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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 4 
 
AVALIAÇÃO DOS CRITÉRIOS ADOTADOS NO 
INTERFACEAMENTO DOS RESULTADOS DOS HEMOGRAMAS 
AUTOMATIZADOS 
 
WANESSA ANTONIA VELOSO
1
; SIBELLE MATTOS FLORES ALENCAR
2
, SERGIAN VIANNA 
CARDOZO
3 
 
1 Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas (Escola de Ciências da Saúde, Unigranrio); 2Chefe da Seção de Hematologia do 
Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Naval Marcílio Dias.* sibalencar@ig.com.br , Rua César Zama 185,Lins de Vasconcelos, 
Rio de Janeiro, RJ; 3Docente do Curso de Ciências Biológicas (Escola de Ciências da Saúde, Unigranrio).* sergianvc@oi.com.br, Rua 
Professor José de Souza Herdy, 1160. CEP 25071-200, Duque de Caxias, RJ. 
 
RESUMO 
 
O hemograma é um exame laboratorial que quantifica e avalia morfologicamente as células do sangue 
periférico. A seção de Hematologia do Serviço de Análises Clínicas do Hospital Naval Marcílio Dias 
(HNMD) utiliza-se dos equipamentos hematológicos Cell Dyn Abbot 
TM
 para a contagem automatizada 
propiciando maior sensibilidade e agilidade na liberação dos resultados. Os resultados dos hemogramas 
considerados normais são liberados diretamente, sem revisão de lâmina em microscopia complementar, para 
um programa de processamento de dados laboratoriais, após avaliação conforme critérios pré-estabelecidos 
pela seção. Para avaliar a qualidade e confiança dos critérios de interfaceamento direto, foram revisados por 
microscopia complementar, 118 hemogramas de pacientes com solicitação do respectivo exame. Entre os 118 
hemogramas avaliados, 97 foram aprovados e 21 foram revisados microscopicamente segundo a rotina da 
seção. Entre os hemogramas liberados automaticamente, foi detectado apenas um caso de discrepância após 
a revisão das lâminas. O presente trabalho mostrou boa concordância e correlação entre a contagem 
automatizada e microscópica, comprovando a qualidade dos critérios adotados no interfaceamento direto dos 
resultados do exame. Concluiu-se que os critérios adotados são satisfatórios à manutenção da qualidade dos 
resultados emitidos ao paciente. 
Palavras-chave: hemograma, automação, critérios de interfaceamento. 
 
ASSESSMENT CRITERIA TAKEN ON THE RESULTS OF INTERFACING CBC 
AUTOMATED 
 
ABSTRACT 
 
The CBC (Complete Blood Count) is a laboratory test that evaluates and quantifies the morphology of 
peripheral blood cells. Section of Hematology, Service of Clinical Analyses of Marcilio Dias Naval Hospital 
(HNMD) equipment is used Abbott Cell Dyn 
TM
 hematology for automated counting providing greater 
sensitivity and flexibility in the release of results. The results of blood counts as normal are released directly, 
without review of microscopic slide further, to a processing program of laboratory data, after evaluation 
according to predetermined criteria for the section. To assess the quality and reliability of the criteria for 
direct interfacing, were reviewed by additional microscopy, 118 patients with blood counts of solicitation of 
examination. Among the 118 blood tests evaluated, 97 were approved and 21 were reviewed microscopically 
according to the routine of the section. Among the blood tests automatically released, were detected only one 
case of discrepancies after the review of slides. The present study showed good agreement and correlation 
between microscopic and automated counting, proving the quality criteria adopted in the direct interfacing of 
test results. It was concluded that the criteria used are satisfactory for maintaining the quality of results 
delivered to the patient. 
Keywords: CBC, automation, interfacing criteria. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Atualmente, os laboratórios de médio e 
grande porte realizam o exame laboratorial 
denominado hemograma em equipamentos 
automatizados ou contadores automatizados em 
hematologia. Existem diversos contadores 
automatizados disponíveis no mercado como Cell 
Dyn Saphire e Cell Dyn Ruby da Abbott 
Diagnostic
TM
, entre outros (FAILACE & 
PRANKE, 2004). Sem a habilidade e a velocidade 
dos modernos contadores celulares, os 
laboratórios clínicos necessitariam de maior 
número de funcionários (MORRIS & DAVEY, 
1999).Outra vantagem da contagem automatizada 
é a maior sensibilidade e precisão na 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 5 
 
