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2018.1 Texto2 Gêneros e formatos

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Of. de Redação para Rádio – Prof. Eliana Albuquerque – UESC – 2018.1 
Texto 2 - GÊNEROS E FORMATOS RADIOFÔNICOS 
 
Para atender às inúmeras demandas que surgiram ao longo do seu 
desenvolvimento enquanto meio, o rádio buscou algumas formas de programas 
que, por suas características, passaram a ser aglutinados sob a denominação de 
gêneros. 
Gênero, de modo geral, é uma forma de ser de algo ou alguém. Não é raro 
que se use a frase “não faz meu gênero” para dizer que alguma coisa que não 
coincide com nossa maneira de sentir, agir ou pensar. Diante disso, dá para 
entender que os gêneros radiofônicos são conjuntos compostos pela maneira como 
se apresenta a informação: seu conteúdo, as técnicas utilizadas para sua obtenção 
e difusão, além do seu objetivo (divertir, educar, informar etc). 
Segundo Arlindo Machado (2001)1, o termo gênero vem do latim 
genus/generis, que quer dizer família, espécie, e não se vincula etimologicamente 
às palavras gene ou genética, que vêm do grego gênesis (criação). “Apesar disso, 
há uma inequívoca relação entre o que faz o gênero no meio semiótico (no interior 
de uma linguagem) e o que faz o gene no sentido biológico [...] de preservação de 
determinada espécie” (loc.cit, p.65). 
 André Barbosa Filho (2003)2, explica este fenômeno dizendo que “a 
literatura, a comunicação social [...] e a arquitetura utilizam o termo gênero para 
definir tipologias específicas”, mas reconhece que não há como “definir uma 
determinada quantidade de gêneros para determinado campo de atuação” porque 
isso significa restringir ou classificar uns e não outros. 
 Por isso, apesar de haver uma definição do conceito, não há unanimidade 
entre os diversos autores da comunicação no que se refere às classificações para 
os gêneros. Assim, dependendo do interesse, são privilegiados determinados 
aspectos do conceito, sem que se discuta seus pressupostos, o que resulta em 
certa confusão entre gênero, formato, produto, programação radiofônica e outros. 
Por isso, é importante a contribuição de Barbosa Filho (op.cit., p. 71) para 
esclarecer: 
 
1
 MACHADO, Arlindo. A televisão levada à sério. SP:Summus, 2001. 
2
 BARBOSA FILHO, André, Gêneros Radiofônicos. SP: Paulinas, 2003. 
 2 
 Formato radiofônico – é o conjunto de ações integradas e reproduzíveis, 
enquadrado em um ou mais gêneros, manifestado por meio da 
intencionalidade e configurado mediante um determinado contorno plástico, 
representado pelo programa ou produto radiofônico; 
 Programa ou produto radiofônico é o módulo básico de informação 
radiofônica, a reprodução concreta das propostas de “formato” radiofônico, 
obedecendo a uma planificação e a regras para utilização dos diversos 
elementos (orais, sonoros, escritos...); 
 Programação radiofônica é o conjunto de programas ou produtos 
radiofônicos apresentados de forma seqüencial e cronológica. 
 Feitas essas ressalvas, serão trabalhadas as classificações de gêneros 
propostas por Marques de Melo e endossadas por Barbosa Filho, para quem “os 
gêneros radiofônicos estão relacionados em razão da função específica que eles 
possuem em face das expectativas da audiência”, sendo eles: 
 Gêneros jornalísticos; 
 Educativos-culturais; 
 De entretenimento; 
 Publicitário; 
 De serviço; 
 Gêneros especiais. 
 Vale ressaltar que há outras classificações, proposta por outros autores, e 
nenhuma delas é correta ou incorreta, mas apenas diferente. 
 
1. OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS 
 Nos gêneros jornalísticos para rádio – ou radiojornalismo – são utilizados um 
volume grande de recursos escritos e outros, sonoros, para compor a oralidade. 
Porque? A resposta é simples: porque o radiojornalismo vive da notícia, da 
informação, da verdade factual, da dinâmica gerada pelos fatos. Dinâmica essa que 
precisa ser passada para o ouvinte, fazendo com que ele a “sinta” e “veja” a 
informação, criando a imagem mental dos fatos. 
 Logo, para compor corretamente a informação, é preciso criar mecanismos 
adequados não só para sua captação, como também para seu tratamento técnico e 
posterior divulgação, de maneira que a informação seja o mais clara, verdadeira e 
 3 
objetiva possível – e consiga despertar e prender a atenção do ouvinte. É isso o 
que o radiojornalismo procura fazer. 
O gênero jornalístico no rádio apresenta-se em diversos formatos, 
interligados por um vocabulário peculiar: lauda, a pauta, lead, retranca e outros 
termos que serão vistos em profundidade na disciplina Oficina de Radiojornalismo. 
Por enquanto, basta saber que: 
 
a) Lauda é o nome utilizado para designar cada página de um texto; 
 Em linhas gerais, cada lauda tem 12 linhas de 65 toques, que devem ser 
digitadas em espaço dois para facilitar as correções que porventura sejam 
necessárias; 
 Cada linha (com 65 toques) corresponde a uma locução de 4 a 5 
segundos. Assim uma lauda (com 12 linhas) terá uma locução de, 
aproximadamente, 1 minuto. 
 
