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48 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 Unidade IV 12 O CONSUMIDOR E SEUS DIREITOS E RESPONSABILIDADE SOCIAL Neste módulo, serão estudados o consumidor e a relação de consumo, direitos do consumidor e responsabilidade do fornecedor e os abusos mais comuns sofridos pelo consumidor. Segundo Frazzio Junior (2005, p.591), “o consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, isto é, para uso próprio”. Dessa forma, não podemos falar das organizações sem focar a importância de um dos parceiros mais presentes no cotidiano: o consumidor. Para que as empresas passem a crescer e aumentar cada vez mais seu desempenho, elas precisam proteger o consumidor, sinalizando os seus direitos e as mais diversas situações. De acordo com Coelho (2005, p.392), “as organizações têm a dúplice missão de prevenir danos causados ao consumidor e conferir-lhe mecanismos de proteção concreta e eficaz suscetíveis de reparar integralmente os danos derivados da sua posição de consumidor”. As empresas precisam assumir com eficiência essa responsabilidade, utilizando como ferramenta o Código de Defesa do Consumidor - CDC -, que tem a tutela legalizada do consumidor através do arcabouço da Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXXII, que diz: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. De acordo com Frazzio Junior (2005, p. 594), “Fornecedor é o responsável – pessoa física, jurídica, pública ou privada, 5 10 15 20 49 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 Em qualquer relação de consumo, duas partes são bem identificadas, ou seja, o consumidor e o fornecedor ou vendedor de um produto ou serviço. Essa relação tem como objetivo primordial a satisfação de uma necessidade do consumidor, que se sujeita às condições dos vendedores ou fornecedores do produto ou serviço. Os direitos básicos do consumidor, de acordo com a Constituição Federal, são proteção à vida, saúde e segurança, educação para consumo, informação adequada e cabal, proteção contra enganos e abusos, proteção contratual, prevenção e separação de danos, acesso aos órgãos judiciários e administrativos, dentre outros. nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados – que desenvolve atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. Podemos destacar alguns deveres e responsabilidades dos fornecedores. São eles: • informar a respeito da periculosidade e nocividade de alguns produtos/serviços; • fornecer peças de reposição enquanto o produto for comercializado; • zelar pela lealdade, evitando práticas abusivas contra o consumidor; • dar informações adequadas sobre os eventuais riscos à saúde e segurança dos usuários dos produtos, etc. Podemos entender que as responsabilidades e obrigações dos consumidores se assemelham às dos fornecedores e empresários das organizações, pois o dever da informação é responsabilidade de todos os envolvidos no processo de negociação. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor - CDC -, a responsabilidade do fornecedor relaciona-se ao fato do produto ou ao fato do serviço. O artigo 12 do CDC afirma que “podem ser responsabilizados o fabricante, o produtor, o construtor nacional ou estrangeiro e o importador”. Essa responsabilidade ocorre de forma solidária, independente da assistência da culpa, no caso de reparação de danos causados aos consumidores, por defeitos que têm como causas fabricação, construção, montagens, fórmulas, manipulação, apresentação e acondicionamento dos produtos, projetos e por informações insuficientes e inadequadas. 5 10 15 20 25 50 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 Em algumas situações específicas, o fornecedor pode isentar-se ou excluir-se de responsabilidade se: • comprovar que não colocou o produto/serviço no mercado; • comprovar que o defeito inexiste; • comprovar a exclusividade na culpa do consumidor ou terceiros. De acordo com o artigo 26 do CDC, o consumidor só poderá reclamar os vícios aparentes e de fácil constatação em: • 30 dias (fornecimento de produto/serviço não-duráveis); • 90 dias (fornecimento de produto/serviço duráveis). A contagem do prazo decadencial ocorre a partir da entrega do produto/serviço ou do término da execução dos serviços. Existem casos em que a justiça pode desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade, responsabilizando diretamente o diretor ou administrador. São eles: • abuso de direito; • excesso de poder; • falência; • infração da lei, fato ou ato lícito ou violação dos estatutos ou contrato social; • encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. De acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor e os artigos 12 e 13 do Decreto nº 2.181/97, 5 10 15 20 25 51 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 seguem abaixo algumas práticas infrativas ou abusos contra o consumidor: • recusar, sem justificativa, atendimento à demanda dos consumidores de serviços; • enviar