quantificação das células sanguíneas quando 
comparadas com a contagem manual (MORRIS 
& DAVEY, 1999). A contagem diferencial dos 
leucócitos faz parte do hemograma e tem sido 
realizada de modo automatizado por meio desses 
aparelhos mais sofisticados.
 
Deste modo, a 
análise total e diferencial das células por estes 
contadores eletrônicos, dispensariam a observação 
humana (GRIMALDI & SCOPACASA, 2000). 
No entanto, algumas amostras 
sanguíneas analisadas pelos contadores 
automatizados, requerem a observação por meio 
de distensão sanguínea e microscopia, para 
permitir a análise visual de anormalidades 
morfológicas, dentre outras alterações 
(GRIMALDI & SCOPACASA, 2000). Apesar de 
a tecnologia eletrônica propiciar resultados 
confiáveis e análises de alta qualidade, tais 
aparelhos não são capazes de identificar algumas 
alterações hematológicas, que podem ser 
clinicamente significantes ou biologicamente 
relevantes (GRIMALDI & SCOPACASA, 2000). 
 O exame ao microscópio de distensão 
sanguínea para hemograma é realizado quando 
necessário, em amostras selecionadas por critérios 
previamente estabelecidos pelos profissionais de 
nível superior habilitados em análises clínicas dos 
setores de hematologia de laboratórios clínicos 
(FAILACE, 2003). Nos laboratórios brasileiros 
considerados de grande porte, a revisão dos 
hemogramas automatizados é realizada com 
auxílio de microscopia e de acordo com os 
seguintes critérios: idade, procedência da amostra, 
dados clínicos, alarmes liberados nos laudos dos 
exames realizados nos contadores eletrônicos e, 
principalmente, limites de contagem celular 
mínimo e máximo (FAILACE & PRANKE, 
2004). 
Na rotina do setor de Hematologia do 
Laboratório de Análises Clínicas do Hospital 
Naval Marcílio Dias - HNMD, os resultados 
considerados aprovados ou normais pelos 
contadores automatizados e provenientes da 
coleta ambulatorial são liberados de modo direto 
do equipamento para o sistema laboratorial, por 
meio de um software de interfaceamento sem a 
revisão microscópica do profissional do setor, que 
dará finalização à análise e assinará o laudo. A 
revisão da distensão sanguínea engloba a 
observação numérica e morfológica das hemácias, 
leucócitos e plaquetas (ALENCAR, 2010). 
O arbítrio de critérios muito amplos para 
a seleção de lâmina para revisão limita o número 
de casos a examinar e proporciona uma maior 
velocidade de trabalho, porém, amplia a 
possibilidade de resultados liberados 
incorretamente que poderia ter relevância clínica 
(CHAPMAN, 1997). Por outro lado, critérios 
muito restritos contribuem de modo insuficiente 
para viabilizar um setor de hematologia, no 
tocante à necessidade gerada de um maior número 
de profissionais a serem contratados.
 
A gestão de qualidade de todas as 
atividades abrangidas pelos laboratórios clínicos, 
incluindo a fase analítica, bem como a emissão de 
resultados por equipamentos automatizados tem 
assumido importância crescente na prática 
profissional, garantindo credibilidade e confiança 
ao diagnóstico e pesquisa clínica (WARD, 2000). 
É de extrema importância que os critérios de 
interfaceamento adotados pelo Setor de 
Hematologiasejam avaliados, garantindo o 
correto aproveitamento da tecnologia dos 
contadores celulares automáticos, a autenticidade 
dos resultados e o correto apoio ao diagnóstico do 
paciente. Vale ressaltar que a legislação que 
regulamenta o serviço prestado pelos laboratórios 
clínicos, destaca-se a RDC 302/2005 da 
ANVISA, que dispõe sobre a necessidade do 
Controle Externo de Qualidade (CEQ) e o 
Controle Interno de Qualidade (CIQ) dos exames 
que são realizados por estes estabelecimentos de 
saúde. 
O presente trabalho teve por finalidade 
avaliar os critérios adotados pelo setor de 
Hematologia do Serviço de Análises Clínicas do 
HNMD, para a liberação de resultados de 
hemogramas sem revisão em microscopia 
complementar. 
 
