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1 Metodologia Científica Você já ouviu falar em Metodologia Científica? Sabe o seu significado? Aceita-se frequentemente como indiscutível a necessidade de organização de nossas tarefas diárias, não é mesmo? Ao refletirmos sobre isso, estamos nos interrogando sobre o significado de Metodologia Científica e a função da disciplina, bem como seu ponto de partida, recaindo sobre atitudes que não são espontâneas à existência humana. Esta disciplina destina-se a oferecer uma metodologia do trabalho científico, ensinando como pesquisar e sistematizar o conhecimento adquirido. Você verá em Metodologia Científica o estudo e o desenvolvimento das ferramentas necessárias à produção e apresentação de trabalhos acadêmicos e, nesse aspecto, observará tanto o processo lógico de construção do conhecimento, quanto o processo gráfico para a sua apresentação escrita. Bibliografia LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007. Aula 1 – Conhecimento Objetivos: Nesta aula, você estudará o que significa “o conhecimento”, quais os tipos de conhecimentos disponíveis e sua importância para formação acadêmica. Aqui você também terá a oportunidade de compreender o que significa Metodologia Científica, as razões que fundamentam seu estudo e diferenciará os conceitos de senso comum, conhecimento filosófico, científico e discurso religioso. ***************** 2 A todo momento nos interrogamos sobre o significado e a função da Metodologia Científica, bem como seu ponto de partida, que recai sobre atitudes que não são espontâneas à existência humana. Porém, dominar a linguagem não depende do desenvolvimento natural dos sujeitos, mas de habilidades e competências para uma postura reflexiva e crítica. Veja agora como esta disciplina está dividida: Esta aula faz parte do primeiro bloco e visa uma maior aproximação da Metodologia Científica e do processo de desenvolvimento e aquisição do conhecimento. Bons Estudos! Você já ouviu falar em Metodologia Científica, mas será que sabe de fato o que é? Metodologia científica é o estudo dos métodos de conhecer, de buscar o conhecimento. É uma forma de pensar para se chegar à natureza de um determinado problema, seja para explicá-lo ou estudá-lo. (KAHLMEYER- MERTENS et al. Como elaborar projetos de pesquisa: linguagem e método. Rio de janeiro: FGV, 2007. p. 15) Para nós, método é um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência, ou para 3 alcançar determinado fim. E metodologia (do grego methodos + logia) significa o “estudo do método”. Quanto à palavra ciência, durante muito tempo ela serviu para indicar conhecimento em sentido amplo, genérico, como na expressão “tomar ciência”, cujo significado é “ficar sabendo”. Aos poucos, porém, como veremos, ganhou também sentido restrito, passando a designar o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber. (RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. p. 13.) Metodologia significa, na origem do termo, estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência. É uma disciplina instrumental a serviço da pesquisa. Ao mesmo tempo visa conhecer caminhos do processo científico, também problematiza criticamente, no sentido de indagar os limites da ciência, seja com referência à capacidade de conhecer, seja com referência à capacidade de intervir na realidade. (DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 11.) A metodologia científica está dentro de duas grandes áreas... E essas duas áreas se completam! Epistemologia “A ciência sem a epistemologia – na medida em que tal seja imaginável – é primitiva e confusa” (Albert Einstein) Epistemologia vem de episteme = termo grego que designa ciência; logia/logos = estudo. Também conhecida como Filosofia da Ciência, a área se ocupa da fundamentação da ciência. Metodologia Científica Aplicada A Metodologia Científica está destinada à pesquisa e à elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos. E por que tenho que estudar Metodologia Científica? Se considerarmos o conhecimento e a verdade como algo dinâmico e histórico, encontraremos o ser humano como razão e fundamento desse saber. 4 Assim, não será preciso mais fazer perguntas do tipo: por que tenho que estudar? Já que a resposta está na célebre frase de Descartes, “penso, logo existo”. Porque essa é a nossa essência. Aliás, muitos são os motivos para estudar Metodologia Científica. Vamos ver alguns deles: 1 - Porque o conhecimento científico não existe sem método, sem uma linguagem específica, ou um rigor próprio. 