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Micronutrientes

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MICRONUTRIENTES 
 
1 - Considerações Gerais 
 
Os micronutrientes são elementos essenciais para o crescimento das 
plantas e se caracterizam por serem absorvidos em pequenas quantidades (da 
ordem de alguns miligramas por quilograma de matéria seca da planta). Isso se 
deve ao fato deles não participarem de estruturas da planta, mas da 
constituição de enzimas ou então atuar como seus ativadores. 
A deficiência de qualquer micronutriente pode provocar problemas no 
crescimento e desenvolvimento das plantas, repercutindo na qualidade e 
quantidade da produção. 
 
Os micronutrientes podem ser classificados em: 
 
1 - Catiônicos: 
✔ Cobre (Cu) 
✔ Ferro (Fe) 
✔ Manganês (Mn) 
✔ Zinco (Zn) 
✔ Níquel (Ni) 
 
2 - Aniônicos: 
✔ Boro (B) 
✔ Cloro (Cl) 
✔ Molibdênio (Mo) 
 
 Os micronutrientes catiônicos são de natureza metálica e 
encontram-se nos solos e substratos principalmente na forma de óxidos, 
hidróxidos ou como sais e são insolúveis em valores altos de pH. Os 
micronutrientes aniônicos B e Cl são considerados não-metais, enquanto o Mo 
é um metal de transição. 
 Para o diagnóstico de deficiências de micronutrientes não é 
suficiente um exame visual, já que as deficiências de diferentes elementos 
podem provocar sintomas similares, sendo necessário realizar análise de solo 
e, preferencialmente, de tecidos da planta. 
A carência de micronutrientes pode ocorrer: 
✔ Pela falta do micronutriente em quantidade suficiente no solo, de modo que a 
planta não consegue suprir suas demandas. Essa deficiência absoluta 
raramente ocorre. 
✔ Pelo fato de não se encontrarem no solo na forma disponível para as 
plantas, por estarem retidos em algum componente do solo ou indisponíveis 
pela presença de outros elementos, caracterizando a deficiência induzida. 
Como exemplo desta situação tem-se o bloqueio que sofre o B pelo Ca e a 
clorose férrica induzida pela presença de bicarbonato. 
 
2 - Fatores que Podem Afetar a Disponibilidade de Micronutrientes 
 
São vários os fatores que podem afetar a disponibilidade e, portanto, a 
absorção de micronutrientes pelas plantas. Os mais importantes são: 
✔ pH do solo - Em pH alto ocorre diminuição da solubilização e da absorção 
de Cu, Zn, Fe e Mn; por outro lado, nessa condição, ocorre aumento na 
disponibilidade de Mo (Figura 1). 
 
Figura 1 - Influência do pH na disponibilidade dos micronutrientes na solução 
do solo 
✔ Quantidade de matéria orgânica - Diferentes autores relatam que, ao 
aumentarem o teor de matéria orgânica do solo (MOS), observaram teores 
crescentes de micronutrientes; contudo, em algumas situações ocorre o 
contrário. Os solos com elevados teores de MO são aqueles que, com mais 
frequência, mostram deficiências de um ou mais micronutrientes. Em alguns 
casos, a análise do solo revela teores elevados e, no entanto, as plantas 
apresentam concentrações inferiores às de plantas em outros solos, indicando, 
provavelmente, baixa disponibilidade ou elevada fixação dos micronutrientes 
nos solos com elevado teor de MOS e, ou, baixo teor total desses nutrientes. 
✔ Textura - solos de textura arenosa apresentam, com maior frequência, baixa 
disponibilidade de B, Cu, Mn, Mo e Zn, devido ao fato de estes elementos 
serem lixiviados com maior facilidade nesses solos. 
✔ Outros fatores - a atividade microbiana, a drenagem dos solos, as 
condições de oxidação-redução e as condições climáticas interferem na 
disponibilidade de micronutrientes. O Zn, em teores baixos no solo, pode ter 
sua deficiência provocada por microrganismos que competem com as plantas 
por este elemento. No entanto, os microrganismos podem liberar nutrientes 
durante a decomposição da MOS. Já o processo de oxidação-redução interfere 
de forma mais expressiva na disponibilidade de Fe e Mn. Contudo, a redução 
provocada por alta umidade pode aumentar a disponibilidade de Cu, Mo, e Zn, 
podendo chegar a teores tóxicos. Em temperaturas elevadas do solo a 
absorção de micronutrientes é favorecida. Por outro lado, temperaturas baixas 
reduzem a taxa de mineralização da MOS, reduzindo a disponibilidade de 
micronutrientes nela imobilizados. 
 
3 - Micronutrientes Catiônicos 
 
3.1 - Cobre 
 
3.1.1 - Cobre no Solo 
 
O teor médio de Cu na crosta terrestre é de aproximadamente 55 mg 
kg-1, enquanto no solo varia entre 10 e 80 mg kg-1, onde se encontra, 
principalmente, na forma divalente (Cu2+), principalmente como constituinte das 
estruturas cristalinas dos minerais primários e secundários. Considera-se que a 
principal fração do Cu dissolvido esteja como complexo solúvel de ácidos 
orgânicos, como cítrico e oxálico. 
O Cu trocável é fortemente adsorvido especialmente pela matéria 
orgânica do solo (MOS), onde o íon, numa grande proporção, é fixado pelo 
húmus numa forma mais estável do que a forma trocável. A energia de ligação 
do Cu com os ácidos húmicos diminui com o aumento da dose de Cu aplicada, 
porém aumenta com a elevação do pH e com o aumento do grau de 
humificação da MOS. O Cu nessa forma pode se tornar disponível somente 
depois da mineralização da MOS. A determinação de Cu total do solo não 
fornece informação exata sobre a disponibilidade deste elemento, sendo 
recomendado utilizar métodos de extração, como, por exemplo, o DTPA (ácido 
dietileno triamino pentaacético). 
As deficiências de Cu ocorrem principalmente em solos orgânicos 
ácidos, em solos derivados de rochas ígneas muito ácidas e em solos lixiviados 
de textura arenosa. 
 
