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HISTÓRIA DA MÚSICA AV1 Aula 1: A Música Ocidental – Idade Média e Renascença A palavra grega mousik’os – “musical”, “relativo às musas” – referia-se ao vínculo do espírito humano com qualquer forma de inspiração artística. Na evolução do termo passou às formas de criação estética relacionadas à combinação dos sons no desenvolvimento de uma arte. Os componentes básicos da música, dentre eles, melodia, harmonia, ritmo, timbre, forma, tessitura, ao serem combinados por compositores de diferentes épocas e países, formam um estilo musical. A data de início e final de cada período nos serve como referência, eles se entrelaçam no final de um e início de outro, atingindo o seu ápice na cristalização do novo estilo. Através da História da Música Ocidental, vamos estudar a linguagem musical dos diferentes períodos ao longo do tempo, começando com a: Idade Média - Na Idade Média a humanidade voltou-se para Deus, utilizando toda a manifestação artística para louvá-lo. Foi a era do anonimato nas artes. Renascença - No Renascimento, o homem se descobriu como centro e medida de todas as coisas e passou a assinar as obras de arte, nascendo a concepção do artista criador. IDADE MÉDIA Características gerais: O homem das cavernas dava à sua música um sentido religioso. Considerava-a um presente dos Deuses e atribuía-lhe funções mágicas. Associada à dança, ela assumia um caráter de ritual, agradecendo a abundância da caça, a fertilidade da terra e dos homens. Com o ritmo criado, batendo as mãos e os pés, eles buscavam também celebrar fatos de sua realidade: vitórias na guerra, novas descobertas. Mais tarde, em vez de usar só as mãos e os pés, passaram a ritmar suas danças com pancadas na madeira. Surgem, assim, os primeiros instrumentos de percussão. Por muito tempo, as formas instrumentais permaneceram subdesenvolvidas. Predominava a música vocal, porque o reforço das palavras era mais comunicativo e as pessoas assimilavam-na melhor. Canto Litúrgico O período da Música Medieval tem o seu início com o Cantochão (ano 800), música religiosa, melodia linear e plana, sem acompanhamento instrumental que se mantém dentro de uma oitava (extensão melódica de oito sons), cantada apenas por vozes masculinas em uníssono (na mesma voz). Os ritmos são irregulares seguindo a acentuação das palavras. O CANTOCHÃO OU CANTO GREGORIANO É CONHECIDO DEVIDO AO PAPA GREGÓRIO MAGNO. Resposta: O cantochão ou canto gregoriano, como é conhecido devido ao Papa Gregório Magno, que foi o responsável pela organização do canto litúrgico, representa, musicalmente, a essência da Igreja Católica. As mais antigas notações de cantochão se encontram em neumas (sinais gráficos desenhados sobre as palavras indicando, sem muita precisão, o contorno melódico). O primórdios da polifonia As primeiras músicas polifônicas (com duas ou mais linhas melódicas tecidas conjuntamente) datam do século IX. A composição nesse estilo é chamada organum. Existe três tipos de organum: Organum paralelo - A voz organal (a que foi adicionada) tinha unicamente o papel de duplicar a voz principal num intervalo inferior de quarta ou quinta. Organum livre - A voz organal, além do movimento paralelo, usava movimento contrário (elevando-se quando a voz principal abaixava e vice-versa), movimento oblíquo conservando-se fixa enquanto a voz principal se movia) e o movimento direto (seguindo a mesma direção da voz principal, mas separada desta não exatamente pelos mesmos intervalos). No organum livre a voz organal aparece escrita acima da voz principal. Organum melismático - A voz principal se esticava por notas do canto com longos valores e passou a ser chamada de tenor. Acima das notas do tenor uma voz mais aguda se movia livremente, a esse grupo de notas cantado numa única sílaba dá-se o nome de melisma. No século XII teve início a construção da Catedral de Notre Dame e Paris tornou-se um importante centro musical. Da “Escola de Notre Dame” podemos citar os compositores Léonin e Pérotin. No Organum de Notre Dame aparece um novo estilo de composição chamado descante, que é a voz do tenor num ritmo mais rápido enquanto o canto original executa um melisma. No século XIII surge o moteto, a partir de um organum a duas vozes, acrescentava-se uma terceira voz (triplum), escrita com notas mais rápidas. Esta tinha palavras inteiramente independentes, às vezes até em outra língua. É típica da Idade Média essa forma de construção musical em camadas. Outro tipo de música que se popularizou com os compositores de Notre Dame foi o conductus, cântico de procissão usado para acompanhar o padre, conduzi-lo em seus movimentos pela igreja. Paralelamente ao canto gregoriano, desenvolveu-se a música profana representada pelos trovadores que levavam aos castelos as notícias de feitos de guerras de outras regiões. Foi o registro oral de muita história da humanidade. Foi a época das Cruzadas. Os trovadores cantavam o romance da realeza e tinham como temas a natureza, o amor, a lealdade e a honestidade. Cantavam acompanhados de vielas (antigo violino), por