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2 Módulo 03 – Regiões diferentes, efeitos diferentes Aula 01: Pacto federativo sobre mudança do clima – gestão da mudança do clima ............................................. 4 Analisando as 5 regiões do Brasil ...................................................................................................................................................... 5 Aula 02: Região Norte ............................................................................................................................................................................. 7 Vulnerabilidades detectadas no Estado da Amazonas ............................................................................................................. 9 Recomendações para os municípios ................................................................................................................................................ 9 Aula 03: Região Nordeste .................................................................................................................................................................... 11 Núcleos de desertificação do Nordeste brasileiro .................................................................................................................... 11 Mapeamento das vulnerabilidades ................................................................................................................................................. 12 A salinização do solo ............................................................................................................................................................................ 13 Aula 04: Região Centro-Oeste ........................................................................................................................................................... 15 Algumas iniciativas dos estados ...................................................................................................................................................... 15 Características do Centro-Oeste ...................................................................................................................................................... 15 Aula 05: Região Sudeste ...................................................................................................................................................................... 18 Clima, vulnerabilidade e adaptações ............................................................................................................................................. 18 Aula 06: Região Sul ................................................................................................................................................................................. 22 Como funciona no estado do Paraná? .......................................................................................................................................... 22 Os desastres que assolaram Santa Catarina ................................................................................................................................ 22 E no Rio Grande do Sul? ..................................................................................................................................................................... 23 Aula 07: Considerações Finais ........................................................................................................................................................... 25 Relembrando características das 5 regiões brasileiras ............................................................................................................ 25 3 Olá, chegamos ao nosso último módulo! Vamos relembrar o que foi visto nos módulos anteriores. No Módulo 01, procuramos introduzir o tema e associá-lo a um movimento global, inserir alguns conceitos e iniciativas importantes, como o Índice de Vulnerabilidade Municipal (IVM) e no Módulo 02, introduzimos alguns instrumentos vinculados às políticas públicas de ordenamento territorial, resíduos e saneamento – obrigatórios para municípios com mais de 20 mil habitantes. Como o Brasil é um país de dimensões continentais, a mudança do clima não afetará da mesma forma todas as regiões. Além de ter diferentes emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), a distribuição, tamanho e capacidade adaptativa das cidades também é diferente – com reflexos na gestão urbana ambiental de mitigação e adaptação. É sobre isso que discutiremos no Módulo 03. Para relembrar, veja abaixo a divisão de aulas deste módulo: Aula 01: Pacto federativo sobre mudança do clima – gestão da mudança do clima Aula 02: Região Norte Aula 03: Região Nordeste Aula 04: Região Centro-Oeste Aula 05: Região Sudeste Aula 06: Região Sul Aula 07: Considerações Finais Muito bem! Após esta pequena contextualização, já podemos dar início à primeira aula. Então, bons estudos! 4 Aula 01: Pacto federativo sobre mudança do clima – gestão da mudança do clima Olá, antes de falar sobre os principais impactos da mudança do clima nas regiões brasileiras, vamos ver a situação dos estados na implementação de políticas relacionadas à mudança do clima. O federalismo é a base das relações políticas em nosso país. Para que, de fato, funcione, é preciso garantir a unidade na diversidade, resguardar a autonomia local e manter a integridade territorial em um país marcado pela heterogeneidade. A capacidade de atuação do Estado na área ambiental baseia-se na ideia de responsabilidades compartilhadas entre União, estados, Distrito Federal e municípios, além da relação destes com os diversos setores da sociedade. O arranjo institucional previsto para lidar com as questões ambientais é o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). No entanto, para atuar como um sistema, não basta ao SISNAMA um conjunto de órgãos e de instrumentos. É preciso instâncias de articulação para gerenciar e compartilhar a informação, possibilitar a avaliação e o acompanhamento permanentes das políticas ambientais do país, assim como fornecer recursos voltados para estruturá-lo e fortalecê-lo. Todas as Unidades Federativas dispõem de pelo menos um órgão para tratar das questões ambientais, embora nem sempre estruturado com equipamentos, pessoal e orçamento para formular e implementar as políticas ambientais em suas esferas. Mesmo que de forma compartilhada com outros entes da federação, os municípios passaram a ser protagonistas para diversas políticas. Entretanto, o maior gargalo da institucionalização do SISNAMA encontra-se nos