3.1.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O Cu é absorvido como Cu2+ e, ou Cu-quelato, e existem evidências de 
que este elemento iniba fortemente a absorção de Zn e vice-versa. Considera-
se que esse elemento não seja prontamente móvel na planta, embora existam 
resultados que mostram a translocação de folhas velhas para novas. O 
movimento do Cu no interior da planta depende da sua concentração, uma vez 
que em plantas de trigo bem supridas de Cu ocorreu translocação das folhas 
para os grãos; contudo, em plantas deficientes o Cu foi relativamente imóvel. 
Existem resultados que indicam que compostos nitrogenados solúveis, 
como os aminoácidos, atuam como carregadores deste elemento no xilema e 
no floema, já que o Cu apresenta forte afinidade com o átomo de N do grupo 
amino. 
 
3.1.3 - Funções do Cobre na Planta 
 
A principal função do cobre no metabolismo vegetal é como ativador ou 
componente de enzimas que participam de reações de oxi-redução. Estas 
enzimas contendo cobre atuam no transporte eletrônico com mudança de 
valência, tais como: plastocianina, lacase, oxidase do ácido ascórbico e 
complexo da oxidase do citocromo; e no transporte eletrônico sem mudança de 
valência, tais como: oxidase da amina, tirosinase, oxidase da galactose. 
Assim, o cobre participa de uma série de processos metabólicos nos 
vegetais. Em plantas deficientes em cobre, a taxa fotossintética é reduzida por 
uma série de razões. Mais de 50% do cobre localizado nos cloroplastos estão 
ligados à plastocianina, que é um componente da cadeia de transporte de 
elétrons do fotossistema I, o qual tem sua atividade drasticamente afetada em 
plantas deficientes no elemento. O cobre é componente de outras enzimas nos 
cloroplastos. É requerido para a síntese da plastoquinona e ativador da enzima 
ribulose bifosfato carboxilase (RuBISCO). 
A citocromo oxidase, que contém cobre e ferro, atua no transporte 
terminal de elétrons na cadeia respiratória na mitocôndria, afetando 
diretamente a fosforilação oxidativa. 
A fixação biológica do nitrogênio é também afetada pelo cobre. Embora 
há evidências de um requerimento específico de cobre nos nódulos radiculares 
para o mecanismode fixação, um efeito indireto, envolvendo a falta de 
suprimento de carboidratos para a nodulação e fixação do N2 em plantas 
deficientes, é mais provável. Cita-se ainda a necessidade do cobre para a 
síntese da leghemoglobina e menor atividade da oxidase do citocromo no 
processo respiratório do bacteróide. 
O cobre e o Zn participam do grupo prostético da dismutase de 
superóxido (Cu-Zn-SOD), enzima que ocorre em todos os organismos 
aeróbicos. Esta enzima protege o organismo dos efeitos deletérios causados 
pelos radicais superóxidos (O2
-
) o qual pode ser formado quando um único 
elétron é transferido para o O2. 
O Cu também faz parte da enzima fenol-oxidase, que catalisa a 
oxidação de compostos fenólicos a cetonas durante a formação da lignina e da 
cutícula. 
 
3.1.4 - Sintomas de Deficiência de Cobre 
 
O teor ótimo de cobre na maioria das plantas, geralmente, está entre 5 
a 20 mg kg-1 na matéria seca. Deficiências são prováveis quando seu teor na 
matéria seca encontra-se em níveis inferiores a 4 mg kg-1. 
Os sintomas de deficiência de cobre variam grandemente, dependendo 
da espécie. As plantas deficientes em cobre apresentam as folhas novas 
inicialmente verde-escuras e com aspecto flácido, com tamanho 
desproporcionalmente grande. As folhas encurvam-se para baixo e as nervuras 
podem ficar salientes. Em algumas espécies as folhas jovens tornam-se 
murchas e enroladas, ocorrendo inclinação de pecíolos e talos, as folhas 
tornam-se quebradiças e caem. Em cereais as folhas tornam-se mais estreitas 
e retorcidas, com as pontas brancas. A casca das árvores frequentemente fica 
áspera e coberta de bolhas e uma goma pode exsudar a partir de fissuras da 
casca. Ramos jovens frequentemente seca, em consequência, brotos novos 
emergem de gemas inferiores, produzindo uma aparência de arbusto. O 
perfilhamento é reduzido e observa-se também a esterilidade do grão de pólen. 
 
 
 
Sintomas Visíveis 
Folhas inicialmente verde-escuras localizadas em “ramos aquosos” vigorosos, 
tornando-se cloróticas nas pontas e margens (laranjeiras) 
Folhas encurvam-se e as nervuras podem ficar muito salientes (cafeeiro) 
Falta de perfilhamento e “topo caído” (cana-de-açúcar) 
Morte descendente (“dieback”) de ramos 
Gemas múltiplas 
 
Sintomas Químicos 
Aumento na concentração de nitrogênio alfa amínico 
Menor absorção de O2 
 
3.2 - Ferro 
 
3.2.1 - Ferro no Solo 
 
O ferro é o elemento metálico mais comum na crosta terrestre. O ferro 
constitui cerca de 5% da crosta terrestre, sendo o segundo elemento em 
abundância depois do Al entre os metais e o quarto em abundância depois do 
O e Si. O Fe no solo apresenta-se na forma Fe2+ (ferroso) e Fe3+ (férrico), 
dependendo do estado de oxi-redução do sistema. 
O ferro, na forma ferrosa, entra no complexo de troca iônica dos solos. 
A forma férrica é fortemente adsorvida pelos colóides do solo, formando 
complexos com os ácidos húmicos e colóides orgânicos. Os solos sob 
condições de redução ou de alagamento têm alto conteúdo de Fe ferroso. O 
conteúdo de Fe férrico aumenta com o aumento da acidez, atingindo grandes 
teores somente em solos muitos ácidos (Figura 2). 
 
 
Figura 2 - Influência do pH sobre a disponibilidade das formas de ferro na 
solução do solo 
A solubilidade do ferro é afetada pelo estado de oxi-redução e pelo pH 
do solo. A disponibilidade do ferro é maior sob condições de pH mais baixo 
(solo ácido) e com a diminuição do potencial de oxi-redução (Eh) do solo (solo 
alagado). O aumento do suprimento de Fe às raízes pode ocorrer, entre outros 
mecanismos, pela formação de complexos solúveis ou quelatos. Esses agentes 
quelantes podem se originar de exsudatos de raízes, de substâncias 
produzidas pela decomposição da MO do solo e pela ação de microrganismos. 
Normalmente, os solos estão bem providos de Fe, porém podem 
ocorrer situações de deficiência de Fe nas plantas em decorrência de sua 
imobilização. Em solos ácidos, ricos em fosfatos solúveis, pode ocorrer a 
precipitação do Fe+3 na forma de FePO4. Na presença de MnO2, o Fe
2+ se 
oxida, passando à forma de Fe3+ não disponível. Assim, a disponibilidade de Fe 
depende mais do equilíbrio Fe/Mn do que do seu teor absoluto no solo. Devido 
à rapidez de conversão do Fe solúvel em compostos insolúveis não disponíveis 
para a planta, são raros os casos de toxicidade por Fe. 
 
