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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS TÉCNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA BETINA LOUISE ANGIOLETTI PRODUÇÃO DE TOALHAS SECAGEM RÁPIDA COM TINGIMENTO SIMULTÂNEO DE URUCUM BLUMENAU 2016 Betina Louise Angioletti PRODUÇÃO DE TOALHAS SECAGEM RÁPIDA COM TINGIMENTO SIMULTÂNEO DE URUCUM Trabalho apresentado à disciplina de Planejamento e Projeto da Indústria II (TCC), do curso de graduação em Engenharia Química do Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade Regional de Blumenau. Professora: Atilano A. Vegini. Orientador: Marcel J. Gonçalves. BLUMENAU 2016 BETINA LOUISE ANGIOLETTI PRODUÇÃO DE TOALHAS SECAGEM RÁPIDA COM TINGIMENTO SIMULTÂNEO DE URUCUM Trabalho de conclusão de curso apresentado ao departamento de Engenharia Química da Universidade Regional de Blumenau, como parte da exigências para a obtenção do diploma do curso de Graduação em Engenharia Química. Aprovada em: Blumenau, 14/05/2017. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Prof Marcel Jefferson Gonçalves __________________________________________ Klaus Peter Schlei AGRADECIMENTOS A Deus, por me conceber o dom da vida e cuidar sempre de mim. Aos meus pais Carim e Nilton, por serem incentivadores dos meus estudos e grandes exemplos em minha vida e ao meu irmão Gustavo, por ser companheiro e me divertir sempre. A toda minha família, por serem pessoas inspiradoras e de inestimável valor. Aos amigos que fiz durante a graduação, por todo o conhecimento compartilhado e por todos os momentos vividos juntos. A todos os meus amigos, por estarem sempre comigo e tornarem minha vida mais alegre. A todos os professores que já tive, por compartilharem seus conhecimentos comigo e serem essenciais em minha formação. Em especial, agradeço ao professor Marcel Gonçalves, pela disponibilidade e por toda a atenção e ajuda na realização deste trabalho. A todos que contribuíram de alguma forma para minha formação. “If you can dream it, you can do it.” Walt Disney RESUMO A produção de toalhas compreende uma parte significativa da indústria têxtil. Além disso, novas tecnologias como toalhas de secagem rápida foram desenvolvidas e ganharam espaço. Para conferir a rápida secagem ao produto, fibras como as de poliéster e poliamida podem ser utilizadas, por possuírem esta característica e também baixo custo. A fibra de poliéster reciclado, fabricada através do PET é também uma ótima alternativa, por conferir ao produto as mesmas propriedades do poliéster convencional e ainda ajudar a reduzir os resíduos e estimular a reciclagem do PET, que já atinge índice superior a 50% e tem como destaque a utilização do produto final da reciclagem no setor têxtil. Na hora de tingir, a preocupação com o meio ambiente pode ser também atendida utilizando corantes naturais, como o corante de urucum, que confere cor avermelhada ao tecido e pode ser obtido a partir da semente do urucuzeiro, além da utilização de produtos biodegradáveis e do reuso da água de processo. Neste trabalho realizou-se um projeto básico de uma indústria de produção de toalhas de secagem rápida com tingimento simultâneo de urucum, tendo como matérias primas os fios de poliamida e de poliéster reciclado. Este projeto é composto por um diagrama de blocos com todas as etapas do processo, um balanço de massa e de energia, feitos a partir de uma produção anual estipulada de 6.000 toneladas de toalha por ano, assim como um fluxograma de processo, dimensionamento dos equipamentos e da tubulação e bombas. Palavras-chaves: Toalhas de secagem rápida. Urucum. Poliéster reciclado. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Estrutura da cadeia produtiva e de distribuição têxtil e de confecção ...................... 15 Figura 2 - Macrofluxo do processo produtivo de toalhas ......................................................... 17 Figura 3 - Classificação das fibras naturais .............................................................................. 18 Figura 4 - Classificação das fibras químicas ............................................................................ 18 Figura 5 - Produção dos fios de poliéster ................................................................................. 20 Figura 6 - Ciclo do PET ............................................................................................................ 21 Figura 7 - Evolução do índice de reciclagem do PET .............................................................. 22 Figura 8 - Usos finais do PET reciclado ................................................................................... 22 Figura 9 - Usos Finais do PET na indústria têxtil .................................................................... 23 Figura 10 - Linha de montagem e lavagem do PET ................................................................. 23 Figura 11 - Poliamida 6 ............................................................................................................ 24 Figura 12 - Polimerização da poliamida 6.6 ............................................................................. 25 Figura 13 - Obtenção do Nylon ................................................................................................ 27 Figura 14 - Mecanismo de tingimento do poliéster .................................................................. 29 Figura 15 - Tingimento convencional do poliéster ................................................................... 29 Figura 16 - Mecanismo de tingimento da poliamida com corantes dispersos .......................... 30 Figura 17 - Processo de tingimento da poliamida com corantes dispersos .............................. 30 Figura 18 - Jet longo ................................................................................................................. 37 Figura 19 - Foulard ................................................................................................................... 39 Figura 20 - Configuração do secador ..................................................................................... 944 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Propriedades do Poliéster ........................................................................................ 20 Tabela 2 - Propriedades da poliamida 6.6 ................................................................................ 25 Tabela 3 – Tipos de corantes e suas aplicações ........................................................................ 32 Tabela 4 - Pigmentos Carotenóides Presentes no Urucum ....................................................... 33 Tabela 5 - Resultados visuais do substrato de poliéster termofixado à 190 °C ........................ 34 Tabela 6 - Cronograma do Projeto ........................................................................................... 35 Tabela 7 - Componentes do Balanço de Massa ........................................................................ 55 Tabela 8 - Composição da corrente 10 ..................................................................................... 56 Tabela 9 - Composição da corrente 20 .....................................................................................57 Tabela 10 - Composição da corrente 22 ................................................................................... 58 Tabela 11 - Composição da corrente 28 ................................................................................... 59 Tabela 12 - Composição da corrente 30 ................................................................................... 60 Tabela 13 - Composição da corrente 32 ................................................................................... 61 Tabela 14 - Composição da corrente 38 ................................................................................... 62 Tabela 15 - Composição da corrente 40 ................................................................................... 63 Tabela 16 - Composição da corrente 42 ................................................................................... 64 Tabela 17 - Composição da corrente 48 ................................................................................... 65 Tabela 18 - Composição da corrente 50 ................................................................................... 66 Tabela 19 - Composição da corrente 52 ................................................................................... 