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Aula 06 Direito Penal p/ PC-AP (Delegado) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo AULA 06: DAS PENAS (PARTE II): APLICAÌO DA PENA. SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA. LIVRAMENTO CONDICIONAL. EFEITOS DA CONDENAÌO. MEDIDAS DE SEGURANA. EXTINÌO DA PUNIBILIDADE. AÌO PENAL. SUMçRIO 1 DAS PENAS ........................................................................................................... 3 1.1 Aplicao das penas ....................................................................................... 3 1.1.1 Etapas da fixao da pena privativa de liberdade ................................................ 3 1.1.1.1 Fixao da pena-base .............................................................................. 3 1.1.1.2 Segunda fase: anlise das agravantes e atenuantes ..................................... 6 (a) Reincidncia ........................................................................................................ 8 (b) Disposies gerais acerca da segunda fase de aplicao da pena ............................... 10 1.1.1.3 Terceira fase: aplicao das causas de aumento e diminuio da pena .......... 10 1.1.1.4 Disposies finais .................................................................................. 12 2 SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA .................................................................. 13 2.1 Conceito ....................................................................................................... 13 2.2 Requisitos objetivos ..................................................................................... 13 2.3 Requisitos subjetivos ................................................................................... 14 2.4 Espcies de sursis e condies ..................................................................... 14 2.5 Revogao do sursis, prorrogao do prazo e cumprimento das obrigaes 15 3 LIVRAMENTO CONDICIONAL .............................................................................. 17 3.1 Conceito ....................................................................................................... 17 3.2 Requisitos .................................................................................................... 18 3.2.1 Requisitos objetivos ..................................................................................... 18 (a) Quantidade da pena ............................................................................................ 18 (b) Parcela da pena j cumprida ................................................................................ 18 (c) Reparao do dano ............................................................................................. 19 3.2.2 Requisitos subjetivos .................................................................................... 19 (d) Bom comportamento durante a execuo da pena, aptido para prover a subsistncia e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribudo ......................................................... 19 3.3 Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revogao e extino do benefcio ................................................................................................................... 20 4 MEDIDAS DE SEGURANA ................................................................................... 22 5 EFEITOS DA CONDENAÌO ................................................................................. 25 5.1 Natureza e espcies ..................................................................................... 25 5.2 Efeitos genricos .......................................................................................... 27 5.2.1 Obrigao de reparar o dano ......................................................................... 27 5.2.2 Confisco ..................................................................................................... 28 5.3 Efeitos especficos ........................................................................................ 28 5.3.1 Perda do cargo, funo pblica ou mandato eletivo ........................................... 28 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo 5.3.2 Incapacidade para exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela .......................... 29 5.3.3 Inabilitao para dirigir veculo ...................................................................... 30 5.4 Reabilitao ................................................................................................. 31 5.4.1 Sigilo das condenaes ................................................................................. 31 5.4.2 Efeitos secundrios extrapenais da condenao ................................................ 32 5.4.3 Pressupostos e requisitos para a Reabilitao ................................................... 32 6 PUNIBILIDADE E SUA EXTINÌO ........................................................................ 33 6.1 Introduo ................................................................................................... 33 6.2 Causas de extino da punibilidade diversas da prescrio .......................... 34 6.3 Prescrio .................................................................................................... 37 6.3.1 Prescrio da pretenso punitiva .................................................................... 37 6.3.2 Prescrio da pretenso executria ................................................................. 43 6.3.3 Disposies importantes sobre a prescrio ..................................................... 45 7 DA AÌO PENAL NO CîDIGO PENAL ................................................................... 45 8 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 47 9 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 65 9.1 Smulas do STF ............................................................................................ 65 9.2 Smulas do STJ ............................................................................................ 68 10 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ........................................................................ 70 11 RESUMO .......................................................................................................... 73 12 EXERCêCIOS PARA PRATICAR .......................................................................... 85 13 EXERCêCIOS COMENTADOS ............................................................................. 99 14 GABARITO ..................................................................................................... 127 Ol, meus amigos concurseiros! Na aula de hoje, dando seguimento ao nosso estudo, vamos estudar a aplicao das penas, bem como analisar diversos institutos relacionados pena: livramento condicional, suspenso condicional da pena, efeitos da condenao e medidas de segurana (espcie de sano penal), alm da extino da punibilidade e da ao penal. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo 1! DAS PENAS 1.1!Aplicao das penas A aplicao da pena o ato mediante o qual o Juiz, aps o processo criminal, proferindo sentena penal condenatria, efetivamente aplica a sano penal ao infrator. A doutrina o classifica como um ato discricionriodo juridicamente vinculado, ou seja, o Juiz possui certo grau de discricionariedade na fixao da pena, mas deve respeitar os limites estabelecidos pela Lei. O sistema de aplicao da pena estabelecido pelo CP o trifsico, no que tange pena privativa de liberdade, pois ela fixada aps a superao de trs etapas: Art. 68 - A pena-base ser fixada atendendo-se ao critrio do art. 59 deste Cdigo; em seguida sero consideradas as circunstncias atenuantes e agravantes; por ltimo, as causas de diminuio e de aumento. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 1.1.1!Etapas da fixao da pena privativa de liberdade Como vimos, na fixao da pena privativa de liberdade se adota um sistema trifsico. Da seguinte forma: SISTEMA TRIFçSICO DE APLICAÌO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE ¥! Fixao da pena-base ¥! Aplicao de agravantes e atenuantes ¥! Aplicao de causas de aumento e diminuio da pena 1.1.1.1! Fixao da pena-base Assim dispe o art. 59 do CP: Art. 59 - O juiz, atendendo culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade do agente, aos motivos, s circunstncias e consequncias do crime, bem como ao comportamento da vtima, estabelecer, conforme seja necessrio e suficiente para reprovao e preveno do crime: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Essas circunstncias mencionadas no art. 59 so chamadas de circunstncias judiciais, e so levadas em considerao pelo Juiz para a fixao da pena-base. Quando favorveis ao agente, trazem a pena-base para prximo do mnimo previsto. Quanto mais desfavorveis, elevam a pena-base para mais prximo do mximo previsto. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo CUIDADO! Nesta etapa, ainda que as circunstncias judiciais sejam extremamente favorveis ao condenado, no pode o Juiz fixar a pena-base abaixo do mnimo legal. Alm disso, as circunstncias judiciais possuem um carter subsidirio, ou seja, s podem ser levadas em considerao se no tiverem sido consideradas na previso do tipo penal e no constituam circunstncias legais (agravantes ou atenuantes) ou causas de aumento e diminuio da pena. EXEMPLO: Imagine que Jos condenado por agredir um senhor de 85 anos. O Juiz no pode agravar a pena-base em razo das circunstncias do crime (superioridade de foras em relao vtima, que pessoa vulnervel), pois essa circunstncia prevista no art. 61, II, h do CP como uma circunstncia legal (agravante). Vejamos: Art. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena, quando no constituem ou qualificam o crime:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - a reincidncia; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - ter o agente cometido o crime: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (...) h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grvida; (Redao dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003) Assim, se o Juiz aumentasse a pena-base por aquele motivo, e depois aplicasse a circunstncia legal agravante, haveria o que se chama de Bis in idem, que a considerao de uma mesma circunstncia duas vezes em prejuzo do ru, o que no permitido (Ou dupla punio pelo mesmo fato). ⇒! E se o crime for qualificado, e o agente tiver praticado o crime mediante a prtica de diversas qualificadoras? Nesse caso, o entendimento majoritrio o de que o Juiz deve levar apenas uma qualificadora em considerao para qualificar o crime, utilizando as demais como circunstncias agravantes (se previstas) ou circunstncias judiciais (que agravam a pena-base). EXEMPLO: Imaginem que Ronaldo cometeu homicdio por motivo torpe, mediante emboscada e com a finalidade de assegurar a ocultao de outro crime. Estas trs situaes (motivo torpe, emboscada e finalidade de assegurar a ocultao de outro crime) so qualificadoras do homicdio. Vejamos: ¤ 2¡ Se o homicdio cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; (...); IV - traio, de emboscada, ou mediante dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Pena - recluso, de doze a trinta anos. Nesse caso, o Juiz considerar apenas um dos fatores para qualificar o crime, utilizando os demais como agravantes ou circunstncias judiciais que aumentam a pena-base. Como todas as trs situaes so circunstncias agravantes genricas, o Juiz dever utilizar as outras duas como agravantes. Nos termos do art. 61, II do CP: Art. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena, quando no constituem ou qualificam o crime:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (...) II - ter o agente cometido o crime: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) a) por motivo ftil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) traio, de emboscada, ou mediante dissimulao, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossvel a defesa do ofendido; Portanto, a utilizao de algum fato como circunstncia judicial se d de maneira subsidiria, ou seja, somente se este fato ainda no tenha sido levado em conta na prpria definio do crime ou no se trate de circunstncia agravante ou causa de aumento de pena. Na fixao da pena-base, o Juiz deve partir do mnimo legal, e s poder sair desse patamar se estiverem presentes circunstncias desfavorveis, devendo fundamentar a sua deciso. Algumas questes costumam ser bem polmicas. Vamos a elas: ¥! Maus antecedentes Ð O STJ e o STF entendem que a mera existncia de Inquritos Policiais e aes penais em curso, sem trnsito em julgado1, no podem ser considerados como maus antecedentes para aumento da pena-base, pois isso seria violao ao princpio da presuno de inocncia (smula 444 do STJ) ¥! Condenao anterior Ð No pode ser considerada como mau antecedente, pois j considerada como reincidncia (agravante). 1 No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenao em segunda instncia por um rgo colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o princpio da presuno de inocncia, admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j estaria formada nesse momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contrrio). Isso significa que, possivelmente, teremos (num futuro breve) alterao nesta smula do STJ e na jurisprudncia consolidada do STF, de forma que aes penais em curso passem a poder ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condenao em segunda instncia por rgo colegiado (mesmo sem trnsito em julgado). HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo ¥! Consequncias do crime - Para que possam caracterizar circunstncia judicial apta a aumentar pena base, devem ser consequncias que no sejam as naturais do delito Ð EXEMPLO: O Juiz no pode aumentar a pena base de um homicdio consumado ao argumento de que a consequncia do crime foi grave, j que a vtima morreu. Ora, em todo homicdio consumado LîGICO que a vtima morreu! ¥! Gravidade abstrata do delito e aumento da pena base ou fixao de regime de cumprimentode pena mais gravoso Ð No pode o julgador aumentar a pena base apenas por entender que o delito , abstratamente, grave (pois isso j foi levado em conta pelo legislador ao fixar os patamares mnimo e mximo). Alm disso, tal circunstncia tambm no pode ser utilizada para a fixao de regime prisional mais gravoso que o naturalmente previsto para aquela quantidade de pena aplicada. Smula 718 do STF: Smula 718 do STF A OPINIÌO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÌO CONSTITUI MOTIVAÌO IDïNEA PARA A IMPOSIÌO DE REGIME MAIS SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA. 1.1.1.2! Segunda fase: anlise das agravantes e atenuantes So circunstncias legais, que agravam ou atenuam a pena fixada inicialmente (pena-base). So consideradas ÒgenricasÓ por estarem previstas na parte geral do CP. Existem, entretanto, atenuantes especficas, previstas para determinados tipos penais, como, por exemplo, a prevista no art. 398 do CTB Ð Cdigo de Trnsito Brasileiro. As agravantes genricas esto previstas nos arts. 61 a 62 do CP, e SÌO UM ROL TAXATIVO (somente aquelas). Nos termos do CP, as agravantes genricas so: Art. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena, quando no constituem ou qualificam o crime:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - a reincidncia; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - ter o agente cometido o crime: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) a) por motivo ftil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) traio, de emboscada, ou mediante dissimulao, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossvel a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmo ou cnjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade, ou com violncia contra a mulher na forma da lei especfica; (Redao dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006) g) com abuso de poder ou violao de dever inerente a cargo, ofcio, ministrio ou profisso; (Redao dada pela Lei n¼ 9.318, de 1996) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grvida; (Redao dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003) i) quando o ofendido estava sob a imediata proteo da autoridade; j) em ocasio de incndio, naufrgio, inundao ou qualquer calamidade pblica, ou de desgraa particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena ser ainda agravada em relao ao agente que: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - promove, ou organiza a cooperao no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - coage ou induz outrem execuo material do crime; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) III - instiga ou determina a cometer o