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Psicologia social - Humilhação social

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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Psicologia
HUMILHAÇÃO SOCIAL
Vendedores ambulantes
 
Ana Paula Junqueira
Bruna Almeida de Paula
Fernanda Alessandra Augusto
Jéssica Iara de Oliveira
Vagner Faustino 
 
 LINS
 2016
Introdução
	Realizou-se uma pesquisa a qual abordou a humilhação social e os vendedores ambulantes como tema e algumas decorrências como: discriminação, preconceitos, atitudes e outros aspectos. Este trabalho tem por finalidade analisar as reações das pessoas ao serem abordadas, e relacionar aos conceitos aprendidos em sala de aula.						A pesquisa englobou vários elementos importantes como: A característica física dos alunos, trajes e principalmente o modo de interação com as pessoas que participaram de tal experimento. 
Vendedores ambulantes
Uma das ocupações mais antigas do mundo, os vendedores ambulantes oferecem opções de varejos convenientes e baratas aos consumidores, além de fazer parte da vida social e econômica de uma cidade, sejam eles vendedores de roupas, eletrônicos, sapatos e etc.						Iniciamos o trabalho pela entrevista, pois é muito importante que seja feita uma entrevista antes para a absolvição de informações e conhecimento de tal ocupação para que seja feita uma vivência completa em todos os aspectos. 		Optamos por uma entrevista aberta. A entrevistada escolhida foi uma vendedora de produtos alimentícios, que reside na cidade de Guaiçara.			Segue a entrevista: 
NOME: I.I.P
CIDADE: Guaiçara/SP
IDADE: 55 anos
OCUPAÇÃO: dona de casa e vendedora de pães e bolos
O produto oferecido foi aceito por todos?
R: sim, todos aceitaram e gostam muito.
O que levou a senhora a fazer o que faz?
R: minha mãe sempre fez pães e um dia eu decidi fazer e vender, todos gostaram e pediram para que eu fizesse sempre, e com o decorrer do tempo comecei a fazer salgados, roscas e bolinhos.
A senhora sofreu algum tipo de discriminação?
R: não, mas uma vez uma senhora que ainda não era minha cliente sua filha havia comprado meu produto e ela experimentou e gostou, mas decidiu ir até minha casa para verificar se o local onde os produtos eram feitos era limpo, se não havia cachorro e desde então virou minha cliente fixa.
A senhora encarou isso como discriminação?
R: não, pois no lugar dela eu faria o mesmo.
Qual tarefa além de vender pães a senhora exerce? 
R: dona de casa, mãe, sogra.
Como a senhora administra tudo isso? 
R: antes eu tinha uma lojinha e vendia pães todos os dias, porém perdia muito tempo, ficava cansada e tive problemas de saúde, então hoje eu estipulei de dois a três dias na semana para fazer os pães e o restante dos dias para cuidar da casa, limpar, organizar e dar atenção para a família.
Como é vender na rua? 
R: é muito bom e bem mais fácil para mim.
A senhora sofreu algum tipo de humilhação? 
R: não, nem por meu trabalho e nem comigo mesma.
A senhora sai para vender sozinha? 
R: não, tenho uma amiga que vai comigo e me ajuda a fazer os pães também.
A senhora faz em média quantos pães por dia?
R: as vezes trinta, quinze mais as roscas e bolos.
Vende tudo? 
R: sim, todos são vendidos no mesmo dia.
A senhora teve alguma dificuldade em vender nas ruas?
R: Meu maior medo era os clientes, deles não aceitarem ou gostarem dos produtos.
O trabalho da senhora é um complemento de renda, lazer ou necessidade?
R: no começo era por necessidade, pois tive que sair do serviço onde eu era registrada por motivos de saúde e sendo assim decidi fazer os pães, passado um tempo tive que parar de fazer os pães pois passei por uma cirurgia mas todos os clientes pediam para que eu voltasse a fazer, e então eu voltei e hoje é mais como um complemento de renda e por gostar muito de fazer isto.
Relacionando a entrevista com a teoria
Papel social – Segundo o texto a senhora I.I.P apresenta um papel social de nível institucional que é um tipo de papel social definido pelas normas e condutas que é cobrado de um sujeito dependendo de seu estatuto social. Exercendo o papel de Mãe, dona de casa e Vendedora ambulante vê que não há conflitos entre esses papéis. Ela concilia seus afazeres domésticos e pessoais com seu trabalho que é a venda de pães e bolos.
Normas e modelos – As Normas sociais é estabelecer um caminho para a ação e esclarecer as expectativas à frente, elas fornecem segurança de que os que temos hoje, amanhã também terão. Essa conciliação que a entrevistada consegue fazer, citada acima, é pelas normas e regras que ela mesma se impôs para venda de seus produtos. Como disse na entrevista a senhora I.I.P trabalhava todos os dias em um local fixo e isso não compensava para e junto veio a saúde que se agravou, então a norma que colocou foi que faria seus produtos e sairia para vender somente três dias da semana, todas as tardes.