3.2.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O ferro pode chegar às raízes das plantas como Fe2+, Fe3+ e como Fe-
quelato. O íon requerido no metabolismo é o Fe2+ e esta forma é absorvida 
pelas plantas. Ao que parece, a eficiência de absorção está relacionada com a 
capacidade das raízes em efetuar a redução do Fe3+ para Fe2+ na rizosfera. 
Algumas plantas eficientes em absorver ferro baixam o pH da solução e 
excretam substâncias redutoras capazes de reduzir o Fe3+ para Fe2+. 
Na absorção do Fe são envolvidos pelo menos dois processos: no 
primeiro (Figura 3a), que é uma característica das dicotiledôneas, prótons são 
liberados do interior das raízes, o que provoca acidificação da rizosfera. 
Nessas condições, e na presença da Fe-redutase, o Fe3+ é reduzido a Fe2+ na 
membrana plasmática das células das raízes. Este Fe reduzido é transportado 
para o interior da membrana plasmática através de um sistema específico de 
transporte. O segundo processo, que ocorre em gramíneas como cevada, 
milho e aveia, envolve a liberação de sideróforos pelas raízes, os quais formam 
complexos com o Fe3+ e são transportados para o interior das células das 
raízes, não ocorrendo redução para Fe2+ (Figura 3b). 
 
Figura 3 - Processos de absorção de ferro pelas raízes das plantas 
O transporte do Fe no xilema ocorre predominantemente na forma de 
quelato com ácido cítrico (citrato de ferro). O Fe é pouco redistribuído na 
planta, portanto, os sintomas de carência manifestam-se inicialmente nas 
folhas mais novas. 
 
3.2.3 - Funções do Ferro na Planta 
 
A principal função do Fe é a ativação de enzimas, atuando como grupo 
prostético. Participa em reações fundamentais de oxi-redução, tanto em 
hemoproteínas, são enzimas que apresentam o complexo Fe-porfirina 
(citocromos, leghemoglobina, catalase, peroxidase, superóxido dismutase, etc.) 
como em proteínas não hémicas com ligação Fe-S, como ferredoxina, redutase 
do nitrato e do nitrito, nitrogenase e sulfato redutase. Outras enzimas que 
contêm Fe, mas que não atuam como oxi-redutoras, são a aconitase e a 
xantina-oxidase. 
Os citocromos são constituintes do sistema redox em cloroplastos e 
mitocôndrias e na forma de citocromo oxidase, que também tem cobre, atua no 
transporte terminal de elétrons na cadeia respiratória. O papel da 
leghemoglobina no processo de fixação biológica de N2 atmosférico, que atua 
protegendo a enzima nitrogenase a presença de oxigênio. A catalase atua na 
dismutação de H2O2 para água e O2, e tem papel importante nos cloroplastos, 
na fotorrespiração e na glicólise, onde H2O2 é produzido. O H2O2 é um oxidante 
energético e em concentrações elevadas apresenta um efeito deletério aos 
tecidos vegetais. As peroxidases, que são abundantes em plantas, catalisam 
reações de redução de peróxidos orgânicos. Nesta reação, as peroxidases 
ligadas às paredes celulares catalisam a polimerização de fenóis com a 
produção da lignina. As peroxidases são abundantes na parede celular das 
células da endoderme nas raízes. 
A Ferredoxina participa como um transferidor de elétrons em um 
grande número de processos metabólicos importantes, citando-se a 
fotossíntese, redução do nitrito, fixação biológica do N2 e redução do sulfato. 
O Fe também é componente de dois complexos enzimáticos ligadosao 
metabolismo do nitrogênio, a nitrogenase, responsável pela fixação biológica 
do N2, e a Redutase do Nitrato. 
O Fe catalisa a biossíntese da clorofila, já que faz parte de enzimas 
responsáveis pela sua formação. Cerca de 80% do Fe nas folhas estão 
localizados nos cloroplastos. Quando há deficiência desse micronutriente cai o 
teor de clorofila, o número de cloroplastos diminui e há menor quantidade de 
grana nos mesmos. Na ausência de Fe, a planta só apresenta pigmentos 
amarelos (xantofila e caroteno). 
Outras funções também são atribuídas ao Fe. A síntese protéica é 
diminuída em plantas deficientes em Fe, reflexo da diminuição do número de 
ribossomos, organelas de síntese protéica, e no teor de RNA. 
 
3.2.4 - Sintomas de Deficiência de Ferro 
 
Os teores de Fe nas plantas variam entre 10 e 1.500 mg kg-1 de 
matéria seca da planta, dependendo da parte da planta e da espécie, 
considerando-se teores entre 50 e 100 mg kg-1 como adequados para um 
crescimento normal das plantas. As plantas deficientes apresentam teores 
foliares menores que 10 mg kg-1, enquanto acima de 80 mg kg-1 podem-se 
observar sintomas de toxicidade. 
O Fe é pouco móvel na planta, portanto, os sintomas aparecem 
primeiro nas folhas mais novas, as quais amarelecem devido a menor síntese 
de clorofila, enquanto apenas as nervuras podem ficar verdes durante algum 
tempo, destacando-se como um reticulado fino (rede verde fina das nervuras 
sobre fundo amarelo). Com a evolução, as folhas podem sofrer um 
branqueamento. 
 