eles mesmos executadas ou delegadas para os seus menestréis. Os trovadores eram nobres e os menestréis plebeus. Instrumentos medievais A partir do século XIII a música seguiu com duas divisões: a sacra e a profana. Na música profana as formas mais populares da dança medieval foram a estampie (“dança sapateada”) e o saltarello (“dança saltitante”). Essas danças eram acompanhadas pelos instrumentos medievais: galubé e tamboril, charamela, corneto, órgão, carrilhão, cítola ou cistre, harpa, viela, rebec, viela de roda e saltério. No século XIV aparece o estilo Ars Nova (arte nova) mais expressivo e refinado, com ritmos mais flexíveis, ousados, e o contraponto (ou polifonia) de forma mais desembaraçada. Os músicos passaram a se referir ao estilo do século anterior como Ars Antiqua (arte antiga). O maior músico da Ars Nova foi o compositor francês Guillaume de Machaut. Foi o primeiro compositor a fazer uma missa inteira (Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei). Renascença O homem amplia seus horizontes, na arquitetura os palácios tornaram-se mais horizontais, na pintura o descobrimento da perspectiva revela a profundidade, e na música, a polifonia traz a horizontalidade sonora. Época de grandes descobertas e explorações, a época em que Vasco da Gama, Colombo, Cabral e outros exploradores estavam fazendo suas viagens de descobrimento. O Renascimento se caracterizou, na história Ocidental, sobretudo pelo grande interesse voltado ao saber e à cultura. O movimento intelectual que prevaleceu foi o Humanismo – o homem como centro e medida de todas as coisas. O artista passou a assinar as suas obras, antes anônimas. A Música Sacra O estilo utilizado era a Polifonia Coral – música contrapontística para um ou mais coros. Normalmente eram cantadas a capella – cantada sem o acompanhamento de instrumentos. Principais formas de música sacra Missa (se apresenta dividido em partes que correspondem às do texto da missa católica, como o Kyrie, o Gloria, o Credo, o Sanctus, o Benedictus e o Agnus Dei); Moteto no mínimo a quatro vozes. Surge a voz do baixo (registro abaixo do tenor) criando uma tessitura (maneira como o compositor trabalha o “tecido” de sua música) mais cheia e rica. Principais compositores Josquin des Prez (Holanda, 1440-1521); Thomas Tallis (Inglaterra, 1505-1585); Palestrina (Itália, 1525-1594); Byrd (Inglaterra, 1543-1623). Com a Reforma Protestante, os corais alemães utilizam hinos em alemão em lugar dos corais em latim. A música vocal profana Na Renascença houve o rico florescimento das canções populares, variadas em estilo e expressando todo tipo de emoção. Modalidades de canções: Frótola - Canção estrófica de tema amoroso com acompanhamento instrumental em uníssono ou ornamentado. Madrigal - Cantada em italiano, a quatro ou cinco vozes tendo como tema a mitologia grega e o amor, eventualmentecom acompanhamento instrumental. Lied alemão - Canção mais elaborada, incluindo melodias monofônicas ou composições a três vozes. Villancio - Espanhol (música com refrão e acompanhamento instrumental de vihuelas (instrumento de cordas dedilhadas) e outros instrumentos, dobrando a melodia, fazendo figurações e marcando o ritmo. Canção francesa - Canções ligeiras, rápidas, bem ritmadas. Escritas para conjunto a três, quatro ou cinco vozes. Nos palácios, assim como nas residências burguesas, o madrigal passou a ser a modalidade mais solicitada. Na Inglaterra chegou a haver três tipos de madrigal. O madrigal tradicional (caracteriza-se por não ter refrão, é uma composição muito contrapontística, fazendo uso da imitação, todas as vozes se entrelaçam e tem a mesma importância). O balé (às vezes dançado e cantado, seu estilo apresenta um ritmo bem acentuado, a tessitura em geral é trabalhada em acordes, sua característica principal é ter refrão). O ayre (ayre ou canção, podia ser executado de várias maneiras: um solo vocal com acompanhamento de alaúde; um solo vocal acompanhado por outros instrumentos, como as violas; ou com todas as partes executadas por vozes, com ou sem acompanhamento instrumental). A música instrumental Durante o século XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais interesse em escrever músicas para instrumentos – não apenas danças, mas peças destinadas a serem simplesmente tocadas e ouvidas. Os compositores tinham, também, que fornecer músicas para todas as festas do castelo, palácio ou corte onde trabalhavam, por isso a produção de danças era grande. As mais comuns, entre outras, eram a pavana, galharda, bransle, chacona e passacalha. Instrumentos renascentistas: Alguns instrumentos, como as charamelas, as flautas e alguns tipos de cornetos medievais, continuavam populares. Consort – instrumentos da mesma família (um mesmo instrumento em diversos tamanhos e tonalidades, família das violas, das flautas, etc.) tocando em conjunto. Instrumentos de percussão – incluíam tamboril, tambor, tímpano, caixa clara, triângulo e címbalo. Instrumentos de teclado – Virginal (instrumento de cordas pinçadas, da família do cravo, cujas cordas correm paralelas ao teclado); Espineta (instrumento de cordas pinçadas, da família do cravo, cujas cordas correm diagonalmente da esquerda para a direita); Clavicórdio (instrumento de cordas percutidas, predecessor do piano). .. O que é polifonia? R: É a execução simultânea de duas ou mais melodias que combinam entre si.