ou entregar, sem solicitação anterior, qualquer produto/serviço ao consumidor; • explorar a fraqueza ou falta de conhecimento do consumidor, tendo em vista sua saúde, idade, condição social para vender produtos/serviços; • realizar os serviços sem antes elaborar orçamento e obter a autorização do consumidor; • deixar de executar novamente os serviços, quando for o caso, sem custo a ser pago; • deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação; • oferecer produtos ou serviços sem prestar as informações precisas, claras, ostensivas e compreensíveis sobre as características, qualidade, quantidade, preço, condições de pagamento, garantia, prazos de validade, origem, encargos, dentre outras informações importantes; • elaborar cadastros com informações irreais ou imprecisas; • submeter o consumidor inadimplente a situação constrangedora ou de ameaça; • deixar de informar ao consumidor, por escrito, a abertura de cadastro, ficha, registro de dados pessoais e de consumo, quando não for solicitada por ele; • deixar de comunicar ao consumidor, no prazo de 05 dias úteis, as correções cadastrais por ele solicitadas; 5 10 15 20 25 52 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 |1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 • deixar de entregar o termo de garantia devidamente preenchido com as informações previstas no parágrafo único do artigo 50 da Lei 8.078 de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), etc. Nos casos de inobservância às normas contidas no CDC (Lei 8.078, de 1990), o fornecedor sujeitar-se-á às seguintes penalidades isoladas ou cumulativas: • multa; • apreensão do produto; • inutilização do produto; • cassação do registro do produto no órgão competente; • proibição de fabricação do produto; • suspensão temporária da atividade; • intervenção administrativa, etc. 13 CONCEITO E EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Trataremos a respeito do conceito de responsabilidade social, suas perspectivas e sua evolução. Muito se tem falado atualmente sobre a responsabilidade social. Segundo Megginson (2005, p.93), “responsabilidade social representa a obrigação da administração de estabelecer diretrizes, tomar decisões e seguir rumos de ação que são importantes em termos de valores e objetivos da sociedade”. O conceito abordado pode ser sinalizado através de ação social, atividades comunitárias, preocupação com o bem-estar social, dentre outros aspectos. 5 10 15 20 53 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 Dentre as perspectivas da responsabilidade social, temos: 13.1 Responsabilidade social com limitação e sem limitação Essa perspectiva dependerá das crenças e valores das organizações. No caso da responsabilidade com limitação, alguns autores defendem que, se os administradores forem responsáveis tanto pelo lucro da empresa quanto pela melhora do bem-estar social, isso pode acarretar um conflito de interesses. Ashley (2005, p.70) afirma que “os administradores são empregados dos proprietários, e não do público, e, portanto, devem agir no interesse dos proprietários”. Em relação à responsabilidade social ilimitada, os estudiosos asseguram que, como as organizações exercem um impacto e controle sobre a sociedade, elas são responsáveis diretas pelo bem-estar social. No decorrer dos anos, ocorreu uma evolução no conceito da responsabilidade social. Vamos estudar, a seguir, um a um. 13.2 Período de maximização do lucro Iniciou-se na Revolução Industrial com alguns princípios ditados pela filosofia de John Locke e a crença de Adam Smith. John Locke afirmava que a propriedade privada seria protegida pelo governo, e Adam Smith tinha como crença que o bem-estar da sociedade depende da influência das empresas e da sinalização do mercado. Eram consideradas promessas a produtividade, a economia, o trabalho duro e a dedicação, e alguns empresários da época focavam o aumento da eficiência com o intuito de elevar o lucro e promover o crescimento econômico. 5 10 15 20 25 54 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 Já outros empresários não estavam preocupados com o bem-estar social, pois acreditavam que o empregado deveria ser explorado e, em determinado momento, despachado. Nesse contexto, nasceram os sindicatos, fazendo com que as pessoas lutassem e exigissem uma regulamentação do governo. Dessa forma, várias leis foram consolidadas, como, por exemplo: • Lei do Comércio Interestadual: proibição de taxas injustas e irracionais e benefícios para clientes “especiais”; • Lei Antitruste de Sherman: restrição das conspirações, com o objetivo de monopolizar o comércio. 