Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Volume 10 por Leonel Alves de Oliveira, Marco Antônio Brandão Pontual, Eduardo Rêgo Barros e Moira Pedroso Leão Do L-PRF ao Stick Bone™ – opções terapêuticas na Implantodontia usando concentrados plaquetários Apresenta 10 10 APRESENTAÇÃO Esta é uma história de evolução: muitas vezes, a ideia é boa, mas o seu desenvolvimento não fornece os resultados esperados. Então, parece que estamos navegando em águas misteriosas, embora com farol perto para conduzir o barco em segurança. Nós sabemos que durante o processo de reparo, o organismo humano se vale dos fatores de crescimento. Então, por que não colocar toda a pólvora no mesmo canhão e fazer a bala voar mais longe? Por que não concentrar esses fatores e propiciar um “boost”? Ah, sim, o segredo estava em manter os efeitos da bala pelo maior tempo possível, mas poucos se deram conta ou não sabiam como fazer. Muitos quase chegaram lá, mas os protocolos de obtenção eram demorados. Até agora. Começamos com o PRP, e, depois de 20 anos, evoluímos para o PRF. Um concentrado rico em plaquetas e leucócitos, no qual a malha de fibrina funciona como arcabouço para liberação lenta dos fatores de crescimento e inflamatórios contidos nesses elementos. Os primeiros resultados já são visíveis: a qualidade do tecido mole realmente pode mudar, quer seja no reparo das feridas periodontais ou da pele! E nessas águas, nossos autores não são marinheiros de primeira viagem: o convés do barco PRF conta com a experiência dos Professores Leonel de Oliveira, Marco Pontual e Eduardo Rego Barros, amantes da natureza marinha e exímios cartógrafos da navegação cirúrgica, sempre supervisionados pela experiente capitã, Professora Moira Leão, uma grande cientista das células-tronco e participante da companhia marítima odontológica nacional. Brincadeiras à parte, neste e-book, o leitor terá uma ideia do que se pode fazer com o PRF de A a Z, chegando ao seu desenvolvimento mais recente: a combinação com osso particulado. Enfim, o sonho do material injetável 100% autólogo toma vida para beneficiar nossos pacientes. Portanto, vamos içar nossas suas velas para alcançar mares nunca antes navegados! Boa leitura! Paulo Rossetti Editor científico de Implantodontia da ImplantNewsPerio Antonio W. Sallum Editor científico de Periodontia da ImplantNewsPerio 3 10 Autores Marco Antônio Brandão Pontual Graduado em Odontologia – Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); Mestre em Reabilitação Oral – Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP); Doutor em Implantodontia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Pós-doutorando em Odontologia – Universidade Federal Fluminense (UFF); Master in Esthetic Implant Dentistry, University of Bern, Switzerland; International Member of the American Academy of Periodontology, Chicago, IL, EUA; Membro da Academia Brasileira de Odontologia; Professor associado IV e coordenador de Implantodontia – Universidade Federal do Espírito Santo. Leonel Alves de Oliveira Graduado em Biologia – Centro Universitário de Brasília (UniCEUB); Graduado em Odontologia – Faculdades Integradas do Planalto Central (Faciplac); Especialista em Implantodontia – Universidade do Norte de Minas (Funorte); Mestre em Bioquímica – Universidade de Brasília (UnB); Doutorando em Ciências Médicas – UnB; Professor colaborador e pesquisador associado da Área de Morfologia – Faculdade de Medicina – UnB; Assessor técnico suplente do Conselho Federal de Odontologia para assuntos relativos a sangue, células-tronco, tecidos e derivados; Representante do CFO junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na comissão de Biovigilância. Moira Pedroso Leão Graduada em Odontologia – Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Especialista em Prótese Dentária – Associação Brasileira de Odontologia (ABO/R); Especialista em Saúde Coletiva – Universidade Positivo (UP/PR); Mestre e doutora em Implantodontia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Professora titular e pesquisadora – Universidade Positivo; Diretora administrativa do Centro de Tecnologia Celular Curityba Biotech; Assessora técnica do Conselho Federal de Odontologia para assuntos relativos a sangue, células-tronco, tecidos e derivados; Membro da Câmara de Assessoramento Técnico em Terapia Celular junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Representante do CFO junto à Anvisa na comissão de Biovigilância. Eduardo Rego Barros Graduado em Odontologia – Universidade Gama Filho (UGF); Especialista em Periodontia – Universidade de Nova Iguaçú (Unig); Especialista em Implantodontia – Fundação Técnico- Educacional Souza Marques; Especialista em Radiologia – Universidade Grande Rio (Unigranrio). 4 10 capítulo1 Do L-PRF ao Stick Bone™ – opções terapêuticas na Implantodontia usando concentrados plaquetários 5 10 Introdução Sticky Bone™ é uma marca registrada e refere-se a um compósito obtido pela mistura de osso particulado com uma matriz polimerizável de fibrina autóloga ainda em fase líquida. O termo em inglês significa “osso pegajoso”, ou em melhor adaptação à nossa vernácula, “osso em matriz pegajosa”1. Esta matriz de fibrina em fase líquida pode ser obtida sem inter- venção química na cascata de coagulação, apenas promovendo seu retardamento por não ativação2-3, o que torna sua metodologia muito distinta do plasma rico em plaquetas (PRP)4. Sua obtenção deriva do método de preparo da fibrina rica em plaquetas (FRP)5, que é uma matriz leucoplaquetária por também adicionar alta concentração de leucócitos mononucleares em sua composição6. Este agregado sanguíneo – baseado na fisiologia da hemostasia e seu emprego como adjuvante nos mecanismos de reparo tecidual7 – tem conquistado adeptos no campo da Implantodontia e da Reabili- tação oral, cujos resultados clínicos são fortalecidos por uma grande casuística de sucesso e crescente produção científica6,8-9. Como o coágulo sanguíneo natural é o adjuvante da neoformação óssea, existem evidências de uma resposta angiogênica e reparadora otimizada10 com o uso de um coágulo potencializado por concentrar uma rede de fibrina mais densa, enriquecida por glicoproteínas adesivas, alta concentração de plaquetas, micropartículas circulantes e leucócitos mononucleares11-12 (Figura 1). Os processos reconstrutivos por meio de enxertias ósseas torna- ram-se procedimentos muito comuns na prática odontológica por proverem um arcabouço rígido, mineralizado e de lenta reabsorção13 que em sinergismo com os elementos sanguíneos criam um microam- biente ideal para a neovasculogênese e a acomodação de células indiferenciadas14 orquestrantes da neoformação óssea15. É comum utilizar-se na prática cirúrgica a técnica da descorticali- zação para aumentar a irrigação sanguínea do enxerto e a exposição, por contato, com o endósteo e o sítio base de células-tronco, a medula óssea14. Considerando que as reconstruções ósseas são importantes artifícios reabilitadores estéticos e funcionais do complexo bucomaxi- lofacial16, conhecer a ultraestrutura da relação dos substitutos ósseos com o sangue humano pode auxiliar a compreensão das relações celulares e biomoleculares da neoformação tecidual17-18. Este capítulo apresenta, à luz da microscopia eletrônica de varredura (MEV), a caracterização da malha de fibrina19 leucoplaque- tária autóloga em sua associação com substituto ósseo particulado configurando uma potencial aplicação terapêutica em reconstruções ósseas1. Fundamentos biológicos A fibrina é uma proteína que se forma pela clivagem do fibrinogênio, convertendo-o em monômeros de fibrina e posterior rearranjo molecular em polímeros por ligações peptídicas específicas e funcionais dando origem a fibrilas de fibrina17-19. Figura 1 – Micrografiaobtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) da fração do pelet leucoplaquetário (faixa de transição entre o sobrenadante e o hemossedimento). Aumento de 3.000 vezes. Evidência da alta concentração leucocitária e plaquetária, bem como de sua preservação estrutural. A imagem ilustra ainda a íntima associação das plaquetas com a superfície dos leucócitos por forte adesão. 