[ Aula 2 – A música ocidental – Períodos Barroso e Clássico Introdução Barroco (1600 a 1750) No Barroco, o homem voltou-se para a compreensão tanto das fraquezas quanto das aspirações da humanidade, transmitindo esse sentimento para a arte. A filosofia da época foi o iluminismo, que pregava a libertação do homem através do conhecimento, trazendo como consequência uma grande valorização do saber. A palavra “Barroco”, que significa pérola ou joia de formato irregular, era usada para designar o estilo da arquitetura e da arte do século XVII, caracterizado pelo uso excessivo de ornamentos. A grande inovação na pintura, e que é o ponto de união com a música, foi o efeito claro e escuro, de luz e sombra. Na música, esse efeito acontece com a utilização de tom maior e menor, com os contrastes tímbricos e com mudanças de dinâmica. Clássico (1750 a 1810) O período Clássico vai da segunda metade do século XVIII até o início do século XIX. O século XVIII – século das luzes –, é o momento do racionalismo e da investigação científica. O homem modificando o mundo pela técnica. A ciência modificando as condições da humanidade. Características gerais Foi durante o século XVII que o sistema de modos acabou por ruir de vez. Os compositores foram se acostumando a sustenizar e bemolizar as notas, daí resultando a perda de identidade dos modos, que, por fim, ficaram reduzidos a apenas dois: o jônio (dó ré mi fá sol lá si dó) e o eólio (lá si dó ré mi fá sol lá). Daí desenvolveu-se o sistema tonal maior – menor. Música vocal de câmara O século XVII assistiu à invenção de novas formas e configurações como a ópera, o oratório, a fuga, a suíte, a sonata e o concerto. A família do violino veio substituir a das violas e a orquestra foi gradualmente tomando forma, com as cordas constituindo uma seção de peso em sua organização. A princípio o estilo vocal utilizado era o recitativo – a linha melódica vocal ondulava de acordo com o significado do texto, seguindo a pronúncia natural das palavras. Sob a melodia o compositor escrevia uma linha do baixo que deveria ser tocado por algum instrumento de corda grave, a esta linha se deu o nome de baixo contínuo ou baixo cifrado. O cravo ou o órgão estruturavam os acordes sobre essa linha do baixo preenchendo a harmonia. O princípio da ópera Nasceu na Itália no século XVII. Espetáculo cantado com acompanhamento de orquestra, inspirado em texto dramático, com ação, figurino e cenário. Foi na ópera que aconteceu a fusão definitiva de palavra e música na representação. A ideia de individualismo, iniciada no Renascimento, se concretizou na música barroca através do aparecimento do solista. Na ópera a voz solista foi ressaltada, transmitindo sentimentos e emoções. O Orfeo de Monteverdi, composta em 1607, foi a primeira grande ópera. Na ópera os compositores continuavam a usar o recitativo como forma de apresentação do relato da história e as árias (canções) transmitiam as emoções dos personagens. Algumas óperas contavam também com a presença de coros. Principais compositores: Cláudio Monteverdi (Itália, 1567-1643); Alessandro Scarlatti (Itália, 1685-1757); Lully (França, 1632-1687); Rameau (França, 1683-1764); Henrry Purcell (Inglaterra, 1659-1695); Haendel (Alemanha, 1685-1759). As óperas muitas vezes começavam com uma abertura orquestral. Abertura italiana – em três partes (rápida/lenta/rápida); abertura francesa – com início lento e majestoso, seguido de um movimento rápido e depois uma sucessão de danças. Oratório é a mesma coisa que ópera? Nascido mais ou menos à mesma época que a ópera, o oratório é outra importante forma de música vocal. De inicio, os oratórios eram muito semelhantes às operas. Compunham-se de revitativos, árias e coros, e apresentavam cenários e fantasias. A principal diferença é que os oratórios se baseavam em histórias sacras, geralmente tiradas da Bíblia. Com o decorrer dos anos, os oratórios deixaram de ser representados, passando a constituir apenas apresentações musicais realizadas em igrejas e salas de concerto. O princípio da ópera A cantata é outra forma de música vocal, pode ser profana ou sacra. De caráter lírico, ela se difere do oratório por ter menor extensão. Principais compositores: A música instrumental No Barroco a música instrumental passa a ter a mesma importância que a vocal. Novas formas musicais: a fuga (peça contrapontística fundamentada na técnica da imitação); o prelúdio coral (peça para órgão baseada numa melodia coral); a suíte (grupo de peças para um ou mais instrumentos); a sonata (música para ser tocada, geralmente em quatro movimentos – lento/rápido/lento/rápido); o concerto (do italiano “consonância”, do latim “disputa”, uma das formas mais interessantes da música barroca). Concerto grosso – oposição e contraste. Concertino (pequeno grupo de instrumentos