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OTELO Trabalho 2º Bimestre.

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UNIBRASIL – CENTRO UNIVERSITÁRIO 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OTELO, O MOURO DE VENEZA – TEORIA DA 
ARGUMENTAÇÃO 
 
“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por 
simples medo de arriscar.” (William Shakespeare) 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
[1] 
 
UNIBRASIL – CENTRO UNIVERSITÁRIO 
CURSO DE DIREITO 
 
 
BIANCA LAGO MARTINS 
CARLA SERCAL DE LIMA 
MÁRCIA REGINA RIBEIRO 
MARIA CAROLINA DUARTE 
 
 
 
 
 
OTELO, O MOURO DE VENEZA – TEORIA DA 
ARGUMENTAÇÃO 
Trabalho de pesquisa, apresentado à disciplina de 
Teoria da argumentação, da Unibrasil Centro 
Universitário, para a obtenção da nota parcial do 2 
Bimestre do 5 Período de 2016; sob a orientação 
do professor mestre Rubens Hess Marins de 
Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
[2] 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2. PERSONAGENS .................................................................................................... 4 
3. EXÓRDIO .............................................................................................................. 5 
4. NARRAÇÃO DOS FATOS .................................................................................... 6 
5. ARGUMENTAÇÃO ............................................................................................. 11 
3. REFERÊNCIAS BIBLIGRAFICAS ..................................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[3] 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Otelo é uma obra de William Shakespeare escrita entre 1602 e 1604, 
Aborda o tema do ciúme injustificado, a união de uma mulher branca com um negro. 
A história do mouro de Veneza que é manipulado por seu alferes sedento por 
vingança que acaba em uma terrível tragédia. Seus personagens centrais são Otelo 
e sua mulher Desdêmona, Cássio o jovem e belo tenente, e o diabólico Iago. 
O presente trabalho, por sua vez, tem por finalidade criar uma tese de 
acusação para condenar Iago, o réu em questão, a partir da narração dos fatos 
ocorridos e de argumentação fundamentando tal pedido de condenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[4] 
 
 
2. PERSONAGENS 
 
Brabâncio – Senador, pai de Desdêmona. 
Graciano – Irmão de Brabâncio. 
Ludovico – Primo de Desdêmona, sobrinho de Brabâncio. 
Otelo – Mouro nobre, a serviço da república de Veneza. 
Cassio Miguel – Tenente de Otelo. 
Iago – Alferes de Otelo. 
Rodrigo – Fidalgo veneziano. 
Montano – Governador de Chipre sucedido por Otelo. 
Bobo – Criado de Otelo. 
Desdêmona – Filha de Brabâncio e esposa de Otelo. 
Emília – Esposa de Iago. 
Bianca – Amante de Cassio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[5] 
 
 
3. EXÓRDIO 
Senhores jurados, gostaríamos de cumprimentar a todos que fazem parte 
deste corpo de sentença e, ao mesmo tempo, alertamos aos senhores que a 
missão dada a vossas excelências neste momento é imensa e se reveste na mais 
democrática das instituições. 
O caso submetido à apreciação dos senhores é complexo, deve ser visto 
em sua amplitude, e jamais deve ter uma análise superficial ou pronta dos fatos. 
Ressaltamos tais afirmações, nobres jurados, pois trataremos de atos que 
destruíram relações e, principalmente, vidas, seja dos que faleceram ou dos entes 
que ficaram e clamam por justiça. Tal justiça, senhores, será realizada hoje neste 
tribunal mediante vossas decisões. 
Iago está aqui pelas acusações de ter cometido os seguintes crimes: 
Homicídio nas modalidades doloso e qualificado consumados contra as vítimas 
Rodrigo e Emília; crime de homicídio na modalidade doloso e qualificado tentado da 
vitima Cássio; crime de difamação contra Desdêmona; e crime de apropriação 
indébita das joias e dinheiro de Rodrigo. Crimes estes julgados no tribunal do júri 
pela conexão com os homicídios à ele imputados. 
Esperamos que analisem os argumentos a seguir, com a ciência de que 
possuem uma missão crucial neste tribunal. E que a partir da minuciosa analise do 
caso, com clareza, honestidade e humanidade proporcionem a resposta mais 
adequada e justa, não só para as partes integrantes deste processo, mas também 
para a sociedade como um todo. 
 