Sintomas Visíveis 
Clorose das folhas novas (rede verde fina das nervuras sobre fundo 
amarelado) seguida de branqueamento 
Diminuição no crescimento e na frutificação 
 
Sintomas Químicos 
Menor teor de clorofila, elevada produção de pigmentos vermelhos e amarelos 
Alta relação K/Ca 
Alto teor de ácido cítrico 
 
3.3 - Manganês 
 
3.3.1 - Manganês no solo 
 
O Mn é o micronutriente mais abundante no solo depois do ferro. No 
solo, o Mn ocorre em três valências, Mn2+, Mn3+ e Mn4+. Estas formas estão em 
equilíbrio por reações de oxidação-redução. A principal forma de Mn para a 
nutrição das plantas é o Mn2+, que pode encontrar-se adsorvido aos colóides, 
solúvel na solução do solo na forma iônica, em pequena concentração, ou na 
forma de quelato. Análises da solução do solo têm demonstrado que mais de 
90% do Mn está complexado a compostos orgânicos. Nos solos brasileiros, os 
teores de Mn total variam de 10 a 4.000 mg kg-1 e os teores solúveis de 0,1 a 
100mg kg-1. A faixa de variação no solo é muito grande, por causa da 
ocorrência da variação do material de origem. 
Os principais fatores do solo que determinam a disponibilidade de Mn 
são: o pH, as condições de oxi-redução, os teores de matéria orgânica e o 
equilíbrio com outros cátions, principalmente Fe e Ca. Sob condições de solo 
ácido, a disponibilidade é alta devido à maior solubilidade dos compostos que o 
contém. A diminuição do potencial de oxi-redução do solo, por exemplo, pela 
inundação, favorece a solubilização dos óxidos de manganês e maiores teores 
de Mn2+ são observados, o que pode alcançar níveis tóxicos para as culturas. 
 
3.3.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O manganês é absorvido ativamente pelo sistema radicular da planta 
como Mn2+. A presença de altas concentrações de outros cátions no meio, 
principalmente Fe e Ca, diminuem competitivamente a absorção do 
micronutriente. O transporte do manganês no xilema se faz na forma de Mn2+, 
devido possivelmente, a baixa estabilidade do quelato de Mn. O manganês é 
pouco redistribuído na planta, em consequência, os sintomas de deficiências se 
manifestam inicialmente nas folhas mais novas. 
Em condições de bom suprimento de Mn, as folhas acumulam altas 
concentrações conforme avança a idade da planta, sendo uma pequena 
parcela do elemento é translocada das folhas velhas para as novas em 
crescimento, onde o elemento se encontra em menor concentração. Contudo, 
deve-se considerar que a concentração de Mn varia grandemente entre partes 
da planta e durante o período vegetativo. 
 
3.3.3 - Funções do Manganês na Planta 
 
As funções bioquímicas do Mn são semelhantes as do Mg, quanto a 
ativação enzimática. Os dois nutrientes, ao desempenhar suas funções, 
formam pontes entre o ATP e as enzimas transferidoras de grupos 
(fosfoquinases e fosfotransferases). No ciclo de Krebs ativam as enzimas 
descarboxilases e desidrogenases, embora em alguns casos o Mg possa 
substituí-lo. Outras enzimas têm exigência específica por Mn, tais como: 
enzima málica e oxidase do ácido indolacético. Enzimas ativadas por Mg e por 
Mn: sintetase da glutationa, metionina, ATPase, quinase pirúvica, enolase, 
desidrogenase isocítrica, diocarboxilasepirúvica, pirofosforilase, glutamil 
sintetase e glutamil transferase.. 
O Mn é constituinte da enzima superóxido dismutase, sendo a função 
dessa enzima é proteger as membranas biológicas contra os radicais de 
oxigênio livres (O2
-
) formados quando O2 recebe um elétron. A superóxido 
dismutase converte o radical livre (O2
-
), altamente tóxico em H2O2 (peróxido de 
hidrogênio), subsequentemente, a catalase ou uma das várias peroxidases 
transformam o peróxido de hidrogênio em água. 
A RNA polimerase é ativada pelo Mn o que dá ao micronutriente um 
papel indireto na síntese de proteínas e na multiplicação celular. Embora o Mg 
possa substituir o Mn na ativação da polimerase do RNA, a ativação por Mn é 
mais eficiente. Para a mesma atividade, a enzima requer uma concentração de 
Mg dez vezes maior do que a de Mn. 
A função do Mn mais bem estudada em plantas é a sua participação, 
juntamente com o cloro no fotossistema II, na reação de Hill (fotólise da água), 
sendo responsável pela quebra fotoquímica da água e liberação do O2 no 
processo fotossintético. 
 
3.3.4 - Sintomas de Deficiência e Toxidez de Manganês 
 
Os teores de Mn nas plantas variam entre 5 e 1.500 mg kg-1 na matéria 
seca da planta, dependendo da parte da planta e da espécie, considerando-se 
teores entre 20 e 500 mg kg-1 como adequadas para um crescimento e 
desenvolvimento normal das plantas. Em muitas plantas, as folhas com 
sintomas de deficiência possuem teores de Mn menores que 20 mg kg-1 com 
base no tecido seco, enquanto teores superiores a 700 mg kg-1 são 
consideradas tóxicas a maioria das plantas cultivadas. 
Como o Mn é pouco móvel na planta, os sintomas de deficiência se 
manifestam nas folhas mais novas que, inicialmente, mostram um 
amarelecimento internerval (clorose), que se diferencia da deficiência de ferro 
por formar um reticulado grosso: além das nervuras, uma estreita faixa de 
tecido ao longo das mesmas, permanecem verdes. Os sintomas de deficiência 
de Mn podem ocorrer tanto em folhas jovens como em folhas intermediárias. 
Os sintomas iniciais são, frequentemente, clorose entre as nervuras, e 
dependendo da espécie, seguidas de lesões necróticas. 
Muito mais frequente que a deficiência, a toxidez de Mn tem-se 
manifestado em muitas culturas, e que pode ser corrigida pela calagem. 
Frequentemente, dada a interação do Mn com outros nutrientes, o seu excesso 
pode manifestar-se como deficiência induzida de cálcio, magnésio e, em 
especial, de ferro e, só posteriormente, como toxidez. Esta manifesta-se 
primeiramente nas folhas mais novas, através de pontuações de cor marrom ao 
longo das nervuras, que tornam-se necróticas, cercadas por zonas cloróticas. 
 