1 linha = 65 toques = 4 a 5” ------------- 1 lauda = 12 linhas = +/- 1 minuto = 60” 
 
b) A pauta é um instrumento facilitador para o trabalho do repórter e está 
diretamente vinculada à notícia e ao jornalismo. Por isso não se aplica a outros 
gêneros, como os de entretenimento, por exemplo; 
 Na pauta deve estar contido: um resumo dos acontecimentos que a 
originaram e que serão objeto da matéria; o que o repórter deve descobrir para 
despertar o interesse do ouvinte; a posição do veículo frente ao fato (se tiver 
posição). 
 Além disso, deve conter também os dados que são fundamentais para o 
trabalho: quem são as fontes, nome, cargo ou função que desempenham (para as 
pessoas), se é federal, estadual ou municipal e quem os dirige (se for órgão 
público), o que produz, posição no ranking, desempenho, nome dos diretores (no 
caso das empresas privadas). 
 Se o assunto já estiver sendo abordado em outros noticiários, a pauta 
deve dizer ao repórter o que já foi feito e o que espera dele esta nova pauta. 
 
 4 
c) Lead é uma palavra da língua inglesa que quer dizer conduzir, dirigir, 
guiar. E isso já diz tudo. O lide de rádio, assim como o de jornal e TV, deve guiar a 
matéria que vai ser apresentada, conduzindo o interesse do público e despertando 
a vontade de receber aquela informação. 
 A forma mais usada para o lide é a mesma em todos os veículos: o da 
pirâmide invertida, onde as informações principais, capazes de prender a atenção 
do público, estão no primeiro parágrafo. Em seguida vêm os detalhes, em ordem 
decrescente de importância, até o fechamento da informação principal. Mas isto 
pode ser flexibilizado. Um detalhe importante pode ser usado para encerrar a 
matéria. Um dado interessante pode ser colocado no meio, se isso puder 
enriquecer a audição. 
 O que não pode ser omitido em qualquer informação são as perguntas 
básicas que faz o público: o que aconteceu? quem estava envolvido? onde foi? 
quando foi? como foi? porque foi? E isso é o que deve estar contido no lide. 
 No caso do rádio, o quando pode ser descartado na maioria das vezes 
porque está subentendido que, pela agilidade do veículo, o fato ocorreu há pouco. 
 
Feitas estas observações, vamos aos gêneros jornalísticos que Ferraretto 
(2000), classifica como sendo, basicamente, três: 
 Informativo (o fato com os detalhes necessários à compreensão, sem a 
presença do “eu”), 
 Opinativo (permite o julgamento próprio a respeito de algum assunto. Há 
a presença do “eu” pessoal ou institucional) 
 Interpretativo (busca situar o ouvinte dentro do acontecimento, 
oferecendo-lhe, para isso, informações adicionais, não apresentadas no gênero 
informativo.Há a valorização do “isto”). 
 Dentro desses três gêneros, estão diversos formatos, como boletins, 
comentários, entrevistas e outros. 
 Já Barbosa Filho (2003), dialogando com Marques de Melo (1992), considera 
que, no gênero radiojornalístico há dois principais formatos - a nota e a notícia – 
que são usadas de diversas formas como em boletins, flashes, sínteses etc. 
 5 
 Marques de Melo (op.cit.)3 explica que nota é o relato simplificado de um 
acontecimento que ainda está em fase de configuração, em andamento. É um 
informe sintético sobre um fato atual, concluído parcialmente ou ainda inconcluso. 
Tem de 30 a 40 segundos de duração e usa frases diretas, quase telegráficas. 
 (Ex: Justiça do Trabalho na Bahia garante direito de greve dos professores 
nas universidades públicas do Estado. O governo baiano está recorrendo ao 
Supremo Tribunal do Trabalho, que pode mudar a decisão). 
Já a notícia é “o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social” 
(loc.cit, p.49). Notícia, assim, não é tudo que acontece, mas sim o que repercute, o 
que trás desdobramentos para a sociedade. 
(Ex: as folhas caem das árvores todos os dias e isso não é noticia, é fato. Um 
fato tão corriqueiro que ninguém noticia. Mas, se este simples fato trouxer 
consequências danosas para uma pessoa, casa, rua, cidade, ele merece se tornar 
uma notícia). 
A notícia é o básico da informação. Seu tempo de exposição é curto (de 1 
minuto a 1 minuto e meio cada uma), podendo ser apresentada em mais de um 
bloco e na voz de mais de um locutor. 
Partindo desses pressupostos, vemos que há alguma divergência entre os 
autores no que se refere ao ângulo de observação, mas todos caminham, na 
essência do conceito, na mesma direção. 
Para efeito de classificação, distinguem-se como formatos do gênero 
radiojornalístico o boletim, o flash; a reportagem, a entrevista; o comentário; o 
editorial; a crônica; o noticiário (ou radiojornal); o documentário; as mesas 
redondas/debates/painéis; os programas especializados (esportivos e outros); a 
síntese noticiosa; a edição extraordinária, que usam, na sua elaboração, textos 
manchetados e corridos. Vamos entender um a um: 
 
1.1 Boletim – Pequeno programa informativo com mínimo de 1 minuto e 
máximo de 5 minutos de duração e distribuído ao longo da programação, onde 
podem constar notas, notícias, pequenas entrevistas e reportagens. Normalmente, 
os boletins são veiculados de hora em hora ou em horários determinados (também 
 
3
 MARQUES DE MELO, José. Gêneros Jornalísticos na Folha de São Paulo. SP: FTD, 1992 
 6 
chamados de “cheios”: 7 horas, meio dia e 6 da tarde) e ao vivo, direto do palco da 
ação, tendo como locutor o próprio repórter. 
Todo boletim precisa de uma “cabeça” (ou lide, onde está o resumo do que vai 
ser transmitido); pode conter uma “ilustração” (ou entrevista feita ao vivo, de até 
30”); deve ter um encerramento (informações complementares) e uma assinatura 
(local de onde foi transmitido, hora, nome do repórter, do programa e, às vezes, do 
patrocinador). 
No boletim cabe o texto interpretativo. Mas, para isso, o repórter não deve 
esquecer de agir com o máximo de imparcialidade: situar os fatos, suas causas e 
as consequências possíveis, os interesses envolvidos e não deve opinar. 
 
