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PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 0 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br INBEC - UNICID ENGENHARIA DIAGNÓSTICA EM EDIFICAÇÕES Patologias em Sistemas Hidráulico-Sanitários Vol. 1 - Patologias em Sistemas Hidráulicos Prediais Prof. MSc Sérgio Frederico Gnipper Natal RN – 2015 PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 1 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Sumário 1 PATOLOGIAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS ............................................................................. 2 1.1 REQUISITOS DE DESEMPENHO X PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS .................. 3 1.2 ASPECTOS LEGAIS, REGULATÓRIOS E NORMATIVOS ........................................................................... 5 1.3 PRINCIPAIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS ................................ 6 1.4 NATUREZA DAS PATOLOGIAS MAIS FREQUENTES EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS .............. 6 1.5 PERÍCIAS EM INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS ......................................................................... 13 1.5.1 Abrangência da perícia: laudo técnico x parecer técnico .............................................................. 13 1.5.2 Metodologia para realização de perícias em instalações hidráulicas prediais ............................. 14 1.5.1.1 Levantamento e caracterização de problemas e inconformidades .................................... 15 1.5.1.2 Análise de conformidade dos projetos técnicos de instalações hidráulicas prediais ........ 17 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................................... 19 PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 2 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br 1 Patologias em Sistemas Hidráulicos Prediais Entende-se por Sistema Predial Hidráulico-Sanitário o conjunto de componentes das edificações que têm por finalidades conduzir água potável para o consumo humano, permitir sua utilização de forma conveniente, recolher os efluentes depois do uso, e encaminha-los a um sistema público de coleta ou dispô-los em local adequado, assim como captar e transportar as águas pluviais nelas incidentes. Numa designação usual mais ampla, a rigor inapropriada, os assim chamados Sistemas Hidráulicos Prediais costumam também incluir o Sistema Predial de Gás Combustível e o Sistema Predial Hidráulico de Combate a Incêndio. Todos esses sistemas se subdividem em agrupamentos integrados menores, com funções específicas, ditos subsistemas, que interagem entre si e compõem um todo, o sistema predial, cujos atributos e funções ultrapassam aqueles dos seus subsistemas tomados em conjunto. A tabela 1 apresenta os subsistemas usuais dos vários sistemas prediais que comumente integram os Sistemas Hidráulicos Prediais; porém, nem todos obrigatoriamente têm de estar presentes numa mesma edificação. Tabela 1 – Subdivisão usual dos Sistemas Hidráulicas Prediais em subsistemas SISTEMA HIDRÁULICO PREDIAL SUBSISTEMAS Sistema predial hidráulico- sanitário Função suprimento de água ÁGUA FRIA • Subsistema de abastecimento • Subsistema de adução • Subsistema de reservação • Subsistema de distribuição ÁGUA QUENTE • Subsistema de geração/reservação • Subsistema de distribuição Função esgotamento de efluentes ESGOTO SANITÁRIO • Subsistema de coleta e transporte • Subsistema de ventilação • Subsistema de tratamento local • Subsistema de disposição de efluentes ÁGUAS PLUVIAIS • Subsistema de captação • Subsistema de transporte Sistema predial de gás canalizado (GN / GLP) GÁS COMBUSTÍVEL • Subsistema de armazenamento • Subsistema de distribuição Sistema hidráulico de prevenção contra incêndio COMBATE A INCÊNDIO HIDRANTES/SPRINKLERS • Subsistema de reservação • Subsistema de pressurização • Subsistema de distribuição A incorporação dos sistemas prediais hidráulico-sanitários às habitações é recente, tendo ocorrido somente a partir da segunda metade do século XIX. A evolução destes sistemas prediais foi impulsionada por transformações sociais ocorridas desde então, como a libertação da mão-de-obra escrava, e mais recentemente o êxodo rural para os centros urbanos, com a mecanização da produção agrícola. Também os avanços científicos no conhecimento do processo de transmissão de doenças de veiculação hídrica, com a conscientização de que inúmeras doenças eram transmitidas por via hídrica, criaram um meio propício para um maior conhecimento dos fenômenos hidráulicos, pneumáticos, mecânicos e térmicos associados, o que levou a um grande desenvolvimento dos sistemas prediais hidráulico-sanitários, particularmente nas últimas seis décadas. Entretanto, a disseminação desses conhecimentos no meio técnico tem sido lenta e desproporcional à atual velocidade de produção de novos conhecimentos, novas tecnologias de aplicação, novas concepções sistêmicas e novos materiais e equipamentos, o que contribui para uma defasagem entre o que já se conhece a respeito e o que é efetivamente incorporado nas edificações. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 3 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Lamentavelmente, a frequência de incidência e as causas de problemas patológicos nos sistemas prediais hidráulico-sanitários, de prevenção contra incêndio e de gás combustível têm sido ainda pouco pesquisados em âmbito mundial, e, em particular, no Brasil, pois isto requer recursos vultosos, longos períodos de observação, ensaios, simulações e testes invasivos e/ou destrutivos em escala real em edificações existentes, etc., para que os dados resultantes sejam considerados consistentes. Com a introdução de inovações tecnológicas, de um lado, e a falta ou escassez de conhecimento para a aplicação de novos sistemas construtivos, de outro, e já sob a vigência do Código de Defesa do Consumidor (lei 8087 de 1990), e mais recentemente o novo Código Civil (desde janeiro de 2003), o estudo das falhas construtivas no campo da Engenharia começou a ser tratado de forma mais sistematizada, com base em princípios científicos, através da divulgação das ocorrências de patologias construtivas e seus reparos. 1.1 Requisitos de desempenho x patologias em sistemas hidráulicos prediais Desempenho é o comportamento de um produto quando em uso. No caso da construção civil, este produto pode ser tanto o sistema “edifício”, osvários subsistemas que o compõem (estruturas, instalações, vedações, etc.), indicados na tabela 2, ou os próprios componentes que formam um determinado subsistema. Tabela 2 – Classificação dos subsistemas do edifício (ISO 6241, 1984, conforme CIB Publication 64) SUBSISTEMAS DO EDIFÍCIO ESTRUTURA • fundações • superestrutura: estrutura portante ENVOLTÓRIA EXTERNA • sob o nível do solo • sobre o nível do solo DIVISÕES DE ESPAÇOS EXTERNOS • verticais: vedações verticais externas (fachadas) • horizontais: vedações horizontais externas (coberturas, pisos externos) • escadas e rampas de acesso externas DIVISÕES DE ESPAÇOS INTERNOS • verticais: vedações verticais internas • horizontais: vedações horizontais internas (forros pisos internos) • escadas e rampas de acesso internas SERVIÇOS • suprimento e disposição de água: instalações hidráulico-sanitárias • controle térmico e ventilação: instalações de condicionamento de ar • suprimento de gás combustível: instalações de distribuição de gás • suprimento de energia elétrica: instalações elétricas prediais • telecomunicações: instalações telefônicas, de dados, interfonia • transporte mecânico: instalações de elevadores e monta-cargas • transporte pneumático e