 
METODOLOGIA 
 
 Cento e dezoito amostras de sangue 
proveniente de pacientes ambulatoriais, que 
compareceram ao laboratório com solicitação de 
hemograma e que assinaram, voluntariamente, o 
termo de consentimento livre informado, foram 
avaliadas pelos contadores automatizados Cell 
Dyn Ruby e Cell Dyn Saphire da Abbott 
Diagnostic
TM
. A idade e o sexo não foram usados 
como critérios de inclusão ou exclusão. 
Foram confeccionadas distensões 
sanguíneas em lâminas de microscopia referente 
às cento e dezoito amostras de sangue coletadas 
em tubo à vácuo contendo ácido 
etilenodiaminotetracético (EDTA). Após a 
secagem das lâminas as mesmas foram coradas 
com corante May-Grunwald-Giemsa e revisadas 
por examinadores capacitados independente dos 
critérios de revisão adotados pelo setor. A 
observação das lâminas foi feita com auxílio de 
microscópio óptico modelo Nikon capacitado com 
oculares planacromaticas 4X, 10X, 40X E 100X e 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 6 
 
oculares de 10X. Aumento do campo de 
observação no total de até 1.000X. 
O Setor de Hematologia utiliza como 
critérios para a revisão de lâmina de distensão 
sanguínea a procedência dos pacientes 
(ambulatorial ou internado), solicitações médicas 
específicas, amostras com resultados fora dos 
limites dos parâmetros numéricos de acordo com 
a literatura científica de acordo com a tabela 1, 
amostras com laudo contendo alarmes emitidos 
pelos equipamentos, conforme a tabela 2. No 
entanto para o presente trabalho, as lâminas foram 
analisadas independentes destes critérios e 
inclusive sem acesso aos dados numéricos 
emitidos pelos equipamentos. 
A avaliação iniciou com a observação 
dos eritrócitos quanto ao número, coloração e 
morfologia. Em seguida foi analisada a contagem 
das plaquetas pelo Método de Fônio, onde conta-
se 1000 eritrócitos em diferentes campos, 
anotando o número de plaquetas encontradas (nº 
de plaquetas X nº de eritrócitos por mm3 /1.000= 
número de plaquetas por mm3 de sangue), 
atentando-se também para o volume, tamanho e a 
disposição das mesmas no esfregaço sanguíneo 
(ALENCAR, 2010). Os leucócitos foram 
avaliados por contagem diferencial em 100 
células. Atenção especial foi dada a presença de 
linfócitos atípicos e células imaturas. 
Os resultados foram analisados 
estatisticamente pelo programa SPSS 15.0 (versão 
15.0, SPSS Inc. Chicago, IL, EUA). Foram 
realizadas análises comparativas entre a contagem 
automatizada dos dois aparelhos e a contagem 
microscópica. A análise de correlação foi 
realizada pelo Método de Spearman e a análise de 
concordância foi realizada pelo Coeficiente de 
Correlação Intraclasse (CCI). Os dados obtidos 
contribuirão para o controle de qualidade dos 
resultados do exame de hemograma. 
O estudo foi submetido e aprovado pelo 
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos 
do HNMD. 
 
Tabela 1- Parâmetros numéricos de exclusão da 
liberação automática. 
 