 
 
 
 
 
[6] 
 
4. NARRAÇÃO DOS FATOS 
 
Toda história gira em torno da traição, ciúme e da inveja. Inicia-se com Iago, 
alferes de Otelo, tramando com Rodrigo que tinha raiva de Otelo porque ele estava 
com um romance com Desdêmona e Rodrigo a amava. Iago e Rodrigo informam a 
Brabâncio, rico senador de Veneza, que sua filha a gentil e inocente Desdêmona, 
havia fugido para se casar com Otelo. Iago queria vingar-se de Otelo porque ele 
havia promovido Cássio, jovem soldado florentino e intermediário nas relações entre 
Otelo e Desdêmona, ao posto de tenente. Esse ato fez com que Iago se sentisse 
injustiçado, uma vez que acreditava que as promoções deveriam ser obtidas "pelos 
velhos meios em que herdava sempre o segundo o posto do primeiro" e não por 
amizades. 
Brabâncio, que confiava que sua filha Desdêmona iria escolher o marido que 
mais a agradasse, acreditava que ela indicaria, para seu cônjuge, um homem da 
classe senatorial ou de semelhante posição social. Ao tomar ciência que sua filha 
havia fugido para se casar com Otelo, saiu na calada da noite e foi à procura de 
Otelo para que este apresentasse explicações da fuga de sua filha Desdêmona. No 
momento em que se encontraram, chegou um comunicado do Duque de Veneza, 
convocando-os para uma reunião de caráter urgente no senado. 
Durante a reunião, Brabâncio, sem provas, acusou Otelo de ter induzido 
Desdêmona a casar-se com ele por meio de bruxarias. Otelo, que era general em 
Veneza e gozava da estima e da confiança do Estado por ser leal, muito corajoso e 
ter atitudes nobres, fez, em sua defesa, um relato de sua história, dizendo que esta 
havia se apaixonado por ele, simplesmente por ficar encantada em ouvir suas 
histórias de heroísmo, a qual foi confirmado pela própria Desdêmona. 
No entanto, e por ser o único capaz de conduzir um exercito no contra-ataque 
a uma esquadra turca que se dirigia à ilha de Chipre, Brabâncio autoriza 
Desdêmona seguir para Chipre com o então marido, Otelo. Na manhã seguinte o 
casal segue para a ilha de Chipre em barcos separados, onde Desdêmona é 
confiada a Iago e sua esposa Emília para fazer companhia a esta. 
Durante a viagem uma tempestade separou as embarcações, Desdêmona 
chega primeiro à ilha. Logo em seguida, Otelo desembarca com a novidade que a 
[7] 
 