municípios. Os municípios mais populosos e das regiões metropolitanas lidam com problemas de naturezas muito diferentes dos pouco populosos. Enquanto os municípios das regiões metropolitanas enfrentam problemas como a poluição do ar ou o excesso de impermeabilização, os pequenos lidam com pressões sobre os recursos naturais, seca ou salinização do solo, por exemplo. As características ambientais - como o tipo de bioma, bacia, forma de ocupação do espaço e a localização - acarretam pressões de naturezas distintas. A gestão ambiental de um município localizado em áreas prioritárias para conservação é distinta daquela em áreas destinadas à exploração mineral ou em áreas de expansão agropecuária (LEME, 2010). O Fórum Clima - Ação Empresarial sobre as Mudanças Climáticas do Instituto Ethos - publicou o artigo “Adaptação às mudanças climáticas no Brasil: subsídios para o debate e a construção de políticas públicas”. Por meio da plataforma - Observatório de Políticas Públicas de Mudanças Climáticas – disponibilizou, em 2015, um mapeamentoque dá informações dos marcos regulatório de cada uma das 27 Unidades da Federação com o objetivo de monitorar e informar sobre o andamento das políticas públicas sobre esta temática no Brasil. 5 Analisando as 5 regiões do Brasil No site do Fórum Clima, você encontrará um mapa como este abaixo com resultados do mais recente estudo publicado pelo Observatório em abril de 2015, “Adaptação às mudanças climáticas no Brasil: subsídios para o debate e a construção de políticas públicas”. Clicando na aba de cada estado é possível consultar informações sobre a existência de documento de referência, capacitação e educação ambiental sobre mudança do clima, ações de proteção à população vulnerável, articulação com os municípios para apoio ou incentivo à gestão ambiental e iniciativas do estado para adaptação. Legenda: Mapeamento das iniciativas de adaptação dos estados brasileiros. Fonte: Fórum Clima. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto das Políticas de Mudanças do Clima no Brasil. LEME T.N. Os Municípios e a Política Nacional do Meio Ambiente. IPEA Planejamento e Políticas Públicas. Planejamento e Políticas Públicas, n. 35, jul. /dez. 2010. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. SPERANZA, J.; RESENDE, F. Adaptação às mudanças climáticas no Brasil: subsídios para o debate e a construção de políticas públicas. Artigo do Fórum Clima, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. FÓRUM CLIMA - Ação empresarial sobre mudanças climáticas. O Desafio da Harmonização das Políticas Públicas de Mudanças Climáticas, 2012. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 6 Os resultados apontaram que, na Região Norte, os estados do AC, AM e TO possuem documentos de referência sobre mudança do clima (algum arcabouço jurídico). Os estados de AP e do PA têm projetos de lei em discussão e RO e RR ainda não. Os estados do AP, AM, PA e TO têm iniciativas de educação ambiental e capacitação para ações de conscientização, prevenção e adaptação e somente o PA possui uma proposta de articulação com os municípios para promoção de ações de adaptação (Munícipios Verdes). Na Região Nordeste, somente os estados de BA, PB, PE e PI possuem algum arcabouço jurídico sobre nosso tema; os estados de AL, CE, RN e SE não possuíam, até a data da pesquisa, nenhum documento de referência. Os estados da PB, PE e PI têm ações de capacitação e educação ambiental e propostas de articulação com os municípios para ações de adaptação. Na Região Sudeste, SP, RJ, e ES têm um marco legal para a mudança do clima, e em MG o projeto de lei está em discussão. Somente ES e SP possuem iniciativas de capacitação e educação ambiental, e SP e RJ têm uma articulação com os munícipios para ações de adaptação. Na Região Centro-Oeste, GO, MS e DF possuem uma lei para mudança do clima e MT tem um projeto de lei em andamento. Todos os estados têm iniciativas de capacitação e educação ambiental e somente MT tem uma articulação com os municípios para ações de adaptação. Os três estados da Região Sul (PR, SC e RS) possuem uma legislação sobre mudança do clima, fazem capacitação e educação ambiental e somente SC não tem articulação com os municípios para ações de adaptação. Caro(a) cursista, vimos nesta Aula 01 que, a partir da pesquisa realizada, até 2015, 11 estados ainda não tinham um documento de referência sobre mudança do clima implementado e que somente 9 tinham uma política de articulação com os municípios para ações de adaptação. Isso nos mostra que o apoio dos estados à gestão ambiental municipal relacionada à mudança do clima ainda é incipiente. A partir da próxima aula, vamos passar a conhecer mais detalhadamente a situação de cada uma das 5 regiões brasileiras, começando, na Aula 02, pela Região Norte. Para consultar as iniciativas de cada estado acesse o site do Fórum Clima disponível em: http://forumempresarialpeloclima.ethos.org.br/observatorio-de-politicas-publicas- de-mudancas-climaticas. 7 Aula 02: Região Norte Olá, seja bem-vindo(a) à Aula 02, do Módulo 03. Depois do painel dos estados sobre mudança do clima, vamos conhecer as especificidades das regiões brasileiras e algumas iniciativas de adaptação que vêm sendo realizadas. Começaremos pela Região Norte. Em outubro de 2016 foi lançado o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) da Amazônia, como um instrumento importante para a gestão do território. A análise realizada pelo Instituto de Pesquisas Amazônicas (IPAM) diz que os ZEEs estaduais estabelecem claras afinidades com outras ferramentas da política de gestão territorial e ambiental. O estudo ainda mostrou que o setor privado vê o ZEE da mesma forma que o governamental, mas ainda acredita ser esse um instrumento voltado unicamente à preservação ambiental, sem levar em consideração as necessidades da produção. Além disso, existe uma plataforma chamada Indicar Estados desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Amazônica (IPAM) que permite a visualização dos indicadores de impacto das políticas estaduais por eixo temático: Monitoramento e Controle, Regularização Fundiária e Ordenamento Territorial, e Fomento a Atividades Produtivas Sustentáveis. Essa visualização pode ser feita para os estados de forma concomitante ou em separado. Nessa plataforma tem um mapa como este abaixo que ao clicar em um estado específico, é possível observar os resultados dos indicadores em detalhes, com a visualização dos resultados em um gráfico. Alguns indicadores mostram a efetividade das políticas estaduais por município. Legenda: Mapa para a visualização dos indicadores de impacto das políticas estaduais por eixo temático. Fonte: Indicar Estados/IPAM. Assista ao vídeo Mudanças Climáticas Salvaguardas – Animação. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=u91yEAcNIgk. 8 No Acre, é possível identificar essa relação com o etnozoneamento, o ordenamento territorial local, os sistemas estaduais de áreas naturais protegidas e de gestão de riscos ambientais, os planos estaduais de Recursos Hídricos, de Gestão de Resíduos Sólidos e de Prevenção e Controle do Desmatamento, assim como políticas específicas para zonas especiais de desenvolvimento, a valorização do ativo ambiental florestal do Estado e o incentivo aos serviços ambientais. No Pará, o ZEE está vinculado ao Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e ao Programa Municípios Verdes - desenvolvido em parceria com municípios, sociedade civil, iniciativa privada, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Ministério Público Federal (MPF). O Programa Municípios Verdes tem como objetivo combater o desmatamento, fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento ambiental e fundiário e também de gestão ambiental, com foco em pactos locais, no monitoramento do desmatamento, na implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e na estruturação da gestão ambiental dos municípios. Até 2015, o Programa contava com a adesão de 102 municípios dos 144 existentes. Acesse o site Indicar Estados que está disponível em: http://www.indicar.org.br/. O Estado do Acre possui ações específicas de adaptação que compreendem análise de vulnerabilidade das comunidades na Bacia do Rio Acre, e Rondônia tem Plano Integrado de Reconstrução e Prevenção de Desastres do estado. Fonte: Fórum Clima (2015).Clique aqui e conheça o material utilizado pela cidade de Rio Branco-AC para fazer o gerenciamento de resíduos sólidos. Acesse o site Municípios Verdes disponível em: http://www.municipiosverdes.com.br/. Como a ação prioritária deste programa é combater o desmatamento e fortalecer o Sistema Municipal de Meio Ambiente, já é um bom começo para realizar uma gestão de baixo carbono, você não acha? 9 Vulnerabilidades detectadas no Estado da Amazonas O estudo da Fiocruz, realizado em 2016 em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, mostrou um prognóstico climático para o estado do Amazonas. As regiões nordeste e sul do AM (cor vermelho escuro) poderão apresentar um aumento de 5°C graus na temperatura e uma redução de até 25% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. Tal estudo também identificou a vulnerabilidade à mudança do clima em 62 municípios localizados na região Amazônica. Os municípios mais expostos à mudança do clima no Amazonas, nos próximos 25 anos, serão Careiro do Várzea, Parintins, Urucurituba, Boa Vista do Ramos, Nhamundá, Canutama, Lábrea e Boca do Acre, além da Região Metropolitana de Manaus (RMM), em virtude de desmatamentos, variações bruscas de temperatura e poluição. Em relação à sensibilidade, que indica a intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima, parte da região Centro-Sul, com destaque para a cidade de Tapauá e o Vale do Javari, representado por Atalaia do Norte, será a mais vulnerável. A região do Vale do Rio Negro, representada por Santa Isabel do Rio Negro, é menos adaptada. Municípios da região Nordeste do Estado, como Manaus e Presidente Figueiredo, são considerados os mais adaptados para lidar com eventos decorrentes da mudança do clima. Recomendações para os municípios Além de o município elaborar efetivamente os planos de gestão integrada de resíduos sólidos, de saneamento e seguir as orientações do ZEE para planificar seus territórios, é necessário ter um plano de contingência de desastres, a presença da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e infraestrutura no setor da saúde (disponibilidade de leitos e medicamentos) para lidar com os impactos causados pela mudança do clima, como inundações, terras caídas e seca severa. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto dos programas para os municípios da Região Norte do Brasil. IPAM. Análise da implementação do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) sobre o uso e a ocupação do solo na Amazônia brasileira. Boletim Amazônia em Pauta, nº 6, outubro de 2016. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Governo do Pará. Programa Municípios Verdes: lições aprendidas e desafios para 2013/2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Governo do Pará. Folder Programa Municípios Verdes. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 10 Muito bem! Nesta aula, você ficou por dentro da situação da Região Norte brasileira a respeito das mudanças do clima, programas que são desenvolvidos, prognósticos e características. Na Aula 03, nossa próxima aula, abordaremos a Região Nordeste. 11 Aula 03: Região Nordeste Olá, depois de nos aprofundarmos na Região Norte, a respeito de suas características em relação à mudança do clima, vamos agora, nesta aula, abordar a Região Nordeste. Veremos que algumas das principais vulnerabilidades de seus municípios são a desertificação e a crise hídrica. Historicamente, o Semiárido Nordestino é assolado por secas cíclicas, as quais eventualmente são muito severas, trazendo impactos substanciais nos sistemas agropecuários, como perda de animais e lavouras, podendo levar à insegurança hídrica e alimentar humana. O Semiárido possui precipitação média inferior a 800 mm/ano e taxas de evaporação variando entre 1.000 mm e 4.000 mm por ano. A estação chuvosa tem duração média de três meses, concentrando-se no período do verão (dezembro, janeiro e fevereiro) onde os padrões anuais e sazonais de pluviosidade caracterizam-se por sua irregularidade. Núcleos de desertificação do Nordeste brasileiro Segundo relatório do Programa de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos na América do Sul, realizado por um instituto ligado à OEA (Organização dos Estados Americanos), em 2010, a área afetada de forma “muito grave” no Brasil chega a atingir 98.595 km², ou 10% do semiárido brasileiro. Desse total, quatro são os chamados "núcleos de desertificação“. Os chamados Núcleos de Desertificação abrangem as seguintes regiões: Núcleo do Seridó, localizado na região centro-sul do Rio Grande do Norte e centro-norte da Paraíba, abrangendo área de aproximadamente 2.341 km2, envolvendo vários municípios em torno de Parelhas; Núcleo de Irauçuba, no noroeste do estado do Ceará, abrangendo uma área de 4.000 Km2 incluindo os municípios de Irauçuba, Forquilha e Sobral; Núcleo de Gilbués, no Piauí, com uma área aproximada de 6.131 Km2 envolvendo os municípios de Gilbués e