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Instalações Prediais - part 1

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SANEAMENTO 
E INSTALAÇÕES 
HIDRÁULICAS 
PREDIAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Apresentar os conceitos de instalações prediais de água fria.
 > Identificar as principais terminologias em instalações prediais de água fria.
 > Explicar os sistemas de abastecimento de consumo predial de instalações 
de água fria.
Introdução
Uma instalação predial de água eficiente e que atenda aos requisitos de bom 
desempenho deve ser obtida seguindo as regulamentações constantes na NBR 
5626 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020). Essa norma especifica 
requisitos para projeto, execução, operação e manutenção de sistemas prediais de 
água fria e água quente (SPAFAQ). Os requisitos estabelecidos tratam fundamental-
mente do respeito aos princípios de bom desempenho dos sistemas, uso racional 
de água e energia, bem como a garantia da preservação da potabilidade da água. 
Neste capítulo, você vai conhecer as etapas para elaboração de um projeto de 
instalação predial de água, os tipos de sistemas prediais de água fria, bem como 
os componentes que o abrangem.
Introdução às 
instalações prediais 
de água fria
Larissa Campos Granato Botelho
Sistemas prediais de água fria
Uma instalação predial de água fria refere-se ao abastecimento da água em 
temperatura ambiente e quantidade suficiente nas residências e prédios 
em geral, sendo constituída de tubulações, equipamentos, reservatórios, 
aparelhos e pontos de utilização. A norma que fixa as exigências e recomen-
dações relativas a projeto, execução e manutenção desse sistema é a NBR 
5626 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020). 
De acordo com essa norma, as instalações prediais de água fria devem 
ser projetadas de modo que preservem a potabilidade da água, garantam o 
fornecimento de água de forma contínua, em quantidade adequada e com pres-
sões e velocidades compatíveis com o perfeito funcionamento das peças de 
utilização, promovam economia de água e energia, possibilitem manutenção, 
evitem níveis de ruído inadequados à ocupação do ambiente e proporcionem 
conforto aos usuários.
Além disso, esse sistema deve ser independente de outros sistemas de 
água. Isso quer dizer que o sistema de água fria deve ser separado fisica-
mente de quaisquer outras instalações que conduzam água potável, como 
as instalações de água para reúso ou de qualidade insatisfatória, desconhe-
cida ou questionável (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020). 
Para ser considerada potável, a água deve ter as seguintes características 
(CREDER, 2006):
 � incolor, inodora e insípida;
 � turbidez máxima: 5 mg de SiO2; 
 � dureza total: 200 mg/L de CaCO3; 
 � pH e alcalinidade máxima: 6 e isenção de alcalinidade;
 � máximo de sólidos totais: 1.000 mg/L.
A melhor localização para as tubulações é aquela que tem total 
independência das estruturas e das alvenarias. Nesse caso, para 
passagem das tubulações devem ser previstos espaços livres, com aberturas 
para inspeções e substituições. Além disso, essas tubulações podem ser ocul-
tadas por paredes falsas, também conhecidas como shafts (Figura 1). Em áreas 
molhadas, por exemplo, podem ser construídas com alvenaria e revestimentos 
cerâmicos; já em áreas secas, podem ser em gesso ou madeira.
Introdução às instalações prediais de água fria2
Figura 1. Exemplo de shaft em alvenaria.
Fonte: Art Casa (2019, documento on-line). 
Etapas
Para que o sistema predial de água fria cumpra com suas funções, deve ser 
elaborado um projeto dimensionado da forma adequada, levando em con-
sideração todas as variáveis envolvidas em suas etapas, descritas a seguir 
(REALI et al., 2002; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020).
 � Concepção: etapa inicial do projeto em que devem ser levantadas a 
finalidade da edificação e o tipo de sistema de abastecimento. Devem 
ser definidas a localização dos pontos de utilização e a dos reserva-
tórios e tubulações por meio do projeto arquitetônico.
 � Demanda: essa etapa consiste na determinação das vazões neces-
sárias nas tubulações, na quantidade de reserva e capacidade dos 
equipamentos constituintes do sistema, levando em consideração as 
prescrições regulamentadoras constantes na NBR 5626.
Introdução às instalações prediais de água fria 3
 � Dimensionamento: nesta etapa são dimensionadas as tubulações, isto 
é, são definidos os diâmetros necessários para conduzir as vazões 
necessárias.
 � Documentação: a última etapa consiste na elaboração das plantas e 
dos memoriais necessários à execução do projeto.
Componentes do sistema predial de água 
fria
O projeto de um sistema predial de água fria deve ser feito de modo a fazer 
com que a água chegue com a qualidade e quantidade suficientes a todos os 
pontos de consumo e permitir o acesso para a manutenção periódica.
Para o dimensionamento do sistema predial de água fria, devem ser pre-
viamente levantadas pelo projetista as características do consumo predial, 
como volumes e vazões requeridas, as características da disponibilidade de 
oferta de água, prevendo, caso seja necessário, o uso de reservatórios, a faixa 
de variação de pressão, a constância do abastecimento, as características da 
água, a posição do lençol freático e a previsão quanto ao risco de contaminação 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2020).
Feito esse levantamento, o próximo passo é projetar os componentes do 
sistema predial de água fria que, neste caso, é composto pelo conjunto de 
tubulações que levam a água aos pontos de utilização de uma edificação, 
conforme pode ser observado na Figura 2. 
Figura 2. Exemplo de sistema predial de água fria.
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Ramal predial
É a tubulação compreendida entre o distribuidor público de abastecimento 
de água e o hidrômetro. 
Hidrômetro 
É o aparelho responsável por medir o consumo de água no imóvel (Figura 3). 