67 Tabela 20 - Composição da corrente 58 ................................................................................... 68 Tabela 21 - Composição da corrente 60 ................................................................................... 68 Tabela 22 - Composição da corrente 62 ................................................................................... 69 Tabela 23 - Composição da corrente 68 ................................................................................... 70 Tabela 24 - Composição da corrente 70 ................................................................................... 70 Tabela 25 - Composição da corrente 72 ................................................................................... 71 Tabela 26 - Composição da corrente 80 ................................................................................... 72 Tabela 27 - Composição da corrente 82 ................................................................................... 72 Tabela 28 - Composição da corrente 88 ................................................................................... 73 Tabela 29 - Composição da corrente 90 ................................................................................... 74 Tabela 30 - Composição da corrente 100 ................................................................................. 74 Tabela 31 - Composição da corrente 102 ................................................................................. 75 Tabela 32 - Composição da corrente 110 ................................................................................. 76 Tabela 33 - Composição da corrente 112 ................................................................................. 76 Tabela 34 - Composição da corrente 120 ............................................................................... 777 Tabela 35 - Dimensões da máquina de tingimento................................................................. 833 Tabela 36 - Temperaturas no secador ..................................................................................... 955 Tabela 37 - Processo de tingimento ...................................................................................... 1077 Tabela 38 - Lista de equipamentos ....................................................................................... 1388 Tabela 39 - Instrumentos e acessórios ................................................................................ 14040 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS DMT Dimetiltereftalato TPA Ácido tereftálico ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção ABIPET Associação Brasileira da Indústria do PET PES Poliéster PA Poliamida Re Regain Im Impurezas H2O Água De Detergente Na2CO3 Carbonato de Sódio coF Corante fixo coD Corante diluído di Dispersante am Amaciante sob Solução de banho eq Equipamento tec tecido est estoque LISTA DE SÍMBOLOS �̇� Vazão mássica (kg/dia ou kg/h) �̇� Vazão volumétrica (L/dia ou L/h) c Concentração do componente (g/L) U coeficiente global de troca térmica (kcal/h.m2.°C) ∆𝑈 Energia interna ∆𝐸𝐶 Energia cinética ∆𝐸𝑃 Energia potencial Q Calor (kcal/h) W Trabalho 𝐶𝑝 Capacidade calorífica (kcal/kg.°C) ∆𝑇 Diferença de temperatura (°C) 𝐻𝑙𝑔 Entalpia de vaporização (kcal/kg) ∆𝑇𝑚𝑙 Temperatura média logarítmica (°C) 𝑅 Resistência K Condutividade térmica (kcal/h.m.°C) H Coeficiente de convecção (kcal/h.m2.°C.) A Área (m2) 𝑅𝑒 Número de Reynolds v velocidade (m/min) V volume (m3 ou L) μ viscosidade (kg/m.s) 𝐷 diâmetro (m) n número de máquinas H Entalpia (kcal/kg) 𝜆𝑟𝑒𝑓 Calor latente ou entalpia de evaporação na temperatura de referência (kcal/kg) 𝑋 Umidade da malha, em base seca x Umidade da malha, em base úmida 𝑢 Umidade do ar, em base úmida Z Umidade do ar, em base seca SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 1.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 14 1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................................. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15 2.1 A INDÚSTRIA TÊXTIL .................................................................................................... 15 2.1.1 SETOR CAMA, MESA E BANHO ................................................................................ 16 2.1.1.1 Produção de toalhas ...................................................................................................... 16 2.2 AS FIBRAS TÊXTEIS ....................................................................................................... 17 2.2.1 POLIÉSTER .................................................................................................................... 19 2.2.1.1 Propriedades e características ....................................................................................... 19 2.2.1.2 Produção ....................................................................................................................... 20 2.2.1.3 Poliéster reciclado......................................................................................................... 20 2.2.2 POLIAMIDA ................................................................................................................... 24 2.2.2.1 Poliamida 6 ................................................................................................................... 24 2.2.2.2 Poliamida 6.6 ................................................................................................................ 24 2.2.2.3 Propriedades e características ....................................................................................... 25 2.2.2.4 Produção ....................................................................................................................... 25 2.3 O PROCESSO DE TINGIMENTO .................................................................................... 28 2.3.1 TINGIMENTO DO POLIÉSTER ................................................................................... 28 2.3.2 TINGIMENTO DA POLIAMIDA.................................................................................. 30 2.3.3 REJEITOS DO TINGIMENTO ...................................................................................... 31 2.4 CORANTES NATURAIS E CORANTES SINTÉTICOS ................................................ 31 2.5 URUCUM ........................................................................................................................... 33 3 DESCRIÇÃO DO PROJETO ............................................................................................... 35 3.1 CRONOGRAMA DO PROJETO ...................................................................................... 35 3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS ............................................................................................... 36 3.3 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS ..................................................................................... 36 3.3.1 RECEBIMENTO DA MATÉRIA PRIMA ..................................................................... 36 3.3.2 TECELAGEM ................................................................................................................. 36 3.3.3 PURGA ............................................................................................................................ 36 3.3.4 LAVAÇÃO 1 ................................................................................................................... 37 3.3.5 TINGIMENTO ................................................................................................................ 37 3.3.6 LAVAÇÃO 2 ................................................................................................................... 38 3.3.7 LAVAÇÃO 3 ................................................................................................................... 38 3.3.8 FOULARD 1 ................................................................................................................... 38 3.3.9 FOULARD 2 ................................................................................................................... 38 3.3.10 RAMA ........................................................................................................................... 39 3.3.11 CORTE .......................................................................................................................... 