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Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos: HC 124180/RS. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA 
ƒ Impossibilidade de aplicação do art. 86, § 4º, da CF/88 a outras autoridades. 
 
PODER JUDICIÁRIO 
ƒ Férias coletivas de 60 dias para serventuários da Justiça não é compatível com a CF/88. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
MANDADO DE SEGURANÇA 
ƒ Inviabilidade para aferir critérios utilizados pelo TCU na análise de superfaturamento de obra. 
 
DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ƒ Causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP. 
 
CRIMES AMBIENTAIS 
ƒ Aplica-se o princípio da insignificância aos crimes ambientais. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
ƒ Validade da interceptação decretada por Juiz da Central de Inquéritos Criminais que não será o competente para 
julgar a ação penal. 
 
NULIDADES 
ƒ Pessoa ouvida como testemunha e posteriormente denunciada como ré. 
 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL MILITAR 
INTERROGATÓRIO 
ƒ Interrogatório no processo penal militar passa a ser o último ato da instrução 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
EXTRADIÇÃO 
ƒ Legitimidade para requerer, duração da prisão, âmbito de análise do STF e retroatividade do tratado. 
 
 
 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA 
Impossibilidade de aplicação do art. 86, § 4º, da CF/88 a outras autoridades 
 
Importante!!! 
Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos Deputados, 
considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do 
Poder Executivo da União (Presidente da República). 
Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível qualquer 
interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder 
Legislativo. STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
Irresponsabilidade penal relativa dos Presidentes da República 
Veja o que diz o § 4º do art. 86 da CF/88: 
Art. 86 (...) 
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos 
estranhos ao exercício de suas funções. 
 
Este dispositivo traz duas regras: 
x Regra 1: o Presidente da República, durante o seu mandato, não pode ser denunciado, processado ou 
condenado por infrações penais (crimes/contravenções) que não tenham relação com seu cargo, ou 
seja, com as funções por ele desempenhadas. 
Ex1: se o Presidente da República, em um momento de lazer, sair para dar uma volta de moto, 
atropelar e matar culposamente um pedestre, ele não irá responder por este crime enquanto for 
Presidente porque o fato é estranho ao exercício de suas funções. Depois que terminar o mandato, o 
Ministério Público poderá oferecer normalmente denúncia contra ele. 
Ex2: imagine que se descobre que, antes de assumir o cargo de Presidente da República, ele praticou, 
como Ministro de Estado, corrupção passiva. Ao assumir o cargo de Presidente, a apuração ou o 
processo relacionado com este crime deverá ficar suspenso porque também é estranho ao exercício 
de suas funções (não tem nada a ver com sua condição de Presidente). 
Apesar de o texto constitucional não falar isso, a doutrina entende que, enquanto a persecução penal 
estiver sobrestada aguardando o término do mandato, o prazo prescricional também ficará suspenso. 
 
x Regra 2: o Presidente da República poderá ser responsabilizado pela prática de infrações penais, 
mesmo antes do mandato terminar, se o delito cometido tiver relação com o exercício de suas 
funções, ou seja, se foi praticado in officio (em ofício) ou propter officium (em razão do ofício). 
Ex: se o Presidente, valendo-se de seu cargo, comete corrupção passiva, ele poderá, após autorização 
da Câmara dos Deputados (art. 51, I, da CF/88), ser denunciado pelo Procurador-Geral da República e 
responder a processo criminal perante o STF, isso tudo mesmo antes de seu mandato terminar. 
 
Essa garantia é chamada de "irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República". 
Chamo atenção para o fato de que o § 4º do art. 86 não trata sobre "crimes de responsabilidade", mas sim 
sobre infrações penais comuns (crimes e contravenções). 
 
Governadores e Prefeitos gozam da imunidade penal relativa prevista no § 4º do art. 86, da CF/88? 
NÃO. "Por se tratar de exceção ao princípio republicano, esta prerrogativa somente pode ser contemplada 
pela Constituição da República, não podendo ser estendida pelas Constituições estaduais a Governadores 
e Prefeitos. A nosso ver, o caráter excepcional desta norma impõe uma exegese estrita, o que impede a 
extensão desta imunidade temporária ao Vice-Presidente." (NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito 
Constitucional. São Paulo: Método, 2014, p. 1326). 
Rafael V Moraes
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
O Deputado Federal Eduardo Cunha foi denunciado pela prática de crimes e sua defesa pediu suspensão 
do processo com base na aplicação, por analogia, do § 4º do art. 86, da CF/88, considerando que ele é 
Presidente da Câmara dos Deputados. Tal pedido foi aceito pelo STF? 
NÃO. 
 
Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos Deputados, 
considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada expressamente ao chefe do Poder 
Executivo da União (Presidente da República). 
Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é possível qualquer 
interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, notadamente do Poder Legislativo. 
STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
Férias coletivas de 60 dias para serventuários da Justiça não é compatível com a CF/88 
 
É correta decisão do CNJ que considera indevida a existência de férias coletivas para 
servidores de Tribunal de Justiça, mesmo que estas estejam previstas em lei ou ato normativo 
estadual. Isso porque a EC 45/2004 incluiu o inciso XII ao art. 93 da CF/88 proibindo as férias 
coletivas de juízes e Tribunais de 2º grau. Com a edição da EC 45/2004, as leis e atos 
normativos que previam férias coletivas nos Tribunais de 2º grau foram considerados não 
recepcionados ("revogados") pela nova redação do art. 93, XII, da CF/88. STF. 2ª Turma. MS 26739/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info 816). 
 
Férias coletivas no Poder Judiciário 
Antes da EC nº 45/2004, havia nos Tribunais de Justiça as chamadas "férias coletivas" de dois meses por ano. 
Assim, nos meses de janeiro e julho os juízes e Desembargadores não trabalhavam e os serviços judiciários 
ficavam suspensos. Vale ressaltar que, além disso, os magistrados ainda tinham as férias individuais. 
 
EC 45/2004 acabou com as férias coletivas 
Em 2004 foi editada a EC 45, que ficou conhecida como Reforma do Poder Judiciário. Uma das mudanças 
implementadas foi a inclusão do inciso XII ao art. 93 da CF/88 proibindo as férias coletivas de juízes e 
Tribunais de 2º grau. Veja: 
Art. 93 (...) 
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de 
segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão 
permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004) 
 
Vale ressaltar que as férias coletivas do STF, STJ, TST, TSE e STM continuam existindo. Nos meses de 
janeiro e julho eles param. Assim, a regra do inciso XII do art. 93 da CF/88 não se estende aos Tribunais 
Superiores (STF. 1ª Turma.AI 636765 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 15/05/2007). 
 
Não recepção das leis e atos normativos estaduais que previam férias coletivas 
Com a edição da EC 45/2004, as leis e atos normativos que previam férias coletivas nos Tribunais de 2º 
grau foram considerados não recepcionados ("revogados") pela nova redação do art. 93, XII, da CF/88. 
Nesse sentido decidiu o STF: 
(...) As regras legais que estabeleciam que os magistrados gozariam de férias coletivas perderam seu 
fundamento de validade pela promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004. (...) Suspensão, a partir de 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
agora, da eficácia dos dispositivos do Ato Regimental n. 5, de 10 de novembro de 2006, do Tribunal de Justiça 
do Distrito Federal e Territórios, e da Resolução n. 24, de 24 de outubro de 2006, do Conselho Nacional de 
Justiça, mantendo-se a observância estrita do disposto no art. 93, inc. XII, da Constituição da República. (...) 
(STF. Plenário. ADI 3823 MC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 06/12/2006) 
 
(...) A EC 45/04, ao vedar as férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, revogou os atos 
normativos inferiores que a elas se referiam (...) 
(STF. Plenário. ADI 3085, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 17/02/2005) 
 
Férias de 60 dias para os servidores do TJ prevista em lei estadual 
Em determinado Estado-membro, havia uma lei prevendo férias coletivas de 60 dias, em janeiro e julho, 
para os servidores do Tribunal de Justiça. 
O CNJ, em procedimento de controle administrativo, determinou ao TJ que não mais concedesse as férias 
coletivas. 
Em virtude disso, o Sindicato dos Servidores do TJ impetrou mandado de segurança no STF 
O sindicato sustentou que, ao impedir as férias de 60 dias sem ouvir os interessados, o CNJ teria violado os 
princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. Alegou, ainda, que não caberia ao 
Conselho examinar e afastar a legislação em questão. 
 
O pedido do sindicato foi acolhido pelo STF? 
NÃO. 
 
Competência do CNJ para o ato 
A análise da regularidade das férias de serventuários da Justiça constitui função atribuída ao CNJ pelo art. 
103-B, § 4º, II, da CF/88 (zelar pela legalidade dos atos administrativos). Desse modo, não há, nesta 
atuação, uma usurpação do papel do STF. 
Vale ressaltar que, no caso, o CNJ não está fazendo controle de constitucionalidade. Isso porque "o 
Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, nos termos do art. 103-B, § 4º, II, da 
Constituição Federal, possui, tão somente, atribuições de natureza administrativa e, nesse sentido, não lhe 
é permitido apreciar a constitucionalidade dos atos administrativos, mas somente sua legalidade." (STF. 
Plenário. MS 28872 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/02/2011). 
 