Monte Alegre; Núcleo de Cabrobó, em Pernambuco, totaliza uma área de 5.960 Km2 abrangendo os municípios de Cabrobó, Belém de São Francisco e Floresta. A revista VEJA rodou mais de 1.200 quilômetros do Nordeste brasileiro e viu de perto a seca mais longa desde que começaram as medições pluviométricas. Confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=uVnHNuQcb0g. 12 Legenda: Núcleos de desertificação do Nordeste brasileiro. Fonte: Adaptado de IBGE (2001); MMA (2007). De acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, 1.482 municípios estão em área suscetível à desertificação em nove estados (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais). Esta área responde por 15,7% do território brasileiro, onde moram 31,6 milhões de pessoas. Entre as principais causas do avanço da desertificação no país estão o extrativismo, o desmatamento desordenado, as queimadas, uso intensivo do solo na agricultura e atividade de mineração. A extração de diamantes, por exemplo, tem sido apontada como uma das principais causas do processo de desertificação no núcleo de Gilbués, no Piauí. Essa atividade também pode ser apontada como uma das causas da desertificação em diversas áreas do núcleo do Seridó. Mapeamento das vulnerabilidades Já falamos, na Aula 02, sobre o significado dos conceitos vulnerabilidade, exposição e capacidade adaptativa – quando a Fiocruz, juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, criou o Índice Municipal de Vulnerabilidade Humana à Mudança do Clima e mapeou alguns estados, entre eles Pernambuco (o único do Nordeste). 13 Pois bem, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mapeou a vulnerabilidade da população rural em aproximadamente duzentos municípios da Paraíba, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Também foi criado um índice de vulnerabilidade climática composto por 11 indicadores baseados nos dados do IBGE e das agências estaduais de meteorologia, que levam em conta os aspectos sociais, econômicos, político-institucionais e climáticos. Para o cálculo do índice, foram adotadas as noções de exposição, capacidade adaptativa e sensibilidade. A figura abaixo mostra que os municípios com índice entre0,2 a 0,3 têm muito baixa vulnerabilidade. Os municípios com índice 0,3 a 0,4 (cor azul) têm baixa vulnerabilidade. Os municípios com índice entre 0,4 a 0,5 (cor verde) têm média vulnerabilidade. Os valores entre 0,5 e 0,6 (cor laranja) representam alta vulnerabilidade e 0,6 a 0,7 (cor vermelho) muito alta vulnerabilidade. Legenda: Vulnerabilidade. Fonte: Geoprocessamento/INPE. A salinização do solo Além da desertificação, temos a salinização do solo. A salinização é a principal causa da degradação dos solos e consequente desertificação nas áreas de agricultura irrigada. Os processos de salinização e sodificação dos solos podem ser evitados caso sejam utilizadas águas com características desejáveis. Clique nos links abaixo e assista aos vídeos sobre “Práticas Sustentáveis no Semiárido”. Disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=Tw-63Oj8klo e https://www.youtube.com/watch?v=W5BgcN0ybEg. 14 A desertificação associada à salinização dos solos ocorre em maior ou menor proporção em quase todas as áreas irrigadas do Nordeste. Como o próprio nome diz, a salinização do solo é o processo de acúmulo de sais minerais na forma de íons (Na+ e Cl–) nos solos, ocasionando a sua improdutividade. Os sais minerais ficam acumulados, geralmente, em razão da evaporação da água que cobre a superfície. Dos quatro núcleos de desertificação anteriormente mencionados, o de Cabrobó é o único onde a salinização, mesmo sem se constituir na principal causa, apresenta alguma relevância no processo de desertificação das suas áreas situadas às margens do Rio São Francisco. Caro(a) cursista, já que, nesta aula, estamos comentando sobre a Região Nordeste e suas características ocasionadas, principalmente, em virtude da escassez da água, que tal testar seus conhecimentos sobre esse recurso, que é um de nossos bens mais preciosos? Muito bem! Nesta aula, você ficou por dentro da situação da Região Nordeste brasileira a respeito das mudanças do clima e condições do solo. Na Aula 04, nossa próxima aula, abordaremos a Região Centro-Oeste. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto dos programas e características dos municípios da Região Nordeste do Brasil. Assembleia Legislativa-Ceará. Política Estadual Sobre Mudança do Clima – PEMC, Projeto de Indicação Nº 36/2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. LINDOSO, D.; EIRÓ, F.; ROCHA, J. D. Desenvolvimento Sustentável, Adaptação e Vulnerabilidade à Mudança Climática no Semiárido Nordestino: Um Estudo de Caso no Sertão do São Francisco, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. SILVA, A. K. O; SILVA, H. P. B. O processo de desertificação e seus impactos sobre os recursos naturais e sociais no município de Cabrobó/PE, Brasil, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. SEMA-PERNAMBUCO. Plano Estadual de Mudanças Climáticas. Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado de Pernambuco, 2011 . Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Participe deste QUIZ sobre a água disponível em: http://www.ebc.com.br/quiz-sobre-agua. 15 Aula 04: Região Centro-Oeste Vimos nas aulas anteriores que o desmatamento e as queimadas na Região Amazônica aceleram as causas da mudança do clima que, por sua vez, intensifica a desertificação na Região Nordeste. Nesta aula, focaremos no fato de que o uso da terra para agropecuária, a degradação do solo e a utilização de agrotóxico fragilizam a função ambiental do cerrado na Região Centro-Oeste, provocando emissões de GEE. Algumas iniciativas dos estados Segundo o 1º Relatório de Avaliação Nacional lançado em 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), pode haver no Cerrado (grande parte da região Centro-Oeste) um aumento de 1ºC na temperatura do ar, com diminuição percentual entre 10% a 20% na precipitação durante as próximas três décadas (até 2040). Em meados do século (2041-2070), espera-se aumento entre 3º e 3,5ºC da temperatura do ar e redução entre 20% e 35% da pluviometria, e no final do século (2071-2100) o aumento de temperatura atingirá valores entre 5º e 5,5ºC, e a retração na distribuição de chuva é mais crítica, com diminuição entre 35% e 45. É um cenário bem pessimista, não é mesmo? Características do Centro-Oeste Com mais de 15,6 milhões de habitantes, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2016, a Região Centro-Oeste tem 20 municípios com mais de 100 mil habitantes, possui duas regiões metropolitanas e