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�PAGE \* MERGEFORMAT�3� DIREITO DO TRABALHO II UNIDADE 9 A GREVE 1. CONCEITO Greve é a paralisação coletiva e temporária do trabalho a fim de obter, pela pressão exercida em função do movimento, as reivindicações da categoria, ou mesmo a fixação de melhores condições de trabalho. Lei 7.783/1989 (Lei de Greve), art. 2º - greve é "a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador". O direito de greve é assegurado aos trabalhadores, os quais devem decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender (art. 9º, CF/99 e art. 1º, Lei 7.783/1989). A greve deve ser exercida nos limites definidos na Lei 7.783/1989, sob pena de ser considerada abusiva em eventual dissídio coletivo. 2. NATUREZA JURÍDICA A natureza jurídica é de direito potestativo fundamental coletivo (Vólia Cassar). A jurisprudência tem entendido como direito constitucional fundamental. É direito potestativo, porque exercido de acordo com a oportunidade e conveniência do grupo. Coletivo, pois é no grupo que o exercício de greve alcança seu objetivo final. 3. FINALIDADE A finalidade da greve é pressionar o empregador para ceder em alguns pontos. A greve é a exteriorização do conflito existente entre os trabalhadores e o patrão acerca das questões pendentes que, apesar das tentativas de negociação, persistem. Justifica-se pela necessidade social de se balancear a questão da hipossuficiência tanto política quanto financeira dos trabalhadores. 4. TIPOS DE GREVE Greve de Ocupação – invasão da empresa para impedir o trabalho de outros empregados. É considerada ilícita ou abusiva. Greve Tartaruga – consiste na redução do trabalho ou da produção, sem que haja suspensão coletiva do trabalho. Greve Branca – os empregados assumem os postos de trabalho, mas não trabalham. Greve de Rodízio – é a paralisação que atinge primeiro um setor de um trabalho que é feito em cadeia, afetando o sincronismo do trabalho. Depois, outros setores param, de forma alternada. Greve Intermitente – consiste em paralisações por instantes, coordenadamente, de toda uma seção. Ela vai e volta. Greve Padrão ou Operação Padrão - consiste no excesso de zelo praticado nos afazeres, de forma tão meticulosa que retarda a produção, causando graves prejuízos. Greve de Solidariedade – deflagrada para proteção de direitos de outra categoria. É considerada abusiva. Greve de Fome – o grevista se recusa a alimentar-se para chamar a atenção das autoridades, ou da sociedade civil, para suas reivindicações. Greve Geral – paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de âmbito nacional. Greve Selvagem – iniciada ou levada adiante pelos trabalhadores, sem a participação ou à revelia do sindicato que representa a classe. Greve Política – aquela dirigida contra os poderes públicos, para conseguir determinadas reivindicações não suscetíveis de negociação coletiva, tais como alteração de direitos previstos em lei. 5. PECULIARIDADES (Lei 7.783/1989) Frustração da negociação coletiva: a cessação coletiva do trabalho só poderá realizar-se após a frustração da negociação coletiva ou a impossibilidade de recurso via arbitral (art. 3º). Necessidade de realização de assembleia prévia: cabe ao sindicato; para definir as reivindicações da categoria e a paralisação coletiva (art.4º). Aviso prévio: o sindicato patronal e a empresa interessada serão avisados da greve com antecedência mínima de 48 horas (art. 3º, § ún). Atividades essenciais: São considerados serviços ou atividades essenciais (Art. 10): I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. Direitos dos grevistas: são assegurados aos grevistas o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento (art. 6º). Frustração ao movimento: é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento (art. 6º, § 2º). Livre adesão à greve: as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não podem impedir acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa (art. 6º, § 3º). Serviços da empresa cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável - durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento (art. 9º). Prestação de serviços indispensáveis à comunidade nas atividades essenciais: nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sendo consideradas necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, se não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art. 11 e § ún). Comunicação da greve nos serviços ou atividades essenciais: na greve em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 horas da paralisação (art.13). Abuso do direito de greve: constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na Lei 7.783/1989, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho, salvo descumprimento de cláusula ou mesmo pela superveniência de fato novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho (art. 14, caput e § único). Suspensão do contrato de trabalho: a greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. * “Lei 7.783/1989 - Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14”. 6. LOCKOUT A Lei 7.783/1989, no art. 17 e § único, dispõe: "Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no caput assegura aos trabalhadores o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação". O lockout é a paralisação do trabalho ordenada pelo próprio empregador, seja para frustrar ou dificultar o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, seja para exercer pressão perante as autoridades em busca de alguma vantagem econômica. A Lei 7.783/1989proíbe o lockout, garantindo aos trabalhadores todos os direitos trabalhistas durante a paralisação, considerando, portanto, o período de lockout como de interrupção do contrato de trabalho.
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