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PETIÇÃO 1 PENAL HABEAS CORPUS

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Desembargador(a) Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará/CE
XXXX, brasileiro, solteiro, advogado, inscrito nos quadros da OAB sob o nº xxxxx, com endereço profissional na Avenida Brasil, 1505, na cidade de Conceição do Agreste/CE, ora IMPETRANTE, vem em favor de José Percival da Silva, vulgo, Zé da Farmácia, ora PACIENTE, brasileiro, político, Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Conceição do Agreste, CE, com o RG nº xxx, CPF nº xxx, nascido em xx, xx, xxxx, residente e domiciliado na rua xxxx, com fundamento nos artigos 647, 648, I, do Código de Processo Penal e artigo 5, LXVIII, da Constituição Federal de 1988, vem perante Vossa Excelência, IMPETRAR o presente:
HABEAS CORPUS C/C PEDIDO LIMINAR,
em face do ato praticado pelo MM Juiz de Direito da XX Vara Criminal da Comarca XXXX, haja vista não haver embasamento legal para a manutenção da sua prisão preventiva, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos:
BREVE SÍNTESE DOS FATOS
Como acima mencionado, o paciente é Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste, localizado neste estado. Paciente é muito conhecido e respeitado por todos na cidade e com enorme influência política na região. Ocorre que na data de 03 de fevereiro de 2018, o Delegado de Polícia do Município, o Dr. João Rajão, recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresário, sócio de uma de uma empresa e que na época tinha um enorme interesse em participar das contratações a serem realizadas pela referida Câmara.
Todavia, naquele dia o Dr. Paulo relatou ao Sr. Delegado, que o Vereador João Santos, vulgo João do Açougue, que exercia a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores daquele Município, junto aos Vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da Comissão, haviam lhe exigido o pagamento de R$ 100.000,00(cem mil reais) para que a empresa do empresário Paulo pudesse participar do procedimento que estava sendo ofertado, onde estava agendado para o dia seguinte.
Após ouvir o relato do empresário, o delegado orientou-o a sacar o valor exigido pelos vereadores e membros da comissão e a entrega-lo na data estipulada para a sessão da licitação, visando prender todos os envolvidos em flagrante delito. Assim, na data estipulada, os policias, que aguardavam o deslinde criminoso, realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, no momento em que estes conferiam o valor entregue por Paulo.
Cumpre salientar que até o momento não se relata em nenhum momento o nome do ora paciente.
Porém, como o paciente é um político assíduo e participativo nas sessões em que sua Câmara realiza, neste dia estava junto aos demais na plateia assistindo a realização da licitação, se certificando que tudo estaria sendo realizado da maneira correta.
Desta forma, mesmo sem ter ciência de NENHUM FATO OU ESQUEMA DOS DEMAIS COLEGAS, acabou sendo também preso em flagrante, acusado de ter participado do esquema criminoso, de forma injustiça e truculenta.
Posteriormente, todos foram apresentados a autoridade policial a qual lavrou o respetivo auto de prisão em flagrante delito na forma da legislação pátria, pela prática do crime de corrupção passiva, artigo317 do Código Penal, e o encaminhou ao Juiz competente.
A autoridade Judiciária devidamente sabedora dos fatos determinou a para o dia seguinte a apresentação dos presos em audiência de custódia, a ser realizada no dia seguinte a prisão.
Na data e local da audiência de custódia, os réus foram apresentados pelo Procurador da Câmara dos Vereadores que requereu a liberdade dos presos, com a decretação de medidas cautelares diversas da prisão.
Entretanto, o MM. Juiz, acatou o pedido do MP em conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva de todos os presos, nos termos do artigo 310, II, C/Cartigo 312, c/c artigo 313, I, todos do Código de Processo Penal, para a garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade dos fatos e a sua repercussão.
DO DIREITO
A decisão do MM Juiz para a manutenção da prisão preventiva baseia-se no artigo 312 do CPP, que diz:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Se a prova da existência do crime é a demonstração inequívoca da ocorrência de um fato punível, não se poderia ter prendido o paciente, eis que, em nenhum momento foi relatado o seu nome no esquema criminoso. O paciente apenas estava assistindo a realização da licitação como qualquer outra pessoa e acabou sendo preso de forma ilegal e ainda sua prisão mantida na forma de prisão preventiva pelo juiz da vara criminal. 
