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#LEGIS FIGUEIREDO, Rafael; SANTOS, Rodrigo. Código Penal. Tomo I - Parte geral. Fortaleza: Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 17) Código Penal. Legislação Penal. Parte geral. ISBN:– 978-65-86950-05-2. CÓDIGO PENAL tomo i Parte geral Rafael Figueiredo Aprovado na Defensoria Pública de Rondônia e do Distrito Federal. Especialista em Processo Penal. Graduado pela UFGD. Advogado. Rodrigo Santos Defensor Público do Estado do Ceará (2º lugar). Ex-Defensor Público do Estado de São Paulo. Aprovado também no concurso da DP-DF, Analista MPU e Analista do TRF5. #LEGIS Proposta do Legis A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur- sos públicos do país. Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação. Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob- jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú- do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias. É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra- dável possível. Bons estudos e Ouse Saber! Filippe Augusto Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis 1 #LEGIS Sumário Plano de Leitura da Lei: Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 22. Dia 02........................................................................... Dos Arts. 23 ao 42. Dia 03........................................................................... Dos Arts. 43 ao 60. Dia 04........................................................................... Dos Arts. 61 ao 76. Dia 05........................................................................... Dos Arts. 77 ao 95. Dia 06......................................................................... Dos Arts. 96 ao 120. #LEGIS 1 DIA 1 Disciplina: Direito Penal Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 01: Do Art. 1º ao 22. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 PARTE GERAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Comentários: O art. 1º prevê o princípio da an- terioridade na primeira parte e da legalidade na segunda parte. A Constituição Federal tem previ- são muito parecida no art. 5º, XXXIX: “não há cri- me sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Considerado, portanto, direito fundamental e, consequentemente, cláu- sula pétrea (art. 60, §4º, IV, da CF). Lei penal no tempo Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Comentários: Prevê o princípio da irretroativi- dade da lei penal, quando prejudicial ao réu. Súmula 471 do STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime pri- sional. Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroa- tiva da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Parágrafo único. A lei posterior, que de QUALQUER modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Comentários: O parágrafo único prevê o prin- cípio da retroatividade benéfica da lei penal. Note que não há limitação de tempo, ou seja, aplica-se mesmo que tenha ocorrido o trânsito em julgado. Lei excepcional ou temporária Art. 3º A lei excepcional ou temporária, em- bora decorrido o período de sua duração ou cessa- das as circunstâncias que a determinaram, aplica- -se ao fato praticado durante sua vigência. Comentários: Lei temporária é aquela que vige durante determinado período de tempo. Já as excepcionais são aquelas cuja vigência permeia a situação excepcional. É circunstancial. Esse artigo é considerado exceção à regra geral da lei penal no tempo. Ambas tem ultratividade, já que são aplicáveis mesmo após sua vigência. Evita, assim, que sejam letra morta, pois mesmo após os fatos as leis excepcionais e temporárias conti- nuam a produzir efeitos, ainda que negativos, em face de quem a infringiu. Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave apli- ca-se ao crime continuado ou ao crime perma- nente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Comentários: Muito comum que as questões de prova levem em consideração a menoridade relativa da pessoa, que é aferida no momento da ação/omissão, para que incida a atenuante do art. 65, I, do CP e a redução, pela metade, da prescrição (art. 115 do CP). #LEGIS 2 3 Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria da Ubiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativida- de Anotações sobre os artigos anteriores: Territorialidade Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem pre- juízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Comentários: O Brasil adotou a regra da territo- rialidade. É uma regra temperada, e não absolu- ta, já que permite a aplicação, juntamente às leis brasileiras, de tratados e convenções. Territorialidade é a aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no Brasil. Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasileira a crimes praticados no exterior. §1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em al- to-mar. § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Comentários: O §1º traz as hipóteses de exten- são do território brasileiro, ou seja, áreas que em- bora não estejam dentro do Brasil, ainda assim, são, para efeitos penais, como se estivessem no Brasil. O dispositivo traz uma diferença: - Sendo embarcação/aeronave pública ou a serviço do governo brasileiro: o território é sempre brasileiro. - Sendo embarcação/aeronave privada: somente representarão extensão do território brasileiro se estiverem em território de ninguém ou no próprio território brasileiro. Vejam que o artigo evita que a prática de crime se dê em terra nullius. Anotações sobre os artigos anteriores: Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. #LEGIS 3 Mnemônico: LU-TA – Lugar do crime – teoria daUbiquidade. Tempo do crime – teoria da Ativi- dade Jurisprudência: “1. Conforme entendimento consolidado no âmbito da Terceira Seção, o deli- to de estelionato é consumado no local em que se verifica o prejuízo à vítima. Precedentes. 2. Ainda que o delito de estelionato seja praticado mediante adulteração de cheque, a competên- cia para o processo e julgamento dos fatos deve ser declarada em favor do juízo do local em que a vítima mantém a conta bancária. Precedente. 3. Agravo regimental desprovido, confirman- do-se a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara Cível e Criminal de Mafra/SC.” [STJ - AgRg no CC 146.524/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/03/2017, DJe 30/03/2017]. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presi- dente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pú- blica, sociedade de economia mista, au- tarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for bra- sileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarca- ções brasileiras, mercantes ou de proprie- dade privada, quando em território es- trangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é pu- nido segundo a lei brasileira, ainda que ab- solvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das se- guintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pe- los quais a lei brasileira autoriza a extradi- ção; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo ante- rior: a) não foi pedida ou foi negada a extradi- ção; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Comentários: O artigo trata da extraterritoria- lidade, que é exceção à territorialidade. Ou seja, da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no estrangeiro. O inciso I prevê a extraterrito- rialidade incondicionada, pois serão punidos no Brasil independe de qualquer outro requisito (§1º). Já o inciso II prevê a extraterritorialida- de condicionada, devendo, também, estar pre- sentes os requisitos do §2º. Um bom exemplo é o caso Neymar. Como o crime teria ocorrido, em tese, em outro país, a justiça brasileira estaria au- torizada a puni-lo reunidas certas condições. Aprofundando: O referido artigo prevê alguns princípios que já foram cobrados em prova. a) Princípio do Domicílio: Sujeito é julgado pe- las leis do país em que é domiciliado, indepen- dentemente da nacionalidade (art. 7º, I, “d”, do CP); #LEGIS 4 5 b) Princípio da Defesa Real ou da Proteção: fundamenta a aplicação da lei brasileira por vio- lação a bens jurídicos nacionais (art. 7º, I, “a”, “b” e “c”, do CP); c) Princípio da Jurisdição Universal, Justiça Cosmopolita, Justiça Universal, Competência Universal, Jurisdição Mundial ou Universali- dade do Direito de Punir: tem razão numa soli- dariedade mundial no combate a determinados crimes (art. 7º, II, “a”, do CP); d) Princípio da Bandeira, do Pavilhão, Subsi- diário, da Representação ou da Substituição: fundamenta a punição de crimes ocorridos em território estrangeiro, em embarcações brasilei- ras privadas, que não tenham sido punidos (art. 7º, II, “c”, do CP). Anotações sobre os artigos anteriores: Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Comentários: O referido artigo prevê a detração penal. Deve ser lido em conjunto com o artigo 42 do CP, que diz “computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no arti- go anterior.” Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 10 - O dia do começo inclui-se no côm- puto do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Trata-se de prazo penal/material (que é diferente de prazo processual penal). Des- se modo, não se pode prejudicar o réu desconsi- derando o dia de início. Imaginem que X é preso no dia 10.03. Esse dia deve ser computado como pena cumprida. Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privati- vas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Esse artigo deve ser lido em com- plemento ao artigo anterior. Assim, naquele exemplo, se X foi preso às 22 horas do dia 10.03, deve ser computado o dia 10.03 como dia inte- gral de pena cumprida. #LEGIS 5 Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 12 - As regras gerais deste Código apli- cam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O Código Penal se torna norma geral, irradiando efeitos, até mesmo, em relação às normas especiais, caso não tenham disposto de modo diverso. O Decreto-Lei 3.688/41 (Lei de Contravenções Penais), a título de exemplo, re- mete para o Código Penal (Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso). São as chamadas normas de reenvio. Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamen- te, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa. Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: 1. DP-DF (CESPE - 2019) Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com re- lação à aplicação da lei penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro. Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omis- são, no todo ou em parte, bem como onde se pro- duziu ou deveria ter sido produzido o resultado. 2. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não im- pede que a nova lei se aplique aos crimes conti- nuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 3. PGE-PE (CESPE – 2019) Com relação ao tem- po e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. O CódigoPe- nal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser considerado praticado no mo- mento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão. 4. PRF (CESPE – 2019) O art. 1.º do Código Pe- nal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue. O presidente da República, em caso de ex- trema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional. Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-E. #LEGIS 6 7 Anotações sobre as questões anteriores: TÍTULO II DO CRIME Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a exis- tência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omis- são sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A segunda parte do caput do art. 13 do CP prevê o princípio da conditio sine qua non, também chamada de teoria da equivalên- cia dos antecedentes. Aprofundamento: A teoria da equivalência dos antecedentes é abrandada pelo elemento subje- tivo do injusto, ou seja, dolo ou culpa, na medida em que, do contrário, haveria o regresso ao in- finito. Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativa- mente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dito isso, gostaria de sugerir uma tabela que tenta mesclar as teorias da conduta, da culpabilidade e o sistema penal. Fiz questão de unir esses três temas, para torna-lo mais didá- tico numa análise global. Tentem compreender bem, pois isso é recorrente em provas. SISTEMA PENAL CLÁSSICO Teoria Causalista/Mecanicis- ta/Naturalística/Causal Conduta é um movi- mento corporal volun- tário que produz um re- sultado. Culpabilidade Adota a teoria psicoló- gica, pois nela se insere o dolo e a culpa. Portan- to, a culpabilidade é o vínculo psicológico que une o autor ao resultado produzido por sua ação. Dolo É normativo. Obs: quem é clássico, precisa ser tripartido, pois dolo e culpa estão na culpabilidade. SISTEMA PENAL NEOCLÁSSICO/NEOKANTISTA Teoria Causalista/Mecanicis- ta/Naturalística/Causal Conduta é um movi- mento corporal volun- tário que produz um re- sultado. Culpabilidade Adota a teoria psicoló- gico-normativa, pois, além do dolo e culpa, tem nela a exigibilidade de conduta diversa, que é um elemento normati- vo. Dolo É normativo e abarca a consciência de ilicitude. Obs: É normativo e abarca a consciência de ilici- tude. #LEGIS 7 SISTEMA PENAL FINALISTA Teoria Finalista Conduta é um movi- mento corporal voluntá- rio psiquicamente dire- cionado a um resultado. Culpabilidade Adota a teoria normati- va pura, pois, mantém a exigibilidade de conduta diversa e perde o dolo/ culpa que são transpor- tados para a conduta. Por outro lado, a cons- ciência de ilicitude pre- sente na culpabilida- de torna-se potencial consciência de ilicitude. Dolo É natural porque inde- pende da consciência de ilicitude. Comentários: Alguns dizem que esse parágrafo traz a teoria da causalidade adequada, segundo a qual o resultado somente pode ser imputado a quem pratica conduta eficaz de produzi-lo. Luiz Flávio Gomes, por sua vez, diz que esse parágrafo traz hipótese de teoria da imputação objetiva. Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incum- be a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabi- lidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O dispositivo traz os chamados garantes. São pessoas que, ao contrário das de- mais, têm obrigação de não se omitir, sob pena de responder pelo crime (crimes omissivos im- próprios ou comissivo por omissão). - Exemplos da alínea “a”: genitores; - Exemplos da alínea “b” (há uma relação contra- tual): médicos. - Exemplo da alínea “c”: sujeito que arremessa pessoa que não sabe nadar na piscina. Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo disposição em con- trário, pune-se a tentativa com a pena corres- pondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Devemos ler tal dispositivo lem- brando do iter criminis, que é composto pela (fase interna) cogitação, (fase externa) prepara- ção, execução e consumação. Obs1: a preparação não é punível, salvo quando constituir crime autônomo. Obs2: o exaurimento, também chamado de consumação material (Zaffaroni), não integra o iter criminis, mas pode influir #LEGIS 8 9 na dosimetria da pena. No mais, existem espécies de tentativas: a) Tentativa Perfeita/Acabada/Crime Falho: se dá quando o agente esgota os atos executórios, mas o crime não se consuma. b) Tentativa Imperfeita/Inacabada/Tentativa Propriamente Dita: se dá quando o agente não esgota os atos executórios (e o crime não se con- suma). c) Tentativa Cruenta/Vermelha: se dá quando a pessoa é atingida. d) Tentativa Incruenta/Branca: se dá quando a pessoa não é atingida. Aprofundamento: qual o momento que ocorre a transição da preparação para a execução? Duas teorias abordam esse tema, a saber: a) Teoria Subjetiva: não há diferença entre atos preparatórios e executórios. b) Teoria Objetiva: há diferença entre os atos preparatórios e executórios: b.1) Teoria da Hostilidade ao Bem Jurídico: no ato preparatório o bem está em paz, já no execu- tório ele sofre ameaça. b.2) Teoria Objetivo-Formal/Lógico Formal: no ato executório há o início da prática do núcleo do tipo. b.3) Teoria Objetivo-Material: há o início da prática do núcleo do tipo, mais os atos imedia- tamente anteriores, na visão de um terceiro ob- servador. b.4) Teoria Objetivo-Individual: há o início da prática do núcleo do tipo, mais os atos imediata- mente anteriores, de acordo com o plano concre- to do agente. Anotações sobre os artigos anteriores: Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A primeira parte do dispositivo traz referência à desistência voluntária. A se- gunda, ao arrependimento eficaz. Em outras palavras, haverá desistência voluntária quando a execução do crime é interrompida. Por outro lado, o arrependimento eficaz pressupõe o esgo- tamento dos atos executórios. Ex: X pretende matar Y com 5 tiros. Deflagra 2 e para. É hipótese de desistência voluntária. Ex2: X pretende matar Y com 5 tiros.Deflagra todos os 5 e para. É hipótese de arrependimento eficaz (desde que evite a ocorrência do resultado). Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 16 - Nos crimes cometidos sem vio- lência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: notem que, como no arrependi- mento eficaz, o arrependimento posterior pres- supõe o esgotamento dos atos executórios. Mas aqui é necessário um passo além: a consu- mação do delito inicialmente pretendido. Jurisprudência: “Pela aplicação do art. 30 do Código Penal, uma vez reparado o dano integral- mente por um dos autores do delito, a causa de diminuição prevista no art. 16 do mesmo Es- tatuto estende-se aos demais coautores, por constituir circunstância de natureza objetiva, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução que deve ser aplicada, dentro dos parâmetros #LEGIS 9 mínimo e máximo previstos no dispositivo, con- forme a atuação de cada agente em relação à reparação efetivada. [REsp 1187976/SP, Rel. Mi- nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 07/11/2013, DJe 26/11/2013]. Os crimes contra a fé pública, assim como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependi- mento posterior, dada a impossibilidade ma- terial de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. [REsp 1242294/ PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 03/02/2015]. As Turmas especializadas em matéria criminal do Superior Tribunal de Justiça firmaram a im- possibilidade material do reconhecimento de arrependimento posterior nos crimes não patrimoniais ou que não possuam efeitos pa- trimoniais. In casu, a composição pecuniária da autora do homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) com a famí- lia da vítima, por consectário lógico, não poderá surtir proveito para a própria vítima, morta em decorrência da inobservância do dever de cui- dado da recorrente.” [REsp 1561276/BA, Rel. Mi- nistro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 15/09/2016]. Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por abso- luta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Sinônimos: tentativa inidônea/ inadequada/impossível/quase crime. - Ineficácia absoluta do meio: quando o meio de execução do crime é inviável. Exemplo: utili- zar arma de brinquedo para dar tiro. - Impropriedade absoluta do objeto: quando o bem visado não é apto a sofrer a ação crimino- sa. Exemplo: matar cadáver. Aprofundamento: Perceba que nos dois casos deve ser “absoluta” (absoluta impropriedade do objeto ou ineficácia absoluta do meio). Isso sig- nifica que se for “relativa”, haverá tentativa e não crime impossível. A isso dá-se o nome de teoria objetiva temperada. Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a pre- paração do flagrante pela polícia torna impossí- vel a sua consumação. Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previs- to como crime, senão quando o pratica dolosa- mente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Para Rogério Greco, “dolo é a von- tade e a consciência dirigidas a realizar a con- duta prevista no tipo penal incriminador”. A culpa, para Mirabete, é “a conduta humana vo- luntária (ação ou omissão) que produz resul- tado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente prevista, que podia, com a devida atenção, ser evitado”. Aprofundamento: Existem algumas teorias que fundamentam o dolo, a saber: a) Teoria da Vontade: é o querer/desejar o re- sultado. Previsto na primeira parte do inciso I do art. 18 do CP. b) Teoria do Assentimento: ocorre quando o agente antevê o resultado e não o quer direta- mente, mas não se importa com sua ocorrên- #LEGIS 10 11 cia. Previsto na segunda parte do inciso I do art. 18 do CP. É o chamado dolo eventual. c) Teoria da Representação: se dá quando o agente prevê o resultado como possível e con- tinua sua conduta. Não importa saber se o agente concordou ou não se importou com o resultado. Assim, não haveria distinção, para essa teoria, entre dolo eventual e culpa conscien- te. d) Teoria da Probabilidade: havendo conside- ração, pelo agente, de provável produção do resultado, ocorreria o dolo eventual. Por outro lado, se o agente considerar o resultado apenas possível, haverá imprudência. Anotações sobre os artigos anteriores: Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 19 - Pelo resultado que agrava especial- mente a pena, só responde o agente que o hou- ver causado ao menos culposamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Aprofundamento: Evita o chamado versari in re illicita que diz que o agente responderá, mes- mo que sem culpa, ou seja, responsabilidade objetiva. Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O erro de tipo ocorre quando o su- jeito tem falsa interpretação da realidade. Acha que age normalmente, quando está praticando um crime. Exemplo: pegar celular achando que é seu, mas na verdade é de um amigo. É diferente do erro de proibição (que exclui a culpabilida- de), no qual o agente sabe exatamente o que está fazendo. Não se confunde com a realida- de, mas ignora ou desconhece o caráter ilícito do fato. Exemplo: holandês que fuma maconha no Brasil. Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena quem, por erro ple- namente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Notem que aqui, como no erro de tipo, há uma confusão acerca da situação de fato. Contudo, essa confusão leva o agente a crer que poderia agir escudado por uma des- criminante. Daí porque é chamado de erro de tipo permissivo (ou erro de proibição indireto, como será visto adiante). Exemplo: sujeito imagi- na que seu desafeto sacará arma para lhe matar. Reage e mata ele antes. Depois descobre que ele somente iria tirar um lenço do paletó (entendam: é uma descriminante putativa, na espécie erro de tipo permissivo que, nesse caso, ficou caracteri- zado como legítima defesa putativa). Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 11 Comentários: É o chamado erro provocado. Nesse caso o provocador responderá dolosa ou culposamente pelo crime, a depender da cir- cunstância. Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condi- ções ou qualidades da vítima, senão asda pessoa contra quem o agente que- ria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Assim como no artigo 73 do CP, deverá responder como se tivesse atingido a pessoa pretendida. Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 21 - O desconhecimento da lei é ines- cusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se ine- vitável, isenta de pena; se evitável, poderá dimi- nuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciên- cia da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciên- cia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O caput deve ser lido em conjunto com o art. 3º da LINDB (Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece) e com o art. 65, II, do CP que diz que atenua a pena o desconhecimento da lei. Desse modo, conclui- -se que o desconhecimento pode atenuar a pena, mas jamais afastar o crime. No mais, o artigo prevê o chamado erro de proi- bição (direto ou indireto. Este, no caso de descri- minante putativa). Aprofundamento: O Código Penal adota a teo- ria limitada da culpabilidade, segundo a qual, as descriminantes putativas podem ser erro de tipo ou de proibição (Item 19 da Exposição de Motivos: Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas “descrimi- nantes putativas”. Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada pela culpabilidade, que distin- gue o erro incidente sobre os pressupostos fá- ticos de uma causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1º). Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação ir- resistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárqui- co, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Trata-se de modalidade de ex- cludente de culpabilidade. A coação moral ir- resistível e a obediência hierárquica excluem a exigibilidade de conduta diversa (elemento da culpabilidade). Obs: coação moral irresistível não se confunde com coação física, que é hipótese de exclusão da tipicidade, já que afasta a conduta. Mnemônico: Macete para gravar os elementos da culpabilidade e suas excludentes: Im – Po – Ex e MEDECO. Historinha: Quando se está mal, vai- -se ao “MEDECO”, o qual receita o remédio “Im- PoEx”. ELEMENTOS EXCLUDENTES Im - Imputabilidade Menoridade Embriaguez Doença Mental Po – Potencial Consciência de Ilicitude Erro de Proibição Ex - Exigibilidade de Conduta Diversa Coação Moral Irresistível Obediência Hierárquica #LEGIS 12 13 DIA 2 Disciplina: Direito Penal. Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 02: Do Art. 23 ao 42. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - em estrito cumprimento de dever le- gal ou no exercício regular de direito. (In- cluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O crime é composto por fato típi- co, ilícito e praticado por agente culpável (teo- ria tripartite, majoritariamente aceita). A ilicitu- de diz respeito ao alinhamento da conduta com o ordenamento jurídico. Portanto, pode ser típico sem, contudo, ser ilícito. Aprofundamento: Existem excludentes su- pralegais de ilicitude, como por exemplo o con- sentimento. Decorem: justificante ou descriminantes são as excludentes de ilicitude, já as exculpan- tes, dirimentes ou causas eximentes são as excludentes de culpabilidade. Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo ex- cesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de neces- sidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessida- de quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sa- crifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Aprofundamento: a teoria adotada pelo Código Penal é a unitária. Já o Código Penal Militar adota a teoria diferenciadora. Teoria Unitária Teoria Diferenciadora Exclui a ilicitude quando o bem protegido tem va- lor igual ou superior ao bem sacrificado. Todo estado de necessidade é justificante. Faz uma diferença. Sen- do o bem protegido de valor maior ou igual ao bem sacrificado, será justificante (igual o an- terior). Mas se o bem protegido for de valor inferior ao sacrificado, pode-se ventilar a possi- bilidade de excludente da culpabilidade (ex- culpante), na modalida- de inexigibilidade de conduta diversa. Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios neces- sários, repele injusta agressão, atual ou iminen- #LEGIS 13 te, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Matar animal que ataca a si próprio ou terceiro é legítima defesa? Depende: 1. Se animal ataca por ordem do dono é legítima defesa. É mero instrumento da agressão. 2. Se animal ataca por conta própria é estado de necessidade. Caracteriza “perigo”. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segu- rança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prá- tica de crimes. Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA decorren- te da Lei nº 13.964/19, que entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2020. Reparem que há uma cer- ta presunção de legítima defesa quando a reação partir de um “agente de segurança pública” (que, de acordo com o artigo 144 da CF é a polícia fe- deral, rodoviária federal, ferroviária federal, civil e militar, além do corpo de bombeiro militar - ler artigo 144 e seguintes da CF), somado ao fato de existir uma agressão ou risco de agressão a uma vítima mantida refém durante a prática do crime. Portanto decorem os novos requisitos: Agente de segurança pública; Agressão/risco de agressão a vítima refém; Durante a prática de crime. Anotações sobre os artigos anteriores: Para fixação: 1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Os crimes omissi- vos próprios são os cujo tipo descreve a conduta omissiva de forma direta, e por isso não é neces- sária a incidência do art. 13, § 2º, do CP. 2. MPE-SC (MPE-SC – 2019) O arrependimento eficaz somente se configura (é necessário) em re- lação à tentativa perfeita. 3. MPE-SC (MPE-SC – 2019) No caso em que o su- jeito realiza a conduta e prevê a possibilidade de produção do resultado, mas não quer sua ocor- rência e conta com a “sorte” para que ele não se materialize, pois sabe que não tem o controle sobre a situação implementada, se configura um exemplo de “culpa consciente” e não de “dolo eventual”, porque se o sujeito soubesse de ante- mão que o resultado iria ocorrer, provavelmente não teria atuado. 4. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside- rando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. O crime é dito impossível quando não há, em razão da ineficácia do meio empregado, violação,tampouco perigo de viola- ção, do bem jurídico tutelado pelo tipo penal. 5. Técnico Adm-STJ (CESPE – 2018) Conside- rando que crime é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. Crime doloso é aquele em que o sujeito passivo age com imprudência, ne- gligência ou imperícia. Gabarito: 1-C, 2-C, 3-E, 4-C, 5-E. #LEGIS 14 15 Anotações sobre as questões: TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental in- completo ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten- der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Aplica-se a teoria da atividade para aferir a menoridade, doença mental e até embriaguez. Esse dispositivo adotou a conjuga- ção do critério biológico (doença mental ou de- senvolvimento mental incompleto/retardado) com o critério psicológico (absoluta incapacida- de de determinar-se de acordo com esse entendi- mento). Daí dizermos que foi escolhido o método biopsicológico. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvi- mento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Reparem que o artigo é muito pró- ximo ao disposto no 228 da CF (são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujei- tos às normas da legislação especial). Ademais, a imputabilidade é afastada pela menoridade, em- briaguez e doença mental (vide comentários do art. 22 do CP). Relembrando o MEDECO e ImPoEx (mnemônico): Im - Imputabilidade Menoridade Embriaguez Doença Mental Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade pe- nal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos aná- logos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse enten- dimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, prove- niente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor- do com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 15 Comentários: Notem que, em se tratando de embriaguez, somente fica isento de pena se for completa e culposa, ou seja, sem intenção de se embriagar. Por outro lado, também precisa ser proveniente de caso fortuito ou força maior para reduzir a pena. Portanto, embriaguez preordenada, além de não afastar a culpabilida- de, agrava a pena (61, II, “l”, do CP). Aprofundamento: Aplica, no caso de embriaguez preordenada, a chamada teoria da actio libera in causa, segundo a qual a análise do elemento subjetivo é feita no momento anterior ao fato, ou seja, quando ainda não estava embriagado. Anotações sobre os artigos anteriores: TÍTULO IV DO CONCURSO DE PESSOAS Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concor- re para o crime incide nas penas a este comina- das, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Mnemônico: Para decorar os requisitos mais di- fundidos do concurso de agentes: PRIL. - Pluralidade de condutas/agentes - Relevância causal das condutas e resultados - Identidade de infração para todos os concorren- tes – consagra a teoria unitária, que é a regra do Código Penal. - Liame psicológico § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Como o próprio texto diz, é a chamada participação de menor importância. Jurisprudência: “Aquele que se associa a com- parsas para a prática de roubo, sobrevindo a mor- te da vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou a participação se revele de menor importân- cia.“ [RHC 133575, Relator(a): Min. MARCO AURÉ- LIO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2017, PRO- CESSO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 15-05-2017 PUBLIC 16-05-2017] § 2º - Se algum dos concorrentes quis parti- cipar de crime menos grave, ser-lhe-á apli- cada a pena deste; essa pena será aumen- tada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Esse parágrafo consagra a chama- da colaboração dolosamente distinta ou desvio subjetivo entre os agentes. NÃO confundir com a participação de menor importância. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Elementares são aquelas circuns- tâncias sem as quais há atipicidade (relativa ou absoluta). São os dados que integram a própria definição do tipo penal. Vamos ao exemplo: infan- ticídio - Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena detenção, de dois a seis anos. A questão é que o “estado puerperal”, além de circunstância personalíssima, é considerado por parte da dou- trina como elementar do delito, já que sua exclu- são geraria a desclassificação (atipicidade relati- va) para o crime de homicídio. Assim, por força do #LEGIS 16 17 art. 30 do CP, haveria comunicação e consequente punição de ambos os agentes pelo delito do art. 123. Frise-se que o tema não é pacífico. Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou insti- gação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não che- ga, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Induzir significa fazer surgir a ideia. Instigar é fomentar a ideia existente. São espécies da chamada participação moral. Lembrar que o artigo 122, que prevê o induzi- mento, instigação ou auxílio a suicídio prevê uma exceção a esse artigo, pois exige a consumação do suicídio ou, ao menos, a lesão corporal gra- ve (Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a sui- cidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave). No mais, auxílio significa fornecer elementos materiais (ex: emprestar arma). Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: 1. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. João e Manoel, penalmente imputáveis, decidiram ma- tar Francisco. Sem que um soubesse da intenção do outro, João e Manoel se posicionaram de to- caia e, concomitantemente, atiraram na direção da vítima, que veio a falecer em decorrência de um dos disparos. Não foi possível determinar de qual arma foi deflagrado o projétil que atin- giu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e Manoel responderão pelo crime de homicídio na forma tentada. 2. Analista do MPU (CESPE – 2018) Cada um do itema seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respei- to da aplicação e da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade. Joa- quim, penalmente imputável, praticou, sob abso- luta e irresistível coação física, crime de extrema gravidade e hediondez. Nessa situação, Joaquim não é passível de punição, porquanto a coação física, desde que absoluta, é causa excludente da culpabilidade. 3. PC-SE (CESPE – 2018) João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para jun- tos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual en- traram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmen- te entre os três. Alertada pela vizinhança, a polí- cia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Considerando essa situação hipotética, jul- gue o item subsequente. Para que fique caracte- rizado o concurso de pessoas, é necessário que exista o prévio ajuste entre os agentes delitivos para a prática do delito. Gabarito: 1-C, 2-E, 3-E. #LEGIS 17 TÍTULO V DAS PENAS CAPÍTULO I DAS ESPÉCIES DE PENA Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - privativas de liberdade; II - restritivas de direitos; III - de multa. Aprofundamento: Existem, classicamente, duas teorias que explicam a pena. A teoria absoluta e a relativa. A absoluta diz que pena é retribuição. Já a relativa tenta também dar caráter preven- tivo à punição. A teoria relativa se subdivide em prevenção geral, que diz respeito à sociedade e prevenção especial, que se relaciona ao agente. a) Prevenção Geral: pode ser positiva ou negativa. a.1) Prev. Ger. Positiva: reafirma o valor da norma, promove a integração social. a.2) Prev. Ger. Negativa: intimida. b) Prevenção Especial: pode ser positiva ou negativa. b.2) Prev. Esp. Positiva: ressocializa. b.3) Prev. Esp. Negativa: neutraliza evitando novos cometimentos de crime. SEÇÃO I DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE Reclusão e detenção Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumpri- da em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fecha- do. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabele- cimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento ade- quado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progres- siva, segundo o mérito do condenado, ob- servados os seguintes critérios e ressalva- das as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regi- me fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não ex- ceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regi- me aberto. § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º O condenado por crime contra a admi- nistração pública terá a progressão de regi- me do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à de- volução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Jurisprudência: “É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado, devendo o julgador, quan- do da condenação, ater-se aos parâmetros previs- tos no artigo 33 do Código Penal.” [Tese definida no ARE 1.052.700 RG, rel. min. Edson Fachin, P, j. 2-11- 2017, DJE 18 de 1º-2-2018, Tema 972]. Súmula 269 do STJ. É admissível a adoção do re- gime prisional semi-aberto aos reincidentes con- denados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. #LEGIS 18 19 Súmula 440 do STJ. Fixada a pena-base no míni- mo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravida- de abstrata do delito. Súmula 715 do STF. A pena unificada para aten- der ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros bene- fícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. Súmula 716 do STF. Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determi- nada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 718 do STF. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 do STF. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplica- da permitir exige motivação idônea. Regras do regime fechado Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame crimi- nológico de classificação para individualização da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 439 do STJ. Admite-se o exame crimino- lógico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada §1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do con- denado, desde que compatíveis com a exe- cução da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras pú- blicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dispositivos que devem ser lidos em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP. Regras do regime semi-aberto Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumpri- mento da pena em regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos pro- fissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Regras do regime aberto Art. 36 - O regime aberto baseia-se na au- todisciplina e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O condenado deverá, fora do estabe- lecimento e sem vigilância, trabalhar, fre- qüentar curso ou exercer outra atividade au- torizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativa- mente aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Regime especial Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os #LEGIS 19 deveres e direitos inerentes à sua condição pes- soal, bem como, no que couber, o disposto nes- te Capítulo. (Redação dada pela Lei nº7.209, de 11.7.1984) Comentários: Artigo que deve ser lido em con- junto com o art. 5º, XLVIII e L, da CF: XLVIII - A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; L - Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. Também não se pode esquecer das recentes mudanças legislativas: Art. 112-LEP. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transfe- rência para regime menos rigoroso, a ser deter- minada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) I - Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) II - Não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) III - Ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) IV - Ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) V - Não ter integrado organização criminosa. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. Art. 318-A, CPP. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsá- vel por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). I - Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). II - Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). Jurisprudência: “HABEAS CORPUS COLETI- VO. ADMISSIBILIDADE. DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS CORPUS. MÁXIMA EFETIVIDADE DO WRIT. MÃES E GESTANTES PRESAS. RELAÇÕES SOCIAIS MASSIFICADAS E BUROCRATIZADAS. GRUPOS SOCIAIS VULNERÁVEIS. ACESSO À JUS- TIÇA. FACILITAÇÃO. EMPREGO DE REMÉDIOS PROCESSUAIS ADEQUADOS. LEGITIMIDADE ATI- VA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI 13.300/2016. MULHERES GRÁVIDAS OU COM CRIANÇAS SOB SUA GUARDA. PRISÕES PREVENTIVAS CUMPRI- DAS EM CONDIÇÕES DEGRADANTES. INADMIS- SIBILIDADE. PRIVAÇÃO DE CUIDADOS MÉDICOS PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO. FALTA DE BERÇÁRIOS E CRECHES. ADPF 347 MC/DF. SISTEMA PRISIO- NAL BRASILEIRO. ESTADO DE COISAS INCONS- TITUCIONAL. CULTURA DO ENCARCERAMENTO. NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO. DETENÇÕES CAUTELARES DECRETADAS DE FORMA ABUSI- VA E IRRAZOÁVEL. INCAPACIDADE DO ESTADO DE ASSEGURAR DIREITOS FUNDAMENTAIS ÀS ENCARCERADAS. OBJETIVOS DE DESENVOLVI- MENTO DO MILÊNIO E DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. REGRAS DE BANGKOK. ESTATUTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA. APLICAÇÃO À ESPÉCIE. OR- DEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DE OFÍCIO.” I – Existência de relações sociais massificadas e burocratizadas, cujos problemas estão a exigir soluções a partir de remédios processuais coletivos, especialmente para coibir ou prevenir lesões a direitos de grupos vulneráveis. II – Conhecimento do writ coletivo homenageia nossa tradição jurídica de #LEGIS 20 21 conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico, conhecida como doutrina brasileira do habeas corpus. III – Entendimento que se amolda ao disposto no art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal - CPP, o qual outorga aos juízes e tribunais competência para expedir, de ofício, ordem de habeas corpus, quando no curso de processo, verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. IV – Compreensão que se harmoniza também com o previsto no art. 580 do CPP, que faculta a extensão da ordem a todos que se encontram na mesma situação processual. V - Tramitação de mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, a qual exige que o STF prestigie remédios processuais de natureza coletiva para emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional VI - A legitimidade ativa do habeas corpus coletivo, a princípio, deve ser reservada àqueles listados no art. 12 da Lei 13.300/2016, por analogia ao que dispõe a legislação referente ao mandado de injunção coletivo. VII – Comprovação nos autos de existência de situação estrutural em que mulheres grávidas e mães de crianças (entendido o vocábulo aqui em seu sentido legal, como a pessoa de até doze anos de idade incompletos, nos termos do art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA) estão, de fato, cumprindo prisão preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós- parto, inexistindo, outrossim berçários e creches para seus filhos. VIII – “Cultura do encarceramento” que se evidencia pela exagerada e irrazoável imposição de prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de excessos na interpretação e aplicação da lei penal, bem assim da processual penal, mesmo diante da existência de outras soluções, de caráter humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente. IX – Quadro fático especialmente inquietante que se revela pela incapacidade de o Estado brasileiro garantir cuidados mínimos relativos à maternidade, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional, como comprova o “caso Alyne Pimentel”, julgado pelo Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas. X – Tanto o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio nº 5 (melhorar a saúde materna) quanto o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5 (alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas), ambos da Organização das Nações Unidades, ao tutelarem a saúde reprodutiva das pessoas do gênero feminino, corroboram o pleito formulado na impetração. XI – Incidência de amplo regramento internacional relativo a Direitos Humanos, em especial das Regras de Bangkok, segundo as quais deve ser priorizada solução judicial que facilite a utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. XII – Cuidados com a mulher presa que se direcionam não só a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais sofrem injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos destes. XIII – Quadro descrito nos autos que exige o estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância, em especial da nova redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do Código de Processo Penal. XIV – Acolhimento do writ que se impõe de modo a superar tanto a arbitrariedade judicial quanto a sistemática exclusão de direitos de grupos hipossuficientes, típica