solistas) em oposição ao ripieno (orquestra de cordas) ou ao tutti (todos os instrumentos juntos). A música instrumental Concerto solo – oposição de um instrumento solista à orquestra, geralmente em três movimentos (rápido/lento/rápido). A orquestra – no período Barroco é que a orquestra começa a tomar forma. Com o aperfeiçoamento do violino, a seção de cordas passou a constituir a base da orquestra, sendo adicionados os outros instrumentos (flautas, oboés, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos).O órgão ou cravo também fazia parte da orquestra preenchendo a harmonia. Outra característica do Barroco é o uso de ornamentos – que são floreios que não são estritamente necessários na linha melódica (ou harmônica) como um todo, mas servem para decorar ou "ornamentar" esta linha. Eles são executados como uma série de "notas rápidas" em torno de uma nota central. Características gerais O estilo clássico começou a desabrochar nos últimos anos do período Barroco. A trio-sonata barroca vai gradualmente sendo substituída pela sonata clássica, e a abertura italiana, presente em diversas óperas barrocas, começa a se transformar na sinfonia clássica. A primeira fase do período clássico - estilo galante (estilo amável, cortês, que visava principalmente a agradar ao ouvinte) é um estilo refinado, bem elaborado e extremamente elegante. Posteriormente os compositores clássicos alcançaram o perfeito equilíbrio entre expressividade e estrutura formal. A perfeição da forma era seu ideal. A tessitura clássica tende a ser mais leve, mais clara, menos complicada. Melodia sustentada por acompanhamento de acordes. Abandono do baixo contínuo. O piano substitui o cravo. A organização das obras de cada compositor é feito atribuindo-se a cada peça um número precedido da palavra opus, que significa obra. O centro musical foi Viena. A Orquestra A orquestra cresceu de tamanho e a família das madeiras passou a fazer parte dela, de maneira organizada. Uma nova sonoridade surgiu na orquestra com a entrada do moderno violoncelo, do clarinete, da trompa e do piano. A orquestra no fim do século XVIII continha: uma ou duas flautas, dois oboés, duas clarinetas, dois fagotes, duas trompas, dois trompetes, dois tímpanos e a seção de cordas (dez 1° violinos, dez 2º violinos, oito violas, seis violoncelos e quatro contrabaixos). Surgiu a dinâmica – crescendo e o diminuendo sonoro gradativo na orquestra. Ouviu-se uma afinação mais precisa e uniforme dos instrumentos em geral. Baixo de Alberti – acompanhamento simples para uma melodia, consistindo em “acordes quebrados” tocados na seguinte ordem: grave-aguda-intermediária-aguda. As formas instrumentais SONATA Sonata – forma instrumental de grandes dimensões, dividida em 3 ou 4 movimentos e escrita para 1 ou 2 instrumentos solistas, com acompanhamento de piano. Sinfonia – era uma sonata para orquestra, desenvolvida a partir da abertura italiana (com três -movimentos rápido-lento-rápido). Posteriormente o número de movimentos passa a ser de quatro, com o seguinte esquema: Primeiro movimento – bem rápido, composto na forma sonata; Segundo movimento – andamento mais vagaroso, mais ao estilo canção, na forma ternária (ABA) ou em variações, ou na forma sonata; Terceiro movimento – minueto e trio, ou scherzo; Quarto movimento (Finale) - de andamento muito rápido e de caráter alegre, na forma de rondó (ABACA...), na forma sonata ou misturando ambas. CONCERTO Concerto – o concerto clássico, que se desenvolveu a partir do concerto solo Barroco, não incluía o minueto, o número de movimentos era sempre três. O primeiro movimento é uma forma sonata modificada, que começa com uma dupla exposição, uma para a orquestra sozinha e outra com o solista. Ao final da recapitulação, a orquestra emudece para que o solista toque a cadência – passagem virtuosística, baseada em temas já expressos, que exibe o brilhantismo de sua técnica. QUARTETO DE CORDAS Quarteto de cordas – Joseph Haydn inventou o quarteto de cordas (dois violinos, viola e violoncelo), uma combinação soberba de música de câmara. Geralmente dividida em quatro movimentos. Clássico (1750 a 1810) A Ópera Gluck foi o grande reformador da ópera. Acabou com o destaque exagerado dos cantores, restaurando a hegemonia do texto e da música. Buscou a unidade cênica perfeita e, acima de tudo, a simplicidade, a clareza e a verdade. Os recitativos eram encarregados de fazer avançar a ação e as árias dando livre curso à expressão dos sentimentos. As formas instrumentais Carissimi (Itália, 1605-1674) Gluck (Alemanha, 1714-1787) C.P.E. Bach (Alemanha, 1714-1788) J.C. Bach (Alemanha, 1735-1782) L.V.Beethoven (Alemanha, 1770-1827) Haydn (Áustria, 1732-1809) W.A. Mozart (Áustria, 1756-1791) Aula 3 – A música ocidental – Período Romântico Compositores clássicos Tinham por objetivo atingir o equilíbrio entre a estrutura formal e a expressividade. Compositores românticos Os românticos vieram desequilibrar a balança. Eles buscaram maior liberdade de forma e de concepção em sua música. Superioridade da emoção sobre a razão. Período Romântico (1810 a 1910) Surgido