Fazendo uma breve análise da fundamentação que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, verifica-se que não há fundamentação, isso mesmo, não nenhuma fundamentação para o encarceramento do paciente, apenas menção referente ao artigo 312, I do CPP, visando garantir a ordem pública e o repercussão do crime.
Ora, se o MM. Juiz queria garantir a ordem da sociedade deveria ter feito justiça, ou seja, deveria desde já ter relaxado a prisão em flagrante, tendo em vista ser notória a sua ilegalidade.
Em entendimentos, o STJ afirma que o Juiz deve demonstrar cabalmente porque o indiciado deve ficar confinado e não apenas invocar o artigo 312 do CPP:
STJ: Prisão preventiva, onde o único motivo materialmente justificado repousava na ‘conveniência da instrução criminal’ (CPP, art. 312). Instrução terminada. Impossibilidade de manutenção da prisão cautelar, uma vez que os dois outros motivos (‘ordem pública’ e ‘aplicação da lei’) só foram invocados in abstracto. A Constituição Federal exige motivação por parte do juiz, para que o cidadão fique preso antes do trânsito em julgado de sua condenação. Não basta, assim, invocar-se formalmente, no decreto prisional, dispositivos ensejadores da prisão cautelar (CPP, art. 312).
DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS
O Habeas Corpus caracteriza-se por ser uma ação de impugnação autônoma, de natureza mandamental e de cognição sumária, também não submetida a prazos, destinada a garantir a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos, em casos de atos abusivos do Estado, encontrando amparo legal nos artigos 647 a 667 do CPP.
O Código de Processo Penal, nos artigos. 647 e 648 apresentam as hipóteses do seu cabimento quando for verificada a coação ilegal:
Art. 647 - Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648 - A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
Ainda, nossa Carta Magna é clara em seu artigo 5º LIV, ao dispor que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal;”. Também dispõe no inciso LVII, “ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Já nos termos do seu art. 5º, Inciso LXVII, a Constituição Federal assim prevê:
Art. 5º: (...)
LXVIII - Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Excelência! Pela primariedade do paciente, sem antecedentes negativos, com residência fixa, sem quaisquer indícios de que o paciente atrapalhará as investigações ou se locomoverá para local incerto e, portanto, sem justa causa para a manutenção da prisão preventiva, só podemos presumir que se trata de coação ilegal. Todos os documentos serão juntados, conforme documentos anexados, bem como todo o procedimento que ensejou a prisão do paciente.
DO PEDIDO LIMINAR EM SEDE DE HABEAS CORPUS
A liminar é o meio usado para assegurar celeridade aos remédios constitucionais, evitando coação ilegal ou impedindo a ocorrênciadesta. O “fumus boni iuris” está presente na medida em que a existência de opções diversas da prisão preventiva pode ser aplicada a esse caso em concreto. Presente também está o “periculum in mora”, onde certamente a manutenção da prisão preventiva além de perpetuar a coação ilegal trará enormes prejuízos ao paciente, sejam eles de ordem moral ou psicológica.
Os artigos 649 e 660, § 2º, do Código de Processo Penal preconizam que o juiz ou Tribunal “fará passar imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que cesse imediatamente o constrangimento”.
Outrossim, estando o Paciente preso, o presente mandamus assume caráter cautelar exigindo uma rápida atuação do Poder Judiciário para que a liberdade ambulatória do indivíduo não seja afetada.
DOS PEDIDOS
Por todas estas razões elencadas, o Paciente confia em que este Tribunal irá:
conceder a medida LIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a imediata liberdade do paciente, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em seu favor, aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do processo-crime;
oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe;
conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado do feito, tornando definitivos os efeitos da liminar concedida.
Termos em que, Pede deferimento.
Data: xxxxxxxx
Advogado
OAB/XX Nº xxx. Xxx
Rol de Documentos:
-Certidão de antecedentes criminais;
-Comprovante de residência;
-Comprovante de Trabalho;

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