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Tecnologia de Materiais Aula 01 Marcos Baroncini Proença CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo à primeira rota da disciplina Tecnologia de Materiais! Não há como conhecer detalhadamente os milhares de materiais disponíveis. Mas os princípios gerais que norteiam as propriedades de todos os materiais devem fazer parte da base de conhecimentos tecnológicos que um engenheiro deve ter, quer seja para projetos de novos produtos, quer seja para selecionar novos materiais e alternativas de inovação tecnológica para aumentar a competitividade dos produtos existentes. Dentro desse conceito, o conhecimento sobre materiais metálicos, materiais poliméricos, materiais cerâmicos, compósitos e novos materiais, desde a ligação química, estrutura cristalina e propriedades mecânicas até possíveis defeitos e falhas que podem ocorrer nos seus processos de fabricação o uso são muito importantes. É também importante o estudo sobre tratamentos térmicos e termoquímicos que podem ser feitos para alterar a estrutura e a propriedade dos materiais, criando novos materiais ou características novas para materiais conhecidos. Abordaremos nesta disciplina ligas ferrosas, ligas não ferrosas, materiais poliméricos, materiais cerâmicos, materiais compósitos e novos materiais. Daremos foco nas ligações químicas e estrutura cristalina que os formam, bem como nas propriedades mecânicas e térmicas que essas ligações e estruturas geram. Também veremos diagramas de equilíbrio de fases, tratamentos térmicos e termoquímicos e mecanismos de endurecimento de metais, bem como falhas e defeitos cristalinos e suas influências nas propriedades dos materiais. Terminaremos usando esses conceitos para uma adequada análise de seleção de materiais para projetos de engenharia. Assista à videoaula inicial desta disciplina com o professor Marcos Proença, disponível no material on-line. Tema 1: Materiais Metálicos Ligações Químicas dos Materiais Metálicos Os materiais metálicos são formados por ligação metálica. O que é essa ligação? Como ela se caracteriza? Quais propriedades gera? Veja o detalhamento desse tema no anexo 1. Assista ao vídeo do professor Marcos Proença, o qual explica o assunto do tema 1. Disponível no material on-line. Tema 2: Ligas Ferrosas O ferro é um metal abundante na crosta terrestre e se caracteriza por fazer ligações com diversos elementos metálicos e não metálicos, sendo que o principal elemento não metálico com o qual se liga é o carbono. Essa ligação com o carbono é extremamente importante e gera a liga denominada liga ferro-carbono, na qual se inserem mais de 80% dos materiais usados como elementos estruturais e componentes diversos. Acompanhe no anexo 2 esse assunto mais detalhadamente. Assista ao vídeo do professor Marcos Proença, disponível no material on-line, o qual explica o assunto do tema 2. Tema 3: Estrutura Cristalina e Propriedades Mecânicas das Ligas Ferrosas Estrutura Cristalina As ligas metálicas ferrosas apresentam, conforme já descrito anteriormente, estrutura cristalina. Essa estrutura é formada nos fornos de conversão, que são fornos responsáveis pela conversão de sucata, ferro dos altos fornos (Ferro gusa), aditivos e elementos de liga nos mais diversos tipos de aços e ferro fundidos. Podemos dividir as estruturas em estruturas de aços e estruturas de ferro fundidos. Para os Ferros fundidos, as estruturas cristalinas são mais complexas, pois envolvem estruturas de ferro e de Fe3C e de grafite. Para os aços, as estruturas cristalinas se dividem em ccc (cúbica de corpo centrado), cfc (cúbica de face centrada) e hc (hexagonal compacta). Explore mais esse assunto, lendo o material do