2 - Porque o maior desafio da Instituições de Ensino Superior está em desenvolver a postura de um pesquisador ao longo do processo educacional. 3 - Porque é preciso desenvolver a autonomia do pensamento, muito presente no meio acadêmico. No exercício profissional, o sucesso está intimamente relacionado à capacidade de planejar e de organizar o pensamento, muitas vezes adquirida por meio da busca do conhecimento, através das práticas de leitura e da participação das atividades acadêmicas. Ao ler as definições sugeridas para Metodologia Científica podemos perceber que todas mencionam a palavra conhecimento (capacidade de conhecer). O que significa conhecer? Significa incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. Qual o valor do conhecimento para a vida humana? É o resultado das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana. O conhecimento pode ser obtido de diversos modos, através do método científico, das hipóteses, das leis e teorias científicas, bem como por meio da pesquisa científica e da elaboração de trabalhos acadêmicos. Há muitas maneiras de estudar a realidade... No mundo acadêmico os modos de conhecer são classificados em: • Senso comum ou conhecimento empírico; Como podemos definir o senso comum? Aquilo que assimilamos por tradição. Ideias que nos ajudam a interpretar a vida e a julgar certas situações. Na verdade, estamos mergulhados no senso comum, que geralmente se apresenta como um saber ingênuo, fragmentado e por vezes conservador. O senso comum pode ser caracterizado em: 5 Espontâneo: Primário, simples e elementar. Nasce da tentativa do homem resolver seus problemas no dia a dia. Ametódico: Porque não possui um método, ou seja, um procedimento, uma técnica. Empírico: Se baseia na experiência cotidiana comum. Ingênuo ou Acrítico: Não é crítico, não se coloca como problema e não se questiona enquanto saber. Subjetivo: É relativo ao sujeito do conhecimento. É formado por juízos pessoais a respeito das coisas, ocorrendo o envolvimento emocional e valorativo de quem observa. • Conhecimento Científico; O Conhecimento Científico está estritamente ligado a Ciência. Mas afinal, o que é Ciência? Ciência é um saber racional e objetivo, que se atém aos fatos podendo transcendê-los. A Ciência depende da investigação metódica o que a torna analítica e requer exatidão e clareza na busca e aplicação de leis, podendo se usar de predições úteis, porém verificáveis.Quais as características do conhecimento científico? - Saber racional que obedece a regras, leis, princípios e se contrapõe ao saber ilusório, às emoções e às crenças; - Saber lógico e sistemático porque as ideias formam uma ordem coerente; - Saber verificável e metódico, pois é passível de exame para ter sua pretensão confirmada ou não. Para tanto segue uma técnica, um procedimento. • Conhecimento Filosófico; O que podemos entender por Filosofia? Segundo Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins dizem que: “A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limites que exigem decisões cruciais.” (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 81) 6 Agora veja como essas autoras caracterizam o conhecimento filosófico: Radical Originada do Latin radix, radicis significa raiz e, no sentido figurado, “fundamento”, “base”. A filosofia é considerada radical porque busca explicitar os conceitos que estão na base do pensar e do agir. Investiga as raízes, os princípios que orientam nossa existência. Rigorosa O conhecimento filosófico pode ser rigoroso, pois o filósofo deve dispor de um método a fim de proceder com rigor na investigação. São vários métodos para proceder a investigações e desenvolver um pensamento rigoroso, fundamentado, coerente e expresso numa linguagem também rigorosa. Os conceitos devem ser claramente definidos. Saber de conjunto Ter como característica o Saber em conjunto. Significa que a filosofia é globalizante porque, ao examinar, observa os diversos aspectos de um problema e por visar o todo, ela se torna interdisciplinar. Conclui-se então, que o conhecimento filosófico… “[...] nos permite ter mais de uma dimensão (...). É a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam. (...) Portanto, a filosofia é a possibilidade de transcendência humana, ou seja, a capacidade de superar a situação dada e não escolhida. (...) A filosofia impede a estagnação.” (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 