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#LEGIS FIGUEIREDO, Rafael; SANTOS, Rodrigo. Código Penal. Tomo I - Parte geral. Fortaleza: Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 17) Código Penal. Legislação Penal. Parte geral. ISBN:– 978-65-86950-05-2. CÓDIGO PENAL tomo i Parte geral Rafael Figueiredo Aprovado na Defensoria Pública de Rondônia e do Distrito Federal. Especialista em Processo Penal. Graduado pela UFGD. Advogado. Rodrigo Santos Defensor Público do Estado do Ceará (2º lugar). Ex-Defensor Público do Estado de São Paulo. Aprovado também no concurso da DP-DF, Analista MPU e Analista do TRF5. #LEGIS Proposta do Legis A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur- sos públicos do país. Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação. Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob- jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú- do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias. É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra- dável possível. Bons estudos e Ouse Saber! Filippe Augusto Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis 1 #LEGIS Sumário Plano de Leitura da Lei: Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 22. Dia 02........................................................................... Dos Arts. 23 ao 42. Dia 03........................................................................... Dos Arts. 43 ao 60. Dia 04........................................................................... Dos Arts. 61 ao 76. Dia 05........................................................................... Dos Arts. 77 ao 95. Dia 06......................................................................... Dos Arts. 96 ao 120. #LEGIS 1 DIA 1 Disciplina: Direito Penal Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 01: Do Art. 1º ao 22. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 PARTE GERAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Comentários: O art. 1º prevê o princípio da an- terioridade na primeira parte e da legalidade na segunda parte. A Constituição Federal tem previ- são muito parecida no art. 5º, XXXIX: “não há cri- me sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Considerado, portanto, direito fundamental e, consequentemente, cláu- sula pétrea (art. 60, §4º, IV, da CF). Lei penal no tempo Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Comentários: Prevê o princípio da irretroativi- dade da lei penal, quando prejudicial ao réu. Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime pri- sional. Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroa- tiva da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Parágrafo único. A lei posterior, que de QUALQUER modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Comentários: O parágrafo único prevê o prin- cípio da retroatividade benéfica da lei penal. Note que não há limitação de tempo, ou seja, aplica-se mesmo que tenha ocorrido o trânsito em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º A lei excepcional ou temporária, em- bora decorrido o período de sua duração ou cessa- das as circunstâncias que a determinaram, aplica- -se ao fato praticado durante sua vigência. Comentários: Lei temporária é aquela que vige durante determinado período de tempo. Já as excepcionais são aquelas cuja vigência permeia a situação excepcional. É circunstancial. Esse artigo é considerado exceção à regra geral da lei penal no tempo. Ambas tem ultratividade, já que são aplicáveis mesmo após sua vigência. Evita, assim, que sejam letra morta, pois mesmo após os fatos as leis excepcionais e temporárias conti- nuam a produzir efeitos, ainda que negativos, em face de quem a infringiu. Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave apli- ca-se ao crime continuado ou ao crime perma- nente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Comentários: Muito comum que as questões de prova levem em consideração a menoridade relativa da pessoa, que é aferida no momento da ação/omissão, para que incida a atenuante do art. 65, I, do CP e a redução, pela metade, da prescrição (art. 115 do CP). #LEGIS 2 3 Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria da Ubiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativida- de Anotações sobre os artigos anteriores: Territorialidade Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem pre- juízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Comentários: O Brasil adotou a regra da territo- rialidade. É uma regra temperada, e não absolu- ta, já que permite a aplicação, juntamente às leis brasileiras, de tratados e convenções. Territorialidade é a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no Brasil. Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasileira a crimes praticados no exterior. §1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em al- to-mar. § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Comentários: O §1º traz as hipóteses de exten- são do território brasileiro, ou seja, áreas que em- bora não estejam dentro do Brasil, ainda assim, são, para efeitos penais, como se estivessem no Brasil. O dispositivo traz uma diferença: - Sendo embarcação/aeronave pública ou a serviço do governo brasileiro: o território é sempre brasileiro. - Sendo embarcação/aeronave privada: somente representarão extensão do território brasileiro se estiverem em território de ninguém ou no próprio território brasileiro. Vejam que o artigo evita que a prática de crime se dê em terra nullius. Anotações sobre os artigos anteriores: Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. #LEGIS 3 Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria daUbiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativi- dade Jurisprudência: “1. Conforme entendimento consolidado no âmbito da Terceira Seção, o deli- to de estelionato é consumado no local em que se verifica o prejuízo à vítima. Precedentes. 2. Ainda que o delito de estelionato seja praticado mediante adulteração de cheque, a competên- cia para o processo e julgamento dos fatos deve ser declarada em favor do juízo do local em que a vítima mantém a conta bancária. Precedente. 3. Agravo regimental desprovido, confirman- do-se a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Cível e Criminal de Mafra/SC.” [STJ - AgRg no CC 146.524/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe 30/03/2017]. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presi- dente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pú- blica, sociedade de economia mista, au- tarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for bra- sileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarca- ções brasileiras, mercantes ou de proprie- dade privada, quando em território es- trangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é pu- nido segundo a lei brasileira, ainda que ab- solvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das se- guintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pe- los quais a lei brasileira autoriza a extradi- ção; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo ante- rior: a) não foi pedida ou foi negada a extradi- ção; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Comentários: O artigo trata da extraterritoria- lidade, que é exceção à territorialidade. Ou seja, da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro. O inciso I prevê a extraterrito- rialidade incondicionada, pois serão punidos no Brasil independe de qualquer outro requisito (§1º). Já o inciso II prevê a extraterritorialida- de condicionada, devendo, também, estar pre- sentes os requisitos do §2º. Um bom exemplo é o caso Neymar. Como o crime teria ocorrido, em tese, em outro país, a justiça brasileira estaria au- torizada a puni-lo reunidas certas condições. Aprofundando: O referido artigo prevê alguns princípios que já foram cobrados em prova. a) Princípio do Domicílio: Sujeito é julgado pe- las leis do país em que é domiciliado, indepen- dentemente da nacionalidade (art. 7º, I, “d”, do CP); #LEGIS 4 5 b) Princípio da Defesa Real ou da Proteção: fundamenta a aplicação da lei brasileira por vio- lação a bens jurídicos nacionais (art. 7º, I, “a”, “b” e “c”, do CP); c) Princípio da Jurisdição Universal, Justiça Cosmopolita, Justiça Universal, Competência Universal, Jurisdição Mundial ou Universali- dade do Direito de Punir: tem razão numa soli- dariedade mundial no combate a determinados crimes (art. 7º, II, “a”, do CP); d) Princípio da Bandeira, do Pavilhão, Subsi- diário, da Representação ou da Substituição: fundamenta a punição de crimes ocorridos em território estrangeiro, em embarcações brasilei- ras privadas, que não tenham sido punidos (art. 7º, II, “c”, do CP). Anotações sobre os artigos anteriores: Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Comentários: O referido artigo prevê a detração penal. Deve ser lido em conjunto com o artigo 42 do CP, que diz “computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no arti- go anterior.” Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 10 - O dia do começo inclui-se no côm- puto do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Trata-se de prazo penal/material (que é diferente de prazo processual penal). Des- se modo, não se pode prejudicar o réu desconsi- derando o dia de início. Imaginem que X é preso no dia 10.03. Esse dia deve ser computado como pena cumprida. Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privati- vas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Esse artigo deve ser lido em com- plemento ao artigo anterior. Assim, naquele exemplo, se X foi preso às 22 horas do dia 10.03, deve ser computado o dia 10.03 como dia inte- gral de pena cumprida. #LEGIS 5 Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 12 - As regras gerais deste Código apli- cam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O Código Penal se torna norma geral, irradiando efeitos, até mesmo, em relação às normas especiais, caso não tenham disposto de modo diverso. O Decreto-Lei 3.688/41 (Lei de Contravenções Penais), a título de exemplo, re- mete para o Código Penal (Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso). São as chamadas normas de reenvio. Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamen- te, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa. Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: 1. DP-DF (CESPE - 2019) Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com re- lação à aplicação da lei penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro. Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omis- são, no todo ou em parte, bem como onde se pro- duziu ou deveria ter sido produzido o resultado. 2. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não im- pede que a nova lei se aplique aos crimes conti- nuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 3. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tem- po e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. O CódigoPe- nal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser considerado praticado no mo- mento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão. 4. PRF (CESPE – 2019) O art. 1.º do Código Pe- nal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue. O presidente da República, em caso de ex- trema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional. Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-E. #LEGIS 6 7 Anotações sobre as questões anteriores: TÍTULO II DO CRIME Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a exis- tência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omis- são sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A segunda parte do caput do art. 13 do CP prevê o princípio da conditio sine qua non, também chamada de teoria da equivalên- cia dos antecedentes. Aprofundamento: A teoria da equivalência dos antecedentes é abrandada pelo elemento subje- tivo do injusto, ou seja, dolo ou culpa, na medida em que, do contrário, haveria o regresso ao in- finito. Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativa- mente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dito isso, gostaria de sugerir uma tabela que tenta mesclar as teorias da conduta, da culpabilidade e o sistema penal. Fiz questão de unir esses três temas, para torna-lo mais didá- tico numa análise global. Tentem compreender bem, pois isso é recorrente em provas. SISTEMA PENAL CLÁSSICO Teoria Causalista/Mecanicis- ta/Naturalística/Causal Conduta é um movi- mento corporal volun- tário que produz um re- sultado. Culpabilidade Adota a teoria psicoló- gica, pois nela se insere o dolo e a culpa. Portan- to, a culpabilidade é o vínculo psicológico que une o autor ao resultado produzido por sua ação. Dolo É normativo. Obs: quem é clássico, precisa ser tripartido, pois dolo e culpa estão na culpabilidade. SISTEMA PENAL NEOCLÁSSICO/NEOKANTISTA Teoria Causalista/Mecanicis- ta/Naturalística/Causal Conduta é um movi- mento corporal volun- tário que produz um re- sultado. Culpabilidade Adota a teoria psicoló- gico-normativa, pois, além do dolo e culpa, tem nela a exigibilidade de conduta diversa, que é um elemento normati- vo. Dolo É normativo e abarca a consciência de ilicitude. Obs: É normativo e abarca a consciência de ilici- tude. #LEGIS 7 SISTEMA PENAL FINALISTA Teoria Finalista Conduta é um movi- mento corporal voluntá- rio psiquicamente dire- cionado a um resultado. Culpabilidade Adota a teoria normati- va pura, pois, mantém a exigibilidade de conduta diversa e perde o dolo/ culpa que são transpor- tados para a conduta. Por outro lado, a cons- ciência de ilicitude pre- sente na culpabilida- de torna-se potencial consciência de ilicitude. Dolo É natural porque inde- pende da consciência de ilicitude. Comentários: Alguns dizem que esse parágrafo traz a teoria da causalidade adequada, segundo a qual o resultado somente pode ser imputado a quem pratica conduta eficaz de produzi-lo. Luiz Flávio Gomes, por sua vez, diz que esse parágrafo traz hipótese de teoria da imputação objetiva. Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incum- be a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabi- lidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O dispositivo traz os chamados garantes. São pessoas que, ao contrário das de- mais, têm obrigação de não se omitir, sob pena de responder pelo crime (crimes omissivos im- próprios ou comissivo por omissão). - Exemplos da alínea “a”: genitores; - Exemplos da alínea “b” (há uma relação contra- tual): médicos. - Exemplo da alínea “c”: sujeito que arremessa pessoa que não sabe nadar na piscina. Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo disposição em con- trário, pune-se a tentativa com a pena corres- pondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Devemos ler tal dispositivo lem- brando do iter criminis, que é composto pela (fase interna) cogitação, (fase externa) prepara- ção, execução e consumação. Obs1: a preparação não é punível, salvo quando constituir crime autônomo. Obs2: o exaurimento, também chamado de consumação material (Zaffaroni), não integra o iter criminis, mas pode influir #LEGIS 8 9 na dosimetria da pena. No mais, existem espécies de tentativas: a) Tentativa Perfeita/Acabada/Crime Falho: se dá quando o agente esgota os atos executórios, mas o crime não se consuma. b) Tentativa Imperfeita/Inacabada/Tentativa Propriamente Dita: se dá quando o agente não esgota os atos executórios (e o crime não se con- suma). c) Tentativa Cruenta/Vermelha: se dá quando a pessoa é atingida. d) Tentativa Incruenta/Branca: se dá quando a pessoa não é atingida. Aprofundamento: qual o momento que ocorre a transição da preparação para a execução? Duas teorias abordam esse tema, a saber: a) Teoria Subjetiva: não há diferença entre atos preparatórios e executórios. b) Teoria Objetiva: há diferença entre os atos preparatórios e executórios: b.1) Teoria da Hostilidade ao Bem Jurídico: no ato preparatório o bem está em paz, já no execu- tório ele sofre ameaça. b.2) Teoria Objetivo-Formal/Lógico Formal: no ato executório há o início da prática do núcleo do tipo. b.3) Teoria Objetivo-Material: há o início da prática do núcleo do tipo, mais os atos imedia- tamente anteriores, na visão de um terceiro ob- servador. b.4) Teoria Objetivo-Individual: há o início da prática do núcleo do tipo, mais os atos imediata- mente anteriores, de acordo com o plano concre- to do agente. Anotações sobre os artigos anteriores: Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A primeira parte do dispositivo traz referência à desistência voluntária. A se- gunda, ao arrependimento eficaz. Em outras palavras, haverá desistência voluntária quando a execução do crime é interrompida. Por outro lado, o arrependimento eficaz pressupõe o esgo- tamento dos atos executórios. Ex: X pretende matar Y com 5 tiros. Deflagra 2 e para. É hipótese de desistência voluntária. Ex2: X pretende matar Y com 5 tiros.Deflagra todos os 5 e para. É hipótese de arrependimento eficaz (desde que evite a ocorrência do resultado). Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 16 - Nos crimes cometidos sem vio- lência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: notem que, como no arrependi- mento eficaz, o arrependimento posterior pres- supõe o esgotamento dos atos executórios. Mas aqui é necessário um passo além: a consu- mação do delito inicialmente pretendido. Jurisprudência: “Pela aplicação do art. 30 do Código Penal, uma vez reparado o dano integral- mente por um dos autores do delito, a causa de diminuição prevista no art. 16 do mesmo Es- tatuto estende-se aos demais coautores, por constituir circunstância de natureza objetiva, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução que deve ser aplicada, dentro dos parâmetros #LEGIS 9 mínimo e máximo previstos no dispositivo, con- forme a atuação de cada agente em relação à reparação efetivada. [REsp 1187976/SP, Rel. Mi- nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 26/11/2013]. Os crimes contra a fé pública, assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependi- mento posterior, dada a impossibilidade ma- terial de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. [REsp 1242294/ PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 03/02/2015]. As Turmas especializadas em matéria criminal do Superior Tribunal de Justiça firmaram a im- possibilidade material do reconhecimento de arrependimento posterior nos crimes não patrimoniais ou que não possuam efeitos pa- trimoniais. In casu, a composição pecuniária da autora do homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) com a famí- lia da vítima, por consectário lógico, não poderá surtir proveito para a própria vítima, morta em decorrência da inobservância do dever de cui- dado da recorrente.” [REsp 1561276/BA, Rel. Mi- nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 15/09/2016]. Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por abso- luta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Sinônimos: tentativa inidônea/ inadequada/impossível/quase crime. - Ineficácia absoluta do meio: quando o meio de execução do crime é inviável. Exemplo: utili- zar arma de brinquedo para dar tiro. - Impropriedade absoluta do objeto: quando o bem visado não é apto a sofrer a ação crimino- sa. Exemplo: matar cadáver. Aprofundamento: Perceba que nos dois casos deve ser “absoluta” (absoluta impropriedade do objeto ou ineficácia absoluta do meio). Isso sig- nifica que se for “relativa”, haverá tentativa e não crime impossível. A isso dá-se o nome de teoria objetiva temperada. Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a pre- paração do flagrante pela polícia torna impossí- vel a sua consumação. Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previs- to como crime, senão quando o pratica dolosa- mente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Para Rogério Greco, “dolo é a von- tade e a consciência dirigidas a realizar a con- duta prevista no tipo penal incriminador”. A culpa, para Mirabete, é “a conduta humana vo- luntária (ação ou omissão) que produz resul- tado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente prevista, que podia, com a devida atenção, ser evitado”. Aprofundamento: Existem algumas teorias que fundamentam o dolo, a saber: a) Teoria da Vontade: é o querer/desejar o re- sultado. Previsto na primeira parte do inciso I do art. 18 do CP. b) Teoria do Assentimento: ocorre quando o agente antevê o resultado e não o quer direta- mente, mas não se importa com sua ocorrên- #LEGIS 10 11 cia. Previsto na segunda parte do inciso I do art. 18 do CP. É o chamado dolo eventual. c) Teoria da Representação: se dá quando o agente prevê o resultado como possível e con- tinua sua conduta. Não importa saber se o agente concordou ou não se importou com o resultado. Assim, não haveria distinção, para essa teoria, entre dolo eventual e culpa conscien- te. d) Teoria da Probabilidade: havendo conside- ração, pelo agente, de provável produção do resultado, ocorreria o dolo eventual. Por outro lado, se o agente considerar o resultado apenas possível, haverá imprudência. Anotações sobre os artigos anteriores: Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 19 - Pelo resultado que agrava especial- mente a pena, só responde o agente que o hou- ver causado ao menos culposamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Aprofundamento: Evita o chamado versari in re illicita que diz que o agente responderá, mes- mo que sem culpa, ou seja, responsabilidade objetiva. Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O erro de tipo ocorre quando o su- jeito tem falsa interpretação da realidade. Acha que age normalmente, quando está praticando um crime. Exemplo: pegar celular achando que é seu, mas na verdade é de um amigo. É diferente do erro de proibição (que exclui a culpabilida- de), no qual o agente sabe exatamente o que está fazendo. Não se confunde com a realida- de, mas ignora ou desconhece o caráter ilícito do fato. Exemplo: holandês que fuma maconha no Brasil. Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena quem, por erro ple- namente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Notem que aqui, como no erro de tipo, há uma confusão acerca da situação de fato. Contudo, essa confusão leva o agente a crer que poderia agir escudado por uma des- criminante. Daí porque é chamado de erro de tipo permissivo (ou erro de proibição indireto, como será visto adiante). Exemplo: sujeito imagi- na que seu desafeto sacará arma para lhe matar. Reage e mata ele antes. Depois descobre que ele somente iria tirar um lenço do paletó (entendam: é uma descriminante putativa, na espécie erro de tipo permissivo que, nesse caso, ficou caracteri- zado como legítima defesa putativa). Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 11 Comentários: É o chamado erro provocado. Nesse caso o provocador responderá dolosa ou culposamente pelo crime, a depender da cir- cunstância. Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condi- ções ou qualidades da vítima, senão asda pessoa contra quem o agente que- ria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Assim como no artigo 73 do CP, deverá responder como se tivesse atingido a pessoa pretendida. Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 21 - O desconhecimento da lei é ines- cusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se ine- vitável, isenta de pena; se evitável, poderá dimi- nuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciên- cia da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciên- cia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O caput deve ser lido em conjunto com o art. 3º da LINDB (Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece) e com o art. 65, II, do CP que diz que atenua a pena o desconhecimento da lei. Desse modo, conclui- -se que o desconhecimento pode atenuar a pena, mas jamais afastar o crime. No mais, o artigo prevê o chamado erro de proi- bição (direto ou indireto. Este, no caso de descri- minante putativa). Aprofundamento: O Código Penal adota a teo- ria limitada da culpabilidade, segundo a qual, as descriminantes putativas podem ser erro de tipo ou de proibição (Item 19 da Exposição de Motivos: Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas “descrimi- nantes putativas”. Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada pela culpabilidade, que distin- gue o erro incidente sobre os pressupostos fá- ticos de uma causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1º). Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação ir- resistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárqui- co, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Trata-se de modalidade de ex- cludente de culpabilidade. A coação moral ir- resistível e a obediência hierárquica excluem a exigibilidade de conduta diversa (elemento da culpabilidade). Obs: coação moral irresistível não se confunde com coação física, que é hipótese de exclusão da tipicidade, já que afasta a conduta. Mnemônico: Macete para gravar os elementos da culpabilidade e suas excludentes: Im – Po – Ex e MEDECO. Historinha: Quando se está mal, vai- -se ao “MEDECO”, o qual receita o remédio “Im- PoEx”. ELEMENTOS EXCLUDENTES Im - Imputabilidade Menoridade Embriaguez Doença Mental Po – Potencial Consciência de Ilicitude Erro de Proibição Ex - Exigibilidade de Conduta Diversa Coação Moral Irresistível Obediência Hierárquica #LEGIS 12 13 DIA 2 Disciplina: Direito Penal. Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 02: Do Art. 23 ao 42. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - em estrito cumprimento de dever le- gal ou no exercício regular de direito. (In- cluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O crime é composto por fato típi- co, ilícito e praticado por agente culpável (teo- ria tripartite, majoritariamente aceita). A ilicitu- de diz respeito ao alinhamento da conduta com o ordenamento jurídico. Portanto, pode ser típico sem, contudo, ser ilícito. Aprofundamento: Existem excludentes su- pralegais de ilicitude, como por exemplo o con- sentimento. Decorem: justificante ou descriminantes são as excludentes de ilicitude, já as exculpan- tes, dirimentes ou causas eximentes são as excludentes de culpabilidade. Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo ex- cesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de neces- sidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessida- de quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sa- crifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Aprofundamento: a teoria adotada pelo Código Penal é a unitária. Já o Código Penal Militar adota a teoria diferenciadora. Teoria Unitária Teoria Diferenciadora Exclui a ilicitude quando o bem protegido tem va- lor igual ou superior ao bem sacrificado. Todo estado de necessidade é justificante. Faz uma diferença. Sen- do o bem protegido de valor maior ou igual ao bem sacrificado, será justificante (igual o an- terior). Mas se o bem protegido for de valor inferior ao sacrificado, pode-se ventilar a possi- bilidade de excludente da culpabilidade (ex- culpante), na modalida- de inexigibilidade de conduta diversa. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios neces- sários, repele injusta agressão, atual ou iminen- #LEGIS 13 te, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Matar animal que ataca a si próprio ou terceiro é legítima defesa? Depende: 1. Se animal ataca por ordem do dono é legítima defesa. É mero instrumento da agressão. 2. Se animal ataca por conta própria é estado de necessidade. Caracteriza “perigo”. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segu- rança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prá- tica de crimes. Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA decorren- te da Lei nº 13.964/19, que entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2020. Reparem que há uma cer- ta presunção de legítima defesa quando a reação partir de um “agente de segurança pública” (que, de acordo com o artigo 144 da CF é a polícia fe- deral, rodoviária federal, ferroviária federal, civil e militar, além do corpo de bombeiro militar - ler artigo 144 e seguintes da CF), somado ao fato de existir uma agressão ou risco de agressão a uma vítima mantida refém durante a prática do crime. Portanto decorem os novos requisitos: Agente de segurança pública; Agressão/risco de agressão a vítima refém; Durante a prática de crime. Anotações sobre os artigos anteriores: Para fixação: 1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Os crimes omissi- vos próprios são os cujo tipo descreve a conduta omissiva de forma direta, e por isso não é neces- sária a incidência do art. 13, § 2º, do CP. 2. MPE-SC (MPE-SC – 2019) O arrependimento eficaz somente se configura (é necessário) em re- lação à tentativa perfeita. 3. MPE-SC (MPE-SC – 2019) No caso em que o su- jeito realiza a conduta e prevê a possibilidade de produção do resultado, mas não quer sua ocor- rência e conta com a “sorte” para que ele não se materialize, pois sabe que não tem o controle sobre a situação implementada, se configura um exemplo de “culpa consciente” e não de “dolo eventual”, porque se o sujeito soubesse de ante- mão que o resultado iria ocorrer, provavelmente não teria atuado. 4. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside- rando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. O crime é dito impossível quando não há, em razão da ineficácia do meio empregado, violação,tampouco perigo de viola- ção, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal. 5. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside- rando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. Crime doloso é aquele em que o sujeito passivo age com imprudência, ne- gligência ou imperícia. Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-C, 5-E. #LEGIS 14 15 Anotações sobre as questões: TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental in- completo ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten- der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Aplica-se a teoria da atividade para aferir a menoridade, doença mental e até embriaguez. Esse dispositivo adotou a conjuga- ção do critério biológico (doença mental ou de- senvolvimento mental incompleto/retardado) com o critério psicológico (absoluta incapacida- de de determinar-se de acordo com esse entendi- mento). Daí dizermos que foi escolhido o método biopsicológico. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvi- mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Reparem que o artigo é muito pró- ximo ao disposto no 228 da CF (são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujei- tos às normas da legislação especial). Ademais, a imputabilidade é afastada pela menoridade, em- briaguez e doença mental (vide comentários do art. 22 do CP). Relembrando o MEDECO e ImPoEx (mnemônico): Im - Imputabilidade Menoridade Embriaguez Doença Mental Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade pe- nal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos aná- logos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- dimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, prove- niente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor- do com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 15 Comentários: Notem que, em se tratando de embriaguez, somente fica isento de pena se for completa e culposa, ou seja, sem intenção de se embriagar. Por outro lado, também precisa ser proveniente de caso fortuito ou força maior para reduzir a pena. Portanto, embriaguez preordenada, além de não afastar a culpabilida- de, agrava a pena (61, II, “l”, do CP). Aprofundamento: Aplica, no caso de embriaguez preordenada, a chamada teoria da actio libera in causa, segundo a qual a análise do elemento subjetivo é feita no momento anterior ao fato, ou seja, quando ainda não estava embriagado. Anotações sobre os artigos anteriores: TÍTULO IV DO CONCURSO DE PESSOAS Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concor- re para o crime incide nas penas a este comina- das, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Mnemônico: Para decorar os requisitos mais di- fundidos do concurso de agentes: PRIL. - Pluralidade de condutas/agentes - Relevância causal das condutas e resultados - Identidade de infração para todos os concorren- tes – consagra a teoria unitária, que é a regra do Código Penal. - Liame psicológico § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Como o próprio texto diz, é a chamada participação de menor importância. Jurisprudência: “Aquele que se associa a com- parsas para a prática de roubo, sobrevindo a mor- te da vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou a participação se revele de menor importân- cia.“ [RHC 133575, Relator(a): Min. MARCO AURÉ- LIO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2017, PRO- CESSO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 15-05-2017 PUBLIC 16-05-2017] § 2º - Se algum dos concorrentes quis parti- cipar de crime menos grave, ser-lhe-á apli- cada a pena deste; essa pena será aumen- tada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Esse parágrafo consagra a chama- da colaboração dolosamente distinta ou desvio subjetivo entre os agentes. NÃO confundir com a participação de menor importância. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Elementares são aquelas circuns- tâncias sem as quais há atipicidade (relativa ou absoluta). São os dados que integram a própria definição do tipo penal. Vamos ao exemplo: infan- ticídio - Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena detenção, de dois a seis anos. A questão é que o “estado puerperal”, além de circunstância personalíssima, é considerado por parte da dou- trina como elementar do delito, já que sua exclu- são geraria a desclassificação (atipicidade relati- va) para o crime de homicídio. Assim, por força do #LEGIS 16 17 art. 30 do CP, haveria comunicação e consequente punição de ambos os agentes pelo delito do art. 123. Frise-se que o tema não é pacífico. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou insti- gação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não che- ga, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Induzir significa fazer surgir a ideia. Instigar é fomentar a ideia existente. São espécies da chamada participação moral. Lembrar que o artigo 122, que prevê o induzi- mento, instigação ou auxílio a suicídio prevê uma exceção a esse artigo, pois exige a consumação do suicídio ou, ao menos, a lesão corporal gra- ve (Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a sui- cidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave). No mais, auxílio significa fornecer elementos materiais (ex: emprestar arma). Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: 1. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. João e Manoel, penalmente imputáveis, decidiram ma- tar Francisco. Sem que um soubesse da intenção do outro, João e Manoel se posicionaram de to- caia e, concomitantemente, atiraram na direção da vítima, que veio a falecer em decorrência de um dos disparos. Não foi possível determinar de qual arma foi deflagrado o projétil que atin- giu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e Manoel responderão pelo crime de homicídio na forma tentada. 2. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do itema seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respei- to da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. Joa- quim, penalmente imputável, praticou, sob abso- luta e irresistível coação física, crime de extrema gravidade e hediondez. Nessa situação, Joaquim não é passível de punição, porquanto a coação física, desde que absoluta, é causa excludente da culpabilidade. 3. PC-SE (CESPE – 2018) João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para jun- tos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual en- traram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmen- te entre os três. Alertada pela vizinhança, a polí- cia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Considerando essa situação hipotética, jul- gue o item subsequente. Para que fique caracte- rizado o concurso de pessoas, é necessário que exista o prévio ajuste entre os agentes delitivos para a prática do delito. Gabarito: 1-C, 2-E, 3-E. #LEGIS 17 TÍTULO V DAS PENAS CAPÍTULO I DAS ESPÉCIES DE PENA Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. Aprofundamento: Existem, classicamente, duas teorias que explicam a pena. A teoria absoluta e a relativa. A absoluta diz que pena é retribuição. Já a relativa tenta também dar caráter preven- tivo à punição. A teoria relativa se subdivide em prevenção geral, que diz respeito à sociedade e prevenção especial, que se relaciona ao agente. a) Prevenção Geral: pode ser positiva ou negativa. a.1) Prev. Ger. Positiva: reafirma o valor da norma, promove a integração social. a.2) Prev. Ger. Negativa: intimida. b) Prevenção Especial: pode ser positiva ou negativa. b.2) Prev. Esp. Positiva: ressocializa. b.3) Prev. Esp. Negativa: neutraliza evitando novos cometimentos de crime. SEÇÃO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumpri- da em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fecha- do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabele- cimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento ade- quado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progres- siva, segundo o mérito do condenado, ob- servados os seguintes critérios e ressalva- das as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regi- me fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não ex- ceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regi- me aberto. § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º O condenado por crime contra a admi- nistração pública terá a progressão de regi- me do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à de- volução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Jurisprudência: “É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quan- do da condenação, ater-se aos parâmetros previs- tos no artigo 33 do Código Penal.” [Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11- 2017, DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972]. Súmula 269 do STJ. É admissível a adoção do re- gime prisional semi-aberto aos reincidentes con- denados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. #LEGIS 18 19 Súmula 440 do STJ. Fixada a pena-base no míni- mo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravida- de abstrata do delito. Súmula 715 do STF. A pena unificada para aten- der ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros bene- fícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. Súmula 716 do STF. Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determi- nada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 718 do STF. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 do STF. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplica- da permitir exige motivação idônea. Regras do regime fechado Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame crimi- nológico de classificação para individualização da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 439 do STJ. Admite-se o exame crimino- lógico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada §1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do con- denado, desde que compatíveis com a exe- cução da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras pú- blicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dispositivos que devem ser lidos em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP. Regras do regime semi-aberto Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumpri- mento da pena em regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos pro- fissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Regras do regime aberto Art. 36 - O regime aberto baseia-se na au- todisciplina e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado deverá, fora do estabe- lecimento e sem vigilância, trabalhar, fre- qüentar curso ou exercer outra atividade au- torizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativa- mente aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Regime especial Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os #LEGIS 19 deveres e direitos inerentes à sua condição pes- soal, bem como, no que couber, o disposto nes- te Capítulo. (Redação dada pela Lei nº7.209, de 11.7.1984) Comentários: Artigo que deve ser lido em con- junto com o art. 5º, XLVIII e L, da CF: XLVIII - A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; L - Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. Também não se pode esquecer das recentes mudanças legislativas: Art. 112-LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transfe- rência para regime menos rigoroso, a ser deter- minada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) I - Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) II - Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) III - Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) IV - Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) V - Não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. Art. 318-A, CPP. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsá- vel por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). I - Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). II - Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). Jurisprudência: “HABEAS CORPUS COLETI- VO. ADMISSIBILIDADE. DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS CORPUS. MÁXIMA EFETIVIDADE DO WRIT. MÃES E GESTANTES PRESAS. RELAÇÕES SOCIAIS MASSIFICADAS E BUROCRATIZADAS. GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS. ACESSO À JUS- TIÇA. FACILITAÇÃO. EMPREGO DE REMÉDIOS PROCESSUAIS ADEQUADOS. LEGITIMIDADE ATI- VA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI 13.300/2016. MULHERES GRÁVIDAS OU COM CRIANÇAS SOB SUA GUARDA. PRISÕES PREVENTIVAS CUMPRI- DAS EM CONDIÇÕES DEGRADANTES. INADMIS- SIBILIDADE. PRIVAÇÃO DE CUIDADOS MÉDICOS PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO. FALTA DE BERÇÁRIOS E CRECHES. ADPF 347 MC/DF. SISTEMA PRISIO- NAL BRASILEIRO. ESTADO DE COISAS INCONS- TITUCIONAL. CULTURA DO ENCARCERAMENTO. NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO. DETENÇÕES CAUTELARES DECRETADAS DE FORMA ABUSI- VA E IRRAZOÁVEL. INCAPACIDADE DO ESTADO DE ASSEGURAR DIREITOS FUNDAMENTAIS ÀS ENCARCERADAS. OBJETIVOS DE DESENVOLVI- MENTO DO MILÊNIO E DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. REGRAS DE BANGKOK. ESTATUTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA. APLICAÇÃO À ESPÉCIE. OR- DEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DE OFÍCIO.” I – Existência de relações sociais massificadas e burocratizadas, cujos problemas estão a exigir soluções a partir de remédios processuais coletivos, especialmente para coibir ou prevenir lesões a direitos de grupos vulneráveis. II – Conhecimento do writ coletivo homenageia nossa tradição jurídica de #LEGIS 20 21 conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico, conhecida como doutrina brasileira do habeas corpus. III – Entendimento que se amolda ao disposto no art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal - CPP, o qual outorga aos juízes e tribunais competência para expedir, de ofício, ordem de habeas corpus, quando no curso de processo, verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. IV – Compreensão que se harmoniza também com o previsto no art. 580 do CPP, que faculta a extensão da ordem a todos que se encontram na mesma situação processual. V - Tramitação de mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, a qual exige que o STF prestigie remédios processuais de natureza coletiva para emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional VI - A legitimidade ativa do habeas corpus coletivo, a princípio, deve ser reservada àqueles listados no art. 12 da Lei 13.300/2016, por analogia ao que dispõe a legislação referente ao mandado de injunção coletivo. VII – Comprovação nos autos de existência de situação estrutural em que mulheres grávidas e mães de crianças (entendido o vocábulo aqui em seu sentido legal, como a pessoa de até doze anos de idade incompletos, nos termos do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA) estão, de fato, cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós- parto, inexistindo, outrossim berçários e creches para seus filhos. VIII – “Cultura do encarceramento” que se evidencia pela exagerada e irrazoável imposição de prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei penal, bem assim da processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente. IX – Quadro fático especialmente inquietante que se revela pela incapacidade de o Estado brasileiro garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional, como comprova o “caso Alyne Pimentel”, julgado pelo Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas. X – Tanto o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio nº 5 (melhorar a saúde materna) quanto o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5 (alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas), ambos da Organização das Nações Unidades, ao tutelarem a saúde reprodutiva das pessoas do gênero feminino, corroboram o pleito formulado na impetração. XI – Incidência de amplo regramento internacional relativo a Direitos Humanos, em especial das Regras de Bangkok, segundo as quais deve ser priorizada solução judicial que facilite a utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. XII – Cuidados com a mulher presa que se direcionam não só a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos destes. XIII – Quadro descrito nos autos que exige o estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância, em especial da nova redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do Código de Processo Penal. XIV – Acolhimento do writ que se impõe de modo a superar tanto a arbitrariedade judicial quanto a sistemática exclusão de direitos de grupos hipossuficientes, típica de sistemas jurídicos que não dispõem de soluções coletivas para problemas estruturais. #LEGIS 21 XV – Ordem concedida para determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar - sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP - de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes, nos termos do art. 2º do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas neste processo pelo DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados oscasos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. XVI – Extensão da ordem de ofício a todas as demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições acima. (HC 143641/SP) O art. 318-A do Código de Processo Penal, intro- duzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um po- der-dever para o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mulher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada prova idô- nea do requisito estabelecido na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exceções legais. Todavia, naquilo que a lei não regulou, o pre- cedente da Suprema Corte (HC n. 143.641/SP) deve continuar sendo aplicado, pois uma inter- pretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária. (HC 487.763/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 16/04/2019) A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só po- dendo dela ausentar-se com autorização judicial (art. 317 do Código de Processo Penal). O art. 318- A do Código de Processo Penal, introduzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um poder-dever para o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mulher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada pro- va idônea do requisito estabelecido na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exce- ções legais. A normatização de apenas duas das exceções não afasta a efetividade do que foi deci- dido pelo Supremo no Habeas Corpus n. 143.641/ SP, nos pontos não alcançados pela nova lei. O fato de o legislador não ter inserido outras exce- ções na lei, não significa que o Magistrado esteja proibido de negar o benefício quando se deparar com casos excepcionais. Assim, deve prevalecer a interpretação teleológica da lei, assim como a proteção aos valores mais vulneráveis. Com efei- to, naquilo que a lei não regulou, o precedente da Suprema Corte deve continuar sendo aplicado, pois uma interpretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária. Assim, a separação excepcionalíssima da mãe de seu filho, com a decretação da prisão preventiva, somente pode ocorrer quando violar direitos do menor ou do deficiente, tendo em vista a força normativa da nova lei que regula o tema. [HC 470.549/TO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 20/02/2019]. Direitos do preso Art. 38 - O preso conserva todos os direi- tos não atingidos pela perda da liberdade, im- pondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O artigo 3º da LEP vai no mesmo sentido: art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingi- dos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza ra- cial, social, religiosa ou política. Também não se pode descurar que é assegurado o direito à integridade física e moral: art. 5º, XLIX, CF - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; Trabalho do preso Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefí- #LEGIS 22 23 cios da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dispositivos que devem ser lidos em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP. Legislação especial Art. 40 - A legislação especial regulará a ma- téria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de doença mental Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O artigo 154 do CPP traz comple- mento interessante: Art. 154, CPP. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena, observar-se-á o disposto no art. 682. Art. 682, CPP. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia. § 1º Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar a remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz, que, em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida. § 2º Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de incapazes. Art. 183, LEP. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade admi- nistrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). Art. 184, LEP. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano. Detração Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangei- ro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Ao proferir sentença condenató- ria, o juiz deverá considerar a detração, por or- dem do artigo 387, §2º, do CPP. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: § 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012). Jurisprudência: “É cabível a aplicação do be- nefício da detração penal previsto no art. 42 do CP em processos distintos, desde que o delito pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido cometido antes da segregação cautelar, evitando a criação de um crédito de pena. Pre- cedentes citados: HC 188.452-RS, DJe 1º/6/2011, e HC 148.318-RS, DJe 21/2/2011. HC 178.894-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012. É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde que em data posterior à prática do deli- to. [HC 420.257-RS]” #LEGIS 23 DIA 3 Disciplina: Direito Penal (art. 1º ao 60). Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 03: Do Art. 43 ao 60. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Penas restritivas de direitos Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;(Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) V - interdição temporária de direitos; (In- cluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liber- dade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I – Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave amea- ça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II – O réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) III – A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do con- denado, bem como os motivos e as cir- cunstâncias indicarem que essa substi- tuição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por mul- ta ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a rein- cidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de li- berdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 5º Sobrevindo condenação a pena priva- tiva de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substituti- va anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Súmula 493 do STJ. É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto Conversão das penas restritivas de direitos Art. 45. Na aplicação da substituição pre- vista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou #LEGIS 24 25 privada com destinação social, de impor- tância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (tre- zentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de repara- ção civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º No caso do parágrafo anterior, se hou- ver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º A perda de bens e valores pertencen- tes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüên- cia da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Anotações sobre os artigos anteriores: Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas Art. 46. A prestação de serviços à comuni- dade ou a entidades públicas é aplicável às con- denações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º A prestação de serviços à comunida- de ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao con- denado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hos- pitais, escolas, orfanatos e outros esta- belecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do con- denado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de conde- nação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cum- prir a pena substitutiva em menor tem- po (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. (In- cluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Interdição temporária de direitos (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Proibição do exercício de cargo, fun- ção ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de ha- bilitação especial, de licença ou autoriza- ção do poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Suspensão de autorização ou de ha- bilitação para dirigir veículo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV – Proibição de freqüentar determina- dos lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) V - Proibição de inscrever-se em concur- so, avaliação ou exame público s. (Incluí- do pela Lei nº 12.550, de 2011) #LEGIS 25 Limitação de fim de semana Art. 48 - A limitação de fim de semana con- siste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) SEÇÃO III DA PENA DE MULTA Multa Art. 49 - A pena de multa consiste no paga- mento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (tre- zentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigé- simo do maior salário mínimo mensal vi- gente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de cor- reção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: remeto para a leitura do artigo 60 e seus comentários. Pagamento da multa Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julga- do a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou sa- lário do condenado quando: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) Aplicada isoladamente; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) Aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) Concedida a suspensão condicional da pena. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O §2º prevê o princípio da huma- nidade e da intranscendência das penas (art. 5º, XLVI e XLVII, da CF). Jurisprudência: “1. A Lei nº 9.268/1996, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não retirou
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