gravitacional • segurança e proteção: para-raios, contra intrusões, contra incêndio A visão sistêmica sobre desempenho, no âmbito da engenharia, só passou a tomar forma a partir dos anos 60, depois da proposição da aplicação do seu conceito de forma sistemática na construção civil pelo CIB (Conseil International du Bâtiment pour la Recherche, l’Etude et la Documentation). O conceito fundamental da concepção sistêmica reside no princípio de que os produtos (projetos, sistemas, componentes, etc.) podem ser descritos e o seu desempenho medido, sem que seja necessário pensar nas partes que os compõem. As necessidades básicas para a utilização desse conceito em relação a uma edificação, ou a partes dela, são: identificação das necessidades do usuário da edificação, identificação dos desgastes a que estará sujeita, identificação dos requisitos de desempenho que ela deverá atender para satisfazer às necessidades do usuário, e aplicação de critérios e métodos de avaliação confiáveis para a verificação do atendimento a esses requisitos. Visando estabelecer uma padronização internacional, as necessidades dos usuários das edificações foram agrupadas pela ISO (International Standardization Organization) em 14 grupos básicos: PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 4 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Tabela 3 – Relação das necessidades dos usuários (ISO 6241, 1984) NECESSIDADES DOS USUÁRIOS • estabilidade • segurança ao fogo • segurança em uso • estanqueidade • conforto higrotérmico • pureza do ar • conforto acústico • conforto visual • conforto tátil • conforto antropodinâmico • higiene • durabilidade • economia • adequabilidade de espaços para usos específicos A estas necessidades dos usuários soma-se o requisito “conservação da natureza”, considerando que a harmonia funcional de uma edificação resulta da inter-relação entre os seus vários subsistemas, visando o adequado relacionamento Homem-Edifício-Meio Ambiente (GRAÇA, 1985). Os principais fatores geradores de desgastes nas Instalações Hidráulicas Prediais estão reunidos na tabela 4:. Tabela 4 – Fatores geradores de desgastes no âmbito das IPHS - Instalações Prediais Hidráulico-Sanitárias (AMORIM, 1989) FATORES ATUANTES Sobre as IPHS Por influência do próprio sistema • pressão interna • temperatura • umidade • características físico-químicas da água (pH, dureza, etc.) • abrasão • sólidos Por influência do usuário • esforços decorrentes do uso normal • esforços decorrentes do uso indevido • choques • sobrecarga durante o uso • desgastes decorrentes de manutenção Por influência de outros subsistemas • deformações • umidade • agressividade dos materiais Por influência do meio ambiente • temperatura • presença de elementos indesejáveis (partículas sólidas) • presença de animais • eletricidade estática • agressividade do solo Sobre outros subsistemas por influência das IPHS • vibrações • sobrecarregamentos • propagação de incêndio • sobrecarga elétrica • agressividade do solo Sobre o usuário/meio ambiente por influência das IPHS • emanação de fumaça/gases • sobreaquecimento • lesões • ignição/explosão • emanação de odores • ruído • umidade • características da superfície (rugosidade, aspereza, aspecto, etc.) • doenças • irritabilidade por exiguidade de espaço e quantidade • desequilíbrio ecológico PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 5 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Por outro lado, compreende-se por requisito de desempenho a formulação qualitativa das propriedades a serem alcançadas pelo edifício, ou por suas partes, de maneira a atender determinadas necessidades do usuário. Os requisitos de desempenho são relativos: a) ao uso propriamente dito da edificação; b) à resistência que esta deverá oferecer aos desgastes que sobre ela atuam; c) às consequências que ela produzirá sobre o meio ambiente. Por exemplo, são requisitos de desempenho das instalações prediais de água fria seguintes princípios gerais, pois elas devem ser projetadas e montadas de modo a obedecer aos mesmos durante toda a vida útil da edificação: • princípio da garantia sanitária: garantir a potabilidade da água destinada ao consumo ou ao contato humano direto ou indireto, preservando sua qualidade, característica da fonte de abastecimento; • princípio da conservação de recursos: promover economia de água e de energia; • princípio da garantia da qualidade da instalação: garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade adequada e com pressões e velocidades compatíveis com o perfeito funcionamento dos aparelhos sanitários, peças de utilização, e demais componentes, ou seja, garantir o seu adequado desempenho; • princípio da satisfação do conforto dos usuários: proporcionar conforto aos usuários, prevendo peças de utilização adequadamente localizadas, de fácil operação, com vazões satisfatórias, atendendo às exigências dos usuários sem incorrer em superdimensionamentos; evitar níveis de ruído, produzido ou transmitido pela própria instalação, inadequados à ocupação dos ambientes da edificação; • princípio da facilidade de operação e manutenção: possibilitar operação fácil e manutenção econômica, com máxima acessibilidade a todas as partes da instalação. De forma bastante geral, pode-se dizer que incorre numa patologia (problema real, com sintomas já manifestos) ou numa não conformidade (problema potencial, sem sintomas aparentes) todo subsistema ou sistema hidráulico predial que não atende algum requisito de desempenho, e particularmente aqueles textualmente exigidos por legislação específica, regulamentação ou normalização técnica. 1.2 Aspectos legais, regulatórios e normativos Os Sistemas Hidráulicos Prediais, na forma de subsistemas integrantes das edificações, naturalmente se sujeitam à legislação em vigor à época da elaboração dosrespectivos projetos e durante a sua execução. Quando o empreendimento que resulta numa edificação implica numa relação de consumo, ele é regido pela Lei nº 8.078 de 11/09/1990, conhecia como Código de Defesa do Consumidor, cujo artigo nº 39 (Seção IV: “Das Práticas Abusivas”) prescreve: "... é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: ... colocar no mercado de consumo qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial ". Esta lei, no que tange a uma relação de consumo no âmbito da construção civil, reconhece o CONMETRO como entidade com atribuição legal para elaborar e expedir regulamentos técnicos, na ausência de normas expedidas por órgão oficiais competentes (estas efetivamente com força de lei, como as emitidas pelas agências reguladoras, a exemplo da ANVISA, ANA, ANATEL, ANEEL, etc.). Portanto, as verdadeiras normas brasileiras são os Regulamentos Técnicos (RT’s) - atos normativos de caráter compulsório, emanados de autoridade estatal com competência específica para editá-los, e que contêm regras legislativas, regulatórias ou administrativas, e que estatuem características técnicas para um produto ou serviço; na sua ausência valem as normas aprovadas pelo CONMETRO (Resolução nº 11/75). PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 6 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Vale esclarecer que a normalização é uma atividade legalmente desenvolvida no âmbito do SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, instituído pela Lei nº 5.966 de 11/12/1973, com a finalidade de formular e executar a política nacional de metrologia, normalização industrial e certificação de qualidade de produtos industriais (artigo 1º). O SINMETRO é um sistema misto, integrado por entidades públicas ou privadas que exercem atividades relacionadas com as suas finalidades legais. Compõem a estrutura do SINMETRO: o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, e os Organismos de Normalização Setorial – ONS's. O CONMETRO é o órgão colegiado normativo do SINMETRO, vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio, e tem a atribuição de formular e supervisionar, entre outras, a política nacional de normalização industrial e estimular as atividades de normalização voluntária no país. O INMETRO, órgão executivo central do SINMETRO, é uma autarquia federal, com atribuição, entre outras, de elaborar e expedir regulamentos técnicos nas áreas que lhe são determinadas pelo CONMETRO, com a tarefa de órgão articulador para a edição de regulamentos técnicos pelos órgãos competentes. Já os Organismos de Normalização Setorial (ONS) são órgãos públicos, privados ou mistos, sem fins lucrativos, que, entre outros, têm atuação reconhecida no campo da normalização em um dado domínio setorial, devidamente credenciados pela ABNT, segundo critérios aprovados pelo CONMETRO. A Resolução nº 6/92 do CONMETRO reconhece e legitima como normas brasileiras aquelas homologadas pelo Foro Nacional de Normalização, que, ao serem nele registradas, passam a receber a designação "NBR" (Norma Brasileira Registrada no CONMETRO). A Resolução nº 7/92 de 24/08/1992 do CONMETRO designou a própria ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (uma entidade privada sem fins lucrativos, reconhecida de Utilidade Pública) o Foro do Sistema Nacional de Normalização - SINMETRO, com atribuição, em seu nome, de elaborar normas técnicas. Dessa forma, por delegação de competência, a observância das normas técnicas da ABNT em projetos de engenharia cujo produto resulta em relação de consumo, até então de caráter facultativo, representando apenas uma referência técnica, ao menos desde 1992 tornou-se compulsória, amparada pelo artigo nº 39 do Código de Defesa do Consumidor. Este fato tem sido tomado como jurisprudência em ações judiciais, como as que envolvem perícias de engenharia, e as normas técnicas da ABNT vigentes à época da elaboração dos projetos e durante a execução da obra têm sido consideradas pelos juízes como texto legal. Assim sendo, quaisquer inconformidades normativas verificadas nos sistemas hidráulicos prediais de uma edificação, relativas às normas técnicas correlatas da ABNT, seja nos respectivos projetos, seja no que nela se encontra efetivamente instalado, constituem patologias, sejam elas manifestas (já instaladas) ou potenciais (em curso, porém sem sintomas aparentes, ou com risco de se manifestarem). As principais normas técnicas emitidas pela ABNT, e respectivas edições válidas ao menos a partir de 1992, relacionadas a sistemas prediais hidráulico-sanitários, de gás combustível e de prevenção contra incêndio, estão relacionadas na tabela 5 adiante. Independente do enquadramento ou não no Código de Defesa do Consumidor, o projeto e a execução dos sistemas hidráulicos prediais de quaisquer edificações urbanas devem atender às demais disposições legais vigentes aplicáveis, tais como: • Regulamentos de companhias concessionárias (ex: Regulamento de Instalações Prediais da SCGás, Regulamento de Instalações Prediais da Casan, etc.); • Regulamentos de órgãos fiscalizadores com jurisdição local (ex: Código de Prevenção contra Incêndio – Corpo de Bombeiros do Estado de Santa Catarina, etc.); • Leis, decretos, resoluções, instruções normativas, etc. (ex: Código Sanitário do Estado de Santa Catarina, Código de Obras do Município, Norma Técnica Especial sobre Piscinas, etc.) Segundo o mesmo princípio, pode-se considerar que quaisquer inconformidades regulatórias ou legais verificadas nos sistemas hidráulicos prediais de uma dada edificação, relativas às demais disposições legais em vigor, tanto nos respectivos projetos quanto em relação às instalações prediais nela existentes, constituem patologias, manifestas ou potenciais. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 7 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Tabela 5 – Edições mais recentes das principais normas técnicas da ABNT relacionadas a Instalações Hidráulicas Prediais ASSUNTO CÓDIGO - TÍTULO DA NORMA ÁGUA FRIA NBR 5626:1982 “Instalações prediais de água fria” NBR 5626:1998 “Instalação predial de água fria” CORES DE TUBULAÇÕES NBR 6493:1984 "Emprego de cores fundamentais para tubulações” NBR 6493:1994 "Emprego de cores para identificação de tubulações” ÁGUA QUENTE NBR 7198:1982 “Instalações prediais de água quente” NBR 7198:1993 “Projeto e execução de instalações prediais de água quente” CHAMINÉS DE AQUECEDORES NBR 8132:1982 "Chaminés para tiragem dos gases de combustão de aquecedores" ESGOTO SANITÁRIO NBR 8160:1983 “Instalação predial de esgoto sanitário” NBR 8160:1999 “Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução” SAÍDAS DE EMERGÊNCIA NBR 9077:1993 “Saídas de emergência em edifícios” NBR 9077:2001 “Saídas de emergência em edifícios” ÁGUAS PLUVIAIS NB 611:1981 "Instalaçõesprediais de águas pluviais" NBR 10844:1989 "Instalações prediais de águas pluviais" ADEQUAÇÃO DE AMBIENTES P/ APARELHOS A GÁS NBR 13103:1994 “Adequação de ambientes residenciais para utilização de aparelhos que utilizam gás combustível” NBR 13103:2000 “Adequação de ambientes residenciais para utilização de aparelhos que utilizam gás combustível” NBR 13103:2006 “Instalação de aparelhos a gás para uso residencial – Requisitos dos ambientes” EXTINTORES NBR 12693:1993 “Sistemas de proteção por extintores de incêndio - Procedimento” HIDRANTES NBR 13714:2000 “Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio” CHUVEIROS AUTOMÁTICOS NBR 10897:1990 “Proteção contra incêndio por chuveiros automáticos” NBR 10897:2006 “Proteção contra incêndio por chuveiros automáticos” CENTRAL DE GLP NBR 13523:1995 "Central predial de gás liquefeito de petróleo" NBR 13523:2006 "Central predial de gás liquefeito de petróleo" GÁS COMBUSTÍVEL P-NB 107:1962 "Instalações para utilização de gases liquefeitos de petróleo” NBR 13932:1997 "Instalações internas de gás liquefeito de petróleo (GLP) – Projeto e execução" NBR 13933:1997 "Instalações internas de gás natural (GN) – Projeto e execução" NBR 14570:2000 "Instalações internas de para uso alternativo dos gases GN e GLP - Projeto e execução" NBR 15358:2007 “Redes de distribuição interna para gases combustíveis – Projeto e execução” CENTRAL DE GLP A GRANEL NBR 14024:2000 "Centrais prediais de gás liquefeito de petróleo (GLP) – Sistema de abastecimento a granel" NBR 14024:2006 "Centrais prediais de gás liquefeito de petróleo (GLP) – Sistema de abastecimento a granel – Procedimento operacional" INSTALAÇÃO DE TUBOS COBRE NBR 15345:2006 “Instalação predial de tubos e conexões de cobre e ligas de cobre - Procedimento” PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 8 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br 1.3 Principais causas das patologias em sistemas hidráulicos prediais A necessidade de avaliação do desempenho das edificações, depois de colocadas em uso, deu causa a levantamentos sistemáticos, realizados nos anos 70 em diversos países com longa tradição de construir bem, cujos resultados quanto à origem das respectivas falhas seguem na figura 1. Figura 1 – Origem percentual de falhas em edificações (AMORIM,1997) O gráfico acima destaca, portanto, como principais causas de patologias de origem endógena durante ocupação, ou seja, originadas por fatores inerentes à própria edificação: falhas decorrentes de mal elaborados (36% a 49%), falhas de execução (19% a 30%), de componentes (11% a 25%) e de utilização (9% a 11%). Nesse contexto, as pessoas convivem diariamente com inúmeras falhas nas instalações prediais hidráulico-sanitárias que, em geral, lhes causam desconfortos e aborrecimentos, e até