1.2 O flash - Semelhante ao boletim, o flash é a inserção do repórter, com 
informações pequenas, rápidas, muito objetivas. Pode também ser utilizado para 
transmissão de eventos ou entrevistas coletivas, onde se quer destacar um 
pequeno trecho do que está ocorrendo. A formatação é semelhante a do boletim, 
apenas mais curta, mais sintética e sem a ilustração (ou entrevista). O flash dura, 
em média, 30 segundos. 
 
1.3 A reportagem - A reportagem é o alimento da informação. O desafio de 
arrancar a verdade dos fatos onde ela estiver, a investigação e seus impasses, o 
gosto pela aventura, os medos e ameaças, o drible nas impossibilidades, o senso 
profundo de responsabilidade diante do público. Enfim, um apanhado de 
determinações, sensações e emoções que fazem a diferença entre o bom repórter 
e o repórter medíocre. 
Em se tratando de reportagem para o rádio, todos estes dados são 
acentuados pela agilidade e mobilidade do veículo, que permitem a transmissão do 
fato na hora e no local em que ele está acontecendo, a custos baixos (como através 
de um telefone). Isso redobra a responsabilidade do repórter e a necessidade dele 
possuir percepção aguçada e conceitos éticos apurados. Porque, em rádio, não há 
uma segunda chance de contar a mesma história. E se é dever do radialista 
divulgar todos os fatos que sejam de interesse do público, é também seu dever 
respeitar o direito à privacidade que têm outros cidadãos. Equilibrar os direitos e 
deveres é o grande segredo de uma boa reportagem. 
 7 
Uma reportagem começa de várias maneiras. Através de uma pauta, de uma 
fonte identificada ou de uma denúncia anônima, não importa muito sua origem. 
Importa sim, o que vai se fazer a partir daí. 
 
1.4 A entrevista radiofônica - A coisa mais importante em uma entrevista é 
o repórter estar preparado para ela. Isso quer dizer conhecer bem o assunto que 
será objeto da entrevista e a pessoa que vai falar sobre ele. Informar-se 
previamente, procurar outras fontes que possam dar dados complementares sobre 
o assunto, procurar saber como é a pessoa que será entrevistada, ler revistas, 
jornais ou livros especializados sobre o assunto, tudo isso ajuda muito. 
 
1.5 O mentário - O comentário radiofônico é o espaço reservado para a 
opinião, por isso permite comparações, exclamações, antíteses, ironia, jogo de 
palavras... Mas não deve se perder de vista que há uma técnica a ser seguida. 
Todo comentário deve constar de início (o comentarista diz qual é o objeto do 
seu comentário e situa o ouvinte); meio (onde são apresentados seus argumentos) 
e fim (a conclusão – onde podem estar sugestões, críticas, advertências, 
lamentos...). Para o fim devem ficar guardadas as expressões mais contundentes, 
capazes de gerar o clímax do comentário. Porque é ele que vai ficar na cabeça do 
ouvinte e garantir a audiência do próximo comentário. 
 
1.6 O editorial - Pouco utilizado no rádio, o editorial retrata o ponto de vista da 
instituição radiofônica. Porchat (1993)4, diz que o editorial é um “texto opinativo, 
escrito de maneira impessoal, sem identificação do redator, sobre assunto nacional 
ou internacional, que define e expressa a opinião” da empresa radiofônica. 
Como todo texto radiofônico, deve ser curto, direto e objetivo, além de 
absolutamente claro. 
Marques de Melo (op.cit.), diz que cabe ao editorial “perceber as 
reivindicações da coletividade e expressá-las a quem de direito” e reconhece que 
“significa muito mais um trabalho de ´coação` ao Estado para defesa de interesses 
de segmentos empresariais e financeiros que (as emissoras) representam” (loc.cit., 
p. 82). 
 
4
 PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo da Jovem Pan, 3ª ed. SP:Ática, 1993 
. 
 8 
1.7 A crônica - A crônica radiofônica obedece aos mesmos padrões 
jornalísticos utilizados em outros meios como impressos e TV: tem relação direta 
com a atualidade e ligação com uma circunstância favorável; transita entre o 
jornalismo e a literatura, diferenciando-se desta por sua objetividade (característica 
do jornalismo). 
Marques de Melo (ibidem), diz que “a crônica radiofônica [...] permanece 
cingida à estrutura da crônica para o jornal: trata-se de um texto escrito para ser 
lido, cuja emissão combina a entonação do locutor e os recursos de sonoplastia, 
criandoambientação especial para sensibilizar o ouvinte” (opcit, p.118). 
 