Valores 
inferiores a 
Valores 
Superiores a 
Eritrócitos 3,8 milhões/µL 5,8 milhões/µL 
Hemoglobina 11,0 g/dL 18,1 g/dL 
Hematócrito 33% 50% 
VCM 75fL 100 fL 
HCM 25,0 pg 34 pg 
Tabela 1- Parâmetros numéricos de exclusão da 
liberação automática (Continuação) 
 
Valores 
inferiores a 
Valores 
Superiores a 
CHCM 31% 35% 
RDW 11% 15% 
Leucócitos 3.600/µL 12.000/µL 
Neutrófilos 1.800/µL 7.100/µL 
Neutrófilos 30% 75% 
Linfócitos 800/µL 3600/µL 
Linfócitos 10% 60% 
Monócitos 100/µL 1000/µL 
Monócitos 1% 15% 
Eosinófilos * 3600/µL 
Eosinófilos * 30% 
Basófilos * 200/µL 
Basófilos * 2% 
Plaquetas 140.000/µL 500.000/µL 
*Não há exclusão para valores mínimos. (FAILACE, 
2003). 
 
 
Tabela 2- Principais Alarmes liberados pelos 
contadores celulares eletrônicos. 
Alarmes Presença de: 
IG Granulócitos Imaturos 
BAND Bastão ou células jovens 
BLAST Blastos 
VAR LYM Linfócitos Atípicos 
DFLT 
Discordância na contagem 
diferencial 
NRBC Eritroblasto 
RBC MORPH 
Alterações morfológicas nos 
eritrócitos 
NWBC Leucócitos frágeis ou duvidosos 
 
 
RESULTADOS 
 
 De um total de 118 hemogramas 
analisados, 97 foram liberados automaticamente 
(82,2%) por se encontrar dentro dos critérios de 
liberação por interfaceamento direto. E 21 
hemogramas (correspondendo a 17,8% do total) 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 7 
 
necessitaram de revisão na distensão sanguínea 
durante a rotina da seção. 
 Os 21 hemogramas que não foram 
liberados automaticamente tiveram suas causas de 
exclusão confirmadas, estando as mesmas 
detalhadas na tabela 3 e suas respectivas 
alterações descritas na tabela 4. A contagem total 
de hemácias e leucócitos foi avaliada 
indiretamente pela observação das lâminas de 
esfregaço sanguíneo e não houve discrepância. A 
contagem microscópica do número total destas 
células não foi realizada. Sabe-se que a contagem 
destas células em câmara de Neubauer com 
auxílio de microscopia é imprecisa. Desta forma, 
optou-se por não avaliar a concordância entre os 
dois métodos de contagem. Com relação às 
plaquetas, duas amostras apresentaram valores 
abaixo de 140.000/µl e uma com 864.000/µl que 
após reexame pelo método de Fônio, tiveram suas 
contagens confirmadas. 
 
Tabela 3 - Causas para não-liberação automática 
dos hemogramas 
Causas n Causas n 
Baixo valor de E, Hgb e 
Htc 
7 Leucocitose 3 
Alto valor de VCM 1 Leucopenia 4 
Alto valor de RDW 8 Neutrofilia 3 
Baixo valor de VCM 2 Neutropenia 3 
Baixo valor de CHCM 1 Linfocitose 3 
Baixo valor de HCM 2 Linfopenia 3 
Flags: BAND 4 Trombocitose 1 
NWBC 2 Trombopenia 2 
VAR LYM 2 
IG 4 
E = eritrócitos, Hgb = hemoglobina, Hct = hematócrito. 
 
 
Tabela 4 - Alterações morfológicas visualizadas 
nas lâminas independentes dos dados numéricos 
Causas n Causas 
n
 
Anisocitose 8 Linfocitose 6 
Microcitose 5 Linfopenia 5 
Hipocromia 5 Monocitose 9 
Poiquilocitose 5 Eliptocitose 3 
Macrocitose 2 Hemácias em alvo 4 
Linfócitos 
atípicos 
3 Macroplaquetas 3 
Neutrofilia 3 Granulações tóxicas 5 
Neutropenia 3 Desvio à esquerda 2 
 