39 3.3.12 COSTURA .................................................................................................................... 39 3.3.13 ARMAZENAMENTO .................................................................................................. 39 3.4 CAPACIDADE DO PROJETO E FATURAMENTO ESPERADO ........................... 40 3.5 BALANÇO DE MASSA ................................................................................................... 40 3.6 BALANÇO DE ENERGIA .............................................................................................. 40 3.7 DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS........................................................ 40 3.8 DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO E BOMBAS ........................................... 41 3.9 CONSUMO DE UTILIDADE ......................................................................................... 41 3.10 FLUXOGRAMA DO PROCESSO ............................................................................... 41 3.11 DIAGRAMA DE TUBULAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO ....................................... 41 3.12 LISTA DE EQUIPAMENTOS ...................................................................................... 41 3.13 LISTA DE INSTRUMENTAÇÃO ................................................................................ 41 3.14 LAYOUT ......................................................................................................................... 42 3.15 TRATAMENTO DE RESÍDUOS ................................................................................. 42 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 43 APÊNDICE A – DIAGRAMA DE BLOCOS ...................................................................... 49 APÊNDICE B – MEMORIAL DE CÁLCULO ................................................................... 51 APÊNDICE C – BALANÇO DE MASSA ............................................................................ 54 APÊNDICE D – BALANÇO DE ENERGIA ....................................................................... 79 APÊNDICE E – DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS ............................... 101 APÊNDICE F – DIMENSIONAMENTO DAS TUBULAÇÕES E BOMBAS ............... 111 APÊNDICE G – CONSUMO DE UTILIDADES .............................................................. 130 APÊNDICE H – FLUXOGRAMA DE PROCESSO ........................................................ 132 APÊNDICE I – DIAGRAMA DE TUBUAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO .................... 135 APÊNDICE J – LISTA DE EQUIPAMENTOS ................................................................ 137 APÊNDICE K – LISTA DE INSTRUMENTAÇÃO ......................................................... 139 APÊNDICE L - LAYOUT ................................................................................................... 142 ANEXO A - CATÁLOGO PALLETS ................................................................................ 145 ANEXO B - CATÁLOGO TANQUE DE ARMAZEMANETO ...................................... 147 ANEXO C - CATÁLOGO TEAR ....................................................................................... 149 ANEXO D - CATÁLOGO MÁQUINA REVISORA ........................................................ 151 ANEXO E - CATÁLOGO TANQUE MISTURADOR .................................................... 153 ANEXO F - CATÁLOGO MÁQUINA DE TINGIMENTO ............................................ 155 ANEXO G - CATÁLOGO TROCADORES DE CALOR CASCO E TUBO ................. 158 ANEXO H - CATÁLOGO FOULARD .............................................................................. 160 ANEXO I – CATÁLOGO RAMA ...................................................................................... 163 ANEXO J – CATÁLOGO TROCADOR DE CALOR À PLACAS ................................ 165 ANEXO K - VELOCIDADE ECONÔMICA E ∆PMÁX .................................................. 167 ANEXO L – DIÂMETRO DAS TUBULAÇÕES .............................................................. 169 ANEXO M – VALORES DE K PAR PERDA DE CARGA ............................................. 172 ANEXO N – CATÁLOGO BOMBAS ................................................................................ 175 13 1 INTRODUÇÃO A poluição ambiental tem atingido números alarmantes e trouxe vários efeitos negativos à vida do planeta no último século, fazendo com que o ser humano percebesse a necessidade de cuidar do meio ambiente. Assim, busca-se cada vez mais a otimização dos processos para que sejam produzidos produtos que causem menos danos ao planeta e, ao mesmo tempo, sejam economicamente viáveis. A produção de toalhas e toda indústria têxtil têm uma grande contribuição com esses danos ambientais e, por isso, surge a importância de melhorar seus processos, reduzindo o consumo de água e a geração de resíduos e utilizando matérias primas renováveis e recicladas. Vários tipos de fios, provenientes tanto de fibras naturais como de artificiais, podem ser utilizados na produção de toalhas. Entre as fibras sintéticas encontram-se o poliéster e a poliamida. As fibras de poliéster podem ser obtidas através da reciclagem do PET e são muito utilizadas na indústria têxtil por possuírem baixo regain e boa resistência. Já as fibras de poliamida, destacam-sepor possuírem alto grau de tingimento, alta cristalinidade e baixa absorção de umidade. Além disso, ambas as fibras conferem rápida secagem ao tecido, tornando-as ideais para a produção de toalhas de secagem rápida. Buscando um processo de tingimento também que agrida menos o meio ambiente, recorre-se à alternativa dos corantes naturais, provenientes de fontes vegetais e animais. Esses corantes já eram utilizados muito antes dos corantes sintéticos, mas agora estão ganhando força novamente. Entre os corantes naturais pode-se encontrar o corante natural de urucum, utilizado neste processo para tingir em um único banho as fibras de PES e PA. O urucum, também conhecido como colorau, é uma planta que possui sementes com um pigmento avermelhado, utilizadas como corante natural para tinturarias e indústria alimentícia. Aliando o poliéster reciclado ao corante natural, além de utilizar-se detergente e dispersante biodegradáveis, obtêm-se uma alternativa inovadora e competitiva no mercado de toalhas, devido ao produto final apresentar as características desejáveis de uma toalha de secagem rápida e, ao mesmo tempo, proporcionar menos danos ao meio ambiente. O projeto básico de uma indústria de produção de toalhas de secagem rápida com tingimento simultâneo de urucum, realizado neste trabalho, é composto por um diagrama de blocos que compreende todas as etapas do processo, balanços de massa e de energia, fluxograma de processo e dimensionamento dos equipamentos e da tubulação e bombas, buscando uma visão global de todo o processo. 14 1.1 OBJETIVO GERAL O objetivo geral deste trabalho é elaborar o projeto básico de uma indústria de toalhas de secagem rápida, empregando um processo de tingimento simultâneo utilizando o corante natural de urucum. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos deste trabalho, que visam atender o objetivo geral, são: Elaborar uma revisão bibliográfica que possibilite compreender melhor o processo, produzir um diagrama de blocos para exemplificar as principais etapas do processo produtivo, realizar os cálculos de capacidade e faturamento do projeto, assim como os balanços de massa e energia, desenvolver os fluxogramas de processo e de tubulação e instrumentação e projetar um possível layout para a planta de produção de toalhas. 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo será apresentado um embasamento teórico sobre a produção de toalhas de secagem rápida com tingimento simultâneo de urucum, através da exposição de informações sobre a indústria têxtil, a produção de toalhas, sobre o processo de tingimento e sobre os corantes naturais, em especial, o urucum. 