anexo 3. Assista ao vídeo do professor Marcos Proença, disponível no material on-line, o qual explica o assunto do tema 3. Tema 4: Defeitos e Diagramas de Fases das Ligas Ferrosas Defeitos Defeitos nas estruturas cristalinas dos materiais ocorrem espontaneamente em função do processo de obtenção. Interferem diretamente nas suas propriedades e são por vezes provocados intencionalmente. Antes de analisarmos os defeitos presentes nas ligas ferrosas, é necessário defini-los e classificá- los. Com relação à classificação dos defeitos, podemos afirmar que se dividem em defeitos pontuais, defeitos lineares e defeitos superficiais. Defeitos pontuais são aqueles cuja dimensão se estende apenas no limite de um átomo de elemento no reticulado cristalino, mesmo havendo várias incidências. Defeitos lineares se estendem ao longo de um vetor de esforço aplicado. Defeitos superficiais ou planares se estendem ao longo de um plano de empacotamento atômico. Acompanhe no anexo 4 os tipos e definições em relação a esses defeitos, exemplificando-os. Assista ao vídeo do professor Marcos Proença, o qual explica o assunto do tema 4. Disponível no material on-line. Tema 5: Diagramas TTT , CCT e Tratamentos Térmicos e Termoquímicos das Ligas Ferrosas Diagramas TTT e CCT Para que se tenha uma melhor compreensão dos tratamentos térmicos que as ligas ferrosas podem sofrer, é importante saber o comportamento de suas curvas TTT e CCT. Curvas TTT (Temperatura, Tempo, Transformação), também conhecidas como curvas em C, são curvas obtidas com isotermas para diversas composições das ligas ferrosas, nas quais são anotados os pontos de início e transformação de fases a diversas temperaturas. Figura 5. Curva TTT Ciência dos Materiais. Essas curvas delimitam as regiões de início de transformação, intermediárias e de final de transformação. Curvas CCT (Transformações a Resfriamento Contínuo) são curvas que se inserem nas curvas TTT, representando transformações de fases para meios com diversas velocidades de resfriamento. Quanto maior o ângulo de inclinação da curva CCT, mais lento é o resfriamento. Nas curvas CCT se inserem duas novas fases que só ocorrem nas ligas ferrosas devido a choques térmicos nas estruturas cristalinas, que são a bainita e a martensita. Bainita é uma estrutura formada por um resfriamento rápido, de tal forma que parte dos cristais cúbicos da perlita sofrem deformação, chamada de clivagem, passando de cúbicas para hexagonais compactas. A martensita é uma estrutura na qual, devido à velocidade de resfriamento, há uma total clivagem da estrutura cristalina da perlita, que passa totalmente de cúbica para hexagonal compacta. São, portanto, fases duras e de baixa maleabilidade e resistência ao impacto. Figura 6. Curvas CCT para diversos meios de resfriamento. Ciência dos Materiais. Vamos acompanhar como interpretar e usar os diagramas vistos lendo o anexo 5, onde também veremos o que são tratamentos térmicos e termoquímicos. Assista ao vídeo do professor Marcos Proença, o qual explica o assunto do tema 5. Disponível no material on-line. Figura 7. Metalografia da bainita. Ciência dos Materiais. Figura 8. Metalografia da Martensita. Marcos B. Proença. Dissertação Mestrado. NA PRÁTICA Veja a seguir algumas aplicações práticas do que foi visto nesta aula de hoje: APLICAÇÃO 1 Como exemplo de aplicação das tabelas apresentadas, temos a pré-seleção de ligas ferro-carbono para atender a um projeto que exige dureza e resistência a corrosão, independente da soldabilidade. Nesse caso, devem conter Cr e Ni na sua composição. As ligas queatendem a especificação são: Aços liga dos tipos SAE 31XX, 32XX, 33XX e 34XX Aços ferramenta Aços Inox dos tipos SAE 201, 304, 310, 316 e 347 