6 10 Várias outras proteínas plasmáticas como glicoproteínas, albumina e imunoglobulinas se ligam especificamente à rede de fibrina conferindo-lhe maior resistência mecânica, elasticidade e intensa atividade adesiva17,20. Ela atua no leito dos tecidos lesados como um arcabouço tridi- mensional constituinte do coágulo sanguíneo, cuja ação é prover a hemostasia21, bem como a migração e a adesão celular18-19. Deste modo, forma um microambiente favorável e funcional à acomodação celular para reorganização tissular22-24 (Figuras 2). Há uma grande importância na estrutura da malha de fibrina e sua interação com glicoproteínas adesivas do plasma, como fibronectina e vitronectina, que dando suporte estrutural à rede confere-lhe uma arquitetura mimética a uma autêntica matriz extracelular de tecido conectivo25. Nesta, células migratórias como fibroblastos, células-tronco mesenquimais e outras mononucleares migram e modulam favoravel- mente os eventos reconstrutivos e angiogênicos nos leitos lesados pela ação conjunta dos fatores de crescimento (FsC) presentes na malha24,26-27. A angiogênese, fundamental nos processos reparadores, é especialmente dependente dos FsC oriundos da degranulação dos α-grânulos plaquetários28-30. Os FsC dependem da matriz de fibrina, como arcabouço de suporte e proteção proteolítica24. Eles se desprendem da malha de fibrina de forma lenta e gradual, acompanhando a fibrinólise6,18,24. O contato da matriz de fibrina com a superfície das células endoteliais representa o principal sítio iniciador da fibrinólise. Por isto, a neoformação vascular em área lesada tem seu início no leito da própria matriz de fibrina10. Também está associada à migração de fibroblastos, síntese de colágeno e reconstrução de nova matriz por substituição. Ou seja, a fibrinólise gera o espaço para a ocupação da nova matriz de colágeno e a angiogênese31. Além dos FsC, oriundos dos grânulos alfa, as plaquetas possuem também os grânulos densos cujo conteúdo exocitado corrobora com sua diversidade biológica funcional32-33 (Tabela 1). Figura 2a – Coágulo de fibrina em dimensão macroscópica. Figura 2b – Membrana de fibrina leucoplaquetária autóloga com ampliação por microscopia eletrônica de varredura (MEV) em distintas porções. Fração superior (densa rede de fibrina). Meio do coágulo (leucócitos e plaquetas capturados) e pelet leucoplaquetário (alta concentração de plaquetas ativadas e mononucleares). A B 7 10 Os principais fatores de crescimento angiogênicos são: fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e fator de crescimento fibroblástico básico (FGFb)29,34. Cada tipo de fator de crescimento, na verdade, representa um grupo com vários peptídeos que atuam de modo sinérgico sobre determinada resposta celular33,35-36. Deste modo, a sinalização celular não ocorre em única via estimuladora proliferativa, mas em vias moduladoras, onde há controle estimulador e inibidor na neoformação vascular e tecidual36-37. Como as plaquetas são as responsáveis diretas pela liberação das famílias VEGF, PDGF e FGFb, existem evidências de precocidade angiogênica nos leitos cirúrgicos enxertados e de sua viabilidade pela aplicação concomitante de agregados plaquetários não transfusionais, cujas concentrações superam a concentração natural de um coágulo de sangue total32,37-38. Agregados plaquetários e leucoplaquetários Os principais tipos de agregados plaquetários não transfusionais que apresentam índices significativos de sucesso terapêutico são o PRP39 e a FRP40. São produtos sanguíneos autólogos obtidos por sedimentação sanguínea com fracionamento seletivo5,41. Plasma rico em plaquetas (PRP) O PRP tornou-se bastante popular no Brasil nos anos 2000, especial- mente devido às publicações de Robert Marx42 e Eduardo Anitua4. Entre- tanto, os primeiros trabalhos sobre o uso não transfusional do sangue em agregados de plaquetas e adesivos de fibrina datam da década de 1970 pelos estudos de Matras e colaboradores43. Antes mesmo das considerações sobre seu potencial terapêutico, era utilizado em experimentação laboratorial para estudos de coagulação e função plaquetária. Os estudos de Chao et al., 1976, descreveram a composição microtubular plaquetária e sua influência na retração do coágulo44. Deste modo, sua evolução alcançou seu ápice terapêutico com os trabalhos de Marx42. O PRP é obtido por bloqueio à coagulação, em geral pelo sequestro do cálcio, por meio da ação quelante do citrato de sódio, ou mesmo por uma ação de inibição enzimática, como é o caso da heparina. Quando do uso de substâncias quelantes, uma vez devolvido o cálcio, adicionando-se substâncias como o cloreto de cálcio ou gluconato de cálcio, pode-se viabilizar a polimerização da fibrina que resultará em um produto na forma de gel. Substâncias como a trombina humana ou bovina também são comumente adicionadas para promover a ativação do coágulo de forma mais rápida e previsível6,39,45-46. Entretanto, a interrupção/aceleração no processo de coagulação/ polimerização da fibrina favorece as ligações poliméricas do tipo laterais e bilaterais que são mais fracas do que as ligações equilaterais obtidas quando o processo ocorre de forma mais lenta e fisiológica11,18,47. As junções equilaterais ligam três fibrilas de cadeia dupla e conferem mais resistência mecânica à rede de fibrina18,48. TABELA 1 – CONTEÚDO DOS α-GRÂNULOS PLAQUETÁRIOS CLASSIFICAÇÃO Metabólitos Agentes fibrinolíticos α2-macroglobulina e plasminogênio Fatores da coagulação Fator V, Fator VIII e multimerina Fatores de crescimento e angiogênicos FGFa, FGFb, EGF, HGF, IGF1, TGFß1, VEGF-A, VEGF-C, PDGF Imunomoduladores ß1H Globulina, Fator D, IgG e C1 inibidor Moléculas de adesão P-Selectina - CD62, Fator de von Willebrand, Trombospondina, Fibrinogênio, Integrina allbß3, integrina avß3 e Fibronectina Outras proteínas Albumina, α1-antitripsina, Gas6, Glicoproteína rica em histidina, Quininogênio de alto peso molecular, osteonectina, protease nexina-ll Quimiocinas Proteínas plaquetárias básicas, Fator4 e ß-tromboglobulina , IL-8, EVA-78, CCL-3, CCL-5, CCL-7, CCL-17, CXCL1, CXCL5. Adaptado de Platelets 2nd Edition 2007. Academic Press. Alan D Michelson. 8 10 O PRP apresenta-se como um gel de fibrina impregnado de fatores de crescimento49. Estes são intensamente liberados após sua aplicação em leito cirúrgico50. Este agregado é isento da presença de leucócitos, devido à metodologia empregada para sua obtenção. Algumas características marcam este produto: a) a intervenção de um anticoagulante, interrompendo o processo natural da coagu- lação sanguínea; b) o duplo processo de centrifugação, submetendo o sangue a uma dupla agressão; c) a extração plasmática seletiva faz do PRP um processo de sensível metodologia51-52. As muitas variáveis dos protocolos de obtenção do PRP, princi- palmente em relação à força centrífuga relativa aplicada sobre as amostras, levaram à obtenção de resultados também muito variados. Muito embora ainda existam possibilidades clínicas de utilização do PRP, estas ficaram bastante reduzidas em função do domínio de técnicas mais seguras, além do fato da técnica necessitar da adição de anticoagulantes e pró-coagulantes que atuam como interferentes químicos na coagulação39,53. Do ponto de vista sanitário, há uma preocupação quanto à metodo- logia de obtenção do PRP.O protocolo clássico de obtenção deste agregado plaquetário recomenda a realização de duas centrifugações, porém, quando da separação entre a porção do sobrenadante (plasma + plaquetas) e a porção eritrocitária é importante ater-se à forma como a coleta está sendo realizada, pois a escolha do recipiente determinará se o processamento poderá ser feito integralmente em consultório ou deverá