após a Revolução Francesa, o Romantismo traduz a livre expressão do indivíduo. Os artistas não estavam mais ligados a patronos e cortes aristocráticas, e sim, à classe média. O virtuosismo surge como afirmação do individualismo. Desenvolveu-se na Alemanha. Beethoven representou, na música, a transição do estilo Clássico para o estilo Romântico. Os gêneros musicais mais importantes deste período foram as composições orquestrais, as peças para piano, as óperas e as canções solo acompanhadas por piano (Lied). A invenção das chaves e dos pistões proporcionou maior precisão, melhor afinação e flexibilidade melódica para os instrumentos de sopro. Na seção das madeiras, foi incorporado o flautim, o clarone (clarineta baixo), o corne inglês e o contrafagote. Os instrumentos de percussão ficaram mais variados, e foi necessário aumentar a seção de cordas, para se manter o equilíbrio entre as quatro seções. A orquestra romântica cresceu em tamanho e abrangência. A família dos metais, completada com a adição da tuba, organizou-se e ganhou maior importância. A ORQUESTRA Os compositores românticos deleitaram-se em explorar toda essa grande variedade de volumes e alturas sonoras, a riqueza das harmonias e as novas possibilidades de combinar e contrastar timbres. O que é Lied? O lied, que quer dizer canção, foi muito explorado no período romântico para voz solo e piano, sendo que o acampanhamento de piano não se contenta em ser mero “suporte” do canto. Ao contrário, voz e piano dividem igualmente a responsabilidade da música. A música instrumental O instrumento do século XIX foi o piano. Ele invadiu as salas de concerto e as residências. No início chamava-se pianoforte, porque tinha possibilidade de fazer soar tanto forte como fraco. Passou por diversos melhoramentos, o número de notas foi aumentado (originalmente possuía 5 oitavas, porém, hoje, o piano possui 7), os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, e o cepo, que era de madeira, passou a ser de metal. Tudo isso veio contribuir para que a sonoridade do instrumento ficasse mais rica e cheia, aumentando suas possibilidades em termos de registro, volume e tonalidade. A música instrumental Exaltava-se não apenas o compositor, mas também o intérprete virtuose (o intérprete exibe e explora ao máximo sua técnica com a finalidade de impressionar o público). Pianistas como Chopin e Liszt, e o violinista Paganini, alcançaram fama na Europa por suas interpretações e seu brilhantismo técnico. Música programática (a música que “conta uma história”), é descritiva. Os três principais tipos de música programática orquestral são: • a sinfonia descritiva; • a abertura de concerto; e • o poema sinfônico. A música absoluta A música destituída da intenção descritiva, composta para ser apreciada unicamente pelo que é. A Ópera e o Drama Musical As óperas mais famosas, hoje em dia, são as românticas. Os grandes compositores de óperas do Romantismo foram os italianos Verdi e Rossini e o alemão Wagner. Por suas realizações e pela influência que exerceu sobre outros compositores, Wagner representa a força musical mais poderosa que surgiu depois de Beethoven. Praticamente toda a sua obra é constituída de óperas.Em vez do termo “ópera”, Wagner preferiu chamar de dramas musicais. Seu objetivo era promover a perfeita fusão de todas as artes cênicas – o canto, a representação, os costumes e o cenário, a iluminação e os efeitos de cena. Wagner era mestre na orquestração, criando novas combinações de timbres e tessituras ricamente variadas. Foi o primeiro que planejou a organização espacial do teatro colocando a orquestra abaixo do palco, de modo que os cantores pudessem projetar suas vozes diretamente para a plateia. Criou o leitmotiv. Tema cantado ou orquestrado que identifica personagens, situações emocionais, passado, presente e futuro, fazendo com que o canto, a cena e a orquestração participem de forma equilibrada. O Nacionalismo O Nacionalismo foi um movimento musical que deu ênfase a elementos da música popular de cada país, utilizando canções, danças, ritmos tradicionais, em composições eruditas. Também foram utilizados assuntos para óperas e pormas sinfônicos, que refletiam a vida e histórias nacionais. Principais compositores: Chopin, na Polônia; Grupo dos Cinco, movimento nacionalista Russo, integrado por Cui, Mussorgsky, Balakirev, Rimski-Korsakov e Borodin; Liszt, expressou o espírito húngaro em suas composições; Bártock, Kodáli, Smetana, Dvorak e Janácek, nacionalistas da Boêmia (Tchecos); Grieg, na Noruega; Sibelius, na Finlândia; Falla, Albenis e Granado, na Espanha; Holst e Vaughan Williams, na Inglaterra; Copland, Gershwin, Ives e Bernstein, nos Estados Unidos. Principais Compositores ALEMANHA • L.V.Beethoven (1770-1827); • Weber (1786-1826); • Mendelssohn (1809-1847); • Schumann (1810-1856); • Wargner (1813-1883); • Brahms (1833-1897); • R.Strauss (1864-1949). Aula 4 – A Mísica Ocidental – A música do Séc. XX Introdução nquanto a música dos períodos anteriores podia ser identificada por um único e mesmo estilo, comum a todos os compositores da época... ...no