Ferros fundidos brancos APLICAÇÃO 2 Um aço hipoeutetoide SAE 1020, ou seja, com 0,20%C, terá a seguinte composição: %P = 0,26, ou seja, para cada 1kg de aço SAE 1040, teremos 740g de ferrita e 260g de perlita, mostrando um aço maleável com baixa resistência mecânica. Um aço hipoeutetoide SAE 1040, ou seja, com 0,40%C, terá a seguinte composição: %P = 0,52, ou seja, para cada 1kg de aço SAE 1040, teremos 480g de ferrita e 520g de perlita, mostrando um aço menos maleável e com maior resistência mecânica. Um aço hipoeutetoide SAE 1070, ou seja, com 0,70%C, terá a seguinte composição: % P = 0,91, ou seja, para cada 1kg de aço SAE 1040, teremos 90g de ferrita e 910g de perlita, mostrando um aço pouco maleável com boa resistência mecânica. Para aços hipereutetoides, essa regra tem a seguinte expressão: %Fe3C = 1 - Observe que 0,77% é a porcentagem de carbono no ponto eutetoide e que 2,11% é a porcentagem limite de carbono presente nos aços. Já %C é a porcentagem de carbono da liga que se pretende determinar a composição envolvendo perlita e cementita nos contornos de grãos. APLICAÇÃO 3 Um aço hipereutetoide com 1,20%C, terá a seguinte composição: %Fe3C = 0,32, ou seja, para cada 1kg desse aço, teremos 680g de perlita e 320g de cementita, mostrando um aço ainda maleável, com elevada resistência mecânica e dureza. Um aço hipereutetoide com 2,0%C terá a seguinte composição: %Fe3C = 0,92, ou seja, para cada 1 kg desse aço, teremos 80g de perita e 920g de cementita, mostrando um aço pouco maleável, mas com dureza elevada. APLICAÇÃO 4 Um ferro fundido branco com 3%C terá a seguinte fração de grafita em peso: , ou seja, para cada 1kg desse ferro fundido, teremos 9g de grafita. Um ferro fundido cinzento com 5%C terá a seguinte fração de grafita em peso: , ou seja, para cada 1 kg desse ferro fundido, teremos 30g de grafita. Uma vez que a grafita é extremamente dura e frágil, quanto maior sua percentagem mais duro e menos tenaz será a liga. APLICAÇÃO 5 Para se obter uma estrutura contendo ferrita e perlita, para o aço tipo SAE 4340, cujos diagramas TTT e CCT se encontram ao lado, devemos manter a liga a uma temperatura em torno de 700ºC por aproximadamente 30 min (2x105s), e depois resfriar a uma velocidade de 0,006ºC/s, levando um tempo total superior a 27h e 46 min (105s) de resfriamento. Para se obter uma estrutura totalmente martensítica, devemos resfriar imediatamente a temperatura pouco superior a 700ºC a uma velocidade de 8,3ºC/s, levando um tempo total inferior a 1,5 min (90s). FINALIZANDO Estamos encerrando esta rota! Após esta aula você adquiriu conhecimentos sobre metais, sobre ligas ferrosas, tanto estruturais quanto relacionados às suas propriedades, aplicações e tratamentos, para uso profissional. Expanda seus conhecimentos lendo os anexos das rotas de aprendizagem, bem como pesquisando sobre o assunto em outras literaturas. Figura 10. Curvas CCT e TTT para aço SAE 4340. Willian D. Callister Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais. Assista à videoaula de síntese com professor Marcos Proença, disponível no material on-line. REFERÊNCIAS BROWN, T. L.; LEMAY, H. E. Jr; BURSTEN, B. E. Química: a Ciência Central. 9ªedição, Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2005. Callister, W. D. Jr. Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais. 2ªedição, LTC, Rio de Janeiro, 2005. Chiaverini, V. Tecnologia Mecânica. Vol III, 2ªedição, McGraw Books do Brasil, São Paulo, 1986. Shackelford, J.F. Ciência dos Materiais. 6ª Edição, Pearson Education do Brasil, São Paulo, 2014. Smith, W.F., Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 3ªedição, McGrawHill, Portugal, 1998.
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