Estereótipo- São ligados a situações que o sujeito vive, ele generaliza e simplifica para poder se adaptar ao meio ou grupo e suas avaliações são tomadas com base nas impressões ao seu redor ou de algum grupo. A entrevistada em dado momento contou sobre uma cliente que era japonesa e da maneira que disse ela estereotipou os japoneses como “sistemáticos”, pois essa cliente tinha certas exigências na hora da venda dos produtos. Vê-se o estereótipo em outro caso também, mas desta vez da cliente para com a vendedora, quando uma pessoa que estava comprando pela primeira vez foi até a casa da Senhora somente para verificar se a casa era limpa e não tinha cachorros. Aqui tal tópico acontece dos dois lados, tanto da vendedora como do lado dos clientes.
Vivência
A proposta da vivencia era se inserir em meio a sociedade como vendedor ambulante para sentir o que sentem e fazer uma analise da experiência relacionando com a teoria. 								Tal vivencia foi realizada pelo alunos: Vagner, Ana Paula e Bruna e o local escolhido foi no calçadão do centro de Lins e semáforos. Escolhemos a venda de balas e uma abordagem que seguia a seguinte fala: “sou desempregado e estou passando necessidade, o senhor(a) poderia me ajudar?”											Os trajes escolhidos foram roupas bem velhas e aparência de desleixado para passar a impressão de desempregado e o valor estipulada para as balas foi de R$ 1,00 real.									Foi decidido que logo após a abordagem era importante explicarmos que eramos estudantes fazendo um trabalho sobre a vivencia dos vendedores ambulantes e que o dinheiro arrecadado seria para a campanha “doe e adote” do refugio pet de Lins.										Passamos por várias situações, boas e ruins e conforme a disciplina ministrada na aula relacionamos:
Estereótipo: Em situações que foi feita a abordagem e logo depois explicado oque realmente estávamos fazendo, algumas pessoas diziam “vocês estão muito arrumados para serem vendedores de bala”.					Nesta fala percebeu-se que o estereótipo para a maioria das pessoas era de pessoas maltrapilhas, sujas, fedidas que vendiam bala para beber ou usar drogas. Os olhares de certos cidadãos também passava este conceito, de rejeição.
Atitude/mudanças de atitude: a atitude das pessoas frente a tal situação era principalmente de esquiva e desculpas. A maioria nem parava para escutar o que estávamos vendendo, e a grande maioria também só dava o dinheiro e não pegava o produto.									Nos rosto das pessoas se via de longe um olhar de indiferença e medo, quem não se esquivava simplesmente ignorava e fingia que éramos nada.	Porém houve pessoas que comprovam o produto e ainda se mostravam interessadas no que tínhamos para falar, como em nossa primeira abordagem que o senhor elogiou muito e depois que foi contado o que realmente estávamos fazendo de fato disse “continuem assim, isso é maravilhoso, ver a situação dos dois lados”.									As desculpas eram o que mais apareciam, para justificar tal atitude de rejeitar a nossa abordagem. Como a senhora que disse que estava esperando o marido que não tinha tempo, porém ficou 15min esperando e mesmo assim continuou com a falade que não tinha tempo, depois o aluno Vagner abordou-a novamente para explicar o intuito de tal abordagem e só então a senhora se preocupou em saber sobre o assunto, este fato se adentra também em mudança de atitudes, porque como ela outros também tiveram a mudança de comportamento depois de saber o que realmente esta sendo feito por nós.												
Cognição social: Se dá pelo fato de que muitas pessoas escolhiam ou não prestar atenção em nós, muitos viam de longe e trocavam de lado de calçada, ou simplesmente passavam rápido e fingia que não havia ninguém ali. Como o caso da senhora que nem esperou ser abordada e já veio com a justificativa “não posso com açúcar”
No Geral o que mais se observou foi que existiam várias situações dentro do contexto: Pessoas que não se importavam com a gente, não se interessavam em saber do que se tratava. Outras que estavam realmente preocupadas em ajudar e ao menos queriam o produto oferecido e também havia pessoas que mesmo não se interessando pela abordagem dava um justificava para isto. Viu-se então conceitos sobre estereótipo, cognição social, atitudes e mudanças de atitude em relação a experiência de vivência.