1.8 O noticiário (ou radiojornal) - Para Barbosa Filho (op.cit.), este é o 
formato “que congrega e produz outros formatos, como as notas, notícias, 
reportagens, entrevistas, comentários e crônicas” (loc.cit, p.100). É constituído por 
diversas seções como a de cultura e artes, esportes, serviços, polícia, notícias 
locais, nacionais, internacionais etc. 
É um programa diário, veiculado em horário fixo e com tempo de duração 
determinado e constante (sempre dura o mesmo tempo a cada apresentação). Esta 
constância contribui para dar credibilidade aos conteúdos transmitidos e para fixar o 
público. 
Para Ortriwano (1985)5, este formato deve ser chamado apenas de jornal ou 
jornal-falado, uma vez que obedece aos mesmos critérios, estrutura e princípios 
dos jornais diários. Segundo esta autora, “apresenta assuntos de todos os campos 
de atividade, estruturados em editorias”. 
Os radiojornais têm duração variável “de quinze minutos à uma hora, havendo, 
hoje em dia, jornais com até duas horas e meia duração...” (opcit, p.93). 
Barbosa Filho (loc.cit.) cita Sampaio (1971) para dizer que “os programas de 
maior duração devem seguir o esquema da pirâmide invertida”, obedecendo à 
ordem decrescente de importância das notícias (da mais próxima e significativa 
para os ouvintes a menos próxima e menos significativa) e das diversas 
procedências dos blocos de notícia (locais, nacionais e internacionais). Assim, em 
um bloco de notícias locais, é mais importante dizer que os transportes coletivos 
vão aumentar que anunciar o preço da arroba de cacau. Apesar de ambos os 
 
5
 ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação de conteúdos. 
SP:Summus, 1985. 
 9 
assuntos serem de interesse local, o primeiro abrange uma quantidade maior de 
pessoas que o segundo. Logo, é mais importante e urgente. 
 
1.9 O documentário - O documentário radiofônico “aborda um determinado 
tema em profundidade, baseando-se em pesquisa de dados e de arquivos sonoros, 
reconstituindo ou analisando um fato importante”. Inclui sonoplastia, montagens e 
roteiro prévio (Ferraretto, 2000). 
Conta com a participação de um repórter condutor (ou âncora) e mescla a 
pesquisa documental com a medição dos fatos no local, comentários de 
especialistas e envolvidos com o fato. Este deve ter conotação atual e não artística. 
Ortriwano (1985) define o documentário radiofônico como sendo um 
“informativo especial” que deve ser produzido sempre que houver um fato ou data 
que o justifique, mas reconhece que, a depender da vontade da emissora, pode ser 
produzido regularmente, em dias e horários determinados, criando um hábito de 
audição. 
 
1.10 Mesas redondas/debates/painéis - É um programa opinativo, onde 
convidados e participantes, mediados por um âncora, aprofundam um tema da 
atualidade, interpretando-os. 
Segundo Ferraretto(2000), pode ser de dois modos: painel ou debate. Sendo 
painel, cada integrante da mesa expõe seu ponto de vista, com uns 
complementando os outros. Caso haja divergência, o mediador conduz de forma a 
encadear a discussão permitindo que o ouvinte forme um quadro mental completo, 
de toda a discussão/opinião 
No caso do debate, a produção do programa busca pessoas com pontos de 
vista contrários, colocando-as para debatê-los – também com presença de um 
mediador - até configurar o conflito de opiniões. O objetivo é deixar que o ouvinte, 
dali, forme sua própria opinião. 
 
1.11 O especializado (esportivo, tecnocientífico, policial etc) - É veiculado 
em formatos de notícias, comentários, reportagens, entrevistas, mesas redondas, 
radiojornais ou programas permanentes. Há ainda as transmissões ao vivo, 
diretamente do palco do acontecimento, onde há a narrativa “quente”, ao vivo, o 
 10 
comentário, a entrevista e outros formatos utilizados para dar a dinâmica exata e 
necessária à transmissão. 
É comum se ver, por exemplo, em estádios de futebol, o torcedor assistindo 
ao jogo com o rádio no ouvido. Isto reflete bem o impacto desse tipo de 
transmissão. 
Especificamente sobre o rádio esportivo, tão vigoroso no Brasil, vale 
destacar o trabalho de Wilby e Conroy (1994)6 que, analisando o exemplo inglês, 
aproximam-se muito da realidade brasileira quando dizem que há quatro tipos de 
programação esportiva: os boletins; os programas em estúdio; as coberturas ao 
vivo e o placar esportivo. 
Os boletins, assim como quaisquer boletins de notícia, aparecem durante a 
programação e possui, no máximo, 5 minutos. Têm notícias, reportagens curtas, 
entrevistas e comentários sobre os esportes; 
Os programas de estúdio têm periodicidade e duração fixas (de 15 minutos à 
uma hora), com as mesmas características do radiojornal. É chamado de 
“radiojornal esportivo”. 
As coberturas ao vivo são realizadas diretamente do palco da competição e 
possuem dinâmicas próprias, envolvendo comentários, narrativas, pequenas 
entrevistas e outros recursos que fazem delas a grande atração para o torcedor, 
mesmo para aquele que está presente no palco do acontecimento. É, sem dúvida, 
um espetáculo à parte. 
O placar esportivo, por sua vez, arremata esta programação. É onde se 
divulga o resultado dos eventos esportivos, numa espécie de balanço geral das 
atividades da semana. Contém entrevistas, reportagens, comentários e outros 
recursos que são, geralmente, copiados para a TV. 
 