de sistemas jurídicos que não dispõem de soluções coletivas para problemas estruturais. #LEGIS 21 XV – Ordem concedida para determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar - sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP - de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e deficientes, nos termos do art. 2º do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas neste processo pelo DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados oscasos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício. XVI – Extensão da ordem de ofício a todas as demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições acima. (HC 143641/SP) O art. 318-A do Código de Processo Penal, intro- duzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um po- der-dever para o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mulher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada prova idô- nea do requisito estabelecido na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exceções legais. Todavia, naquilo que a lei não regulou, o pre- cedente da Suprema Corte (HC n. 143.641/SP) deve continuar sendo aplicado, pois uma inter- pretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária. (HC 487.763/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 16/04/2019) A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só po- dendo dela ausentar-se com autorização judicial (art. 317 do Código de Processo Penal). O art. 318- A do Código de Processo Penal, introduzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um poder-dever para o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mulher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada pro- va idônea do requisito estabelecido na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exce- ções legais. A normatização de apenas duas das exceções não afasta a efetividade do que foi deci- dido pelo Supremo no Habeas Corpus n. 143.641/ SP, nos pontos não alcançados pela nova lei. O fato de o legislador não ter inserido outras exce- ções na lei, não significa que o Magistrado esteja proibido de negar o benefício quando se deparar com casos excepcionais. Assim, deve prevalecer a interpretação teleológica da lei, assim como a proteção aos valores mais vulneráveis. Com efei- to, naquilo que a lei não regulou, o precedente da Suprema Corte deve continuar sendo aplicado, pois uma interpretação restritiva da norma pode representar, em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral e prioritária. Assim, a separação excepcionalíssima da mãe de seu filho, com a decretação da prisão preventiva, somente pode ocorrer quando violar direitos do menor ou do deficiente, tendo em vista a força normativa da nova lei que regula o tema. [HC 470.549/TO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 20/02/2019]. Direitos do preso Art. 38 - O preso conserva todos os direi- tos não atingidos pela perda da liberdade, im- pondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O artigo 3º da LEP vai no mesmo sentido: art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingi- dos pela sentença ou pela lei. Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza ra- cial, social, religiosa ou política. Também não se pode descurar que é assegurado o direito à integridade física e moral: art. 5º, XLIX, CF - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; Trabalho do preso Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefí- #LEGIS 22 23 cios da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Dispositivos que devem ser lidos em conjunto com os artigos 28 a 37 da LEP. Legislação especial Art. 40 - A legislação especial regulará a ma- téria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de doença mental Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O artigo 154 do CPP traz comple- mento interessante: Art. 154, CPP. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena, observar-se-á o disposto no art. 682. Art. 682, CPP. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia. § 1º Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar a remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz, que, em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida. § 2º Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de incapazes. Art. 183, LEP. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade admi- nistrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). Art. 184, LEP. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano. Detração Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangei- ro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Ao proferir sentença condenató- ria, o juiz deverá considerar a detração, por or- dem do artigo 387, §2º, do CPP. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: § 2º O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.736, de 2012). Jurisprudência: “É cabível a aplicação do be- nefício da detração penal previsto no art. 42 do CP em processos distintos, desde que o delito pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido cometido antes da segregação cautelar, evitando a criação de um crédito de pena. Pre- cedentes citados: HC 188.452-RS, DJe 1º/6/2011, e HC 148.318-RS, DJe 21/2/2011. HC 178.894-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012. É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde que em data posterior à prática do deli- to. [HC 420.257-RS]” #LEGIS 23 DIA 3 Disciplina: Direito Penal (art. 1º ao 60). Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Dia 03: Do Art. 43 ao 60. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Penas restritivas de direitos Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;(Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) V - interdição temporária de direitos; (In- cluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liber- dade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I – Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave amea- ça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II – O réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) III – A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do con- denado, bem como os motivos e as cir- cunstâncias indicarem que essa substi- tuição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por mul- ta ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a rein- cidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de li- berdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 5º Sobrevindo condenação a pena priva- tiva de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substituti- va anterior. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Súmula 493 do STJ. É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto Conversão das penas restritivas de direitos Art. 45. Na aplicação da substituição pre- vista no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou #LEGIS 24 25 privada com destinação social, de impor- tância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (tre- zentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de repara- ção civil, se coincidentes os beneficiários. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º No caso do parágrafo anterior, se hou- ver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º A perda de bens e valores pertencen- tes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüên- cia da prática do crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Anotações sobre os artigos anteriores: Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas Art. 46. A prestação de serviços à comuni- dade ou a entidades públicas é aplicável às con- denações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1º A prestação de serviços à comunida- de ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao con- denado. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hos- pitais, escolas, orfanatos e outros esta- belecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do con- denado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de conde- nação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cum- prir a pena substitutiva em menor tem- po (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. (In- cluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Interdição temporária de direitos (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Proibição do exercício de cargo, fun- ção ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de ha- bilitação especial, de licença ou autoriza- ção do poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Suspensão de autorização ou de ha- bilitação para dirigir veículo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV – Proibição de freqüentar determina- dos lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) V - Proibição de inscrever-se em concur- so, avaliação ou exame público s. (Incluí- do pela Lei nº 12.550, de 2011) #LEGIS 25 Limitação de fim de semana Art. 48 - A limitação de fim de semana con- siste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) SEÇÃO III DA PENA DE MULTA Multa Art. 49 - A pena de multa consiste no paga- mento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (tre- zentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigé- simo do maior salário mínimo mensal vi- gente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de cor- reção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: remeto para a leitura do artigo 60 e seus comentários. Pagamento da multa Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julga- do a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou sa- lário do condenado quando: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) Aplicada isoladamente; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) Aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) Concedida a suspensão condicional da pena. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O §2º prevê o princípio da huma- nidade e da intranscendência das penas (art. 5º, XLVI e XLVII, da CF). Jurisprudência: “1. A Lei nº 9.268/1996, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não retiroudela o caráter de sanção criminal, que lhe é inerente por força do art. 5º, XLVI, c, da Constituição Federal. 2. Como consequência, a legitimação prioritária para a execução da multa penal é do Ministério Público perante a Vara de Execuções Penais. 3. Por ser também dívida de valor em face do Poder Público, a mul- ta pode ser subsidiariamente cobrada pela Fazenda Pública, na Vara de Execução Fiscal, se o Ministério Público não houver atuado em prazo razoável (90 dias). 4. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga par- cialmente procedente para, conferindo inter- pretação conforme à Constituição ao art. 51 do Código Penal, explicitar que a expressão “apli- cando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspen- sivas da prescrição”, não exclui a legitimação prioritária do Ministério Público para a cobran- ça da multa na Vara de Execução Penal. Fixação das seguintes teses: (i) O Ministério Público é o órgão legitimado para promover a execução da pena de multa, perante a Vara de Execução Cri- minal, observado o procedimento descrito pe- los artigos 164 e seguintes da Lei de Execução Penal; (ii) Caso o titular da ação penal, devida- mente intimado, não proponha a execução da #LEGIS 26 27 multa no prazo de 90 (noventa) dias, o Juiz da execução criminal dará ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (Federal ou Es- tadual, conforme o caso) para a respectiva co- brança na própria Vara de Execução Fiscal, com a observância do rito da Lei 6.830/1980.” [ADI 3150, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Rela- tor(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Tri- bunal Pleno, julgado em 13/12/2018, PROCES- SO ELETRÔNICO DJe-170 DIVULG 05-08-2019 PUBLIC 06-08-2019]. STJ: Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, cum- prida a primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha substituído), o ina- dimplemento da sanção pecuniária não obsta o reconhecimento da extinção da punibilida- de. (REsp Repetitivo 1519777/SP – Tema 931) Conversão da Multa e revogação (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspen- sivas da prescrição. Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA decor- rente da Lei nº 13.964/19, que entrou em vigor no dia 23 de janeiro de 2020. Reparem que foi acrescentada a seguinte expressão “executada perante o juiz da execução penal”. Portanto, a discussão acerca da competência ficou supera- da. Súmula 693 do STF Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. Súmula 521 do STJ: A legitimidade para a exe- cução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. (aparente- mente superada pela ADIN 3150) § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) § 2º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Suspensão da execução da multa Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doen- ça mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: art. 167 da LEP caminha no mesmo sentido: art. 167. A execução da pena de multa será suspensa quando sobrevier ao condena- do doença mental (artigo 52 do Código Penal). Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 27 CAPÍTULO II DA COMINAÇÃO DAS PENAS Penas privativas de liberdade Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção corres- pondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Penas restritivas de direitos Art. 54 - As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de cominação na parte especial, em substituição à pena priva- tiva de liberdade, fixada em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Deve ser lido em conjunto com o art. 44 e seguintes do Código Penal. Jurisprudência: “1. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha decidido pela viabilidade da ime- diata execução da pena imposta ou confirmada pelos tribunais locais após esgotadas as respec- tivas jurisdições, não analisou tal possibilidade quanto às reprimendas restritivas de direitos. 2. Considerando a ausência de manifestação ex- pressa da Corte Suprema e o teor do art. 147 da LEP, não se afigura possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação. (EREsp 1619087/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/06/2017, DJe 24/08/2017). STF: 1. A execução provisória de pena restriti- va de direitos imposta em condenação de se- gunda instância, ainda que pendente o efetivo trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da presunção de ino- cência, conforme decidido por esta Corte Supre- ma no julgamento das liminares nas ADC nºs 43 e 44, no HC nº 126.292/SP e no ARE nº 964.246, este com repercussão geral reconhecida – Tema nº 925. Precedentes: HC 135.347-AgR, Primeira Tur- ma, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 17/11/2016, e ARE 737.305-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 10/8/2016. 2. In casu, o recorrente foi condenado, em sede de apela- ção, à pena de 3 (três) anos, 7 (sete) meses e 16 (dezesseis) dias de reclusão, em regime aberto, substituída por restritivas de direitos, bem como ao pagamento de 16 (dezesseis) dias-multa pela prática do crime previsto no artigo 1º, I e II, da Lei n. 8.137/1990.” [HC 141978 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 23/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-168 DI- VULG 31-07-2017 PUBLIC 01-08-2017] Art. 55. As penas restritivas de direitos re- feridas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberda- de substituída, ressalvado o disposto no § 4º do art. 46. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) Art. 56 - As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam- -se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de multa Art. 58 - A multa, prevista em cada tipo le- gal de crime, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - A multa prevista no pará- grafo único do art. 44 e no § 2º do art. 60 deste Código aplica-se independentemente de comi- nação na parte especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 28 29 CAPÍTULO III DA APLICAÇÃO DA PENA Fixação da pena Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à persona- lidade do agente, aos motivos, às circunstân- cias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, con- forme seja necessário e suficiente para repro- vação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Remeto para a leitura dos comen- tários do art. 32, em que foi trabalhada a teoria relativa (prevenção especial e geral), que é a ado- tada por este dispositivo. I - As penas aplicáveis dentre as comina- das; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - A quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redaçãodada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - O regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - A substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 231 do STJ: A incidência da circunstân- cia atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Súmula 269 do STJ: É admissível a adoção do re- gime prisional semi-aberto aos reincidentes con- denados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Súmula 440 do STJ: Fixada a pena-base no míni- mo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravida- de abstrata do delito. Súmula 443 do STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circuns- tanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de in- quéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroa- tiva da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Súmula Vinculante 56 do STF: A falta de estabe- lecimento penal adequado não autoriza a manu- tenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. (Crité- rios adotados no referido julgado: 1) a saída an- tecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; 2) a liberdade eletronicamente monitora- da ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; 3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ ou estudo ao sentenciado que progrida ao regi- me aberto) Critérios especiais da pena de multa Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econô- mica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Multa substitutiva § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A pena de multa é aplicada segun- do um critério bifásico: quantidade de dias- -multa e valor dos dias-multa. Para determinar a quantidade (primeira fase), leva-se em conta as circunstâncias judiciais. Já o valor (segunda #LEGIS 29 fase), é determinado pelas condições financei- ras do apenado. Sendo pessoa abastada e inefi- caz a multa aplicada, o magistrado poderá tripli- cá-la (§1º). Essa etapa é, por alguns, considerada uma terceira fase do cálculo da multa. Súmula 171 do STJ: Cominadas cumulativamen- te, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa. Anotações sobre os artigos anteriores: Para fixação: 1. PGE-PE (CESPE – 2019) A respeito de ação penal, espécies e cominação de penas, julgue o item a seguir. Inquéritos policiais e ações penais em curso podem servir para agravar a pena-base do condenado a título de maus antecedentes e de personalidade desajustada ou voltada para a criminalidade. 2. PGE-PE (CESPE – 2019) A respeito de ação penal, espécies e cominação de penas, julgue o item a seguir. A reincidência em qualquer crime na modalidade dolosa impede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de di- reitos. 3. Policial Federal (CESPE – 2018) Ronaldo, maior e capaz, e outras três pessoas, também maiores e capazes, furtaram um veículo que es- tava parado em um estacionamento público. Depois de terem retirado pertences do veículo, o abandonaram perto do local do assalto. O grupo foi preso. Constatou-se que Ronaldo era réu pri- mário, tinha bons antecedentes e que agira por coação dos outros elementos do grupo. Nessa situação, se a coação foi resistível, se houver con- fissão do crime e se as circunstâncias atenuantes preponderarem sobre as agravantes, a pena de Ronaldo poderá ser reduzida para abaixo do mí- nimo legal. 4. Analista do STJ (CESPE – 2018) O réu senten- ciado provisoriamente que se encontre em pri- são especial deverá aguardar o trânsito em julga- do da sentença com a definição da pena para que seja aplicada a progressão de regime de execu- ção da pena. 5. MPE-SC (MPE-SC – 2016) Em relação à dosime- tria, segundo consta no entendimento da Súmula 443 do Superior Tribunal de Justiça, o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado não exige fundamentação efetiva, sendo suficiente para sua exasperação a indicação da quantidade de majorantes. Gabarito: 1-E, 2-E, 3-E, 4-E, 5-E #LEGIS 30 31 DIA 4 Disciplina: Direito Penal. Responsável: Prof. Rodrigo Santos. Dia 04: Do Art. 61 ao 76. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: As agravantes estão previstas em rol taxativo, não se admitindo analogia in malam partem. Por outro lado, as atenuantes possuem natureza exemplificativa, conforme art. 66 do CP, adiante analisado. I - A reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Prevalece na doutrina que a reincidência é a única agravante que se aplica aos crimes culposos. As demais somente inci- dem sobre as condutas dolosas. Mais comentá- rios sobre a reincidência serão feitos no art. 64. II - Ter o agente cometido o crime: (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) Por motivo fútil ou torpe; b) Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que di- ficultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) Com emprego de veneno, fogo, explo- sivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo co- mum; Comentários: As agravantes previstas nas quatro alíneas anteriores encontram corres- pondência com as qualificadoras do art. 121, §2º, do CP. Contudo, para evitar bis in idem, a utilização da agravante é vedada quando a mesma circunstância já for utilizada para qualificar o delito. e) Contra ascendente, descendente, ir- mão ou cônjuge; f) Com abuso de autoridade ou preva- lecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Jurisprudência: “Nesse sentido é a jurispru- dência pacificada desta Corte Superior ao en- tender que a aplicação da agravante prevista no art. 61, II, f, do CP, de modo conjunto com outras disposições da Lei n. 11.340/06 não acarreta bis in idem, pois a Lei Maria da Pe- nha visou recrudescer o tratamento dado para a violência doméstica e familiar contra a mu- lher” (AgRg no AREsp n. 1.079.004/SE, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, DJe de 28/6/2017). Habeas corpus não conhecido. g) Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Reda- ção dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Jurisprudência: “1. A incidência da agravante estabelecida no art. 61, inciso II, “h”, do CP é de natureza objetiva e não depende de prévio conhecimento do agente para sua incidência, já que a vulnerabilidade do idoso é presumida. Precedentes.2 Agravo regimental desprovido.” (AgRg no REsp 1722345/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 21/05/2019, DJe 04/06/2019) i) quando o ofendido estava sob a imedia- ta proteção da autoridade; #LEGIS 31 j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordena- da. Comentários: O estado de embriaguez preor- denada não afasta a culpabilidade, por conta da teoria do actio libera in causa. Ao contrário, permite o agravamento da pena, por se consi- derar mais reprovável a conduta daquele que ingere bebida alcoólica com o fito de cometer crimes. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos de- mais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Aplica-se ao caso da denomina- da “autoria intelectual” ou “autoria de escritó- rio”. Para incidência da agravante, deve haver hierarquia entre o agente e os demais autores da infração penal. II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - instiga ou determina a cometer o cri- me alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Os dois incisos anteriores tradu- zem hipótese de autoria mediata. No caso do inciso II, se a coação for resistível, o indivíduo que sofreu a coação (coacto) será responsabi- lizado criminalmente, ainda que com a pena atenuada, nos termos do art. 65, III, “c”, do CP. Se a coação for irresistível, afasta-se o fato tí- pico (por ausência de conduta), se física, ou a culpabilidade, por inexigibilidade de con- duta diversa, se moral. IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recom- pensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: Reincidência Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estran- geiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Segundo o Código Penal, somen- te cabe falar em reincidência no caso de come- timento de crime após a condenação transitada em julgado por outro crime. Condenação ante- rior por contravenção penal não tem o condão de gerar a reincidência nos termos do CP. Súmula 241 do STJ - A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agra- vante e, simultaneamente, como circunstância judicial. Súmula 636 do STJ: A folha de antecedentes cri- minais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorri- do período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, #LEGIS 32 33 se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: No caso de cometimento de deli- to depois do período depurador da reincidên- cia, há divergência se o agente teria ou não maus antecedentes. I - Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, haverá sim maus an- tecedentes em referida hipótese. Ou seja, os maus antecedentes, para o STJ, podem estar caracterizados na hipótese de o indi- víduo cometer um delito depois do período depurador da reincidência. II - Existem precedentes do Supremo Tri- bunal Federal, contudo, no sentido de que, como a pena não pode ter efeito perpétuo (art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88), não seria pos- sível esta hipótese de maus antecedentes. Assim, para esta corrente do STF, passados 5 (cinco) anos da extinção da pena anterior, o agente seria primário e portador de bons antecedentes. II - Não se consideram os crimes militares próprios e políticos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: A condenação anterior por crime militar próprio, crime político ou contravenção penal não gera reincidência em caso de cometi- mento de novo crime, mas induz os maus ante- cedentes. Anotações sobre os artigos anteriores: Circunstâncias atenuantes Art. 65 - São circunstâncias que sempre ate- nuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 231 - A incidência da circunstância ate- nuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. I - Ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (seten- ta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: O indivíduo que completa 70 (se- tenta) anos depois da sentença, mas antes do trânsito em julgado, não faz jus à atenuante aci- ma nominada, conforme entendimento domi- nante dos Tribunais Superiores. II - O desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - ter o agente: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) Cometido o crime por motivo de rele- vante valor social ou moral; b) Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar- -lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) Cometido o crime sob coação a que po- dia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato in- justo da vítima; d) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilíci- to de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera #LEGIS 33 admissão da posse ou propriedade para uso próprio. e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expres- samente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: O dispositivo acima reflete a cha- mada atenuante inominada. Repare que a cir- cunstância relevante pode ser anterior ou poste- rior ao crime. Assim, por exemplo, a boa conduta do indivíduo após o cometimento do ilícito pode ser levada em conta pelo magistrado como ate- nuante inominada. Atenção: A tese da coculpabilidade, segundo a qual haveria responsabilidade compartilhada entre o agente que cometeu o ilícito e o Estado, no caso de aquele não ter tido acesso a direitos sociais básicos ao longo da vida, pode ser enca- rada como atenuante inominada, justificando a redução de pena do autor do crime com base no art. 66 do Código Penal. Anotações sobre os artigos anteriores: Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes Art. 67 - No concurso de agravantes e ate- nuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da persona- lidade do agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: Não há definição expressa em lei de quais seriam as atenuantes ou agravantes preponderantes, exceto quanto à reincidência. O art. 67 do CP estabelece apenas diretrizes, no sentido de que devem preponderar aquelas ine- rentes aos motivos determinantes do crime e à personalidade. Cabe ao intérprete analisar as agravantes e atenuantes previstas na lei penal e verificarse estas são ou não preponderantes. Havendo a concorrência entre atenuantes e agra- vantes igualmente preponderantes, ambas deve- rão se compensar. Jurisprudência: “É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuan- te da confissão espontânea com a agravante da reincidência” (REsp n. 1.341.370/MT, Rel. Minis- tro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, julgado em 10/4/2013, DJe 17/4/2013, sob o rito dos re- cursos especiais repetitivos). Jurisprudência: “O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a agravante do crime praticado com violência doméstica e familiar contra a mu- lher é circunstância preponderante, nos termos do art. 67 do Código Penal, devendo ser compen- sada com as atenuantes igualmente preponde- rantes, como a confissão espontânea”. (AgRg no AREsp 689.064-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de As- sis Moura, julgado em 6/8/2015, DJe 26/8/2015.) Jurisprudência: “A jurisprudência desta Corte superior entende que a atenuante da menorida- de relativa e a agravante da reincidência são igualmente preponderantes, devendo, portanto, serem integralmente compensadas, não havendo se falar em redução da reprimenda na segunda fase da dosimetria pela preponderância da citada atenuante. (AgRg no HC 447.645/SC, Rel. Minis- tro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/10/2018, DJe 18/10/2018) #LEGIS 34 35 Cálculo da pena Art. 68 - A pena-base será fixada atenden- do-se ao critério do art. 59 deste Código; em se- guida serão consideradas as circunstâncias ate- nuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na par- te especial, pode o juiz limitar-se a um só au- mento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: Havendo duas causas de aumento ou diminuição da parte geral, ou uma da parte especial e uma da geral, deve o juiz aplicar am- bas. Somente quando as duas causas forem da parte especial é que o juiz pode limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição. Comentário: Prevalece que o art. 68 do Código Penal encerra uma faculdade do magistrado. Ou seja, o juiz sentenciante, a partir de seu li- vre convencimento motivado, decidirá se apli- ca apenas uma das causas de aumento da parte especial presentes em dado caso concreto, ou se fará incidir ambas de forma cumulativa. Anotações sobre os artigos anteriores: Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumula- tivamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumu- lativa de penas de reclusão e de detenção, execu- ta-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: Lembre-se que, no caso de suspen- são condicional do processo envolvendo concur- so material de crimes, o sursis só será possível se o resultado do somatório das penas mínimas de cada crime não ultrapassar 1 (um) ano. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatí- veis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sex- to até metade. As penas aplicam-se, entretan- to, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: A parte inicial do dispositivo traz o denominado concurso formal próprio ou per- feito, enquanto a parte final tipifica o que ficou conhecido como concurso formal impróprio ou imperfeito, por conta dos desígnios autônomos em relação aos resultados produzidos. #LEGIS 35 Jurisprudência: “3. A jurisprudência desta Corte Superior é firme em assinalar que a quantidade de infrações praticadas deve ser o critério utili- zado para embasar o patamar de aumento rela- tivo ao concurso formal de crimes. (HC 319.513/ SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 20/04/2016) . Comentário: Considerando o entendimento ju- risprudencial, podemos afirmar que a fixação do quantum de aumento em decorrência do con- curso formal próprio deve obedecer a seguinte regra: 2 (dois) crimes = aumento de 1/6 (um sexto); 3 (três) crimes = aumento de 1/5 (um quinto); 4 (quatro) crimes = aumento de 1/4 (um quarto); 5 (cinco) crimes = aumento de 1/3 (um terço); 6 (seis) ou mais crimes = aumento de 1/2 (metade). Parágrafo único - Não poderá a pena exce- der a que seria cabível pela regra do art. 69 des- te Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: O dispositivo anteriormente citado descreve o concurso material benéfico. Com efeito, no caso do concurso formal próprio, adotou-se o sistema da exasperação como forma de beneficiar o infrator. Ocorre que nem sempre esse sistema é mais fa- vorável, pois é possível que sua aplicação resulte em pena superior à soma das penas dos crimes. Nesse caso, deverá ser aplicado o sistema do cú- mulo material, que será benéfico ao agente. Exemplo: Imaginemos a situação: um indivíduo pratica os crimes de latrocínio (art. 157, §3º, II, do CP) e corrupção de menores (art. 244-B do ECA) em concurso formal. Nesta hipótese, em tese, é mais vantajosa ao infrator a soma das penas do que a exasperação da pena mais grave. Anotações sobre os artigos anteriores: Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havi- dos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qual- quer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: Ainda que não esteja expresso no dispositivo legal, os Tribunais Superiores enten- dem como requisito implícito para caracteriza- ção do crime continuado a unidade de desígnios entre as ações praticadas. Quanto ao assunto, existem duas teorias importantes: Para a teoria objetiva pura ou puramente obje- tiva, basta a presença dos requisitos previstos no art. 71, caput, do CP, dispensando-se a intenção do agente em praticar os crimes continuidade. Para a teoria objetivo-subjetiva ou mista, não basta a presença dos requisitos previstos no art. 71, caput, do CP, sendo necessária também a unidade de desígnio, ou seja, a prática dos cri- mes resulta de um plano previamente elaborado pelo agente. Essa teoria é amplamente majori- tária na jurisprudência. #LEGIS 36 37 Atenção: No caso de crime continuado, a fração de aumento é de um sexto a dois terços, enquan- to, no concurso formal, o quantum é de um sexto até a metade. Cuidado para não confundir, pois esta diferença já foi objeto de questionamento em provas anteriores. Para ajudar a memorizar, basta lembrar que o crime continuado é mais grave, por ser configurado quando o indivíduo pratica duas ou mais ações, de modo que a san- ção também é mais rigorosa. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, con- tra vítimas diferentes, cometidos com violên- cia ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes,a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, au- mentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, obser- vadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Atenção: O parágrafo único do art. 71 traz o que se chama de crime continuado específico ou qualificado, em oposição ao genérico do caput. Para fixação do quantum de aumento, no crime continuado genérico, a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que devem ser levadas em consideração exclusivamente a quantidade de crimes praticados, sendo este um critério pura- mente aritmético. Por outro lado, no caso do crime continuado específico, além da quantidade de crimes, de- vem ser levadas em consideração as circuns- tâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, dando, assim, maior liberdade ao magistrado. Multas no concurso de crimes Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmen- te. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Cuidado: Segundo o STJ, referida disposição não se aplica ao crime continuado, já que a redação legal menciona “concurso de crimes”, e o crime continuado é uma ficção jurídica, e não um concurso de delitos. Assim, na hipótese de continuidade delitiva, a pena de multa deve ser calculada da mesma forma que a privativa de liberdade: a maior sanção deve ser exasperada. (AgRg no AREsp 484.057/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 27/02/2018, DJe 09/03/2018) Anotações sobre os artigos anteriores: Erro na execução Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse pra- ticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: O erro na execução pode se mani- festar nas seguintes espécies: I – Com unidade simples: é a situação em que o agente pretende atingir “A”, mas, por erro na exe- cução, atinge “B”. Diz respeito à primeira parte do art. 73, do CPB. #LEGIS 37 II – Com unidade complexa: é a situação em que o agente pretende atingir “A”, mas, por erro na execução, atinge tanto “A” (pessoa que real- mente desejava lesar), quanto “B” (pessoa que o agente não tinha intenção de lesionar). Diz res- peito à segunda parte do art. 73, do CPB. Destaca-se, por fim, que no caso de erro na exe- cução com unidade complexa, para a maior par- te da doutrina, o agente responderá pelos dois crimes considerando sempre qualidades da pessoa que desejava lesar. Exemplo: Marcos, por ciúmes, desejava matar sua esposa. Para alcançar seu objetivo, efe- tuou disparos de arma de fogo. Por erro na execução, os tiros atingiram sua esposa e um pedestre que passava pelo local, vindo ambos a falecer. Nessa hipótese, Marcos responderá por dois crimes de feminicídio (art. 121, §2º, VI), pois devem ser levadas em conta as carac- terísticas de sua esposa em relação aos dois re- sultados, mesmo que o pedestre atingido por erro seja homem. Resultado diverso do pretendido Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do preten- dido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre tam- bém o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: De modo semelhante ao erro de execução, o resultado diverso do pretendido po- derá se manifestar nas seguintes espécies: I – Com unidade simples: é a situação em que, por exemplo, o agente pretendia matar um ani- mal silvestre, porém acaba matando uma pes- soa. Nessa situação, o agente responde pelo re- sultado involuntário a título de culpa, desde que o fato seja previsto como crime culposo, nos mol- des estabelecidos na primeira parte do aludido art. 74, do CPB. II – Com unidade complexa: situação em que a ação do agente atinge o resultado almejado como, também, de forma culposa, atinge um resultado diverso do pretendido. Aqui, deverá incidir a aplicação da pena do crime mais grave, acrescido de 1/6 até 1/2, conforme estabelecido na segunda parte do art. 74, do CPB. ATENÇÃO: Ressalte-se que prevalece na doutrina que a regra estabelecida no art. 74 não incidirá quando o resultado diverso do pretendido for de menor gravidade em relação ao crime desejado ou se não houver previsão da conduta do agente como crime culposo. Exemplo: se o agente, desejando atingir uma pessoa com uma pedra, acaba por quebrar uma vidraça, deverá responder por tentativa de lesão, e não simplesmente por dano, conside- rando não haver previsão legal de dano culposo (e, ainda se houvesse, a pena seria certamente inferior à da lesão culposa, o que também afasta- ria o art. 74). Limite das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das pe- nas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, despre- zando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. Cuidado: Este dispositivo foi recentemente mo- dificado no que restou conhecido como “Pacote Anticrime”, de modo que há grande probabilida- de de ser cobrado em prova. Concurso de infra- ções Art. 76 - No concurso de infrações, execu- tar-se-á primeiramente a pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentário: Quanto a este dispositivo, há diver- gência se, havendo simultaneamente condena- ção a penas de reclusão e de detenção, devem ou não estas serem unificadas, visto que, em tese, a pena de reclusão é mais grave do que a de deten- ção. #LEGIS 38 39 Para a 5ª Turma do STJ e a 2ª Turma do STF, 1. “As reprimendas de reclusão e de detenção devem ser somadas para fins de unificação da pena, haja vista que ambas são modalidades de pena priva- tiva de liberdade e, portanto, configuram sanções de mesma espécie. Precedentes do STF e desta Corte Superior de Justiça.” (HC 484.690/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julga- do em 30/05/2019, DJe 04/06/2019). Para a 6ª Turma do STJ, “1. A teor do art. 76 do Código Penal, em casos de concurso de infrações com tipos de gravidade diferentes, deve-se execu- tar primeiro a pena mais grave. 2. A pena de re- clusão será cumprida em primeiro lugar e, poste- riormente, a de detenção, não havendo falar em unificação de penas, diante da impossibilidade de execução simultânea de duas modalidades dis- tintas de penas privativas de liberdade. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1835638/ GO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 26/11/2019, DJe 03/12/2019) Anotações sobre os artigos anteriores: Para fixação: Ano: 2018 / Banca: FCC / Órgão: DPE-RS / Pro- va: Defensor Público 1) Inconformado com o fim do casamento que mantinha com Marisa, João passa a persegui-la todos os dias. Certo dia, sabendo que a ex-mu- lher iria a uma festa na casa de amigos, João inva- de local e, ao avistar Marisa, nos fundos da casa, atira com seu revólver calibre 38. O disparo fere Marisa no braço esquerdo, de raspão, mas atin- ge letalmente Leonardo, que estava logo atrás da ulher no momento do disparo e não havia sido visto pelo atirador. a) A ação se amolda ao que a lei prevê como con- curso formal (art. 70 do CP) e João estará sujeito às penas previstas para o homicídio qualificado como se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (art. 121, § 2°, VI,c/c art. 121, § 2° -A, I, do CP), aumentada de um sexto até metade, nos termos do art. 70 c/c art. 73 do CP. b) Se está diante de uma tentativa de homicídio e um homicídio consumado praticados em con- curso material, aplicando-se ao autor, cumulati- vamente, as penas privativas de liberdade aplicá- veis a cada um dos crimes, conforme art. 69 do CP. c) Se está diante de conduta que se amolda ao conceito de crime continuado, podendo-se apli- car a pena conforme disposto no art. 71, parágra- fo único, do CP − a mais grave, aumentada até o triplo. d) Se está diante de conduta que se amolda ao conceito de crime continuado, aplicando-se a pena conforme disposto no art. 71, caput, do CP − a mais grave, aumentada de um sexto a dois terços. e) A ação se amolda ao que a lei prevê como con- curso formal (art. 70 do CP) e a João será apli- cada pena em virtude da prática de homicídio tentado contra a mulher, qualificado por razões da condição de sexo feminino (art. 121, § 2°, VI, c/c art. 121, § 2° -A, I, do CP), somada àquela apli- cada em razão do homicídio consumado contra o homem, nos termos do art. 70 (parte final) c/c art. 73 do CP. #LEGIS 39 Ano: 2015 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-PE / Prova: Defensor Público 2) Com relação ao concurso de crimes, julgue o seguinte item. O concurso formal próprio distingue-se do con- curso formal impróprio pelo elemento subjetivo do agente, ou seja, pela existência ou não de de- sígnios autônomos. ( ) Certo ( ) Errado Ano: 2014 / Banca: FCC / Órgão: DPE-CE / Pro- va: Defensor Público 3) Em relação ao crime continuado, correto afir- mar que: a) a prescrição incide sobre o total da pena. b) na modalidade específica a pena poderá ultra- passar a que seria cabível pela regra do concurso material. c) a teoria objetiva pura exige a unidade de de- sígnios. d) inadmissível, após a reforma penal de 1984, nos crimes contra a vida. e) nos crimes dolosos contra a mesma vítima, cometidos com violência ou grave ameaça, o juiz aplicará a pena de um só dos crimes, se idênti- cas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AL / Prova: Defensor Público 4) Quanto às circunstâncias agravantes e às ate- nuantes, assinale a opção correta. a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ili- citude do fato, embora o desconhecimento da lei seja inescusável. b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéri- cas, previsão legal taxativa acerca do quantum a ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo. c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos. d) A circunstância atenuante referente à senilida- de é definida pelo Estatuto do Idoso. e) A clemência incide em circunstâncias anterio- res à prática do crime, nas hipóteses previstas ex- pressamente no CP Anotações gerais sobre as questões anteriores: GABARITO: 01: A | 02: C | 03: E | 04: B #LEGIS 40 41 DIA 5 Disciplina: Direito Penal. Responsável: Prof. Rodrigo Santos Dia 05: Do Art. 77 ao 95. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 CAPÍTULO IV DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Requisitos da suspensão da pena Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode- rá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - O condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - A culpabilidade, os antecedentes, a con- duta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias auto- rizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Não seja indicada ou cabível a subs- tituição prevista no art. 44 deste Códi- go. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Percebam que não há vedação legal à concessão da suspensão condicional da pena aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, tanto que a maior apli- cação prática do sursis da pena se dá nos cri- mes de lesão leve e ameaça. Comentários: A concessão da suspensão condi- cional da pena é, em regra, realizada na senten- ça condenatória, pelo juízo do conhecimento, se presentes os requisitos. Ao juízo da execução penal cabe a fiscalização do cumprimento das condições estabelecidas. § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do bene- fício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) Comentários: O §2º do art. 77 do Código Penal contempla os denominados sursis etário e hu- manitário, estabelecendo condições mais vanta- josas para a concessão do beneficio aos conde- nados que tenham idade avançada ou problemas graves de saúde. Comentários: Há também outra hipótese espe- cial de suspensão condicional da pena prevista no art. 16 da Lei de Crimes Ambientais, a qual estabelece a pena máxima de 3 (três) anos para ensejar o benefício. Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observa- ção e ao cumprimento das condições estabeleci- das pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comuni- dade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Códi- go lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do pará- grafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) Proibição de frequentar determinados lugares; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justi- ficar suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 41 Comentários: O §2º do art. 78 do Código Penal traz o que se convencionou denominar de sursis especial, em oposição ao sursis simples do §1º do mesmo dispositivo, pois se deferem condi- ções menos severas ao condenado que tiver re- parado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e ostentar circunstâncias inteiramente favorá- veis. Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 79 - A sentença poderá especificar ou- tras condições a que fica subordinada a sus- pensão, desde que adequadas ao fato e à situa- ção pessoal do condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 80 - A suspensão não se estende às pe- nas restritivas de direitos nem à multa. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Revogação obrigatória Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - É condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Revogação facultativa § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmen- te condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberda- de ou restritiva de direitos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prorrogação do período de prova § 2º - Se o beneficiário está sendo proces- sado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogadoo prazo da sus- pensão até o julgamento definitivo. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Cuidado para não confundir a pre- visão do §2º do art. 81 com as disposições a res- peito do livramento condicional, pois, no caso do sursis, há previsão expressa de que a pendência de ação penal enseja a prorrogação automática do período de prova, o que inexiste no livramen- to condicional, situação que ensejou a edição da Súmula 617 do STJ. § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 42 43 Cumprimento das condições Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: CAPÍTULO V DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Requisitos do livramento condicional Art. 83 - O juiz poderá conceder livramen- to condicional ao condenado a pena privati- va de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Há divergência jurisprudencial sobre a possibilidade de excepcionar a exigên- cia de que a pena seja superior a 2 (dois) anos para possibilitar a obtenção do livramento con- dicional. Para fins de concurso, o ideal, em pro- vas objetivas, é obedecer a literalidade da lei. I - Cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons anteceden- tes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Cumprida mais da metade se o con- denado for reincidente em crime dolo- so; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III – Comprovado: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) a) Bom comportamento durante a exe- cução da pena; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) b) Não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) c) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) d) Aptidão para prover a própria subsis- tência mediante trabalho honesto; (Re- dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) PACOTE ANTICRIME: A Lei Anticrime promo- veu alterações nos requisitos para obtenção do livramento condicional. O inciso III do art. 83 do Código Penal foi modificado para esclarecer os requisitos subjetivos para obtenção do be- nefício. Atenção especial à alínea “b”, que esta- beleceu requisito temporal para consideração das faltas graves. #LEGIS 43 IV - Tenha reparado, salvo efetiva impos- sibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) V - Cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilíci- to de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) PACOTE ANTICRIME: Vale destacar que o inciso V, apesar de não ter sido modificado expressa- mente pelo Pacote Anticrime, deve ser interpre- tado de forma sistemática com o art. 112, VI, “a” e VIII, da Lei de Execuções Penais, o qual passou a vedar o livramento condicional para os conde- nados por crime hediondo ou equiparado com resultado morte, seja o agente primário ou rein- cidente. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou gra- ve ameaça à pessoa, a concessão do livramen- to ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o li- berado não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Soma de penas Art. 84 - As penas que correspondem a in- frações diversas devem somar-se para efeito do livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: Especificações das condições Art. 85 - A sentença especificará as con- dições a que fica subordinado o livramento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O liberado fica sujeito a condi- ções obrigatórias, descritas no art. 132, §1º, da Lei de Execuções Penais, bem como às condi- ções facultativas, do §2º do mesmo artigo, sem prejuízo da possibilidade de o Juiz, fundamen- tadamente, especificar outras condições. Revogação do livramento Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o li- berado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Por crime cometido durante a vigência do benefício; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O mero cometimento de um novo crime não justifica a revogação do livra- mento condicional. Conforme delimitado no caput do dispositivo transcrito, somente a con- denação transitada em julgado é que pode justificar referida sanção. Contudo, no caso de cometimento de novo crime no curso do li- vramento condicional, o juiz pode suspender o benefício, nos termos do art. 145 da Lei de Execuções Penais, até que sobrevenha a deci- são definitiva. II - Por crime anterior, observado o dis- posto no art. 84 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Revogação facultativa Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sen- tença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 44 45 Efeitos da revogação Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Este dispositivo é a razão para ha- ver dúvida acerca de qual benefício da execução penal é mais vantajoso ao apenado, se o livra- mento condicional ou o regime aberto. Com efeito, no caso do livramento condicional, a re- vogação gerará a perda de todo o período de prova cumprido, salvo se o fundamento para a revogação for a condenação por um crime ante- rior ao benefício. Extinção Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a senten- ça em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.(Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 90 - Se até o seu término o livramen- to não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 617 - A ausência de suspensão ou revo- gação do livramento condicional antes do tér- mino do período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena. (Súmula 617, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/09/2018, DJe 01/10/2018) Comentários: O art. 90 do Código Penal, ante- riormente transcrito, é o que fundamenta o en- tendimento da Súmula 617 do STJ, pois referido dispositivo é expresso ao afirmar que a ausên- cia de revogação do livramento condicional, até o final do período de prova, gera a extinção da pena privativa de liberdade, ressalvando-se, ob- viamente, a possibilidade de suspensão do bene- fício, nos termos do art. 145 da Lei de Execuções Penais. Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 45 CAPÍTULO VI DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Efeitos genéricos e específicos Art. 91 - São efeitos da condenação: (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - A perda em favor da União, ressalva- do o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) Dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, aliena- ção, uso,porte ou detenção constitua fato ilícito; b) Do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito au- ferido pelo agente com a prática do fato criminoso. § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) § 2º Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou va- lores equivalentes do investigado ou acu- sado para posterior decretação de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferen- ça entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendi- mento lícito. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) I - De sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício di- reto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) II - Transferidos a terceiros a título gratui- to ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. (Incluí- do pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Minis- tério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por organizações cri- minosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Esta- do, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimen- to de novos crimes. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 24.12.2019) #LEGIS 46 47 PACOTE ANTICRIME: O art. 91-A do CP criou efeito extrapenal específico da condenação destinado às hipóteses em que o patrimônio do condenado, não obstante não seja produto do crime ou proveito auferido com o fato crimino- so, for incompatível com seus rendimentos lícitos declarados. Destaque-se que referido efeito da condenação se aplicará aos crimes com pena máxima em abstrato superior a 6 (seis) anos, ainda que a pena concreta tenha sido estabelecida em patamar inferior. Art. 92 - São também efeitos da conde- nação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Comentários: Conforme remansoso entendi- mento jurisprudencial, o disposto no inciso I do art. 92 do Código Penal não autoriza a cassação da aposentadoria, por ausência de previsão le- gal expressa. (AgRg no REsp 1336980/SC, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2019, DJe 11/11/2019) a) Quando aplicada pena privativa de liber- dade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) Quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (qua- tro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II – A incapacidade para o exercício do po- der familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titu- lar do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tu- telado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) III - A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prá- tica de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 47 CAPÍTULO VII DA REABILITAÇÃO Reabilitação Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, asse- gurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada rein- tegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A reabilitação tem dupla finali- dade. Garantir o sigilo das condenações e revo- gar alguns dos efeitos da condenação. Quanto ao sigilo da condenação, não obstante já exis- ta a proteção automática do art. 202 da Lei de Execuções Penais, a reabilitação garante ainda maior proteção, somente podendo ser quebra- do o sigilo por ordem do juiz criminal, conforme art. 748 do CPP. Art. 94 - A reabilitação poderá ser requeri- da, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condi- cional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Tenha dado, durante esse tempo, de- monstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta im- possibilidade de o fazer, até o dia do pe- dido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívi- da. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elemen- tos comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reinci- dente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Para fixação: 1) Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AL / Prova: Defensor Público Quanto às circunstâncias agravantes e às ate- nuantes, assinale a opção correta. a) Constitui atenuante genérica o erro sobre a ili- citude do fato, embora o desconhecimento da lei seja inescusável. b) Inexiste, nas agravantes e atenuantes genéri- cas, previsão legal taxativa acerca do quantum a ser aplicado, cabendo ao juiz defini-lo. c) As circunstâncias agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos. d) A circunstância atenuante referente à senilida- de é definida pelo Estatuto do Idoso. e) A clemência incide em circunstâncias anterio- res à prática do crime, nas hipóteses previstas ex- pressamente no CP. 2) Ano: 2019 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-DF / Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Pú- blico Com base no entendimento do STJ, julgue o pró- ximo item, a respeito de aplicação da pena. A confissão espontânea na delegacia de polícia retratada em juízo deverá ser considerada ate- nuante da confissão espontânea, ainda que o #LEGIS48 49 magistrado não a utilize para fundamentar a con- denação do réu. ( ) Certo ( ) Errado 3) Ano: 2018 / Banca: FUMARC / Órgão: PC-MG / Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto Com relação ao concurso de crimes, é CORRETO afirmar: a) Não se admite a aplicação da suspensão con- dicional do processo ao crime continuado. b) No caso hipotético em que Gioconda, ao diri- gir seu automóvel de maneira imprudente, perde o controle do carro, matando três pessoas e le- sionando gravemente outras cinco, deve ser re- conhecido o concurso formal próprio de crimes pelo qual lhe será aplicada somente uma pena, a mais grave, aumentada de um sexto até a me- tade. c) No concurso de crimes, a aplicação da pena de multa observa as regras pertinentes à modalida- de de concurso que incide no caso concreto. d) No concurso formal, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a metade, ainda que os crimes concorrentes resultem de desígnios autônomos. 4) Ano: 2017 / Banca: MPE-SP / Órgão: MPE-SP / Prova: Promotor de Justiça Entende-se por concurso material benéfico: a) o cometimento de dois crimes com uma única ação, cujas penas são somadas em favor do réu. b) a soma da pena de dois crimes distintos que não impeçam a obtenção da suspensão condi- cional da pena. c) o cometimento de mais de um crime, median- te mais de uma ação, cuja pena pode ser substi- tuída. d) o cometimento de dois crimes mediante mais de uma ação, porém nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução. e) o cometimento de dois crimes idênticos, me- diante a prática de duas ações distintas, porém em sequência imediata. GABARITO: 01: B | 02: E | 03: B | 04: A #LEGIS 49 DIA 6 Disciplina: Direito Penal. Responsável: Prof. Rodrigo Santos Dia 05: Do Art. 96 ao 120. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 TÍTULO VI DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Espécies de medidas de segurança Art. 96. As medidas de segurança são: (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em ou- tro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Sujeição a tratamento ambulato- rial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsis- te a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Considerando o disposto no pa- rágrafo único do art. 96, portanto, reconhecida a prescrição da pretensão punitiva em relação ao crime em tese praticado, é descabida a imposi- ção de medida de segurança. Imposição da medida de segurança para inimputável Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, toda- via, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a trata- mento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Conforme recentemente paci- ficado pelo Superior Tribunal de Justiça, não obstante a previsão expressa do art. 97 do CP, o magistrado deve fixar a espécie de medida de segurança aplicável ao caso concreto con- siderando a periculosidade do agente, e não a natureza da pena cominada ao crime praticado. (EREsp 998.128/MG, Rel. Ministro RIBEIRO DAN- TAS, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/2019, DJe 18/12/2019) Prazo § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 527 do STJ: O tempo de duração da me- dida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao de- lito praticado. Perícia médica § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repe- tida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O exame para verificação da ces- sação da periculosidade do agente poderá ser realizado a qualquer tempo, conforme disposto no art. 176 da Lei de Execuções Penais. Desinternação ou liberação condicional § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser res- tabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua pe- riculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providên- cia for necessária para fins curativos. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 50 51 Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o con- denado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O disposto no art. 98 se aplica ao semi-imputável, condenado na forma do art. 26, parágrafo único, permitindo ao magistrado subs- tituir a pena privativa de liberdade por medida de segurança, caso o condenado necessite de es- pecial tratamento curativo. Assim, enquanto o inimputável deve ser absolvi- do impropriamente, o semi-imputável deve ser condenado, e, caso necessário, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por medida de segurança. Direitos do internado Art. 99 - O internado será recolhido a esta- belecimento dotado de características hospita- lares e será submetido a tratamento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Além dos direitos previstos no art. 99 do CP, a pessoa internada ou submetida ao tratamento ambulatorial é protegida pelas dis- posições da Lei 10.216/2001, conhecida como Lei Antimanicomial, havendo enorme discussão, até hoje não pacificada, acerca da revogação tácita ou não das previsões do Código Penal a respeito da medida de segurança. Anotações sobre os artigos anteriores: TÍTULO VII DA AÇÃO PENAL Ação pública e de iniciativa privada Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 1º - A ação pública é promovida pelo Mi- nistério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A legitimidade do Ministério Públi- co para propositura da ação penal pública emana do art. 129, I, da CF/88, base do sistema acusatório. § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - A ação de iniciativa privada pode in- tentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: O art. 100, §3°, do CP, fundamenta a denominada ação penal privada subsidiária da pública. § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosse- guir na ação passa ao cônjuge, ascenden- te, descendente ou irmão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: É de ser reconhecida, implicitamente, a legitimidade do convivente, considerando a equiparação entre união estável e casamento, nos termos do art. 226, §3°, da CF/88. A ação penal no crime complexo Art. 101 - Quando a lei considera como ele- mento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe açãopública em relação àquele, desde que, em rela- #LEGIS 51 ção a qualquer destes, se deva proceder por ini- ciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Irretratabilidade da representação Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Nos crimes cometidos com vio- lência doméstica e familiar contra a mulher, a retratação da representação poderá ocorrer até o recebimento da denúncia, conforme art. 16 da Lei 11.340/2006. Anotações sobre os artigos anteriores: Decadência do direito de queixa ou de representação Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de quei- xa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou taci- tamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatí- vel com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indeni- zação do dano causado pelo crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Perdão do ofendido Art. 105 - O perdão do ofendido, nos cri- mes em que somente se procede mediante quei- xa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Se concedido a qualquer dos quere- lados, a todos aproveita; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 52 53 § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prá- tica de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença conde- natória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) TÍTULO VIII DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Extinção da punibilidade Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Pela morte do agente; II - Pela anistia, graça ou indulto; III - Pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - Pela prescrição, decadência ou pe- rempção; V - Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - Pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) IX - Pelo perdão judicial, nos casos previs- tos em lei. Art. 108 - A extinção da punibilidade de cri- me que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quan- to aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo má- ximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). I - Em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - Em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - Em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - Em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - Em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - Em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas res- tritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula- -se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumen- tam de um terço, se o condenado é reinciden- te. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: A causa de aumento da prescrição prevista no artigo anterior somente se aplica à prescrição executória, vide Súmula 220-STJ. Súmula 220 do STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva #LEGIS 53 § 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denún- cia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). § 2º (Revogado pela Lei nº 12.234, de 2010). Anotações sobre os artigos anteriores: Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Do dia em que o crime se consumou; (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou co- nhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) V - Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Há divergência a respeito da cor- reta interpretação do inciso I, visto que prevale- ce, na Primeira Turma do STF, que o termo inicial da prescrição executória é o trânsito em julgado para ambas as partes, e não somente para a acu- sação. O Plenário do Supremo ainda não pacifi- cou a questão. II - Do dia em que se interrompe a execu- ção, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 54 55 Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o conde- nado ou de revogar-se o livramento condicio- nal, a prescrição é regulada pelo tempo que res- ta da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prescrição da multa Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) I - Em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II- No mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberda- de, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumula- tivamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Anotações sobre os artigos anteriores: Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (se- tenta) anos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Se o acusado completar 70 (seten- ta) anos depois da sentença, ainda que antes do trânsito em julgado da condenação, não terá di- reito à redução prevista no art. 115 do CP. (ARE 1241886 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BAR- ROSO, Primeira Turma, julgado em 21/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 05-03- 2020 PUBLIC 06-03-2020) Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Enquanto não resolvida, em outro pro- cesso, questão de que dependa o reco- nhecimento da existência do crime; (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - Enquanto o agente cumpre pena no ex- terior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) PACOTE ANTICRIME: O inciso II sofreu apenas singela alteração, sendo modificada a palavra “estrangeiro” por “exterior”, o que na prática não terá impacto algum. III - Na pendência de embargos de decla- ração ou de recursos aos Tribunais Supe- riores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) PACOTE ANTICRIME: O inciso III buscou evitar a interposição de recursos meramente protelató- rios, impedindo o curso da prescrição quando estes forem considerados inadmissíveis. IV - Enquanto não cumprido ou não rescin- dido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) #LEGIS 55 PACOTE ANTICRIME: O inciso IV deixou claro que, caso seja firmado o Acordo de Não Persecu- ção Penal (ANPP), previsto no art. 28-A do CPP, a prescrição não corre enquanto não cumprido ou rescindido o acordo. Parágrafo único - Depois de passada em jul- gado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição inter- rompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984. Comentários: Eventualmente, o recebimento do aditamento da denúncia também pode provocar a interrupção da prescrição, conforme entendi- mento do STJ. “1. O aditamento à denúncia é apto a interromper o prazo da prescrição apenas quando, por esse meio, são apresentados argumentos que denotam significativa modificação fática. (REsp 1794147/ PA, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, jul- gado em 05/12/2019, DJe 17/12/2019) II - Pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 191 do STJ: A pronúncia é causa inter- ruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime III - Pela decisão confirmatória da pro- núncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - Pela publicação da sentença ou acór- dão condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). Comentários: O Supremo Tribunal Federal, ao jul- gar o HC 176.473, pacificou que o acórdão confir- matório da condenação também é marco interrup- tivo da prescrição. V - Pelo início ou continuação do cumpri- mento da pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) VI - Pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Comentários: O marco interruptivo da prescri- ção insculpido no inciso VI somente se aplica à prescrição executória, vide Súmula 220-STJ. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescri- ção produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, es- tende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hi- pótese do inciso V deste artigo, todo o pra- zo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) #LEGIS 56 57 Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Comentários: Desta forma, sendo praticados, por exemplo, os crimes de roubo (art. 157 do CP) e corrupção de menores (art. 244-B do ECA) em concurso formal, a prescrição de cada um dos delitos é calculada isoladamente, desprezando- -se a fração de aumento decorrente do concurso de delitos. Perdão judicial Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Súmula 18 do STJ: A sentença concessiva do per- dão judicial é declaratória da extinção da puni- bilidade, não subsistindo qualquer efeito conde- natório. Para fixação: 1) Ano: 2017 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-AC / Prova: Defensor Público A respeito das medidas de segurança e dos direi- tos das pessoas portadoras de transtornos men- tais, assinale a opção correta. a) São vedadas a internação compulsória psi- quiátrica e a medida de segurança de internação em caráter cautelar, de modo a impedir o vínculo institucional antes da decisão final do processo. b) As internações psiquiátricas, em qualquer uma de suas modalidades, deve ter prazo deter- minado, e as medidas de segurança devem durar, no mínimo, de um a três anos. c) As medidas de segurança, em razão da nature- za e da finalidade, não se submetem ao instituto da extinção de punibilidade. d) A internação compulsória somente pode ser determinada pelo juiz em instituições com carac- terísticas asilares, sendo vedada a inserção dessa modalidade de internação em hospitais de cus- tódia e de tratamento psiquiátrico. e) As internações psiquiátricas, em qualquer uma de suas modalidades, somente serão permitidas se demonstrada a insuficiência dos recursos ex- tra-hospitalares. 2) Ano: 2016 / Banca: MPE-PR / Órgão: MPE-PR / Prova: Promotor de Justiça Considerando o entendimento sumulado dos Tri- bunais Superiores, analise as assertivas abaixo e indique a alternativa: I - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassifi- car o crime. II - A sentença concessiva do perdão judicial é de- claratória da extinção da punibilidade, não sub- sistindo qualquer efeito condenatório. III - A reincidência interrompe o prazo da prescri- ção da pretensão punitiva. IV - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fun- #LEGIS 57 damento em pena hipotética, independente- mente da existência ou sorte do processo penal. a) Todas as assertivas estão corretas; b) Apenas as assertivas I e III estão incorretas; c) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas; d) Apenas as assertivas II, III e IV estão incorretas; e) Apenas as assertivas III e IV estão corretas. 3) Ano: 2018 / Banca: NUCEPE / Órgão: PC-PI / Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Po- lícia Civil As causas interruptivas da prescrição tem o obje- tivo de fazer com que o prazo, a partir delas, seja novamente reiniciado, o curso da prescrição in- terrompe-se, conforme a enumeração contida no Código Penal. Qual destas situações NÃO é causa interruptiva da prescrição? a) Pela pronúncia. b) Pela decisão confirmatória da pronúncia. c) Pelo recebimento do inquéritoou da denúncia. d) Pela publicação da sentença ou acórdão con- denatório recorrível. e) Pelo início ou continuação do cumprimento da pena. 4) Ano: 2018 / Banca: FCC / Órgão: DPE-MA / Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Público Sobre a prescrição é correto afirmar que a) a sentença penal que absolve o réu é causa de interrupção da prescrição. b) ainda que seja causa que interrompe a pres- crição, o início do cumprimento da pena não faz com que o prazo volte a correr da data dessa in- terrupção. c) com a concessão do livramento condicional volta a correr o prazo para a prescrição da pre- tensão executória. d) o acórdão meramente confirmatório da deci- são de pronúncia não interrompe a prescrição da pretensão punitiva. e) entre a data do fato e o recebimento da denún- cia a prescrição pode ocorrer de forma retroativa com base na pena aplicada na sentença. Anotações gerais sobre as questões anteriores: GABARITO: 01: E | 02: C | 03: C | 04: B