ser realizado em um Centro de Tecnologia Celular (CTC). Se o sangue total for coletado em bolsas ou kits especiais para esta função, esta separação se dará em “ambiente” fechado, pois as bolsas ou partes do kit se comunicam internamente, portanto, não há contato com o ar. Já quando a coleta é feita em tubos de coleta sanguínea, haverá a necessidade de transferência da porção sobrenadante para outro tubo seco antes de se fazer a segunda centrifugação. No momento da transferência de um tubo para outro poderá haver a contaminação do agregado plaquetário, constituindo-se um risco biológico/sanitário. Por esta razão, a orientação da Anvisa nesta situação, ratificada pela resolução CFO-158/2015, recomenda que o processamento do sangue para obtenção do PRP, quando da adoção de metodologias em que a manipulação seja feita pela técnica aberta (coleta em tubos e realização de dupla centrifugação), o processamento deve ser realizado exclusivamente em Centros de Tecnologia Celular. Entretanto, se o processamento do sangue não utilizar a técnica aberta (coleta em bolsas + centrifugação única ou dupla ou coleta em tubos + centrifugação única) poderá ser realizado em consultório ou em centro cirúrgico54. É importante não confundir processamento do sangue com a ativação da coagulação. Mesmo o processamento sendo realizado em um Centro de Tecnologia Celular, onde há cabines de segurança biológica que garantem um ar ultrafiltrado durante o processo de transferência das porções sanguíneas de um tubo para outro, a ativação da coagulação (devolução do cálcio ou utilização de trombina) pode ser feita no momento do ato cirúrgico, em consultório ou em centro cirúrgico55. Fibrina rica em plaquetas (FRP) A FRP tornou-se, conceitualmente, um substituto natural ao PRP, aumentando sua utilização em cirurgias do complexo bucomaxilo- facial nos últimos anos6,56. Os principais aspectos que lhe confere tal superioridade biológica são a organização estrutural mais densa da rede de fibrina, a liberação lenta dos FsC7,11,57, a presença de leucócitos mononucleares41, o maior aproveitamento do volume sobrenadante e a incorporação de micropartículas circulantes e glicoproteínas adesivas11. A fração de mononucleares agrega um vasto arsenal biológico à FRP. Conta com células-tronco circulantes em baixa concentração (< 0,01%)58-60, bem como FsC leucocitários como o fator de crescimento transformante beta (TGFß)35,61 em sua composição. O termo fibrina rica em plaquetas (FRP) é a tradução literal do inglês platelet-rich fibrin (PRF). Neste agregado, após a formação do coágulo, o resíduo líquido residual é o soro sanguíneo. No PRP, o líquido sobrenadante contém as frações de plasma rico e plasma pobre em plaquetas (PPP)62. O plasma sanguíneo é a fração líquida do sangue em seu estado funcional. Ou seja, líquido, anticoagulado e circulante. Para obter plasma em fração sanguínea extravascular é imperativo o uso de anticoagulantes2,63. O sangue total uma vez coagulado, sua fração líquida residual chama-se soro, pois é desprovida dos fatores da coagulação em quiescência64. Deste modo, ao obtermos FRP (agregado plaquetário coletado em recipiente sem anticoagulantes), o líquido residual obtido após a retração do coágulo não deve ser denominado de plasma pobre em plaquetas (PPP)5-6,65, mas de soro sanguíneo. 9 10 A FRP é concebida como uma matriz de fibrina leucoplaquetária, e não meramente plaquetária66. Trata-se de um coágulo natural e potencializado formado por sedimentação sob força centrífuga relativa (FCR), ou força g, de baixa magnitude, em sistema fechado e única etapa de centrifugação5,56,67. Sua obtenção por venopunção a vácuo5, sem adição química e em meio estéril serviu para caracterizar o método como exequível, reprodutível, com baixo custo e mínima complexidade técnica68. Choukroun et al, 2001, propuseram o método PRF Choukroun Process™5,69 para obtenção de FRP baseado no uso de tubos à vácuo secos estéreis destinados para diagnóstico in vitro e em centrífuga de bancada com rotor de ângulo fixo. Neste método, inicialmente, os autores utilizaram tubo de vidro que posteriormente foi substituído por tubo plástico com óxido de silício (SiO2) pulverizado no interior com ativador de coágulo70-71. Dohan et al, 200948, propuseram uma classificação nominal dos agregados sanguíneos definindo-os de acordo com sua composição e organização molecular da rede de fibrina. Isto gerou a popularização de acrônimos denominativos. Especialmente PRF e L-PRF (Tabela 2). Na evolução dos métodos de obtenção de agregados plaquetários, novos conceitos metodológicos autorais foram sendo consolidados a partir do PRF Choukroun Process™. O método Intraspin L-PRF™ “Leukocyte – platelet rich fibrin” pela composição leucoplaquetária, o A-PRF™ “Advanced – platelet rich fibrin” pelo conceito da aplicação de força centrífuga reduzida gerada pela baixa rotação50, o i-PRF™ “Injectable – platelet rich fibrin” pela obtenção de uma forma injetável do agregado sanguíneo3, o CGF™ “Concentrated growth factors”48,72 pela variação de velocidades durante a centrifugação e conteúdo de células indiferenciadas CD34+ e o método Fibrin System® pela obtenção conjunta de coágulos de fibrina e fibrina em fase líquida73. Todos estes métodos apresentam variações e especificidades metodológicas. Entretanto, todos apresentam aspectos clínicos favoráveis ao reparo tecidual. Os principais pontos de distinção entre estes métodos são os intervalos de tempo, a FRC, os tipos de tubos utilizados e até mesmo o equipamento para centrifugação69,72. Apesar de suas particularidades técnicas, todos os métodos se destinam à obtenção de uma matriz de fibrina isenta de hemácias, com concentração aumentada de leucócitos e plaquetas por volume de coágulo e para aplicação em caráter exclusivamente autólogo e não transfusional40,48. TABELA 2 – PROPOSIÇÃO NOMINATIVA DOS AGREGADOS PLAQUETÁRIOS E LEUCOPLAQUETÁRIOS AGREGADO PLAQUETÁRIO NOMENCLATURA PROTOCOLOS MÉTODO CONCENTRAÇÃO PLAQUETÁRIA DENSIDADE DA FIBRINA PRESERVAÇÃO PLAQUETÁRIA P-PRP Plasma rico em plaquetas puro Cell Separator Automatizado Excelente Baixa Danificada Vivostat-PRF Automatizado Baixa Baixa Danificada Anitua´s-PRGF Manual Baixa Baixa - Nahita PRP Manual Baixa Baixa - L-PRP Plasma rico em plaquetas e leucócitos PCCS PRP Automatizado Boa Baixa - SmartPreP PRP Automatizado Boa Baixa - Margellan PRP Automatizado Boa Baixa - GPS PRP Automatizado Boa Baixa - Friadent Manual Boa Baixa - Curasan Manual Boa Baixa - Regen Manual Boa Baixa - Plateltex Manual Boa Baixa - ACE PRP Manual Boa Baixa - P-PRF Fibrina rica em plaquetas pura Fibrinet PRFM Manual Boa Alta Íntegra e ativada L-PRF* Fibrina rica em plaquetas e leucócitos Fibrin System PRF Choukroun Process Intraspin L-PRF Manual Excelente Alta Íntegra e ativada Adaptado de Dohan Ehrenfest et al, 2006. (*) Único produto sem intervenção anticoagulante. 