 
Os dados foram registrados em um banco 
de dados eletrônico gerado pelo programa SPSS 
15.0 (versão 15.0, SPSS Inc. Chicago, IL, EUA). 
A concordância entre os resultados automatizados 
e a leitura das lâminas foi determinada pelo 
coeficiente de correlação intraclasse - CCI (do 
inglês Intraclass Correlation Coefficient), que 
utiliza de uma análise de variância para mensurar 
a variabilidade originada pelos dois métodos, 
onde valores entre 0 - 0,3 significam nenhuma 
ou pequenacorrelação, 0,3 - 0,5 correlação 
regular, 0,6 - 0,8 correlação moderada a boa e 
maior ou igual a 0,8 correlação muito boa a 
excelente (CHAN, 2003). 
 As tabelas 5 e 6 descrevem as análises 
estatísticas entre a contagem diferencial de 
leucócitos pela microscopia e automatizada dos 
resultados liberados (tabela 5) e não-liberados 
diretamente (tabela 6) e dos aparelhos de 
automação em hematologia. A contagem 
diferencial dos leucócitos apresentou boa 
concordância entre os dois métodos de contagem, 
exceto na contagem de basófilos dos hemogramas 
liberados diretamente. 
.A correlação (r) entre os dois métodos 
de contagem foi determinada pelo Método de 
Spearman e encontra seus valores descritos na 
tabela 8 e 9 e figuras 1 a 5. Valores de r entre 0 -
0,3 indica uma fraca correlação, entre 0,3 – 0,7 
correlação moderada e acima de 0,7 uma forte 
correlação. A correlação entre os dois métodos de 
contagem estudados foi forte, exceto na contagem 
de basófilos (tabela 7 e 8). 
Após a análise dos resultados dos 118 
hemogramas estudados, constatou-se que dos 97 
hemogramas liberados automaticamente, apenas 
um hemograma apresentou discordância entre a 
contagem diferencial de leucócitos dos métodos 
automatizados e microscópicos e a mesma 
apresentava relevância clínica e merecia ser 
informada. Nenhuma observação obtida na 
população eritrocitária teve relevância clínica. 
Neste resultado a contagem do aparelho 
apresentou-se dentro dos valores de normalidade 
e não houve a sinalização de presença de células 
imaturas pelo aparelho. A contagem microscópica 
revelou a presença de 6 bastões (célula imatura, 
antecessor do segmentado ou neutrófilos na escala 
de maturação celular). 
 Para todas as comparações feitas, valores 
p bicaudais menores ou iguais a 0,05 foram 
considerados estatisticamente significativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 8 
 
 
Tabela 5 – Descrição estatística entre a Contagem 
Automatizada versus Contagem Manual dos hemogramas 
liberados diretamente 
 (A) (B) 
Diferença 
A-B 
CCI* 
Valor 
de p 
Neutrófilos 57,05 56,25 0,8 0,9 P<0,001 
Linfócitos 30,91 32,67 -1,76 0,9 P<0,001 
Monócitos 7,72 7,1 0,62 0,7 P<0,001 
Eosinófilos 3,1 2,6 0,5 0,8 P<0,001 
Basófilos 1,1 0,5 0,6 0,1 P= 0,11 
A- Média da Contagem Automatizada; B- Média da Contagem 
Microscópica 
 
 
Tabela 6 – Descrição estatística entre a Contagem 
Automatizada versus Contagem Manual dos hemogramas 
não - liberados diretamente 
 (A) (B) Diferença 
A-B 
CCI Valor de 
p 
Neutrófilos 56,4 55,2 1,2 0,6 P<0,001 
Linfócitos 30,8 32,2 -1,4 0,9 P<0,001 
Monócitos 8,2 7,6 0,6 0,9 P<0,001 
Eosinófilos 3,4 3,3 0,1 0,7 P<0,001 
Basófilos 1,2 0,52 0,68 0,9 P<0,001 
A- Média da Contagem Automatizada; B- Média da Contagem 
Microscópica 
 
 
Tabela 7 – Correlação de Spearman entre os dois 
métodos- hemogramas liberados 
 Correlação (valor de r) Valor de p 
Neutrófilos 0,8 p< 0,001 
Linfócitos 0,8 p< 0,001 
Monócitos 0,6 p< 0,001 
Eosinófilos 0,7 p< 0,001 
Basófilos 0,16 P= 0,08 
 