crime algum sujeito sua autoridade ou no- punvel em virtude de condio ou qualidade pessoal; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) J as atenuantes genricas (favorveis ao ru) esto previstas no art. 65 do CP, e so um ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO (conforme preconiza o art. 66 do CP), ou seja, podem ser utilizadas outras circunstncias no previstas naquela lista. Nos termos do CP: Art. 65 - So circunstncias que sempre atenuam a pena: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentena; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - o desconhecimento da lei; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) III - ter o agente:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontnea vontade e com eficincia, logo aps o crime, evitar- lhe ou minorar-lhe as consequncias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coao a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influncia de violenta emoo, provocada por ato injusto da vtima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influncia de multido em tumulto, se no o provocou. Art. 66 - A pena poder ser ainda atenuada em razo de circunstncia relevante, anterior ou posterior ao crime, embora no prevista expressamente em lei. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) A Doutrina entende, ainda, que as agravantes s se aplicam aos crimes dolosos (majoritria), exceto a agravante da reincidncia.2 2 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo As circunstncias legais (agravantes e atenuantes genricas) so de aplicao obrigatria pelo Juiz. Em qualquer caso, a aplicao de uma agravante nunca pode levar a pena a ficar acima do mximo previsto para o crime. Assim, se o Juiz, ao fixar a pena base, a fixa no mximo legal, de nada servir a agravante genrica. Da mesma forma, sendo fixada a pena-base no mnimo legal, a aplicao da atenuante no ter qualquer utilidade, pois a pena j estar no mnimo legal (smula 231 do STJ). A Lei Penal, entretanto, no estabelece uma quantidade de diminuio ou aumento que deva ser aplicada. Esse critrio do Juiz. Com relao s agravantes, destacamos a reincidncia, por ser extremamente complexa. Vamos estud-la detalhadamente. (a)! Reincidncia A reincidncia a prtica de um crime aps ter o agente sido condenado por sentena irrecorrvel em outro crime, no Brasil ou no exterior (art. 63 do CP). No entanto, possvel a reincidncia no caso de prtica de contraveno aps ter sido o agente condenado por sentena irrecorrvel pela prtica de crime ou contraveno. No entanto, a prtica de crime aps a condenao criminal irrecorrvel por contraveno NÌO GERA REINCIDæNCIA. Assim: INFRAÌO ANTERIOR INFRAÌO POSTERIOR RESULTADO CRIME CRIME REINCIDENTE CRIME CONTRAVENÌO REINCIDENTE CONTRAVENÌO CONTRAVENÌO REINCIDENTE CONTRAVENÌO CRIME PRIMçRIO Resumindo, a prtica de contraveno penal aps a condenao irrecorrvel por qualquer infrao penal (contraveno ou crime), gera reincidncia. J a prtica de crime s gera a condio de reincidente se a condenao anterior se deu por outro crime, no gerando este efeito no caso de condenao anterior por contraveno. Assim, temos a absurda hiptese de algum praticar duas contravenes e ser reincidente. J no caso de prtica de um crime posteriormente a uma condenao por contraveno, SERç PRIMçRIO! Trata-se de brecha legislativa!3 3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 523 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Nos termos do art. 63 do CP: Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o tenha condenadopor crime anterior. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Para que seja provada a reincidncia, necessrio que haja certido do cartrio judicial acerca da condenao anterior (STJ). A reincidncia pode ser: a) real Ð quando o agente comete novo crime aps cumprir a pena anterior. b) ficta ou presumida Ð quando o agente pratica novo crime aps a condenao anterior, pouco importando se tenha ou no cumprido a pena. O CP ADOTOU A TEORIA PRESUMIDA. A reincidncia pode, ainda, ser: a) genrica Ð os crimes praticados so diversos. b) especfica Ð os crimes praticados so previstos no mesmo tipo penal. Em regra, no se distingue uma da outra (genrica da especfica), mas h situaes em que a Lei estabelece consequncias diferentes para o reincidente genrico e para o especfico (essa ltima sempre considerada mais grave). A reincidncia s ocorrer se o crime novo for praticado no perodo de at cinco anos a partir da data EM QUE A PENA ANTERIOR SE EXTINGUIU (e no a data da sentena), computando-se o perodo de prova da suspenso condicional da pena ou do livramento condicional, se no tiver havido revogao. ESSE PERêODO SE CHAMA PERêODO DEPURADOR. CUIDADO! No crime anterior, se houve a extino da punibilidade antes de ser proferida sentena condenatria irrecorrvel, NUNCA HAVERç REINCIDæNCIA, pois no chegou a haver condenao irrecorrvel. Assim, temos o reincidente (aquele que se enquadra nas situaes explicadas) e o primrio (aquele que no se enquadra nestas situaes). Todavia, a Jurisprudncia criou a figura do TECNICAMENTE PRIMçRIO4, que aquele camarada que possui condenao definitiva, mas no reincidente, por no ter praticado crime aps a condenao definitiva no outro, mas antes desta, ou por ter praticado esta nova infrao aps o PERêODO DEPURADOR. 4 Boa parte da Doutrina entende que essa figura no existe. A pessoa seria, apenas, PRIMçRIO. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Cuidado! Os crimes militares e os crimes polticos no geram reincidncia no campo penal comum.5 (b)! Disposies gerais acerca da segunda fase de aplicao da pena Havendo coexistncia entre uma agravante e uma atenuante, no h, a princpio, compensao de uma por outra, devendo prevalecer aquela que for considerada preponderante. Mas qual ser a preponderante? Ser preponderante: ¥! Menoridade do agente (ser menor de 21 anos poca do fato) Ð PREPONDERA SOBRE TODAS!6 ¥! Aquelas relativas aos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidncia. ¥! Outras circunstncias Nos termos do art. 67 do CP: Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidncia. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Mas e se a atenuante e a agravante se referirem a fatores que se encontram no mesmo patamar? Nesse caso, a sim haver a compensao de uma pela outra, no se aplicando nenhuma delas (equivalncia das circunstncias).7 CUIDADO MASTER! O STJ possui entendimento no sentido de que possvel a compensao entre a agravante da reincidncia com a atenuante da confisso espontnea. Contudo, o STJ entende que possvel ao Juiz DEIXAR DE PROCEDER Ë COMPENSAÌO, se entender que, no caso concreto, o grau de reincidncia do agente deva preponderar sobre a confisso espontnea (agente que mltiplo reincidente8). 1.1.1.3! Terceira fase: aplicao das causas de aumento e diminuio da pena Nessa fase, aps ultrapassadas as duas primeiras, o Juiz verifica se h alguma causa de aumento ou diminuio da pena prevista para o caso. As causas 5 Art. 64 - Para efeito de reincidncia: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (...) II - no se consideram os crimes militares prprios e polticos.(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 6 HC 274.758/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 05/03/2014 7 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516 8 Tambm chamado de MULTIRREINCIDENTE. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo de aumento e diminuio so obrigatrias ou facultativas (dependendo do caso), podendo estar previstas na parte geral ou na parte especial (genricas ou especficas), podendo, ainda, ser fixas ou variveis. Assim, elas podem ser: ¥! Obrigatrias ou facultativas Ð a depender da obrigatoriedade ou no de sua aplicao; ¥! Genricas ou especficas Ð Se previstas na parte geral do CP ou na sua parte especial (ou na legislao especial); ¥! Fixas ou variveis Ð Quando a quantidade de aumento e diminuio fixa ou pode variar de acordo com o entendimento do Juiz. Ao contrrio do que ocorre na segunda fase (circunstncias agravantes e atenuantes), aqui a pena pode ficar abaixo do mnimo ou acima do mximo legal previsto no tipo penal. EXEMPLO: Imagine um crime de furto simples, na modalidade tentada. Fixada a pena-base no mnimo legal, e no havendo circunstncias agravantes ou atenuantes, chegamos terceira fase com uma pena de 1 ano. Na terceira fase, DEVE o Juiz aplicar a causa de diminuio referente tentativa (art. 14, ¤ nico do CP), que de 1/3 a 2/3. Se o Juiz aplicar a reduo mxima (2/3), a pena final ser de apenas 04 meses (bem abaixo do mnimo previsto, de 01 ano). As causas de aumento e diminuio, como vimos, podem estar previstas na parte geral ou na parte especial. Diferentemente das circunstncias atenuantes e agravantes, a quantidade de aumento ou diminuio estabelecida pela Lei. Mas e se houver coexistncia de causas de aumento e causas de diminuio? Se forem diversas, no h dificuldades, aplicando-se ambas (aplicam-se primeiro as causas de aumento, e depois, as causas de diminuio). O problema reside na coexistncia de duas ou mais causas de aumento ou coexistncia de duas ou mais causas de diminuio. Para simplificar as hipteses e suas consequncias, acompanhem o quadro abaixo: CONCURSO ENTRE CAUSAS DE AUMENTO Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas Ambas da parte especial O Juiz aplica a causa que mais aumente (art. 68, ¤ nico do CP) Uma da parte geral e outra da parte especial Aplicam-se ambas Ambas da parte geral O Juiz deve aplicar ambas Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo CONCURSO ENTRE CAUSAS DE DIMINUIÌO Ambas da parte especial O Juiz aplica a causa que mais diminua (art. 68, ¤ nico do CP) Uma da parte geral e outra da parte especial Aplicam-se ambas 1.1.1.4! Disposies finais O CP estabelece um limite mximo de cumprimento de pena, que de 30 anos. Isso no impede, entretanto, que a pessoa seja condenada a perodo superior a este. O que no poder haver o cumprimento por mais de 30 anos. Nos termos do art. 75 do CP: Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade no pode ser superior a 30 (trinta) anos. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Mas qual a lgica dessa diferena? A diferena que, sendo o condenado a pena superior a 30 anos, aindaque no possa cumprir mais que este perodo, o montante da pena aplicada influenciar na possibilidade ou no de concesso de benefcios, como livramento condicional, progresso de regime, etc. Se o agente for condenado a diversas penas, que juntas ultrapassem o limite de 30 anos, devero ser unificadas as penas (ex.: 12 + 25 anos = 37), de forma que o agente s cumpra os 30 anos previstos. ⇒! E se durante o cumprimento da pena o agente condenado por nova infrao, sendo-lhe aplicada nova pena privativa de liberdade? Nesse caso, aplica-se uma nova unificao das penas, de forma a comear, do zero, um novo prazo de 30 anos. EXEMPLO: Ricardo est cumprindo pena de 37 anos de recluso (advinda da soma de duas penas). J cumpriu 08 anos de pena quando sobrevm nova condenao. Como j havia cumprido 08 anos, faltam ainda 22 anos de cumprimento (pois s pode cumprir 30!). Nesse caso, somam-se os 22 anos restantes nova pena, de forma a se iniciar um novo perodo de 30 anos de cumprimento mximo. Nos termos do art. 75, ¤ 2¡ do CP: ¤ 2¼ - Sobrevindo condenao por fato posterior ao incio do cumprimento da pena, far-se- nova unificao, desprezando-se, para esse fim, o perodo de pena j cumprido.(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo 2! SUSPENSÌO CONDICIONAL DA PENA 2.1!Conceito O sursis, ou suspenso condicional da pena, o benefcio concedido ao condenado em determinadas circunstncias, de forma que ele no cumpre a pena privativa de liberdade imposta9, mas se submete a um perodo de fiscalizao, no qual deve Òandar na linhaÓ e cumprir determinadas condies. Est previsto no art. 77 do CP: Art. 77 - A execuo da pena privativa de liberdade, no superior a 2 (dois) anos, poder ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - o condenado no seja reincidente em crime doloso; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstncias autorizem a concesso do benefcio;(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) III - No seja indicada ou cabvel a substituio prevista no art. 44 deste Cdigo. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) ¤ 1¼ - A condenao anterior a pena de multa no impede a concesso do benefcio.(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) ¤ 2o A execuo da pena privativa de liberdade, no superior a quatro anos, poder ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razes de sade justifiquem a suspenso. (Redao dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998) Portanto, a concesso da suspenso condicional da pena deve ocorrer aps o preenchimento de alguns requisitos, que podem ser objetivos e subjetivos. 2.2!Requisitos objetivos Podem ser: (i) Relativos natureza da pena aplicada Ð A pena aplicada deve ser privativa de liberdade, no se admitindo no caso de aplicao de pena de multa ou restritiva de direitos: Art. 80 - A suspenso no se estende s penas restritivas de direitos nem multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 9 O Brasil adotou o chamado sistema Òfranco-belgaÓ, no qual a pena privativa de liberdade regularmente aplicada mas, logo em seguida, sua execuo suspensa e o condenado submetido a perodo de prova, extinguindo-se a punibilidade ao final do perodo. Outro sistema o anglo-americano (probation system), no qual o acusado tem sua culpa reconhecida, mas no chega a receber uma pena, sendo submetido ao perodo de prova, com as condies impostas. Uma vez descumpridas as condies, aplicada a pena privativa de liberdade ao condenado. No foi adotado no Brasil. Por fim, h o sistema chamado de Òprobation of first offenders actÓ, no qual a ao penal prematuramente suspensa, sem que haja sequer o reconhecimento da culpa do acusado. Uma vez descumpridas as condies, a ao penal retoma seu curso. Esse sistema foi adotado no Brasil no que tange suspenso condicional do processo (sursis processual), do art. 89 da Lei 9.099/95. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo (ii) Quantidade da pena aplicada Ð A pena aplicada no pode ser superior a dois anos (art. 77 do CP). Se o condenado, porm, for maior de 70 anos (sursis etrio) ou enfermo (sursis humanitrio), admite-se a suspenso condicional da pena que no ultrapasse 04 anos (art. 77, ¤ 2¡ do CP). Nos crimes ambientais, o sursis pode ser aplicado aos condenados pena no superior a trs anos. (iii) A pena privativa de liberdade no deve ter sido substituda por restritiva de direitos Ð A suspenso condicional da pena s cabvel quando no for possvel a substituio por penas restritivas de direitos, nos termos do art.77, III do CP. 2.3!Requisitos subjetivos (i) No reincidncia em crime doloso Ð A reincidncia em crime culposo, portanto, no impede a suspenso condicional da pena. Entretanto, se na condenao anterior, mesmo se dando em relao a crime doloso, a pena aplicada tiver sido a de multa, poder haver a suspenso condicional da pena (art. 77, ¤ 1¡ do CP); (ii) As circunstncias pessoais do agente (culpabilidade, antecedentes, conduta social, etc.) sejam favorveis, autorizando a concesso do benefcio Ð Nesse caso, o Juiz deve analisar se, no caso concreto, a suspenso condicional da pena pode ser suficiente para que seja cumprida a finalidade da pena. Assim, temos: REQUISITOS PARA A CONCESSÌO DO SURSIS OBJETIVOS SUBJETIVOS ¥! Pena privativa de liberdade aplicada ¥! Pena privativa de liberdade aplicada no pode ser superior a dois anos (04 anos se o condenado for maior de 70 anos (sursis etrio) ou enfermo (sursis humanitrio). ¥! Impossibilidade de converso em restritiva de direitos. ¥! No reincidncia em crime doloso. ¥! Circunstncias judiciais favorveis. 2.4!Espcies de sursis e condies O sursis pode ser: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo (i) Simples Ð O condenado no reparou o dano e as circunstncias judiciais (art. 59 do CP) no lhe so muito favorveis. o sursis comum, a regra. Est previsto no art. 78 do CP: Art. 78 - Durante o prazo da suspenso, o condenado ficar sujeito observao e ao cumprimento das condies estabelecidas pelo juiz. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) ¤ 1¼ - No primeiro ano do prazo, dever o condenado prestar servios comunidade (art. 46) ou submeter-se limitao de fim de semana (art. 48). (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (ii) Especial Ð Aqui o condenado reparou o dano (ou no teve possibilidade de faz-lo) e as circunstncias judiciais (art. 59 do CP) lhe so inteiramente favorveis. Nessa hiptese o condenado no precisa, no primeiro ano, se submeter prestao de servios comunidade ou limitao de fim de semana (art. 78, ¤ 1¡ do CP). Essa modalidade est prevista no ¤ 2¡ do art. 78 do CP: ¤ 2¡ Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de faz-lo, e se as circunstncias do art. 59 deste Cdigo lhe forem inteiramente favorveis, o juiz poder substituir a exigncia do pargrafo anterior pelas seguintes condies, aplicadas cumulativamente: (Redao dada pela Lein¼ 9.268, de 1¼.4.1996) a) proibio de freqentar determinados lugares; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) b) proibio de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorizao do juiz; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) c) comparecimento pessoal e obrigatrio a juzo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Vejam, porm, que embora no esteja o condenado obrigado a cumprir as obrigaes do ¤ 1¡ do art. 78, o ¤ 2¡ estabelece outras obrigaes s quais o condenado fica vinculado. Alm destas condies previstas no sursis simples e no especial, o art. 79 do CP traz uma clusula genrica, que permite ao Juiz fixar outras condies que sejam adequadas ao fato e ao condenado: Art. 79 - A sentena poder especificar outras condies a que fica subordinada a suspenso, desde que adequadas ao fato e situao pessoal do condenado. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 2.5!Revogao do sursis, prorrogao do prazo e cumprimento das obrigaes O sursis pode ser revogado a qualquer momento, ocorrendo alguma das hipteses previstas nos arts. 81 e seu ¤ 1¡ do CP. Pode ser obrigatria, quando a lei determina expressamente sua revogao, ou facultativa, quando o Juiz pode decidir se revoga ou no o benefcio. A revogao obrigatria se dar no caso de ocorrerem as hipteses previstas no art. 81 do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Art. 81 - A suspenso ser revogada se, no curso do prazo, o beneficirio: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - condenado, em sentena irrecorrvel, por crime doloso; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - frustra, embora solvente, a execuo de pena de multa ou no efetua, sem motivo justificado, a reparao do dano; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) III - descumpre a condio do ¤ 1¼ do art. 78 deste Cdigo. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Ou seja, haver revogao obrigatria quando o condenado for novamente condenado (por sentena irrecorrvel) por crime doloso (no importando o momento em que esse crime foi praticado). No entanto, a Jurisprudncia entende que se dessa nova condenao resultar pena de multa, no poder haver revogao, pois a condenao pena de multa no causa que impede a concesso do sursis, ento, por lgica, no pode gerar a revogao. No caso do inciso II, a Doutrina majoritria entende que, se depois de revogado o sursis o condenado repara o dano ou paga a multa, pode ser restabelecido o sursis. O inciso III autoexplicativo. No cumprindo uma das condies previstas no art. 78, ¤ 1¡, ser revogado o sursis. A revogao facultativa, por sua vez, ocorre nas hipteses do art. 81, ¤ 1¡: ¤ 1¼ - A suspenso poder ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condio imposta ou irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contraveno, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Vejam que, nesse caso, o Juiz no est obrigado a revogar o sursis. As condies indicadas como ensejadoras da revogao facultativa so todas aquelas que no sejam as do ¤ 1¡ do art. 78, ou seja, so as do ¤ 2¡ do art. 78 e as do art. 79 do CP. Quanto supervenincia de condenao por crime culposo ou contraveno, necessrio que a pena aplicada tenha sido restritiva de direitos ou privativa de liberdade. Vejam, assim, que a pena de multa no enseja a revogao facultativa do sursis (o que corrobora a tese de que no pode, tambm, revogar obrigatoriamente o benefcio). A Doutrina e a Jurisprudncia entendem que, salvo no caso de condenao irrecorrvel, em todas as demais hipteses o condenado deve ser ouvido antes de ser revogado o benefcio. A prorrogao do perodo de prova (perodo em que o condenado deve Òandar na linhaÓ), por sua vez, ocorrer em duas hipteses: 1) Beneficiado est sendo processado por outro crime ou contraveno Ð Est prevista no art. 81, ¤ 2¡ do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo ¤ 2¼ - Se o beneficirio est sendo processado por outro crime ou contraveno, considera-se prorrogado o prazo da suspenso at o julgamento definitivo. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 2) Ocorrendo situao que autorize a revogao FACULTATIVA, caso o Juiz opte por no revogar, pode estender o prazo do sursis at o mximo, CASO Jç NÌO TENHA FEITO Ð Est prevista no ¤ 3¡ do art. 81 do CP: ¤ 3¼ - Quando facultativa a revogao, o juiz pode, ao invs de decret-la, prorrogar o perodo de prova at o mximo, se este no foi o fixado. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) No primeiro caso a prorrogao obrigatria e automtica. J no segundo a prorrogao no automtica e depende de deciso fundamentada do Juiz nesse sentido. Em qualquer caso, a maioria da Doutrina entende que DURANTE O PERêODO DE PRORROGAÌO, embora o condenado ainda esteja cumprindo o sursis, no permanecem as obrigaes legais (art. 78, ¤ 1¡ e 2¡ e art. 79 do CP). Cumpridas todas as condies, expirando-se o prazo sem revogao, estar extinta a punibilidade do condenado. Nos termos do art. 82 do CP: Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogao, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 3! LIVRAMENTO CONDICIONAL 3.1!Conceito O livramento condicional um benefcio concedido aos condenados a penas privativas de liberdade superiores a dois anos, que permite a antecipao de sua liberdade. Trata-se de liberdade antecipada, condicional e precria. Antecipada porque o agente deveria ficar mais tempo cumprindo pena. Condicional porque durante o prazo restante da pena, embora esteja em liberdade, o condenado tambm deve Òandar na linhaÓ, submetendo-se a algumas regras. Precria porque pode ser revogada sua liberdade a qualquer tempo, caso ocorra o descumprimento das obrigaes do livramento condicional. Nos termos do art. 83 do CP: Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - cumprida mais de um tero da pena se o condenado no for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo III - comprovado comportamento satisfatrio durante a execuo da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo e aptido para prover prpria subsistncia mediante trabalho honesto; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de faz-lo, o dano causado pela infrao; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) V - cumpridos mais de dois teros da pena, nos casos de condenao por crime hediondo, prtica de tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, trfico de pessoas e terrorismo, se o apenado no for reincidente especfico em crimes dessa natureza. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) Pargrafonico - Para o condenado por crime doloso, cometido com violncia ou grave ameaa pessoa, a concesso do livramento ficar tambm subordinada constatao de condies pessoais que faam presumir que o liberado no voltar a delinqir. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) O beneficiado pelo Livramento condicional chamado de EGRESSO (art. 26, II da LEP). 3.2!Requisitos Os requisitos para a concesso do Livramento Condicional podem ser objetivos ou subjetivos. Vejamos. 3.2.1!Requisitos objetivos Esto previstos no art. 83, I, II, IV e V do CP, e se relacionam pena em si e reparao do dano. (a)! Quantidade da pena A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a dois anos. Se as penas corresponderem a infraes diversas, devem ser somadas para que seja concedido o Livramento, nos termos do art. 84 do CP. (b)! Parcela da pena j cumprida A pena j deve ter sido razoavelmente cumprida. O montante da pena j cumprida ir variar conforme as condies do crime e do condenado. 1) Condenado no reincidente em crime doloso e que possua bons antecedentes Ð Basta o cumprimento de 1/3 da pena (art. 83, I do CP). (Livramento Condicional simples). 