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[0] UNIBRASIL – CENTRO UNIVERSITÁRIO CURSO DE DIREITO OTELO, O MOURO DE VENEZA – TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.” (William Shakespeare) CURITIBA 2016 [1] UNIBRASIL – CENTRO UNIVERSITÁRIO CURSO DE DIREITO BIANCA LAGO MARTINS CARLA SERCAL DE LIMA MÁRCIA REGINA RIBEIRO MARIA CAROLINA DUARTE OTELO, O MOURO DE VENEZA – TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO Trabalho de pesquisa, apresentado à disciplina de Teoria da argumentação, da Unibrasil Centro Universitário, para a obtenção da nota parcial do 2 Bimestre do 5 Período de 2016; sob a orientação do professor mestre Rubens Hess Marins de Souza CURITIBA 2016 [2] SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2. PERSONAGENS .................................................................................................... 4 3. EXÓRDIO .............................................................................................................. 5 4. NARRAÇÃO DOS FATOS .................................................................................... 6 5. ARGUMENTAÇÃO ............................................................................................. 11 3. REFERÊNCIAS BIBLIGRAFICAS ..................................................................... 16 [3] 1. INTRODUÇÃO Otelo é uma obra de William Shakespeare escrita entre 1602 e 1604, Aborda o tema do ciúme injustificado, a união de uma mulher branca com um negro. A história do mouro de Veneza que é manipulado por seu alferes sedento por vingança que acaba em uma terrível tragédia. Seus personagens centrais são Otelo e sua mulher Desdêmona, Cássio o jovem e belo tenente, e o diabólico Iago. O presente trabalho, por sua vez, tem por finalidade criar uma tese de acusação para condenar Iago, o réu em questão, a partir da narração dos fatos ocorridos e de argumentação fundamentando tal pedido de condenação. [4] 2. PERSONAGENS Brabâncio – Senador, pai de Desdêmona. Graciano – Irmão de Brabâncio. Ludovico – Primo de Desdêmona, sobrinho de Brabâncio. Otelo – Mouro nobre, a serviço da república de Veneza. Cassio Miguel – Tenente de Otelo. Iago – Alferes de Otelo. Rodrigo – Fidalgo veneziano. Montano – Governador de Chipre sucedido por Otelo. Bobo – Criado de Otelo. Desdêmona – Filha de Brabâncio e esposa de Otelo. Emília – Esposa de Iago. Bianca – Amante de Cassio. [5] 3. EXÓRDIO Senhores jurados, gostaríamos de cumprimentar a todos que fazem parte deste corpo de sentença e, ao mesmo tempo, alertamos aos senhores que a missão dada a vossas excelências neste momento é imensa e se reveste na mais democrática das instituições. O caso submetido à apreciação dos senhores é complexo, deve ser visto em sua amplitude, e jamais deve ter uma análise superficial ou pronta dos fatos. Ressaltamos tais afirmações, nobres jurados, pois trataremos de atos que destruíram relações e, principalmente, vidas, seja dos que faleceram ou dos entes que ficaram e clamam por justiça. Tal justiça, senhores, será realizada hoje neste tribunal mediante vossas decisões. Iago está aqui pelas acusações de ter cometido os seguintes crimes: Homicídio nas modalidades doloso e qualificado consumados contra as vítimas Rodrigo e Emília; crime de homicídio na modalidade doloso e qualificado tentado da vitima Cássio; crime de difamação contra Desdêmona; e crime de apropriação indébita das joias e dinheiro de Rodrigo. Crimes estes julgados no tribunal do júri pela conexão com os homicídios à ele imputados. Esperamos que analisem os argumentos a seguir, com a ciência de que possuem uma missão crucial neste tribunal. E que a partir da minuciosa analise do caso, com clareza, honestidade e humanidade proporcionem a resposta mais adequada e justa, não só para as partes integrantes deste processo, mas também para a sociedade como um todo. [6] 4. NARRAÇÃO DOS FATOS Toda história gira em torno da traição, ciúme e da inveja. Inicia-se com Iago, alferes de Otelo, tramando com Rodrigo que