1.12 A síntese noticiosa - Koplin e Ferraretto (1992) dizem que “a síntese é 
um tipo de informativo onde as notícias são resumidas e hierarquizadas por ordem 
de importância. Cada acontecimento corresponde a uma nota, redigida em lauda 
única. No Brasil, este tipo de noticiário foi introduzido em 1941, pela United Press 
International, Esso Brasileira de Petróleo e Rádio Nacional do Rio de Janeiro, 
através do Repórter Esso. Cada síntese tem duração de 3 a 10 minutos e são 
 
6
 WILBY, Pete & CONROY, Andy. The radio handbook. London: Rotledge, 1994, p.199. 
 11 
apresentadas a cada 30 minutos ou uma hora, mas isto pode variar de emissora 
para emissora...” (ibidem, p. 31). 
A maioria das emissoras redige suas sínteses em formato que lembram uma 
ampulheta. Começam com as manchetes, passam para as notícias de destaque, 
que vão diminuindo de importância para, logo depois, crescerem novamente até se 
chegar ao fato principal. A idéia é criar expectativa no ouvinte e fazer com que ele 
fique sintonizado na emissora para ouvir a notícia final. Dá certo. O tamanho do 
texto em cada notícia da síntese segue a regra geral: fica em torno de 3 a 6 linhas, 
podendo chegar a 8 linhas, nos casos em que isso seja absolutamente necessário. 
Mas quanto menor e mais completa for cada informação, tanto melhor! 
 
1.13 A edição extraordinária - A estrutura de texto para a edição 
extraordinária é simples. É preciso contextualizar o fato (dizer o que está 
ocorrendo, onde, com quem, como e porque – omitindo o quando porque, se a 
edição é extraordinária, significa dizer que o fato acabou de ocorrer); encerrar 
(contar as suas proporções, as consequências visíveis ou prováveis) e assinar 
(nome do repórter, a hora e local de onde está falando). 
O tempo de duração da edição extraordinária geralmente varia de 30 
segundos a 1 minuto e meio, dependendo da extensão, complexidade e gravidade 
do fato a ser narrado. E ela, a edição extra, tem o privilégio de poder interromper 
qualquer programação. É também muito importante o trabalho sonoplástico neste 
caso, quando deve refletir a dimensão e gravidade do problema a ser divulgado. 
 
Alguns formatostextuais são bem definidos por Koplin e Ferraretto (opcit), 
devendo ser citados. São o texto corrido e o texto manchetado. 
a) O texto corrido: 
 Como o nome denuncia, é aquele onde as informações vêm sequenciadas, 
frase por frase, obedecendo a técnica do lead, por ordem de importância. Sua 
característica principal é que não há o convencional ponto parágrafo com o novo 
texto começando na outra linha. E por isso ele é corrido. Porque as frases vêm uma 
depois da outra, emendadas. A pontuação é indicada por sinais já vistos de / (para 
ponto de seguimento) e // para ponto parágrafo. O objetivo disto é facilitar a 
narrativa do locutor e a contagem do tempo para a edição. 
 
 12 
b) O texto manchetado 
Nada mais é do que um lide enxutíssimo, sem muitos complementos. As 
principais informações estão redigidas em uma frase – ou manchete – que será lida 
por dois ou três locutores, conforme a vontade da emissora e algumas regras 
básicas: 
 Usar em torno de 8 manchetes por texto, com uma linha e meia cada 
uma delas. 
 Contar o tempo mentalmente para não estourar a locução. Para contar 
certo, basta “emendar” mentalmente as linhas que não estiverem completas e 
contar como uma. 
 Identificar, no lado esquerdo da lauda, qual o locutor que vai ler cada 
manchete 
 Não esquecer das marcações para a entonação do locutor. Usar 
reticências, dois pontos, travessões, interrogações e exclamações. Não esquecer 
de, quando necessário, colocá-los também no início do texto, à espanhola. 
 Também não se deve esquecer das regras básicas para que o texto tenha 
força: sujeito + verbo + complemento; voz ativa; tempo presente; no singular... 
 Cada manchete deve apresentar apenas uma informação, que deve 
estar completa. Quando a informação contiver dois elementos fortes – e 
principalmente numéricos – pode ser dividida em duas manchetes. Ex: “Dois mil 
agricultores protestam ocupando o Palácio Paranaguá, em Ilhéus”. Na outra 
manchete: “Trezentas mulheres também fizeram parte do protesto” 
 Enxugar o texto ao máximo, mas não retirar dele nenhum elemento 
fundamental. Senão ele fica sem sentido e/ou incompleto. Ex: Fogo destrói feira 
livre de Paraguaçu (onde fica Paraguaçu?); 
 Indicar com o sinal + o início de cada manchete, que deve ser redigida 
SEMPRE em caixa alta. 
 
2. GÊNERO EDUCATIVO-CULTURAL 
 Quando se fala em gênero educativo-cultural, geralmente se tem a idéia de é 
algo apenas destinado às emissões especializadas, que visam a alfabetização e a 
difusão de conhecimentos básicos. Esta visão, apesar de comum em muitas rádios 
especialmente do interior dos estados brasileiros, hoje está mais ampliada, 
 13 
tratando-se de todas as transmissões que procuram resgatar valores humanos, 
“promovendo o desenvolvimento integral do indivíduo e da comunidade” em que 
este vive, propondo-se a “elevar o nível de consciência, estimular a reflexão e 
converter cada homem em um agente ativo da transformação do seu meio natural, 
econômico e social” (Kaplun, 1978)7. 
 A função educativo-cultural do rádio já foi muito utilizada no passado, 
através, principalmente, do trabalho pioneiro de Roquette Pinto, considerado o 
fundador da radiodifusão brasileira e responsável por esta concepção do meio. 
Hoje, ainda que de forma diferente, há as rádios educativas e algumas rádios 
comunitárias que se dedicam a esta tarefa. 
 Barbosa Filho (2003) diz que, neste gênero, podem ser classificados os 
formatos: programa instrucional; audiobiografia; documentário e programa temático. 
 
