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Civil IV. Semana 09 31 10 16

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Mário, contumaz receptador de veículos furtados, adquiriu um veículo Gol em fevereiro de 2003, alterando-lhe a placa e o chassi. Desde então, Mário vem utilizando contínua e ininterruptamente o veículo. No entanto, em maio de 2013 Mário foi parado em uma blitz que apreendeu o veículo, mesmo tendo este afirmado que como já estava na posse do bem há mais de dez anos, tinha lhe adquirido a propriedade por usucapião. Pergunta-se: bens furtados ou roubados podem ser objeto de usucapião por pessoa que conhece sua origem? Justifique sua resposta.
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Pergunta-se: bens furtados ou roubados podem ser objeto de usucapião por pessoa que conhece sua origem? Justifique sua resposta.
R: Mário poderá adquirir a propriedade do veículo por meio da usucapião, ainda que conheça a origem ilícita do objeto, desde que preenchidos os requisitos dos arts. 1260 a 1264 do CC/02 (TJSC, AC 200404 SC 2002.020040-4: “Não impede o reconhecimento do usucapião o fato de o bem ter sido furtado, desde que preenchidos os requisitos dos artigos 618 ou 619 do Código Civil de 1916, correspondentes aos artigos 1.260 e 1.261 do novo Código Civil”).
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Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
OBS: rol exemplificativo. Usucapião, acessão, sucessão por morte, etc. não estão aqui. As formas de adquirir também são formas de perder, como previa expressamente o CC/16.
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Incisos I, II e III – modos voluntários de perda da propriedade
Incisos IV e V – modos involuntários de perda da propriedade
Perda do direito de propriedade: em regra, decorre da vontade do proprietário. Ex: alienação, abandono. O não uso é um direito conferido a propriedade, que tem como uma de suas principais características a perpetuidade.
OBS: desapropriação, usucapião, etc: decorrem de causas legais. Não estão ligadas necessariamente ao não uso do proprietário, não desconfigurando a perpetuidade.
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Modos de perda da propriedade
Alienação (inciso I)
Alienar – tornar a coisa alheia.
. decorre de negócio jurídico inter vivos e ocorre por meio de contrato por negócio jurídico bilateral, pelo qual o titular transfere a propriedade a outra pessoa. Pode ser a título oneroso (ex: compra e venda) ou gratuito (ex: doação).
A perda da propriedade pela alienação sempre estará subordinada à tradição, no caso de bens móveis e ao registro do título aquisitivo, quando versar sobre bens imóveis.
OBS: a alienação produz efeitos automáticos – “no mesmo instante em que o alienante está perdendo, o adquirentes está ganhando propriedade” (Cristiano Chaves)
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Renúncia (inciso II)
. Decorre de negócio jurídico UNILATERAL inter vivos. Declara-se expressamente que não se tem mais interesse no direito.
OBS: renúncia pelo comportamento é abandono!
OBS2: renúncia em favor de outrem – não é renúncia = é DOAÇÃO (alienação gratuita).
Na renúncia nada se transmite a ninguém, simplesmente o titular abdica do direito real, que nesse instante se converte em res nullius.
OBS3: Em regra, não se aplica aos bens móveis, pela própria formalidade inerente ao ato da renúncia.
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Abandono (inciso III)
. Ato material UNILATERAL pelo qual o proprietário se desfaz da coisa porque não quer mais ser dono.
O abandono também implica em perda da propriedade por ato voluntário do seu titular, com a diferença que, nesse caso, o animus de abandonar a coisa é presumido pela cessação dos atos de posse.
OBS: Se a pessoa provar o contrário, a presunção de abandono é afastada. 
OBS2: “é difícil precisar a intenção (de abandono) quando se cuida de bem imóvel, pois o simples fato de uma pessoa fechar a sua casa não implica em abandono” (Marco Aurélio Viana).
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Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
OBS: Art. 1276, §2º: hipótese de presunção absoluta do imóvel: – desuso + inadimplemento de tributos fiscais.
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OBS: Art. 1276, CC. Discussão (Doutrina/Jurisprudência) acerca da inconstitucionalidade do dispositivo. 