91.) • Discurso Religioso ou Conhecimento teológico. Você sabe o que significa a palavra religião? Enquanto o conhecimento científico se fundamenta na evidência dos fatos observáveis e a Filosofia na lógica de seus enunciados, o conhecimento teológico se preocupa com a revelação divina O conhecimento teológico ou religioso passa necessariamente por representações abstratas que influenciam as ações no mundo da vida, bem como conferem sentido às angústias e inquietações da consciência. Neste ponto não só representa uma explicação sobre a origem de todas as coisas como desvela o modo de determinada cultura entender e interpretar a sua própria existência. 7 Aula 2 – O conhecimento Objetivos: - Avaliar a importância do método para a prática científica; - Descrever a classificação das ciências. Desenho animado “Galileu” https://www.youtube.com/watch?v=WT_gt69bwTk Identifica-se na história de Galileu Galilei: A Razão O que podemos entender pelo termo razão? O termo racional vem da palavra razão e pode ter várias acepções como: razão humana, razão particular, razão universal, razão divina etc. Cada adjetivo adicionado ao termo altera o sentido do conceito razão. Pressupondo que razão e intelecto se equiparam e considerando a ideia de razão como uma faculdade humana, podemos nos questionar: E racionalidade? O que é? Racionalidade liga-se à ideia de racional, compreendendo dessa maneira que o ser humano é um ser racional, que os meios que utilizam são racionais, que o mundo é racional, ou seja, acreditamos que o ser humano e o mundo são inteligíveis, suscetíveis de serem entendidos. Galileu, por exemplo, acredita que o homem e o mundo são inteligíveis e suscetíveis de entendimento ao tentar refutar uma das ideias de Aristóteles. O sistemático O que significa Sistemático? O termo sistemático liga-se à ideia de sistema, que denota o sentido de um todo organizado, interconectado em suas partes. Uma pesquisa, por exemplo, segue um método sistemático porque é um processo de construção do conhecimento a partir de objetivos gerais e específicos que visam alcançar algum fim. Cada etapa da pesquisa dever estar interconectada formando um sistema coerente de procedimentos e ideias, constituindo, assim, um todo organizado. 8 Pode-se notar que a intenção de Galileu era remontar um cenário, dentro de um sistema, que desmistificasse os feitos de Aristóteles baseado nos fatos. É interessante observar que, ao falarmos em termos como racional e sistema, nos vinculamos ao sentido de método. O método E o que seria Método? A palavra método vem do grego μέθοδος (méthodos) ― caminho para chegar a um fim. Nossos dicionários definem método como o conjunto de procedimentos para atingir um objetivo, ou seja, uma maneira ordenada e sistemática de agir. Assim fez Galileu, de maneira ordenada, provando que Aristóteles estava errado através da queda das esferas. Portanto, Metodologia é um conjunto de métodos. Por isso, nos acostumamos a dizer que uma pessoa é metódica quando segue um método de trabalho ou quando se preocupa com os detalhes. O que é o Método Científico? “Trata-se de um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais se propõe problemas científicos e colocam-se à prova as hipóteses científicas.” (BUNGE apud LAKATOS, 2000, p. 44) O método científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de produzir novo conhecimento, corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas, o método científico consiste em juntar evidências observáveis, empíricas (baseadas apenas na experiência) e mensuráveis e analisá-las com o uso da lógica. Isso aconteceu no experimento que acabamos de ver. Nele se tornou observável a mudança do estado da água de sólido para líquido e depois para gasoso por meio do calor do fogo. Usou-se, então, a lógica aplicada à ciência, como defendem muitos autores. No sentido literal, a Metodologia representa o estudo dos métodos e, especialmente, do método da ciência, que se supõe universal. Mas você já analisou por que o método é tão importante? 