tinha raiva de Otelo porque ele estava com um romance com Desdêmona e Rodrigo a amava. Iago e Rodrigo informam a Brabâncio, rico senador de Veneza, que sua filha a gentil e inocente Desdêmona, havia fugido para se casar com Otelo. Iago queria vingar-se de Otelo porque ele havia promovido Cássio, jovem soldado florentino e intermediário nas relações entre Otelo e Desdêmona, ao posto de tenente. Esse ato fez com que Iago se sentisse injustiçado, uma vez que acreditava que as promoções deveriam ser obtidas "pelos velhos meios em que herdava sempre o segundo o posto do primeiro" e não por amizades. Brabâncio, que confiava que sua filha Desdêmona iria escolher o marido que mais a agradasse, acreditava que ela indicaria, para seu cônjuge, um homem da classe senatorial ou de semelhante posição social. Ao tomar ciência que sua filha havia fugido para se casar com Otelo, saiu na calada da noite e foi à procura de Otelo para que este apresentasse explicações da fuga de sua filha Desdêmona. No momento em que se encontraram, chegou um comunicado do Duque de Veneza, convocando-os para uma reunião de caráter urgente no senado. Durante a reunião, Brabâncio, sem provas, acusou Otelo de ter induzido Desdêmona a casar-se com ele por meio de bruxarias. Otelo, que era general em Veneza e gozava da estima e da confiança do Estado por ser leal, muito corajoso e ter atitudes nobres, fez, em sua defesa, um relato de sua história, dizendo que esta havia se apaixonado por ele, simplesmente por ficar encantada em ouvir suas histórias de heroísmo, a qual foi confirmado pela própria Desdêmona. No entanto, e por ser o único capaz de conduzir um exercito no contra-ataque a uma esquadra turca que se dirigia à ilha de Chipre, Brabâncio autoriza Desdêmona seguir para Chipre com o então marido, Otelo. Na manhã seguinte o casal segue para a ilha de Chipre em barcos separados, onde Desdêmona é confiada a Iago e sua esposa Emília para fazer companhia a esta. Durante a viagem uma tempestade separou as embarcações, Desdêmona chega primeiro à ilha. Logo em seguida, Otelo desembarca com a novidade que a [7] guerra havia acabado, uma vez que a esquadra turca fora destruída por conta da tempestade. Em Chipre, Iago que odiava a figura de Otelo e a Cássio, começou a semear a discórdia entre o jovem casal e o amigo de confiança, ou seja, concebeu um terrível plano de vingança que tinha como objetivo arruinar seus inimigos. Iago se propôs a ajudar Rodrigo separando o casal e a destruir Cassio, que ocupava o cargo que na sua concepção deveria ser seu. Hábil e profundo conhecedor da natureza humana, e sempre fazendo reflexões sobre a humanidade, Iago sabia que, de todos os tormentos que afligem a alma, o ciúme é o mais intolerável e incontrolável. Iago sabendo que Cássio, entre os amigos de Otelo, era o que mais possuía a confiança do general. Sabia também quedevido a sua beleza e eloquência, qualidades que agradam às mulheres, ele era exatamente o tipo de homem capaz de despertar o ciúme de um homem de idade avançada, como era Otelo, casado com uma jovem e bela mulher. Sob o pretexto de lealdade e estima ao general, Iago induz Cássio, responsável por manter a ordem e a paz, a se embriagar e envolver-se em uma briga com Rodrigo, durante uma festa em que os habitantes da ilha ofereceram a Otelo. Quando Otelo soube do acontecido, destituiu Cássio de seu posto. Nessa mesma noite, Iago começou a jogar Cássio contra Otelo. Ele falava, dissimulando certo repúdio a atitude do general, que a sua decisão tinha sido muito dura e que Cassio deveria pedir a Desdêmona que convencesse Otelo a devolver- lhe o posto de tenente. Cássio, abalado emocionalmente, não se deu conta do plano traçado por Iago e aceitou a sugestão. Dando continuidade a seu plano, Iago afirma a Otelo que Cássio e sua esposa poderiam estar tendo um caso. Esse plano foi tão bem traçado que Otelo começou a desconfiar de Desdêmona. Iago sabia que Otelo havia presenteado sua mulher com um lenço de linho bordado com morangos, o qual