Inexistência de ofensa ao contraditório e ampla defesa 
Ao tomar a decisão sem ouvir os servidores do TJ, o CNJ não violou o contraditório e a ampla defesa por 
dois motivos: 
ƒ Não havia situação jurídica constituída com base no ato controlado. Ninguém havia adquirido 
qualquer direito com base na legislação reputada revogada. 
ƒ O ato questionado pelo CNJ tinha caráter geral e objetivo. Só haveria necessidade de garantia do 
contraditório e ampla defesa se o ato questionado envolvesse a situação individual de um ou alguns 
beneficiários determinados, situação na qual seria indispensável a participação do interessado, que 
deveria, desse modo, ser notificado à apresentação de sua defesa. No caso dos autos, todavia, ao 
apreciar a legalidade de um ato normativo local e sua conformidade com os princípios constitucionais 
da Administração Pública, o CNJ não considerou a situação particular dos beneficiários da norma, 
projetando, isto sim, sua apreciação sob o enfoque objetivo. 
 
Quanto ao mérito 
No mérito, o STF afirmou que a lei estadual assegurou 60 dias de férias aos servidores do referido TJ como 
decorrência da previsão que havia das férias coletivas nos tribunais. Ocorre que essa previsão foi extinta pela 
EC 45/2004 e a jurisprudência do STF se pacificou no sentido de ser incompatível com a CF/88 a concessão de 
férias coletivas aos servidores e magistrados depois da inserção do inciso XII ao art. 93 pela EC 45/2004. 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
Inviabilidade para aferir critérios utilizados pelo TCU na análise de superfaturamento de obra 
 
O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo TCU e que 
culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à devolução de valores ao 
erário, em razão de superfaturamento de preços constatado em aditamentos contratuais por 
ela celebrados com a Administração Pública. Isso porque para a análise do pedido seria 
necessária a análise pericial e verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível com 
o rito do mandado de segurança. STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info 816). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
A Construtora "AG" impetrou mandado de segurança com o objetivo de anular ato do TCU que a 
condenou a devolver valores ao erário em razão de superfaturamento de preços constatado em contrato 
celebrado com a União para a realização de obras em rodovia federal. 
A empresa alegava ter participado de regular processo licitatório, tendo cumprido todas as especificações 
do edital, inclusive com relação ao preço dos serviços a serem executados. Afirmou não haver nenhuma 
ilegalidade em sua conduta e que o TCU não possui competência constitucional para promover alteração 
retroativa e unilateral dos preços, modificando cláusulas econômico-financeiras do contrato. 
 
O pedido da impetrante foi conhecido pelo STF? 
NÃO. 
 
O mandado de segurança não é a via adequada para aferir critérios utilizados pelo TCU e que 
culminaram por condenar solidariamente a empresa impetrante à devolução de valores ao erário, em 
razão de superfaturamento de preços constatado em aditamentos contratuais por ela celebrados com a 
Administração Pública. Isso porque para a análise do pedido seria necessária a análise pericial e 
verificação de preços, dados e tabelas, o que é incompatível com o rito do mandado de segurança. 
STF. 1ª Turma. MS 29599/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º/3/2016 (Info 816). 
 
O STF afirmou que, apesar de o mandado de segurança ser inadequado no presente caso, a matéria 
poderia ser novamente discutida pela empresa por meio de ação ordinária ou embargos à execução, na 
hipótese de se instaurar a execução. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Causa de aumento do art. 327, § 2º, do CP 
 
O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa 
de aumento do art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior 
hierárquico (o STF chamou de "imposição hierárquica"). STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
 
Rafael V Moraes
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Causa de aumento do § 2º do art. 327 do Código Penal 
O Código Penal prevê o seguinte: 
Art. 327 (...) § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste 
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder 
público. 
 
Essa causa de aumento aplica-se também para agentes políticos detentores de mandato eletivo? 
SIM. É o caso, por exemplo, de um Governador do Estado que, valendo-se de seu cargo, pratique crimecontra a Administração Pública. Como ele desempenha uma função de direção do Estado, contra ele 
incidirá a causa de aumento do § 2º do art. 327 do CP. Nesse sentido: STF. Plenário. Inq 2606/MT, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 4/9/2014 (Info 757). 
 
O simples fato de o réu ocupar um cargo eletivo já faz com que incida obrigatoriamente esta causa de 
aumento? 
NÃO. 
 
O simples fato de o réu exercer uma mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de 
aumento do art. 327, § 2º, do CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico (o STF 
chamou de "imposição hierárquica"). 
STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
 
 
CRIMES AMBIENTAIS 
Aplica-se o princípio da insignificância aos crimes ambientais 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. 
Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de 
pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Uma equipe do IBAMA estava fazendo fiscalização de rotina no mar de Angra dos Reis (RJ), próximo de 
uma ilha em um local considerado como "estação ecológica" 
A estação ecológica é uma espécie de unidade de conservação na qual é proibida a pesca. 
Na estação ecológica, os servidores do IBAMA encontraram uma pequena embarcação com um indivíduo. 
Apesar de não estar com peixes, ele estava com vara de pescar, linha e anzol. 
O pescador foi autuado administrativamente pelo IBAMA por pesca ilegal e o MP ofereceu denúncia 
contra ele pela prática do crime previsto no art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98: 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão 
competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância no presente caso? 
SIM. 
 
O STF entendeu que não existia, no caso concreto, o requisito da justa causa a propiciar o prosseguimento 
da ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta do agente, pela ausência de 
Rafael V Moraes
Rafael V Moraes
Rafael V Moraes
Rafael V Moraes
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
periculosidade social da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e pela 
inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Assim, apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, o STF entendeu que 
não havia a tipicidade material, consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico, em razão 
da insignificância da lesão produzida no bem jurídico tutelado. 
A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes 
ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico 
tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98. 
No processo em exame, não se produziu prova material de que tenha havido qualquer dano efetivo ao 
meio ambiente. Ademais, mesmo diante de crime de perigo abstrato, não é possível dispensar a 
verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado com 
relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificou no caso concreto. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
Validade da interceptação decretada por Juiz da Central de Inquéritos Criminais 
que não será o competente para julgar a ação penal 
 
Importante!!! 
É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de 
Central de Inquéritos Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura 
ação penal que será proposta. 
Não há, neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, 
considerando que este dispositivo não fixa regra de competência, mas sim reserva de 
jurisdição para quebra do sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele não trata sobre 
qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve ser decretada pelo 
magistrado (Poder Judiciário). 
Admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de inquérito e na fase da ação 
penal. Assim, um juiz pode atuar na fase pré-processual decretando medidas que dependam da 
intervenção do Poder Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o 
competente para julgar a ação penal que será proposta posteriormente. STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016 (Info 816). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
A Polícia Civil estava investigando uma organização criminosa e pediu a interceptação telefônica dos 
investigados. 
O pedido foi apreciado e deferido pelo Juiz da Vara de Central de Inquéritos Criminais da Capital, que é 
competente para a medida segundo a Lei de Organização Judiciária do Estado. 
Após serem realizadas as interceptações e concluída a investigação, o Ministério Público ofereceu 
denúncia contra os envolvidos. 
A denúncia foi distribuída para uma das Varas Criminais da Capital, tendo sido sorteada a 5ª Vara Criminal 
da Capital. 
Vale ressaltar que, segundo a Lei de Organização Judiciária do Estado, a Vara de Central de Inquéritos 
Criminais não tem competência para julgar ações penais, sendo responsável apenas por apreciar as 
medidas cautelares do inquérito. 
O Juiz da 5ª Vara recebeu a denúncia e, ao final da instrução, condenou os réus. 
Rafael V Moraes
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
A defesa alegou que houve nulidade na decisão que deferiu as interceptações, considerando que esta 
deveria ter sido proferida pelo Juiz da Vara Criminal que é o competente para julgar a ação penal. 
A tese da defesa, portanto, foi a de que o Juiz que defere a interceptação deve ser aquele que será 
competente para julgamento do processo criminal. No caso em tela, um Juiz fica responsável apenas pelas 
medidas cautelares deferidas no Inquérito Policial, dentre elas a interceptação telefônica. Na visão dos 
advogados, isso violaria o art. 1º da Lei nº 9.296/96, que diz o seguinte: 
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação 
criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz 
competente da ação principal, sob segredo de justiça. 
 
A tese da defesa foi aceita pelo STF? 
NÃO. 
 
O art. 1º da Lei nº 9.296/96 não fixa regra de competência, mas sim reserva de jurisdição para quebra do 
sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas 
quer dizer que a interceptação deve ser decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). 
Segundo o entendimento do STF, admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de 
inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuar na fase pré-processual decretando medidas 
que dependam da intervenção do Poder Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não 
seja o competente para julgar a ação penal que será proposta posteriormente. 
STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016 (Info 816). 
 