9 Veja, então, a sua utilidade: • Ajuda a compreender o processo de investigação; • Possibilita a demonstração; • Disciplina suas ações; • Ajuda a perceber erros; • Auxilia as decisões do cientista. O método é, então, um plano de ação, em que a técnica utilizada é o modo ou a maneira de realizar a atividade pretendida, permitindo que o procedimento escolhido ocorra de maneira hábil e, se possível, perfeita. CURIOSIDADE Você sabia que o método científico pode ser visto como a ISO 9000 da ciência? “Não diz se o produto serve, não diz se o achado científico é importante, apenas diz que o processo de busca seguiu as regras do jogo. A evidência foi corretamente coletada, os procedimentos estatísticos e o tratamento dos dados são apropriados.” (CASTRO, 2006, p.59) Características que distinguem os argumentos: Até aqui estudamos duas abordagens importantes para o método científico: a abordagem dedutiva (dependente da lógica) e a indutiva (dependente da experiência empírica). Se por um lado podemos criticar o método dedutivo por não ampliar o conhecimento, por outro podemos apontar que ele nos traz um conhecimento provável, pois somente um exame de todos os elementos garantiriauma indução perfeita. Neste caso, se algumas induções não se confirmam, deve-se buscar os elementos que resultaram em erro, não abandonando a investigação. Assim, encontramos duas características que distinguem os argumentos: 10 No método dedutivo, partimos de uma ideia geral para uma especifica. Já no método indutivo, partimos de experiências específicas para alcançarmos uma regra geral. Não se pode considerar que Sherlock Holme partiu de experiências específicas, pois ele não estudou a senhorita Mary Morstan. Ele apenas observou os aspectos gerais e perceptíveis na moça. Na passagem da marca da aliança, por exemplo, podemos considerar que a sua dedução foi baseada apenas em premissas verdadeiras: •Noivos usam aliança na mão direita; •A aliança deixa marcar no dedo; •A moça tem uma marca de aliança na mão direita; •Logo, a moça é noiva... ou, pelo menos, foi, conforme visto no vídeo. Um caso interessante: Um pesquisador decide estudar determinada planta. Ele parte de conhecimentos prévios sobre o objeto escolhido. Em certo momento ele percebe que as folhas cobertas por pelos (tricomas) não foram atacadas por lagartas de borboletas. Fato que ocorre frequentemente com as folhas sem pelos. O pesquisador, então, faz o seguinte questionamento: é possível afirmar que a presença de pelos nas folhas da planta dificulta a predação? Em seguida, apresenta a hipótese: a presença de pelos em folhas de plantas dificulta a predação por lagartas de borboletas. Neste ponto, o cientista realiza a testagem de sua hipótese. Separa algumas folhas com pelos e outras sem pelos e verifica a predação para observar a hipótese formulada. Aqui temos um caso típico do método indutivo. 11 Método hipotético-dedutivo Karl Popper (1922-1996) criticou o método indutivo e lançou as bases do método chamado hipotético-dedutivo que consiste na construção de hipóteses, cujas predições devem se submeter ao critério da falseabilidade. Popper dizia que qualquer enunciado que só tenha termos observacionais poderia dizer mais do que se pode ver. O que esse exemplo quer dizer? Quer dizer que, se o cientista seguir rigorosamente cada fase desse método e, ao final, constatar que sua hipótese deve ser refutada, como no caso do líquido 12 do copo que deixa de ser água, poderá encontrar argumentos científicos suficientes para formular críticas às teorias existentes e seus paradigmas. Essas teorias foram consideradas como ponto de partida para novas pesquisas. Toda hipótese contém uma predição, ou seja, uma suposição e precisa passar pelo falseamento. O cientista testará sua hipótese, analisará os resultados para alcançar a confirmação de sua suposição ou refutá-la. Se a hipótese não for corroborada, poderá, a partir dos dados obtidos, construir nova hipótese. Atenção: as hipóteses científicas não podem ser vistas como verdades absolutas, mas, sim, como explicações plausíveis. Esquema de como se dá o processo de conhecimento: Referências Bibliográficas CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 13 GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2000. POPPER, K. Lógica das Ciências Sociais. Rio de Janeiro - Brasília: Tempo Brasileiro/Universidade de Brasília, 1978. SANTOS, A. R. Metodologia Científica. A construção do conhecimento. RJ: Lamparina, 2007. SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007. Aula 3 – Metodologia aplicada à pesquisa Objetivos: 1) Reconhecer a importância da pesquisa e seus benefícios na construção científica; 2) Listar as classificações da pesquisa para fins de aplicabilidade; 3) Estabelecer os benefícios e riscos de se pesquisar na internet. Como vimos nas aulas passadas, tudo surge do conhecimento que se tem e do desejo e/ou necessidade de desvendar e provar coisas novas. E é da sede de conhecimento que nascem as pesquisas. Essas pesquisas começam com ideias, ou seja, experiências individuais, teorias, observações de fatos, leitura de artigos etc. Então, dizemos que pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico. Segundo Eva Maria Lakatos (1992, p. 43), a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos. Podemos, assim, indicar três elementos que caracterizam a pesquisa: • o levantamento de algum problema; • a solução à qual se chega; • os meios escolhidos para chegar a essa solução, como os instrumentos científicos e os procedimentos adequados. 