ameaça à saúde ou à vida, e que impropriamente consideram como normais ou aceitáveis, mas, em realidade, decorrem de projetos mal elaborados, execução inadequada, utilização de componentes não normalizados, etc. Na fase de projeto dos sistemas prediais, os vícios podem ocorrer por falhas de concepção sistêmica, erros de dimensionamento, ausência ou incorreções de especificações de materiais e de serviços, falha de comunicação com projetistas de outros sistemas (estrutural, elétrico, etc.), inexistência de compatibilização com os diversos outros subsistemas da edificação, insuficiência ou inexistência de detalhes construtivos, etc. Durante o processo de execução podem ocorrer: falta de domínio do sistema construtivo, má utilização dos componentes, comunicação inadequada motivada por interpretação e/ou desconsideração das informações, falha de seleção, capacitação, treinamento e motivação dos recursos humanos, ausência de procedimentos e de controle do processo de execução. Mais especificamente, os problemas detectados na fase de execução se devem a erros de marcação das passagens de tubulações em elementos estruturais, interferência em outros subsistemas prediais, danos e obstruções de tubulações promovidos por atos de vandalismo de operários, inexistência ou falha de planejamento e programação da sequência de execução, modificações de traçado geométrico e de bitolas de tubulações em relação ao previsto em projeto, alterações posteriores à execução de parte do serviço por solicitação do contratante, improvisações pelos executores devido à falta de supervisão e/ou treinamento. Já os processos de aquisição, recebimento e armazenagem de componentes podem causar patologias em razão da falta de especificações técnicas adequadas no momento da aquisição, falta de conhecimento técnico requerido para a correta aquisição, transporte e armazenamento em condições inadequadas, etc. 1.4 Natureza das patologias mais frequentes em sistemas hidráulicos prediais São características próprias dos sistemas hidráulicos prediais a sua complexidade funcional intrínseca e a inter-relação dinâmica entre os seus diversos subsistemas, além da enorme variedade de materiais, componentes e equipamentos constituintes (tubos, conexões, registros, válvulas, acessórios, reservatórios, bombas, tanques, dispositivos de controle, dispositivos de medição, etc.). PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 9 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Estas peculiaridades, em consequência, podem dar origem a uma enorme diversidade de manifestações patológicas nas edificações, que vão desde simples falhas frequentes em certos equipamentos (por exemplo, queima constante de uma dada bomba de circulação de água quente) até intrincadas flutuações de pressões, vazões e temperaturas, decorrentes de falha de concepção sistêmica no projeto (por exemplo, graves distorções nas leituras de hidrômetros individuais de água fria e quente em apartamentos de edifícios com geração central de água quente e recirculação horizontal). Porém, muitas das patologias manifestas ou potenciais incidem de forma repetitiva em diferentes edifícios inspecionados, revelando falhas sistemáticas nas fases de projeto e execução desses sistemas prediais, nestes casos principalmente decorrentes de falhas de concepção sistêmica, erros de dimensionamento e inobservância de prescrições regulatórias e normativas. Ao se caracterizar e apontar essas falhas mais frequentes, mesmo com base apenas em levantamentos feitos num pequeno universo amostral de um determinado centro urbano, os resultados podem ser razoavelmente extrapolados para outras cidades verticalizadas do país, com o intuito de evitar que se repitam em novos edifícios a serem projetados e construídos. Portanto a tipificação e caracterização da natureza das patologias e inconformidades mais frequentes nesse universo amostral podem contribuir para uma ação preventiva durante as fases de projeto e execução de novas edificações. TABELA 6 – Características dos edifícios e natureza das patologias e inconformidades constatadas em 25 laudos técnicos EDIFÍCIO Ano da ocupa -ção Anos em uso até a perícia Nº de pav os Nº de aptos Nº itens patologias / inconformidades presentes AF AQ INC GÁS ESG AP outro total Residencial Iguaçú1965 38 06 24 15 02 03 02 02 02 03 29 Savion 1984 17 23 18 13 02 01 03 04 - 04 27 Sobral 1985 17 24 18 10 04 - 04 19 07 04 48 Sônia Léa 1986 14 17 14 12 05 01 04 20 03 03 48 Le Coin 1989 16 09 10 22 05 - 08 20 09 02 66 Cândido Abreu 1989 13 2 x 20 2x190 12 - - 01 17 07 04 41 Rio Mississipi 1992 09 21 32 08 01 - - 07 02 02 20 Nicole I 1995 08 16 78 20 - 02 02 13 09 03 49 Andrea Dória 1995 08 18 54 30 - 02 - 19 11 03 65 Colina do Estoril 1996 08 20 56 14 08 - 09 11 06 03 51 Fleming Boulevard 1997 05 07 08 21 10 - 06 20 12 03 72 Lugano 1997 04 22 64 10 - - 01 12 01 - 24 Tambaú 1998 04 22 72 27 01 01 08 18 08 04 67 Princ. Elisabeth 1998 06 25 42 13 07 - 08 16 07 03 54 Cádiz 1999 05 21 60 17 01 01 07 12 01 03 42 Alba Zaninelli 2000 02 11 16 21 05 - 02 17 14 04 63 Viana do Castelo 2000 04 11 14 20 04 01 07 22 13 04 71 Mont Royal 2001 04 28 144 22 12 - 08 27 13 06 88 Luxemburgo 2001 02 06 24 20 08 03 10 10 06 01 58 Royal Park 2001 05 27 22 27 11 01 05 24 16 05 89 Ville Bretagne 2003 03 13 45 23 17 01 06 23 10 07 87 Palazzo Reale 2003 04 27 21 39 22 02 10 24 12 05 114 Ana Luísa 2003 04 18 112 40 - 01 10 29 22 07 109 Sant’Anna 2004 02 12 24 14 04 - 10 16 06 03 53 Kensington 2004 01 27 27 28 10 02 03 24 08 04 79 PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 10 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br A título de exemplo, de um total de 48 perícias em instalações hidráulicas prediais realizadas em anos recentes no município de Curitiba - PR, foram selecionados 25 edifícios residenciais julgados mais representativos, cujos laudos técnicos apresentam certas patologias recorrentes, grande parte das quais poderão ser evitadas em edifícios ainda a serem projetados e construídos, sob a presunção do aproveitamento da experiência acumulada. Os outros 23 edifícios resultaram descartados para fins estatísticos por razões variadas, entre as quais se destacam a insuficiência de informações provindas dos moradores acerca dos sintomas verificados, situação decorrente dos serviços terem sido realizados em períodos de festas de fim de ano e/ou férias escolares, com grande evasão de condôminos, a inexistência ou indisponibilidade dos projetos técnicos de engenharia correspondentes, o regime de uso diverso do residencial (edifícios de escritórios, estabelecimento de ensino, etc.), edifícios recém ocupados sem que a população final tenha sido verificada nas unidades condominiais, entre outras. Os edifícios selecionados estão sumariamente caracterizados na tabela 6 supra, apresentando grande diversidade de características, tais como idade em uso dos sistemas prediais envolvidos, número de pavimentos e de apartamentos. Essa tabela mostra a frequência de incidência qualitativa por natureza de patologias manifestas e inconformidades presentes, subdivididas nos subsistemas de água fria (AF), água quente (AQ), combate a incêndio (INC), gás combustível natural ou liquefeito de petróleo (GÁS), esgoto sanitário (ESG) e águas pluviais (AP). Na coluna designada “OUTRO” estão apontadas as frequências de incidência de patologias e inconformidades relevantes não relacionadas diretamente com a natureza própria desses subsistemas em particular, porém integrantes do conjunto dessas instalações prediais, associadas a tubulações como um todo. Este é caso de irregularidades constatadas nas suportações mecânicas das tubulações e seus componentes, como o uso de apoios, suportes