismo no Brasil 
que criou, em 1981, o curso de “Novos Negócios”, transformando-o em 1984 em graduação 
sob o nome de “Criação de Novos Negócios – Formação de Empreendedores”. Também em 
1984 a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) 
introduziu a disciplina “Criação de Empresa”. Ainda no mesmo ano, o Departamento de 
Ciência da Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul instituía uma 
disciplina de ensino de criação de empresas no curso de bacharelado em Ciência da 
Computação. 
 
Em 1992, surgiu a Escola de Novos Empreendedores (ENE) da Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC), com o objetivo de promover a formação e o desenvolvimento 
gerencial para novos empreendedores. Em Recife, no mesmo ano, foi implantado o Centro de 
Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), com o objetivo de ser um núcleo de 
aproveitamento industrial dos resultados acadêmicos. Em 1993, o Programa Softex do 
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Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq), através do seu núcleo mineiro, a 
Sociedade Mineira de Software (FUMSOFT), desenvolveu uma metodologia de ensino de 
empreendedorismo, que foi absorvida posteriormente no curso de graduação em Ciência da 
Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A experiência obteve 
tamanho sucesso que ganhou alcance nacional em 1996, através do projeto Softex-Softsatar, 
sendo hoje oferecida por mais de 100 departamentos de ensino de informática em 24 estados 
brasileiros. 
 
Em 1995, a Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em Minas Gerais (EFEI), criou o Centro 
Empresarial de Formação Empreendedora de Itajubá (CEFEI), com o objetivo de inserir o 
ensino do empreendedorismo na instituição. Ainda neste mesmo ano, a Universidade de 
Brasília (UNB) criou a Escola de Empreendedores com o apoio do SEBRAE-DF. A partir de 
1996 surgiram em todo país importantes projetos universitários de empreendedorismo, 
principalmente na área de informática, entre os quais o da Pontifícia Universidade Católica do 
Rio de Janeiro (PUC-Rio), que em 1997 inaugurava o Instituto Gênesis para inovação e Ação 
Empreendedora, com o objetivo de desenvolver atividades nas áreas de ensino de formação de 
empreendedores, de incubação de empresas de base tecnológica e também de pesquisa e 
assessoria técnica na área de empreendedorismo. 
 
Ainda em 1997 foi criado em Minas Gerais o programa REUNE – Rede de Ensino 
Universitário de Empreendedorismo, apoiado por um consórcio de instituições formado pelo 
SEBRAE-Minas, Instituto Euvaldo Lodi de Minas Gerais (IEL-MG), Sociedade Mineira de 
Software (FUMSOFT), Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Fundação João 
Pinheiro, com o objetivo de disseminar o ensino de empreendedorismo nas universidades do 
Estado. 
 
Em 1998, a Confederação Nacional das Indústrias/Instituto Euvaldo Lodi (CNI/IEL) e o 
Sebrae Nacional lançaram o Programa REUNE-Brasil, expandindo a filosofia da rede 
universitária de ensino do empreendedorismo para todo o país. Na metodologia do REUNE-
Brasil, batizada de “Oficina do Empreendedor”, professores de todas as áreas do 
conhecimento, da física a belas artes, transformaram-se em organizadores do aprendizado no 
espírito empreendedor. Pode-se dizer que, juntamente com outros projetos universitários já 
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mencionados, os Programa Softex e o REUNE-Brasil operaram uma verdadeira revolução 
silenciosa no ensino universitário no Brasil. 
 
Pode-se registrar, também, a implantação da EmpresaJúnior em várias Faculdades e Escolas 
de Administração do País, em iniciativa comandada pelos próprios alunos, com a orientação 
de professores, com o intuito de fortalecer o processo de formação de empreendedores. Foi 
pioneira nesta empreitada a Empresa Júnior da Fundação Getúlio Vargas, logo seguida pela 
Faculdade de Engenharia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo 
(FEA/USP) e outras escolas de renome. 
 
Outro projeto universitário que tem tido sucesso, como opção àqueles que sonham em ter o 
próprio negócio, mas não têm recursos, é o “Projeto Incubadoras”. As incubadoras, segundo o 
Instituto Euvaldo Lodi (IEL), surgiram de um projeto idealizado pela comunidade acadêmica 
de Harvard e o M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology), onde foram geradas várias 
empresas com base no conhecimento científico. Trata-se de entidades que, em parceria com 
universidades, oferecem assistência completa por dois anos aos jovens com espírito 
empreendedor, desde a análise sobre a viabilidade econômica do produto ou serviço até a sua 
comercialização. Nos últimos 10 anos, nasceram no Brasil mais de 400 empresas com o 
auxílio de incubadoras. 
 