14 A pesquisa cientifica trata do tipo de pesquisa que objetiva contribuir para o desenvolvimento do conhecimento humano em todas as áreas, sendo sistematicamente planejada e executada segundo critérios rigorosos de processamento das informações. Uma pesquisa será considerada científica, se for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme as normas metodológicas consagradas pela ciência (tem por base procedimentos racionais e sistemáticos, ou seja, é a atividade cientifica pela qual se descobre a realidade). De acordo com Antônio Carlos Gil, duas são as razões para se fazer uma pesquisa: As razões de ordem intelectual, que decorrem do desejo de conhecer, são comuns nas dissertações de mestrado, nas monografias, nos artigos e nos trabalhos de conclusão de curso, em que a pesquisa é voltada para fins de conhecimento. Já as razões de ordem prática, como próprio título diz, vem do desejo de conhecer com vistas a fazer algo, que muitas vezes pode vir a ser útil e beneficiar a própria sociedade. 15 É importante destacar que a possibilidade de êxito na tarefa de pesquisa depende das razões e motivações do pesquisador. Curiosidade, criatividade, integridade intelectual, atitude autocorretiva, sensibilidade social, imaginação disciplinada, perseverança, paciência e confiança na experiência são ações e atitudes que devem ser incorporadas à pessoa que for ou estiver no papel de pesquisador. Fazer pesquisa não é uma tarefa fácil. É preciso ter planejamento e considerar aspectos como classificação, abordagem, objetivo e procedimentos, pois estes delimitam a busca do que se pretende pesquisar. Classificação da pesquisa A classificação da pesquisa está relacionada à sua natureza, ou seja, àquilo que compõe a essência da pesquisa: Conhecida também por básica ou teórica, a Pesquisa Pura objetiva gerar novos conhecimentos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. É motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador. Exemplo: A origem do universo. A pesquisa aplicada é aquela que objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Exemplo: A busca de uma vacina contra a AIDS. Abordagem da pesquisa Quanto a abordagem, a pesquisa pode ser dividida em: Qualitativa: Neste enfoque não há medição numérica, como nas descrições.Seu propósito está em reconsiderar ou reconstruir a realidade observada. Assim, considera a existência de uma relação dinâmica entre mundo real e o sujeito. É descritiva e utiliza o método indutivo. O processo é o foco principal. 16 Quantitativa: Neste tipo de pesquisa temos a coleta e a análise de dados para dar conta das questões que envolvem a pesquisa. Ela utiliza métodos estatísticos e traduz em números opiniões e informações para classificá-los e organizá-los. Objetivo da pesquisa Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser: Descritiva: A pesquisa descritiva tem como objetivo principal descrever as características de algum fenômeno observado, descobrir a frequência com que ocorre, sua relação e sua conexão com outros fenômenos. Esta modalidade é típica das ciências humanas e sociais. Neste tipo de pesquisa, o estudante deve observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos variáveis, sem manipulá-los. Veja alguns exemplos: • características de um grupo social; • nível de atendimento de determinada empresa prestadora de serviço; • levantamento de opiniões, atitudes e crenças de um segmento da sociedade; • pesquisas eleitorais que apontam a preferência político-partidária de determinados grupos etc. Exploratória: A pesquisa exploratória é considerada o passo inicial de qualquer pesquisa. Trata-se de uma observação, ou seja, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade, com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema para torná-lo mais explícito ou viabilizar a construção de uma hipótese. Neste modelo temos a possibilidade do aprimoramento de ideias. Geralmente, neste tipo de pesquisa, há o levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que experimentaram situações que estejam sendo pesquisadas e análise de exemplos. A pesquisa bibliográfica e o estudo de caso são exemplos de pesquisas exploratórias. 