e ancoragens indevidos, espaçamento excessivo entre essas suportações, etc., e mesmo de ausência de pintura padronizada identificativa de tubulações, entre outros. Neste grupo também se encontra a corrosão galvânica decorrente do contato direto de materiais metálicos com grande diferencial de potenciais eletroquímicos, tais como tubos de cobre e conexões, registros, válvulas e equipamentos de latão e bronze (que contém cobre em sua composição) com tubos de aço carbono e conexões de ferro fundido maleável, zincados por imersão a quente ou não (que contém ferro em sua composição). Considerando uma combinação da incidência relativa de uma dada patologia manifesta ou inconformidade, presente nos laudos dos 25 edifícios inspecionados, com um nível atribuído à gravidade das correspondentes consequências, resultaram de maior frequência e importância as patologias e inconformidades elencadas na Tabela 7 adiante, segundo o subsistema predial em que têm origem. Esta mesma tabela também assinala se a patologia ou inconformidade considerada teve por origem uma falha no correspondente projeto (P), ou na execução (E) durante a obra, ou se decorreu do uso (U) indevido ou inadequado e/ou ausência de manutenção, e ainda se foi relacionada a falha de fabricação (F) de componente ou equipamento. Note-se que as patologias apontadas não foram necessariamente referenciadas pelos sintomas consequentes (mau cheiro, vazamento, transbordamento, refluxo, ruído, etc.), mas por citações que podem identifica-las mais facilmente. Dessa tabela, depreende-se que as causas mais frequentes das patologias manifestas e das inconformidades sistêmicas e normativas constatadas, relacionadas pela frequência de incidência nos laudos dos edifícios da tabela 6 anterior, e em função da relevância de suas consequências, decorrem em sua maior parte de falhas nos projetos dos sistemas prediais em questão. Esta condição não difere da realidade existente em países europeus em relação à origem das patologias em sistemas prediais hidráulico-sanitários, de prevenção contra incêndio e de gás combustível, segundo relatam MARTINS et al. e também AMORIM et al.. Tal realidade, entretanto, pode ser revertida positivamente ao se considerar a possibilidade de atuação preventiva, ainda na fase de projeto, mediante cuidadosa verificação prévia da adequação dos sistemas adotados e do atendimento a exigências e prescrições regulatórias e normativas, segundo uma metodologia conveniente, ou mesmo valendo-se de um simples check list, a ser seguida pelo contratante dos serviços de projeto, ou por ele transferida a um profissional de sua confiança, experimentado e devidamente capacitado. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 11 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br TABELA 7 – Patologias e inconformidades normativas mais frequentes/relevantes Sist. PATOLOGIA OU NÃO CONFORMIDADE P E U F AF Ruídos, golpes de aríete, dificuldades de acionamento, vazamentos e/ou desperdícios de água na operação de válvulas de descarga de bacias sanitárias • AF Ausência de dispositivo adequado de prevenção ao refluxo na alimentação de água potável do ponto de suprimento de reservatório inferior • AF Ausência de tela protetora na extremidade terminal de tubulação de extravasão de reservatório superior/inferior • • AF Ausência de tubulação de aviso de extravasão no reservatório superior/inferior • AF AQ Ausência de registros de fechamento para comando individual das colunas de distribuição de água (/quente, onde há geração central de água quente) • AF Adoção de PVC marrom soldável para tubulações suscetíveis de golpes de aríete: alimentação de válvulas de descarga/recalque de água em edifícios altos• AF Ausência de tubos de ventilação de colunas de distribuição de água fria que alimentam válvulas de descarga e misturadores de água fria e quente • AF Adoção de central de redução de pressão com uma única válvula redutora de pressão e com registro de fechamento tipo gaveta ou esfera em by pass • AF Adoção de reservatório inferior com câmara única (sem septo separador) • AF Ausência ou insuficiência de folga das paredes laterais de reservatório inferior com paredes limítrofes do subsolo, e da laje de fundo com o piso • AF Tampa da abertura para acesso ao reservatório superior/inferior danificada, sem fechamento estanque e/ou instalada de modo incorreto • • AF AQ Ausência de amortecedores de vibração nas bases de apoio e saídas de bombas de recalque de a. potável/pressurizadoras/circulação de água quente • • AF Válvula de retenção comum a ambas as saídas de bombas de recalque • AF Ausência de tubo-sifão para tomada de água ao fundo do reservatório elevado • AF Ausência de registro de fechamento a montante de torneira de boia de reservatório inferior • • AF Tubulações de PVC marrom soldável expostas ao tempo • • AF Ausência de tubulação exclusiva para alimentação de água fria a aquecedores de água centrais privados dos apartamentos • AF Ausência de dispositivo adequado de prevenção contra refluxo na alimentação de torneiras de jardins, aspersores, fontes, cascatas, piscinas e/ou chafarizes • AQ Ausência de registros de fechamento nas derivações de ramais de distribuição de água quente de ambientes sanitários e/ou jusante de aquecedores • AQ Conformação de sifão e ausência de tubo-respiro ou dispositivo eliminador de ar em colos altos de ramais de distribuição de água quente • AQ Inexistência de válvulas de segurança à pressão em geradores de água quente por acumulação, ou válvulas de segurança com saída não tubulada • • • AQ Ausência ou falha de aplicação de isolamento térmico em tubulações metálicas • GÁS Ausência ou insuficiência de aberturas adequadas de ventilação permanente para ar de combustão em ambientes contendo equipamentos a gás • • GÁS Ausência de meio ou duto coletivo de ventilação permanente para os abrigos de medidores de gás situados nos halls dos andares • PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 12 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Sist. PATOLOGIA OU NÃO CONFORMIDADE (cont.) P E U F GÁS Extensão insuficiente do trecho vertical das chaminés de aquecedores de água a gás com tiragem natural • GÁS Terminais de exaustão das chaminés de aquecedores a gás com tiragem natural instalados em posição horizontal, rentes à fachada e/ou subdimensionados • • GÁS Ausência de dispositivos de segurança à sobrepressão a jusante de reguladores de gás (over pressure shut off valves) • ESG Inserção direta e em nível de tubo ventilador secundário em ramal de esgoto • ESG Ligação direta e em nível de tubo ventilador secundário em coluna de ventilação sem a presença de alça de ventilação com altura adequada • ESG Término de colunas de ventilação/tubos ventiladores primários em locais inadequados na cobertura • ESG Ausência de terminais de ventilação adequados nas extremidades de colunas de ventilação e de tubos ventiladores primários na cobertura • • ESG Ausência de colunas de ventilação e de tubos ventiladores secundários em cozinhas e áreas de serviço dos apartamentos em edifícios altos • ESG Ausência de ventilação adequada em pontos a montante e a jusante de desvios de tubos de queda • ESG Ausência de ventilação adequada em bases de tubos de queda ou inícios dos correspondentes subcoletores • ESG AP Existência de mudanças de direção em 90° em trechos horizontais de ramais de descarga, ramais de esgoto, subcoletores e coletores prediais, e em condutores horizontais de águas pluviais • ESG Ligação de ramais de esgoto com despejos potencialmente formadores de espuma em zonas de sobrepressão nas bases de tubos de queda/seus desvios • ESG Trechos iniciais de subcoletores e coletores prediais