Enunciado 243, III Jornada de Direito Civil: “Art. 1.276: A presunção de que trata o §2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, IV, da Constituição da República.”
CF/88. “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;”
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IV – Perecimento (inciso IV)
Modalidade de perda involuntária de propriedade. O perecimento deve atingir a substância da coisa de forma completa ou causar perda das qualidades essenciais/valor econômico.
Ex.: imóvel submerso pelas águas do rio.
OBS: perecimento parcial não importa em perda da propriedade. 
V – Desapropriação (inciso V)
O ente público pode desapropriar em nome do interesse público. Modalidade de perda involuntária de propriedade.
OBS: Tratada no Direito Administrativo.
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Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
 “Como negócio jurídico bilateral, perfaz-se a alienação fiduciária quando o credor fiduciário adquire a propriedade resolúvel e a posse indireta de bem móvel (excepcionalmente de imóvel), em garantia de financiamento efetuado pelo devedor alienante – que se mantém na posse direta da coisa -, resolvendo-se o direito do credor fiduciário com o posterior adimplemento da dívida garantida. 
O objetivo da propriedade fiduciária é garantir uma obrigação assumida pelo alienante/devedor em prol do adquirente/credor”. (Cristiano Chaves)
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 Fiduciário (sujeito ativo, alienação fiduciária): credor, adquirente, possuidor INDIRETO.
X
Fiduciante (sujeito passivo, alienação fiduciária): devedor, alienante, possuidor DIRETO.
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Alienação fiduciária:
1º momento) vendedor (propriedade/bem) “A”- comprador “B”– Instituição Financeira “C”.
2º momento) após contrato alienação fiduciária: comprador (devedor fiduciante) “B”– instituição financeira (credor fiduciário) (propriedade/bem) “C”.
3º momento) comprador “B”- quitação empréstimo: propriedade/bem.
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Histórico. Propriedade Fiduciária. 
Lei de Mercado de Capitais (Lei n. 4.728/65), em seu art. 66, introduziu em nosso sistema “alienação fiduciária em garantia”, visando criar instrumentos diversos do penhor/hipoteca/anticrese.
. Lei de Mercado de Capitais, art. 66: modificado pelo DL 911/69, que passou a disciplinar a alienação fiduciária em garantia.
. CC/02 disciplinou, o instituto em linhas gerais, sob o título “Da propriedade fiduciária” (arts. 1.361 a 1.368), sem revogar o DL 911/69.
DL 911/69: “art. 3º alterado pela Lei n. 10.931/04, aplica-se, com efeito, apenas, no que couber, às questões de natureza processual, estando revogado naquilo que respeita ao direito material”. (Carlos Roberto Gonçalves).
Assim, as regras concernentes às buscas e apreensões constantes nos arts. 3º, 4º e 5º do DL911/69 continuam em vigor.
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propriedade fiduciária: ocorre a transferência da propriedade do bem móvel ao credor (fiduciário), em garantia do pagamento, permanecendo o devedor (fiduciante) com a posse direta da coisa. A propriedade e a posse indireta passam ao credor, em garantia. 
Qual é o tipo de tradição que ocorre na transferência da propriedade fiduciária? Ficta, pelo constituto possessório (desde que expressa em contrato). O domínio do credor é RESOLÚVEL, pois se resolve de forma automática em favor do devedor alienante, sem necessidade de outro ato, uma vez paga a última parcela da dívida.
OBS: Em geral, o credor fiduciante (pode ser pessoa física, não há vedação) é uma financeira, que forneceu o numerário para a aquisição do bem móvel. Ex: Banco Fiat fornece dinheiro para compra de automóvel em concessionária de sua marca.
Bem sobre o qual recai a propriedade fiduciária: coisa móvel, infungível (ou seja, insubstituível: art. 85, contrario sensu).
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. Súmula 28, STJ: “o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor”.
Propriedade fiduciária, CC/02: doutrina - novo direito real de garantia, que tem por objeto bens móveis e infungíveis.