guerra havia acabado, uma vez que a esquadra turca fora destruída por conta da 
tempestade. 
Em Chipre, Iago que odiava a figura de Otelo e a Cássio, começou a semear 
a discórdia entre o jovem casal e o amigo de confiança, ou seja, concebeu um 
terrível plano de vingança que tinha como objetivo arruinar seus inimigos. Iago se 
propôs a ajudar Rodrigo separando o casal e a destruir Cassio, que ocupava o cargo 
que na sua concepção deveria ser seu. Hábil e profundo conhecedor da natureza 
humana, e sempre fazendo reflexões sobre a humanidade, Iago sabia que, de todos 
os tormentos que afligem a alma, o ciúme é o mais intolerável e incontrolável. 
Iago sabendo que Cássio, entre os amigos de Otelo, era o que mais possuía 
a confiança do general. Sabia também quedevido a sua beleza e eloquência, 
qualidades que agradam às mulheres, ele era exatamente o tipo de homem capaz 
de despertar o ciúme de um homem de idade avançada, como era Otelo, casado 
com uma jovem e bela mulher. 
Sob o pretexto de lealdade e estima ao general, Iago induz Cássio, 
responsável por manter a ordem e a paz, a se embriagar e envolver-se em uma 
briga com Rodrigo, durante uma festa em que os habitantes da ilha ofereceram a 
Otelo. Quando Otelo soube do acontecido, destituiu Cássio de seu posto. 
Nessa mesma noite, Iago começou a jogar Cássio contra Otelo. Ele falava, 
dissimulando certo repúdio a atitude do general, que a sua decisão tinha sido muito 
dura e que Cassio deveria pedir a Desdêmona que convencesse Otelo a devolver-
lhe o posto de tenente. Cássio, abalado emocionalmente, não se deu conta do plano 
traçado por Iago e aceitou a sugestão. 
Dando continuidade a seu plano, Iago afirma a Otelo que Cássio e sua 
esposa poderiam estar tendo um caso. Esse plano foi tão bem traçado que Otelo 
começou a desconfiar de Desdêmona. 
Iago sabia que Otelo havia presenteado sua mulher com um lenço de linho 
bordado com morangos, o qual tinha herdado de sua mãe. Iago induz Emília, sua 
esposa a furtar o lenço. Em determinada ocasião, Desdêmona deixa cair seu lenço, 
Emília recolhe o lenço de Desdêmona, e presenteia Iago com este. Iago, diz a Otelo 
que sua mulher havia presenteado o seu amante com este. Otelo, já enciumado, 
pergunta a sua esposa sobre o lenço e ela, ignorando que o lenço estava com Iago, 
[8] 
 
não soube explicar o desaparecimento do mesmo. Nesse meio tempo, Iago colocou 
o lenço dentro do quarto de Cassio para que ele o encontrasse. 
Bianca chega e encontra Cassio. Este entrega o lenço encontrado em seu 
quarto a Bianca para que esta faça uma cópia do lenço, Bianca meretriz e amante 
de Cassio, pergunta a este da onde surgiu tal lenço? Dizendo que deve ser esse o 
motivo da ausência de Cassio. Esta desconfia ser de alguma moça, a qual Cassio 
anda cortejando, reclamando de sua ausência por sete longos dias. 
Em conversa particular, entre Iago e Otelo, onde Iago diz a Otelo que o 
próprio Cassio confessou ter se deitado com Desdêmona. Diante de tal descoberta 
Otelo fica transtornado e acaba passando mal. Iago faz com que Otelo se 
escondesse e ouvisse uma conversa sua com Cassio. Estes falavam sobre Bianca, 
meretriz amante de Cassio, mas como Otelo só ouviu partes da conversa ficou com 
a impressão de que eles estavam falando a respeito de Desdêmona. Bianca retorna 
com o lenço dizendo que tal lenço deve ser de alguma “sirigaita”, devolvendo-o a 
Cassio dizendo que não irá fazer tal cópia solicitada anteriormente por este. 
As consequências foram terríveis: Otelo pede a Iago que arrumasse veneno 
para que com esse matasse Desdêmona. Iago convence seu superior que veneno 
não seria a melhor solução e recomenda a Otelo a estrangular sua amada. Iago, 
jurando lealdade a seu general, disse que, para vingá-lo, mataria Cassio. 
Chegando a ilha de Chipre Ludovico, primo de Desdêmona, com uma carta 
de Veneza, solicitando a Otelo que este vá a Veneza e deixe em seu lugar Cassio. 
Desdêmona mais uma vez pede ao primo Ludovico que interceda por Cassio, 
solicitando ao primo que concilie Otelo e Cassio. Otelo dá uma bofetada em 
Desdêmona na frente de todos. Ludovico fica impressionado com a atitude do tão 
nobre Otelo que os senadores de Veneza não se cansavam de elogiar. 
Otelo vai ao encontro de Emília e a interroga sobre Desdêmona e Cassio. 
Emília jura a Otelo que jamais vira Desdêmona as conversas com Cassio, 
garantindo que Desdêmona é honesta e pede a Otelo que não se deixe levar por tais 
ideias a respeito de sua esposa. 
Rodrigo, ao encontrar Iago o acusa de estar sendo desonesto com ele, pois já 
cansado de entregar seu ouro e suas joias para que Iago as entregasse a 
Desdêmona, com o intuito de que ela se aproximasse dele e o fizesse favores 
[9] 
 