superdimensionados • ESG Ligação de tubo ventilador secundário ou de ramal de esgoto de ralo sifonado em abertura de inspeção de joelho de 90° em saída de bacia sanitária • ESG AP Ausência, inadequação e/ou inacessibilidade de dispositivos de inspeção em bases de tubos de queda e mudanças de direção de subcoletores e coletores prediais de esgoto, e em condutores horizontais de águas pluviais • • ESG Ramais de descarga de máquinas de lavar roupa e louças subdimensionados • ESG Inexistência ou subdimensionamento de caixa geral retentora de gordura • AP Inexistência de redução excêntrica e redução da seção útil de ralos planos por manta de impermeabilização superficial da laje e de sua proteção mecânica • AP Ausência de manta separadora (geotêxtil não tecida ou similar) na interface solo-brita em valas de drenagem subsuperficial em subsolos • • AP Empoçamento de águas pluviais em áreas externas e transbordamento para o interior do edifício quando ocorrem chuvas intensas • • AP Ligação de ralos de varandas em região de desvio de prumada de condutores verticais de águas pluviais com transbordamento sob chuvas intensas • AP Especificação de tubos e conexões de PVC branco sanitário “linha leve” para os condutores de águas pluviais • PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 13 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br 1.5 Perícias em Sistemas Hidráulicos Prediais A partir do início de sua ocupação e/ou utilização, uma edificação fica sujeita ao processo natural e progressivo de desgaste e obsolescência em seus sistemas prediais originais, causado por múltiplos fatores, entre os quais podem ser citados a manutenção deficiente ou irregular, falhas nos componentes, processos de desgaste ou envelhecimento natural dos materiais utilizados, condições de exposição inapropriadas, etc. Ao longo da vida útil da edificação, portanto, os seus usuários se sujeitam, com maior ou menor frequência, às consequências das patologias que nelas surgem, destacadamente aquelas relacionadas aos sistemas prediais hidráulico-sanitários, de prevenção e combate a incêndio, e de gás combustível. Tais patologias são das mais variadas ordens, segundo o exposto supra, e só em casos extremos os seus efeitos implicam em sérios riscos à vida ou à saúde dos moradores e usuários, mas comumente resultam em sérios aborrecimentos, em permanente desconforto e até em expressivos prejuízos econômicos. Por esses motivos, são frequentes as solicitações de serviços profissionais especializados de perícia de engenharia relacionados a patologias associadas a esses sistemas prediais, com o fito de orientar corretamente as ações destinadas a solucionar os problemas instalados e fazer cessar, ou ao menos reduzir a um nível aceitável, as suas consequências prejudiciais. No âmbito da Engenharia de Sistemas Prediais, as inspeções prediaise perícias de engenharia, resultando na elaboração de pareceres e laudos técnicos, constituem um campo especializado e requerem do profissional amplos conhecimentos dos sistemas hidráulicos prediais, dos fenômenos hidráulicos, pneumáticos, mecânicos e termodinâmicos a eles associados, de técnicas construtivas e de montagem das instalações, de projetos de sistemas prediais hidráulicos, e de normas técnicas e demais legislação aplicável. Evidentemente, se trata de uma atividade sempre dirigida, particularizada, pois cada edifício apresenta peculiaridades próprias e diversas de quaisquer outros; em outras palavras, cada serviço prestado neste âmbito é personalizado, e as soluções propostas para uma dada edificação podem não ser adequadas a outra edificação afetada por patologia idêntica ou assemelhada. Porém, uma análise mais detalhada da tipologia das causas mais frequentes das patologias semelhantes constatadas em diferentes edifícios, como já visto, apontou para uma grande incidência de problemas já manifestos e de riscos potenciais de patologias decorrentes de falhas e omissões nos respectivos projetos executivos dos sistemas prediais em consideração, que podem ser evitadas através de medidas preventivas. 1.5.1 Abrangência da perícia: laudo técnico x parecer técnico Quando um determinado edifício apresenta uma patologia específica já instalada, com sintomas aparentemente relacionados a um determinado sistema predial hidráulico, sanitário, de combate a incêndio ou de gás combustível, e pretende obter uma orientação técnica especializada de Engenharia para a solução tão somente desse problema em particular, o serviço a ser prestado resultará na emissão de um documento extrajudicial detalhado, usualmente designado parecer técnico. Um parecer técnico, em consequência, pode ser estruturado na seguinte sequência: • introdução, com a caracterização sucinta do edifício; • objetivo do trabalho; • metodologia empregada e suas limitações; • descrição do problema, pormenorizada, a partir dos sintomas já manifestos; • causa do problema, provável ou comprovada; • consequências do problema, ainda passíveis de ocorrerem, já em curso ou manifestas; • medidas corretivas, com sugestões de intervenção para supressão da patologia já instalada, ou medidas preventivas contra o aparecimento de potencial patologia ainda não manifesta. Portanto, um parecer técnico é o produto material de um processo de perícia de engenharia, e sempre reflete uma opinião, sugestão ou posição técnica do seu autor quanto à solução ou à prevenção de uma dada patologia real ou potencial numa edificação, particularmente em seus sistemas hidráulicos prediais. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 14 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Como exemplificação, este é o caso típico de um edifício cuja tubulação de recalque de água fria, de aço carbono galvanizado, apresentou vazamentos nas costuras de segmentos de tubos em cinco ocasiões distintas, sempre em andares consecutivos. Fotos 1 e 2 – Vazamentos em diferentes pontos da costura de uma mesma tubulação de aço galvanizado (recalque de água fria ) O profissional é então chamado para emitir a sua opinião técnica se se trata de um problema localizado e restrito a duas ou três barras de tubo com imperfeições de fabricação que, uma vez substituídas, resultarão em estanqueidade da tubulação, ou se ela apresenta um estágio de comprometimento por corrosão interna a ponto de requerer completa substituição. Por outro lado, quando um edifício apresenta certa diversidade de patologias em seus sistemas hidráulicos, sanitários, de combate a incêndio e de gás combustível, esta situação pode exigir um serviço de perícia de engenharia mais amplo no edifício, por vezes simplesmente chamado, de forma restrita e imprópria, porém usual, de inspeção predial. Nesta modalidade de serviço, o escopo não se restringe ao problema mais evidente e que maior incômodo momentâneo causa aos moradores do edifício, mas tem a pretensão de abranger a totalidade das patologias já manifestas por ocasião de sua realização e também aquelas ainda passíveis de ocorrerem com o decorrer do tempo, ou cujos sintomas ainda não se manifestaram com frequência ou intensidade suficientes para causar aborrecimentos, desconfortos ou sensíveis prejuízos econômicos. Esta atividade técnica resulta então num relatório extrajudicial mais amplo e diversificado, que pode ser estruturado de forma similar à de um parecer técnico, porém subdividido em vários pareceres integrados, um para cada patologia presente ou inconformidade sistêmica ou normativa verificada, comumente designado laudo técnico, com a particularidade de ostentar introdução, objetivos e descrição da metodologia empregada comuns em relação ao restante do texto. 