tinha herdado de sua mãe. Iago induz Emília, sua esposa a furtar o lenço. Em determinada ocasião, Desdêmona deixa cair seu lenço, Emília recolhe o lenço de Desdêmona, e presenteia Iago com este. Iago, diz a Otelo que sua mulher havia presenteado o seu amante com este. Otelo, já enciumado, pergunta a sua esposa sobre o lenço e ela, ignorando que o lenço estava com Iago, [8] não soube explicar o desaparecimento do mesmo. Nesse meio tempo, Iago colocou o lenço dentro do quarto de Cassio para que ele o encontrasse. Bianca chega e encontra Cassio. Este entrega o lenço encontrado em seu quarto a Bianca para que esta faça uma cópia do lenço, Bianca meretriz e amante de Cassio, pergunta a este da onde surgiu tal lenço? Dizendo que deve ser esse o motivo da ausência de Cassio. Esta desconfia ser de alguma moça, a qual Cassio anda cortejando, reclamando de sua ausência por sete longos dias. Em conversa particular, entre Iago e Otelo, onde Iago diz a Otelo que o próprio Cassio confessou ter se deitado com Desdêmona. Diante de tal descoberta Otelo fica transtornado e acaba passando mal. Iago faz com que Otelo se escondesse e ouvisse uma conversa sua com Cassio. Estes falavam sobre Bianca, meretriz amante de Cassio, mas como Otelo só ouviu partes da conversa ficou com a impressão de que eles estavam falando a respeito de Desdêmona. Bianca retorna com o lenço dizendo que tal lenço deve ser de alguma “sirigaita”, devolvendo-o a Cassio dizendo que não irá fazer tal cópia solicitada anteriormente por este. As consequências foram terríveis: Otelo pede a Iago que arrumasse veneno para que com esse matasse Desdêmona. Iago convence seu superior que veneno não seria a melhor solução e recomenda a Otelo a estrangular sua amada. Iago, jurando lealdade a seu general, disse que, para vingá-lo, mataria Cassio. Chegando a ilha de Chipre Ludovico, primo de Desdêmona, com uma carta de Veneza, solicitando a Otelo que este vá a Veneza e deixe em seu lugar Cassio. Desdêmona mais uma vez pede ao primo Ludovico que interceda por Cassio, solicitando ao primo que concilie Otelo e Cassio. Otelo dá uma bofetada em Desdêmona na frente de todos. Ludovico fica impressionado com a atitude do tão nobre Otelo que os senadores de Veneza não se cansavam de elogiar. Otelo vai ao encontro de Emília e a interroga sobre Desdêmona e Cassio. Emília jura a Otelo que jamais vira Desdêmona as conversas com Cassio, garantindo que Desdêmona é honesta e pede a Otelo que não se deixe levar por tais ideias a respeito de sua esposa. Rodrigo, ao encontrar Iago o acusa de estar sendo desonesto com ele, pois já cansado de entregar seu ouro e suas joias para que Iago as entregasse a Desdêmona, com o intuito de que ela se aproximasse dele e o fizesse favores [9] futuros. Rodrigo acreditando que Desdêmona havia aceitado tais presentes e que de nada havia adiantado tal esforço. Rodrigo diz a Iago que irá procurar Desdêmona para que esta lhe devolva suas joias e que se arrepende de suas intenções ilícitas. Iago conta a Rodrigo que Otelo foi convocado e que Cassio deverá ocupar seu lugar. Dizendo, que a única chance de Otelo permanecer em Chipre é que aconteça algum incidente grave que o prenda na ilha. Iago com receio que seu plano fosse descoberto convence Rodrigo a matar Cassio. Pois, acreditando que se os dois entrassem em luta, algum deles haveria de morrer, desta forma ele não precisaria devolver o ouro e as joias que se apoderava de Rodrigo o casal e muito menos dar explicações a Otelo por conta da mentira criada por ele entre Cassio e Desdêmona. Criam uma emboscada em que Rodrigo fica a espreita para atacar Cassio. Na noite escura, durante a confusão, Iago por traz de Cassio vem e o fere na perna que fica mutilado, e mata Rodrigo de forma traiçoeira, pois este acreditava que seria ajudado e não assassinado por seu cúmplice Iago. Otelo entra em seus aposentos e percebe que Desdêmona já esta descansando. O diálogo final entre Otelo e Desdêmona é dramático. Cego de ciúmes, louco de raiva, Otelo só enxerga