Relatórios individuais
Nome: Bruna Almeida de Paula
Trabalho: Humilhação social – Vendedores ambulantes
No trabalho em questão foi feita uma entrevista a senhora I.I.P e uma vivencia no centro da cidade de Lins como vendedores ambulantes, com a finalidade de vivenciar os obstáculos, preconceitos e estereótipos que tais vendedores sofrem, e em conjunto relacionar a experiência com a teoria da aula de psicologia social ministrada pelo Prof° Rodrigo Caputo.		Conforme a entrevista tive várias percepções: A senhora entrevista já tinha um certo vinculo com todos nós, pois o aluno Vagner já tinha contato com ela e comprava seus produtos, então a entrevista foi fluida, uma conversa.		Percebi em algumas perguntas uma controvérsia em dona I.I.P	, como por exemplo quando foi perguntado se ela sofreu algum preconceito ela disse que não, mas logo depois citou sobre uma japonesa “sistemática” que só gostava que ela escolhesse seu pão, percebendo-se também um certo estereótipo da parte de I.I.P sobre os japoneses.					Me senti muito intimida da senhora durante toda entrevista e ela respondia a todas as perguntas sem nenhum hesitação, no fim ela até ofereceu um café para nós e agradeceu muito por ser entrevistada por nós e disse que esperava ter ajudado.									Em relação a vivencia, de minha parte, foi uma experiência muito boa. Em particular eu tinha certo estereótipo de vendedores de bala: drogados, moradores de rua que vendiam produtos não muito confiáveis para conseguir dinheiro para ingerir bebida alcoólica ou se drogar, porém minha atitude frente a tal situação como pessoa nunca foi de rejeitar ou tratar mal, toda vez que me era cabível eu ajudava.									Os sentimentos mais recorrentes durante a experiência, foram: vergonha, sentimento de rejeição, preconceito, medo. A vergonha predominou muito, pois estávamos mal vestidos e não me senti a vontade abordando as pessoas, com medo também delas me maltratarem.					Este contato com as pessoas me fez quebrar o tabu que tinha sobre os vendedores de balas, e percebi que existem as pessoas que se esquivam, por medo ou por simplesmente não querer parar e escutar o que o vendedor quer dizer, mas também tem as pessoas que ajudam de coração, pensando que estão fazendo sua parte ajudando alguém realmente necessitado.
Nome: Fernanda Alessandra Augusto
Trabalho: Humilhação social – Vendedores ambulantes
	Ao conversar com a dona I.I.P e fazer algumas perguntas, pude perceber que ela é uma pessoa bem respeitada por todos onde ela exerce seu trabalho. No decorrer da entrevista quando fiz uma determinada pergunta para ela: A senhora já sofreu algum tipo de humilhação? a principio sua resposta foi que não, nunca sofreu nenhum tipo de humilhação, mas cita um fato ocorrido onde uma senhora que ainda não era sua cliente mas já havia provado dos seus produtos vai até sua residência para encomendar pães e diz que foi até lá para verificar se sua casa era realmente limpa, se ela não tinha cachorro, pois quem faz produtos comestíveis tem que ser bem limpa, ela diz que não encarou isso como um tipo de humilhação que se fosse ela no lugar desta senhora faria o mesmo. 									No meu ponto de vista ela encarou sim isto como um tipo de humilhação mas não quis admitir, pois se ela não tivesse se sentido ofendida não teria citado este fato como resposta desta determinada pergunta. Dona I.I.P é muito bem resolvida e realizada com o que faz, percebi que ela faz isso por amor, e administra este trabalho muito bem e nunca deixa seus outros papeis de lado, sempre está ali como dona de casa, esposa, mãe e avô para auxiliar sua família.
Nome: Vagner Faustino
Trabalho: Humilhação social – Vendedores ambulantes
	No inicio achei que seria mais um trabalho antropológico mas assim que comecei a fazer as primeiras abordagens já vi que não seria fácil e nem divertido.											Logo no primeiro momento quando abordei o primeiro individuo, me deparei com um não muito direto. Em um segundo momento, me senti muito discriminado por uma senhora que me olhou de cima em baixo segurou sua bolsa na frente do corpo, tive uma sensação que ela achou que eu a roubaria.	Depois deste fato comecei a ver que realmente vendedores ambulantes são discriminados, as pessoas não dão nenhuma atenção, não param para ti ouvir e algumas nem olham para o nosso rosto. A sensação foi de ser um estranho no mundo um sentimento de discriminação e desprezo, porém houve uma mudança em meu modo de pensar e agir com os vendedores ambulantes porque são pessoas comuns e que estão fazendo aquilo por necessidade e não obrigação.