 2.1 Programa Instrucional - É parte de uma estratégia pedagógica que visa 
acompanhar os currículos que regulam o ensino oficial, adaptando os temas para a 
linguagem do rádio. Geralmente é usado como suporte em programas de 
alfabetização, no ensino de idiomas e nas disciplinas básicas (história, geografia 
etc). Estas ações sonoras são, geralmente, acompanhadas de cartilhas e outros 
materiais didáticos impressos, que servem como apoio e complementação das 
informações. 
 
 2.1 Audiobiografia - Formato em que o tema central é a vida de uma 
personalidade, representativa de alguma área de conhecimento, objetivando 
divulgar sua obra, idéias, conhecimentos, trabalhos e comportamentos. Apesar de 
trabalhar com elementos de diversão e ficcão, o caráter educativo prepondera 
sobre os elementos de entretenimento que aparecem. 
 
 2.3 Documentário educativo-cultural - Formato com abordagem 
direcionada para temas de cunho humanístico como a análise de uma escola 
filosófica ou teatral, um movimento literário ou musical; análise de programações 
televisivas, de grandes eventos históricos e outros. 
 
7
 KAPLUN, Mario. Producción de programas de radio: el guión-la realización. Quito: Ciespal, 1978. 
 14 
 Seu tempo de transmissão é de meia hora à uma hora e o roteiro deve 
utilizar elementos sonoros como trilhas, efeitos e vinhetas, assim como nos 
documentários jornalísticos. O que muda, neste caso, é o conteúdo e a função do 
programa. 
 
 2.4 Programa temático - Tem como finalidade a discussão de temas sobre 
a produção de conhecimento. Talvez por isso, esteja ausente das grades de 
programação das rádios comerciais, permanecendo presentes apenas nas rádios 
educativas. 
 Seu tempo de duração é de 5 minutos à uma hora, sendo mais usual o 
programa curto. 
 
3. GÊNEROS DE ENTRETENIMENTO 
 Extremamente ligado ao imaginário, este gênero – que durante muito tempo 
ficou relegado a um plano secundário – passou a despertar o interesse de 
pesquisadores nos últimos anos. Não por acaso. Percebeu-se que, como lida 
diretamente com o imaginário e este tem limites inatingíveis, os gêneros de 
entretenimento têm o poder de causar proximidade e empatia entre a mensagem e 
o ouvinte, o que não pode ser desprezado. 
 O entretenimento, diz Barbosa Filho (opcit) “é a própria essência da 
linguagem radiofônica, cuja contribuição vai do real à ficção”, percebendo-se que a 
linha que separa uma da outra é cada vez mais tênue (vide os Big Brothers e os 
docudramas). 
 Em linhas gerais, os gêneros de entretenimento são os que encontram mais 
facilidade para passar ao receptor sentimentos, gerar impulsos e comportamentos. 
Porque mexe exatamente com o emocional de cada um. 
 
 3.1 Programa Musical - Com conteúdo e plástica diferenciados, abre 
espaço para a difusão de obras musicais de diferentes gêneros, tendo se 
consolidado com a emergência das emissoras de FM. 
 Nesse formato cabe tudo em se tratando de música: dos programas 
sertanejos que acontecem às cinco horas da madrugada até os especiais de 
música clássica, roc, reggae ou MPB, além de performances de artistas e a 
 15 
discussão de tendências musicais do momento ou do passado, a depender do 
público que se objetiva entreter. 
 É comum ainda a participação de artistas ao vivo ou através de gravações 
que, em processo de edição, são posteriormente montadas de acordo com o 
“desenho” do programa, que pode durar de cinco minutos a até uma hora ou duas, 
como já ocorreu em se tratando de especiais. 
 
 3.2 Programação musical - A programação musical é o conjunto de 
programas musicais que, em alguns casos, pode chegar a ocupar a totalidade da 
programação de uma emissora, formando um grande painel musical. 
 Os blocos de programação são compostos por séries de músicas com 
duração de 6 a 12 minutos (podendo ser maiores, como ocorre em alguns casos 
como o da MPB FM, de Salvador), intercalados por comerciais, chamadas ou 
pequenas informações de serviços, de jornalismo ou de lazer. Estas interrupções 
não passam de 3 minutos cada uma. 
 
 3.3 Programa ficcional (ou radiodramaturgia)- Estes formatos têm como 
base a interpretação, a sonoplastia, os efeitos sonoros e a música. Foram muito 
difundidos a partir da década de 40, quando a Rádio Nacional do Rio de Janeiro 
investiu numa infraestrutura invejável, contratando radioatores e atrizes, orquestras, 
maestros, técnicos, sonoplastas etc. A partir daí outras rádios investiram nestes 
formatos. 
 Os programas ficcionais podem ser de dois tipos: drama ou humor. O drama 
é uma expressão da representação do real, do cotidiano e caracteriza-se no rádio 
pela radiofonização, ou seja, pela tradução de textos originais ou adaptados as 
literatura, teatro, cinema e vídeo para a linguagem radiofônica. Além disso, conta 
ainda com os textos especialmente escritos para o rádio. 
 Os roteiristas, neste caso em especial, cumprem o papel principal: prevêem 
as situações psicológicas que envolvem a ação dos personagens, indicam as 
posturas necessárias para formar a clima adequado à cena, cuidam da entonação, 
da emocionalidade dos personagens e da composição de ambientes que são 
“construídos” através da sonoplastia e efeitos sonoros ao vivo (via contra-regras) ou 
pré-gravados e com músicas: trilhas sonoras, passagens, aberturas, músicas-temas 
e outras que sejam necessárias para “criar o clima”. 
 16 
Os programas ficcionais, segundo Ferraretto (2000) podem ser curtos e 
unitários (sketch); médios e seriados (novelas) ou mais longos e também unitário 
(radioteatro). 
 