a mulher traidora, pecadora, e corrupta. A paixão do ciúme deixa-o num estado completo de cegueira e loucura. Acusando-a de prostituta, Otelo mata Desdêmona por asfixia. Emília chega, e descobre que sua ama foi assassinada por Otelo, Emília defende Desdêmona para o marido, dizendo ser esta pessoa fiel ao seu esposo. Entram Iago, Graciano e Montano nos aposentos de Otelo e descobre que Desdêmona foi assassinada por Otelo, Emília exige que Iago confesse que foi ele quem armou a história de traição entre Cassio e Desdêmona. Iago apunhala Emília no peito que morre. E sai. Ludovico comunica seu superior Otelo que encontrou nos bolsos do defunto Rodrigo duas cartas, sendo que em uma delas dizia que Rodrigo deveria matar Cassio e na outra prova de que Iago havia se apoderado de seus pertences e que ele iria desistir de seu plano para ficar com Desdêmona, Ludovico acredita que tais cartas não foram entregues porque nesse meio tempo eles entraram em acordo. [10] Cassio comunica Otelo que em uma das cartas de Rodrigo ele admite que Iago o houvesse provocado a brigar com Cassio quando estes estavam de guarda na noite em que fora destituído de seu posto. E que Rodrigo antes de morrer confessa a Cassio que foi Iago quem veio ferir Cassio e que foi quem o atingiu. Após toda a verdade revelada, Otelo comete suicídio. Ludovico incumbe Graciano, a dar o castigo merecido a Iago. [11] 5. ARGUMENTAÇÃO Primeiramente nossos cumprimentos à vossa excelência que rege esta seção do tribunal do júri, nossos cordiais cumprimentos também aos integrantes da defensoria e por fim e principalmente os cumprimentos aos senhores que integram o corpo de jurados, nobre conselho de sentença e senhoras e senhores aqui presentes. Vossas excelências estão presentes em virtude das condutas elevadas e irrepreensíveis. Vossas excelências que representam todos os valores do meio social e estão aptos a fazer justiça no caso apresentado. Estamos aqui para tratar principalmente do bem mais precioso que temos, a vida. A vida de uma pessoa é de extrema importância, direito este assegurado e garantido pela Constituição Federal. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. 1 Queremos aqui demonstrar as circunstancias pelas quais o acusado, Iago, é culpado, de forma extremamente transparente. Vejam vocês que o réu, exímio conhecedor da natureza humana, arquitetou e premeditou friamente os atos que mencionaremos na sequência, para alcançar seus objetivos. Não obstante a demonstração de sua má índole cabe frisar, com não menor importância, a consequência do cometimento de diversos crimes. O réu Iago tinha perfeita ciência que de todos os elementos que instigam o ser humano o ciúme é o mais sadio. Deste modo o réu, difama Desdêmona, afirmando a seu esposo que a mesma estaria tendo relações extraconjugais com seu fiel amigo e tenente Cássio, para desta forma conseguir manipular Otelo. Tal ato senhores, está disposto no artigo 139 do CP: “difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.” 1 BRASIL: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 - TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAL. [12] O réu também apropriou-se dos bens, que pertenciam a Rodrigo, jóias confiadas a ele para que entregasse a Desdemona, como fica evidenciado nas cartas encontradas por Ludovico nos bolsos do, então falecido. A conduta aqui praticada, caros jurados, está tipificada no artigo 168 do CP, que versa: “Apropriar- se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.” As referidas cartas encontradas nos bolsos de Rodrigo demonstram que, Iago, movido por sua obsessão, e com o intuito de não devolver as joias e o dinheiro que estavam em sua posse, arquitetou emboscada para atacar Cássio, a quem o réu culpava por ocupar, injustamente, o cargo que o mesmo almejava, com intenção de morte, uma vez que com o seu falecimento o réu não teria mais preocupações com as falsas alegações feitas a Otelo, contudo ele sobrevive a tal tentativa de homicídio. Iago ataca, ainda, à Rodrigo que, entretanto, não tem a mesma sorte de Cássio e acaba falecendo. Vamos nos atentar ao ocorrido, senhores, ainda que o golpe tenha sido desferido contra a perna de Cássio, o animus necandi dele estava além da intenção de ofender a integridade física, o dolo ou a intenção, como ficou evidente nos fatos narrados, era de mata-lo, contudo devido à circunstancias de péssima luminosidade do local, alheias a sua vontade, não consumou o crime. 