13.3 Período de administração por ouvidoria (anos 30) Os administradores e o governo começaram a preocupar-se com os empregados, clientes e a comunidade em geral, não deixando, é claro, de zelar pelo bem-estar do acionista, já que as organizações deveriam prezar pelos seus objetivos. Isso se deu por dois motivos: as organizações desejavam incessantemente transformar a percepção das pessoas, e os administradores tinham se tornado mais profissionais. Algumas leis apareceram. São elas: • Lei Wagner: fornecia aos empregados o direito de pertencer a sindicatos e entrar em acordo coletivo com os administradores; • Lei da Previdência Social: oferecia vantagens e benefícios (pensão, seguro-desemprego) aos empregados; • Lei do Salário e Hora de Trabalho: eram estabelecidos o salário mínimo e o máximo de horas a serem trabalhadas pelo empregado; 5 10 15 20 25 55 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 • Lei das Ações e a Lei da Troca de Ações: deram garantia e proteção aos investidores. 13.4 Período de ativismo (início da década de 1960) Houve, nesse período, mudanças brutais que alteraram a forma de os grandes executivos administrarem seus negócios. Alguns movimentos foram trabalhados, tais como: • proteção ambiental: movimento de controle do ambiente. Leis ambientais: Lei do Ar Limpo Lei do Resíduo Lei da Diretriz Ambiental Nacional; • oportunidade igual de trabalho: a criação de Leis de Direitos Civis e outras que ofereciam igualdade para todos (mulheres, deficientes, minorias, etc); • preocupação com o consumidor: consistiu em um esforço compartilhado entre o governo e as empresas em prol da proteção aos direitos do consumidor contra produtos/ serviços com problemas, ou seja, aqueles que ocasionavam males à saúde e informações enganosas e mentirosas a respeito de produtos e serviços; • lei de segurança no tráfego e de veículo motor: proteção ao consumidor com respeito aos defeitos de segurança que fossem descobertos posteriormente à fabricação e entrega do veículo; • lei de proteção da criança e segurança nos brinquedos: proteção dos brinquedos em relação aos riscos elétricos e mecânicos; 5 10 15 20 25 56 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 • lei de segurança do produto para o consumidor: estabelecimento de padrões de segurança, como a exigência de rótulos de advertência e a retirada de produtos com perfil de risco. 13.5 Período de compreensão social Como as empresas assumiram o papel de influenciadoras do ambiente econômico, social e político, os administradores obrigaram-se a focar a responsabilidade social. Passaram, então, a compreender que os acionistas não eram os únicos que tinham prioridade e que, consequentemente, deveriam ser beneficiados. Veremos, mais adiante, como a responsabilidade social pode ser colocada em ação de forma eficaz e eficiente para beneficiar as organizações, os colaboradores,os clientes, os fornecedores, os parceiros, enfim, a sociedade em geral. 14 A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS O objetivo principal a ser estudado é a ligação do desempenho social com a responsabilidade social, e do desempenho financeiro com os investimentos sociais. Existem algumas correntes de autores que defendem o papel da responsabilidade social como o de gerar empregos, saldar os impostos e gerar lucratividade para as organizações. Outra linha de autores já assume a teoria de que a responsabilidade social deve envolver uma postura social e um comprometimento com os desejos da comunidade e de toda a sociedade. Segundo Ashley (2005, p.173), “ser socialmente responsável é possuir os conceitos de ética e transparência como os princípios básicos de sua conduta”. 5 10 15 20 25 57 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 A grande questão é a seguinte: o que as empresas ganham em trabalhar a responsabilidade social e qual o custo/benefício para as organizações? A melhor maneira de responder a esse questionamento é relacionar o desempenho financeiro com o desempenho social. De acordo com Leisinger e Schmitt (2002, p.111), “mesmo não sendo este o objetivo primeiro, ao incorporar a responsabilidade social empresarial na estratégia empresarial, empresários esperam uma reação positiva do mercado”. Podemos entender que as empresas ganham benefícios como maior visibilidade e credibilidade no mercado, valorização das suas ações, preferência dos investidores, fortalecimento interno, possibilidade de maior produtividade e, consequentemente, maior sustentabilidade nos negócios. Ashley (2005, p.175) salienta que “em virtude de uma maior conscientização do consumidor e da consequente procura por produtos, serviços e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos éticos, o mundo empresarial vê na responsabilidade social uma nova estratégia para aumentar seu lucro e potencializar seu desenvolvimento”. Nesse contexto, a posição transparente, justa e equitativa das organizações tem sido ponto primordial nas relações entre empresa/mercado. Com isso, as organizações veem-se obrigadas a mudar sua forma de gestão, adotando uma postura comprometida com o social, vigilante em relação ao ambiente e transparente em relação a todos os envolvidos no negócio, ou seja, os clientes internos e externos, sindicatos, fornecedores, parceiros, concorrentes, etc. De acordo com Aligleri (2003, p.98), “afirmam que, estrategicamente, as empresas têm mudado o seu foco de atuação social, ou seja, o assistencialismo e a filantropia perderam Podemos elencar, abaixo, alguns princípios básicos de conduta: • respeitar os direitos dos acionistas das empresas; • atender a legislação referente a determinado ramo de atividade; • valorizar seus colaboradores; • manter boas relações com clientes e fornecedores; • pagar devidamente os impostos/ contribuições; • apoiar os programas de preservação da natureza; • fornecer informações sobre a atividade da sua empresa, dentre outros. 