2.1 A INDÚSTRIA TÊXTIL É afirmado por F. D. Bezerra (2014) que a cadeia produtiva, de distribuição têxtil e de confecção é estruturada desde a produção das fibras têxteis até a comercialização do produto acabado, mas, que a indústria têxtil propriamente dita, compreendendo a fiação, a tecelagem, a malharia e o beneficiamento. Na figura 1 é representada a organização e a distribuição dos setores da indústria têxtil. Figura 1- Estrutura da cadeia produtiva e de distribuição têxtil e de confecção Fonte: Abit (2013) 16 Segundo Abit (2013), “o mercado têxtil e de confecção mundial é um dos mais dinâmicos, realizando lançamentos no mínimo quatro vezes no ano. Em 2010, o consumo per capita mundial de fibras era de 11,6 kg/habitante”. O Brasil possui uma das últimas cadeias têxteis completas do ocidente, pois produz-se desde as fibras até às confecções. O setor têxtil brasileiro reúne mais de 32 mil empresas, das quais mais de 80% são confecções de pequeno e médio porte, distribuídas em todo o território nacional e emprega cerca de 1,7 milhão de pessoas, sendo que 75% são funcionários do segmento de confecção, mulheres em sua maior parte. Quanto à nível mundial, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores mundiais de artigos de vestuário e a quinta posição entre os maiores produtores de manufaturas têxteis. Porém, ocupa apenas a 23ª posição no ranking de exportadores, exportando 2,5% de sua produção (ABIT, 2013). Gorini, Siqueira e Franco (1998) afirmam que o setor de confecções têxteis pode ser subdividido em vários segmentos como vestuário, roupas de cama, mesa e banho, artigos de decoração, artigos não-tecidos. 2.1.1 SETOR CAMA, MESA E BANHO O segmento têxtil de cama, mesa e banho compreende o seguintes produtos: edredons, colchas de cama, colchas de cobertura, fronhas e lençóis; centros e toalhas de mesa, guardanapos e jogos americanos; tapetes e toalhas de banho e de rosto (GORINI; SIQUEIRA; FRANCO, 1998). 2.1.1.1 Produção de Toalhas O processo de fabricação tem características especiais. Para produtos felpudos, os teares para felpa possuem dois rolos de urdume e o que se chama de falsa batida, que forma a felpa. Já a confecção em jacquard, confere maior poder de absorção, que também pode ser dado pelo tipo de torsão utilizado nos fios (GORINI; SIQUEIRA; FRANCO, 1998). Rossi (2012) descreve as etapas da produção de toalhas da empresa Coteminas na unidade de João Pessoa. A produção se inicia com a chegada dos fios, que são a matéria prima do processo. Esses fios ficam guardados em um depósito específico e passam pelos setores de preparação da tecelagem, tecelagem, acabamento e confecção. Assim que o pedido de toalhas é finalizado, este é encaminhado até o centro de distribuição para futura entrega para o cliente. 17 Na figura 2 é apresentado o macrofluxo do processo produtivo de toalhas utilizado pela empresa Coteminas. Figura 2 - Macrofluxo do processo produtivo de toalhas Fonte: Rossi (2012, p.69) 2.2 AS FIBRAS TÊXTEIS Dissertando sobre fibras têxteis, Carvalho e Campos (2010) definem-as como materiais que, submetido a um processo de fabricação, podem ser transformado em fio para ser utilizado em produtos têxteis ou em outras aplicações industriais. As principais características das fibras são seu comprimento, diâmetro, resistência à tensão, a absorção, o alongamento, a elasticidade e a resistênsia à abrasão (PITA, 1996, v. 1). Araújo e Castro (1986-87, v. 1) afirmam que o critério para a classificação das fibras têxteis é a sua origem. Assim, elas podem ser de origem natural, se produzidas pela natureza sob uma forma que as torna apta para o processamento têxtil, ou de origem não natural, se são produzidas por processos industriais, quer a partir de polímeros não naturais transformados por ação de reagentes químicos (fibras regeneradas ou artificiais), quer por polímeros obtidos por síntese química (fibras sintéticas). Já Salem (2010) divide as fibras têxteis em naturais e químicas e as classifica conforme as figuras 3 e 4. 18 Figura 3 - Classificação das fibras naturais Fonte: Salem (2010, p. 29) Figura 4 - Classificação das fibras químicas Fonte: Salem (2010, p. 29) Fibras naturais Vegetais Sementes e frutos Algodão, coco Caules Linho, cânhamo, rami, malva, juta Folhas Sisal, caroá Animais Lãs e Pelos Ovelha, coelho, cabra, angorá, mahair, cashemir Seda Seda cultivada, seda silvestre Minerais Asbestos Amianto Fibras químicas De polímeros naturais Celulósicas Celulose regenerada Viscose Ésteres de celulose Acetato, triacetato Alginato Alginatos Animais Caseína De polímeros sintéticos Policondensação Poliéster, poliamida Polimerização de adição Polipropileno, poliacrilnitrilo, poliuretano 19Segundo Abit (2013), foram consumidas 80 milhões de toneladas de fibras no mundo em 2010, sendo 62% de fibras químicas e 38% de fibras naturais. A produção de fibras sintéticas é um ótimo exemplo de como a indústria química está contribuindo para a vida moderna e fibras como o nylon e o terylene tornaram-se materiais comuns do dia a dia, sendo usados normalmente como as fibras naturais coton e lã (COOK, 1984). Na fabricação destas fibras, parte-se de substâncias orgânicas de baixo peso molecular, com as quais fabricam-se os monômeros. Estes, por adição simples (polimerização) ou adição com perda de água (policondensação), reagem formando grandes moléculas de cadeias lineares (macromoléculas), com alto peso molecular. Realiza-se, portanto, uma síntese (SALEM, 2010, p. 35). 2.2.1 POLIÉSTER Poliéster é o “termo genérico para um substância em que o polímero de longa cadeia sintética é composto de, pelo menos, 85% em massa de um éster do álcool dihídrico e do álcool tereftálico” (PITA, 1996, v. 1, p. 289). “A fibra de poliéster consiste de uma macromolécula caracterizada por inúmeras funções poliéster” (SALEM, 2010, p. 117). O poliéster natural é conhecido desde os tempos da química primitiva e têm sido cada vez mais utilizado (PITA, 1996, v. 1). Atualmente, a fibra de poliéster representa mais de 50% da demanda de fibras químicas usadas no setor têxtil. Esta fibra pode ser também combinada com outras fibras, tanto naturais ou sintéticas e os tecidos tem aplicações em diversos produtos do vestuário em geral, além de cortinas, lençóis, etc. (CARVALHO; CAMPOS, 2010). 2.2.1.1 Propriedades e características O poliéster possui alta elasticidade e ótima estabilidade dimensional, além de ser resistente à ruptura e ao desgaste e apresentar alta resistência a condições climáticas, à formação de bolor, aos insetos nocivos e a ácidos e bactérias (MACEDO, s.d.; VIDAL, 2010). Segundo Lustosa (2008) ele também possui secagem rápida e baixo custo, permitindo a confecção de roupas e artigos com um preço mais acessível. Macedo (s.d.) ainda afirma que o poliéster apresenta características e propriedades específicas, que são apresentadas na tabela 1. Entre estas propriedades encontra-se o regain, que é a capacidade de absorção de umidade da fibra, ou seja, a quantidade de água que o material absorve da umidade do ar. 20 Tabela 1 - Propriedades do Poliéster Propriedade Valor Massa volumétrica (kg/m3) 1,38 Regain 0,4 Comportamento ao calor Funde à 260 °C Fonte: Adaptado de Araújo e Castro (1996-97, v. 1, p. 65-66) 2.2.1.2 Produção “As matérias primas para a obtenção do poliéster são o para-xilemo, o ácido tereftálico (TPA), o dimetiltereftalato (DMT) e o etilenoglicol” (PITA, 1996, v. 1, p. 290). Na figura 5 é apresentado o processo de produção de fios de poliéster. Figura 5 - Produção dos fios de poliéster Fonte: Macedo (s.d., p. 48) 2.2.1.3 Poliéster reciclado O Poli tereftalato de Etileno, também conhecido como PET, é um poliéster que foi desenvolvida por químicos ingleses no final da Segunda Guerra Mundial, para a produção de fibras têxteis. Posteriormente, porém, esta resina passou por modificações em sua estrutura química, que permitiram sua transformação em garrafa. A partir do final da década de 90, a 21 garrafa de PET, depois de ser descartada, transforma-se novamente em fibra e torna-se um tecido, destino inicial da resina, quando descoberta (ABIPET, s.d.). Apesar de ter como base o petróleo, um material não renovável que causa danos ao meio ambiente em seu processo de extração, as fibras de poliéster possuem uma grande vantagem sobre as fibras naturais por serem totalmente recicláveis. Camisetas de poliéster que utilizam garrafas PET como material de base hoje são comuns (grandes seleções de futebol utilizam esse material em seus uniformes). Esse processo de utilização de garrafas PET para a produção de tecidos de poliéster traz grandes vantagens, como a não utilização do petróleo, uma diminuição de 70% do gasto de energia com relação ao que seria necessário para a produção de uma fibra virgem, além de evitar que as garrafas acabem sendo descartadas no meio ambiente. O tecido também é 100% reciclável, podendo ser usado até mesmo no caminho inverso na produção das garrafas PET (F. C. BEZERRA, s.d.) A figura 6 apresenta o ciclo do PET, englobando sua fabricação, distribuição e reciclagem. Figura 6 - Ciclo do PET Fonte: Cassel e Santos (2009, p. 4) 22 Na figura 7 é apresentado um gráfico com a evolução da reciclagem do PET, que chegou a atingir 58,9% em 2012. Figura 7 - Evolução do índice de reciclagem do PET Fonte: 9º Senso de Reciclagem de PET no Brasil, ABIPET (2013) A figuras 8 comprova a grande utilização do PET reciclado no setor têxtil. Figura 8 - Usos finais do PET reciclado Fonte: 9º Senso de Reciclagem de PET no Brasil, ABIPET (2013) Já na figura 9 são apresentados as formas de utilização do PET na indústria têxtil. 