século XX, ela se mostrou como uma mistura complexa de muitas e diferentes tendências. O princípio do século XX foi uma época de transformações, rápidas e profundas, tanto nas artes como na ciência e outros domínios da atividade humana. SÉCULO XX Era de contínua metamorfose, todas as formas musicais continuavam a ser compostas desde as mais simples e pequenas obras até as grandes sinfonias e óperas. No decorrer da história da música, observamos que os períodos foram ficando mais curtos, chegando ao século XX com diversas manifestações musicais, acompanhando a rapidez do homem deste período. A música começou a ser estudada cientificamente, iniciando-se a pesquisa do som. Desenvolveu-se a musicologia e a etnomusicologia. Características gerais: Apesar da música do século XX se mostrar como uma mistura complexa de muitas e diferentes tendências, podemos definir uma peça como sendo do século XX ao analisarmos os quatro dos mais importantes componentes da música: melodia / harmonia / ritmo / timbre. Melodia – grandes diferenças de altura, fazendo uso de intervalos cromáticos e dissonantes. São curtas e fragmentadas, angulosas e pontiagudas, em lugar das longas e sinuosas sonoridades românticas. Os glissandos (o deslizar de notas seguidas) são muito usados. Em algumas peças, a melodia pode ser inexistente. Harmonia – apresentam muitas dissonâncias. Aparecem os cluster (notas adjacentes tocadas simultaneamente). Ritmo – vigorosos e dinâmicos, empregando muitas síncopes (a acentuação incidindo sobre os tempos fracos). Utilização de compassos de cinco ou sete tempos. Uso de poliritmia (diferentes ritmos acontecendo ao mesmo tempo). Timbre – inclusão de sons estranhos, intrigantes e exóticos, fortes contrastes. Uso mais enfático da seção de percussão. Exploração de novas sonoridades nos instrumentos já conhecidos. Novos sons, provenientes de aparelhos eletrônicos e fitas magnéticas. CONCORRENTES MAIS IMPORTANTES DA MÚSICA DO SÉCULO XX Você sabe o que é impressionismo? Termo tomado do estilo de pintura de um grupo de artistas conhecidos como os impressionistas. No campo da música, o impressionismo é uma forma de compor que procura evocar, principalmente através da harmonia e do colorido sonoro, estados de espírito e impressões sensoriais. O principal compositor desta época foi Claude Debussy. A música impressionista surgiu de uma reação aos excessos da Era Romântica, que fazia uso dramático do sistema das escalas maior e menor. A música impressionista tende a fazer mais uso de dissonâncias com escalas não tão comuns, tal como a escala hexafônica. Compositores românticos usaram formas longas de música, como a sinfonia e o concerto, enquanto os compositores impressionistas preferiram formas menores. Nacionalismo século XX A corrente nacionalista iniciada durante a segunda metade do século anterior penetrou no século XX. Fazem uso de canções folclóricas, músicas de danças, marchas e até mesmo hinos. CHARLES IVES E AARON COPLAND (EUA) VAUGHAN WILLIAMS (INGLATERRA) BARTÓK E KODÁLY (HUNGRIA) SIBELIUS (FINLÂNDIA) SHOSTAKOVICH (UNIÃO SOVIÉTICA) Influências Jazzísticas Vários componentes estilísticos da música do século XX podem ser atribuídos à influência do jazz norte-americano: grande vitalidade nos ritmos sincopados; melodias sincopadas sobre ritmos constantes; a bemolização de certas notas da escala (blue note); efeitos de surdina; e instrumentos tocados em registros estridentes. Principais compositores: Ravel, Milhaud, Gershiwn, Kurt Weill, Stravinsky, Walton e Copland. Politonalidade e Atonalidade Utilização de dois ou mais tons ao mesmo tempo na música. Principais compositores: Stravinsky, Ravel, Charles Ives. A música atonal evita qualquer tonalidade ou modo, fazendo livre uso de todas as 12 notas da escala cromática. Uma vez que se dá igual importância a todas as notas, deixa de haver qualquer força de atração convergindo para um centro tônico. E o expressionismo? Outro termo tomado da pintura. Movimento que manifesta emoções internas, extremas, intensas e imediatas. Tem como característica principal evitar formas e técnicas tradicionais, dando ênfase ao interesse dos impulsos psicológicos. O expressionismo foi usado para a música pré-serial e atonal de Arnold Schoenberg (que também era pintor) e seus alunos: Alban Berg e Anton Webern, que formaram “A segunda escola de Viena”. O que é dodecafonismo? Sistema de composição no qual todas as 12 notas denteo de uma oitava são tratadas como “iguais”, ou seja, estas notas são dispostas em qualquer ordem, à escolha do compositor, não havendo tonalidade que prevaleça e nem que a domine. As doze notas são independentes e livres de qualquer tonalidade. Neoclassicismo Por volta de 1920, período entre guerras, vários compositores escreveram obras nas formas e estilos dos séculos XVII e XVIII, como uma reação à orquestração excessiva e excesso de romantismo no final do século XIX. A objetividade estava entre as primeiras preocupações dos artistas. O serialismo total é a organização em uma composição dos parâmetros musicais, de acordo com as regras do dodecafonismo, abrangendo