É perfeitamente possível que a Lei Orgânica especialize a Vara de Inquéritos Criminais para a realização de 
providências anteriores ao oferecimento da denúncia, aí se compreendendo todas as medidas 
jurisdicionais dessa fase. Trata-se de medida lícita e até recomendável, por tornar mais fortes as garantias 
de imparcialidade do processo acusatório. 
 
Este também é o entendimento do STJ: 
(...) 1. O art. 50, I, "e" da LC nº 234/2002,especializou a Vara de Inquéritos Criminais para o 
acompanhamento judicial e de garantias na fase investigatória, nesse limite compreendendo-se as 
questionadas decisões de quebra do sigilo telefônico. 
2. A especialização de varas é forma de racionalização do trabalho jurisdicional e, tratando-se de 
separação da fase investigatória, inclusive salutar à garantia da imparcialidade do juiz das garantias, que 
não atuará na no juízo da culpa, com valoração das provas no feito criminal contraditório. 
3. A previsão contida no art. 1º da Lei nº 9.296/96 é simples reiteração da regra geral de que as medidas 
cautelares são solvidas pelo juízo competente para a ação principal, e não determinação de diferenciado 
tratamento de competência para a quebra do sigilo telefônico. 
4. Nenhuma nulidade há na deliberação sobre cautelares e jurisdição de garantias por magistrado da Vara 
de Inquéritos, que como tal não atuará na futura ação principal. (...) 
STJ. 6ª Turma. RHC 49.380/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/11/2014. 
 
(...) Tem-se, no art. 1.º da Lei n.º 9.296⁄96, que "[a] interceptação de comunicações telefônicas, de 
qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o 
disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça". 
Tal regra não impede, entretanto, o deferimento de autorização de referida diligência por Juízo diverso 
daquele que veio a julgar a ação penal, quando concedida ainda no curso das investigações criminais. (...) 
STJ. 5ª Turma. HC 122.456/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 05/04/2011. 
 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
NULIDADES 
Pessoa ouvida como testemunha e posteriormente denunciada como ré 
 
Determinada pessoa foi convocada a depor na condição de testemunha. Antes de iniciar o 
depoimento, ela assinou termo no qual assumiu o compromisso de dizer a verdade. O termo 
dizia que "a depoente compromete-se a dizer a verdade, ressalvadas as garantias 
constitucionais aplicáveis". 
Posteriormente, descobriu-se que essa pessoa também estaria envolvida no esquema 
criminoso, razão pela qual foi denunciada. 
O STF entendeu que não houve nulidade neste depoimento porque, embora a denunciada 
tenha sido ouvida na condição de testemunha, assumindo o compromisso de dizer a verdade, 
consta do termo de depoimento que ela foi informada de que estavam ressalvadas daquele 
compromisso “as garantias constitucionais aplicáveis”. Logo, foi a ela conferido o direito de 
não responder a perguntas cujas respostas pudessem eventualmente acarretar sua 
autoincriminação. STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
O Ministério Público instaurou investigação para apurar a prática de crimes contra a Administração Pública. 
Maria foi convocada a depor na condição de testemunha. 
Antes de iniciar o depoimento, Maria assinou termo no qual assumiu o compromisso de dizer a verdade. O 
termo dizia mais ou menos o seguinte: "a depoente compromete-se a dizer a verdade, ressalvadas as 
garantias constitucionais aplicáveis". 
Posteriormente, descobriu-se que Maria também estaria envolvida no esquema criminoso. 
Ela foi, então, novamente ouvida, agora na condição de investigada. Neste segundo depoimento ela já não 
mais assinou termo de compromisso de dizer a verdade e foi explicado a ela que tinha o direito de 
permanecer em silêncio. 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra Maria e esta suscitou a nulidade do primeiro depoimento. 
A acusada argumentou que, ao ser ouvida, foi qualificada como testemunha e não como investigada, o 
que teria comprometido seu direito de não autoincriminação. 
 
A alegação da acusada foi aceita pelo STF? 
NÃO. Embora a denunciada tenha sido ouvida na condição de testemunha, assumindo o compromisso de 
dizer a verdade, consta do termo de depoimento que ela foi informada de que estavam ressalvadas 
daquele compromisso “as garantias constitucionais aplicáveis”. Logo, foi a ela conferido o direito de não 
responder a perguntas cujas respostas pudessem eventualmente acarretar sua autoincriminação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rafael V Moraes
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
DIREITO PENAL / 
PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
INTERROGATÓRIO 
Interrogatório no processo penal militar passa a ser o último ato da instrução 
 
Importante!!! 
Atualize seu livro de 2014 (p. 1304) 
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 
do CPP, é aplicável no âmbito de processo penal militar. 
A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na 
redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça 
Militar, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. 
Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório também deve ser realizado depois da 
oitiva das testemunhas, ao final da instrução. 
Obs: este entendimento acima só se tornou obrigatório a partir de 10/03/2016. Os 
interrogatórios realizados antes desta data são válidos, ainda que não tenham observado o art. 
400 do CPP, ou seja, ainda que tenham sido realizados como primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). 
 
O Código de Processo Penal Militar prevê o procedimento (rito) que deverá ser observado no caso de 
crimes militares. 
O procedimento previsto no CPPM possui algumas diferenças em relação ao procedimento trazido pelo 
CPP. Uma das distinções reside no momento em que é realizado o interrogatório do réu. Vejamos: 
 
CPP (art. 400) CPPM (art. 302) 
O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei nº 
11.719/2008 e, atualmente, o interrogatório deve 
ser feito depois da inquirição das testemunhas e 
da realização das demais provas. 
Em suma, o interrogatório passou a ser o último 
ato da audiência de instrução (segundo a antiga 
previsão, o interrogatório era o primeiro ato). 
O art. 302 do CPPM estabelece que o acusado 
será qualificado e interrogado antes de ouvidas as 
testemunhas. 
Em suma, pela previsão do CPPM, o interrogatório 
é o primeiro ato da instrução. 
 
O que é mais favorável ao réu: ser interrogado antes ou depois da oitiva das testemunhas? 
Depois. Isso porque, após o acusado ouvir o relato trazido pelas testemunhas, poderá decidir a versão dos fatos 
que irá apresentar. Se, por exemplo, avaliar que nenhuma testemunha o apontou como o autor do crime, 
poderá sustentar a negativa de autoria ou optar pelo direito ao silêncio. Ao contrário, se entender que as 
testemunhas foram sólidas em incriminá-lo, terá como opção viável confessar e obter a atenuação da pena. 
Dessa feita, a regra do art. 400 do CPP é mais favorável ao réu do que a previsão do art. 302 do CPPM. 
 
Diante dessa constatação, e pelo fato de a Lei nº 11.719/2008 ser posterior ao CPPM, surgiu uma 
corrente na doutrina defendendo que o art. 302 teria sido derrogado e que, também no procedimento 
do CPPM, o interrogatório deveria ser o último ato da instrução. Essa tese foi acolhida pela 
jurisprudência? 
SIM. 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é 
aplicável no âmbito de processo penal militar. 
A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação 
dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em 
detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. 
Logo, na hipótese de crimes militares, o interrogatório tambémdeve ser realizado depois da oitiva das 
testemunhas, ao final da instrução. 
STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). 
 
O STF entendeu ser mais condizente com o contraditório e a ampla defesa a aplicação da nova redação do 
art. 400 do CPP ao processo penal militar. 
 
Mudança de entendimento. Tese fixada com efeitos prospectivos. 
Vale ressaltar que, antes deste julgamento, o Tribunal estava dividido. Por conta disso, o STF, por questões 
de segurança jurídica, afirmou que a tese fixada (interrogatório como último ato da instrução no processo 
penal militar) só se tornou obrigatória a partir da data de publicação da ata deste julgamento 
(10/03/2016). Logo, os interrogatórios realizados antes de tal data são válidos, ainda que não tenham 
observado o art. 400 do CPP, ou seja, ainda que tenham sido realizados como primeiro ato da instrução. 
 
E quanto à Lei de Drogas? 
Durante os debates, os Ministros assinalaram que, no procedimento da Lei de Drogas e no processo de 
crimes eleitorais, o interrogatório também deverá ser o último ato da instrução mesmo não havendo 
previsão legal neste sentido. Assim, quando o STF for novamente chamado a se manifestar sobre esses 
casos, ele deverá afirmar isso expressamente. 
 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
 
EXTRADIÇÃO 
Legitimidade para requerer, duração da prisão, âmbito de análise do STF e retroatividade do tratado 
 
Importante!!! 
Algumas conclusões sobre este julgado: 
1) A Interpol tem legitimidade para requerer, no Brasil, prisão cautelar para fins de 
extradição. 
2) A prisão do extraditando deve perdurar até o julgamento final, pelo STF, do pedido de 
extradição. 
3) A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao STF qualquer poder de 
indagação sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre as provas 
que embasam o pedido de extradição. 
4) A pessoa pode ser extraditada mesmo que o tratado de extradição firmado entre o Estado 
estrangeiro e o Brasil seja posterior ao crime cometido naquele país, mas desde que o tratado 
preveja expressamente que as suas disposições também serão aplicadas aos delitos praticados 
antes de sua vigência. STF. Decisão monocrática. PPE 769, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/02/2016 (Info 816). 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
Extradição 
A extradição ocorre quando o Estado entrega a outro país um indivíduo que cometeu um crime que é 
punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil), a fim de que lá ele seja processado ou cumpra a 
pena por esse ilícito. 
Ex: um cidadão dos EUA lá comete um homicídio e foge para o Brasil. Os EUA requerem a extradição desse 
indivíduo e, se for deferida pelo Brasil, ele é mandado de volta ao território estadunidense. 
 