23 Figura 9 - Usos Finais do PET na indústria têxtil Fonte: 9º Senso de Reciclagem de PET no Brasil, ABIPET (2013) A reciclagem do PET passa pelas etapas de separação, moagem, lavagem, aglutinação, extrusão, resfriamento e granulação. Na separação as embalagens recicladas são colocadas em uma esteira, onde são separadas em diferentes tipos de plásticos, rótulos, tampas de garrafas, etc., para em seguida serem moídas, resultando em flocos de garrafas conhecidos como flakes. Os flakes seguem então para a lavação a fim de se retirar os contaminantes que possam estar presentes e, depois disso, para a aglutinação, que objetiva secar e compactar o material que será enviado para a extrusora. A extrusora funde e torna a massa plástica homogênea, que após resfriamento é picotado em um granulador e transformado em grãos plásticos (AGPLAST, s.d.). Na figura 10 é apresentada a linha de moagem e lavagem do PET. Figura 10 - Linha de montagem e lavagem do PET Fonte: AGPLAST (s.d.) 24 2.2.2 POLIAMIDA Cook (1986) afirma que as fibras de poliamida, conhecidas atualmente como ‘nylon’, são uma das classes mais importantes de fibras têxteis, e as caracteriza como um polímero que contém recorrentes grupos amidas como parte da cadeia principal do polímero. Nylon é uma fibra têxtil sintética muito importante, visto possuir propriedades vantajosas em relação às fibras têxteis naturais (como por exemplo, o algodão). Destas propriedades destacam-se a facilidade de produção e o baixo custo da matéria-prima, assim como uma ótima resistência ao desgaste (SOARES, et. al., 2010, pg. 7). Desde a II Guerra Mundial, as poliamidas 6 e 6.6 têm-se distinguido no mercado mundial, como sendo das fibras têxteis sintéticas de maior relevancia. Entre todas as poliamidas, estas são as produzidas em maior escala e representam quase a totalidade da produção (SILVA, 2002). De acordo com Pita (1996, v. 2, p. 13), “o sistema de numeração caracteriza a nomenclatura referida ao número de átomos de carbono da diamina e ao número de ácidos do carbono, respectivamente.” 2.2.2.1 Poliamida 6 O Nylon 6 é obtido pela polimerização da caprolactama, produto da condensação interna do ácido aminocapróico, em presença de água como catalisador e com adição de estabilizantes (PITA, 1996, v. 2). Na figura 11 é apresentada a estrutura química da poliamida 6. Figura 11 - Poliamida 6 ( - NH – (CH2)5 – CO - )n Fonte: Salem (2010, p. 36) 2.2.2.2 Poliamida 6.6 Dissertandosobre a poliamida 6.6, Salem (2010, p. 145) afirma que “o monômero é produzido pela condensação do ácido adípico com hexametilenodiama”, conforme a reação exposta na figura 12. 25 Figura 12 - Polimerização da poliamida 6.6 Fonte: Furtado (2008, p. 4) 2.2.2.3 Propriedades e características Entre as características da poliamida destacam-se ótima tenacidade, elevada resistência à abrasão e aos agentes químicos sintéticos e naturais, baixo coeficiente de atrito, alto grau de tingimento, alta cristalinidade, baixa absorção de umidade, rápida secagem e grande poder de resistência contra insetos nocivos e ao apodrecimento (MACEDO, s.d.). Na tabela 2 são apresentadas algumas propriedades da poliamida 6.6. Tabela 2 - Propriedades da poliamida 6.6 Propriedade Valor Massa volumétrica (kg/m3) 1,14 Regain 3,8 Comportamento ao calor Funde à 260 °C Fonte: Adaptado de Araújo e Castro (1996-97, v. 1, p. 63) 2.2.2.4 Produção A polimerização da caprolactama para a produção do Nylon 6 pode ocorrer de forma contínua, sendo realizada em tubos V.K: sob pressão atmosférica ou em autoclaves, realizada sob altas pressões (PITA, 1996, v. 2). 26 A produção do Nylon 6,6 é baseado em reações de poli-condensação entre o ácido adípico e o hexametilenodiamina. Esta reação é realizada à 280 °C, sob vácuo. O polímero ainda quente é extrudido (isto é forçado a passar por orifícios para ficar no formato alongado) na forma de uma longa fita, que é depois arrefecida (esfriada) e cortada em aparas. Estas são finalmente usadas para produzir fibra de “Nylon”, que é a principal forma comercial deste polímero. As fibras são obtidas fundindo as aparas e forçando-as a passar por pequenos orifícios. O peso molecular do polímero é, nesta fase, um fator determinante, pois se for muito baixo as fibras não se formam, e se for muito elevado haverá necessidade de maior temperatura e pressão, encarecendo assim o custo da produção. O produto final é então o Nylon 6,6 (MUSEU VIRTUAL PUC RIO, s.d.). Na figura 13 é apresentado o fluxograma da obtenção das poliamidas 6 e 6.6. 27 Figura 13 - Obtenção do Nylon Fonte: Adaptado de PITA (1996, v. 2, p.34) Ácido -amino Capróico Desidratação Caprolactama Polimerização Polimero de Nylon 6 Hexametileno Diamina Ácido Adípico Sal de Nylon Polimerização Polimero de Nylon 6.6 PREPARAÇÃO DO POLÍMERO NYLON 6 NYLON 6.6 Ácido -amino Capróico Hexametileno Diamina Extrusão Bombas de engrenagem Fieiras Bobinagem Estiragem FIAÇÃO DO POLÍMERO 28 2.3 O PROCESSO DE TINGIMENTO O tingimento é uma operação destinada a colorir uniformemente os materiais têxteis. Ele é conhecido desde a antiguidade, mas a verdadeira industrialização ocorreu apenas no final do século XIX, e a partir dali, foram desenvolvendo-se tecnologias cada vez mais avançadas (ARAÚJO; CASTRO, 1986-87, v. 2). Guaratini e Zanoni (1999) ressalta a importância do tingimento para o sucesso comercial dos produtos têxteis. Além da padronagem e beleza da cor, o consumidor normalmente exige algumas características básicas do produto, e.g., elevado grau de fixação em relação à luz, lavagem e transpiração, tanto inicialmente quanto após uso prolongado. Para garantir essas propriedades, as substâncias que conferem coloração à fibra devem apresentar alta afinidade, uniformidade na coloração, resistência aos agentes desencadeadores do desbotamento e ainda apresentar-se viável economicamente (GUARATINI; ZANONI, 1999, p 71). Os materiais têxteis podem ser tingidos de diversas formas, como em rama, tops, flocos, fios, tecidos e malhas. Existem processos específicos para cada tipo de tingimento, mas que em geral podem ser divididos quanto a sua forma de condução em processos por esgotamento e processos de tingimento contínuos (SALEM, 2010). 2.3.1 TINGIMENTO DO POLIÉSTER A fibra de poliéster não possui carga química nem reage com o corante. Assim, para seu tingimento foram desenvolvidos os corantes dispersos. Estes corantes montam na fibra quando o banho de tingimento começa a aquecer, fazendo com que a fibra “se abra”, permitindo a entrada do corante (adsorção) e, em seguida, sua difusão na fibra (SALEM; MARCHI; MENEZES, 2005). Salem (2010) afirma que a medida que o corante é difundido, mais corante é adsorvido, processo este processo que depende do corante e da sua quantidade, enquanto a velocidade do tingimento depende da solubilidade e das velocidades de adsorção e difusão. O mecanismo de tingimento do poliéster pode ser observado na figura 14. 29 Figura 14 - Mecanismo de tingimento do poliéster Fonte: Salem (2010, p. 125) Um dos processos mais utilizados para o tingimento do poliéster é o tingimento por esgotamento, também conhecido como processo convencional ou descontínuo. Neste processo o movimento do corante em direção ao interior das fibras é provocado pela substantividade do corante e ocorre seguindo as etapas de desagregação dos agregados de corante no banho, difusão no banho, adsorção superficial na fibra, difusão na fibra, fixação e lavação (ARAÚJO; CASTRO, 1986-87, v. 2). Na figura 15 pode-se observar uma sugestão para o tingimento convencional do poliéster. Figura 15 - Tingimento convencional do poliéster Fonte: Salem (2010, p. 127) 30 2.3.2 TNGIMENTO DA POLIAMIDA No tingimento da poliamida são usualmente utilizados corantes dispersos ou corante ácidos e complexos metálicos (SALEM; MARCHI; MENEZES, 2005). O mecanismo de tingimento das fibras poliamidas com corante disperso ocorre de forma semelhando ao de poliéster com este mesmo tipo de corante e pode ser observado na figura 16. Figura 16 - Mecanismo de tingimento da poliamida com corantes dispersos Fonte: Salem (2010, p. 147) Na figura 17 pode-se observar uma sugestão para o tingimento da poliamida com corantes dispersos. Figura 17 - Processo de tingimento da poliamida com corantes dispersos Fonte: Salem (2010, p. 148) 31 2.3.3 REJEITOS DO TINGIMENTO Os corantes são facilmente detectáveis a olho nu, sendo visíveis em alguns casos mesmo em concentrações de 1 ppm. Assim, uma pequena quantidade lançada em efluentes aquáticos poder causar uma acentuada mudança de coloração dos rios, o que muitas vezes é vantajoso, já que isso pode ser facilmente detectado pelo público e autoridades que controlam os assuntos ambientais (GUARATINI; ZANONI, 1999). 