17 Explicativa: Aqui o objeto é identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Neste modelo temos um efetivo aprofundamento de conhecimentos, porque se busca entender ou explicar as razões das coisas ― fato que amplia o entendimento. Nada impede que uma pesquisa explicativa seja a continuação de uma pesquisa descritiva ou exploratória. Nas ciências naturais, por exemplo, utiliza-se o método experimental. Nas ciências sociais utilizam-se outros métodos, tais como o fenomenológico e dialético, além de exigir elevado grau de controle. Os procedimentos Os procedimentos estão relacionados à maneira de agir, ao modo de fazer a pesquisa. Pesquisa bibliográfica: É uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará toda pesquisa, na medida em que dá o alicerce teórico que servirá de base ao trabalho. Consiste no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. Levando em consideração que bibliografia é o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos, a pesquisa bibliográfica é o exame de uma bibliografia para levantamento e análise do que já se produziu sobre o assunto que assumimos como tema da pesquisa científica. Pesquisa documental: Trata-se de uma pesquisa realizada através de certos documentos como: documentos pessoais, cartas, diários, jornais, balancetes, microfilmes, fotografias, memorandos, ofícios, vídeos, documentos estatísticos etc. Para Antônio Carlos Gil (1991), a pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica, mas possui uma diferença: “A diferença está no fato de a bibliográfica utilizar fundamentalmente as contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto. A documental utiliza materiais que não receberam o tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados.” 18 Pesquisa de campo: É a investigação empírica, isto é baseada na experiência, realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionamentos, testes e observações. Segundo Antônio Joaquim Severino, na pesquisa de campo “o objeto é abordado em seu próprio meio. A coleta de dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados.” (2007, p. 123) Pesquisa histórica: Você já reparou que os filmes de época exigem um estudo histórico prévio? Assista ao trailer do filme 300 de Esparta e perceba os detalhes que foram levantados através da pesquisa histórica. Pesquisa comparada: A pesquisa comparada procura estabelecer semelhanças e diferenças entre situações, fenômenos e coisas, por meio de relações entre os elementos que são comparados. Um bom exemplo de pesquisa comparativa está nos levantamentos sobre os aparelhos tipo smartphones, sempre realizados quando há lançamentos de novos modelos e tecnologias. Estudo de caso: É o estudo restrito a uma ou poucas unidades entendidas, como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão, uma comunidade ou um país. O Estudo de Caso constitui-se em uma metodologia de ensino participativa, voltada para o envolvimento do aluno. Há Estudos de Casos, por exemplo, que apresentam situações em que empresas e pessoas reais precisam tomar decisões sobre um determinado dilema. A condução do método envolve um processo de discussão, em que alunos devem se colocar no lugar do tomador de decisão, gerar e avaliar alternativas para o problema, e propor um curso de ação. Com a globalização, a internet se tornou uma grande fonte de pesquisa. Nela encontramos muitas informações através dos sites de busca. Por isso, ao se fazer a opção de utilizar a internet como fonte de pesquisa é importante se preocupar em buscar informações apenas em sites confiáveis. 19 As informações extraídas da internet podem ajudar muito na elaboração da pesquisa. Contudo, é preciso ter atenção quanto à propriedade intelectual do material que se está utilizando. Em qualquer situação é importante respeitar as regras de utilização das informações disponíveis. Nunca utilize informações de outros sem fazer referência à fonte. Além disso, observe se as informações postadas na Web são verdadeiras e revise o texto, adaptando o conteúdo para o público do seu trabalho.
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