1.5.2 Metodologia para realização de perícias em sistemas hidráulicos prediais Duas são as atividades que antecedem a elaboração de pareceres e laudos técnicos sobre patologias em sistemas hidráulicos prediais de edificações: as inspeções e levantamentos de campo e seus desdobramentos, e uma meticulosa análise dos projetos executivos dos sistemas prediais envolvidos. Os resultados dessas duas atividades mencionadas, a de levantamentos de campo e a de análise dos projetos técnicos, são então cruzados, buscando-se associações e correlações entre os sintomas anotados e as inconformidades sistêmicas e normativas constatadas, a fim de se estabelecer um claro diagnóstico das causas comprovadas ou prováveis das patologias elencadas, verificadas ou potenciais. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 15 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Conhecendo-se a partir de então as patologias existentes e já manifestas, e antevendo-se as potenciais, decorrentes de inconformidades sistêmicas e/ou regulatórias, pode-se emitir, para cada uma delas, um prognóstico, ou seja, avaliação da progressão das consequências já patentes no edifício, e/ou antecipação das possíveis consequências a que o mesmo se sujeita, com estimativa do correspondente grau de risco ou probabilidade de ocorrência futura. Por fim, estando cada problema real ou risco potencial perfeitamente caracterizado, diagnosticado e prognosticado, segue-se o subsequente registro, em cada laudo ou parecer técnico, das correspondentes medidas e intervenções corretivas ou preventivas, com base na experiência profissional do autor e nas possibilidades oferecidas pelas peculiaridades de cada edifício. Como é frequente a adoção de jargão médico nesta típica atividade de engenharia, a começar da própria temática (“patologias”), o desenvolvimento dos serviços de perícia de engenharia sobre patologias em sistemas hidráulicos prediais costuma seguir as quatro fases tradicionais, apontadas por LICHTENSTEIN: • levantamento e caracterização dos problemas e inconformidades (sintomatologia); • determinação das suas causas prováveis ou comprovadas (diagnóstico); • descrição de suas consequências possíveis ou já manifestas (prognóstico); • proposição de medidas preventivas ou corretivas para sanar os problemas verificados ou prevenir contra o surgimento de novos problemas decorrentes das inconformidades constatadas (terapêutica).1.5.1.1 Levantamento e caracterização de problemas e inconformidades A fase inicial do trabalho de perícia de engenharia sobre patologias e inconformidades nas instalações hidráulicas prediais de uma edificação consiste no levantamento e caracterização de todos os problemas aí verificados, o que pode ser feito diretamente através de vistorias de campo, e indiretamente, mediante notificação de sintomas atribuídos a patologias por parte dos moradores, usuários, funcionários, zelador, síndico, administrador do condomínio, e por pessoal de manutenção. Para tanto, são entregues questionários padronizados para preenchimento pelos moradores de todas as unidades condominiais, onde ficam registradas a incidência e frequência de sintomas característicos por eles associados a possíveis patologias nos sistemas hidráulicos prediais, onde se destacam, entre outros: • vazamentos atribuídos a tubulações, componentes e equipamentos hidrossanitários; • mau cheiro e emanação de odores fétidos provenientes de desconectores (ralos, sifões, ...); • oscilação temporal da temperatura da água quente proveniente de misturadores; • oscilações de pressão/vazão das águas fria e quente durante o uso de aparelhos sanitários; • retorno de espuma através de ralos de piso e sifões; • refluxo de águas pluviais de sacadas e varandas sob chuvas mais intensas; • ruídos atribuídos a escoamentos líquidos em tubulações; • ruídos durante a utilização de aparelhos sanitários. • refluxo de esgoto a partir de desconectores, acompanhados ou não de ruídos de borbulhamento. Os questionários devolvidos preenchidos são então minuciosamente analisados, pois constituem um bom mapeamento espacial dos sintomas atribuídos a patologias nos sistemas prediais em consideração, resultando na seleção de certo número de visitas técnicas seletivas a unidades condominiais de interesse para a constatação dessas patologias ou para o seu correto diagnóstico, que passam a se realizar a seguir no edifício objeto da perícia para fim de laudo técnico. Durante essas visitas selecionadas, são verificados, entre outros aspectos, a ocorrência de golpes de aríete durante a operação de válvulas de descarga, refluxos de espuma e esgoto através de desconectores, e outros sintomas mais graves decorrentes de patologias manifestas, e mesmo realizados testes de estanqueidade de tubulações de gás com emprego de espuma, sempre com o fito de melhor caracteriza-las. Se necessário, pode-se recorrer ao uso de equipamentos de medição, tal como um analisador de gás (foto 3). PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 16 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Foto 3 – Detecção de vazamento em tubulação de gás embutida em contrapiso Na oportunidade destas visitas selecionadas a unidades condominiais de interesse para o laudo, são colhidos e registrados os relatos verbais de moradores acerca de determinados sintomas e feitas possíveis correlações de sua ocorrência com outros eventos, tais como determinados horários do dia, ou dias da semana, incidência concomitante de ventos fortes ou chuva intensa, etc. Com a cooperação de moradores, segundo o que ditar a necessidade em cada perícia, podem ainda ser realizadas simulações de escoamentos de esgoto esperados durante períodos de pico de contribuição, para a constatação ou comprovação efetivas de certos sintomas previamente relatados, a exemplo do fenômeno de refluxo de espuma. Os resultados dos questionários preenchidos, das visitas de inspeção seletivas realizadas e das entrevistas com moradores são, a seguir, cuidadosamente registrados e tabulados, aos quais se juntam as respostas de questionários específicos feitos a funcionários do condomínio e eventualmente a equipes ou profissionais que habitualmente exerceram funções de manutenção nos sistemas prediais em apreço no edifício, compondo a sua sintomatologia. Além da coleta de notificações de sintomas atribuídos a patologias, da realização de visitas seletivas em unidades privativas para a constatação de patologias com sintomas de maior gravidade, e de eventuais ensaios e simulações, esta fase inicial da perícia ainda envolve a realização de vistorias não destrutivas a todas as partes acessíveis dos sistemas hidráulicos prediais do edifício, para a verificação in loco dos sintomas reportados nos questionários e levantamento de inconformidades construtivas. Isto é feito sempre por inspeção visual nas áreas comuns, com anotações num check list previamente elaborado, tendo-se o cuidado, nessa oportunidade, de obter registros fotográficos de todas as situações de inconformidades verificadas. Apesar do caráter predominantemente não invasivo do trabalho de vistoria proposto, alguns casos de real necessidade requerem inevitáveis aberturas exploratórias para acesso às tubulações, por exemplo, em forros falsos de gesso. A grande dificuldade e fator limitante nessas inspeções reside, portanto, na inacessibilidade à maior parte das tubulações dos subsistemas existentes no edifício, pois em sua maior extensão elas correm embutidas dentro de alvenarias, no interior de forros falsos, em rebaixos de lajes, e mesmo dentro de dutos verticais (shafts). Figura 2 – Tubulações alojadas dentro de dutos verticais (shafts) PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 17 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br