5 10 15 20 25 30 58 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 espaço, sendo substituídos por estratégias administrativas que visem a ações planejadas de longo prazo, nas quais o impacto e o resultado sejam tratados de forma semelhante ao resultado econômico e financeiro”. Segundo pesquisas, a adoção da responsabilidade social nas empresas pode ser considerada, em um primeiro momento, como um custo para as empresas, em que esse valor poderia ser investido em outros setores que gerassem lucratividade mais rápida. Apesar dessa visão inicial, se entendermos que a responsabilidade social pode ser trabalhada de uma forma pró-ativa e preventiva, várias vantagens podem ser identificadas no processo, tais como: • redução de custos; • diminuição da instabilidade da empresa em todos os níveis (gerencial, administrativo e operacional); • melhoria da imagem institucional; • incremento de produtos/serviços; • criação de um ambiente interno e externo favorável; • aumento na participação de mercado; • equilíbrio nas políticas locais, etc. Como exemplo da atuação de cunho social, a Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA - instituiu de forma pioneira a Bolsa de Valores Sociais, cujo intuito maior é unir as organizações sociais que precisam de recursos e os interessados em apoiar os diversos programas e projetos sociais. Com isso, dois conceitos importantes foram instituídos. São eles: • lucro social: é o valor do retorno gerado pela empresa através da adequada aplicação dos recursos, devolvendo para a própria sociedade o investimento na forma de retorno social; 5 10 15 20 25 30 59 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 • investidor social: indivíduo ou empresa que deseja investir, direcionando parte do seu patrimônio para projetos sérios e comprometidos com a igualdade social. De acordo com Ashley (2005, p.179), “existe uma dificuldade na quantificação dos benefícios gerados através da responsabilidade social, pois os resultados desses benefícios não são identificados em um primeiro momento”. Seguindo essa linha de raciocínio, pesquisas mostram que existe uma relação entre as empresas socialmente responsáveis e um bom desempenho financeiro, ou seja, mesmo que a quantificação não seja tão fácil de mensurar, a ligação social/financeiro é real. Temos, por exemplo, algumas instituições financeiras como o Unibanco, a primeira instituição financeira brasileira a mostrar para os seus clientes um relatório geral sobre a postura social da organização, que poderia compor uma carteira de ações com o objetivo social. E melhor, o Unibanco ainda recomendava a compra das ações, através da sinalização de resultados financeiros positivos. 15 ADMINISTRAR UMA EMPRESA COM RESPONSABILIDADE ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL Neste instante, iremos estudar o que as organizações estão desenvolvendo para aplicar a ética e a responsabilidade social nos seus negócios. O sucesso de uma empresa depende da sua capacidade de compreender que a qualidade de vida da comunidade é responsabilidade sua e, quando a empresa é socialmente responsável, mostra uma imagem favorável no mercado. A melhor maneira de ativar a responsabilidade social nas organizações é através de programas e projetos específicos de ação desenvolvidos pela administração. Geralmente, as 5 10 15 20 25 60 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 áreas de atuaçãodesses respectivos programas ou projetos são: • proteção ambiental; • defesa do consumidor; • serviço ao público e à comunidade; • relações com os colaboradores; • assistência médica e educacional; • desenvolvimento urbano; • cultura, arte e recreação. Como exemplo, temos algumas empresas que obtiveram o reconhecimento e o agradecimento de todos através da publicação de um folheto ou jornal de trabalho voluntário, através de atividades na comunidade, desenvolvidas por colaboradores com o intuito de recolher donativos para a caridade. Segundo Magginson (2004, p.102), “os empregados volun- tários, que são a alma e o sangue das organizações não lucrativas, estão atingindo um número cada vez maior, à medida que as firmas que visam lucro aumentam seus esforços para prestar serviços ao público”. Algumas organizações contratam colaboradores habilitados para quadro de reserva com a finalidade de atuarem em grupos na comunidade através de projetos empresa-comunidade. A empresa Xerox do Brasil possui um Programa de Licença para Serviço Social em que os colaboradores, durante o período de um ano, desempenham atividades públicas. A seguir, temos alguns projetos de responsabilidade social desenvolvidos pelas organizações. Podemos concluir que a susten- tabilidade dos negócios é um grande desafio para as organizações, pois mostra uma verdadeira sintonia, equilíbrio entre os valores sociais, econômicos e ambientais. 