2 Afirmamos isso, senhores, com base nos indícios presentes nas circunstancias em torno do crime, ora, não houve briga, ou luta corporal no momento em que Cassio foi atingido, tendo em vista a emboscada, e ainda ao se livrar de Cassio, o réu, estaria mais próximo de conseguir o posto por ele almejado. Neste sentido, afirma Eugenio Pacelli, que os indícios são meios de prova para demonstrar os elementos subjetivos do tipo, no caso em questão, o dolo do acusado em matar Cassio, ainda que não tenha sido consumado. Para esclarecer o posto anteriormente a citação do próprio autor: O elemento subjetivo da conduta somente poderá ser aferido por meio da constatação de todas as circunstancias que envolverem o fato, a partir das quais será possível se chegar a uma conclusão. E esta somente será obtida, quando possível, pela via do processo dedutivo, com base nos elementos fornecidos pelas regras da 2 MEDEIROS, Lenoar. Dos crimes contra a vida. Disponivel em: http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/homicidio.html. Acesso em: 29. Maio. 2016. [13] experiência comum informadas pelo que ordinariamente acontece em situações semelhantes. .3 E portanto para melhor fundamentar o que defendemos, em seguida apresentaremos recurso que versa sobre o mesmo tema: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - TENTATIVA DE HOMICÍDIO - INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE - ART 408, CPP - PRONÚNCIA - MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO - DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÕES CORPORAIS - IMPOSSIBILIDADE - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ - EXAME PROFUNDO DO MÉRITO RESERVADO AO TRIBUNAL DO JÚRI. 1) A teor do disposto no art. 408 do Código de Processo Penal, basta para a pronúncia a existência de crime e indícios de sua autoria. 2) Não há que se falar em desclassificação da tentativa de homicídio para lesões corporais leves, quando o laudo pericial concluiu ter havido perigo de vida diante da lesão produzida na vítima. 3) Não se acolhe a tese da defesa quanto à ausência do animus necandi, tampouco o contexto probatório autoriza, ainda, que se reconheçam as figuras da desistência voluntária e arrependimento eficaz, quando, por sua natureza e fase processual, compete ao Conselho de Sentença o exame acerca da culpabilidade do agente. 4) Recurso a que se nega provimento. 4 Sendo assim, ainda que tenha configurado uma lesão ao ofendido, o ato do acusado enquadra-se no previsto no artigo 121 do CP, § 2°, II, IV e V, uma vez que foi cometido por motivo fútil, para que o réu ocupasse o cargo que pertencia a vitima, de emboscada e com a finalidade de ocultar outros atos por ele cometidos, no caso a difamação em relação a Desdemona, crime este em sua forma tentada. O réu, senhores, também matou Rodrigo mediante traição de sua confiança, pois, como já citamos anteriormente, a vitima escreveu cartas que comprovam sua relação com o acusado. O crime aqui imputado está prescrito no art. 121, na forma qualificada, mais uma vez, conforme o § 2º em seu inciso IV que diz, se o homicídio 3 OLIVEIRA. Eugenio Pacelli. Curso de Processo Penal. Ed 15. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 441. 4 (TJ-AP - RSE: 42406 AP, Relator: Desembargador DÔGLAS EVANGELISTA, Data de Julgamento: 03/10/2006, Câmara Única, Data de Publicação: DOE 3878, página (s) 17 de 30/10/2006) . [14] é cometido à traição; e em seu inciso V que versa sobre assegurar a ocultação de outro crime, que no caso seria a apropriação indébita das joias. 