Quem decide o pedido de extradição? 
O pedido de extradição é decidido pelo STF, conforme prevê o art. 102, I, "g", da CF/88. 
Antes de a extradição ser enviada ao STF para que sobre ela decida, o Ministério da Justiça faz um exame 
sobre os pressupostos formais de admissibilidade do pedido. É o que prevê o art. 81 do Estatuto do 
Estrangeiro (Lei nº 6.815/80): 
Art. 81. O pedido, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei 
ou em tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo Tribunal Federal. 
Parágrafo único. Não preenchidos os pressupostos de que trata o caput, o pedido será arquivado mediante 
decisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de renovação do pedido, 
devidamente instruído, uma vez superado o óbice apontado. 
 
Pedido de prisão cautelar para fins de extradição pode ser requerido pela INTERPOL? 
SIM. A Lei nº 12.878/2013, ao alterar a Lei nº 6.815/80, atribuiu essa especial qualidade jurídica à 
INTERPOL, fazendo-o nos seguintes termos: 
Art. 82. O Estado interessado na extradição poderá, em caso de urgência e antes da formalização do 
pedido de extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando por via 
diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após exame da presença dos 
pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará ao Supremo 
Tribunal Federal. 
(…) 
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Ministério da Justiça por meio da Organização 
Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documentação comprobatória da 
existência de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro. 
 
A prisão cautelar, para fins de extradição, deve perdurar até o julgamento final do STF sobre o pedido: 
Segundo a jurisprudência do STF, a prisão do súdito estrangeiro constitui, ordinariamente, pressuposto 
indispensável ao regular processamento da ação de extradição passiva. Assim, a privação da liberdade 
individual do extraditando deve perdurar até o julgamento final, pelo STF, do pedido de extradição. 
 
Ao apreciar o pedido de extradição, o STF poderá analisar o mérito da imputação que é feita ou se, no 
processo criminal que tramita no estrangeiro, existem provas suficientes contra o extraditando? 
NÃO. A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao STF qualquer poder de indagação sobre o 
mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre as provas que embasam o pedido de 
extradição. Não cabe também à Corte o exame aprofundado dos fatos que fundamentam a acusação penal. 
Isso porque no Brasil vigora o chamado "sistema de contenciosidade limitada", segundo o qual não é de 
competência do STF analisar as provas sobre o ilícito criminal que, no exterior, justificou o pedido de 
extradição formulado. Nesse sentido: STF. 2ª Turma. Ext 1334, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 
26/05/2015. 
Assim, o modelo que rege, no Brasil, a disciplina normativa da extradição passiva não autoriza que se 
renove, no âmbito do processo extradicional, o litígio penal que lhe deu origem nem que se promova o 
reexame ou a rediscussão do mérito. 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Exceção. Excepcionalmente, é possível que o STF analise os seguintes aspectos relacionados com o crime: 
a) prescrição penal; 
b) se está respeitado o princípio da dupla tipicidade; e 
c) se há motivação política na condenação ou nas razões que levaram o Estado estrangeiro a requerer ao 
Governo brasileiro a extradição de determinada pessoa. 
 
É possível que o Estado estrangeiro requeira a extradição de um súdito seu que está no Brasil mesmo 
que o processo criminal ainda não tenha chegado ao fim? Mesmo que ainda não exista sentença penal 
condenatória? 
SIM. O modelo extradicional vigente no Brasil admite duas modalidades de extradição: 
a) extradição executória: que exige condenação penal, ainda que não transitada em julgado; e 
b) extradição instrutória: que se satisfaz com a simples existência de investigação penal. 
 
O estrangeiro que mora no Brasil e aqui constituiu família, casou-se, teve filhos brasileiros, mesmo assim 
poderá ser extraditado para outro país? 
SIM. O fato de o estrangeiro ter casado, ter constituído união estável ou ter tido filhos brasileiros não 
constitui motivo que impeça a extradição. Existe, inclusive, uma súmula do STF nesse sentido: 
Súmula 421-STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou 
ter filho brasileiro. 
 
Vale ressaltar que esta súmula continua válida, sendo compatível com a CF/88: 
(...) A Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República, pois, em tema de 
cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum, a existência de vínculos conjugais 
e/ou familiares com pessoas de nacionalidade brasileira não se qualifica como causa obstativa da 
extradição. (...) 
STF. Plenário.Ext 1201, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 17/02/2011 
 
A pessoa pode ser extraditada mesmo que o tratado de extradição firmado entre o Estado estrangeiro e 
o Brasil seja posterior ao crime cometido naquele país? Ex: em 2013, Xing Lee praticou crime na China e 
fugiu para o Brasil; em 2015, o Brasil promulgou tratado de extradição firmado com a República Popular 
da China. Será permitida a sua extradição mesmo o tratado sendo posterior? 
SIM, mas desde que o tratado preveja expressamente que as suas disposições também serão aplicadas aos 
delitos cometidos antes de sua vigência. Nesse sentido: 
(...) As normas extradicionais, legais ou convencionais, não constituem lei penal, não incidindo, em 
consequência, a vedação constitucional de aplicação a fato anterior da legislação penal menos favorável. (...) 
STF. Plenário. Ext 864, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 18/06/2003. 
 
Possível, portanto, a aplicação retroativa de tratados de extradição, desde que haja expressa previsão 
pactuada pelos Estados celebrantes. 
 
Para que haja extradição é imprescindível que o Brasil mantenha tratado de extradição com o Estado 
estrangeiro? 
NÃO. Ainda que não exista tratado de extradição, é possível que o pedido se apoie em outro fundamento 
jurídico, qual seja, a promessa de reciprocidade, que constitui fonte formal do direito extradicional. Veja: 
(...) A inexistência de tratado de extradição não impede a formulação e o eventual atendimento do pleito 
extradicional, desde que o Estado requerente prometa reciprocidade de tratamento ao Brasil, mediante 
expediente (Nota Verbal) formalmente transmitido por via diplomática. Doutrina. Precedentes. 
STF. Plenário. Ext 897, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 23/09/2004 
 
 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
JULGADO NÃO COMENTADO 
 
Prisão preventiva e reincidência 
A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, declarou prejudicado “habeas corpus” em que discutida 
ausência de fundamentação idônea, lastreada na necessidade de preservação da ordem pública, a justificar 
a prisão preventiva do paciente — v. Informativo 773. O Colegiado registrou o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. O Ministro Gilmar Mendes (relator) reajustou o seu voto. 
HC 124180/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º.3.2016. (HC-124180) 
 
 
OUTRAS INFORMAÇÕES 
 
R E P E R C U S S Ã O G E R A L 
DJe de 29 de fevereiro a 4 de março de 2016 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM ARE N. 915.880-RO 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVIDORES PÚBLICOS. 
ESTADO DE RONDÔNIA. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA JURÍDICA DA VERBA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. 
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
1. A controvérsia relativa à natureza jurídica do “auxílio-alimentação” concedido pela Lei 794/1998 do Estado de Rondônia é de natureza 
infraconstitucional. 
2. É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando 
eventual ofensa à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608-RG, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009). 
3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC. 
 