10 10 As siglas representam o produto biológico que é de domínio público6,48. Entretanto, o método de obtenção e sua respectiva marca comercial são de propriedade privada30,51. Por tal razão, a fim de respeitar a coerência biológica na nomen- clatura dos agregados sanguíneos e primar por sua autodefinição, sugerimos o termo fibrina leucoplaquetária autóloga74-75. Esta nomen- clatura visa enobrecer o domínio público, não se limita a metodologias autoraisespecíficas, se aplica a possíveis evoluções, insere uma classificação generalista e traz em sua essência o princípio de uma denominação autoexplicativa já muito comum nas ciências biológicas. Deste modo, a fibrina leucoplaquetária autóloga não representa outro tipo de produto e nem exclui nenhum dos métodos supracitados74-75. Outros termos muito comuns associados a esta matriz de fibrina são: agregados plaquetários, agregados leucoplaquetários, agregados sanguíneos e biomateriais de fibrina. A fibrina em fase líquida A exequibilidade do método é completamente dependente dos insumos utilizados, tais como tubos, agulhas e centrífuga75. A fibrina em fase líquida pode assim ser denominada por tratar-se de um sobrenadante sanguíneo pós-centrifugação que mantém-se em estado líquido sem que tenha havido intervenção química anticoagulante42. Trata-se, portanto, de um mero retardamento na formação do coágulo3. Neste método, a coagulação depende essencialmente dos próprios elementos intrínsecos do sangue53. Tubos e ativação do coágulo Na dinâmica do laboratório de análises clínicas, a precocidade na formação do coágulo é fundamental para garantir a eficiência opera- cional da demanda clínica. Por esta razão, os tubos utilizados para obtenção de espécimes para sorologia devem promover aceleração na formação do coágulo2,76. Os tubos para coleta sanguínea à vácuo para sorologia foram idealizados por Joseph Kleiner e Becton Dickinson em 1949. Inicial- mente, eram apenas os tubos de vidro. A superfície do vidro acelera a coagulação pela ativação do fator XII da coagulação77. O arranjo molecular do vidro proporciona um material altamente denso, o que favorece a eficiência e a durabilidade do vácuo2,53. Entre- tanto, seu uso aumenta os riscos ocupacionais do laboratorista pela fragilidade e vulnerabilidade à quebra76. Recentemente, nos Estados Unidos da América, os tubos plásticos (polietileno, polipropileno e poliestireno) substituíram os tubos de vidro por normatização da Occupational Safety and Health Administration (OSHA). Entretanto, os tubos plásticos não oferecem a superfície hidrofílica oxidante capaz de ativar o fator XII da coagulação. Deste modo, foram inseridos silicatos como ativadores de coágulo impregnados em sua superfície interna70,78, gerando os conhecidos tubos com ativador de coágulo (Figuras 3). Alguns tubos plásticos isentos de sílica destinam-se a aplicações diagnósticas especiais, por exemplo, a triagem de elementos traço e metais pesados. São tubos plásticos à vácuo, estéreis, secos e isentos de anticoagulante ou pró-coagulante53. A isenção de SiO2 não bloqueia a coagulação, mas a retarda sobremaneira, fornecendo ao final do ciclo de centrifugação um agregado sanguíneo sobrenadante rico em fibrinogênio ativado, mas ainda em fase líquida3,79. Figuras 3 – Tubos com e sem ativador de coágulo. A. Tubo plástico sem aditivo. B. Tubo com ativador de coágulo pulverizado na parede interna do tubo. Foto: Prof. Marcelo Gaspar. A B 11 10 Como a fibrina é uma proteína insolúvel formada por polimerização de monômeros, é inconcebível a existência e a denominação de fibrina líquida. Por tal razão, é tecnicamente coerente denominá-la fibrina em fase líquida, por tratar-se de um estágio precedente à forma polimerizada, mas com lenta e irreversível ativação polimérica do fibrinogênio75,80. Este princípio de retardamento na formação do coágulo provê uma importante estratégia de manipulação deste agregado sanguíneo para aplicações clínicas, tanto na aglutinação de biomateriais1, como a forma injetável3,80. Coleta sanguínea A coleção sanguínea para obtenção de agregados leucoplaque- tários autólogos para uso não transfusional no âmbito da Odontologia pode ser realizada pelo cirurgião-dentista em território brasileiro. Tal prática está regulamentada pela resolução 158/2015 do Conselho Federal de Odontologia54,66. A coleta sanguínea para a obtenção de fibrina leucoplaquetária possui algumas particularidades que a difere da coleção sanguínea comumente realizada para fins diagnósticos em laboratórios de análises clínicas e hospitais81. O tempo demandado para realização da coleta é um ponto crítico no método. Este deve ser minimizado por adequada eficiência e manejo dos insumos69. No laboratório de análises clínicas, a precocidade da formação do coágulo é um ponto favorável para as análises sorológicas81. Para o uso na Odontologia, a minimização do tempo que precede a centrifugação é fundamental para que a malha de fibrina se forme apenas durante a centrifugação e na ausência das hemácias75. Coágulos diminutos e impregnados de hemácias denunciam este detalhe metodológico69. Uma vez que o sangue entra em contato com a parede do tubo, o fator XII já é ativado por oxidação. O fator XII, também conhecido como fator de Hageman, é uma proteína plasmática que se torna ativada pelo contato com estruturas aniônicas, carregadas negativamente, como por exemplo o SiO2 dos tubos de coleção sanguínea76. O impacto do fluxo sanguíneo gerado pela sucção à vácuo pode provocar ruptura plaquetária e, consequentemente, maior concentração de cálcio, ativando precocemente o fator II da coagulação82. Deste modo, a coagulação inicia com a entrada do sangue no tubo. Quanto mais intensa a FCR aplicada, maior o nível de ruptura plaquetária. Por tal razão, os métodos de obtenção de PRP que primam pela integridade plaquetária, utilizam, com exclusividade, centrífugas com rotor bascu- lante para evitar o impacto plaquetário com a parede dos tubos55,83. Outro aspecto que pode causar precocidade na formação do coágulo e consequente comprometimento da técnica é a lesão endotelial durante a coleta53. A pressão negativa do vácuo, na ponta da agulha, pode agredir o endotélio expondo o colágeno subendotelial e demais fatores extrínsecos como o colágeno, o fator de von Willebrand e o fator tecidual (tromboplastina tecidual)53. Neste caso, a formação do coágulo se torna muito precoce21,76. A execução da coleta deve ser minimamente traumática por eleição de veia volumosa e superficial, preferencialmente da fossa antecubital64 (Figura 4). Centrífugas e centrifugação A centrifugação é uma metodologia utilizada para acelerar a sedimentação do sangue84-85. A própria ação gravitacional terrestre é suficiente para sedimentar os elementos sanguíneos mais densos. Entretanto, a formação do coágulo no interior dos tubos ocorre mais precocemente do que a sedimentação espontânea21. Deste modo, a formação da rede de fibrina ocorre na presença das hemáceas, formando um coágulo de sangue total e não um coágulo de fibrina (Tabela 3). Na obtenção dos coágulos de fibrina leucoplaquetária é imperioso que a sedimentação das hemácias ocorra antes da formação do coágulo82. Figura 4 – Veias antecubitais. 1. Cefálica. 2. Intermédia cubital. 3. Basílica. 12 10 O movimento angular em uma centrífuga amplifica a força gravi- tacional, gerando uma FCR, que é uma unidade de aceleração definida como 9,806 m/s², o que é aproximadamente igual à aceleração devida à gravidade na superfície da Terra. Uma FCR de 300 significa dizer que esta força é 300 vezes mais forte que a força gravitacional85. A velocidade da força angular, medida em rotações por minutos (RPM), é diretamente proporcional à força g, da mesma forma, o raio (r) do rotor da centrífuga (distância do eixo de rotação até o ponto central do tubo) também é diretamente proporcional à força g. Deste modo, quanto maiores a velocidade e o raio, maior será a força empregada sobre o espécime. A correlação entre RPM, raio e força g pode ser obtida pela equação: FCR ou Força g = 1,12 x r x (RPM/1000)². Para ser reprodutível, qualquer metodologia de obtenção dos agregados plaquetários deve ser descrita em função de FCR por intervalode tempo. Pois quando em função de RPM limita-se a uma identidade de raio e angulação do rotor, ou seja, cria-se uma especificidade quanto ao modelo da centrífuga, gerando a equivocada conclusão de que o equipamento é ponto fundamental do processo24,69. A mesma FCR pode ser obtida em máquinas distintas com o devido ajuste de cálculo85. Deste modo, apesar de não ser exclusivista, carac- terísticas como nível de vibração e aquecimento são pontos críticos na escolha do equipamento quando se visa a preservação das propriedades biológicas dos agregados sanguíneos para aplicações clínicas69. Angulações distintas do rotor da centrífuga influenciam nas dimensões do coágulo de fibrina, e são determinantes na distribuição celular do pelet leucoplaquetário69 (Figuras 5 e 6; Tabela 