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CAPÍTULO 11. O Eletrocardiograma Normal. Quando o impulso cardíaco passa através do coração, uma corrente elétrica também se propaga do coração para os tecidos adjacentes que o circundam. E pequena parte da corrente se propaga até a superfície do corpo. Se eletrodos forem colocados sobre a pele, em lados opostos do coração, será possível registrar os potenciais elétricos gerados por essa corrente: esse registro é conhecido como eletrocardiograma. O eletrocardiograma normal (Fig. 11-1) tem como componentes: ●A onda P é produzida pelos potenciais elétricos gerados quando os átrios se despolarizam, antes de a contração atrial começar. ●O complexo QRS é produzido pelos potenciais gerados quando os ventrículos se despolarizam antes de sua contração, isto é, enquanto a onda de despolarização se propaga pelos ventrículos. Portanto, tanto a onda P como os componentes do complexo QRS são ondas de despolarização. ●A onda T é produzida pelos potenciais gerados, enquanto os ventrículos se restabelecem do estado de despolarização. Esse processo no músculo ventricular normalmente ocorre 0,25 a 0,35 segundo após a sua despolarização, e a onda T é conhecida como onda de repolarização. As Contrações Atrial e Ventricular Estão Relacionadas às Ondas do Eletrocardiograma. Na Figura 9-5, é possível observar as relações existentes entre o eletrocardiograma e as contrações atrial e ventricular, que indicam: • A onda P é imediatamente precedente à contração atrial. • O complexo QRS é imediatamente precedente à contração ventricular. • Os ventrículos permanecem contraídos durante milissegundos após o término da onda T de repolarização. • Os átrios permanecem contraídos até estarem repolarizados,porém uma onda de repolarização atrial não pode ser observada no eletrocardiograma por ser obscurecida pela onda QRS. • O intervalo P-Q ou P-R encontrado no eletrocardiograma possui um valor normal igual a 0,16 segundo e consiste no intervalo de tempo decorrido entre a primeira deflexão da onda P e o início da onda QRS. Trata-se de uma representação do tempo decorrido entre o início da contração atrial e o início da contração ventricular. • O intervalo Q-T apresenta um valor normal igual a 0,35 segundo,que é o tempo decorrido desde o início da onda Q até o final da onda T. Trata-se de uma aproximação do tempo de contração ventricular. • A frequência cardíaca pode ser determinada pela recíproca do intervalo de tempo decorrido entre cada batimento cardíaco. Durante o Processo de Despolarização, a Corrente Elétrica Média se Desloca Desde a Base do Coração até o Ápice. O coração é suspendido num meio altamente condutor e, assim, quando uma área do órgão despolariza, a corrente se desloca a partir desse local em direção à área polarizada. A primeira área a despolarizar é o septo ventricular, de modo que a corrente se move rapidamente a partir desse local em direção a outras superfícies do ventrículo. Em seguida, a corrente parte das superfícies internas eletronegativas do coração em direção às superfícies externas eletropositivas, com uma corrente média fluindo a partir da base para o ápice do coração, seguindo um padrão elíptico. O eletrodo posicionado próximo à base do coração é eletronegativo, enquanto o eletrodo colocado perto do ápice é eletropositivo. Derivações Eletrocardiográficas (p. 133) Derivações Bipolares dos Membros Envolvem um Eletrocardiograma Registrado a Partir de Eletrodos Instalados em Dois Membros Distintos. Existem Três Derivações Bipolares dos Membros • Para obter o registro a partir da derivação I, o terminal negativo do eletrocardiograma é conectado ao braço direito, enquanto o terminal positivo é conectado ao braço esquerdo. Durante o ciclo de despolarização, o ponto em que o braço direito se conecta ao tórax é eletronegativo em comparação ao ponto de conexão com o braço esquerdo. Desse modo, o eletrocardiograma registra positivamente quando essa derivação é utilizada. • Para obter registro a partir da derivação II, o terminal negativo do eletrocardiograma é conectado ao braço direito, enquanto o terminal positivo é conectado à perna esquerda. Durante a maior parte do ciclo de despolarização, a perna esquerda é eletropositiva em comparação ao braço direito. Portanto, o eletrocardiograma registra positivamente quando essa derivação é utilizada. • Para obter registro a partir da derivação III, o terminal negativo do eletrocardiograma é conectado ao braço esquerdo, enquanto o terminal positivo é conectado à perna esquerda. Durante a maior parte do ciclo de despolarização, a perna esquerda é eletropositiva em comparação ao braço esquerdo. Portanto, o eletrocardiograma registra positivamente quando essa derivação é utilizada. A Lei de Einthoven Estabelece que o Potencial Elétrico de Qualquer Derivação de Membro Equivale à Soma dos Potenciais das Outras Duas Derivações dos Membros. Os sinais positivo e negativo das várias derivações devem ser observados quando se aplica essa lei. O exemplo fornecido a seguir ilustra a Lei de Einthoven. Primeiro, assumimos que o braço direito é 0,2 mV negativo em relação ao potencial médio corporal; o braço esquerdo é 0,3 mV positivo; e a perna esquerda é 1 mV positiva. Portanto, a derivação I apresenta um potencial equivalente a 0,5 mV que corresponde à diferença existente entre os −0,2 mV do braço direito e os 0,3 mV do braço esquerdo. Da mesma forma, a derivação II apresenta um potencial igual a 1,2 mV e o potencial da derivação III vale 0,7 mV. Derivações Torácicas (Derivações Precordiais) Podem Ser Utilizadas para Detectar Anormalidades Elétricas Mínimas nos Ventrículos. As derivações torácicas – conhecidas como derivações V1, V2, V3, V4, V5 e V6 – são conectadas ao terminal positivo do eletrocardiógrafo, enquanto o eletrodo indiferente (ou eletrodo negativo) é simultaneamente conectado ao braço esquerdo, perna esquerda e braço direito. Os registros QRS provenientes das derivações V1 e V2, que são posicionados sobre o coração e próximos à base, usualmente fornecem leitura negativa. O registro QRS fornecido pelas derivações V4, V5 e V6, posicionadas mais proximamente ao ápice, costuma dar leitura positiva. Como essas derivações registram o potencial elétrico imediatamente embaixo do eletrodo, é possível detectar pequenas alterações do potencial elétrico da musculatura cardíaca, como aqueles gerados por um pequeno infarto miocárdico. Derivações Unipolares Aumentadas Também São Utilizadas para Registrar Eletrocardiogramas. Outro sistema de derivações amplamente utilizado é o de derivação unipolar aumentada dos membros. Com esse tipo de registro, dois dos membros são conectados através de resistências elétricas ao terminal negativo do eletrocardiógrafo, e um terceiro membro é conectado ao terminal positivo. Quando o terminal positivo é colocado no braço direito, a derivação é denominada aVR. Se a derivação for instalada no braço esquerdo, é denominada aVL. Por fim, quando a derivação é posicionada sobre a perna esquerda (ou pé), é chamada de derivação aVF. Referências Tratado de Fisiologia Médica/John E. Hall. 12. ed.-Rio de Janeiro:Elsevier,2011. Fundamentos de Guyton e Hall Fisiologia/John E. Hall Rio de Janeiro: Elsevier,2012.
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