 
 
 
DISCUSSÃO 
 
Desde a década de 60, quando os 
primeiros contadores eletrônicos começaram a 
serem usados na rotina dos laboratórios, que os 
profissionais da área viram os contadores como 
aliados, pois possibilitaria a emissão de resultados 
de forma mais rápida e minimizaria o erro 
aleatório humano. (WARD, 2000) 
No entanto, muito se discute sobre a 
precisão e a sensibilidade dos resultados liberados 
pelos equipamentos hematológicos (RAO et al. 
2007). Para assegurar esse dois parâmetros, os 
laboratórios utilizam um rígido controle interno 
de qualidade interno para garantir a 
reprodutibilidade desses equipamentos. Os 
controles utilizados pela Seção de Hematologia 
são de origem comercial e contem células fixas 
que são ensaiados pelo próprio fabricante para 
determinar variações-alvo. Seus valores são 
checados diariamente, monitorando todos os 
parâmetros do hemograma emitido pelo 
equipamento, inclusive a contagem diferencial. 
Além disso, é realizado o Controle de Qualidade 
Externo utilizando o Programa Controlab que é 
um sistema de controle de ensaios para 
laboratórios de análises em geral com publicação 
de laudos e resultados de conhecimento público. 
E apenas sob essas condições de qualidade que o 
presente trabalho pôde ser realizado. 
As análises demonstraram que na 
comparação do método automático com método 
manual (liberado diretamente ou não) houve 
concordância entre as contagens diferenciais 
celulares demonstrados pelo método CCI e houve 
correlação pelo método de Spearman. 
Grimaldi e Scopasa (2000) já haviam 
demonstrado a alta correlação entre a contagem 
do Cell Dyn 4000 com a contagem manual entre 
os neutrófilos, linfócitos, monócitos e eosinófilos 
e baixa correlação na contagem de basófilo. 
Resultado esse já descrito na literatura devido ao 
fato da pouca presença de basófilos nas amostras, 
em torno de 1%. Diferença compreendida quando 
se pensa que o equipamento tem muita mais 
chance de analisar um basófilo em 10.000 células 
contadas contra 100 contadas pelo olho humano. 
Failance e Pranke (2004) encontraram 
resultados similares aos nossos ao avaliarem os 
critérios de liberação automática. No entanto, 
realizaram a análise dos resultados por métodos 
pouco adequados para a avaliação de 
concordância entre dois métodos (CHAN, 2003). 
Nosso estudo demonstrou haver 
concordância entre os dois métodos de contagem 
avaliados. Entre os 21 hemogramas selecionados 
para revisão de lâmina pelos critérios definidos 
Tabela 8 – Correlação de Spearman entre os dois 
métodos - hemogramas não-liberados 
 Correlação (valor de r) Valor de p 
Neutrófilos 0,9 p< 0,001 
Linfócitos 0,9 p< 0,001 
Monócitos 0,7 p< 0,001 
Eosinófilos 0,8 p< 0,001 
Basófilos 0,4 P< 0,003 
 
 
 
 
 
Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.1, p.04-10, jan-jun 2011. Página 9 
 