4). TABELA 3 – DENSIDADE DOS COMPONENTES SANGUÍNEOS COMPOSTO SANGUÍNEO DENSIDADE (g/cm³) Plasma 1,020 Plaquetas 1,040 Mononucleares 1,060 Polimorfonucleares 1,085 Eritrócitos 1,095 Adaptado de Platelets 2nd Edition 2007. Academic Press. Alan D Michelson. Figura 5 – Centrífugas de bancada. Fibrinfuge25® Montserrat. Centrífuga com rotor de 25º desenvolvida para obtenção de fbrina leucoplaquetária autóloga. EBA200 Hettich. Novo modelo da EBA20 Hettich indicada originalmente para obtenção da fibrina rica em plaquetas pelos métodos PRF Choukroun Process™ e Intraspin LPRF™. Figura 6 – Membranas de fibrina obtidas por centrifugação em rotores com diferentes angulações. A. 25°. B. 33°. C. 45°. A B C 13 10 Obtenção do compósito mineralizado em matriz de fibrina A nomenclatura empregada neste manuscrito pretende valorizar o seu aspecto morfofuncional e não meramente metodológico ou autoral. Chamamos este aglutinado de compósito mineralizado em matriz de fibrina. Entretanto, outras nomenclaturas autorais associadas aos métodos de obtenção como Sticky Bone™, i-Bone, Steak Bone e PRF-Block™ apresentam o mesmo objetivo. Obtenção da fibrina em fase líquida A centrifugação deve ser feita, preferencialmente, a 150 g/5min. Tão logo complete a centrifugação, o sobrenadante líquido deve ser aspirado e utilizado, pois o tempo de trabalho para emprego clínico é de aproximadamente 20 minutos. Para viabilizar a aglutinação do biomaterial utilizando-se a fibrina em fase líquida, é necessário retardar a coagulação com o uso imperativo de tubo plástico isento de sílica. Deste modo, obtém-se no final da centrifugação um sobrenadante líquido e polimerizável com tempo de trabalho suficiente para ser manipulado. Variações metodológicas Algumas variantes metodológicas podem afetar o tempo de trabalho reduzindo-o consideravelmente, como a adição de fragmentos de coágulo de fibrina. Esta estratégia além de aumentar o volume do material de enxerto, enriquece-o com conteúdo de fibrina mais densa. A seguir seguem três possíveis variações e suas implicações: 1. Remove-se o sobrenadante imediatamente após a centrifugação com auxílio de pipeta plástica estéril e aplica-se sobre o biomaterial particulado para enxertia. Neste caso, como a polimerização se faz lentamente, o tempo demandado pode ser superior a 15 minutos. 2. Aplica-se o sobrenadante sobre o biomaterial em um recipiente porta enxerto de vidro. O contato com o vidro acelera a polimerização e o tempo é reduzido significativamente para cerca de cinco minutos. 3. Obtém-se um coágulo de fibrina, produzido prévia ou concomi- tantemente, fragmentando-o em diminutas porções misturadas ao biomaterial. O soro drenado deste coágulo serve para hidratar o material de enxerto e o condiciona para receber a fibrina em fase líquida. Aplicando-a diretamente sobre este conjugado, a polimerização se faz instantaneamente, podendo o compósito ser completamente aglutinado em menos de um minuto. Após o ciclo de centrifugação, o sobrenadante (fibrina em fase líquida) deve ser removido do tubo até o nível inferior do pelet leucopla- quetário com o auxílio de uma pipeta Pasteur estéril e aplicada sobre o xenoenxerto, preferencialmente hidratado em soro sanguíneo (Figura 7). Os fragmentos de fibrina – pelo seu alto potencial hemostático em função das plaquetas ativadas, micropartículas circulantes e rede rica em glicoproteínas adesivas – intensificam a polimerização do conteúdo líquido aglutinando as partículas do biomaterial em uma densa rede de fibrina. TABELA 4 – CARACTERÍSTICAS DAS CENTRÍFUGAS DE BANCADA UTILIZADAS NA OBTENÇÃO DE AGREGADOS PLAQUETÁRIOS MARCA MODELO ORIGEM TIPO RAIO CENTRAL (mm) ÂNGULO MOTOR G A 2000 RPM Centribio 80-2B China Analógica 60 45° Escovas 268.32 Daiki DT4000 China Digital 60 45° Indução 268.32 DragonLab Duo China Digital 105 45° Indução 469.56 DragonLab A-PRF12 China Digital 105 45° Indução 469.56 DigiLab DSC-200A-2 China Analógica 106 45° Escovas 474.03 Hettich EBA20 Alemanha Digital 50 33° Indução 223.60 Hettich EBA200 Alemanha Digital 50 33° Indução 223.60 Intra-Lock Intraspin Alemanha Digital 50 33° Indução 223.60 Kasvi K14-0815 China Digital 48 36° Indução 214.66 Montserrat 80-2B China Analógica 60 45° Escovas 268.32 Montserrat Fibrinfuge25 China Digital 65 25° Indução 290.68 Ortoalresa Microcen23 Espanha Digital 91 30° Indução 406.95 Silfradent Medifuge200 Itália Digital 85 35° Indução 380.12 Spinlab Spinplus China Digital 78 45° Indução 348.82 Cálculo de FRC obtido pela Calculadora da força G do Grupo de Estudos Avançados em Agregados Plaquetários (Geacop) – <www.fibrina.com.br>. Diferentes RCFs ou forças G sendo geradas quando submetidas à mesma rotação. 14 10 A proposta metodológica do emprego de 150 g durante cinco minutos além de prover o aproveitamento do volume sanguíneo, aumenta a difusão sanguínea, ou seja, proteínas plasmáticas e células mononucleares presentes no fundo do tubo permeiam-se por entre as hemácias e direcionam-se para a região de interface entre hemácias e plaquetas, enriquecendo-a com maior concentração proteica e celular. É certo que uma força menor diminui a sedimentação, aumentando a concentração celular em suspensão no sobrenadante. Contudo, diminui o volume obtido. Nota técnica Metodologia para obtenção de fibrina em fase líquida 1. Previamente à coleta, identificar os tubos com o nome do paciente e preparar todo material de coleta. 2. Importante observar que: • Este procedimento dispõe de curto intervalo de tempo para a realização, uma vez que a fibrina apresenta polimerização rápida após a ativação plaquetária. • A coleta deverá, preferencialmente, ser realizada ao final do transoperatório. 3. Garrotear o braço e identificar a veia mais calibrosa para a venopunção, preferencialmente a veia intermédia antecubital. 4. Realizar antissepsia no local com swab de álcool 70%, único movimento ascendente. Não tocar o local após a antissepsia! 5. Introduzir a agulha do cateter agulhado com bizel voltado para cima, em angulação de 15º a 30º. 6. Apoiando-se no adaptador de agulhas, introduzir os tubos de plástico sem ativador de coágulo e aguardar o total preenchimento. No último tubo, retirá-lo e só depois remover a agulha comprimindo a veia puncionada com um rolete de algodão. Orientar o paciente a não dobrar o braço! 7. Levar os tubos à centrífuga imediatamente e submetê-lo à centri- fugação de 150 g/5 min. • A obtenção da fibrina em fase líquida para preparação de compósito mineralizado também pode ser feita anteriormente à cirurgia e neste caso a força de 200 g/10 min pode ser empregada sem prejuízos à concentração leucoplaquetária e viabilidade biológica. Deste modo, em única centrifugação obtém-se fibrina em fase líquida e os coágulos de fibrina. Este é um importante princípio metodológico do protocolo Fibrin System®. Neste caso, o preparo do biomaterial deve ser feito previamente ao preparo cirúrgico do leito receptor.8. Voltar ao paciente e aplicar o curativo. 9. Ao final da centrifugação, recolher os tubos e remover o sobrenadante de imediato utilizando pipeta Pasteur ou seringa plástica ou de vidro. • Indicações – Aplicar sobre o biomaterial. – Coletar o sobrenadante com pipeta Pasteur ou seringa com agulha calibrosa e bizel voltado para o pelet leucoplaquetário. – Picotar um coágulo de fibrina e misturá-lo ao biomaterial. – Aplicar sobre o biomaterial, aguardar a polimerização e levar ao leito cirúrgico receptor. – Levar o biomaterial hidratado ao leito receptor, e in loco, aplicar a fibrina em fase líquida e aguardar a polimerização. 