OBS: bens imóveis: Lei 9.514/97.
1368-A, CC/02: normas gerais CC/02. Demais espécies: submissão a leis especiais.
art. 1.361, § 1º: “Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro”.
OBS: propriedade fiduciária: negócio jurídico formal.
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Art. 1361, §1º: (...) no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, (...)
“O correto seria interpretar o dispositivo substituindo a conjunção “ou” pela conjunção “e”. (...) o cadastro do DETRAN não é um registro de propriedade, pois funciona apenas como banco de dados facilitador de suas atividades administrativas e para meros fins probatórios de alienação fiduciária (art. 52, CTB)” (Cristiano Chaves)
Integração súmulas 489 (STF) e 92 (STJ):
Súmula 489, STF: “A compra e venda de automóvel não prevalece contra terceiros, de boa-fé, se o contrato não foi transcrito no Registro de Títulos e Documentos”.
Súmula 92, STJ: “A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no Certificado de Registro do veículo automotor”
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Requisitos do contrato de propriedade fiduciária:
Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá:
I - o total da dívida, ou sua estimativa;
II - o prazo, ou a época do pagamento;
III - a taxa de juros, se houver;
IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação.
OBS: contrato – escrito, tradição – ficta, veículo – registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor (art. 121, CTB).
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Art. 1361, §2º: ”Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa”.
Desdobramento da posse – possuidores direto/indireto.
Antes de vencida a dívida, prescreve o art. 1.363, “o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário: I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza; II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento”.
“O fiduciante pode, assim, fruir do bem livremente, respondendo sempre como depositário fiel, devendo, por outro lado, entregá-lo ao credor em caso de inadimplemento. O credor pode exigir outras garantias, como a fiança e o aval. Se o débito é saldado por terceiro, em geral o avalista ou fiador, dá-se a sub-rogação “de pleno direito no crédito e na propriedade fiduciária (CC, art. 1.368)”. (Carlos Roberto Gonçalves)
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Direitos e obrigações do devedor fiduciante:
a) ficar com a posse direta da coisa e o direito eventual de reaver a propriedade plena, com o pagamento da dívida; 
b) purgar a mora, em caso de lhe ser movida ação de busca e apreensão; 
c) receber o saldo apurado na venda do bem efetuada pelo fiduciário para satisfação de seu crédito; 
d) responder pelo remanescente da dívida, se a garantia não se mostrar suficiente; 
e) não dispor do bem alienado, que pertence ao fiduciário (nada impede que ceda o direito eventual de que é titular, consistente na expectativa de vir a ser titular, independentemente da anuência do credor, levando a cessão a registro); 
f) entregar o bem, em caso de inadimplemento de sua obrigação (sujeitava-se anteriormente à pena de prisão imposta ao depositário infiel).
OBS: A recuperação da propriedade plena opera-se pela averbação da quitação do credor no cartório em que registrado o contrato
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Principal obrigação do credor fiduciário: proporcionar ao alienante o financiamento a que se obrigou e respeitar o uso regular da coisa pelo devedor. Não poderá ficar com o bem para si (art. 1365, CC).
OBS: Pacto comissório: é vedada a cláusula que estipula que, em caso de inadimplemento, o credor fique com o bem. Nula de pleno direito. Art. 1365, CC.
Se o devedor cair em inadimplência, fica o credor autorizado a vender o bem, aplicando o preço no pagamento de seu crédito, acréscimos legais, contratuais e despesas, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor (CC, art. 1.364). Com esse fim, pode ajuizar ação de busca e apreensão contra o devedor, a qual poderá ser convertida em ação de depósito, caso o bem não seja encontrado.
Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante. 
 
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Procedimento. Inadimplemento contratual. 
Comprovada a mora do devedor, pode o credor considerar vencidas todas as obrigações contratuais e ajuizar ação de busca e apreensão, obtendo a liminar. A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para pagamento, mas deverá ser comprovada mediante o protesto do título ou por carta registrada, expedida por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos, a critério do credor (art. 2º, § 2º, do Dec.-Lei n. 911/69).