REPERCUSSÃO GERAL EM RE N. 917.285-SC 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO FUNDADO NA LETRA B DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. 
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 73, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.430/96, INCLUIDO PELA LEI Nº 
12.844/13. AFRONTA AO ART. 146, III, B, DA CF. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
 
Decisões Publicadas: 2 
 
C L I P P I N G D O D JE 
29 de fevereiro a 4 de março de 2016 
 
AG. REG. EM MS 32.806-DF 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. PROCESSO 
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA. PEDIDO DE ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO QUE NÃO 
RECONHECE A INEXISTÊNCIA DE FATO OU A NEGATIVA DE AUTORIA. INCOMUNICABILIDADE DAS ESFERAS 
ADMINISTRATIVA E PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE REDISCUSSÃO DE FATOS E PROVAS EM MANDADO DE SEGURANÇA. AGRAVO 
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que somente há comunicabilidade entre a esfera cível ou administrativa e a decisão do Juízo criminal 
quando nesta se reconheça a inexistência do fato ou a negativa de autoria. Precedentes: AI 856126 AgR, Min. Rel. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJ 
7/12/2012, RE 430386 AgR, Min. Rel. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 2/2/2015. 
2. A Constituição da República atribui, expressamente, ao Conselho Nacional de Justiça a instauração de processo administrativo disciplinar contra magistrado 
que praticar ato definido em lei como infração administrativa (CF, art. 103-B, § 4º, I e III) 
3. In casu, o pedido de arquivamento do inquérito não se baseou na negativa de autoria ou na inexistência de fato, de forma que a decisão prolatada na esfera 
criminal não deve vincular a esfera administrativa. Na peça de arquivamento, o Procurador-Geral da República assentou que: “1. Trata-se de Inquérito 
instaurado para apurar a suposta prática de crimes de esbulho possessório, quadrilha ou bando e posse ilegal de arma de fogo (artigos 161, inc. II e 288 do 
Código Penal, e artigo 16 da Lei nº 10.826/2003) pelo Desembargador Bernardino Lima Luz, do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (...) 10. 
Entretanto, não há elementos mínimos e suficientes sobre qualquer prática delitiva por parte do mencionado magistrado para a instauração da persecutio 
criminis nessa Corte (...) 11. Cabe ressaltar, inicialmente, que Evangelista afirmou que teria vendido parte da fazenda Nova Jerusalém ao Desembargador 
Bernardino e a Giovanne Silveira, sendo que o imóvel também lhe pertencia (fls. 10). Ocorre que Aldacides Borges também acreditava que era proprietário da 
fazenda (fls.10); e que, em favor de outra pessoa, houve o cumprimento de mandado de reintegração de posse (fls. 06 e 14 dos autos principais, e fls. 08, in 
fine, do Apenso II). (…) 12. Nesse cenário, não há que se cogitar da prática de algum crime pelo Desembargador Bernardino. A sua ida à Fazenda e à 
Delegacia de Polícia Civil de Natividade teve por objetivo conhecer os fatos e, provavelmente, afirmar à autoridade policial que acreditava ser proprietário de 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
parte da fazenda, sendo que o seu interesse na definição do caso seria em relação à sua posição de possível proprietário do bem, conforme depreende-se das 
declarações prestadas por Adão Gualberto Nunes e Dalci Martins Rezende (fls. 19 e 21):” 
4. No tocante à proporcionalidade da sanção em relação às condutas investigadas, a análise da matéria envolveria rediscussão de fatos e provas produzidas no 
âmbito do processo administrativo disciplinar, o que não se compatibiliza com a via do mandado de segurança. 
5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
AC N. 4.036-DF 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. PRISÃO CAUTELAR. SUPOSTO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
(ART. 2º, § 1º, NA FORMA DO § 4º, II, DA LEI 12.850/2013) COM PARTICIPAÇÃO DE PARLAMENTAR FEDERAL. SITUAÇÃO DE 
FLAGRÂNCIA. PRESENÇA DOS REQUISITOS CORRESPONDENTES. CABIMENTO. DECISÃO RATIFICADA PELO COLEGIADO. 
*noticiado no Informativo 809 
 
AG. REG. EM MS N. 29.581-DF 
RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. SERVENTIA EXTRAJUDICIAL. PROVIMENTO, MEDIANTE REMOÇÃO, SEM CONCURSO 
PÚBLICO. ILEGITIMIDADE. ART. 236, E PARÁGRAFOS, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: NORMAS AUTOAPLICÁVEIS, COM 
EFEITOS IMEDIATOS, MESMO ANTES DA LEI 9.835/1994. INAPLICABILIDADE DO PRAZO DECADENCIAL DO ART. 54 DA LEI 
9.784/1999. PRECEDENTES DO PLENÁRIO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 
1. A jurisprudênciado STF é no sentido de que o art. 236, caput, e o seu § 3º da CF/88 são normas autoaplicáveis, que incidiram 
imediatamente desde a sua vigência, produzindo efeitos, portanto, mesmo antes do advento da Lei 8.935/1994. Assim, a partir de 5/10/1988, 
o concurso público é pressuposto inafastável para a delegação de serventias extrajudiciais, inclusive em se tratando de remoç ão, observado, 
relativamente a essa última hipótese, o disposto no art. 16 da referida lei, com a redação que lhe deu a Lei 10.506/2002. As normas estaduais 
editadas anteriormente, que admitem a remoção na atividade notarial e de registro independentemente de prévio concurso públic o, são 
incompatíveis com o art. 236, § 3º, da Constituição, razão pela qual não foram por essa recepcionadas. 
2. É igualmente firme a jurisprudência do STF no sentido de que a atividade notarial e de registro, sujeita a regime jurídico de caráter 
privado, é essencialmente distinta da exercida por servidores públicos, cujos cargos não se confundem. 
3. O Plenário do STF, em reiterados julgamentos, assentou o entendimento de que o prazo decadencial de 5 (cinco) anos, de que trata o art. 
54 da Lei 9.784/1999, não se aplica à revisão de atos de delegação de serventias extrajudiciais editados após a Constituição de 1988, sem o 
atendimento das exigências prescritas no seu art. 236. 
4. É legítima, portanto, a decisão da autoridade impetrada que considerou irregular o provimento de serventia extrajudicial, sem concurso 
público, decorrente de remoção, com ofensa ao art. 236, § 3º, da Constituição. Jurisprudência reafirmada no julgamento do MS 28.440 AgR, 
de minha relatoria, na Sessão do Plenário de 19/6/2013. 
5. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
QUINTO AG. REG. NO Inq. 3.842-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravos regimentais. Inquérito. Investigados sem prerrogativa de foro junto à Suprema Corte. Desmembramento. 
Questão de ordem suscitada por integrante da Turma no julgamento de outro recurso . Rejeição. Posterior cisão ordenada, 
monocraticamente, pelo Relator. Admissibilidade. Inexistência de preclusão para o Relator. Inteligência do art. 21, I, do Reg imento 
Interno do Supremo Tribunal Federal. Ausência de ofensa ao princípio da colegialidade. Submissão da matéria, ademais, ao 
colegiado, pela via do agravo interno. Excepcionalidade da competência originária do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. 
Recursos não providos. 
1. A negativa de desmembramento do feito, em questão de ordem rejeitada pelo Colegiado, não importou em preclusão da matéria para o 
relator, diante da natureza rebus sic stantibus daquela decisão. 
2. Não houve ofensa ao princípio da colegialidade, uma vez que o relator pode determinar o desmembramento de inquéritos ou aç ões penais, 
com fundamento no art. 21, I, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
3. Ademais, a própria interposição de agravo interno contra a decisão de desmembramento submete a controvérsia à Turma julgad ora, de 
modo a concretizar o princípio em questão. 
4. O Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que o desmembramento do feito em relação a imputados que não possuam 
prerrogativa de foro deve ser a regra, diante da manifesta excepcionalidade daquela prerrogativa, ressalvadas as hipótese s em que a separação 
possa causar prejuízo relevante. Precedentes. 
5. Na espécie, o desmembramento foi ordenado após a realização das principais diligências, as quais poderiam restar infrutífe ras se 
houvessem de ser coordenadas em diversas instâncias. 
6. Exauriu-se, portanto, a necessidade da unidade da investigação, cuja manutenção vinha gerando prejuízos ao bom andamento do inquérito , 
dados a complexidade dos fatos e o elevado número de investigados. 
7. A imbricação de condutas, em razão de conexão ou continência (arts. 76 e 77, CPP), com fatos imputados a Senador da República não é 
suficiente para atrair os agravantes à Suprema Corte, haja vista que as normas constitucionais sobre prerrogativa de foro dev em ser 
interpretadas restritivamente. 
8. Não se vislumbra, em razão da cisão do feito, a possibilidade de prejuízo relevante para a persecução penal ou para a defesa dos 
agravantes, que poderão exercê-la, de forma ampla, perante seus juízos naturais. 
9. Agravos regimentais não providos. 
 