Figura 3. Exemplo de hidrômetro.
Fonte: Reload Design/Shutterstock.com. 
A medição de água por meio de um único hidrômetro, em edifícios 
multifamiliares, está sendo gradativamente substituída pela medição 
de água individualizada. O sistema consiste na instalação de um hidrômetro no 
ramal de alimentação de cada unidade habitacional, de modo que seja medido 
todo o seu consumo, com a finalidade de racionalizar o seu uso e fazer a cobrança 
proporcional ao volume consumido (REALI et al., 2002).
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Alimentador predial 
É a parte da tubulação localizada a partir do hidrômetro até a primeira deri-
vação ou até a torneira de boia localizada dentro do reservatório.
Reservatório 
O reservatório é destinado a armazenar a água a ser consumida na edificação, 
com o objetivo de garantir o abastecimento predial. Deve ser coberto, para 
impedir a entrada de líquidos, poeiras, animais ou qualquer tipo contaminante, 
e ser limpo e inspecionado periodicamente. O material do reservatório deve ser 
resistente à corrosão ou provido internamente de revestimento anticorrosivo. 
Os reservatórios podem ser inferior (Figura 4), quando o sistema de abaste-
cimento público não é capaz de abastecer o reservatório superior diretamente 
e/ou em edificações altas, ou superior (Figura 4).
Figura 4. Reservatórios: inferior e superior.
Fonte: Adaptada de Mattede (c2021).
Barrilete
É a tubulação que interliga duas seções do reservatório superior e alimenta 
as colunas de distribuição, quando o abastecimento é indireto. No caso de 
abastecimento direto, é considerada a tubulação ligada diretamente ao 
ramal predial.
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Coluna ou prumada
Tubulação vertical derivada do barrilete e destinada a alimentar os ramais 
das instalações prediais. 
Ramal
É a tubulação derivada da coluna e serve para alimentar os sub-ramais.
Sub-ramal
Tubulação que liga o ramal ao ponto de utilização.
Ponto de utilização
Extremidade abastecida pelos sub-ramais a partir de onde a água passa a 
ser considerada água servida para utilização.
Funcionamento do sistema
A captação de água parao sistema predial pode ser feita por meio de rede 
pública ou por fontes particulares, desde que seja previsto um sistema de 
tratamento no caso para consumo humano. Existe, ainda, a possibilidade de 
se utilizar água de fontes particulares para finalidades menos nobres.
A partir da captação, os sistemas prediais de água fria podem ser classi-
ficados de acordo com a forma como a água é distribuída a partir do ramal 
predial. Essa distribuição pode ser feita diretamente às colunas de distribuição 
ou indiretamente através de bombas e reservatórios.
Sistema direto
Neste sistema, a alimentação da rede interna de distribuição é feita direta-
mente pelo alimentador predial através da rede pública de abastecimento, 
conforme ilustrado na Figura 5. Por isso, requer abastecimento contínuo, 
abundante e com pressão suficiente, pois não existe a obrigação de haver 
reservatório na edificação. Isto é, caso ocorra falha no sistema de abaste-
cimento público e como não há reservatórios, existe o risco de faltar água. 
Introdução às instalações prediais de água fria 7
Figura 5. Sistema direto (ascendente).
Fonte: Creder (2006, p. 7).
Sistema indireto sem bombeamento
Neste sistema, o abastecimento é realizado por meio da aceleração da gravi-
dade. Neste caso, a pressão fornecida pela rede pública é suficiente, mas sem 
continuidade, sendo utilizado um reservatório superior que gera a garantia da 
alimentação predial (CREDER, 2006), conforme pode ser observado na Figura 6.
Figura 6. Sistema indireto (descendente, sem bombeamento).
Fonte: Creder (2006, p. 7).
Introdução às instalações prediais de água fria8
Sistema indireto com bombeamento
Quando, além de a pressão ser insuficiente, há descontinuidade no forneci-
mento de água da rede pública, utilizam-se dois reservatórios, um inferior e 
outro superior, sendo estes interligados por um sistema de recalque com a 
utilização de uma bomba hidráulica. Esse é o sistema geralmente utilizado 
nos prédios, conforme a Figura 7. 
Figura 7. Sistema indireto (descendente, com bombeamento).
Fonte: Creder (2006, p. 8).
Sistema misto
Existe, ainda, o sistema conhecido como misto, pois, como o próprio nome 
sugere, uma parte da alimentação é realizada pela própria rede de abaste-
cimento pública, e outra é realizada por um reservatório localizado na parte 
superior da edificação.
O dimensionamento do sistema predial de água fria é um trabalho com-
plexo, que exige o conhecimento de especialistas para garantir os materiais 
adequados e a instalação correta, que possibilitem o fornecimento da água 
com as características adequadas e em quantidade suficiente para consumo 
dos usuários, tudo isso respeitando o que preconiza a norma regulamenta-
dora brasileira. 
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Referências 
ART CASA. Instalação de Shaft para ocultar tubulação hidráulica. 2019. Disponível: 
https://www.artcasa.com.br/2019/03/04/instalacao-de-shaft-para-ocultar-tubulacao-
-hidraulica/. Acesso em: 18 ago. 2021.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626:2020: sistemas prediais de 
água fria e água quente — projeto, execução, operação e manutenção. Rio de Janeiro: 
ABNT, 2020. (E-book).
CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
MATTEDE, H. O que é relé de nível? Características e aplicações! c2021. Disponível 
em: https://www.mundodaeletrica.com.br/o-que-e-rele-de-nivel-caracteristicas-e-
-aplicacoes/. Acesso em: 18 ago. 2021.
REALI, M. A. P. et al. Instalações prediais de água fria. São Carlos: USP, 2002.
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