2.4 CORANTES NATURAIS E CORANTES SINTÉTICOS Por muito tempo foram empregados corantes naturais utilizando métodos totalmente empíricos, o que muitas vezes resultava em uma péssima qualidade do tingimento. O primeiro corante sintético, descoberto por Perkin, promoveu então uma grande revolução na química dos corantes (SALEM, 2010). “Os corantes são compostos orgânicos capazes de colorir substratos têxteis ou não têxteis, de forma que a cor seja resistente (sólida) à luz e a tratamentos úmidos” (SALEM, 2010, p. 43). Segundo Salem, Marchi e Menezes (2005) os corantes podem ser dissolvidos ou dispersados em água. Já Veríssimo (2003) e Salem (2010) ressaltam que eles também devem possuir características como cor intensa, solubilidade, substantividade, reatividade e solidez.Comparando os corantes sintéticos, os quais são mais utilizados, com os naturais, os primeiros possuem cores mais variadas, melhor fixação nos tecidos, aplicação fácil, resistência à luz e à lavagem e qualidade uniforme, tudo isso com um preço mais baixo. Entretanto, possuem desvantagens, dentre elas o fato de serem poluentes (RODRIGUES, 2013). Araújo e Castro (1986-87, v.2) afirmam que, para fins têxteis, classifica-se os corantes quanto ao seu tingimento tintorial, relacionado com as condições de aplicação. Na tabela 3 encontram-se os diferentes tipos de corantes sintéticos, de acordo com a classificação por utilização, bem como a sua aplicação às diferentes fibras têxteis. 32 Tabela 3 – Tipos de corantes e suas aplicações Tipos de fibras Tipos de corante Lã e seda Algodão e viscose Acetato e triacetato Poliamida Poliéster Acrílica Ácido XX -- -- XX -- -- Azóico -- XX X X X X Básico -- -- -- -- XX de Cuba X XX -- -- -- de Cuba Solubilizado X XX -- -- -- Direto X XX -- X -- Disperso -- -- XX XX XX Ftalocianina -- XX -- -- -- Metalífero XX -- -- XX -- -- Mordente XX -- -- -- X -- de Oxidação -- X -- -- -- -- Reativo XX XX -- X -- -- Sulfuroso XX -- -- -- -- XX – muito adequado; X – adequado em certos Fonte: Araújo e Castro (1986-87, v. 2, p. 698) Um corante natural é uma substância corada extraída apenas por processos físico- químicos (dissolução, precipitação, entre outros) ou bioquímicos (fermentação) de uma matéria-prima animal ou vegetal. Esta substância deve ser solúvel no meio líquido onde vai ser mergulhado o material a tingir (ARAÚJO, 2006-07, p.38). A importância dos corantes naturais na indústria têxtil desapareceu desde o surgimento dos corantes sintéticos empregados em distintas fibras, porém durante os últimos 10 anos, o uso dos corantes naturais no âmbito mundial foi incrementado de forma quase explosiva, devido à exigência de seu uso nas indústrias alimentícias, farmacêuticas e cosméticas estabelecidas pelas legislações dos diferentes países. Recentemente, na era ecológica, o uso de corantes naturais tem sido objeto de pesquisa aplicada nas indústrias de couro e têxtil. O crescente uso destes corantes resultou no incremento da demanda, gerando em alguns casos problemas de abastecimento no mercado mundial. Os corantes naturais têm sido muito procurados devido a sua biodegradabilidade, sua baixa toxidade e pode ser empregados no tingimento tanto de fibras 33 naturais como sintéticas, segundo Lobato, Maldonado e Pérez (2001, apud VERISSÍSSIMO, 2003, p. 10). 2.5 URUCUM O urucum, também conhecido como urucu, colorau, açafrão e açafroeira da terra, pertence à família Bixaceae, e tem como sinonímica botânicas: Bixa acuminata Bojer, Bixa americana Poir., Bixa odorat Ruiz & Pav. Ex G. Don, Bixa tinctoria Salisb., Bix urucurana Wild., Orellana americana Kuntze, Orellana orellana (L.) Kuntze, segundo Lorenzi (2002). A planta do urucum pode ser tanto um arbusto grande como uma árvore pequena, atingindo de 2 a 5 metros de altura, dependendo da região ecológica e da idade da planta (VERÍSSIMO, 2003). “As sementes da planta encerram uma matéria corante que há muito tempo é empregada em tinturaria, como condimento e corante de certos alimentos” afirma Vilella (1942, apud VERISSÍSSIMO, 2003, p. 17). Além disso, “o urucum é amplamente na indústria farmacêutica, de cosméticos e têxtil” (URUCUM, 2013). Veríssimo (2003) ainda afirma que o urucuzeiro exibe uma variedade muito grande de coloração, apresentando caules verdes, flores brancas e rosas, frutos verdes e vermelhos- escuros e caules verdes. E que os frutos consistem em uma cápsula ou cachopa, contendo geralmente entre 10 a 50 pequenas sementes em duas valvas. De acordo com Wood et al. (1991, apud Veríssimo, p. 19), o mais importante pigmento vermelho presente nas sementes do urucum é o cartenóide oxigenado alfa-bixina, também conhecido como bixin cis ou lábil. A tabela 4 apresenta os pigmentos carotenóides presentes no urucum. Tabela 4 - Pigmentos Carotenóides Presentes no Urucum Nome Fórmula Molecular Peso Molecular Alfa-bixina C25H30O4 394 Beta-bixina C25H30O4 394 Alfa-norbixina C24H28O4 380 Beta-norbixina C24H28O4 380 Produto amarelado de degradação térmica C17H20O4 288 Fonte: Wood et al. (1991, apud Veríssimo, p. 20). 34 Schmidt; Souza, A. e Souza, S. (2005), realizaram experimentos para o tingimento do poliéster, realizando uma estampagem em quadro plano e posterior termofixação à 190°C durante um minuto e meio, com concentrações de 2% e 6% de extrato e obtiveram resultados satisfatórios perante à indústria, conforme apresentados na tabela 5. Tabela 5 - Resultados visuais do substrato de poliéster termofixado à 190 °C Fonte: Schmidt; Souza, A. e Souza, S. (2005, p. 4) Já Gulrajani, Gupta e Maulik (1998), realizaram um estudo sobre o tingimento com urucum em fios de poliéster e de poliamida e também obtiveram resultados satisfatórios. Nylon e poliéster foram tingidos durantes diferentes tempos e temperaturas para verificação de diversos parâmetros. Os resultados mostraram que as duas fibras tem afinidade com o corante, embora os mecanismos de adsorção do corante nas fibras foram diferentes para os dois casos. 35 3 DESCRIÇÃO DO PROJETO As subseções a seguir descrevem de forma detalhada o planejamento e execução deste projeto. 3.1 CRONOGRAMA DO PROJETO O cronograma com as todas as etapas do projeto e suas respectivas datas de realização pode ser observado na tabela 6. Tabela 6 - Cronograma do Projeto 2016 ETAPAS ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Escolha do tema Escolha do orientador Título do projeto Capacidade do processo Faturamento esperado Cronograma do Processo Memorial de Cálculo Balanço de Massa Revisão Bibliográfica Entrega do Pré- Projeto Balanço de Energia Dimensionamento dos Equipamentos Fluxograma do processo Diagrama T + I Layout Entrega do Projeto Apresentação Fonte: Elaborado pelo autor 36 3.2 DIAGRAMA DE BLOCOS O diagrama de blocos, com a representação de todas as etapas da produção, está localizado no apêndice A. 3.3 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS A produção de toalha passa por vários processos até obter-se o produto final como desejado. Neste processo é apresentada a produção desde a aquisição do fio, tecelagem, beneficiamento até sua modelagem e costura. A seguir são descritas detalhadamente todas as etapas da produção em conformidade com o diagrama de blocos, vide seção 3.2. 3.3.1 RECEBIMENTO DA MATÉRIA PRIMA Os fios de poliéster e poliamida são recebidos em containers, passam por uma inspeção a fim de garantir a qualidade do produto e são armazenados no depósito, para posteriormente serem transformados em tecido. 3.3.2 TECELAGEM A tecelagem consiste no processo de transformar o fio em tecido, através do entrelaçamento de fios de trama (transversais) com fios de urdume ou teia (longitudinais). Os fios de urdume passam por uma etapa pré-tecelagem, em uma máquina denominada bobinadeira, onde os fios são colocados em um suporte especial e depois são levados até o tear. Os fios da trama são então levados diretamente até o tear e são cruzados um à um com os fios da teia. Ao final da tecelagemobtém-se um tecido com impurezas, que devem ser eliminadas nas próximas etapas. 