futuros. Rodrigo acreditando que Desdêmona havia aceitado tais presentes e que de 
nada havia adiantado tal esforço. Rodrigo diz a Iago que irá procurar Desdêmona 
para que esta lhe devolva suas joias e que se arrepende de suas intenções ilícitas. 
Iago conta a Rodrigo que Otelo foi convocado e que Cassio deverá ocupar 
seu lugar. Dizendo, que a única chance de Otelo permanecer em Chipre é que 
aconteça algum incidente grave que o prenda na ilha. 
Iago com receio que seu plano fosse descoberto convence Rodrigo a matar 
Cassio. Pois, acreditando que se os dois entrassem em luta, algum deles haveria de 
morrer, desta forma ele não precisaria devolver o ouro e as joias que se apoderava 
de Rodrigo o casal e muito menos dar explicações a Otelo por conta da mentira 
criada por ele entre Cassio e Desdêmona. 
Criam uma emboscada em que Rodrigo fica a espreita para atacar Cassio. Na 
noite escura, durante a confusão, Iago por traz de Cassio vem e o fere na perna que 
fica mutilado, e mata Rodrigo de forma traiçoeira, pois este acreditava que seria 
ajudado e não assassinado por seu cúmplice Iago. 
Otelo entra em seus aposentos e percebe que Desdêmona já esta 
descansando. O diálogo final entre Otelo e Desdêmona é dramático. Cego de 
ciúmes, louco de raiva, Otelo só enxerga a mulher traidora, pecadora, e corrupta. 
A paixão do ciúme deixa-o num estado completo de cegueira e loucura. Acusando-a 
de prostituta, Otelo mata Desdêmona por asfixia. 
Emília chega, e descobre que sua ama foi assassinada por Otelo, Emília 
defende Desdêmona para o marido, dizendo ser esta pessoa fiel ao seu esposo. 
Entram Iago, Graciano e Montano nos aposentos de Otelo e descobre que 
Desdêmona foi assassinada por Otelo, Emília exige que Iago confesse que foi ele 
quem armou a história de traição entre Cassio e Desdêmona. Iago apunhala Emília 
no peito que morre. E sai. 
 Ludovico comunica seu superior Otelo que encontrou nos bolsos do defunto 
Rodrigo duas cartas, sendo que em uma delas dizia que Rodrigo deveria matar 
Cassio e na outra prova de que Iago havia se apoderado de seus pertences e que 
ele iria desistir de seu plano para ficar com Desdêmona, Ludovico acredita que tais 
cartas não foram entregues porque nesse meio tempo eles entraram em acordo. 
[10] 
 
 Cassio comunica Otelo que em uma das cartas de Rodrigo ele admite que 
Iago o houvesse provocado a brigar com Cassio quando estes estavam de guarda 
na noite em que fora destituído de seu posto. E que Rodrigo antes de morrer 
confessa a Cassio que foi Iago quem veio ferir Cassio e que foi quem o atingiu. 
Após toda a verdade revelada, Otelo comete suicídio. 
Ludovico incumbe Graciano, a dar o castigo merecido a Iago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[11] 
 