a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. É uma região relativamente pouco povoada, dispondo de um enorme rebanho de gado bovino - em média de quatro cabeças de gado para cada habitante - criado geralmente solto, o que caracteriza a pecuária extensiva. Já vimos que as principais emissões de GEE são provenientes da terra pela agropecuária, lembra? A pesquisa “Produto Interno Bruto dos Munícipios – 2010/2013” realizada pelo IBGE mostrou que, dos 5.570 municípios do pais, 3.191 tinham a agropecuária como atividade econômica predominante em 2013. Isto representa um pouco mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo os dados das Contas Nacionais do IBGE. Dos 10 maiores PIB agrícola do pais, 7 estão na Região Centro-Oeste. Em 2012, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou uma cartilha para os produtores rurais interessados em participar do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que traz os 16 passos a serem seguidos para se conseguir o financiamento, os prazos de carência e a documentação exigida pelo programa para práticas sustentáveis no campo. As ações mais relevantes identificadas pelos estados do Centro-Oeste são: recuperação de áreas degradadas pela mineração de bauxita em Barro Alto, Goiás; adaptação às mudanças climáticas no Cerrado com educação ambiental e valorização da biodiversidade; financiado pelo Fundo Clima no estado, o Projeto Cerrado Sustentável (expansão e consolidação de áreas protegidas e gestão sustentável da paisagem produtiva no Corredor Paranã-Pireneus e na APA do João Leite) e o monitoramento ambiental de propriedades rurais no Bioma Cerrado, no estado de Goiás. O Mato Grosso do Sul conta com ações de adaptação nas zonas de fronteira (recursos hídricos, agricultura) e nas regiões afetadas por secas e inundações. Em 2015, o estado de Mato Grosso, por meio do Instituto Centro de Vida (ICV) e Comitê Gestor, lançou o Programa Mato-grossense de Muncípios Sustentáveis (PMS), que promove o fomento às cadeias produtivas sustentáveis da agricultura familiar; a promoção de práticas sustentáveis e de baixas emissões de carbono nas atividades agropecuárias e florestais; a regularização ambiental de propriedades rurais, por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR); o fortalecimento da gestão ambiental municipal - incluindo a descentralização do licenciamento ambiental - o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, entre outros. Entre as parcerias estabelecidas, temos o Instituto Socioambiental (ISA) e a Aliança da Terra, que foram primordiais para a criação de um programa municipal de regularização ambiental no município de Querência- MT, fornecendo mapeamentos por imagens de satélite e elaborando projetos para captação de recursos para a restauração das Áreas de Preservação Permanente (APPs) degradadas. A publicação do programa trouxeexemplos de municípios que encontraram soluções por áreas de atuação, leis e decretos - estaduais e federais - e ainda guias de como realizar as ações que podem auxiliar os gestores dos municípios. O Mato Grosso do Sul não tem um programa específico de incentivo à gestão ambiental dos municípios. O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) tem uma gerência que trabalha a Educação Ambiental no Programa ICMS Ecológico, que é um dos critérios para rateio do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre os municípios do estado, e outra que apoia os municípios na organização de estruturas de controle e licenciamento ambiental. Como o estado possui cerca de 2/3 da área do Pantanal mato-grossense, considerada a maior planície inundável do mundo, o Instituto Ecoa elaborou o “Plano de Prevenção, Mitigação e Adaptação aos eventos climáticos extremos ocorridos no Pantanal”. O plano apresenta alterações significativas das condições climáticas Sustentabilidade - Mato Grosso vê no campo saída para o uso sustentável da água (2015). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Nw76nFzTb5g. 17 no Pantanal brasileiro e os impactos socioambientais identificados junto às comunidades, bem como propostas para a prevenção, mitigação e adaptação a estes acontecimentos. As principais atividades econômicas desenvolvidas na planície pantaneira são a pecuária, a pesca, o turismo, a extração de minérios e - em menor escala, mas crescendo - a agricultura. Chegamos ao fim de mais uma aula! Nesta aula, abordamos a Região Centro-Oeste, bem como as características do Cerrado e do Pantanal, biomas dessa parte do Brasil. Na próxima aula, a Aula 05, nosso foco de estudo será a Região Sudeste. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto dos programas ambientais e características dos estados da Região Centro-oeste do Brasil. CNA. ABC - Agricultura de Baixo Carbono: porque investir? Cartilha, 2012. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Governo do Mato Grosso. Programa Mato-grossense de Municípios Sustentáveis: Caminhos e Experiências. Cartilha, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Governo do Mato Grosso do Sul. Gestão ambiental em Mato Grosso do Sul, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. ECOA. Eventos climáticos extremos no Pantanal, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 18 Aula 05: Região Sudeste Caro(a) cursista, Já vimos que o desmatamento e as queimadas na Região Amazônica aceleram as causas da mudança do clima que, por sua vez, intensifica a desertificação na Região Nordeste. Vimos também como a Região Centro-Oeste tem sido fragilizada, entre outros fatores, pelas emissões de GEE ocasionadas pela agropecuária. Falaremos, nesta aula, da Região Sudeste, que, por ter uma grande concentração urbana, é a que mais possui políticas e iniciativas de mitigação e adaptação à mudança do clima. Abordaremos também as principais iniciativas dos estados e das boas práticas de alguns municípios, para seu conhecimento. A Região Sudeste possui alta densidade demográfica (84,21 hab./km²) e ocupa apenas 11% do território nacional. Os estados de ES, RJ e SP possuem legislações sobre mudança do clima desde o ano de 2009, e em MG está em discussão o projeto de lei sobre esta temática. As principais emissões de GEE da região sudeste decorrem de processos industriais e resíduos sólidos. A mudança do clima na Região Sudeste também trará impactos nos recursos hídricos, na geração e distribuição de energia e na agricultura. Entre os problemas a serem enfrentados está o risco de colapso no abastecimento de água em várias regiões urbanas, devido a estiagens mais prolongadas e maior risco de inundação. Na zona costeira, além da elevação do nível do mar e entrada de água salina nos