3.3.3 PURGA A purga, também conhecida como cozimento, visa eliminar das fibras sintéticas parafinas e óleos, oriundos dos processos de fiação e tecelagem, com o objetivo de aumentar sua hidrofilidade. Ela consiste na lavação do tecido com detergente e emulsificante, ambos na 37 concentração de 2 g/L, à 100 °C durante 10 minutos e é feita na própria máquina de tingimento, em bateladas de 300 kg de tecido, conforme especificação da máquina de tingimento utilizada. 3.3.4 LAVAÇÃO 1 A lavação consiste na adição de água na máquina de tingimento para remover o restante das impurezas, assim como o restante do detergente e do emulsificante. Ela é feita durante 10 minutos e à temperatura ambiente, preparando o tecido para ser tingido. 3.3.5 TINGIMENTO Tingimento é uma prática destinada à colorir os materiais têxteis. O tingimento com o corante natural de urucum ocorrerá em uma máquina denominada Jet longo, que é empregada geralmente no tingimento de fibras sintéticas. Neste tipo de tingimento, o substrato é transportado pelo próprio banho, pois o banho, ao passar por um bocal em alta velocidade, arrasta o tecido, que acaba circulando mais rápido que o próprio banho, provocando boa equalização do tingimento. As peças chegam a atingir velocidades superiores à 100 m/min. Na figura 18 é apresentado um modelo de uma máquina Jet longo. Figura 18 - Jet longo Fonte: Salem (2010, p.67) Neste processo de tingimento serão utilizados corante, dispersante e água. A quantidade utilizada de corante é de 1,5% do peso seco do tecido, já o dispersante é utilizado na concentração de 1 g/L. 38 Inicialmente adiciona-se à água, aquece-se a água e o tecido até 60 °C, na velocidade de 1,5 °C/mim, velocidade adequada para aquecimento em máquina convencional. Nos 10 minutos seguintes é adicionado o dispersante e, em mais 10 minutos, o corante. Toda a solução e o tecido são aquecidos então até 130 °C, temperatura adequada para o tingimento do poliéster, durante 45 minutos. Em seguida é feito o resfriamento até 100 °C, temperatura adequada para o tingimento da poliamida e o tecido assim permanece no banho por 30 minutos (SALEM, 2010). Por fim, o banho é enviado para posterior tratamento. 3.3.6 LAVAÇÃO 02 Como no tingimento parte do corante fica disperso na água, a lavação 02 consiste na lavação do tecido após ser tingido, a fim de remover este corante. A lavação é realizada na própria máquina de tingimento, durante 10 minutos e à temperatura ambiente. 3.3.7 LAVAÇÃO 03 Idem à lavação 02, apresentada na seção 3.3.6, a lavação 3 é realizada para garantir eliminação total dos corantes dispersos. 3.3.8 FOULARD 1 Como o tecido sai da lavação com uma alta umidade, ele passa em seguida pelo foulard 1, que consiste em um equipamento provido de cilindros e rolos compressores por onde o material passa reduzindo sua umidade. 3.3.9 FOULARD 2 No foulard 2 o material inicialmente passa por um banho de amaciante, para impregnar suas fibras e em seguida é espremido. Na figura 19 pode-se observar o funcionamento de um foulard. 39 Figura 19 - Foulard Fonte: Salem (2010, p.69) 3.3.10 RAMA O tecido sai do foulard 2 ainda com uma quantidade de umidade maior que a desejada, por isso, em seguida ele é encaminhado para a rama, que é equipamento que possui basicamente as funções de termofixação de acabamentos e de secagem. Neste processo os tecidos são presos somente pelas laterais e passam por uma estufa sem sofrer nenhum contato em suas faces, realizando a secagem. 3.3.11 CORTE Após a rama o tecido está pronto para ser utilizado e segue para o corte ou talhação, processo este que consiste em cortar o tecido nas formas de toalhas. 3.3.12 COSTURA A costura é a última etapa do processo e consiste no acabamento das toalhas através das máquinas de costura. 3.3.13 ARMAZENAMENTO O produto devidamente finalizado é então armazenado no estoque até ser comercializado. 40 3.4 CAPACIDADE DO PROJETO E FATURAMENTO ESPERADO O projeto foi realizado objetivando a produção anual de 6.000 toneladas de toalhas, o que corresponde à 13.483.146,07 unidades de toalhas por ano, considerando o peso de cada unidade de toalha de 455 gramas. Considerando que a indústria trabalhe em um regime de 24 horas por dia, durante 7 dias por semana, há o total de 8.760 horas disponíveis. Destas, 85% serão utilizadas efetivamente para a produção das toalhas, resultando em 7.446 horas e as outras 15%, que contabilizam um total de 1.314 horas, serão utilizadas para manutenção de equipamentos. Conforme o memorial de cálculo, a produção por hora de trabalho será de 805,8 kg de toalhas. Para a capacidade de produção anual mencionada, a indústria possuirá um faturamento de R$ 337.078.651,68 por ano. Os cálculos da capacidade do processo e faturamento esperado podem ser encontrados no memorial de cálculo, localizado no apêndice B. 3.5 BALANÇO DE MASSA Com base em uma capacidade de produção anual de 6.000 toneladas de toalha, desenvolveu-se o balanço de massa para cada uma das etapas do diagrama de blocos. Os cálculos referentes a este item estão apresentados no apêndice C deste projeto. 3.6 BALANÇO DE ENERGIA O balanço de energia foi aplicado nos equipamentos que envolvem transferência de calor, a fim de dimensiona-los corretamente, sendo eles: A máquina de tingimento e seu respectivo trocador de calor e a rama. Os cálculos e os resultados obtidos estão descritos no apêndice D. 3.7 DIMENSIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS Os equipamentos envolvidos no processo foram dimensionados e escolhidos conforme os parâmetros encontrados nos balanços de massa e energia. Todos os cálculos efetuados para o dimensionamento podem ser encontrados no apêndice E. 41 3.8 DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO E BOMBAS As tubulações necessárias e seus respectivos dimensionamentos, assim como as bombas que irão compor o sistema de transporte de líquidos, localizam-se no apêndice F. 3.9 CONSUMO DE UTILIDADES O consumo de utilidades deste processo, constituídas por água de refrigeração, vapor saturado, ar e energia elétrica, estão especificados no apêndice G. 3.10 FLUXOGRAMA DO PROCESSO O processo de produção de toalhas com o corante de urucum está apresentado parcialmente em um fluxograma que pode ser encontrado no apêndice H e contém informações das correntes e características gerais do processo. O fluxograma abrange o processo até seu tingimento. 3.11 DIAGRAMA DE TUBULAÇÃO E INSTRUMENTAÇÃO No diagrama de Tubulação e Instrumentação estarão especificadas as tubulações utilizadas e os instrumentos de controle necessários, até o processo de tingimento. Este diagrama está localizado no apêndice I. 3.12 LISTA DE EQUIPAMENTOS A lista de todos os equipamentos necessários para o processo, assim como suas características específicas pode encontra-se no apêndice J. 3.13 LISTA DE INSTRUMENTAÇÃO A lista com os instrumentos de medida de controle utilizados no processo, como medidores, válvulas e acionadores elétricos está detalhada no apêndice K. 42 3.14 LAYOUT No layout são representados todos os equipamentos utilizados neste processo, assim como sua apropriada disposição. Esta representação está localizada no apêndice L. 3.15 TRATAMENTO DERESÍDUOS Os resíduos líquidos serão encaminhados para uma unidade terceirizada para devido tratamento. 43 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O setor têxtil possui significativa importância, tanto na economia como no dia a dia da população. Assim, percebeu-se a necessidade de cuidar de seus processos, fazendo com que eles agridam menos o planeta, atendam as necessidades da população e que, ao mesmo tempo, sejam economicamente viáveis. A indústria têxtil, e, em especial, a indústria de toalhas, desenvolveu-se bastante e trouxe novos produtos como as toalhas de secagem rápida, feitas através de fibras de poliéster e poliamida. Através do presente trabalho percebeu-se que é possível aliar a demanda de um produto comum como a toalha com a necessidade de um produto sustentável, utilizando matérias primas de baixo custo e recicladas e um corante natural, agregando assim valor social e econômico ao produto final. Na realização deste projeto foram aplicados conhecimentos obtidos e desenvolvidos durante a graduação em engenharia química. Para sua boa concretização foi necessário o desenvolvimento de balanços de massa e de energia, o dimensionamento dos equipamentos e tubulações e a integração de conhecimentos de diversas áreas do curso. 