5. ARGUMENTAÇÃO 
Primeiramente nossos cumprimentos à vossa excelência que rege esta 
seção do tribunal do júri, nossos cordiais cumprimentos também aos integrantes da 
defensoria e por fim e principalmente os cumprimentos aos senhores que integram o 
corpo de jurados, nobre conselho de sentença e senhoras e senhores aqui 
presentes. 
Vossas excelências estão presentes em virtude das condutas elevadas e 
irrepreensíveis. Vossas excelências que representam todos os valores do meio 
social e estão aptos a fazer justiça no caso apresentado. Estamos aqui para tratar 
principalmente do bem mais precioso que temos, a vida. A vida de uma pessoa é de 
extrema importância, direito este assegurado e garantido pela Constituição Federal. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade,à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes. 1 
Queremos aqui demonstrar as circunstancias pelas quais o acusado, Iago, é 
culpado, de forma extremamente transparente. Vejam vocês que o réu, exímio 
conhecedor da natureza humana, arquitetou e premeditou friamente os atos que 
mencionaremos na sequência, para alcançar seus objetivos. Não obstante a 
demonstração de sua má índole cabe frisar, com não menor importância, a 
consequência do cometimento de diversos crimes. 
O réu Iago tinha perfeita ciência que de todos os elementos que instigam o 
ser humano o ciúme é o mais sadio. Deste modo o réu, difama Desdêmona, 
afirmando a seu esposo que a mesma estaria tendo relações extraconjugais com 
seu fiel amigo e tenente Cássio, para desta forma conseguir manipular Otelo. Tal ato 
senhores, está disposto no artigo 139 do CP: “difamar alguém, imputando-lhe fato 
ofensivo à sua reputação.” 
 
1
 BRASIL: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 - TÍTULO II 
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAL. 
[12] 
 
O réu também apropriou-se dos bens, que pertenciam a Rodrigo, jóias 
confiadas a ele para que entregasse a Desdemona, como fica evidenciado nas 
cartas encontradas por Ludovico nos bolsos do, então falecido. A conduta aqui 
praticada, caros jurados, está tipificada no artigo 168 do CP, que versa: “Apropriar-
se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.” 
As referidas cartas encontradas nos bolsos de Rodrigo demonstram que, 
Iago, movido por sua obsessão, e com o intuito de não devolver as joias e o dinheiro 
que estavam em sua posse, arquitetou emboscada para atacar Cássio, a quem o 
réu culpava por ocupar, injustamente, o cargo que o mesmo almejava, com intenção 
de morte, uma vez que com o seu falecimento o réu não teria mais preocupações 
com as falsas alegações feitas a Otelo, contudo ele sobrevive a tal tentativa de 
homicídio. Iago ataca, ainda, à Rodrigo que, entretanto, não tem a mesma sorte de 
Cássio e acaba falecendo. 
Vamos nos atentar ao ocorrido, senhores, ainda que o golpe tenha sido 
desferido contra a perna de Cássio, o animus necandi dele estava além da intenção 
de ofender a integridade física, o dolo ou a intenção, como ficou evidente nos fatos 
narrados, era de mata-lo, contudo devido à circunstancias de péssima luminosidade 
do local, alheias a sua vontade, não consumou o crime. 2 
 Afirmamos isso, senhores, com base nos indícios presentes nas 
circunstancias em torno do crime, ora, não houve briga, ou luta corporal no momento 
em que Cassio foi atingido, tendo em vista a emboscada, e ainda ao se livrar de 
Cassio, o réu, estaria mais próximo de conseguir o posto por ele almejado. Neste 
sentido, afirma Eugenio Pacelli, que os indícios são meios de prova para demonstrar 
os elementos subjetivos do tipo, no caso em questão, o dolo do acusado em matar 
Cassio, ainda que não tenha sido consumado. Para esclarecer o posto 
anteriormente a citação do próprio autor: 
 
