Buscar

Estudo da Violência

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Maria Catarina Daijó de Aguirra
Psicologia Aplicada ao Direito
1ºB – Matutino 
Direito – PUCPR 
ESTUDO DA VIOLÊNCIA
Impacto da violência sobre a sociedade
A sociedade violenta desenvolve um aparato tecnológico, material e humano para lidar com a violência e, pouco a pouco, a manutenção e o desenvolvimento desse aparato incorporam-se à vida. Para ele destina-se substancial parcela dos orçamentos públicos e privados. 
Desenvolve-se um círculo vicioso: a luta contra a violência torna-se atividade de sobrevivência e os que integram esse processo trabalham não apenas para conter a violência, como também para defender suas atribuições. 
Não há como dissociar a delinquência da violência, pois todo ato de delinquir contém uma expressão dela. Porém, a violência contra a ética ou contra a moral  provoca rupturas na frágil epiderme das crenças, dos valores, dos fundamentos da convivência social. A violência física é o resultado indesejado da violência contra a ética e contra a moral. Todo crime constitui um ato de violência contra a humanidade.
Agressividade e violência
A agressividade traz em si algo de força combativa, comportamento adaptativo e instinto de vida; trata-se, pois, de uma característica de personalidade, à medida que se manifesta no comportamento habitual do indivíduo. Quando ela não está relacionada à proteção de interesses vitais, está mais próxima do conceito de violência, que traz em si a ideia de destruição. No momento em que ela não está relacionada à proteção de interesses vitais, está mais próxima do conceito de violência, que traz em si a ideia de destruição.
A agressividade é inerente a todo ser humano, já a violência apresenta-se quando a pessoa não conseguiu canalizar a agressividade para atividades produtivas e denota desestabilização dos mecanismos contensores, impulsividade e baixa tolerância a frustrações. 
O comportamento do agressor demonstra impulsividade; quando alguma emoção negativa o domina, experimenta imediata regressão a estágios primários do desenvolvimento psicológico e prevalece o egocentrismo. Não há direitos para o outro.
Não há como se tratar de agressividade e violência sem se levar em consideração o contexto social e cultural em que o ato se insere. Essa relativização ditada pelos fatores socioculturais que cercam as manifestações de agressividade e violência, mostra que existe um elemento de transição na interpretação de qualquer ato para classificá-lo como violento. Não existe um marco divisório nítido e objetivo entre comportamentos agressivos e violentos.
Esse comportamento não está, necessariamente, atrelado à característica de personalidade agressiva. É complexa a relação entre violência e personalidade, tudo indicando que diversos fatores individuais, sociais e culturais conduzem à sua prática, como características da vítima, dos agentes, local onde ocorre, forma como se realiza, objetivos, motivações inconscientes.
Comportamento agressivo: uma visão teórica
Ainda que o comportamento agressivo não se transforme, necessariamente, em violência, a convivência com a agressividade facilita a evolução do primeiro em direção ao segundo. 
A agressão pode ser percebida como reação à frustração. Na impossibilidade de ver realizado seu desejo, o psiquismo reage e desloca a energia para a agressividade. Constitui uma fonte de energia do indivíduo; a intenção de realizar algo manifesta-se de maneira mais ou menos violenta. Pode resultar da percepção inadequada dos comportamentos emitidos; o indivíduo não discrimina os detalhes que diferenciam um comportamento agressivo de outro socialmente adaptado; a pessoa proveniente de um meio onde tais comportamentos são corriqueiros percebe-os como normais. 
O comportamento pode ser aprendido. O indivíduo apresenta um comportamento agressivo, consegue o que quer, ela volta a agredir pelo mesmo ou por outro motivo e obtém novamente sucesso. A criança recebe um poderoso condicionamento operante por reforço positivo; incorpora-o ao seu repertório; generaliza o comportamento e, com o tempo, aprende a refiná-lo. A criança e o adolescente aprendem o que é considerado mera agressividade ou violência com seus modelos: pais, colegas de escola, ídolos da adolescência. A partir daí, comportar-se-ão para repeti-los. 
Os efeitos motivacionais não seriam tão extensos se os valores sociais constituíssem uma “junta de dilatação” para suportar os impactos desse convite brutal. Entretanto, isso não acontece. Os valores passam a ser, senão incômodos, meras curiosidades acadêmicas ou preocupação de intelectuais. Transformam-se para acolher a violência; a linguagem, a estética e os mais diversos hábitos combinam-se para compor o cotidiano de agressividade.
Violência na família
Um alicerce histórico sustenta a estrutura da violência familiar que provém do reconhecimento da violência como forma natural de se afirmar a autoridade do chefe da família e como meio de educar as crianças. 