SEXTO AG. REG. NO Inq N. 3.842-DF 
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI 
EMENTA: Agravo regimental. Inquérito. Investigado sem prerrogativa de foro junto à Suprema Corte. Desmembramento. Questão 
de ordem suscitada por integrante da Turma no julgamento de outro recurso. Rejeição. Posterior cisão ordenada, monocraticamente, 
pelo Relator. Admissibilidade. Inexistência de preclusão para o Relator. Inteligência do art. 21, I, do Regimento Interno do Supremo 
Tribunal Federal. Ausência de ofensa ao princípio da colegialidade. Submissão da matéria, ademais, ao colegiado, pela via do agravo 
interno. Excepcionalidade da competência originária do Supremo Tribunal Federal. Precedentes. Ausência de formação da opinio 
deliciti da Procuradoria-Geral da República em relação ao detentor de prerrogativa de foro. Alegada possibilidade de acusações 
distintas, a pretexto de que a formação da opinio delicti ficará a cargo de diferentes membros do Ministério Público Federal. 
Irrelevância. Consequência necessária do princípio do juiz natural. Possibilidade de correção de eventuais excessos de acusação pelas 
vias recursais apropriadas ou em sede de habeas corpus. Recurso não provido. 
1. A negativa de desmembramento do feito, em questão de ordem rejeitada pelo Colegiado, não importou em preclusão da matéria para o 
relator, diante da natureza rebus sic stantibus daquela decisão. 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
2. Não houve ofensa ao princípio da colegialidade, uma vez que o relator pode determinar o desmembramento de inquéritos ou aç ões penais, 
com fundamento no art. 21, I, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
3. Ademais, a própria interposição de agravo interno contra a decisão de desmembramento submete a controvérsia à Turma julgad ora, de 
modo a concretizar o princípio em questão. 
4. O Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que o desmembramento do feito em relação a imputados que não possuam 
prerrogativa de foro deve ser a regra, diante da manifesta excepcionalidade daquela prerrogativa, ressalvadas as hipóteses em que a separação 
possa causar prejuízo relevante. Precedentes. 
5. Na espécie, o desmembramento foi ordenado após a realização das principais diligências, as quais poderiam restar infrutífe ras se 
houvessem de ser coordenadas em diversas instâncias. 
6. Exauriu-se, portanto, a necessidade da unidade da investigação, cuja manutenção vinha gerando prejuízos ao bom andamento do inquérito, 
dados a complexidade dos fatos e o elevado número de investigados. 
7. A imbricação de condutas, em razão de conexão ou continência (arts. 76 e 77, CPP), com fatos imputados a S enador da República não é 
suficiente para atrair o agravante à Suprema Corte, haja vista que as normas constitucionais sobre prerrogativa de foro devem ser 
interpretadas restritivamente. 
8. Irrelevante que a Procuradoria-Geral da República ainda não tenha formado a opinio delicti em relação às condutas em tese praticadas 
pelo titular de prerrogativa de foro junto ao Supremo Tribunal Federal, uma vez que a faculdade de se determinar o desmembram ento do 
inquérito a tanto não está condicionada. 
9. O fato de a formação da opinio delicti ficar a cargo de diferentes membros do Ministério Público Federal, como aduz o agravante, em 
nada interfere no desmembramento do feito, por se tratar de uma consequência necessária do princípio do juiz natural, an otando-se que 
eventuais excessos de acusação que prejudiquem o agravante poderão ser corrigidos pelas vias recursais apropriadas ou em sede de habeas 
corpus. 
10.Não se vislumbra, em razão da cisão do feito, a possibilidade de prejuízo relevante para a per secução penal ou para a defesa do 
agravante, que poderá exercê-la, de forma ampla, perante seu juízo natural. 
11. Agravo regimental não provido. 
 
Inq N. 3.731-DF 
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES 
Inquérito. Competência criminal originária. Penal. Processo Penal. 
2. Inépcia da denúncia. Peculato. Denúncia que descreve que desvio em proveito da administração. Descrição suficiente da fina lidade. 
Denúncia apta. 
3. Inépcia da denúncia. Inexigibilidade de licitação. Prejuízo à administração ou finalidade específica de favorecimento. Elementos não não 
mencionados no texto da lei. Construção jurisprudencial. Não é exigível que a petição inicial os descreva com minudência. Den úncia apta. 
4. Art. 312, caput, do Código Penal (peculato desvio). O desvio de recursos para finalidades públicas não configura o crime de peculato. O 
proveito à administração pública não se enquadra no conceito de proveito próprio ou alheio exigido pelo tipo penal. Desclassi ficação para o 
art. 315 do CP. Pronúncia da prescrição da pretensão punitiva em abstrato. 
5. Art. 89 da Lei 8.666/93 (inexigibilidade indevida de licitação). Prova da inexigibilidade fora das hipóteses legais. Indíc ios de autoria. 
6. Necessidade de demonstração de prejuízo ao erário e da finalidade específica de favorecimento indevido. Secretária de Estado. Pareceres 
pela conveniência e oportunidade da licitação e pela juridicidade da contratação direta. Ausência de indicativo de influência na escolha ou 
relação com a contratada. Preponderância da prova no sentido da inexistência do propósito de causar prejuízo ou favorecer indevidamente. 
7. Denúncia rejeitada. 
*noticiado no Informativo 813 
 
Ext N. 1.396-DF 
RELATOR: MIN. ROBERTO BARROSO 
EMENTA: EXTRADIÇÃO EXECUTÓRIA. REGULARIDADE FORMAL. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. DEFERIMENTO. 
1. O requerimento da Extradição formulado pelo Governo da Romênia em face de sua nacional preenche os requisitos formais da L ei n° 
6.815/80 e do Tratado de Extradição, promulgado pelo Decreto n° 6.512/08. 
2. Estão presentes os pressupostos materiais: a dupla tipicidade e punibilidade de crime comum praticado por estrangeiro, e a falta de 
jurisdição brasileira sobre o fato. 
3. No exame de delibação, próprio do julgamento de Extradição, somente é analisada a legalidade externa do pedido. Não se ingressa, 
portanto, nos pressupostos e na motivação da decisão proferida pela Justiça do Estado requerente. 
4. A circunstância de a extraditanda conviver com brasileiro não impede o atendimento do pedido. Precedentes. Inteligência da Súmula 421, 
do STF. 
5. Extradição deferida, devendo o Estado requerente assumir o compromisso de detração do tempo de prisão da extraditanda por for ça deste 
processo. 
Acórdãos Publicados: 347 
 
TRANSCRIÇÕES 
 
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais 
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham 
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica. 
 
Extradição - Tratado - Aplicação Retroativa - Excepcionalidade - Convenção de Viena - Condenação Penal - 
Inexistência - Irrelevância (Transcrições) 
 
PPE 769/DF* 
 
RELATOR: Ministro Celso de Mello 
 
EMENTA: EXTRADIÇÃO. PRISÃO CAUTELAR. LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL. PLEITO FORMULADO PELA 
INTERPOL A PEDIDO DO ESTADO ESTRANGEIRO. POSSIBILIDADE (LEI Nº 12.878/2013). OBSERVÂNCIA DOS 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
REQUISITOS ESTABELECIDOS EM TRATADO BILATERAL DE EXTRADIÇÃO. “PACTA SUNT SERVANDA”. EXAME DO 
CONJUNTO PROBATÓRIO RELATIVO À INVESTIGAÇÃO (“persecutio criminis”) SUBJACENTE AO PLEITO 
EXTRADICIONAL. INADMISSIBILIDADE. MODELO DE CONTENCIOSIDADE LIMITADA ADOTADO PELO BRASIL EM 
TEMA DE EXTRADIÇÃO PASSIVA. DOUTRINA. PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA PENAL 
CONDENATÓRIA CONTRA O SÚDITO ESTRANGEIRO. IRRELEVÂNCIA. ESPÉCIES DE EXTRADIÇÃO RECONHECIDAS 
PELO DIREITO BRASILEIRO E ADMITIDAS PELA PRÁTICA INTERNACIONAL. POSSIBILIDADE DE EXTRADIÇÃO DE 
NATUREZA INSTRUTÓRIA. NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DE MANDADO DE PRISÃO. PRECEDENTES. A 
QUESTÃO DA IRRETROATIVIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS COMO CLÁUSULA GERAL DE CARÁTER 
ORDINÁRIO. A CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS (ARTIGO 28). POSSIBILIDADE 
JURÍDICA DA APLICAÇÃO RETROATIVA DOS TRATADOS DE EXTRADIÇÃO (pelo fato de que tais convenções internacionais 
não tipificam crimes nem cominam penas) A EVENTOS DELITUOSOS PERPETRADOS ANTES DE SUA CELEBRAÇÃO OU 
PROMULGAÇÃO. RECONHECIMENTO DA LEGITIMIDADE DESSA EFICÁCIA RETROATIVA, DESDE QUE 
EXCEPCIONALMENTE PREVISTA NO PRÓPRIO TRATADO DE EXTRADIÇÃO. DOUTRINA. PRECEDENTES (STF). 
EXISTÊNCIA DESSA PREVISÃO NO TRATADO BILATERAL DE EXTRADIÇÃO BRASIL-CHINA (ARTIGO 22, n. 3). 
EXTRADITANDO CASADO COM BRASILEIRA E PAI DE CRIANÇA BRASILEIRA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 421/STF. 
CONSEQUENTE POSSIBILIDADE DE EXTRADIÇÃO. PRECEDENTES ANTERIORES E POSTERIORES À CONSTITUIÇÃO 
DE 1988. RECEPÇÃO DESSE ENUNCIADO SUMULAR PELA VIGENTE ORDEM CONSTITUCIONAL. PEDIDO DE 
REVOGAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR INDEFERIDO. 
 