lençóis subterrâneos que abastecem grande parte das cidades litorâneas, a intensificação dos efeitos da poluição nos corpos hídricos pode reduzir ainda mais a disponibilidade e a qualidade hídrica. Este risco climático potencial fez com que os estados do Sudeste tenham políticas e planos setoriais mais consolidados de adaptação, como o controle de inundações e recuperação ambiental de bacias e de regiões afetadas pela seca. Com exceção de Minas Gerais, os três estados preveem ações de adaptação também na zona costeira. Clima, vulnerabilidade e adaptações Durante a Rio+20, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), junto com o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC) e parceiros, catalogou 168 experiências locais de adaptação no Brasil que deram certo. É possível visualizar, site da Rede Nacional de Mobilização Social, a descrição do projeto, a classificação, os resultados, a localização e os contatos dos autores da iniciativa. Embora seja uma ação realizada em 2012, é importante saber Assista ao vídeo As cidades se transformam com o passar do tempo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M3HDz4-665c. 19 que muitos municípios estão envolvidos, o que pode facilitar um intercâmbio rico entre ONGs, setores governamentais e institutos de pesquisa. A Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo (SMA/SP) criou um banco de boas práticas, resultado do Programa Município VerdeAzul (PMVA). O PMVA é um programa cujo principal objetivo é estimular e auxiliar as prefeituras paulistas na elaboração e execução de suas políticas públicas para diminuir as emissões de GEE. São dez Diretivas Norteadoras da agenda ambiental local, abrangendo os seguintes temas estratégicos: Esgoto Tratado; Resíduos Sólidos; Biodiversidade; Arborização Urbana; Educação Ambiental; Cidade Sustentável; Gestão das Águas; Qualidade do Ar; Estrutura Ambiental; Conselho Ambiental. Outra iniciativa importante em SP é o Plano Participativo à Mudança do Clima, atualmente em processo de consulta pública. No site da Rede Nacional de Mobilização Social, você tem acesso às iniciativas do projeto para seu conhecimento e inspiração. Disponível em: http://www.coepbrasil.org.br/projetosdeadaptacao/publico/default.aspx. O Banco de boas práticas – Programa do Governo do Estado de São Paulo – pode ser inspirador para uma ação em seu município. Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/banco-de-boas-praticas. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto dos programas desenvolvidos no estado de São Paulo. CETESB - São Paulo. Plano Estadual de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, 2016. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Governo do Estado de São Paulo. Plano Participativo de Adaptação às Mudanças Climáticas Versão Zero para Consulta Pública. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 20 O Estado do Rio de Janeiro tem muitas ações de adaptação que estão inseridas no Plano Estadual sobre Mudança do Clima. Vamos citar algumas: Projeto de Gerenciamento Integrado de Agrossistemas de Microbacias Hidrográficas do Norte e Noroeste Fluminense; estudos e projetos paracontrole de cheias e recuperação ambiental de bacias em áreas localizadas (Rio Macaé, Teresópolis, Nova Friburgo), Projeto de Análise de Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica Lagos São João; Ações para alerta de cheias e controle de riscos etc. Em Minas Gerais, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) conduziu em 2014 um importante estudo de vulnerabilidade regional à mudança do clima. O estudo apresenta uma avaliação da vulnerabilidade do território mineiro às mudanças do clima a partir de uma análise integrada dos impactos e potenciais impactos climáticos nos sistemas naturais e socioeconômicos. O mapa ao lado mostra que o norte do estado é bastante vulnerável na agricultura, saúde humana, recursos hídricos (disponibilidade de água), ocorrência de savanização e desertificação, além da baixa capacidade institucional dos municípios. A FEAM e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) estão articulando outras secretarias estaduais para incentivar os municípios e/ou consórcios de municípios a adotarem medidas de adaptação às mudanças climáticas, disponibilizando informações técnicas e orientações para auxiliar as autoridades locais a aumentarem suas capacidades de adaptação. Em 2016, o Estado do Espirito Santo foi inserido no Mapeamento das Vulnerabilidades Municipais realizado pela Fiocruz em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Por meio do Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima), os gestores municipais do Espírito Santo já podem identificar o grau de vulnerabilidade à mudança climática. As projeções indicaram que os municípios de Ponto Belo, Ibatiba e Vila Pavão seriam os mais vulneráveis às mudanças do clima, e destacou que Vitória, Aracruz e Cachoeiro de Itapemirim foram considerados os municípios com a maior capacidade institucional para se adaptarem aos novos cenários Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando o documento proposto e inteirando-se ainda mais sobre o assunto de programas desenvolvidos no estado de Rio de Janeiro. Governo do Estado do Rio de Janeiro. Plano Estadual sobre Mudança do Clima, Sumário Executivo, 2011. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando o documento proposto e inteirando-se ainda mais sobre o assunto de programas desenvolvidos no estado de Minas Gerais. Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). Estratégias de Adaptação Regional às Mudanças Climáticas para Minas Gerais, 2014. Acesse clicando aqui. 21 climáticos, devido à existência de infraestrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano de contingência de desastres e presença da Defesa Civil. O programa de municipalização da gestão ambiental do ES tem priorizado o licenciamento ambiental. Não existe ainda nenhum incentivo específico para fortalecer a capacidade adaptativa dos municípios. Muito bem! Concluímos mais uma aula, na qual falamos sobre a Região Sudeste e sua grande concentração urbana, bem como suas políticas e iniciativas de mitigação e adaptação à mudança do clima. Na Aula 06, nossa próxima aula, nosso foco será a Região Sul. 22 Aula 06: Região Sul Olá, falamos na aula anterior sobre a Região Sudeste e sua grande concentração urbana, que a faz ser a região brasileira que mais contribui para a emissão de gases que atuam no efeito estufa. As emissões de GEE na Região Sul, tema de estudo desta aula, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), não são tão intensas como na Região Sudeste ou Região Norte, mas algumas áreas no estado de Santa Catarina, como o Vale do Itajaí, têm um histórico de inundações conhecido por todos nós. Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem legislação estadual sobre mudança do clima e várias ações de adaptação. Como funciona no estado do Paraná? O Estado do Paraná tem um Programa de Fortalecimento da Gestão de Riscos Naturais e Antrópicos, além de ações promovidas no âmbito do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas (Câmara Temática de Adaptação, Curso de Adaptação Baseada em Ecossistemas e Diagnósticos Municipais (OBSERVATÓRIO, 2015). Além disso, o estado foi o representante da Região Sul no mapeamento do Projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima realizado pela Fiocruz. As previsões indicaram que os municípios do norte do estado são os mais expostos à mudança do clima, devido ao clima mais seco nesta região e à destruição da vegetação nativa. Segundo os dados apontados no estudo, o município de Querência do Norte foi a cidade mais vulnerável a este índice, e Tamarana foi considerado o município mais sensível, em virtude do perfil socioeconômico da população e saneamento inadequado. Em relação à capacidade adaptativa, Umuarama, Curitiba e Londrina foram considerados os mais adaptados para lidar com as alterações do clima, e Cerro Azul seria a cidade menos adaptada. Na figura abaixo temos um dos mapeamentos realizados que ilustra a exposição dos munícipios do estado, onde os mais escuros apresentam maior alteração de temperatura. Os desastres que assolaram Santa Catarina Santa Catarina está entre os estados brasileiros mais atingidos pelos desastres nos últimos anos. O estado registrou 12,2% de todas as catástrofes ocorridas no Brasil entre 1991 e 2010, apesar de representar 1,2% do território brasileiro. Os principais desastres que atingem os catarinenses são estiagens ou secas, com 32% das ocorrências, e enxurradas e enchentes, também com 32%. Um dos maiores e mais recentes desastres registrados no estado foram as inundações e deslizamentos de 2008, ocorridos no Vale do Itajaí, que afetaram cerca de 60 cidades e mais de 1,5 milhão de pessoas. Devido à catástrofe de 2008, o governo lançou, em 2009, o Plano Integrado de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí. 23 Antes de finalizarmos o assunto a respeito de Santa Catarina e passarmos a falar sobre o Rio Grande do Sul, chegou o momento de você aproveitar as ideias provenientes do vídeo que acabamos de assistir. Vamos refletir! A política de articulação com os municípios em Santa Catarina dá-se pelo programa Pagamento de Serviços Ambientais (PSA). A ações do PSA têm como foco a conservação de áreas para o equilíbrio climático, a produção de alimentos, o controle de pragas e doenças e a disponibilidade de água em qualidade e quantidade. O PSA é um instrumento que busca compensar, de forma monetária ou não, os produtores rurais que preservam o meio ambiente. Vimos que somente os municípios do Vale do Itajaí têm uma ação integrada e articulada com a defesa civil e demais instituições estaduais e municipais de prevenção a risco e adaptação. E no Rio Grande do Sul? A Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Sul não possui ações especificas de apoio à adaptação aos seus municípios. Segundo as informações do Censo 2010, o Rio Grande do Sul tem 33 municípios com menos de 2 mil habitantes cada um e 18 municípios com mais de 100 mil habitantes, num total de 496 municípios - com grande maioria de municípios de porte médio. As ações setoriais de adaptação realizadas focam as zonas costeiras, áreas metropolitanas, recursos hídricos, agricultura e regiões afetadas por secas e inundações. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM), responsável pelo Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGA), tem como principalobjetivo habilitar os municípios no licenciamento ambiental. Não há iniciativas integradas de adaptação à mudança do clima. Assista ao vídeo baseado na catástrofe que atingiu o estado de SC em novembro de 2008. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qaQ-SYOM2HM. Os eventos extremos no Vale do Itajaí continuaram a ocorrer nos anos posteriores, com menor intensidade. Você, como gestor(a) municipal no Estado de Santa Catarina, quais providências julgaria necessárias para enfrentar tais eventos? 24 Estamos na reta final de nosso curso! Nesta aula, você ficou por dentro da situação da Região Sul brasileira a respeito das mudanças do clima e programas que são desenvolvidos. Na Aula 07, nossa próxima e última aula, apresentaremos algumas considerações finais a respeito do que foi abordado ao longo do Módulo 03. Acompanhe a bibliografia abaixo, acessando os documentos propostos e inteirando-se ainda mais sobre o assunto dos programas para os municípios da Região Sul do Brasil. Estado de Santa Catarina. Plano Integrado de Prevenção e Mitigação de Riscos de Desastres Naturais na Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí, 2009. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. SEMA-Paraná. Lei Estadual de Mudanças Climáticas - Lei 17133 - 25 de Abril de 2012. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. SEMA-RS. Caderno Técnico: Adesão ao Sistema Integrado de Gestão Ambiental, 2009. Disponível em: http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=282. 25 Aula 07: Considerações Finais Olá, seja bem-vindo(a) à Aula 07, a última aula do último módulo do curso. Durante as aulas anteriores do Módulo 03, viajamos pelas cinco regiões do Brasil. Comentamos como cada uma das regiões lida com a questão das mudanças do clima, bem como sobre os programas que existem em cada uma delas, visando uma melhor adaptação às alterações climáticas que vão ocorrendo a cada ano. Nesta aula, iremos realizar uma recapitulação do que foi estudado nas aulas anteriores, bem como no decorrer dos Módulos 01 e 02, a fim de que possamos concluir o curso de maneira bem favorável. Vamos lá? Vimos, no decorrer das aulas deste módulo, a existência de duas variáveis complementares para pensar numa política de adaptação à mudança de clima para os municípios. Primeiro, a estratificação dos municípios brasileiros em pequenos, médios e grandes, demandando ações de enfrentamento à mudança do clima compatíveis com a estrutura e com a capacidade adaptativa de cada porte. A segunda variável, não excludente, é entender que as respostas dos biomas à mudança do clima, onde os municípios estão inseridos, apontam vulnerabilidades espacialmente distintas. Embora as alterações de temperatura, índice de pluviosidade, ocorrências de estiagem e secas