Sintomas Visíveis 
Clorose das folhas novas (rede verde grossa das nervuras sobre fundo 
amarelado) seguida de branqueamento 
Manchas pequenas e necróticas nas folhas 
Formas anormais das folhas 
 
SintomasCitológicos 
Cloroplastos vacuolados 
Sintomas Químicos 
Menor teor de amido 
Sintomas Fisiológicos 
Respiração diminuída, menor atividade fotossintética 
 
Sintomas de Toxidez 
A princípio deficiência de ferro induzida, depois manchas necróticas ao longo 
das nervuras; encarquilhamento de folhas largas 
Menor nodulação nas leguminosas 
 
 
3.4 - Zinco 
 
3.4.1 - Zinco no solo 
 
Nos solos, os teores de Zn geralmente encontram-se na faixa de 10 a 
300 mg kg-1 de Zn total e não se correlacionam com sua disponibilidade para 
as plantas. Nos solos das regiões tropicais uma alta proporção do Zn se 
encontra em formas adsorvidas na argila e na matéria orgânica do solo (MOS). 
Estima-se que 30-60% do Zn adsorvido esteja preso aos óxidos e hidróxidos de 
ferro e esta retenção aumenta com a elevação do pH, reduzindo a sua 
disponibilidade às plantas. 
O Zn é encontrado nos solos e nas rochas na forma divalente (Zn++). 
Esses minerais, ao sofrerem intemperismo, liberam Zn, que pode ser adsorvido 
aos colóides do solo ou formar complexos com a MOS. 
No solo, o Zn é encontrado nos horizontes superficiais, o que está 
relacionado ao fato de: (a) os resíduos das plantas se depositarem na 
superfície, onde, pela decomposição, liberam este nutriente; e (b) o Zn 
apresentar baixa mobilidade no perfil, devido à sua capacidade de ser fixado 
por MOS, argilas silicatadas e óxidos e hidróxidos de Fe. 
O Zn apresenta-se em três formas principais no solo, responsáveis 
pelo seu suprimento às plantas: 
1) Zn na solução do solo; 
2) Zn trocável, adsorvido pelos colóides; 
3) Zn fixado. Esta forma pode atingir valores importantes, já que o Zn é capaz 
de substituir alguns elementos da estrutura da argila (Al, Mn e Fe), 
permanecendo indisponível para a planta. 
 
3.4.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O Zinco é absorvido pelas plantas na forma de Zn2+. Outros cátions em 
elevadas concentrações inibem competitivamente a absorção do Zn. 
Adubações pesadas com fósforo podem induzir deficiência de Zn. As possíveis 
causas atribuídas a este antagonismo são: precipitação de compostos de P-Zn 
no solo; inibição não competitiva no processo de absorção; menor transporte 
do Zn das raízes para a parte aérea e, principalmente, o “efeito de diluição”. O 
“efeito de diluição” pode ser entendido como a diminuição do teor de um 
determinado nutriente na matéria seca (no caso o Zn), devido ao crescimento 
da planta em resposta à aplicação de outro nutriente deficiente no meio (no 
caso o P). Assim, o crescimento da planta em resposta à aplicação do P, pode 
diluir o teor de Zn na matéria seca a valores abaixo do nível crítico, 
favorecendo o aparecimento de sintomas de deficiência do micronutriente. 
O zinco é transportado das raízes para a parte aérea pelo xilema, 
predominantemente na forma de Zn2+, o que talvez se explique pela baixa 
constante de estabilidade por quelantes orgânicos. Este fato ajuda a entender a 
diminuição do transporte do Zn no xilema, com o aumento do P no meio, 
devido a precipitação do micronutriente pelo fosfato. O Zn é pouco móvel na 
planta, particularmente nas plantas deficientes. Por isso os sintomas de 
carência aparecem nos órgãos mais novos. 
 
3.4.3 - Funções do Zinco na Planta 
 
Diferente dos micronutrientes cobre, ferro e manganês, o Zn é um 
cátion divalente que não passa por trocas de valência e, consequentemente, 
não tem atividade redox. 
A principal função do Zn no metabolismo da planta é como componente 
e ativador enzimático, citando-se as desidrogenases (alcoólica, lactato, malato 
e glutamato), superóxido dismutase e anidrase carbônica. Esta última catalisa a 
dissolução de CO2 como passo prévio à sua assimilação na fotossíntese. 
O zinco está envolvido em três distintos mecanismos na síntese e no 
conteúdo de proteínas nas plantas. Primeiro, o Zn é um componente da RNA 
polimerase, que pela polimerização de nucleotídeos, leva à síntese do RNA. 
Segundo, o Zn é um constituinte dos ribossomos que atua na manutenção da 
integridade estrutural destas organelas. Terceiro, é que o Zn regula a atividade 
da RNAse, que atua na desintegração do RNA. Há clara correlação inversa 
entre o suprimento de Zn e a atividade da RNAse e também entre a atividade 
da RNAse e o conteúdo de proteínas e o crescimento da planta. 
O Zn também está envolvido no metabolismo de auxinas, em particular 
no ácido indolacético (AIA). Ainda não está bem entendido a participação do Zn 
no processo. O baixo nível de AIA em plantas deficientes em Zn pode ser 
resultado da alta atividade da AIA-oxidase. Muitos trabalhos suportam também, 
que o Zn é requerido para a síntese do aminoácido triptofano, um precursor da 
biossíntese do AIA. 
Juntamente com o cobre, o zinco participa do grupo prostético do 
superóxido dismutase (Cu-Zn-SOD). Esta enzima catalisa a conversão do 
radical superóxido (O2
-) para peróxido de hidrogênio mais oxigênio, protegendo 
os tecidos das plantas dos efeitos deletérios causados pelo O2
-. 
 
3.4.4 - Sintomas de Deficiência de Zinco 
Os teores ótimos de Zn no tecido vegetal variam de 20 a 120 mg kg-1 
na matéria seca das plantas, de acordo com as espécies. Deficiências do 
elemento são usualmente associadas com teores menores que 20 mg kg-1 e 
toxidez acima de 400 mg kg-1. 
Devido a pouca mobilidade, os sintomas de deficiência de zinco se 
manifestam nas folhas mais novas. Os sintomas mais típicos da carência do 
elemento consistem no encurtamento dos internódios e na produção de folhas 
novas pequenas, cloróticas e lanceoladas e formação de tufos de folhas na 
ponta dos ramos das plantas perenes (laranjeiras, cafeeiro e pessegueiro) ou 
plantas anãs (milho, arroz, cana de açúcar). 
 
Sintomas Visíveis 
Diminuição no comprimento dos internódios com a formação dos tufos 
terminais de folhas ou plantas anãs 
Folhas novas pequenas, estreitas e alongadas 
Diminuição na produção de sementes 
 
 
Sintomas Químicos 
Acumulação de amidas (glutamina e asparagina) e nitrogênio alfa amínico 
Maior atividade da RNAse 
 
3.5 - Níquel 
 
3.5.1 - Níquel no solo 
 
Os teores de Ni no solo variam ente 1 e 200 mg kg-1. As fontes mais 
importantes de Ni são as calcopiritas e as garnieritas. O Ni é o elemento mais 
recentemente identificado como essencial para as plantas 
 
3.5.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
As plantas o absorvem na forma de cátion divalente (Ni2+). Há pouca 
informação sobre sua redistribuição, entretanto, consideram como elemento 
que pode apresentar uma redistribuição intermediária. 
 