 a) Sketch - São textos curtos da dramaturgia, geralmente utilizados para 
contar casos rápidos, piadas ou mini-crônicas do quotidiano. Tem começo, meio e 
fim, condensados em curto espaço de tempo (em média 1 a 2 minutos). Utiliza 
personagens, efeitos sonoros e outros recursos para dinamizar a representação. 
 
 b) Novela - A diferença da radionovela para o radioteatro é que na primeira o 
texto é repartido em capítulos, o que não ocorre no teatro. Já a técnica utilizada e o 
tratamento dado ao texto é semelhante, assim como no sketch. Todos estes 
formatos pedem um excelente trabalho de roteiro, capaz de coordenar sonoplastia, 
efeitos, locução e técnica. Cada capítulo de novela, dura de 5 a 10 minutos, em 
média, com blocos intercalados por comerciais. 
 
 c) Teatro radiofônico - O radioteatro é outra forma de expressão da 
dramaturgia através das ondas de rádio. Aqui os textos são mais extensos, mas 
também têm começo meio e fim. Podem durar muitos minutos, intercalados ou não 
por comerciais e musicas. Mas o texto sempre é concluído no mesmo programa. 
 
3.4 Drops (ou pequeno programa artístico) - Com tempo de inserção não 
superior a três minutos, os drops têm estrutura ágil, poder de síntese, fluência e 
objetividade no texto. Seu diferencial principal é o conteúdo que diz respeito a 
temas artísticos e pode ser apresentado como entrevistas, comentários, 
informações, músicas, horóscopos, dicas e outros que a criatividade permitir. 
 
3.5 Evento Artístico - É a transmissão ao vivo de qualquer evento de forma 
permanente ou em pequenas inserções. Estes espetáculos, depois, transformam-se 
em programas que serão veiculados na programação normal ou em especiais. 
 Este formato implica no trabalho de uma equipe monde haja, pelo menos, 
técnicos, produtores, locutores, animadores, repórteres e editores. A estes cabem 
diversos papéis no espetáculo, como a realização de pequenas entrevistas e 
depoimentos, a inclusão de textos, vinhetas, comerciais etc, além de requerer uma 
 17 
conexão direta entre o palco da ação e o estúdio. Um exemplo disso é o carnaval 
de Ilhéus, que é transmitido ao vivo pela maioria das rádios locais e algumas 
estaduais, como a Sociedade da Bahia, que dá flashes da festa. 
 
3.6 Programa Interativo - Através de linhas telefônicas ou de coletas de 
depoimentos ao vivo, nas ruas, os programas interativos têm ganhado destaque, 
especialmente por serem capazes de despertar a audiência gerada pelo diálogo. 
São utilizados também artifícios como gincanas, jogos, brincadeiras, adivinhações, 
geralmente valendo prêmios, para estimular a participação do ouvinte. E dá certo. 
 
4. GÊNERO PUBLICITÁRIO 
 Também chamado de gênero comercial, o publicitário tem por objetivo 
divulgar e/ou vender produtos ou serviços. 
 
4.1. Spot (ou espote) - É o texto gravado e editado previamente, utilizando 
música, vozes, efeitos sonoro e outro recurso criativo, com minutagem definida, 
para ser veiculado várias vezes durante a programação normal da rádio. Sua 
mensagem deve estar toda contida em tempo pré-definido (7 segundos, 15 
segundos, 30 segundos, 45 segundos, 1 minuto...). 
O conteúdo é variável, a depender do alvo ao qual se destina, mas o formato é 
o mesmo: mensagens curtas, objetivas, geralmente procurando levar o ouvinte a 
uma ação. 
 
4.2. Jingle - Texto musicado, também com minutagem estabelecida (30 
segundos, em média), através do qual são passadas mensagens específicas a 
serem veiculadas na programação normal. O jingle pode estar contido em um spot 
ou em outros formatos. É muito utilizado na propaganda e sua função é facilitar e 
estimular a retenção da mensagem pelo ouvinte. Daí porque geralmente é curto e 
tem melodia simples e fácil de ser gravada na mente. Às vezes, mesmo sem que o 
ouvinte queira, a musiquinha fica lá, martelando... 
 
4.3. Chamada - É o texto curto, de uma a três linhas no máximo, que anuncia 
algo a ser veiculado em seguida ou em determinado horário. Ex: a chamada da 
 18 
radionovela das 6 horas; a chamada da transmissão ao vivo de um jogo de futebol 
que será realizado à noite. 
 
4.4. Vinheta - Texto pequeno, geralmente editado em meio a músicas e 
efeitos sonoros, que anuncia o fim de um momento e o início de outro. É utilizado 
no meio de um programa, de um bloco ou anunciando um formato específico, como 
uma edição extraordinária ou a entrada de um locutor. 
 
4.5. Teaser - Gravado pelo próprio locutor do horário, o teaser é o texto que 
anuncia o próprio programa, criando a expectativa sobre o que vem contido nele. 
Curto, tem de 10 a 15 segundos, podendo ultrapassar este tempo se necessário. 
 