O elemento subjetivo da conduta somente poderá ser aferido por meio da 
constatação de todas as circunstancias que envolverem o fato, a partir das quais será 
possível se chegar a uma conclusão. E esta somente será obtida, quando possível, 
pela via do processo dedutivo, com base nos elementos fornecidos pelas regras da 
 
2
 MEDEIROS, Lenoar. Dos crimes contra a vida. Disponivel em: 
http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/homicidio.html. Acesso em: 29. Maio. 2016. 
[13] 
 
experiência comum informadas pelo que ordinariamente acontece em situações 
semelhantes. .3 
 
E portanto para melhor fundamentar o que defendemos, em seguida 
apresentaremos recurso que versa sobre o mesmo tema: 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - TENTATIVA DE HOMICÍDIO - 
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE - ART 408, CPP - 
PRONÚNCIA - MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO - 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÕES CORPORAIS - IMPOSSIBILIDADE - 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ - EXAME 
PROFUNDO DO MÉRITO RESERVADO AO TRIBUNAL DO JÚRI. 1) A teor do 
disposto no art. 408 do Código de Processo Penal, basta para a pronúncia a 
existência de crime e indícios de sua autoria. 2) Não há que se falar em 
desclassificação da tentativa de homicídio para lesões corporais leves, quando o 
laudo pericial concluiu ter havido perigo de vida diante da lesão produzida na 
vítima. 3) Não se acolhe a tese da defesa quanto à ausência do animus necandi, 
tampouco o contexto probatório autoriza, ainda, que se reconheçam as figuras da 
desistência voluntária e arrependimento eficaz, quando, por sua natureza e fase 
processual, compete ao Conselho de Sentença o exame acerca da culpabilidade do 
agente. 4) Recurso a que se nega provimento.
4
 
 
 Sendo assim, ainda que tenha configurado uma lesão ao ofendido, o ato do 
acusado enquadra-se no previsto no artigo 121 do CP, § 2°, II, IV e V, uma vez que 
foi cometido por motivo fútil, para que o réu ocupasse o cargo que pertencia a vitima, 
de emboscada e com a finalidade de ocultar outros atos por ele cometidos, no caso 
a difamação em relação a Desdemona, crime este em sua forma tentada. 
 O réu, senhores, também matou Rodrigo mediante traição de sua confiança, 
pois, como já citamos anteriormente, a vitima escreveu cartas que comprovam sua 
relação com o acusado. O crime aqui imputado está prescrito no art. 121, na forma 
qualificada, mais uma vez, conforme o § 2º em seu inciso IV que diz, se o homicídio 
 
3
 OLIVEIRA. Eugenio Pacelli. Curso de Processo Penal. Ed 15. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 441. 
4 (TJ-AP - RSE: 42406 AP, Relator: Desembargador DÔGLAS EVANGELISTA, Data de Julgamento: 
03/10/2006, Câmara Única, Data de Publicação: DOE 3878, página (s) 17 de 30/10/2006) . 
[14] 
 