3.5.3 - Funções do Níquel na Planta 
O Ni faz parte da enzima uréase, que contém dois átomos por 
molécula, a qual participa da hidrólise enzimática da uréia, transformando-a em 
NH4
+ e CO2. Desse modo, este elemento é importante para as plantas que 
recebem adubações com uréia, exercendo papel importante no metabolismo do 
nitrogênio na planta. 
 
3.5.4 - Sintomas de Deficiência e Toxidez de Níquel 
Os teores de Ni nas plantas variam entre 0,3 e 3,5 mg kg-1 na matéria 
seca da planta, dependendo da parte amostrada e da espécie, considerando-
se teores próximos a 1,5 mg kg-1 como adequadas ao crescimento normal das 
plantas. Os níveis críticos que levam à toxidez de espécies sensíveis e 
moderadamente tolerantes são maiores que 10 e maior que 50 mg kg-1, 
respectivamente. 
Os sintomas de deficiência de Ni em leguminosas caracterizam-se pelo 
acúmulo de uréia, provocando necrose dos folíolos. A uréia é produzida 
durante o metabolismo do nitrogênio, comum nas plantas. Plantas de tomate 
deficientes em Ni apresentam clorose em folhas jovens, evoluindo para 
necrose domeristema. 
A toxicidade de Ni ocorre nos solos com elevado teor do elemento, 
como naqueles originados de serpentina. Dada a competição do Ni2+, com o 
Fe2+ e o Zn2+ no processo de absorção, é comum observar inicialmente, 
deficiência destes micronutrientes como o primeiro sintoma da toxidez de Ni. 
Nas gramíneas o sintoma de toxidez consiste em clorose ao longo das 
nervuras; a folha inteira pode tomar uma tonalidade esbranquiçada e, em casos 
extremos, há necrose nas margens. Nas dicotiledôneas, aparece uma clorose 
internerval, sintoma parecido com a deficiência de Mn. 
 
4 - Micronutrientes Aniônicos 
 
4.1 - Boro 
 
4.1.1 - Boro no Solo 
 
Os teores de boro (B) total nos solos são bastante variados, citando-se 
valores de 20 a 200 mg kg-1; pequena fração deste está na forma disponível às 
plantas, variando de 0,4 a 5 mg kg-1. Em solos das regiões úmidas, a turmalina 
constitui o principal mineral primário contendo B, mas de pouca importância no 
fornecimento do elemento às plantas, devido a sua alta resistência ao 
intemperismo. A matéria orgânica é a principal fonte de B destes solos às 
plantas. Portanto, solos com baixos teores de matéria orgânica e a ocorrência 
de fatores que diminuem a sua mineralização, predispõem as culturas à 
carência do micronutriente. Em geral, os solos de regiões costeiras contêm 
entre 10 e 50 vezes mais B que os demais solos, o que se deve à origem 
marinha. 
Na fase sólida do solo, o B é encontrado em três formas: nos minerais 
silicatados e adsorvido em argilominerais; na matéria orgânica e nos hidróxidos 
de Al e Fe. 
O B disponível para as plantas encontra-se na solução do solo como 
ácido bórico em condições de pH neutro, formando complexos com Ca ou 
ligado a compostos orgânicos solúveis. As formas de B disponível para as 
plantas no solo representam uma fração muito pequena do B total, com teores 
em torno de 0,1 a 3,0 mg kg-1. 
Diversos fatores influenciam a disponibilidade de B do solo. Sua fixação 
pelo solo depende do pH, sendo máxima em pH entre 8 e 9. A mineralização 
da MO constitui-se em uma fonte importante de B para a planta. A textura do 
solo também tem sua influência, já que em solos de textura arenosa o B pode 
ser facilmente lixiviado, enquanto naqueles de textura argilosa sua mobilidade 
é praticamente nula. Assim, as aplicações de B em solos argilosos 
proporcionam perdas praticamente nulas, ao contrário do que ocorre nos solos 
arenosos. 
Em geral, o B solúvel encontra-se nas camadas superficiais dos solos 
bem drenados, ligado à MOS, o que, em condições de períodos de seca, pode 
dificultar a absorção do B pelas plantas. Deve-se considerar, também, que em 
condições de excesso de calagem pode ocorrer redução na disponibilidade de 
B. 
 
4.1.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O Boro é absorvido pelas raízes das plantas na forma de ácido bórico 
não dissociado (H3BO3), a principal forma solúvel na solução do solo e, 
provavelmente, como ânion borato [(B(OH)4
-)]. Há ainda muitas controvérsias 
se o B é absorvido por processo passivo ou ativo. Tal como ocorre com o 
cálcio, o B sofre um transporte unidirecional no xilema, via corrente 
transpiratória, das raízes para a parte aérea; no floema, o B é praticamente 
imóvel. Assim, o boro não é redistribuído nas plantas, o que provoca o 
aparecimento dos sintomas de carência primeiramente nos órgãos mais novos 
e nas regiões de crescimento. O movimento do B no xilema ocorre devido ao 
fluxo transpiratório, provavelmente seja a razão para o aparecimento de 
sintomas de deficiência em pontos de crescimento, com menor fluxo 
transpiratório. 
Em geral, a parte aérea da planta apresenta maior concentração de B 
do que as raízes, acumulando-se nas folhas mais velhas, nas quais a 
concentração é maior nas pontas e margens. Esta distribuição de B na planta é 
atribuído ao transporte do mesmo pelo fluxo transpiratório. 
 