10. Ao final da etapa cirúrgica, aplicar a fibrina em fase líquida recobrindo o sítio cirúrgico de acordo com a aplicação. Obs.: descarte do conteúdo sanguíneo residual. • Aplicar gotas de hipoclorito no interior do tubo para reduzir a carga biológica e desprezar o material no esgoto comum. Caracterização morfológica As imagens seguintes ilustram os aspectos microscópicos por microscopia óptica (MO) e eletrônica de varredura (MEV) do compósito mineralizado em matriz de fibrina obtidos pelo proposto estudo. As micrografias por MEV foram obtidas no Laboratório de Micros- copia e Microanálise do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília e fazem parte do estudo de caracterização morfológica e bioquímica da fibrina leucoplaquetária autóloga (Figuras 8 a 14). As figuras, pelo alto nível de resolução da MEV, demonstram a estrutura da matriz de fibrina obtida neste método associada à superfície do biomaterial osteocondutor. As imagens evidenciam ainda a manutenção da integridade celular e plaquetária e a significativa caracterização da impregnação dos poros do biomaterial com fibrilas de fibrina e micropartículas plaquetárias. Foi utilizada a centrífuga 80-2B Montserrat para obtenção destes espécimes. Ilustrações clínicas Neste tópico, segue uma sequência da obtenção e utilização da fibrina em fase líquida na obtenção do Sticky Bone™ e acomodação em leito cirúrgico em aplicação na elevação do seio maxilar e em reconstrução de maxila atrófica (Figuras 15 a 17). 15 10 Figura 7 – Fibrina em fase líquida. Pipeta e captação do pelet leucoplaquetário. Pipeta Estéril Fibrina em Fase Líquida Pelet Leucoplaquetário Figura 8 – Sticky Bone. Aspecto macroscópico do biomaterial mineralizado Lumina Porous (Critéria, Brasil) impregnado com a matriz de fibrina. O compósito apresenta-se bem compactado, onde suas partículas estão completamente envoltas pela matriz de fibrina. Figura 9 – Microscopia óptica do fragmento ósseo não descalcificado envolto pela matriz de fibrina leucoplaquetária autóloga. Método de coloração HE com aumento de 100 vezes. 1. Rede de fibrina leucoplaquetária. 2. Fragmento ósseo. 16 10 Figura 10 – Micrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento de 750 vezes. Densa malha de fibrina com presença de plaquetas, alguns leucócitos e hemácias entremeadas na malha. Evidência de preservação da estrutura celular. Ao centro, um pequeno fragmento ósseo envolto pelas fibrilas de fibrina. Rede de fibrina com evidentes junções equilaterais revestindo a estrutura mineralizada neste campo. Figura 11 – Micrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento de 1.100 vezes. Densa malha de fibrina cobrindo parcialmente o fragmento ósseo. A porosidade do material evidencia a penetração de fibrina em sua estrutura. Figura 12 – Micrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento de 1.700 vezes. Densa malha de fibrina nas margens da imagem e ao centro a penetração da fibrina nos poros do biomaterial. Plaquetas ativadas e uma hemácia ao fundo com integridade morfológica evidenciada. Figura 13 – Micrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento de 3.500 vezes. Densa malha de fibrina ao fundo e um pequeno fragmento de biomaterial “capturado” pela rede de fibrina. Figura 14 – Micrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (MEV) com aumento de 1.600 vezes. Fragmento do biomaterial com malha de fibrina repousada sobre sua superfície. Evidência da porosidade do biomaterial impregnada de micropartículas plaquetárias e densa rede aderida. 17 10 Figuras 15 – Obtenção do Sticky Bone. A. Coágulo de fibrina. B/C. Fragmentos do coágulo misturados ao biomaterial. D. Remoção da fibrina em fase líquida e do pelet leucoplaquetário. E. Aplicação da FFL sobre o biomaterial. F. Compósito pronto para ser aplicado no leito cirúrgico. A B C D E F 18 10 Figuras 17 – A. Fixação de parafusos com cabeça de largo diâmetro para contenção da ação mecânica tecidual sobre o enxerto. B. Sticky Bone. C. Enxerto acomodado. D. Pós-operatório com oito meses e evidência do ganho ósseo horizontal . Figuras 16 – A. Aplicação de biomaterial apenas com fragmentos de fibrina. B/C. Aplicação de biomaterial particulado com fragmentos de fibrina e aglutinado com fibrina em fase líquida, Sticky Bone. A B C A B C D 19 10 A associação da fibrina em fase líquida aos biomateriais particu- lados para enxertia para a obtenção de um compósito mineralizado em matriz de fibrina trata-se de um método reprodutível, de mínima complexidade técnica, minimamente invasivo, que valoriza a biologia sanguínea e que acrescenta estratégias para manuseio cirúrgico. A produção científica internacional sobre estes agregados sanguíneos e seus efeitos está em plena evolução. O número de estudos clínicos prospectivos e revisões sistemáticas86-87 publicados tem sido crescente e fortalecido a evidência clínica. Entretanto, vários estudos de base, como estudos in vitro e in vivo88-90, têm enaltecido seu alto valor biológico e funda- mentado seu emprego clínico com significativo nível de favorecimento na resposta reparadora e angiogênica sobre os leitos tissulares afetados. As formas mais simples e comuns de comunicação científica neste campo têm sido os relatos de caso e série de casos que demonstram de modo incisivo os efeitos benéficos do uso da FRP nas cirurgias odontológicas91. No Brasil, vários grupos de pesquisadores, clínicos e educadores têm desempenhado um importante papel na divulgação da técnica e acessibilidade metodológica à classe odontológica. Vários trabalhos já publicados no cenário nacional configuram a técnica como segura, efetiva e funcional74-75,92. Considerações finais Os benefícios clínicos, comparativamente ao seu baixo custo de obtenção, poderão colocar os agregados plaquetários autólogos não transfusionais no rol de procedimentos de rotina na prática clínica odontológica, em especial na Implantodontia e na Cirurgia bucomaxilofacial. A segurança legal do cirur- gião-dentista brasileiro e, portanto, a autonomia em relação à prática da venopunção amplia as possibilidades de resoluções terapêuticas e traz para a Odontologia um importante marco histórico em direção à ampliação de opções de tratamento para os pacientes54. Tal qual a descoberta da anestesia e as próprias reabilitações usando-se implantes osseointegráveis que se consolidaram primariamente na Odontologia, o uso do sangue com objetivos não transfusionais segue de forma firme, produzindo conhecimento científico que a Odontologia brasileira orgulhosamente tem a honra e o prazer em contribuir. Agradecimentos Às equipes do Laboratório de Microscopia e Microanálise do Instituto de Biologia e do Laboratório de Morfologia Médica da Faculdade de Medicina, ambos da Universidade de Brasília. À Critéria Biomateriais pela doação do material para estudo morfológico por microscopia eletrônica. 20 10 Referências 1. Dong-Seok Sohn BH, Jin Kim W, Eric Park CCP. Utilization ofAutologous Concentrated Growth Factors (CGF) Enriched Bone Graft Matrix (Sticky Bone) and CGF-Enriched Fibrin Membrane in Implant Dentistry. J Implant Adv Clin Dent 2015;7:17-29.. 2. Lippi G, et al. EFLM WG-Preanalytical phase opinion paper: local validation of blood collection tubes in clinical laboratories. Clin Chem Lab Med. 0, (2016). 3. Mourão CFAB, Valiense H, Melo ER, Mourão NBMF, Maia MDC. Obtention of injectable platelets rich-fibrin (i-PRF) and its polymerization with bone graft: technical note. Rev Col Bras Cir (2015). doi:10.1590/0100-69912015006013 4. Anitua E. Plasma rich in growth factors: preliminary results of use in the preparation of future sites for implants. Int J Oral Maxillofac Implants 1999;14:529-35. 5. Choukroun J, Adda F, Schoeffler CVA. Une opportunité en paro implantologie, le PRF. Implantodontie 2001 ; 42 - 55-62. Implanto 42, 55–62 (2001). 6. Dohan Ehrenfest DM et al. Classification of platelet concentrates (Platelet-Rich Plasma-PRP, Platelet-Rich Fibrin-PRF) for topical and infiltrative use in orthopedic and sports medicine: current consensus, clinical implications and perspectives. Muscles. Ligaments Tendons J 2014;4:3-9. 