DECISÃO: O ora extraditando formula pedido de revogação da prisão cautelar por mim anteriormente decretada (fls. 48/49). 
O súdito estrangeiro em questão, para fundamentar esse pleito, apoia-se, em síntese, nas seguintes razões (fls. 81v., 82/82v., 
88/88v. e 89): 
 
“O requerente, ao contrário do que alega a REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, através de suas autoridades respectivas, o 
mesmo não é nenhum fugitivo; 
Nota-se que o requerente entrou no BRASIL pelo aeroporto internacional de Guarulhos/SP , em 24/09/2014, com o objetivo 
de casar-se com sua namorada na época e atual esposa **, casamento realizado em 23/11/2015, conforme comprova a certidão de 
casamento autenticada em anexo; 
Da união do casal, nasceu a filha ** em 20/08/2015, atualmente com 5 (cinco) meses conforme comprova pela também 
certidão de nascimento autenticada juntada nesta oportunidade; 
Portanto, o requerente constituiu família no BRASIL, sendo que inclusive estava regularizando sua situação de estrangeiro 
perante as autoridades Brasileiras, onde solicitou expedição de RNE – registro nacional de estrangeiro, perante a Polícia Federal de 
São Paulo/SP, com a finalidade de permanecer definitivamente no BRASIL, declinando o seu atual endereço, para esta finalidade , 
onde reside com sua família sito à rua ** Nº **, APTO. **, EDIFÍCIO **, **, **, SÃO PAULO/SP, CEP **, seguindo cópia do 
contrato de locação e do protocolo da **/SR/SP 08505.106909/2015-96; 
Nota-se que o requerente nunca teve a intenção de permanecer como foragido , pois sempre externou boa-fé em território 
nacional, onde trabalha para o seu sustento e de sua família, seguindo declaração de renda em anexo; 
Embora ainda não tenha obtido nacionalidade brasileira , o mesmo constituiu FAMÍLIA EM TERRITÓRIO BRASILEIRO, 
sendo que a Constituição Federal em seu artigo 226 e seguintes, externa proteção especial à família; 
Entendemos que, mediante todas estas circunstâncias, o requerente deveria ser ouvido por CARTA ROGATÓRIA, via 
Ministério das Relações Exteriores, sobre a acusação que recai contra sua pessoa aqui no BRASIL e não A REPÚBLICA POPULAR 
DA CHINA se utilizar deste expediente extremo, pleiteando sua EXTRADIÇÃO, uma vez que não há qualquer condenação contra sua 
pessoa, apenas meras conjecturas, o que reflete uma incoerência para individualizar qualquer conduta contra sua pessoa, salie ntando 
ainda que os fatos ali tratados no processo não passam de uma acusação totalmente genérica; 
A ilegalidade da prisão preventiva do requerente está patente , pelo fato do pedido extradicional não estar suficientemente 
instruído, aduzindo ainda, a desnecessidade destaprisão preventiva, considerando que a liberdade do requerente não enseja perigo 
para instrução processual promovida pelo GOVERNO DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA; 
Ao verificar atentamente os documentos que estão acostados ao pleito do GOVERNO DA REPÚBLI CA POPULAR DA 
CHINA, e se encontram acostados às fls. 14 e às fls. 45 (ora reproduzidos em sua íntegra nas cópias que acompanham o presente), 
com a tradução às fls. 17/18 e 21/22, também daqueles autos, verifica-se que, em nenhum momento, foram trazidos ao pedido, 
documentos, sequer cópias simples, autenticadas ou mesmo certidões, que comprovassem a existência ou de sentença condenatória , 
ou de auto de prisão em flagrante delito, ou de tentativa de fuga do ora requerente, não cumprindo assim os requisitos d os artigos 80 
e 82 da lei nº 6.815/80, ao contrário foi juntado aos autos pedido de outros 9 (nove) chineses suspeitos de crimes econômicos , 
conforme consta das fls. 24 à 46, que nada têm a ver com o requerente, causando até um tumulto processual; 
Por mera argumentação, consta ainda que os fatos na China deram-se nos anos de 2009 a 2011, sendo que o requerente e um 
sócio haviam constituído uma empresa no período compreendido entre 01/08/2013 à 03/10/2014, datas totalmente divergentes com 
data de entrada do requerente no BRASIL pelo aeroporto internacional de Guarulhos/SP, que se verificou em 24/09/2014, 
ponderando ainda que o tratado de extradição entre BRASIL E CHINA – DECRETO Nº 8.431/2015, somente entrou em vigor em 
09/04/2015, portanto muito depois de todos estes episódios aventados pelo GOVERNO DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA ; 
…................................................................................................... 
A prisão preventiva para fins de extradição há de ser analisada caso a caso e , ainda que se lhe seja atribuído limite temporal, 
compatível com o princípio da proporcionalidade, quando seriam avaliadas a sua necessidade, adequação e proporcionalidade em 
sentido estrito; 
A prisão preventiva para a extradição do requerente subsiste há mais de 40 (quarenta) dias, sendo que o mesmo foi preso em 
10/12/2015 e inexiste contra ele sentença de condenação nos autos do processo instaurado pela REPÚBLICA POPULAR DA CHINA; 
Neste diapasão devem ser considerados os bons antecedentes do ora requerente , sopesando que o mesmo exerce atividade 
lícita no Brasil, constituiu família, esposa e filha brasileiras, as quais dependem do trabalho do requerente para o sustento do lar, 
possuindo ainda residência fixa, onde sempre declinou seu endereço à Polícia Federa l de São Paulo, quando deu entrada ao pedido 
de seu RNE, devendo ser verificadas a necessidade e a compatibilidade desta custódia baseada no princípio da proporcionalidad e, a 
fim de que esta seja limitada ao estritamente necessário; 
….................................................................................................. 
Posto isto, requer ao Ministro Relator a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA PARA EXTRADIÇÃO , para que o 
requerente aguarde solto o julgamento da Extradição nº 769 da REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, determinando a expedição de 
Alvará de Soltura à Polícia Federal de São Paulo/SP, onde poderá ser remetido o passaporte do extraditando ao SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL, para fins de depósito, sendo que o extraditando deverá ser advertido sobre a impossibilidade de, sem 
autorização deste relator da Extradição no STF, deixar a cidade de seu domicílio no Estado de São Paulo, ficando obrigado ain da a 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
atender a todos os chamados judiciais e comparecer semanalmente à uma Vara Criminal Federal determinada da Subsecção de São 
Paulo, para informar sobre suas atividades, onde ficará ciente que qualquer transgressão implicará na imediata revogação da 
medida a ser concedida, assinando termo de responsabilidade respectivo, termos em que, com o costumeiro respeito, PEDE 
DEFERIMENTO.” (grifei) 
 
Assinalo, de início, que o pedido de prisão cautelar para efeitos extradicionais, embora não formulado por Estado estrangeiro, foi 
deduzido, no entanto, por instituição – a INTERPOL (fls. 03/18) – a que diploma legislativo outorgou legitimidade ativa para apresentar 
ao Ministério da Justiça referido pleito. 
Com efeito, a Lei nº 12.878, de 04/11/2013, ao alterar o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80), notadamente no que se refere ao 
disposto em seu art. 82, atribuiu essa especial qualidade jurídica à INTERPOL, fazendo-o nos seguintes termos: 
 
“Art. 82. (…) 
…............................................................................... .................... 
§ 2º O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de 
Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida 
por Estado estrangeiro.” (grifei) 
 
Por revelar-se admissível a formulação do pleito, decretei a prisão cautelar então requerida pela INTERPOL. 
Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pedido de revogação da prisão cautelar ora questionada. E, ao fazê-lo, indefiro-o, 
consideradas as razões a seguir expostas. 
Cabe observar que a prisão do súdito estrangeiro constitui, ordinariamente, pressuposto indispensável ao regular processamento 
da ação de extradição passiva. A privação da liberdade individual do extraditando deve perdurar até o julgamento final, pelo Supremo 
Tribunal Federal, do pedido de extradição (RTJ 166/200-201, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno). 
É por essa razão que o magistério da doutrina (MIRTÔ FRAGA, “O Novo Estatuto do Estrangeiro Comentado”, p. 339, 1985, 
Forense) – refletindo o entendimento jurisprudencial firmado por esta Suprema Corte (RTJ 125/1037, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA – 
RTJ 140/136, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – RTJ 149/374, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.) – manifesta-se no sentido da 
indispensabilidade da prisão cautelar para efeitos extradicionais: 
 
“A prisão do extraditando deve perdurar até o julgamento final da Corte . Não se admitem a fiança, a liberdade vigiada, a 
prisão domiciliar ou a prisão-albergue. A privação da liberdade, nessa fase, é essencial ao julgamento, é condição ‘sine qua non’ 
para o próprio encaminhamento do pedido ao Supremo Tribunal. Ela não tem nenhuma relação com a maior ou menor gravidade da 
infração, maior ou menor periculosidade do agente; ela visa, tão-somente, possibilitar a entrega, se a extradição vier a ser deferida. 
Afinal de contas, existe, no estrangeiro, uma ordem de prisão (art. 78, II) expedida contra o extraditando e há, em conseqüência, a 
presunção de que esteja fugindo à ação da Justiça do Estado requerente.” (grifei) 
 