Quanto à participação do governo e entidades empresariais no desenvolvimento de novos 
empreendedores, verifica-se a formação de inúmeras parcerias formadas por essas instituições 
em associação com as universidades. 
 
É importante destacar o papel de algumas instituições brasileiras no apoio a programas de 
empreendedorismo, como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas), o Instituto Euvaldo Ludi (IEL), o Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico (CNPq), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES), a Financiadora de Estudo e Projetos (FINEP), a Sociedade Softex, a Fundação de 
Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ), os institutos estaduais de Pesquisas e as 
Prefeituras. 
 
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Recentemente, o Governo Federal decidiu atuar mais diretamente nesta área. Um dos 
incentivos foi o protocolo acertado entre o Ministério da Educação e do Desporto (MEC) e o 
Sebrae, que criou o Programa Integrado MEC/Sebrae de Técnicos Empreendedores, voltado 
para as escolas profissionais do ensino médio de todo o país. O objetivo é desenvolver e 
implantar um programa de educação profissional com foco na geração empreendedora de 
ocupação e renda, por meio de cinco projetos. Um desses projetos prevê, em seu primeiro ano 
de implantação, capacitar para o ensino de empreendedorismo, 9.800 professores das 
instituições Federais de Educação Tecnológica, que atenderão a 256 mil alunos. 
 
Conclusão 
 
O ensino do empreendedorismo vem cada dia ganhando mais espaço no cenário econômico, 
educacional e empresarial. Este artigo procura apontar as novas vertentes do mercado de 
ocupação e trabalho e o perfil do profissional da atualidade. Para os tempos atuais o ensino 
tradicional não tem mais espaço. Formar empregados tornou-se prática defasada, não mais 
sendo compatível com a organização da economia mundial. 
 
Os valores permeados nas bases curriculares da educação brasileira não direcionam ou 
sinalizam para o empreendedorismo. As instituições de ensino estão muito distantes dos 
sistemas que oferecem suporte aos empresários – novos empreendedores. Futuros 
empreendedores necessitam de estímulo para o seu crescimento e conseqüente sobrevivência. 
 
A cultura da grande empresa, ainda preconizada pelo nosso modelo de ensino universitário e 
profissionalizante, não objetiva a geração de emprego. Infelizmente ainda se educa para a 
busca de emprego e não para a geração do mesmo. 
 
A intenção deste artigo é mostrar que o relógio não pára. Faz-se imprescindível desenvolver, 
nova metodologia de ensino que prepare os jovens brasileiros, desde o ensino fundamental, 
para desempenhar papéis mais criativos, inovadores, autônomos, empreendedores. 
 
A micro e pequena empresas no Brasil representam 98% dos empreendimentos e ocupam 
mais de 60% da mão-de-obra ativa. Diante destes fatos questiona-se: até quando será mantida 
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prática didática/pedagógica ultrapassada que ainda se preocupa em formar empregados e não 
empregadores? 
 
O Brasil necessita urgentemente desenvolver um programa nacional de educação 
empreendedora, onde sejam inseridas, em todos os níveis escolares, cadeiras que incentivem e 
desenvolvam nas crianças e jovens brasileiros a cultura empreendedora. Dessa forma, será 
possível proporcionar aos jovens a liberdade de transformarem suas vidas, construindo um 
país realmente sustentável. 
 
Incluir na base curricular, temas como Empreendedorismo, Meio Ambiente e 
Sustentabilidade, auxiliará as escolas na criação de metodologias que atenderão às 
necessidades específicas de cada região do país, suprindo, assim, as demandas do mercado de 
trabalho e preparando os jovens, ao mesmo tempo, para a realidade regional, assim como para 
a competição global. A sociedade moderna espera um empreendedor humanista e com visão 
de mundo. 
 
O eixo fundamental para que sejam concretizadas essas transformações será o professor, 
configurando-se no elo de ligação entre a escola e o mercado, agindo como facilitador, 
incentivador, questionador, viabilizando a realização do sonho de empreender. 
 
Ainda pode ser considerada uma utopia atingir a harmonia total, ou seja, um cenário de 
economia globalizada sem exclusões e desemprego e com uso pleno e sustentável da energia 
humana criativa. Entretanto, seja qual for o futuro, é certo que inovar, ousar, empreender e 
integrar são pedras fundamentais do caminho que irá inserir os jovens brasileiros no mercado 
de trabalho e ocupação do século XXI, tornando-os vencedores. 
 16 
 
 
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