44 5 REFERÊNCIAS ABIPET. Resina PET: História. Disponível em: <http://www.abipet.org.br/index. html?method= mostrarInstitucional&id=46>. Acesso em: 11 jun. 2016. ABIPET. 9° Senso de reciclagem do PET. 2013. Disponível em: <http://www.abipet.org.br/ index.html?method=mostrarDownloads&categoria.id=3>. Acesso em: 11 jun. 2016. ABIT. Indústria têxtil e de confecção brasileira. Brasília, 2013. Disponível em: <http:// www.abit.org.br/conteudo/links/publicacoes/cartilha_rtcc.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2016. AGPLAST. AG lança seu projeto de revalorização plástica com capacidade de reciclar 750 toneladas de pet por mês. Disponível em: <http://www.agplast.com.br/reciclagem>. Acesso em: 12 jun. 2016. ARAÚJO, Maria Eduarda de. Corantes naturais para têxteis: da antiguidade aos tempos modernos. 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Acesso em: 15 jun. 2016. 48 6 APÊNDICES 49APÊNDICE A - DIAGRAMA DE BLOCOS 50 Recebimento da Matéria Prima Tecelagem Purga Lavação 1 Tingimento Lavação 2 Lavação 3 Foulard 1 Foulard 2 Rama Corte Costura Expedição Resíduos tecelagem Solução purga Água Água + corante + dispersante Água Solução amaciante Efluentes líquidos Resíduos corte 10 20 30 40 70 60 50 80 90 110 100 120 112 102 82 72 62 52 42 32 22 28 38 48 58 68 88 Gases rama 51 APÊNDICE B - MEMORIAL DE CÁLCULO 52 MEMORIAL DE CÁLCULO Escopo do projeto: Este projeto tem como base para cálculos a produção anual de 6.000 toneladas de toalha de rápida secagem, utilizando como matéria prima 50% poliéster e 50% poliamida, tingidas com corante natural de urucum. Conforme informações obtidas com fornecedores, cada unidade de toalha (medida 70 x 150 cm) de secagem rápida pesa 0,445 kg. Assim, para a produção anual de 6.000.000 toneladas de toalhas, haverá a produção de 13.483.146,1 unidades de toalhas. CAPACIDADE DO PROJETO Regime de trabalho: 24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑎 𝑒 7 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚𝑎𝑛𝑎 Horas disponíveis: 24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑎 × 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 1 𝑎𝑛𝑜 = 8760 Considerando que haja produção em apenas 85% das horas disponíveis: Horas trabalhadas: 0,85 × 8760 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑜 = 7446 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑜 Horas para manutenção: 0,15 × 8760 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑜 = 1314 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑜 Capacidade horária: 6.000.000 𝑘𝑔 𝑎𝑛𝑜 × 1 𝑎𝑛𝑜 7446 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 = 805,8 𝑘𝑔 ℎ𝑜𝑟𝑎 Capacidade horária: 805,8 𝑘𝑔 ℎ𝑜𝑟𝑎 × 1 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎 0,445 𝑘𝑔 = 1.810,76 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 ℎ𝑜𝑟𝑎 Capacidade diária: 805,8 𝑘𝑔 ℎ𝑜𝑟𝑎 × 24 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 1 𝑑𝑖𝑎 = 19.339,24 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 Capacidade diária: 19.339,24 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 × 1 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎 0,445 𝑘𝑔 = 43.458,97 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑎 Capacidade mensal: 19.339,24 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 × 30 𝑑𝑖𝑎𝑠 1 𝑚ê𝑠 = 580.177,28 𝑘𝑔 𝑚ê𝑠 53 Capacidade mensal: 580.177,28 𝑘𝑔 𝑚ê𝑠 × 1 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎 0,445 𝑘𝑔 = 1.303.769,17 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑚ê𝑠 FATURAMENTO ESPERADO O preço da toalha (70 x 150 cm) de secagem rápida é de R$ 25,00, segundo informações obtidas de fornecedores. Faturamento/ano: 13.483.146,07 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑎𝑛𝑜 × 25,00 𝑅𝑆 𝑡𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎 = 337.078.651,68 𝑅𝑆 𝑎𝑛𝑜 Faturamento/mês: 337.078.651,68 𝑅𝑆 𝑎𝑛𝑜 × 1 𝑎𝑛𝑜 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 = 28.089.887,64 𝑅𝑆 𝑚𝑒𝑠 54 APÊNDICE C – BALANÇO DE MASSA 55 BALANÇO DE MASSA O balanço de massa foi realizado tendo como base a produção estimada de 6.000 toneladas de toalhas por ano. Diariamente, conforme apresentado no memorial de cálculo, a capacidade do processo está estipulada em 19.339,24 kg de toalhas, resultando em uma capacidade horária de 805,8 kg de toalha. Considerando que as perdas durante a tecelagem e corte são de 1% cada e na costura são desprezíveis, e que os fios de poliéster e a poliamida possuem, em média, 0,5% de impurezas, serão necessários 19.506,59 kg de fio por dia, sendo 9.753,29 kg de poliamida e 9.753,29 kg de poliéster. Nestes, estão incluidas também as impurezas e o regain. O regain é a quantidade de água que o material absorve da umidade do ar. Segundo Araújo e Castro (1996-97, v. 1) o regain do poliester é 0,4 % e o regain da poliamida é 3,8 %. Assim, obteve-se o regain médio de 2,1 %. O material molhado também absorve uma quantidade de água, que é conhecida como o pick up do tecido e pode ser calculado da seguinte forma: 𝑃𝑖𝑐𝑘 𝑢𝑝 (%) = 𝑚𝑡𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜 − 𝑚𝑡𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 𝑚𝑡𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 × 100 A nomenclatura utilizada para este balanço de massa, foi: �̇�𝑎,𝑏 = Vazão mássica do componente a na corrente b, em kg/dia ou kg/h. �̇�𝑎,𝑏 = Vazão volumétrica do componente a na corrente b, em L/dia ou L/h. 𝑐𝑎,𝑏 = Concentração do componente a na solução de banho na corrente b, em kg de a/L de solução de banho. 𝑥𝑎,𝑏 = Quantidade do componente a por quantidade de tecido na corrente b, em kg a/kg de tecido. Onde kg de tecido é a soma das massas de poliamida e poliéster. Os nomes dos componentes foram abreviados conforme tabela 7. Tabela 7 - Componentes do Balanço de Massa Componente Abreviação Poliéster PES Poliamida PA 56 Componente Abreviação Regain re Impurezas im Água H2O Detergente de Carbonato de Sódio Na2CO3 Corante Fixo coF Corante Diluído coD Dispersante di Amaciante am Solução de banho sob Fonte: Elaborado pelo autor (2016) A seguir, são apresentados os cálculos e resultados para cada processo e suas respectivas correntes, conforme o diagrama de blocos. RECEBIMENTO DA MATÉRIA PRIMA Corrente 10: A corrente 10 consiste no recebimento dos fios de poliéster e poliamida, que posteriormente serão encaminhados para a tecelagem. Para a obtenção da vazão mássica horária, dividiu-se a vazão mássica diária por 24. Tabela 8 - Composição da corrente 10 Componente % kg/dia kg/h PA 48,73 9.492,02 395,50 PES 48,73 9.492,02 395,50 Regain 2,05 398,67 16,61 Impurezas 0,49 95,40 3,97 Total 100 19.478,11 811,59 Fonte: Elaborado pelo autor (2016) 57 TECELAGEM Corrente 20: A corrente 20 abarca o fio já transformado em tecido. Esta corrente é composta por 99% da corrente 10, considerando que as perdas durante a tecelagem foram de 1%. �̇�𝑃𝐴,20 = 0,99 × �̇�𝑃𝐴,10 �̇�𝑃𝐴,20 = 0,99 × 9492,02 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 �̇�𝑃𝐴,20 = 9.397,10 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 Os valores para os demais componentes foram determinados de maneira análoga. Tabela 9 - Composição da corrente 20 Componente Composição % kg/dia kg/h PA 48,73 9.397,10 391,55 PES 48,73 9.397,10 391,55 Regain 2,05 394,68 16,44 Impurezas 0,49 94,44 3,94 Total 100 19.283,32 803,47 Fonte: Elaborado pelo autor (2016) Corrente 22: Esta corrente corresponde aos resíduos da tecelagem, e pode ser determinada através de um balanço de massa na tecelagem. �̇�𝑃𝐴,22 = �̇�𝑃𝐴,10 − �̇�𝑃𝐴,20 �̇�𝑃𝐴,22 = 9.492,02 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 − 9.397,10 𝑘𝑔 𝑑𝑖𝑎 �̇�𝑃𝐴,20 = 94,92 kg dia 58 Os valores para os demais componentes foram determinados de maneira análoga. Tabela 10 - Composição da corrente 22 Componente Composição % kg/dia kg/h PA 48,73 94,92 3,96 PES 48,73 94,92 3,96 Regain 2,05 3,99 0,17 Impurezas 0,49 0,95 0,04 Total 100 194,78 8,12 Fonte: Elaborado pelo autor (2016) PURGA Corrente 28: A corrente 28 corresponde à solução para purga, que consiste em uma solução de banho 1:8, onde para cada kg de tecido, são utilizados 8 litros de solução, composta por água, detergente na concentração de 2 g/L e de carbonato de sódio (Na2CO3), também nesta concentração. Considerou-se também a massa específica da solução igual a massa especifíca da água à 25 °C, ou seja, 0,997 kg/L. �̇�𝑠𝑜𝑏,28 = (𝑚𝑃𝐴,20 + 𝑚𝑃𝐸,20) × 8 𝐿 𝑘𝑔 �̇�𝑠𝑜𝑏,28 = (9.397,10 kg dia + 9.397,10 kg dia ) × 8 𝐿
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