7. Rodella LF, et al. Growth factors, CD34 positive cells, and fibrin network analysis in concentrated growth factors fraction. Microsc Res Tech (2011). doi:10.1002/jemt.20968 8. Simonpieri A, Choukroun J, Corso MD, Sammartino G, Dohan Ehrenfest DM. Simultaneous Sinus-Lift and Implantation Using Microthreaded Implants and Leukocyte-and Platelet-Rich Fibrin as Sole Grafting Material: A Six-Year Experience. doi:10.1097/ID.0b013e3181faa8af 9. Diss A, Dohan DM, Mouhyi J, Mahler P. Osteotome sinus floor elevation using Choukroun’s platelet-rich fibrin as grafting material: a 1-year prospective pilot study with microthreaded implants. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2008;105:572-9 (2008). 10. Yoon JS, Lee SH, Yoon HJ. The influence of platelet-rich fibrin on angiogenesis in guided bone regeneration using xenogenic bone substitutes: A study of rabbit cranial defects. J Craniomalacia Surg 2014;42:1071-7. 11. Zubairova LD et al. Circulating Microparticles Alter Formation, Structure, and Properties of Fibrin Clots. Nat. Publ. Gr. (2015). doi:10.1038/srep17611 12. Ahmad E, Fatima MT, Hoque M, Owais M, Saleemuddin M. Fibrin matrices: The versatile therapeutic delivery systems. Int J Biol. Macromol 2015;81:121-36. 13. Kim BJ et al. A comparative study of the effectiveness of sinus bone grafting with recombinant human bone morphogenetic protein 2-coated tricalcium phosphate and platelet-rich fibrin-mixed tricalcium phosphate in rabbits. Oral Surg Oral Med. Oral Pathol Oral Radiol (2012). doi:10.1016/j.tripleo.2011.04.029 14. Chatakun P et al. The effect of five proteins on stem cells used for osteoblast differentiation and proliferation: A current review of the literature. Cell Mol Life Sci (2014). doi:10.1007/s00018-013-1326-0 15. Yang S, En L, Yanwei G, Mingguo W. Platelet-rich fibrin promotes osteogenic differentiation of bone marrow mesenchymal stem cells through canonical Wnt/β-catenin signaling pathway. Int J Oral Maxillofac Surg 2015;44(suppl):e310. 16. Smith SE, Roukis TS. Bone and Wound Healing Augmentation with Platelet-Rich Plasma. Clin Podiatr Med Surg 2009;26:559-88. 17. Bannish BE, Keener JP, Woodbury M, Weisel JW, Fogelson AL. Modelling fibrinolysis: 1D continuum models. Math Med Biol (2014). doi:10.1093/imammb/dqs030. 18. Mosesson MW. Fibrinogen and fibrin structure and functions. J Trombos Hemost 2005;3:1894-04. 19. Weisel JW. The mechanical properties of fibrin for basic scientists and clinicians. Biophys Chem (2004). doi:10.1016/j.bpc.2004.07.029 20. Kim OV et al. Foam-like compression behavior of fibrin networks. Biomech Model Mechanobiol doi:10.1007/ s10237-015-0683-z 21. Sacred Heart Health System. Clotted Samples in the Clinical Laboratory What causes clotted specimens ? The top three causes of clotted samples are : Common Anti-coagulated Tube Types Phlebotomy Order of Draw. note 3–4 (2014). 22. Donsimoni JM et al. Implantologie basale : concepts, techniques et applications cliniques. EMC - Odontol. 1, 202–255 (2005). 23. Gassling V, Açil Y, Springer IN, Hubert N, Wiltfang J. Platelet-rich plasma (PRP) and platelet-rich fibrin (PRF) in human cell cultures: Response to letter of Dr. David Dohan Ehrenfest. Oral Surgery, Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endodontology 2010;110:421-2. 24. Bai M et al. Three-dimensional structure and cytokine distribution of platelet-rich fibrin. 116–124 doi:10.6061/ clinics/2017(02)09 25. Grinnell F. Fibroblast biology in three-dimensional collagen matrices. Trends in Cell Biol 2003. doi:10.1016/ S0962-8924(03)00057-6 26. Choukroun J et al. Platelet Rich Fibrin (PRF) : un nouveau biomatériau de cicatrisation: Biotechnologies et fibrine, plaquettes et cytokines, aspects immunitaires, implications thérapeutiques 4e partie : implications thérapeutiques. Implantodontie 2004;13:229-35. 27. Zumstein MA, Bielecki T, Dohan Ehrenfest DM. The future of platelet concentrates in sports medicine: platelet-rich plasma, platelet-rich fibrin, and the impact of scaffolds and cells on the long-term delivery of growth factors. Oper Tech Sports Med 2011;19:190-7. 28. Anitua E et al. New insights into and novel applications for platelet-rich fibrin therapies. Trends in Biotechnol (2006). doi:10.1016/j.tibtech.2006.02.010 29. Anitua E et al. Autologous preparations rich in growth factors promote proliferation and induce VEGF and HGF production by human tendon cells in culture. J Orthop Res 2005;23:281-6. 30. Anitua E, Zalduendo MM, Prado R, Alkhraisat MH, Orive G. Morphogen and proinflammatory cytokine release kinetics from PRGF-Endoret fibrin scaffolds: Evaluation of the effect of leukocyte inclusion. J Biomed Mater Res - Part A (2015). doi:10.1002/jbm.a.35244 31. Dudani AK1, Ben-Tchavtchavadze M, Porter STE. Angiostatin and plasminogen share binding to endothelial cell surface actin. Biochem Cell Biol. 83, 28–35 (2005). 32. Bohatch Jr. MS, Trojan PJJ, Matkovski PD, Favero GM. Quantificação E Análise Dos Fatores De Crescimento Il-6, Tgf-B, Vegf E B-Fgf No Sobrenadante De Cultura De Mieloma Multiplo. Uma Correlação Com O Microambiente Tumoral. Publ. UEPG Ciencias Biol. e da Saude 2010;16:105-9. 33. Kushida S et al. Platelet and growth factor concentrations in activated platelet-rich plasma: A comparison of seven commercial separation systems. J Artif Organs (2014). doi:10.1007/s10047-014-0761-5 34. Zeng Q et al. Release of Growth Factors into Root Canal by Irrigations in Regenerative Endodontics. J. Endod 2016;42:1760-6. 35. Grainger DJ et al. Genetic control of the circulating concentration of transforming growth factor type β1. Hum. Mol. Genet. 8, (1999). 36. Silva JRV, Leitão CCF, Brito IR. A superfamília dos fatores de crescimento transformante-β e o controle da foliculogênese em mamíferos Transforming growth factors -β superfamily members and control of folliculogenesis in mammals. Rev Bras Reprod Anim 2009;33:149-60. 37. Tohidnezhad M et al. Role of platelet-released growth factors in detoxification of reactive oxygen species in osteoblasts. Bone 2014. doi:10.1016/j.bone.2014.04.029. 38. Dohan DM et al. Platelet-rich fibrin (PRF): A second-generation platelet concentrate. Part III: Leucocyte activation: A new feature for platelet concentrates? Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2006. doi:10.1016/j.tripleo.2005.07.010 39. Anitua E et al. Implementation of a more physiological plasma rich in growth factor (PRGF) protocol: Anticoagulant removal and reduction in activator concentration. Platelets 2016;7104:1-8. 40. Dohan Ehrenfest DM, Doglioli P, Peppo GM, Del Corso M, Charrier JB. Choukroun’s platelet-rich fibrin (PRF) stimulates in vitro proliferation and differentiation ofhuman oral bone mesenchymal stem cell in a dose-dependent way. Arch Oral Biol (2010). doi:10.1016/j.archoralbio.2010.01.004 41. Dohan S et al. Erratum à l’article : « Platelet Rich Fibrin (PRF) : un nouveau biomatériau de cicatrisation ». S. Dohan et al. Vol. 13, no 2 2004. Implantodontie 13, 203 (2004). 42. Re M. Platelet-rich plasma (PRP): what is PRP and what is not PRP? Implant Dent 2001;10:225-8. 43. Matras H, Jesch W, Watzek GDH. Use of fibrin adhesives in mouth, jaw, and face surgery. Osterr Z Stomatol 1978;75:433-7. 44. Chao FC, Shepro D, Tullis JL, Belamarich FA, Curby WA. Similarities Between Platelt Contraction and celluar Motility during mitosis: Role of Plateler microtubules in Clot Retraction. J. Cell Sci 2 1976;569-88. 45. Dohan Ehrenfest DM, Del Corso M, Inchingolo F, Sammartino G, Charrier JB. Platelet-rich plasma (PRP) and platelet-rich fibrin (PRF) in human cell cultures: Growth factor release and contradictory results. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2010. doi:10.1016/j.tripleo.2010.05.059 46. Leão MP, Magini R. in Plasma rico em plaquetas e fatores de crescimento 2004. p. 233-257. 47. Litvinov RI, Farrell DH, Weisel JW, Bennett JS. Distinct fibrin-αIIbβ3 and fibrinogen-αIIbβ3 interactions The Platelet Integrin αIIbβ3 Differentially Interacts with Fibrin Versus Fibrinogen*. doi:10.1074/jbc.M115.706861. 