pela seção, em 18 casos foram encontrados 
alterações morfológicas com relevância clínica e 
em três dos casos não foram observados 
alterações. Esses 21 hemogramas que não foram 
liberados diretamente apresentaram rejeição 
satisfatória com relação à contagem encontrada na 
distensão sanguínea, no entanto apresentaram 
alterações morfológicas (tabela 4) que por estar na 
maioria das vezes acompanhadas de alterações 
numéricas (ex.: anemia, leucocitose, 
trombocitose), confirmaram a indicação para 
reavaliação microscópica. Muitas dessas 
alterações morfológicas e inclusões eritrocitárias 
são imperceptíveis ao equipamento, no entanto 
deve-se avaliar a real importância clínica 
associando sempre que possível às alterações 
quantitativas, pois anomalias como eliptocitose e 
presença de esquizócitos são curiosas, mas se 
isoladas apresentam pouca importância. 
 Os valores de eritrócitos, VCM e de 
hemoglobina são critérios importantes para a 
revisão de lâmina devido ao fato de estarem 
associados ao diagnóstico de anemias, por 
exemplo. O hematócrito e o HCM são resultados 
calculados pelo computador a partir de 
determinações diretas dos parâmetros acima feitas 
pelo equipamento (FAILACE, 2003). Por este 
motivo, considerá-los individualmente seria 
redundante, sugerindo-se assim por muitos 
autores retirá-los do critério de reprovação. 
Dos oito casos que apresentaram RDW 
maiores que 15%, apenas um não foi encontrado 
alteraçõesmorfológicas, o que sugere que a 
exclusão pelos valores de RDW é um critério a 
ser mantido. 
O CHCM é um parâmetro que apesar de 
ser derivado de um cálculo merece ser avaliado, 
pois é internacionalmente utilizado para avaliar 
resultados emitidos pelos aparelhos 
automatizados (FAILACE & PRANKE, 2004). 
Valores acima de 36% ou abaixo de 30% com 
outros parâmetros dentro da normalidade 
justificam a recontagem em aparelho alternativo. 
Por outro lado, entre os hemogramas 
liberados diretamente, sem revisão de lâmina, 
apesar da concordância da contagem diferencial 
dos leucócitos entre os dois métodos de 
contagem, um hemograma apresentou 
discordância entre a contagem diferencial de 
leucócitos do métodos automatizados e 
microscópicos e a mesma apresentava relevância 
clínica e merecia ser informada. Neste resultado 
discordante observou-se que o equipamento não 
emitiu sinal de alarme (flags) para células 
imaturas, porém 6 bastões foram encontrados na 
revisão da lâmina. Observou-se que o aparelho 
somente emite flags de bastões (BAND) quando o 
percentual de contagem destas células está acima 
de 12,5% de bastões, com margem de erro de 
50%. Como a contagem acima de 5% destas 
células possui relevância clínica (OLIVEIRA, 
2007), faz-se necessário a modificação do limiar 
percentual destas células para a geração deste flag 
pelo equipamento através da solicitação de 
assistência técnica e científica para que casos 
isolados como esse não ocorram. 
No entanto o outro flag que indica a 
presença de linfócitos atípicos – VAR LYM - 
demonstrou alta reprodutibilidade. O resultado de 
um hemograma com esta sinalização emitida pelo 
equipamento foi confirmado após revisão de 
lâmina. 
A confiabilidade com relação aos flags é 
uma questão muita discutida na literatura. 
Hoedemakers et al. já havia questionado em seu 
trabalho a relação entre a emissão de flags pelo 
equipamento e a comprovação dos mesmos na 
revisão de lâmina. O autor comprovou que o 
número de resultados automatizados com flag é 
superior ao número de casos que comprovam 
essas sinalizações após revisão de lâmina. O autor 
utiliza-se de recursos tecnológicos do 
equipamento, como o índice de confiabilidade, 
para melhor selecionar os hemogramas com flags 
que necessitam revisão de lâmina. Faz-se 
necessário um maior número de hemogramas 
avaliados para a melhor utilização destes 
parâmetros na seleção de lâmina para revisão. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Os resultados obtidos foram satisfatórios 
para analisar os critérios utilizados na rotina do 
setor de hematologia do Hospital Naval Marcílio 
Dias para a liberação direta dos hemogramas. O 
presente trabalho demonstrou que a maioria dos 
critérios adotados para liberação automática 
devem ser mantidos, pois contribuem para a 
qualidade dos resultados gerados bem como 
favorecem a correta utilização da tecnologia 
aplicada ao diagnóstico clínico. Garantindo-se 
assim a confiabilidade nos equipamentos 
utilizados e contribuindo para a política de gestão 
de qualidade adotada pelo Serviço de Análises 
Clínicas do HNMD, que preza pela segurança e 
eficiência no diagnóstico emitido ao paciente. 
 
 
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Recebido em / Received: 2010-12-14 
Aceito em / Accepted: 2011-06-27

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