sejam resultados da mudança do clima, os efeitos podem ser maiores ou menores nestas regiões. Relembrando características das 5 regiões brasileiras Vimos também que a distribuição dos setores inventariados nas emissões de GEE no Brasil segue uma lógica diferenciada. Nas regiões Norte e Centro-Oeste não são os centros urbanos que geram mais GEE, pois a vocação econômica da região está embasada na agropecuária e produtos florestais, onde o desmatamento e queimadas são os principais emissores. As emissões geradas pela disposição e tratamento de resíduos sólidos, transporte rodoviário e aéreo e a poluição atmosférica são características das regiões com grande concentração urbana localizadas no Sudeste e Sul. O efeito da expansão territorial desordenada das cidades para atender a quase metade da população brasileira aumenta o grau de vulnerabilidade aos eventos climáticos extremos. A Região Nordeste, além de concentrar pequenos e médios municípios, está localizada no semiárido – cuja vulnerabilidade se acentua em diferentes graus de desertificação e disponibilidade de água doce. Teste seus conhecimentos sobre Meio Ambiente e conheça informações e atitudes que podem garantir um planeta mais sustentável. Disponível em: http://conteudo.ebc.com.br/dipro/QuizAmbiente/. 26 Apresentamos alguns dos muitos instrumentos de planejamento e gestão territorial e ambiental que servem para qualquer tipo e tamanho de municípios. Os municípios maiores que 20 mil habitantes são obrigados a fazer seus Planos Diretores, Planos de Saneamento e Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Se o gestor destacar a lente climática, a implementação destas políticas já se caracteriza como ações de mitigação de emissões de GEE. Além disso, é possível fazer muitas ações de adaptação baseadas em serviços ecossistêmicos (preservação e/ou recomposição da vegetação nas encostas de morros e nascentes) e, quando necessário, em infraestrutura cinzenta (obras em geral). Os municípios entre 200 mil e 1 milhão de habitantes são cidades com maior dinamismo econômico e capacidade adaptativa e, além de fazerem seus planos, têm maior potencial institucional e legal de gerir políticas públicas ligadas à mudança do clima, como a criação da Defesa Civil, Comitês de Mudança do Clima e demais legislações específicas. As cidades com mais de 1 milhão de habitantes têm políticas e iniciativas mais sofisticadas como, por exemplo, seus inventários de emissão de GEE, órgãos públicos setoriais especializados, tecnologias e centros de pesquisa com plataformas de informações para medição, avaliação e monitoramento de emissões de GEE, além de um sistema de alerta mais complexo à ocorrência de eventos climáticos extremos. Devido às muitas outras variáveis que já comentamos neste curso, as sugestões aos novos gestores para o enfrentamento da mudança do clima não podem ser uma receita de bolo. Mas algumas ações independem da capacidade adaptativa do município, e sim da vontade política do gestor. Vamos ver alguns exemplos? Utilizar os serviços ecossistêmicos das vegetações para mitigar emissões de GEE: arborização urbana, criação de unidades de conservação municipal (parques), recuperação de área degradada em encostas de morro, entre outras. Ampliar a matriz de mobilidade urbana com a integração do transporte público e bicicletas, utilização de ônibus híbrido, verticalizar os bairros onde há mais oferta de serviços urbanos para diminuir a locomoção etc. Cuidar das águas por meio da elaboração de plano diretor de drenagem, plano de saneamento, gestão de resíduos e preservação e recuperação dos rios urbanos. Utilizar materiais e soluções sustentáveis para as construções institucionais e habitacionais para população de baixa renda, por exemplo aquecedores solares e madeiras certificadas, e optar por projetos arquitetônicos que contenham áreas verdes e respeitem o Código Florestal. Nas cidades com mais 500 mil habitantes, elaborar um inventário de emissão e remoção antrópica de GEE para monitorar e controlar os efeitos de eventos climáticos extremos. Elaborar um plano de prevenção de queimadas em épocas de seca e estiagem, principalmente nos municípios da Região Norte e Centro-Oeste. 27 Ampliar a governança municipal para tratar das causas e efeitos da mudança do clima, como a instalação de comitê ou grupo temático nos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, para atuar em políticas de mitigação e adaptação. Instituir documentos legais sobre mudança do clima para regulamentar iniciativas e empreendimentos.Ter um programa contínuo de capacitação de Educação Ambiental e mudança do clima para servidores, técnicos e população interessada. E agora, para fechar o nosso curso com chave de ouro, que tal relembrarmos de forma bem objetiva mais alguns pontos importantes que foram vistos nos três módulos? No Módulo 01, O mundo se une contra os efeitos da Mudança do Clima, apresentamos a você uma definição sobre Mudanças do Clima, trazendo alguns conceitos que são imprescindíveis quando se fala em elaboração de projetos sobre o assunto. Pretendemos fornecer uma visão geral sobre tal temática, objetivando contextualizar o papel das cidades como indutoras de ações concretas de mitigação e adaptação à mudança do clima. Já no Módulo 02, As cidades e a mudança do clima: desafios e oportunidades, vimos o quanto as cidades são importantes no contexto de mudança do clima. As sete aulas do módulo mostraram os principais instrumentos existentes para uma gestão de baixo carbono, também frisando a importância de cada um deles para uma descarbonização do território. E por último, o Módulo 03, Regiões diferentes, efeitos diferentes, nos trouxe evidências que nos fizeram afirmar que a mudança do clima não afeta, da mesma forma, todas as regiões do Brasil. Cada uma das 5 regiões do país apresenta particularidades, como tamanho, distribuição populacional e capacidade de adaptação. Sendo assim, a análise de GEE em cada uma delas também será diferente. Encerrando a última aula, compartilhamos, também, algumas ideias que você, enquanto gestor(a), pode utilizar em seu período e espaço de gestão. Se você quiser saber mais sobre as possíveis ações de mitigação e adaptação, “mergulhe no tema” e pesquisa o banco de boas práticas. Esperamos, ao final deste curso, ter despertado sua curiosidade e lhe inspirado a realizar ações sustentáveis durante sua nova gestão nos municípios. E, assim, nos despedimos de você, agradecendo sua companhia e empenho ao longo deste trajeto. Não se esqueça de realizar os exercícios do módulo e a avaliação final. Até mais!
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