a sequencia, não só das notas, mas se estendendo também ao ritmo, à dinâmica e instrumentação, à altura e timbre, volume, etc. Música concreta A música concreta é aquela criada em disco (originalmente) ou fita magnética por técnicas simples de edição, inversão e mudança de velocidade, feitas sobre gravações de sons naturais: instrumentais, vocais ou outros. A técnica e o nome foram inventados pelo francês Pierre Schaeffer em 1948. Música eletrônica A música eletrônica é aquela cuja execução exige meios eletrônicos, especialmente em fita magnética, criada sem sons naturais. Entre os compositores que produziam obras eletrônicas, encontram-se Cage, Stockhausen, Berio, Boulez, Varèse, Ligeti, Penderecky, Xenakis, Takemitsu, e outros. Música aleatória A música aleatória é aquela em que o compositor deixa deliberadamente margem para ocorrências causais ouopções dos intérpretes. Aula 5 – A Música Ocidental – A Música Erufita Brasileira Já no ano de 1500, temos o primeiro relato a respeito de presença de música no Brasil. Na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, ele relatava a musicalidade dos nativos, ou seja, a música indígena. Em 1549 o padre Manoel da Nóbrega chegou ao Brasil com os primeiros jesuítas trazendo música de catequese com base no canto gregoriano. Influência europeia. As levas sucessivas de escravos negros que vieram da África iriam desempenhar um papel importantíssimo na história da música colonial no Brasil. Influência africana. A partir dessas três influências é que a nossa música vai sendo construída. Características gerais: O elemento ameríndio teve, relativamente, pouca interferência na concretização da música nacional brasileira. Influência poderosa foi a negra, mas a influência mais relevante foi a europeia. Segundo Mário de Andrade: “Os portugueses fixaram o nosso tonalismo harmônico, nos deram a quadratura estrófica, mas provavelmente a síncopa, nós nos encarregamos de desenvolver ao contato da “pererequice” rítmica do africano”. Para estudarmos a história da música brasileira erudita, vamos a música em quatro fases: A música no tempo da Colônia A música na corte de D. João VI A música no tempo do Império A música no século XX .. A música no tempo da Colônia A mistura do folclore musical africano com a bagagem cultural europeia foi muito lenta e quase imperceptível nos primeiros séculos de colonização portuguesa. A música que se fez no Brasil estava diretamente vinculada à Igreja e à catequese. Os jesuítas utilizaram a música sobretudo como instrumento de conversão dos gentios. No século XVII, começam a surgir as irmandades de música, sendo a mais importante a de Santa Cecília, cuja sede estava em Lisboa, e que funcionava como uma espécie de sindicato de músicos. Em 1559, Francisco de Vaccas era o responsável pela música na catedral da Bahia no cargo de mestre de capela. E em 1578, os sacerdotes já formavam os primeiros “mestres de capela”, instruídos a tocar instrumentos e em canto coral. Nesta época as atividades musicais foram de maior vulto na Bahia e em Olinda. As atividades musicais no Rio de Janeiro eram modestas, antes de esta se tornar a capital do Vice-Reinado. A enorme riqueza proveniente da mineração do ouro e diamante fez Minas Gerais constituir o ponto mais alto da época colonial no Brasil entre 1787 e 1790. Os compositores brasileiros atuavam nas cidades mineiras de Diamantina, Ouro Preto e Mariana. Era o “Barroco” mineiro (mistura do período barroco, pré-clássico e clássico europeu). José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805) foi o maior músico brasileiro do século XVIII. Outros compositores importantes da época: • Marcos Coelho Neto (1740-1806); • Francisco Gomes da Rocha (1745-1808); • Inácio Parreiras Neves (1730-1794); • Manuel Dias d’Oliveira (1745-1813). A música na corte de D. João VI No Rio de Janeiro a vida musical tem destaque com a chegada de Dom João VI, em 1808. Fator preponderante na vida musical religiosa foi a reorganização da Capela Real. QUEM FOI O GRANDE COMPOSITOR BRASILEIRO? O primeiro grande compositor brasileiro foi o Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). Em 1798 foi nomeado mestre de capela da Catedral da Sé do Rio de Janeiro, foi um dos fundadores da Irmandade Santa Cecília. Durante três anos, de 1808 a 1811, dirigiu todas as atividades musicais da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Além de suas funções de mestre de capela, José Maurício desempenhou papel importante como professor, tinha em sua casa uma escola de música, que manteve quase até o final de sua vida. Dom João VI deu-lhe uma pensão que ajudou a manter a escola, mas Dom Pedro I não teve condições financeiras de confirmá-la e a suspendeu. O curso de música findou em 1822. A chegada do compositor de óperas Marcos Portugal (1762-1830), em 1811, deu impulso à música profana no Rio de Janeiro. Chegou ao Rio de Janeiro como um “lorde” e trouxe consigo mais músicos portugueses. Encenou várias óperas no Real Teatro de São João. Sigismund von Neukomm (1778-1858) foi outro compositor importante desta época. Aluno