São alvos frequentes das inspeções de campo em edifícios verticais: • aberturas de acesso, paredes externas e interior dos reservatórios superior e inferior; • barriletes superior e inferior de distribuição de água fria (e quente, onde houve geração centralizada); • casa de máquinas de elevadores; • casa técnica de aquecimento central; • lajes de cobertura; • áticos sob telhados; • halls de acesso aos apartamentos; • ambientes sanitários das áreas comuns do edifício; • fachadas; • pátios externos circundantes à torre; • central de gás (onde sob abastecimento com GLP); • casa de bombas de recalque; • centrais redutoras de pressão; • caixas de inspeção de esgoto e de águas pluviais; • poços de drenagem, etc. Nesta oportunidade, as tubulações e seus componentes, equipamentos e aparelhos sanitários existentes são confrontados com as contrapartidas previstas nos respectivos projetos executivos, de modo a se levantar eventuais divergências de traçado, de dimensões/capacidades, de materiais empregados, etc. Em consequência, os resultados desta primeira etapa dos serviços acabam por permitir uma clara configuração e descrição dos problemas verificados e existentes em cada edifício, durante a elaboração dos correspondentes laudos técnicos. 1.5.1.2 Análise de conformidade dos projetos técnicos de sistemas hidráulicos prediais A próxima etapa consiste na meticulosa análise dos projetos executivos dos sistemas prediais hidráulico- sanitários, de gás combustível e de prevenção e combate a incêndio da edificação objeto da perícia. As soluções previstas nesses projetos são confrontadas com as recomendações, prescrições, exigências e proibições presentes em normas técnicas correlatas da ABNT, regulamentos legais de órgãos fiscalizadores com jurisdição local, e também das companhias concessionárias, todos vigentes à época da suaelaboração, e também durante a construção do edifício, para levantamento de inconformidades regulatórias e normativas. Neste aspecto, vale comentar que especial importância adquiriram, depois do advento do Código de Defesa do Consumidor, as normas emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, uma vez que ele veda, onde haja uma relação de consumo, o fornecimento de bens e serviços que estejam em desacordo com normas técnicas oficiais ou com aquelas reconhecidas pelo CONMETRO, como efetivamente são as normas NBR, ou seja, as normas brasileiras da ABNT registradas no CONMETRO. Em construções em que se caracteriza uma relação de consumo, a jurisprudência processual tende a conferir às normas técnicas da ABNT um caráter de atendimento compulsório. Também na fase de análise dos projetos executivos, são verificados dimensionamentos relevantes de tubulações e equipamentos que possam guardar eventual correlação com os sintomas patológicos reportados e/ou constatados, a fim de se verificar a sua adequação aos sistemas prediais a que pertencem. Os resultados desta segunda etapa dos serviços permitem uma clara antecipação e descrição de potenciais problemas a se manifestarem nos edifícios, a serem relatados e descritos durante a fase de elaboração do correspondente laudo técnico. Uma análise tipológica das medidas corretivas e preventivas sugeridas nos laudos técnicos dos 25 edifícios elencados na Tabela 6 resultou nas seguintes categorias: PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 18 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br a) medidas urgentes: aquelas cujas patologias envolvem elevado risco da integridade dos moradores, como o risco de contaminação da água potável por agentes patogênicos de veiculação hídrica, risco de intoxicação por monóxido de carbono, ou outros que atentem contra a segurança e a saúde dos ocupantes do edifício; b) medidas de curto prazo: aquelas cujas patologias ou não conformidades resultam em riscos eventuais ou sob determinadas condições aos moradores, sérios riscos econômicos, riscos ao seu patrimônio individual ou do condomínio, ou ainda em permanente desconforto aos usuários durante a operação ou uso; c) medidas de médio prazo: aquelas cujas patologias ou inconformidades causam desconforto eventual durante o uso, ou durante manutenção periódica, bem como as que implicaram em redução de vida útil de componente ou equipamento decorrente de condição de exposição e/ou operação inadequada; d) medidas de longo prazo: aquelas decorrentes de patologias potenciais ainda não manifestas, ou cuja intensidade não é suficientemente relevante ou perfeitamente tolerável pelos usuários e moradores, cujas ações poderão ser implementadas por ocasião de futuras intervenções determinadas por causas diversas, tais como durante reformas, ampliações, alterações de layout, etc. e) medidas paliativas: aquelas decorrentes de patologias potenciais ainda não manifestas, ou cuja intensidade é suficientemente relevante ou perfeitamente tolerável pelos usuários e moradores, e que apenas postergam o aparecimento ou a intensificação dos sintomas; f) simples registro de inconformidades de origem: este é o caso de apenas deixar consignado no laudo técnico o registro de inconformidades sistêmicas ou normativas constatadas, cujas consequências patológicas são de baixo risco de ocorrência, consideradas as peculiaridades da edificação alvo de inspeção predial, por razões diversas (pequeno número de andares, não configuração de um período bem determinado de pico de consumo ou pico de contribuição, população permanente muito reduzida, etc.); g) simples registro de inconformidades sem solução viável: este é o caso de apenas deixar consignado no laudo técnico o registro de patologias e inconformidades sistêmicas ou normativas constatadas, cuja solução é de tal ordem vultosa ou onerosa, que se torna de execução impraticável, à guisa de uma doença crônica praticamente incurável do edifício em questão. PATOLOGIAS EM SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS GNIPPER 19 . Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br Bibliografia AGUILERA, C. C.; NOVAES, C. C. Manual do usuário de edifícios: um novo integrante do processo de projeto. Brasil - Belo Horizonte, MG. 2003. 6p. In: III Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios, 2003, Belo Horizonte. Anais, sn. ALMEIDA, G. G. Avaliação Durante Operação (ADO): Metodologia aplicada aos sistemas prediais. São Paulo, 1994. 185 p. Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. ALMEIDA, G. G.; GONÇALVES, O. M. Avaliação Durante Operação (ADO): Metodologia aplicada aos sistemas prediais. São Paulo, 1994. 26 p. Boletim Técnico BT/PCC/133. Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 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Rua Palmeiras, 615 cj 704 - A. Verde - Curitiba - PR / 80040-280 / fone-fax (41) 3254-8713 / (41) 9927-7523 gnipper@uol.com.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Manual de operação, uso e manutenção de edificações – conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. NBR 14037. Rio de Janeiro, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Perícias de Engenharia na Construção Civil. NBR 13752. Rio de Janeiro, 1993. BARROS, J.C.G. Avaliação do desempenho dos sistemas prediais de aparelhos sanitários em edifícios escolares da rede municipal de Campinas. Campinas, 2004. 108p. Dissertação (mestrado). Faculdade de Engenharia Civil. Universidade Estadual de Campinas. CONCEIÇÃO, A. P. Estudo da incidência de falhas visando a melhoria da qualidade dos sistemas prediais hidráulicos e sanitários. São Carlos, 2007. Dissertação (mestrado). Universidade Federal de São Carlos. CONCEITUAÇÃO E REQUISITOS PARA A ELABORAÇÃO DE LAUDOS. Deliberação normativa 16/1999. 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