é cometido à traição; e em seu inciso V que versa sobre assegurar a ocultação de 
outro crime, que no caso seria a apropriação indébita das joias. 5 
Ainda sobre o homicídio de Rodrigo, caros jurados, a vitima revelou a Cassio 
que Iago o golpeou, momentos antes de falecer. Sendo assim além de vitima das 
atrocidades praticadas pelo Réu, Cassio ainda é testemunha da culpa pelo crime 
anteriormente imputado. 
 Ademais aos homicídios anteriores, seja ele tentado ou consumado, o 
acusado ainda assassinou sua esposa, simplesmente para não confessar as 
atrocidades que vinha praticando, à Otelo. E podemos mais uma vez nos valer dos 
indícios que circundam os fatos, uma vez que Graciano e Montano, além de serem 
testemunhas oculares do ocorrido, ainda testemunharam as ultimas palavras da 
esposa do acusado, que exigia que o mesmo confessasse a Otelo seus atos que 
desencadearem na morte Desdemona, e simplesmente para ocultar sua difamação, 
ele golpeia a própria cônjuge, demonstrando profunda frieza deixa o local sem 
nenhum sinal de arrependimento, uma vez que não prestou socorro. 
 Neste caso em questão, caros jurados, o acusado comete mais um 
homicídio qualificado previsto no artigo 121 § 2º, II, V, e VII, por tê-lo cometido por 
motivo fútil, demonstrado anteriormente, para assegurar a ocultação de crime 
anterior, e ainda o comete contra seu cônjuge. 
Para tornar mais claro o entendimento, o julgado a seguir: 
TJ-RS - Recurso Crime RC 684042302 RS (TJ-RS) 
Data de publicação: 29/11/1984 
Ementa: PRONUNCIA. DUPLO HOMICIDIO QUALIFICADO. 
IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA.SURPRESA E EMBOSCADA. JULGAMENTO DO 
JURI. SE A RECONSTRUCAO DOMINANTE DA PROVA SÃO DE FATOS QUE 
APONTAM O DUPLO HOMICIDIO QUALIFICADO, POR IMPOSSIBILIDADE DE 
DEFESA, SURPREENDIDAA MULHER AO ABRIR A PORTA E EMBOSCADO O 
MARIDO AO PASSAR PELO MATO, AO JURI CABE A ULTIMA PALAVRA, 
JULGANDO POR INTEIRO CONFORME A PROVA QUE LHE FOR APRESENTADA. 
(Recurso Crime Nº 684042302, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Milton dos Santos Martins, Julgado em 29/11/1984) 
Encontrado em: Terceira Câmara Criminal Diário da Justiça do dia.
6
 
 
5
 BRASIL: Código Penal. Op., cit. 
[15] 
 
 
O réu Iago postou total menosprezo a vida das pessoas que ele tirou, sequer 
prestou socorro, pois houve a plena consciência de dolo, e seu objetivo além de 
matar era esconder todos os fatos a ele imputados. 
Sendo assim somados todos os fatos aqui demonstrados a promotoria tem o 
seguinte pedido: a condenação do réu Iago pelos atos aqui à ele imputados. 
A promotoria pede a condenação do réu Iago pelos crimes de homicídio na 
modalidade qualificado consumado e tentado, difamação e apropriação indébita. 
Sendo os crimes de homicídio nas modalidades doloso e qualificado 
consumados contra as vítimas Rodrigo e Emília; crime de homicídio na modalidade 
doloso e qualificado tentado contra a vitima Cássio; crime de difamação contra 
Desdêmona; e apropriação indébita das joias e dinheiro de Rodrigo; Crimes estes 
julgados no tribunal do júri pela conexão com os homicídios de Rodrigo e Emília, e 
pela tentativa contra Cassio, pelos fatos apresentados anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
 Disponivel em: http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=TJ-RS+-+Recurso+Crime+RC+684042302+RS+%28TJ-RS%29, 
acessado em 28. Maio. 2016. 
 
[16] 
 
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 BRASIL: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
DE 1988 - TÍTULO II 
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. 
 
 BRASIL: Código Penal. Obra citada. 
 
 OLIVEIRA. Eugenio Pacelli. Curso de Processo Penal. Ed 15. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 441. 
 
 (TJ-AP - RSE: 42406 AP, Relator: Desembargador DÔGLAS 
EVANGELISTA, Data de Julgamento: 03/10/2006, Câmara Única, Data de 
Publicação: DOE 3878, página (s) 17 de 30/10/2006). 
 
 MEDEIROS, Lenoar. Dos crimes contra a vida. Disponivel em: 
http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/homicidio.html. Acesso em: 29. 
Maio. 2016. 
 
 Disponivel em: http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=TJ-RS+-
+Recurso+Crime+RC+684042302+RS+%28TJ-RS%29, acessado em 28. Maio. 
2016.

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