Nome: Ana Paula Junqueira
Trabalho: Humilhação social – Vendedores ambulantes
A vivência foi uma experiência incrível, através dela percebeu-se a importância que deve ser dada a qualquer outra pessoa, sem ao menos conhecê-la, pois isso faz muita falta no dia-a-dia. No decorrer percebeu-se diversas atitudes; muitos atravessaram de rua para não precisar comprar a bala ou até mesmo por estarmos mal vestidos, muitos deram a desculpa de que não tinham dinheiro, etc. Pôde-se perceber além da atitude, a cognição social, o estereótipo e a opinião, muitas pessoas nos viam através de si, ou seja, um comparativo e por isso nos achavam inferiores e por isso poderíamos trazer algo risco à eles. Muitos que afastaram ou ficaram com medo por causa dos trajes que estávamos vestindo, mudaram rapidamente de opinião quanto ao estereótipo (trajes) assim que explicamos que tudo fazia parte de um trabalho realizado na graduação.							Através dessa experiência, percebeu-se a dar mais valor a qualquer tipo de trabalho, dentre eles; vendedor de bala, pipoca, pães, salgado, e todos aqueles que se enquadra em vendedores ambulantes. Pôde-se perceber o quanto é difícil trabalhar dessa forma, justamente por estar muito vulnerável a criticas constantes, de vestimenta, de comportamento, etc. Portanto o mais importante é ajudar quem precisa da forma que se pode, sem levar em conta suas vestes, pois a mesma não mede seu caráter.
Nome: Jéssica Oliveira
Trabalho: Humilhação social – Vendedores ambulantes
Notou-se na entrevista os pontos positivos e negativos da vida de um vendedor ambulante, a entrevistada foi uma senhora moradora da cidade de guaiçara, que trabalha vendendo pães e bolos nas ruas de sua cidade e nas cidades vizinhas.										Ela nos contou o lado positivo de seu trabalho, é que ela pode fazer seus horários e dias trabalhados, sem muitas regras e obrigações a cumprir, ela destaca várias vezes durante a entrevista que o melhor de se trabalhar como vendedora é que pode desempenhar seu papel de dona de casa de forma completa, podendo cuidar da sua casa e da alimentação de esposo filhos e neto, além da proximidade com seus clientes.					Os pontos negativosdestacados pela mesma são as dificuldades em conseguir preparar tudo sozinha e por conta disso ela tem que pagar á alguém para ajuda-la com a confecção dos pães e bolos, outro ponto que ela traz como negativo é o receio de seus clientes novos não gostarem de seus produtos.	Foi perguntado à entrevistada se a mesma sofreu algum tipo de descriminação em todos esses anos vendendo produtos na rua, a resposta foi negativa, diz que sempre foi bem recebida pelas pessoas que abordava. No geral os pontos positivos se sobressaem os negativos.
Conclusão
Conclui-se que dentro das teorias que foi discutido em sala de aula, tudo se conecta, porque a humilhação surge de um desejo do ser humano de se sentir superior perante outros indivíduos, e tem origem na desigualdade, porque em algumas ocasiões um individuo é humilhado por ser diferente. Como por exemplo, a desigualdade econômica que pode levar as pessoas ser discriminadas por serem pobres.								A humilhação pode ocorrer em vários contextos, sendo a mais comum, a humilhação social. Quando a sociedade rebaixa pessoas que são consideradas socialmente inferiores. Isso ocorre quando pessoas de idade são discriminadas, mendigos na rua, homossexuais, lixeiros dentre outros.
Portanto, quando ocorreu uma experiência que tivemos que vivenciar uma situação na qual submetemos a vender balas na rua, vemos que realmente não é fácil e nem divertido. 								Quando se trata de abordar as pessoas e oferecer um determinado produto, as outras pessoas te olham com um olhar de desconfiança, medo, insegurança. Outras simplesmente te ignoram como se você não existisse ali naquele momento.										A uma série de estereótipos que nos lançam que causa esse distanciamento entre o sujeito que esta vendendo seu produto, da pessoa que esta a seu redor, existem exceções mas são raras. 						Este trabalho em questão foi bom tanto para nós alunos que o realizamos quanto para as pessoas de fora que participaram, houve muitos ensinamentos aprendidos, preconceitos e estereótipos quebrados e foi uma experiência inesquecível. 
Referências
AROWSOW, E; WILSON, T, D; AKERT, R, M.A – A autojustificação e a necessidade de conservar a auto-estima. Psicologia Social. 3ed. Ed. LTC. 2002 
BOSI, ECLÉA. O tempo vivo da memória – ensaios de psicologia social. Ateliê Editorial, São Paulo. Edição 2, 2003 
GONÇALVES FILHO, J.M. – Humilhação social – Um problema politico em psicologia. Psicol. USP, São Paulo, v.9, n.2, p.11-67, 1998
MAISONNEUVE. J. – Introdução a psicossociologia. Tradução e notas Luiz Damasco Penha e J.B. Damasco Penha. São Paulo, Ed. Nacional, 1977

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