Impende registrar, por necessário, que o Supremo Tribunal Federal, ao pronunciar-se sobre a legitimidade constitucional da prisão 
preventiva para efeitos extradicionais, teve o ensejo de acentuar-lhe a plena compatibilidade com a vigente Constituição da República, 
considerada a recepção, pela Carta Política, da norma legal autorizadora dessa medida cautelar de ordem pessoal: 
 
“‘Habeas Corpus’. 2. Prisão preventiva para extradição. Formalização do pedido de extradição. 3. A prisão preventiva para 
extradição não ofende o disposto no art. 5º, LIV, da Constituição, como é da jurisprudência desta Corte, que teve como 
recepcionada a norma dela autorizatória constante do Estatuto do Estrangeiro (…).” 
(RTJ 179/780, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA, Pleno – grifei) 
 
Cumpre destacar, ainda, que o extraditando, de nacionalidade chinesa, está adequadamente identificado, cabendo ressaltar, tal como 
assinalado na decisão que lhe decretou a prisão cautelar, que o fato delituoso pelo qual o súdito chinês em referência está sendo investigado parece 
satisfazer, ao menos em princípio – e ressalvada a análise ulterior dessa questão –,a exigência imposta pelo critério da dupla tipicidade. 
Com efeito, a investigação penal em curso na República Popular da China tem por objeto a suposta prática de delito previsto no Código 
Penal chinês (art. 176), que, em tese, encontraria correspondência típica no art. 16 da Lei nº 7.492/86, que define o crime de operação não 
autorizada de instituição financeira, ou, até mesmo, no art. 171 do Código Penal brasileiro, que prevê o estelionato. 
Ao examinar os elementos descritivos da conduta imputada ao referido súdito chinês, observei, a título de mero registro, que atos de 
captação de recursos junto a pessoas físicas a pretexto de investi-los no mercado financeiro, com promessa de rendimentos, podem configurar 
delito contra o sistema financeiro nacional, nos termos da legislação brasileira, conforme assinala JOSÉ PAULO BALTAZAR JUNIOR (“Crimes 
Federais”, p. 381, 6ª ed., 2010, Livraria do Advogado Editora). 
Diferentemente do que sustenta o ora extraditando, a representação dirigida pela Interpol/Brasil ao Ministro da Justiça refere-se, 
expressamente, a ** (fls. 04 e ss.), identificando-o de modo adequado e descrevendo-lhe o comportamento alegadamente criminoso mediante 
indicação de dados objetivos que viabilizariam a formulação do pedido de prisão cautelar (fls. 05/06). 
Demais disso, qualquer discussão em torno do suposto envolvimento do súdito estrangeiro em causa nas práticas objeto de investigação 
penal no Estado requerente revelar-se-á inadequada na presente sede processual, eis que – como se sabe – o Brasil adotou, em tema de extradição 
passiva, o modelo de contenciosidade limitada, que se mostra incompatível com qualquer indagação em torno da prova subjacente ao 
procedimento penal motivador do pedido extradicional, inclusive a análise da suposta autoria do fato delituoso (Ext 1.171/Argentina, Rel. Min. 
CELSO DE MELLO, v.g.) e/ou da culpabilidade do extraditando. 
Vale relembrar, por oportuno, que essa tem sido a orientação jurisprudencial prevalecente nesta Suprema Corte (Ext 1.121/EUA, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO – Ext 1.126/República Federal da Alemanha, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, v.g.): 
 
“(...) PROCESSO EXTRADICIONAL E SISTEMA DE CONTENCIOSIDADE LIMITADA: INADMISSIBILIDADE DE 
DISCUSSÃO SOBRE A PROVA PENAL PRODUZIDA PERANTE O ESTADO REQUERENTE. 
– A ação de extradição passiva não confere, ordinariamente, ao Supremo Tribunal Federal qualquer poder de indagação sobre o 
mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre o contexto probatório em que a postulação extradicional apoia-se, não 
cabendo, ainda, a esta Corte Suprema o exame aprofundado dos fatos subjacentes à acusação penal. Precedentes. Doutrina. 
– O sistema de contenciosidade limitada, que caracteriza o regime jurídico da extradição passiva no direito positivo brasileiro, não 
permite qualquer indagação probatória pertinente ao ilícito criminal cuja persecução, no exterior, justificou o ajuizamento da demanda 
extradicional perante o Supremo Tribunal Federal. (…).” 
(Ext 1.334/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
 
Vê-se, assim, que nenhum relevo tem para o sistema extradicional vigente no Brasil a discussão probatória sobre a realidade material do fato 
delituoso, inclusive sobre o dolo motivador da conduta alegadamente delituosa, e sobre os elementos de convicção concernentes à autoria da 
prática criminosa atribuída ao extraditando (RTJ 160/105-106, Rel. Min. CELSO DE MELLO). 
 
Informativo 816-STF (11/03/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
E a razão é uma só: o modelo que rege, no Brasil, a disciplina normativa da extradição passiva – vinculado, quanto à sua matriz jurídica, ao 
sistema misto ou belga – não autoriza que se renove, no âmbito do processo extradicional, o litígio penal que lhe deu origem nem que se promova 
o reexame ou a rediscussão do mérito (RTJ 161/409-411 – RTJ 170/746-747, v.g.). 
De outro lado, o ilícito penal em causa não parece incidir nas restrições que, estabelecidas pela lei brasileira (Lei nº 6.815/80, art. 76) e pelo 
tratado bilateral existente entre o Brasil e a República Popular da China (Artigo 3º), impediriam, caso ocorrentes, a efetivação da própria entrega 
extradicional. 
Reconheço, portanto, que está suficientemente instruído o pedido de prisão preventiva para efeitos extradicionais, eis que se acham 
preenchidos, na espécie, os requisitos necessários ao seu atendimento, notadamente aqueles inscritos no Artigo 9º, nº 2, do Tratado de Extradição 
entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China (promulgado pelo Decreto 8.431/2015). 
Impõe-se enfatizar, de outro lado, considerados os fundamentos subjacentes ao pleito de revogação da prisão cautelar, que não tem 
qualquer relevo jurídico o fato de inexistir, no momento, “sentença condenatória” contra o extraditando, pois, como se sabe, o ordenamento positivo 
brasileiro e o tratado bilateral de extradição Brasil/China expressamente reconhecem a possibilidade de formulação de pedido extradicional de 
caráter meramente instrutório. 
Com efeito, o modelo extradicional vigente no Brasil admite 02 (duas) modalidades de extradição: (a) extradição executória (que supõe 
condenação penal, ainda que não transitada em julgado) e (b) extradição instrutória (que se satisfaz com a simples existência de investigação 
penal), sendo comum a ambas as espécies o requisito – atendido no caso – da existência de mandado de prisão. 
Legítima, desse modo, a demanda extradicional que se apoie, unicamente, como sucede na espécie, na existência de investigação penal ou 
de processo judicial ainda em tramitação, desde que haja ordem de prisão emanada de autoridade competente segundo a legislação do Estado 
requerente (Ext 652/Alemanha, Rel. Min. CELSO DE MELLO): 
 
“LEGITIMIDADE DA EXTRADIÇÃO DE CARÁTER INSTRUTÓRIO 
– O fato de não existir condenação penal, mas simples investigação criminal ou processo judicial ainda em curso, desde que 
comprovada, em qualquer dessas situações, decretação de prisão cautelar, não constitui obstáculo jurídico à formulação de pedido de 
extradição, que se revestirá, então, de natureza meramente instrutória, que traduz, ao lado da extradição executória, expressivo instrumento 
de cooperação internacional na repressão aos delitos comuns. Precedente.” 
(Ext 1.407/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 
 
Há, também, outro fundamento que o ora extraditando invoca como suporte do pedido de revogação de sua prisão cautelar. Esse súdito 
estrangeiro apoia o seu pleito na alegação de que “constituiu família em território brasileiro” (fls. 82). 
Esse outro fundamento – casamento (ou união estável) de estrangeiro com brasileira – não atua como causa obstativa da extradição. Com 
efeito, o Supremo Tribunal Federal, em inúmeros precedentes (RTJ 155/34-35 – RTJ 177/1250-1251 – RTJ 183/42-43 – RTJ 191/17-18, v.g.), de 
que resultou a formulação da Súmula 421, tem salientado que o casamento com brasileiro ou brasileira (inclusive a união estável) não constitui 
obstáculo ao deferimento da extradição do súdito estrangeiro: 
 
“(…) EXISTÊNCIA DE FAMÍLIA BRASILEIRA, NOTADAMENTE DE FILHO COM NACIONALIDADE BRASILEIRA 
ORIGINÁRIA – SITUAÇÃO QUE NÃO IMPEDE A EXTRADIÇÃO – COMPATIBILIDADE DA SÚMULA 421/STF COM A VIGENTE 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 
– A existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal ou a convivência ‘more uxorio’ do extraditando com pessoa 
de nacionalidade brasileira constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos extradicionais, não impedindo, em consequência, 
a efetivação da extradição do súdito estrangeiro. Precedentes. 
– Não impede a extradição o fato de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de nacionalidade 
brasileira, ainda que com esta possua filho brasileiro. 
– A Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República, pois, em tema de cooperação internacional

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