5 10 15 20 25 61 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 15.1 Proteção ambiental De acordo com Maximiano (2002, p.430), “proteção ambiental significa manter um equilíbrio saudável entre elementos da ecologia, as relações entre coisas vivas, especialmente pessoas, e seu ambiente.” É uma relação complexa, pois a questão é manter o equilíbrio entre o uso dos recursos naturais para as gerações futuras. Exemplo: a empresa McDonald’s tem o objetivo de realizar suas compras com a diretriz de proteger as florestas tropicais. Temos duas maneiras de proteger o ambiente com responsabilidade social: • conservação dos recursos naturais: limitação da exploração de recursos escassos. Exemplo: energia; • reciclagem: reprocessamento de artigos usados para posterior uso. Exemplo: empresas que pagam pela devolução de latas usadas, que utilizam papel de carta reciclado. 15.2 Controle de poluição De acordo com Maximiano (2002, p.432), “um dos maiores problemas atuais é a poluição, ou seja, a contaminação ou destruição do ambiente natural”. As organizações socialmente responsáveis devem esforçar-se para prevenir e controlar a poluição sonora, da terra, do ar e da água. Algumas empresas possuem sistemas de tratamento de água, outras realizam campanhas na comunidade com a finalidade de conscientizar as pessoas dos prejuízos causados. 15.3 Assistência educacional Alguns empregadores pagam totalmente ou em parte os cursos técnicos, profissionalizantes, de graduação, de 5 10 15 20 25 62 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 pós-graduação, com o intuito de trazer o empregado para a sala de aula, especializando o seu trabalho, qualificando as suas tarefas. Outras empresas fornecem creches para os filhos dos empregados, com o objetivo de oferecer uma educação de qualidade para essas crianças. Existe a necessidade de as organizações trabalharem e adotarem códigos de ética com o intuito de guiar os próprios empregados e empregadores na tomada de decisão. De acordo com Megginson (2004, p.116), “código de ética é uma declaração formal para servir como guia de ação nos problemas que envolvam questões éticas”. Algumas questões precisam ser analisadas na criação de um Código de Ética. São elas: • É justo para todos os envolvidos no processo? • Trará boas relações entre as pessoas? • Contribuirá para gerar benefícios a todos? • É a verdade? Segue abaixo o Código de Ética praticado pela empresa Johnson & Johnson: • a nossa responsabilidade primordial é com todos que utilizam os nossos produtos e serviços; • os pedidos dos clientes devem ser atendidos em tempo hábil e com exatidão; • nossos fornecedores precisam obter razoabilidade nos seus lucros; 5 10 15 20 25 63 ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8 • os empregados devem se sentir à vontade para sugestionar e recomendar; • nossa responsabilidade final é para com os nossos acionistas, etc. Empresa Shell: • proteger o investimento dos acionistas e proporcionar retorno aceitável; • conquistar e manter os clientes por meio do desen- volvimento e do fornecimento de produtos e serviços que ofereçam valor em termos de preço, qualidade, segurança, etc; • respeitar os direitos humanos de seus empregados, dando-lhes condições de trabalho dignas e seguras; • promover o desenvolvimento e o melhor uso do talento humano e a igual oportunidade de emprego, etc. Referências bibliográficas BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1986. DENNY, A. Ercílio. Ética e Sociedade. Capivari: Opinião, 2001. p. 134 e 276. MARTINS, Ives Gandra (Coord.). Ética no Direito e na Economia. São Paulo: Pioneira, 1999. p. 237. MOREIRA, Joaquim Manhães. A Ética Empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999. p. 28 e 246. PINTO, Sérgio Martins. CLT Comentada. São Paulo: Atlas, 2006. ZAINAGHI, Domingos Sávio. Curso de Legislação Social. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Podemos concluir que as organizações não podem confundir a responsabilidade social com o marketing, pois a visão desde sempre é que as empresas buscam exclusivamente obter lucro. Mas essa visão não as impede de primar pela cidadania empresarial, que é a busca ativa de soluções para os problemas da sociedade. 5 10 15 64 Unidade IV Di ag ra m aç ão : L éo 2 2/ 10 /0 8 - C or re çã o: B ru no 0 5/ 11 /0 8 | 1ª R ev is ão : A na 0 5/ 11 /0 8 - 2ª C or re çã o: R af ae l 0 7/ 11 /0 8 | 2ª R ev is ão : A na 0 6/ 11 /0 8
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