2) Condenado reincidente em crime doloso Ð necessrio o cumprimento de mais da metade da pena (Livramento Condicional Qualificado), nos termos do art. 83, II do CP. E se o condenado no for reincidente em crime doloso, mas tambm no possuir bons antecedentes? O STJ entende que deve ser adotada a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo posio mais favorvel ao ru, permitindo-se a concesso do Livramento Condicional Simples. E no caso de Crimes Hediondos? possvel? Sim, possvel, mas o condenado no pode ser reincidente em crime da mesma natureza e deve cumprir 2/3 da pena (Livramento Condicional Especfico). Nos termos do art. 83, V do CP: Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) (...) V - cumpridos mais de dois teros da pena, nos casos de condenao por crime hediondo, prtica de tortura, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, trfico de pessoas e terrorismo, se o apenado no for reincidente especfico em crimes dessa natureza. (Includo pela Lei n¼ 13.344, de 2016) Percebam que essa regra do inciso V do art. 83 no vale apenas para os crimes hediondos, mas tambm para: ⇒!Os equiparados a hediondos (prtica de tortura e trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins) ⇒! Trfico de pessoas ⇒! Terrorismo Em relao ao trfico de pessoas e ao terrorismo, trata-se de previso includa pela Lei 13.344/06. Ou seja, aqueles que praticarem tais delitos se submetem s mesmas regras previstas para quem cometeu crime hediondo ou equiparado no que tange concesso (ou no) do livramento condicional. (c)! Reparao do dano Trata-se de requisito dispensado no caso de impossibilidade de reparao e no caso de a vtima no ser encontrada para ser indenizada, ou ainda, demonstrar desinteresse na reparao (art. 83, IV do CP). 3.2.2!Requisitos subjetivos So os requisitos relativos pessoa do condenado. So eles: (d)! Bom comportamento durante a execuo da pena, aptido para prover a subsistncia e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribudo Trata-se de requisito previsto no art. 83, III do CP. Exige-se, ainda, que o condenado tenha tido bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo e que tenha aptido para se sustentar quando em liberdade. Nos termos do CP: Art. 83 (...) III - comprovado comportamento satisfatrio durante a execuo da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo e aptido para prover prpria Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo subsistncia mediante trabalho honesto; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Caso se trate de condenado por crime doloso cometido com violncia ou grave ameaa pessoa (roubo, por exemplo), necessria, ainda, uma anlise acerca da possibilidade de o condenado voltar a delinquir (suas condies pessoais). Nos termos do ¤ nico do art. 83: Art. 83 (...) Pargrafo nico - Para o condenado por crime doloso, cometido com violncia ou grave ameaa pessoa, a concesso do livramento ficar tambm subordinada constatao de condies pessoais que faam presumir que o liberado no voltar a delinqir. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Assim, podemos resumir os requisitos da seguinte forma: REQUISITOS PARA A CONCESSÌO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL OBJETIVOS SUBJETIVOS ¥! Pena privativa de liberdade aplicada igual ou superior a dois anos. ¥! Cumprimento de pelo menos 1/3 da pena (simples) ou metade da pena (qualificado). ¥! Reparao do dano, salvo impossibilidade de faz-lo. ¥! Comportamento satisfatrio durante a execuo da pena. ¥! Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribudo. ¥! Aptido para prover prpria subsistncia mediante trabalho honesto. ¥! No caso de crime doloso praticado com violncia e grave ameaa, anlise acerca da possibilidade de o condenado voltar a delinquir. 3.3!Regras gerais relativas ao Livramento Condicional, revogao e extino do benefcio As condies s quais o EGRESSO estar submetido sero fixadas na sentena, nos termos do art. 85 do CP. O Livramento condicional, semelhana do sursis, tambm pode ser revogado obrigatria e facultativamente, a depender do caso. (i)! Revogao obrigatria Ð Ocorre nos casos previstos no art. 86 do CP: Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentena irrecorrvel: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - por crime cometido durante a vigncia do benefcio; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Cdigo. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Percebam, portanto, que somente a condenao por CRIME autoriza a revogao do benefcio. A condenao por contraveno no autoriza a revogao. Vejam, ainda, que a condenao por crime praticado antes da vigncia do benefcio no autoriza a revogao (somente se autoriza no caso de condenao por crime praticado durante o benefcio). Mas o que significa o inciso II ento? Esse inciso diz o seguinte: No caso de o egresso ser condenado por crime praticado antes da vigncia do Livramento, a revogao s ocorrer se a pena da nova condenao, somada pena anterior, formar um montante que impedisse a concesso do benefcio. EXEMPLO: Imaginem que Marcos condenado a 06 anos por roubo. Cumpre dois anos (1/3) e recebe o livramento condicional. Passados 03 anos do Livramento condicional (faltando um ano), condenado por crime cometido anteriormente ao benefcio, recebendo pena de dois anos. Somadas as penas (06 + 02 = 08), teramos uma pena de oito anos. Nesse caso, como ele j cumpriu 05 anos (02 cumpridos na cadeia e 03 cumpridos durante o Livramento condicional), no h impedimento manuteno do benefcio, pois o condenado j cumpriu cinco anos de uma pena de oito anos (logo, mais da metade). (ii)! Revogaofacultativa Ð Ocorre nos casos previstos no art. 87 do CP: Art. 87 - O juiz poder, tambm, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigaes constantes da sentena, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contraveno, a pena que no seja privativa de liberdade.(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) No primeiro caso (descumprimento das obrigaes), no h muito que se falar. Quanto ao segundo caso (condenao irrecorrvel por crime ou contraveno, sendo aplicada pena no privativa de liberdade), algumas consideraes devem ser feitas. Aqui irrelevante o momento em que foi praticada infrao penal, exigindo- se, somente, que a pena no seja privativa de liberdade. Se for, estaremos diante de causa de revogao obrigatria. A revogao, uma vez operada, impede nova concesso do benefcio. Alm disso, caso a revogao se d por outra causa que NÌO SEJA A CONDENAÌO POR PRçTICA DE CRIME ANTERIOR AO BENEFêCIO, o tempo em que o condenado esteve solto no se desconta na pena privativa de liberdade que voltar a cumprir: Art. 88 - Revogado o livramento, no poder ser novamente concedido, e, salvo quando a revogao resulta de condenao por outro crime anterior quele benefcio, no se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Isso se deve ao fato de que, no caso de condenao por crime ANTERIOR ao perodo de Livramento, no houve quebra da confiana depositada no EGRESSO (pois o crime foi praticado antes), de forma que o perodo em que ele esteve solto ser abatido da pena a ser cumprida em razo da revogao do benefcio. Se at o seu trmino o Livramento Condicional no for revogado, considera- se extinta a pena privativa de liberdade e, por conseguinte, extinta a punibilidade. Porm, se o egresso estiver sendo processado por crime cometido durante a vigncia do Livramento Condicional, o Juiz no poder declarar extinta a pena enquanto no houver sentena definitiva naquele processo (pois pode ser que ele venha a ser condenado, o que possibilita a revogao do benefcio). Nos termos do CP: Art. 89 - O juiz no poder declarar extinta a pena, enquanto no passar em julgado a sentena em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigncia do livramento. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Art. 90 - Se at o seu trmino o livramento no revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) ⇒! E se o Juiz no suspender o livramento condicional at o trnsito em julgado do novo processo? Entende a jurisprudncia, notadamente o STJ, que se no houve a suspenso do livramento condicional para aguardar o trnsito em julgado do processo pelo novo crime, uma vez alcanado o prazo final da pena atual, dever ser declarada a extino da punibilidade, sendo irrelevante eventual condenao pelo novo crime (se ocorrida aps o prazo de extino da pena anterior).10 4! MEDIDAS DE SEGURANA As medidas de segurana no so penas. Essa a primeira coisa que vocs devem saber. Possuem um carter teraputico, pois visam tratar a sade dos inimputveis e semi-imputveis dotados de periculosidade social (no possuem carter punitivo). A maioria da Doutrina entende, porm, que embora no sejam modalidades de pena, so espcies de sano penal.11 As medidas de segurana so aplicveis queles que, embora tendo cometido fato tpico e ilcito, so inimputveis ou semi-imputveis em razo de problemas mentais. Assim, possvel a aplicao de medida de segurana a agentes culpveis (semi-imputveis). As medidas de segurana so de duas espcies, previstas no art. 96 do CP: Art. 96. As medidas de segurana so: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 10 (HC 281.269/SP, Rel. Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 23/04/2014) 11 Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 607 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo I - Internao em hospital de custdia e tratamento psiquitrico ou, falta, em outro estabelecimento adequado; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - sujeio a tratamento ambulatorial. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Pargrafo nico - Extinta a punibilidade, no se impe medida de segurana nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) A opo por uma ou por outra ir variar de acordo com a espcie de pena privativa de liberdade prevista (recluso ou deteno). Sendo pena de recluso, o Juiz deve determinar a internao do indivduo12. Em se tratando de pena de deteno, o Juiz pode escolher entre a internao e o tratamento ambulatorial. Nos termos do art. 97 do CP: Art. 97 - Se o agente for inimputvel, o juiz determinar sua internao (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punvel com deteno, poder o juiz submet- lo a tratamento ambulatorial. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) O STJ, no entanto, possui algumas decises no sentido de que a modalidade de medida de segurana deve ser aplicada de acordo com as necessidades mdicas do agente, e no com base no tipo de pena prevista. Depois de fixada a medida de segurana, a sentena deve fixar um prazo mnimo, findo o qual dever haver um exame para saber se cessou a periculosidade do agente. Nos termos do art. 97, ¤ 1¡ do CP: ¤ 1¼ - A internao, ou tratamento ambulatorial, ser por tempo indeterminado, perdurando enquanto no for averiguada, mediante percia mdica, a cessao de periculosidade. O prazo mnimo dever ser de 1 (um) a 3 (trs) anos. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Assim, a medida de segurana durar por tempo indeterminado, mas ao final do perodo mnimo fixado dever haver o exame para anlise da necessidade ou no de manuteno da medida. Aps esse perodo, o exame ser repetido anualmente, ou no prazo fixado pelo Juiz: ¤ 2¼ - A percia mdica realizar-se- ao termo do prazo mnimo fixado e dever ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execuo. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Embora o CP no estabelea um prazo mximo para as medidas de segurana, o STF e o STJ no aceitam isso. O STF entende que a medida de segurana no pode ultrapassar 30 anos13, que o prazo mximo de uma pena privativa de liberdade, enquanto o STJ entende que o prazo mximo da medida de segurana o prazo mximo de pena estabelecido 12 Nos termos do art. 9¼ da Lei 10.216/01: Art. 9o A internao compulsria determinada, de acordo com a legislao vigente, pelo juiz competente, que levar em conta as condies de segurana do estabelecimento, quanto salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionrios. 13 HC 97621 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo (em abstrato) para o crime cometido. Este ltimo entendimento, inclusive, foi sumulado: Smula 527 do STJ: ÒO tempo de durao da medida de segurana no deve ultrapassar o limite mximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.Ó Nada impede que, fixada uma modalidade de medida de segurana, ocorrendo fatos justificveis, seja alterada para a outramodalidade. Nos termos dos ¤¤ 3¡ e 4¡ do CP: ¤ 3¼ - A desinternao, ou a liberao, ser sempre condicional devendo ser restabelecida a situao anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistncia de sua periculosidade. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) ¤ 4¼ - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poder o juiz determinar a internao do agente, se essa providncia for necessria para fins curativos. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) No caso de estarmos diante de um semi-imputvel, diferentemente do que ocorre com os inimputveis, sua sentena ser condenatria, e no uma sentena absolutria imprpria. No que tange medida de segurana, nesses casos, ela s ser aplicada se o condenado necessitar de tratamento curativo, hiptese na qual ser SUBSTITUêDA a pena privativa de liberdade pela medida de segurana (atual sistema vicariante), no podendo ser cumuladas (antigo sistema do duplo binrio).14 O CP estabelece, por fim, que um direito do internado ser recolhido a um estabelecimento que no possua caractersticas de priso, mas de hospital15. Nos termos do art. 99: 14 Art. 98 - Na hiptese do pargrafo nico do art. 26 deste Cdigo e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituda pela internao, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mnimo de 1 (um) a 3 (trs) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos ¤¤ 1¼ a 4¼. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 15 Ainda sobre os direitos do internado, importante ressaltar o que dispem os arts. 1¼ e 2¼ da Lei 10.216/01: Art. 1o Os direitos e a proteo das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, so assegurados sem qualquer forma de discriminao quanto raa, cor, sexo, orientao sexual, religio, opo poltica, nacionalidade, idade, famlia, recursos econmicos e ao grau de gravidade ou tempo de evoluo de seu transtorno, ou qualquer outra. Art. 2o Nos atendimentos em sade mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsveis sero formalmente cientificados dos direitos enumerados no pargrafo nico deste artigo. Pargrafo nico. So direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de sade, consentneo s suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua sade, visando alcanar sua recuperao pela insero na famlia, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e explorao; IV - ter garantia de sigilo nas informaes prestadas; V - ter direito presena mdica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou no de sua hospitalizao involuntria; VI - ter livre acesso aos meios de comunicao disponveis; VII - receber o maior nmero de informaes a respeito de sua doena e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente teraputico pelos meios menos invasivos possveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em servios comunitrios de sade mental. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Art. 99 - O internado ser recolhido a estabelecimento dotado de caractersticas hospitalares e ser submetido a tratamento. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Deve, ainda, ser necessariamente submetido a tratamento mdico, e no simplesmente ser jogado no estabelecimento (como acontece com alguma frequncia).16 5! EFEITOS DA CONDENAÌO 5.1!Natureza e espcies A sentena penal condenatria possui efeitos penais e extrapenais. Os efeitos penais so aqueles que produzem efeitos na esfera penal (bvio, no?). Os efeitos penais podem ser primrios ou secundrios. O efeito penal primrio a PENA, ou seja, a imposio de pena criminal, eis que este o objetivo bsico e principal da condenao. Os efeitos penais podem ser, ainda, secundrios. So efeitos penais secundrios aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurdico-PENAL do indivduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA RELAÌO JURêDICO-PENAL. EXEMPLO: Reincidncia. A sentena penal condenatria possui como efeito penal SECUNDçRIO, gerar reincidncia (e todas as suas consequncias) caso o condenado seja novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dvida, atinge a esfera penal do indivduo, mas NÌO NO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENA, mas em outro processo. Outro efeito penal secundrio a inscrio do nome do ru no rol dos culpados (aps o trnsito em julgado, sempre). Os efeitos extrapenais, por sua vez, so assim chamados por afetarem diversas outras reas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por sua vez, dividem- se em genricos e especficos. 16 Nesse sentido, a previso do art. 4¼ da Lei 10.216/01: Art. 4o A internao, em qualquer de suas modalidades, s ser indicada quando os recursos extra- hospitalares se mostrarem insuficientes. ¤ 1o O tratamento visar, como finalidade permanente, a reinsero social do paciente em seu meio. ¤ 2o O tratamento em regime de internao ser estruturado de forma a oferecer assistncia integral pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo servios mdicos, de assistncia social, psicolgicos, ocupacionais, de lazer, e outros. ¤ 3o vedada a internao de pacientes portadores de transtornos mentais em instituies com caractersticas asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no ¤ 2o e que no assegurem aos pacientes os direitos enumerados no pargrafo nico do art. 2o. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Os efeitos genricos so aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenao, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigao de reparar o dano e confisco: Art. 91 - So efeitos da condenao: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigao de indenizar o dano causado pelo crime; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) II - a perda em favor da Unio, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa- f: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienao, uso, porte ou deteno constitua fato ilcito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prtica do fato criminoso. ¤ 1¼ Poder ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes no forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Includo pela Lei n¼ 12.694, de 2012) ¤ 2¼ Na hiptese do ¤ 1o, as medidas assecuratrias previstas na legislao processual podero abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretao de perda. (Includo pela Lei n¼ 12.694, de 2012) Os efeitos genricos so automticos, ou seja, independem de ser expressamente declarados pelo Juiz na sentena. EXEMPLO: Se o Juiz condena algum por roubo, o dever de reparar o dano causado ocorrer independentemente de constar na sentena esse efeito, pois decorrncia natural e automtica da sentena. J os efeitos especficos so aqueles que recaem apenas sobre condenaes relativas a determinados crimes, e no a todos os crimes em geral. Esto previstos no art. 92 do CP, sendo: Art. 92 - So tambm efeitos da condenao:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - a perda decargo, funo pblica ou mandato eletivo: (Redao dada pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com a Administrao Pblica; (Includo pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Includo pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) II - a incapacidade para o exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos pena de recluso, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitao para dirigir veculo, quando utilizado como meio para a prtica de crime doloso. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Tais efeitos, por sua vez, NÌO SÌO AUTOMçTICOS, devendo constar na sentena condenatria, sob pena de no ocorrerem. Isto est previsto no ¤ nico do art. 92 do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Pargrafo nico - Os efeitos de que trata este artigo no so automticos, devendo ser motivadamente declarados na sentena. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Assim, resumidamente: EFEITOS DA CONDENAÌO GERAIS ESPECêFICOS ¥! Obrigao de reparar o dano ¥! Perda em favor da Unio dos instrumentos do crime (se seu porte for ilcito) e dos produtos ou proveitos do crime. ¥! So AUTOMçTICOS ¥! Perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo (a) nos crimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com a Administrao Pblica Ð pena igual ou superior a 01 ano; b) Nos demais casos Ð pena superior a 04 anos. ¥! Incapacidade para o exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos pena de recluso, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. ¥! Inabilitao para dirigir veculo, quando utilizado como meio para a prtica de crime doloso. ¥! No so automticos. 5.2!Efeitos genricos 5.2.1!Obrigao de reparar o dano Embora as esferas cvel e criminal sejam independentes, a sentena criminal condenatria possui o condo de fazer coisa julgada na seara cvel, tornando certa e indiscutvel (naquela esfera) o dever de reparar o dano. Porm, o valor poder ser discutido na esfera cvel. A ocorrncia de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que gere a resciso da sentena condenatria, extinguindo-se a punibilidade, NÌO ALTERA OS REFLEXOS CIVIS DA CONDENAÌO. Nos termos do art. 2¡ do CP: Art. 2¼ - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) Essa obrigao de reparar o dano pode, inclusive, ser cobrada dos herdeiros do falecido17, at o limite do patrimnio a eles transferido, por fora do art. 5¡, XLV da Constituio. 17 No confundir com a MULTA, que PENA, e no pode ser cobrada dos herdeiros, nem mesmo se o falecido tiver deixado patrimnio. Com a morte do condenado, extingue-se a punibilidade da PENA de MULTA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo 5.2.2!Confisco O confisco a perda de bens de natureza ilcita em favor da Unio. O confisco recai apenas sobre os instrumentos e sobre o produto do crime. O instrumento do crime (instrumenta sceleris) aquilo de que se valeu o agente para praticar o delito. S podero ser confiscados se se tratarem de coisas cuja, fabricao, alienao, uso, porte ou deteno constitua fato ilcito. Assim, um carro utilizado para a prtica de um homicdio doloso por atropelamento no pode ser confiscado, por ao ser objeto de natureza ilcita. Entretanto, uma arma de fogo sem registro, com a numerao raspada e cujo possuidor no possua autorizao para tal, dever ser objeto de confisco. O produto do crime (producta sceleris) a vantagem direta auferida pelo infrator em decorrncia da prtica do crime. O proveito do crime, por sua vez, a vantagem indireta obtida pelo agente atravs da especificao do produto do crime (transformao do ouro roubado em joia), da alienao do produto do crime (dinheiro decorrente da venda do produto do crime) ou preo do crime (crime encomendado, por exemplo). O confisco do produto ou do proveito do crime em prol da Unio possui natureza subsidiria, pois, em regra, o produto ou proveito crime ser restitudo vtima, sendo efetuado em prol da Unio apenas no caso de ser desconhecida a vtima ou no ser reclamado seu valor. 5.3!Efeitos especficos 5.3.1!Perda do cargo, funo pblica ou mandato eletivo Est previsto no art. 92, I do CP: Art. 92 - So tambm efeitos da condenao:(Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo: (Redao dada pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violao de dever para com a Administrao Pblica; (Includo pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Includo pela Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996) Como j disse a vocs, estes no so efeitos automticos, devendo estar expressos na sentena. EXEMPLO: se um funcionrio pblico condenado pena privativa de liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo pblico no decorre automaticamente da sentena condenatria, devendo o Juiz se manifestar expressamente neste sentido. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 12 DIREITO PENAL P/ PC-AP (2017) Ð Teoria e questes Aula 06 Ð Prof. Renan Araujo Na primeira hiptese (alnea a), o agente comete o crime contra a administrao pblica, valendo-se da sua condio de funcionrio pblico (crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo ocorrer se for aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano. Na segunda hiptese, trata-se de perda de cargo, funo pblica ou mandato eletivo em razo da prtica de qualquer crime, desde que a pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e no DE QUATRO ANOS. 5.3.2!Incapacidade para exerccio do ptrio poder, tutela ou curatela Trata-se de mais um efeito especfico da condenao, pois s poder ocorrer na hiptese de prtica de crime doloso sujeito pena de recluso, praticado contra filho, tutelado ou curatelado. Assim, alm da necessidade de expressa previso na sentena condenatria, outros trs so os requisitos para a ocorrncia desse efeito: ! O crime deve ser doloso ! Deve ser apenado com recluso ! Deve ter sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado A sua aplicao, obviamente, no obrigatria, pois, como vimos, trata-se de um efeito no-automtico da condenao, devendo estar expressamente consignada na sentena a ocorrncia deste efeito. A perda do ptrio poder, tutela ou curatela se d de duas formas diferentes18: ! Em relao vtima do delito Ð Em carter permanente (nunca mais o infrator poder ter o ptrio poder em relao quela pessoa). ! Em relao a outros filhos, tutelados ou curatelados Ð Em carter provisrio. Ocorrendo
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