de Haydn, residiu no Brasil entre 1816 a 1821, compôs 45 obras e foi professor de Dom Pedro I e do compositor do Hino Nacional Francisco Manoel da Silva. A música no tempo do Império O regresso a Lisboa do rei Dom João VI foi um desastre para a música no Brasil, abaixando bruscamente as atividades musicais, tanto sacras quanto profanas. A ópera italiana serviu para manter o interesse pela música. Francisco Manoel da Silva (1795-1865), aluno de Padre José Maurício e Sigismund Neukomm, foi o grande nome desta época. Fundou o Conservatório de Música do Rio de Janeiro e foi o regente do Teatro Lírico Fluminense e depois da Ópera Nacional. Ao lado das grandes obras do repertório italiano, começam a ser apresentadas óperas brasileiras, todas compostas dentro das normas correntes no teatro lírico italiano. É assim que surge Carlos Gomes (1836-1896), que será o maior compositor brasileiro deste período, que conquistou lugar de destaque na Itália, onde estreou em 1870 sua ópera “Il Guarany” (Teatro Scala de Milão), foi o primeiro compositor de óperas das Américas, introduziu o Brasil no circuito internacional da música erudita. Foi, também, o primeiro compositor brasileiro a buscar de modo consciente uma ligação mais profunda com a problemática do seu país, transmitindo a “emoção brasileira”, sobretudo nas suas duas obras mais importantes: “Il Guarany”, que tinha como tema o romance de José de Alencar, e “Lo Schiavo”, livreto de Visconde de Taunay que tratava do problema da escravatura negra. A música no século XX 1 - Antes do aparecimento das primeiras obras nacionalistas do século XX, o diplomata Brasílio Itiberê da Cunha (1848-1913) mostraria o caminho a ser seguido. Em 1869, tornou-se o primeiro compositor brasileiro a escrever uma peça com motivo popular, “balaio, meu bem, balaio”, publicada sob o título de A sertaneja. Os contemporâneos de Itiberê estavam por demais presos às normas composicionais europeias, oscilando entre elas e o espírito nacional. 2- No final do século XIX vários compositores brasileiros começam a se destacar na produção de música instrumental, com influência alemã de Alberto Nepomuceno (1864-1920), Leopoldo Miguez (1850-1902) e Alexandre Levy (1864-1892), e de linguagem francesa com Henrique Oswald (1852-1913). Essa é uma importante geração de compositores que atuam num conturbado período de fins do Império e do início do período republicano brasileiro, quando começam a ser esboçados importantes conceitos nacionalistas em música. 3- Francisco Braga (1868-1945) – compositor que foi um grande divulgador da música contemporânea, e especialmente da música brasileira. 4- É neste clima de nacionalismo nascente, influenciado pelos compositores já citados que aparecerá Heitor Villa-Lobos (1887-1959), compositor que escapará totalmente da visão nacionalista até então difundida, criando um idioma musical que deveria tornar-se, sobretudo a partir da eclosão do Movimento Modernista, o protótipo do novo nacionalismo. Na composição de Villa-Lobos os elementos de procedência folclórica ou popular serão tratados de modo mais completo e mais livre, assimilada, e não como simples citação de cor exótica. Ele verá o folclore e a tradição popular como um todo do qual não se pode tirar esse ou aquele elemento. Sua música não se prenderá às características negras ou indígenas, mas procurará refletir um clima sonoro que mostra mais a terra que a raça. Segundo José Maria Neves, Villa-Lobos se caracterizará pela recusa das fórmulas consagradas e dos processos clássicos de criação, pela reação contra os artifícios que, levando à liberação do tonalismo, constrangiam demais o compositor (ele jamais aceitou o sistema dodecafônico) e dificultavam o contato com o povo(para ele a música experimental destinava-se à elite, o que era a negação de seu desejo de popularização da arte erudita). Dentro da corrente nacionalista da música brasileira erudita do século XX, podemos citar: PRIMEIRA GERAÇÃO: Luciano Gallet (1893-1931); Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948); Francisco Mignone (1897-1986); Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993). SEGUNDA GERAÇÃO Barroso Neto (1881-1941); Jaime Ovale (1894-1955); Hekel Tavares (1896-1974); Brasílio Itiberê II (1896-1967); Frutuoso Viana (1896-1976); Antônio de Assis Republicano (1897-1960); João de Souza Lima (1898-1982). TERCEIRA GERAÇÃO Radamés Gnattali (1906-1988); João Batista Siqueira (1906-); José Siqueira (1907-1985); José Vieira Brandão (1911-2002); Mário Tavares (1928-). A Partir da década de 40 a busca de novos recursos expressivos teve a sua primeira manifestação através do “Grupo Música Viva” criado por Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005). Compositores que participavam: Cláudio Santoro; Guerra Peixe; Geni Marcondes; Eunice Catunda; Esther Scliar; Edino Krieger. Mais tarde surgiu o grupo “Música Nova” de São Paulo e o “Grupo de Compositores da Bahia”. Outros compositores surgiram no “Movimento Musical em Brasília” e no “Movimento Musical No Rio de Janeiro”. E ainda o grupo da Música Eletro-acústica no Brasil.