48. Dohan Ehrenfest DM, Rasmusson L, Albrektsson T. Classification of platelet concentrates: from pure platelet-rich plasma (P-PRP) to leucocyte- and platelet-rich fibrin (L-PRF). Trends in Biotechnol 2009. doi:10.1016/j. tibtech.2008.11.009. 49. Kim TH, Kim SH, Sdor GK, Kim YD. Comparison of platelet-rich plasma (PRP), platelet-rich fibrin (PRF), and concentrated growth factor (CGF) in rabbit-skull defect healing. Arch Oral Biol (2014). doi:10.1016/j.archoralbio.2014.02.004. 50. Kobayashi E et al. Comparative release of growth factors from PRP, PRF, and advanced-PRF. Clin Oral Invest (2016). doi:10.1007/s00784-016-1719-1 51. Dohan DM, Choukroun J. PRP, cPRP, PRF, PRG, PRGF, FC … How to find your way in the jungle of platelet concentrates? Oral Surg Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod 2007;103:305-6. 52. Magalon G, Magalon J. PRP (Plasma riche en plaquette) et cellules souches. Ann. Dermatol. Venereol 2014;141:S32. 53. Alma K et al. Influence of Blood Collection Systems on Coagulation Tests. 367–375 (2012). doi:10.5505/ tjh.2012.59254. 54. Conselho Federal de Odontologia. Agregados plaquetários autólogos não tranfusionai. Resolução 158/2015 (2015). Available at: http://cfo.org.br/publicacoes-principal/prestacao-de-contas/servicos-e-consultas/ servicos-e-consultas/ato-normativo/?id=1927. 55. Pontual MAB, Magini RS. Plasma rico em plaquetas e fatores de crescimento. Das pesquisas científicas à clinica odontológica, 2004. 56. Dohan DM et al. Platelet-rich fibrin (PRF): A second-generation platelet concentrate. Part I: Technological concepts and evolution. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2006. doi:10.1016/j.tripleo.2005.07.008. 57. Gupta V, Bains VK, Singh GP, Mathur A, Bains R. Regenerative Potential of Platelet Rich Fibrin In Dentistry: Literature Review. Asian J. Oral Heal. Allied Sci. 1. 58. Fujioka-Kobayashi M et al. Optimized Platelet Rich Fibrin With the Low Speed Concept: Growth Factor Release, Biocompatibility and Cellular Response. J Periodontol (2016). doi:10.1902/jop.2016.160443. 59. Bonazza V et al. How the di ff erent material and shape of the blood collection tube in fl uences the Concentrated Growth Factors production. 1–6 (2016). doi:10.1002/jemt.22772. 60. Sakashita AM et al. Fatores que afetam a coleta de células-tronco hematopoiéticas do sangue periférico por leucaférese de grande volume : experiência de um único centro by large-volume leukapheresis : a single center experience 2011;9:196-200. 61. Dohan DM et al. Platelet-rich fibrin (PRF): A second-generation platelet concentrate. Part II: Platelet-related biologic features. doi:10.1016/j.tripleo.2005.07.009. 62. Chokroun J, Adda F, Schoeffloer C, Vervelle, A. Une opportunité en paro implantologie, le PRF. Implantodontie 2001 ; 42 - 55-62. Imploantodontie (2001). 63. Dhingra N et al. Diretrizes da OMS para a colheita de sangue: boas práticas em flebotomia. Phlebotomy 12-20-33-45 (2014). 64. Jobard E et al. A Systematic Evaluation of Blood Serum and Plasma Pre-Analytics for Metabolomics Cohort Studies. Int J Mol Sci 2016;17:2035. 65. Choukroun J et al. Platelet-rich fibrin (PRF): A second-generation platelet concentrate. Part V: Histologic evaluations of PRF effects on bone allograft maturation in sinus lift. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. doi:10.1016/j.tripleo.2005.07.012. 66. Leão MP, Oliveira LA, Pontual MAB. Concentrados sanguíneos. INPerio 2016;1:2-7. 67. Borsani. Biology and Medicine. Biol Med 2015;7. 68. Dohan Ehrenfest DM, Corso MD, Diss A, Mouhyi J, Charrier JB. Three-Dimensional Architecture and Cell Composition of a Choukroun’s Platelet-Rich Fibrin Clot and Membrane. J Periodontol 2010;81:546-55. 69. Pinto NR, Pereda A, Jiménez P, Corso MD, Kang BS, Wang HL et al. The impact of the centrifuge characteristics and centrifugation protocols on the cells, growth factors and fibrin architecture of a Leukocyte- and Platelet-Rich Fibrin (L-PRF) clot and membrane. Part 2: macroscopic, photonic microscopy and Scanning Electr. Poseido 2014;2:141-54. 70. Nemmar A. et al. Amorphous silica nanoparticles impair vascular homeostasis and induce systemic inflammation. Int J Nanomed 2014. doi:10.2147/IJN.S52818. 71. Nattrass C et al. The global variability of diatomaceous earth toxicity: a physicochemical and in vitro investigation. J Occup Med. Toxicol 2015;10:23. 72. Borsani E et al. Biological Characterization and In Vitro Effects of Human Concentrated Growth Factor Preparation : An Innovative Approach to Tissue Regeneration 2015;7. 73. Vieira FLD et al. Utilização de fibrina leucoplaquetária autóloga para reinserção de implante com perda de estabilidade primária em cirurgia guiada – relato de caso. Full Dent Sci 2017;8. 74. Vieira FLD et al. Utilização de fibrina leucoplaquetária autóloga na recuperação de perfuração crítica da membrana sinusa. Implant Int J 2016;1:1293-9. 75. Santos MJ, Oliveira LA, Fernandes MO, Regina L. Uso da fibrina leucoplaquetária autóloga em fase líquida para harmonização estética e funcional da face. Rev. Catarinense Implantodont 2016;2:3-7. 76. Bowen RAR, Remaley AT. Interferences from blood collection tube components on clinical chemistry assays. Biochem Medica 2014;24:31–44. 77. Clotted Samples in the Clinical Laboratory What causes clotted specimens ? The top three causes of clotted samples are : Common Anti-coagulated Tube Types Phlebotomy Order of Draw. 78. Jose Corbalan J, Medina C, Jacoby A, Malinski T, Radomski MW. Amorphous silica nanoparticles aggregate human platelets: Potential implications for vascular homeostasis. Int J Nanomedicine (2012). doi:10.2147/IJN.S28293. 79. Kushida T, Saha K, Subramani C, Nandwana V, Rotello VM. Effect of nano-scale curvature on the intrinsic blood coagulation system. Nanoscale 2014;6. 80. Miron RJ et al. Injectable platelet rich fibrin (i-PRF): opportunities in regenerative dentistry? Clin Oral Investig (2017). doi:10.1007/s00784-017-2063-9. 81. Lippi G. et al. EFLM WG-Preanalytical phase opinion paper: local validation of blood collection tubes in clinical laboratories. Clin Chem Lab Med 0, (2016). 82. Cines DB et al. Clot contraction: compression of erythrocytes into tightly packed polyhedra and redistribution of platelets and fibrin. Blood 2014;123:1596-603. 83. Vahabi S et al. Effects of Plasma Rich in Growth Factors and Platelet-Rich Fibrin on Proliferation and Viability of Human Gingival Fibroblasts. www.jdt.tums.ac.ir July J. Dent 2015;12. 84. Yazigi Junior JA et al.Quantification of platelets obtained by different centrifugation protocols in SHR rats. Rev Bras Ortop (English Ed. 2015;50:729-38. 85. Frei M. Biofiles. Sigma-Aldrich 2014;6:17-21. 86. Pallua N, Wolter T, Markowicz M. Platelet-rich plasma in burns. Burns (2010). doi:10.1016/j.burns.2009.05.002. 87. Filardo G, Kon E, Roffi A, Di Martino A, Marcacci M. Scaffold-based repair for cartilage healing: a systematic review and technical note. Arthrosc. J Arthrosc Relat Surg 2013;29:174-86. 88. Moraschini V, Barboza ESP. Effect of autologous platelet concentrates for alveolar socket preservation: a systematic review. Int J Oral Maxillofac Surg 2015;44:632-641. 89. Baksh N, Hannon CP, Murawski CD, Smyth NA, Kennedy JG. Platelet-Rich Plasma in Tendon Models: A Systematic Review of Basic Science Literature. Arthrosc J Arthrosc Relat Surg 2013;29:596-607. 90. Lopez-Jornet P, Sanchez Perez A, Mendes RA, Tobias A. Medication-related osteonecrosis of the jaw: Is autologous platelet concentrate application effective for prevention and treatment? A systematic review. J Craniomaxillofac Surg 2016;44:1067-72. 91. Sachdeva S, Phadnaik MB, Saluja H. Platelet-rich fibrin, a physiological concentrate in the management of buccal dehiscence of implant – A case report. J Pierre Fauchard Acad India Sect 2015;29:103-6. 92. Vieira FLD et al. Tratamento da osteonecrose mandibular medicamentosa usando a fibrina leucoplaquetária autóloga – Dez meses de acompanhamento sem recidiva. Implant Int J 2017;2:48-5. 21
Compartilhar