4.1.3 - Funções do Boro na Planta 
O B tem importante função na translocação de açúcares e no 
metabolismo de carboidrato. Uma importante função atribuída ao boro é a de 
facilitar o transporte de açúcares através das membranas. Neste caso, o B 
formar complexos açúcar-borato que atravessa mais facilmente as membranas 
celulares do que as moléculas de açúcares altamente polares. Hoje, aceita-se 
também que o B esteja envolvido na síntese da base nitrogenada uracila. Esta 
base é precursora da uridina difosfato glicose (UDPG) a qual é uma coenzima 
essencial na síntese da sacarose, que é a forma mais importante de açúcar 
transportada na planta. Assim, o menor transporte de açúcar em plantas 
deficientes em boro seria consequência destes dois fatores. 
Como a uracila é uma base nitrogenada componente do RNA, a 
deficiência de B também afeta a síntese do ácido nucléico e, em consequência, 
a síntese de proteínas. Também tem sido demonstrado que o B é necessário 
para a incorporação do fosfato em nucleosídeos para a formação de 
nucleotídeos, que são as unidades formadoras dos ácidos nucléicos. Em 
plantas deficientes em B, ocorre menor síntese de DNA e RNA, levando, em 
consequência, à menor produção de proteínas pelas plantas. 
O B desempenha importante papel no florescimento, no crescimento do 
tubo polínico e nos processos de frutificação. A exigência em boro é 
normalmente maior na fase reprodutiva do que para o crescimento vegetativo 
das plantas. Isto é devida sua participação no processo de fertilização; o B está 
envolvido na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico, 
cuja carência leva a esterilidade masculina, a má formação de sementes e dos 
frutos. 
As funções do B no apoplasto são relativamente similares às do cálcio, 
ambos regulando a síntese e a estabilidade dos constituintes da parede celular 
e da membrana plasmática. Neste caso, o efeito é, provacelmente, pela 
formação de complexos cis-diol-borato com os constituintes da parede celular e 
da membrana plasmática. O maior requerimento de B pelas dicotiledôneas em 
relação às monocotiledôneas, é provavelmente, relacionado à maior proporção 
de compostos com a configuração cis-diol na parede celular, principalmente 
com hemicelulose e precursores da lignina. Tem sido mostrado que o conteúdo 
de B fortemente complexado na parede celular de monocotiledôneas varia de 3 
a 5 µg g-1 na matéria seca e de certas dicotiledôneas, é superior a 30 µg g-1 na 
matéria seca. Estas diferenças refletem as diferentes exigências em boro entre 
as espécies. 
 
4.1.4 - Sintomas de Deficiência e Toxidez de Boro 
Os teores de B nos tecidos das monocotiledôneas, geralmente, variam 
de 6 a 18 mg kg-1 e nas dicotiledôneas, de 20 a 60 mg kg-1 na matéria seca; por 
isso, a deficiência de boro nas monocotiledôneas é menos comum no campo. 
Dado a imobilidade do B na planta, os sintomas de deficiência 
aparecem primeiramente nos órgãos mais novos e nos meristemas apicais, 
tanto da parte aérea quanto das raízes. Caracteriza-se pela redução do 
tamanho e deformação das folhas mais novas, morte da gema apical, menor 
crescimento das raízes. As folhas podem se tornar distorcidas e o caule, 
áspero e com rachaduras. O florescimento é severamente afetado. Se o fruto 
se forma, frequentemente ele mostra sintomas similares aqueles encontrados 
nos caules. 
O mais rápido efeito da deficiência de boro em plantas é a paralisação 
do crescimento dos meristemas apicais, tanto das raízes quanto da parte 
aérea. Admite-se que a paralisação do crescimento dos meristemas em plantas 
deficientes em boro é resultado de ambos, menor elongação das células e 
acumulação de níveis tóxicos de AIA. 
Sabe-se que existe um limite estreito entre o teor adequado e o níveltóxico de B na planta; portanto, a adubação com B deve ser cuidadosa, 
principalmente nos solos arenosos, que devem receber doses menores e mais 
freqüentes, comparativamente aos argilosos. 
Os sintomas de toxidez manifestam-se como uma clorose malhada e 
depois manchas necróticas nas bordas das folhas mais velhas, que coincidem 
com as regiões da folha onde há maior transpiração. 
 
Sintomas Visíveis 
Morte do meristema apical do caule, redução do crescimento e deformações 
nas zonas de crescimento, crescimento reduzido de raízes 
Diminuição da superfície foliar, com folhas jovens deformadas, espessas, 
quebradiças e pequenas. Podem apresentar clorose ou, inclusive, uma cor 
verde mais intensa 
O florescimento pode não ocorrer (abortamento floral), má polinização, frutos 
deformados com lesões externas e internas 
O caule às vezes racha 
 
Sintomas Químicos 
Acúmulo de compostos nitrogenados nas partes mais velhas 
Diminuição da concentração de clorofila 
 
Sintomas Anatômicos 
Paredes celulares muito finas 
Colapso dos vasos condutores 
 
 
4.2 - Molibdênio 
 
4.2.1 - Molibdênio no Solo 
 
O molibdênio (Mo) é o micronutriente menos abundante no solo e o 
menos exigido pelas culturas. O Mo aparece no solo na forma aniônica 
(HMoO4
- e MoO4
2-) e pode ser adsorvido ao solo, principalmente a óxidos de 
ferro e alumínio (Fe2O3 e Al2O3), de maneira similar à que acontece com sulfato 
e fosfatos. Normalmente, a maior parte do Mo encontra-se em formas não-
disponíveis para a planta. De forma diferente dos outros micronutrientes (Fe, 
Mn, Cu e Zn), a disponibilidade do Mo aumenta com o aumento do pH do solo. 
A calagem pode, às vezes, corrigir a deficiência do elemento pelo aumento da 
sua disponibilidade. 
 
4.2.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
Em valores de pH do solo maiores do que 5, o Mo é absorvido 
predominantemente como MoO4
2-. Grandes quantidades de MoO4
2- podem ser 
absorvidas pelas plantas sem efeitos tóxicos. 
O H2PO4
- apresenta efeito sinergístico na absorção e transporte do 
MoO4
2-, possivelmente, pelo deslocamento do Mo dos pontos de adsorção no 
solo, tornando-o mais disponível e/ou formação do composto fosfomolibdato 
mais solúvel na membrana. Já o SO4
2- apresenta efeito inibitório na absorção 
de MoO4
2-. O transporte do Mo no xilema pode ocorrer como MoO4
2-, ligado a 
aminoácidos ou complexado a açúcares ou com outros compostos 
polihidroxilados. O Mo é considerado moderadamente móvel na planta. 
 