5 Ainda sobre o homicídio de Rodrigo, caros jurados, a vitima revelou a Cassio que Iago o golpeou, momentos antes de falecer. Sendo assim além de vitima das atrocidades praticadas pelo Réu, Cassio ainda é testemunha da culpa pelo crime anteriormente imputado. Ademais aos homicídios anteriores, seja ele tentado ou consumado, o acusado ainda assassinou sua esposa, simplesmente para não confessar as atrocidades que vinha praticando, à Otelo. E podemos mais uma vez nos valer dos indícios que circundam os fatos, uma vez que Graciano e Montano, além de serem testemunhas oculares do ocorrido, ainda testemunharam as ultimas palavras da esposa do acusado, que exigia que o mesmo confessasse a Otelo seus atos que desencadearem na morte Desdemona, e simplesmente para ocultar sua difamação, ele golpeia a própria cônjuge, demonstrando profunda frieza deixa o local sem nenhum sinal de arrependimento, uma vez que não prestou socorro. Neste caso em questão, caros jurados, o acusado comete mais um homicídio qualificado previsto no artigo 121 § 2º, II, V, e VII, por tê-lo cometido por motivo fútil, demonstrado anteriormente, para assegurar a ocultação de crime anterior, e ainda o comete contra seu cônjuge. Para tornar mais claro o entendimento, o julgado a seguir: TJ-RS - Recurso Crime RC 684042302 RS (TJ-RS) Data de publicação: 29/11/1984 Ementa: PRONUNCIA. DUPLO HOMICIDIO QUALIFICADO. IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA.SURPRESA E EMBOSCADA. JULGAMENTO DO JURI. SE A RECONSTRUCAO DOMINANTE DA PROVA SÃO DE FATOS QUE APONTAM O DUPLO HOMICIDIO QUALIFICADO, POR IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA, SURPREENDIDAA MULHER AO ABRIR A PORTA E EMBOSCADO O MARIDO AO PASSAR PELO MATO, AO JURI CABE A ULTIMA PALAVRA, JULGANDO POR INTEIRO CONFORME A PROVA QUE LHE FOR APRESENTADA. (Recurso Crime Nº 684042302, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Milton dos Santos Martins, Julgado em 29/11/1984) Encontrado em: Terceira Câmara Criminal Diário da Justiça do dia. 6 5 BRASIL: Código Penal. Op., cit. [15] O réu Iago postou total menosprezo a vida das pessoas que ele tirou, sequer prestou socorro, pois houve a plena consciência de dolo, e seu objetivo além de matar era esconder todos os fatos a ele imputados. Sendo assim somados todos os fatos aqui demonstrados a promotoria tem o seguinte pedido: a condenação do réu Iago pelos atos aqui à ele imputados. A promotoria pede a condenação do réu Iago pelos crimes de homicídio na modalidade qualificado consumado e tentado, difamação e apropriação indébita. Sendo os crimes de homicídio nas modalidades doloso e qualificado consumados contra as vítimas Rodrigo e Emília; crime de homicídio na modalidade doloso e qualificado tentado contra a vitima Cássio; crime de difamação contra Desdêmona; e apropriação indébita das joias e dinheiro de Rodrigo; Crimes estes julgados no tribunal do júri pela conexão com os homicídios de Rodrigo e Emília, e pela tentativa contra Cassio, pelos fatos apresentados anteriormente. 6 Disponivel em: http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=TJ-RS+-+Recurso+Crime+RC+684042302+RS+%28TJ-RS%29, acessado em 28. Maio. 2016. [16] 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BRASIL: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 - TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. BRASIL: Código Penal. Obra citada. OLIVEIRA. Eugenio Pacelli. Curso de Processo Penal. Ed 15. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 441. (TJ-AP - RSE: 42406 AP, Relator: Desembargador DÔGLAS EVANGELISTA, Data de Julgamento: 03/10/2006, Câmara Única, Data de Publicação: DOE 3878, página (s) 17 de 30/10/2006). MEDEIROS, Lenoar. Dos crimes contra a vida. Disponivel em: http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/homicidio.html. Acesso em: 29. Maio. 2016. Disponivel em: http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=TJ-RS+- +Recurso+Crime+RC+684042302+RS+%28TJ-RS%29, acessado em 28. Maio. 2016.
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