A violência psicológica é aquela por meio da qual a capacidade da vítima de se opor a qualquer violência reduz-se gradativamente, ao mesmo tempo em que ela se torna predisposta a outros tipos de violência, facilitada por estratégias diversas empregadas pelo agressor. Os sofrimentos físicos, entretanto, atraem as maiores atenções por motivos históricos e socioculturais, pois produzem achados que extrapolam o âmbito do privado, para se expor à sociedade.
O assédio moral é uma modalidade de sofrimento psicológico por meio da qual um dos cônjuges provoca profundo dano ao outro, a ponto de lhe desencadear doenças físicas e psíquicas. 
A violência contra o idoso ocorre particularmente na forma de negligência e violência psicológica. É difícil, por outro lado, qualificar a negligência praticada contra o idoso porque seu organismo, vulnerável, constitui frágil vitrina exposta às vicissitudes dos relacionamentos. A relação dos pais com os mais idosos constitui um modelo de conduta para os filhos que tenderão a repetir o que viram e aprenderam.
A gravidade dessa violência acentua-se pela diversidade com que é praticada, compreendendo-se a física, a sexual e a psicológica, a fatal e a negligencia. No quadro da violência contra criança, importa compreender seu desenvolvimento, as consequências para a criança e as possibilidades de recuperação dos danos.
WWW.VIOLÊNCIA.COM
A Internet constitui um avanço tecnológico altamente paradoxal, ao mesmo tempo, abre para seus usuários as portas para o que há de melhor e o que há de mais abominável no comportamento humano. Do seu lado mau extrai-se o sumo da violência. Não se trata mais da delinquência local, os agentes e pacientes podem se encontrar em locais insuspeitos. Tem o poder de inserir o indivíduo no mundo, e também de afastá-lo da vida. É crucial a presença dos pais e educadores junto às crianças para exercer a proibição dos jogos que glorificam a violência.
As muitas faces da violência
A violência tem inúmeras denominações. Ela se transforma na tortura que o sequestrador impõe a suas vítimas, surge no latrocínio, na briga por motivo fútil, na vingança refletida ou irrefletida, no “crime de amor”, na agressão física contra conhecidos e desconhecidos, na direção perigosa e ou assassina. Ela toma conta do cotidiano, travestida de comportamentos acintosos, desafiadores, desrespeitosos; leva os mais pacíficos à evitação ou à fuga. 
A violência prospera dentro do círculo vicioso. Aprendem-se comportamentos violentos por observação, amplia-se a economia da violência, cujo produto midiático é de baixo custo e promove o consumo dos germens dos comportamentos que engendra. 
Em vez de se investir exaustivamente na investigação, em profundidade, de cada tipo de comportamento violento, busquem-se estratégias para implantar comportamentos não violentos. Estes deslocarão aqueles, por meio de fenômenos da percepção e de mecanismos de defesa inconscientes. A violência não é, muitas vezes, meio de se chegar a um objeto; ela se converte no próprio fim, em si mesma: busca-se a violência pela violênciaHomicídio
O homicídio é a expressão máxima da violência. Três grandes motivadores (sede de poder, desejo sexual e fanatismo) justificavam o assassinato de pessoas, em grande ou pequena escala. O fanatismo perdeu força. A flexibilização dos relacionamentos, a simplicidade para estabelecer relações e de desfazê-las não parecem exercer influência sobre a proporção dos homicídios atribuíveis à paixão. As razões econômicas, sem dúvida, persistem.
Surgem, entretanto, outros dois poderosos motivadores para o homicídio. O homicídio por motivo banal: uma discussão no trânsito, uma palavra mal colocada, excesso de barulho. Ao final da ação criminosa, o indivíduo só possui uma explicação: “não sei o que deu em mim”. 
No cerne desses elementos encontra-se uma educação polarizada para a competição, a aferição de vantagens a qualquer preço, o imediatismo. Indivíduos comandados pelo prazer tornam-se ilhas de irritabilidade, incapazes de perceber que a vida em sociedade requer sucessivas concessões. 
Ao homicídio por motivo banal junta-se o grande flagelo deste início de século, em franca expansão: a droga. A maior parte das mortes violentas de jovens encontra-se associada ao processo de produção, distribuição e venda de tais substâncias psicoativas. Talvez a única força capaz de enfrentar esse inimigo seja aquela proporcionada pelos laços familiares. As ações dos operadores de Direito que contribuírem para o fortalecimento das famílias trarão resultados positivos nesse combate.
Os mesmos fatores que alimentam a violência, apontados nos tópicos anteriores, também aquecem a chama dos homicídios. Contudo, ela queima em locais específicos – entre jovens, de poucos recursos, moradores de subúrbios – porque neles, além da violência que fermenta naturalmente, medram as raízes da droga, devastadora, impiedosa.

Continue navegando