4.2.3 - Funções do Molibdênio na Planta 
O Mo é componente de duas enzimas essenciais ao metabolismo do 
nitrogênio, a redutase do nitrato e a nitrogenase. A redutase do nitrato, como 
visto, é a enzima responsável pelo primeiro passo da redução assimilatória do 
nitrato (NO3
- → NO2
-), e contém além do Mo também o Fe. A nitrogenase, que 
também contém Mo e Fe, é o complexo enzimático responsável pela fixação 
biológica do N2 em microrganismos fixadores de vida livre ou simbióticos. Por 
esta razão é que a concentração de Mo nos nódulos é várias vezes maior do 
que aquela encontrada nas folhas das leguminosas. 
É possível que além das suas funções mencionadas o Mo tenha 
outras, visto que plantas deficientes mostram menores teores de ácido 
ascórbico (Vitamina C) e de açúcares. 
 
4.2.4 - Sintomas de Deficiência de Molibdênio 
 
As plantas requerem pequenas quantidades de Mo, menos de 1,0 mg 
kg-1 de Mo na matéria seca da planta, o que representa, em geral, 40 a 50 g 
ha-1 para suprir as necessidades da maioria das culturas. 
Os teores de Mo nas plantas variam entre 0,01 e 500 mg kg-1 na 
matéria seca, dependendo da parte da planta e da espécie, considerando-se 
teores entre 0,6 e 10 mg kg-1 como adequado para o crescimento normal das 
plantas. As plantas deficientes apresentam teores foliares entre 0,01 e 0,6 mg 
kg-1. 
O sintoma característico de deficiência de Mo é que as folhas, ainda 
que mantendo a cor verde, deformam-se, devido à morte de células do 
parênquima. As folhas apresentam tamanho reduzido, apresentando clorose e 
mosqueado de cor marrom (em toda ou parte da folha); surgem zonas 
necróticas na ponta da folha, que se estendem até as bordas. Por último, a 
folha morre, provocando queda prematura. No gênero brássica o “rabo de 
chicote”, que consiste de folhas novas que crescem quase desprovidas de 
limbo, cresce apenas a nervura principal, é um sintoma típico de deficiência de 
Mo. A deficiência de Mo induz uma concentração anormal de NO3
- nas folhas 
e, portanto, influi no metabolismo do N. A deficiência de Mo pode influenciar a 
viabilidade do grão de pólen e, consequentemente, a produtividade das 
plantas. 
 
Sintomas Visíveis 
Clorose malhada geral, manchas amarelo-esverdeadas ou laranja brilhantes 
em folhas mais velhas e depois necrose 
Murcha das margens e encurvamento do limbo para cima (tomateiro) ou para 
baixo (cafeeiro) 
Áreas úmidas e translúcidas em algumas espécies 
Floração pode ser suprimida 
Leguminosas podem mostrar sintomas de falta de nitrogênio 
No gênero Brassica o “rabo de chicote”, que consiste de folhas que crescem 
rapidamente quase desprovidas de limbo 
Menor nodulação nas leguminosas 
 
Sintomas Químicos 
Alto teor de nitrato 
 
4.3 - Cloro 
 
4.3.1 - Cloro no Solo 
 
O Cl é encontrado na natureza principalmente como cloreto (Cl-). O conteúdo 
no solo apresenta grande variabilidade (50 a 3000 kg ha-1 de Cl-), dependendo 
dos sais presentes (principalmente como NaCl e, em menor proporção, como 
CaCl2 e MgCl2). Geralmente, os teores de Cl nos solos são suficientes para 
atender às necessidades das plantas. Em geral, seu teor nos solos não é 
elevado, devido à sua grande mobilidade. No entanto, podem ocorrer casos de 
toxicidade, principalmente em locais onde a evaporação supera a lixiviação e 
não ocorre lavagem deste ânion. 
 
4.3.2 - Absorção, Transporte e Redistribuição 
 
O Cl é absorvido pelas plantas, tanto pela raiz como pelas folhas, na 
forma de Cl- e tem grande mobilidade na planta. 
 
 
 
4.3.3 - Funções do Cloro na Planta 
O Cloro, juntamente com o manganês, está envolvimento na quebra 
fotoquímica da água no fotossistema II (reação de Hill), no sistema de liberação 
do O2 na fotossíntese. 
A fotofosforilação, produção de ATP na fotossíntese, depende do fluxo 
de elétrons, este processo também é influenciado pelo cloro. 
Evidências mais recentes indicam que a ATPase localizada na 
membrana do tonoplasto é estimulada especificamente pelo Cl-. Portanto, o 
efeito do KCl sobre a atividade de ATPase nas raízes pode ser resultado de 
duas reações separadas: na primeira o K+ estimula a ATPase ligada à 
plasmalema e na segunda o Cl- ativa a ATPase ligada ao tonoplasto. 
Tem sido também atribuído ao cloro uma importante função, atuando 
na regulação osmótica, o que afetaria indiretamente a fotossíntese e o 
crescimento da planta, via controle da abertura e fechamento estomatal. 
 
4.3.4 - Sintomas de Deficiência e Toxidez de Cloro 
 
Os teores de cloro nos tecidos das plantas geralmente estão entre 2 a 
20 g kg-1, níveis típicos dos macronutrientes. Por outro lado, o requerimento 
para o ótimo crescimento está entre 340 a 1200 mg kg-1, níveis compatíveis 
com os micronutrientes. Considerando em média 1000 mg kg-1 de Cl na 
matéria seca das plantas como nível ótimo, o requerimento médio das culturas 
seria de 8 a 10 kg ha-1 do elemento, demanda esta suprida pela atmosfera e 
pela água da chuva. 
Os sintomas de deficiências não são fáceis de identificar e poucas 
vezes se desenvolvem em condições de campo. Os sintomas mais comuns 
consistem na redução do tamanho das folhas,clorose, seguida por um 
bronzeado, evoluindo para necrose e deformação das folhas que tomam 
aspecto de taça. As raízes de plantas deficientes também crescem menos. 
Os sintomas de excesso são mais frequentes e mais graves do que os 
de deficiência. Contudo, os sintomas de toxidez dependem do grau de 
tolerância das plantas (as plantas mais tolerantes são as halófitas, bem como 
beterraba, milho, cevada, espinafre e tomate). Os sintomas de toxidez se 
caracterizam pela redução da largura das folhas, que tendem a enrolar, assim 
como por amplas necroses, que provocam secamento e queda prematura das 
folhas. 
 
Sintomas Visíveis 
Diminuição no tamanho das folhas (primeiro sintoma) 
Murchamento de folíolos apicais das folhas mais velhas 
Clorose, bronzeamento e necrose 
Supressão da frutificação 
Raízes curtas, não ramificadas 
 
Sintomas de Toxidez 
Necrose das pontas e margens 
Amarelecimento prematuro e abscisão das folhas

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