4.6. Testemunhal - Também gravado pelo próprio locutor, utiliza-se da sua 
credibilidade para a leitura de um texto comercial objetivando convencer o público a 
comprar/consumir algo. Tem, geralmente, um texto artístico como pano de fundo, 
dando a impressão de que o locutor está não vendendo algo, mas aconselhando 
um amigo que é, neste caso, o ouvinte. 
 De curta duração (15 ou 30 segundos), o testemunhal é muito criticado por 
ser considerado antiético, uma vez que usa da credibilidade do locutor para efetivar 
a venda de um produto, mesmo sem a certeza da qualidade deste produto. Muitas 
vezes o locutor nem conhece o objeto que está anunciando. 
 
5. GÊNERO DE SERVIÇO 
 São informativos destinados ao apoio às necessidades reais e imediatas da 
população (toda ou parte) que o sinal da transmissão pode alcançar. Se distingue 
da informação jornalística pelo seu caráter mais transitório, de vida breve, 
geralmente referindo-se ao trânsito, acidentes, metereologia, movimentos, eventos 
que estão ocorrendo, prazo máximo para pagamentos de taxas, mudanças no 
fornecimento de serviços, ou seja, coisas que devem provocar no receptor uma 
manifestação imediata, reagindo à mensagem. 
 Segundo Barbosa Filho (2003), “nos grandes centros há emissoras que 
mantém programação voltada exclusivamente para o serviço”. Porchat (1989) 
concorda com ele e diz que a Jovem Pan tem um público que vê a rádio como uma 
espécie de secretária, que lembra a agenda de compromissos. Assim a rádio 
 19 
lembra do pagamento dos carnês de impostos, da vacinação dos filhose do 
cachorro, do aumento previsto de gasolina, da mudança na temperatura etc. 
 Os formatos deste gênero apresentam a seguinte caracterização: 
 
 5.1. Nota de Utilidade Pública – de curta duração (como qualquer nota), 
tem por objetivo auxiliar e alertar o ouvinte para os prazos de pagamento, 
acontecimentos importantes que interfiram diretamente na vida do ouvinte como 
mudanças nas linhas de coletivos, falta de luz ou água e outros. Normalmente a 
locução é seca, formal, sem fundo musical ou efeitos sonoplásticos. 
 
 5.2. Programete de Serviços – Inserido normalmente dentro de outros 
formatos (radiojornais ou programas de variedades) veicula aconselhamentos 
diversos sobre questões jurídicas, saúde, alimentação, dicas para investimentos, 
turismo, empregos e outros. 
 
 5.3. – Programa de Serviço – São ações radiofônicas com duração de 30 
minutos à uma hora, em que temas específicos de interesse de segmentos da 
população são apresentados, como por exemplo, os veículos automotores. É 
também chamado de rádio de oportunidades e é um formato já comum nas TVs, 
que o utiliza para venda de imóveis, carros, viagens e outros. 
 
6. GÊNERO ESPECIAL 
 Barbosa Filho (ibidem) diz que este é um formato híbrido, daí a denominação 
de “especial”. Segundo o autor, o formato “não possui função específica, como os 
outros gêneros, mas sim apresenta várias funções concomitantes”, formando um 
“gênero multifuncional” (opcit, p. 138). Fazem parte deste gênero: 
 
 6.1. Programa Infantil – deve ter a função de educar, informar e divertir e 
poderia ser muito melhor utilizado pelo rádio do que é. Segundo Barbosa Filho 
(ibidem) “um número ínfimo de programas infantis foi apresentado no rádio 
brasileiro ultimamente. O último a que se tem notícia, em São Paulo, foi o Quintal 
Encantado, exibido entre 1985 e 1986”. O programa tinha uma hora de duração e 
seus quadros misturavam em doses certas brincadeira, conhecimento, fantasia e 
realidade. 
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 Alguns projetos temporários aparecem às vésperas do dia das crianças, 
geralmente conduzido para fins de consumo de produtos direcionados ao público 
específico. Ou seja, seu caráter é, antes de tudo, comercial. 
 
 6.2. Programa de Variedades ou Radio revista - O formato da revista para 
rádio é muito semelhante ao que vemos nos impressos. Há entretenimento, 
informação, entrevistas, diversão, música... Um pouco de tudo, tudo isso 
orquestrado por roteiros bem articulados e textos coerentes com o formato. A 
revista tem duração variável, a depender da grade de programação da emissora. 
Normalmente são formatadas de 15 a 30 minutos, intercalados por comerciais. 
 Um exemplo pioneiro desse formato é o Programa Casé, dirigido por Ademar 
Casé na década de 30, que revelou grandes nomes da música brasileira e foi, aos 
poucos, agregando outros valores: culturais, publicitários, informativos, policiais, 
humorísticos, radioteatro... O programa durou até 1951, ficando, assim, 19 anos no 
ar, tendo sido veiculada por várias emissoras do Rio de Janeiro e sempre com 
sucesso. Terminou, talvez não por acaso, um ano após o surgimento da TV no 
Brasil. 
 Regionalmente, um bom exemplo desse formato é o programa Quinto de 
Sousa, na Rádio Cultura de Ilhéus, que já tem quase três décadas de existência 
guardando as características disso que alguns autores chamam de miscelânea. 
 
Referências usadas: 
BARBOSA FILHO, André, Gêneros Radiofônicos. SP: Paulinas, 2003. 
FERRARETTO, Luis Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: 
Sagra-Luzzatto, 2ª ed., 2001. 
KAPLUN, Mario. Producción de programas de radio: el guión-la realización. Quito: 
Ciespal, 1978. 
MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. SP:Summus, 2001. 
ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação 
de conteúdos. SP:Summus, 1985 
PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo da Jovem Pan, 3ª ed. SP:Ática, 
1993 
WILBY, Pete & CONROY, Andy. The radio handbook. London: Rotledge, 1994.

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