OBS: pode ser Cartório de qualquer localidade.
Súmula 72, STJ: “a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”.
Súmula 245, STJ: “a notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito”.
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Excussão do bem: venda do bem pelo credor fiduciante. 
Se houver sobra - o excedente é devolvido ao devedor (art. 1364, CC)
Se faltar – bem móvel, cobra-se do devedor (art. 1366, CC); bem imóvel, não se continua cobrança, pois o segundo leilão tem como lance mínimo o valor da dívida. Se for em valor menor do que o da dívida, o credor dá quitação mesmo assim (art. 27, Lei 9514/97).
OBS: teoria do adimplemento substancial/inadimplemento mínimo:
no contrato de alienação fiduciária, quando o devedor torna-se inadimplente, o credor deve provar a mora e acionar o judiciário através da Ação de Busca e Apreensão. Neste caso o credor vende o bem judicial ou extrajudicialmente, na tentativa de quitar o débito.
 
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A Teoria do inadimplemento mínimo (ou adimplemento substancial) é uma criação doutrinária e jurisprudencial no qual se argumenta ser injusto o devedor perder o bem que já foi pago quase que integralmente. Fundamento - bem é mais do devedor do que do credor. Argumentos como boa-fé objetiva, equilíbrio contratual, função social dos contratos são sustentados diante do inadimplemento. Não há números de parcelas faltantes mínimas ou porcentagem a ser calculada e sim a razoabilidade e o livre convencimento do juiz.
EX: João deixa de pagar a 98ª (nonagésimaoitava) prestação de um carro, no contrato de 100 (cem) parcelas; com a Teoria do inadimplemento mínimo, poderia pleitear a manutenção do bem, tentando outra saída para a quitação do débito (parcelamento, novo prazo, etc).
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DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESCISÃO CONTRATUAL. REINTEGRAÇÃO NA POSSE. INDENIZAÇÃO. CUMPRIMENTO PARCIAL DO CONTRATO. INADIMPLEMENTO. RELEVÂNCIA. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. INAPLICABILIDADE NA ESPÉCIE. RECURSO NÃO PROVIDO.
(...)
2. Ressalvada a hipótese de evidente relevância do descumprimento contratual, o julgamento sobre a aplicação da chamada "Teoria do Adimplemento Substancial" não se prende ao exclusivo exame do critério quantitativo, devendo ser considerados outros elementos que envolvem a contratação, em exame qualitativo que, ademais, não pode descurar dos interesses do credor, sob pena de afetar o equilíbrio contratual e inviabilizar a manutenção do negócio.
3. A aplicação da Teoria do Adimplemento Substancial exigiria, para a hipótese, o preenchimento dos seguintes requisitos: a) a existência de expectativas legítimas geradas pelo comportamento das partes; b) o pagamento faltante há de ser ínfimo em se considerando o total do negócio; c) deve ser possível a conservação da eficácia do negócio sem prejuízo ao direito do credor de pleitear a quantia devida pelos meios ordinários (critérios adotados no REsp 76.362/MT, QUARTA TURMA, j. Em 11/12/1995, DJ 01/04/1996, p. 9917).
(STJ, 4ª Turma, REsp 1581505/SC, Min. Rel. Antonio Carlos Ferreira, DJ 28/09/2016)
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OBS: Leasing (ou Arrendamento Mercantil), conforme disposto na Lei n.º 6.099/74 e Resolução n.º 2.309/1996, não é o mesmo que contrato de financiamento. O Arrendamento Mercantil se caracteriza como um contrato em que o consumidor (arrendatário), quando interessado em determinado bem, procura o agente financeiro que o adquire, alugando-o ao arrendatário. O arrendatário, ao final do negócio, possui a OPÇÃO de ser o proprietário do bem, devolvê-lo ou renovar o contrato. 
OBS: Da Venda com Reserva de Domínio. Art. 521, CC. “Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago”.
Relação jurídica é estabelecida entre comprador e vendedor, que permanece com a propriedade até o adimplemento da última prestação. Transferência da posse (e não da propriedade, como na alienação fiduciária).

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