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Alienação Fiduciária Resumo

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1- Conceito
No Brasil, a doutrina apresenta diversos conceitos a respeito do contrato de alienação fiduciária, mas será destacado aqui os pensamentos dos doutrinadores Orlando Gomes e José Alfredo Ferreira de Andrade.
Gomes afirma que, em sentido lato, a alienação fiduciária é o negócio jurídico pelo qual uma das partes adquire, em confiança, a propriedade de um bem, obrigando-se a devolvê-la quando se verifique o acontecimento a que se tenha subordinado tal obrigação, ou lhe seja pedida a restituição.
Já Jose Alfredo, diz quealienação fiduciária em garantia é um direito real de garantia onde o devedor, proprietário de uma coisa, aliena-a fiduciariamente ao credor, tornando-se depositário e possuidor direto do bem para que o credor, com a posse indireta e o domínio resolúvel, possa receber o crédito devido e com o seu integral adimplemento, possa transferir a coisa ao devedor.
Além dos conceitos doutrinários, há ainda o conceito legal extraído do Código Civil de 2002, que, em seu art. 1.361, define a propriedade fiduciária como sendo a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. Entretanto, após a entrada em vigor da Lei nº 9.514/97, incluiu-se os bens imóveis como possíveis objetos do contrato de alienação fiduciária. Sendo assim, A alienação fiduciária em garantia de imóveis, regulada pela Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997, é o negócio jurídico pelo qual o devedor, fiduciante, com a finalidade de garantir o cumprimento da obrigação, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel e a posse indireta de coisa imóvel, permanecendo o fiduciante com a posse direta. Ressalta-se que, antes da promulgação da citada lei, parte da doutrina e da jurisprudência já admitia a possibilidade da propriedade resolúvel de bem imóvel em garantia de um contrato principal, todavia, não no formato da alienação fiduciária, mas sob a forma de negócio fiduciário atípico, que seria válido por inexistir vedação legal.
Com efeito, a Alienação Fiduciária de Imóvel constitui um direito real de garantia, restando clara essa sua função de garantia conforme definido em Lei, a alienação fiduciária é um direito acessório em relação ao crédito ou à obrigação à qual se vinculou para constituição da garantia.
Há que se entender a alienação fiduciária de bem imóvel como o contrato pelo qual há uma transferência da propriedade resolúvel para a garantia do cumprimento de uma obrigação principal. Em suma, transfere-se ao credor-fiduciário, uma propriedade limitada, enquanto que o devedor-fiduciante mantém a posse direta do bem até a extinção do contrato, com o adimplemento integral da dívida, quando o imóvel retornará para o seu patrimônio.
2- Evolução histórica
Diferentemente dos dias atuais, no Direito Romano a alienação fiduciária tinha outro conceito e finalidade. Por Fiducia, entendia-se como um contrato de confiança, onde pessoas passavam seus bens a outras com o intuito de protegê-los de circunstâncias aleatórias, com a ressalva de serem esses devolvidos quando entendia o proprietário que não necessitava mais dessa medida acautelatória. Era conhecida como fiducia cum amico e não tinha finalidade de garantia. Mas essa modalidade se transformou passando a ser a chamada fiducia cum creditore, onde o devedor transferia a propriedade do bem ao credor até que efetuasse o pagamento da dívida.
Regulamentado no Brasil na década de 60, surgiu com a Lei nº 4.728, artigo 66, de 14 de julho de 1965, que regulou o mercado de capitais visando crescimento econômico, dinamizando o financiamento de bens móveis, atribuindo como garantia da instituição que empresta o dinheiro a propriedade do bem. 
Com advento da Lei nº 4.728/65 surgiu a possibilidade de ação de retomada da coisa em favor do proprietário, no caso do não-pagamento por parte do possuidor, que alienara a coisa fiduciariamente em garantia.
A referida lei criou o instituto, e esse ganhou contornos materiais e processuais definitivos com o Decreto-lei nº 911/69, que disciplinou em seu art. 66 a garantia fiduciária, a qual já demonstrava ser muito útil no mundo dos negócios. Após esse decreto foi criada a Lei nº 9.514/97, que dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário, iniciando a regulamentação da alienação fiduciária de coisa imóvel, até então inédita.
O Código Civil de 2002 tenta dar contornos gerais à matéria “Da propriedade fiduciária”, que engloba os arts. 1.361 a 1.368. Após o advento do referido Código Civil, a alienação fiduciária foi tratada novamente em duas leis, quais sejam: a Lei nº 10.931/04, que incluiu o art. 1.368-A ao Código Civil, e a Lei nº 13.043/14, que alterou a redação do art. 1.367 e incluiu o art. 1.368-B, parágrafo único, ao mesmo códex.
Com isso, verifica-se que o Código Civil vigente regulamenta a alienação fiduciária de bem móvel, porém não de forma única, visto a existência de leis complementares ao referido assunto. Já a alienação fiduciária de bem imóvel não é tratada pelo Código Civil, mas por outras leis, como a Lei nº 9.514/97, comentada acima.
3- Natureza Jurídica
O contrato de alienação fiduciária de bem imóvel possui natureza acessória e de fidúcia (confiança), seguindo um contrato principal, que é o de mútuo, também é um contrato típico, formal, oneroso, unilateral e cumulativo. Destaca-se que a finalidade desse instrumento contratual é a aquisição de bem imóvel.
Trata-se de garantia real em coisa própria, uma vez que o empréstimo é garantido pelo registro do bem adquirido em nome do credor fiduciário, sob condição resolutiva. Nesse sentido, é que costuma-se dizer que o contrato de alienação fiduciária é translativo de direito real vinculado a uma obrigação, em que a eficácia fica subordinada ao adimplemento do encargo assumido pelo devedor-fiduciante.
Destaca-se que, para que exista a propriedade fiduciária, direito real oponível erga omnes, é necessário o registro do contrato de alienação fiduciária junto ao Oficial do Registro de Imóveis da situação do imóvel alienado.
4- Requisitos
Existem três requisitos para a existência da alienação fiduciária, sendo eles divididos em subjetivos, objetivos e formais:
a) Requisitos subjetivos: Poderá alienar qualquer pessoa natural ou jurídica de direito privado ou público, devendo ser dotadas de capacidade genérica para atos da vida civil e capacidade de disposição devendo ter o domínio do bem dado em garantia para poder dispor dele livremente.
b) Requisitos objetivos: Este requisito refere-se ao bem móvel dado em garantia, podendo ser fungível e infungível. Contudo, a jurisprudência já havia admitido à alienação de bens imóveis, sendo que além da propriedade plena também poderá haver direito de uso especial para fins de mora e direito real de uso.
c) Requisitos formais: Para a formalização da alienação fiduciária deverá ser celebrado um instrumento escrito, público ou particular, devendo conter: o valor da dívida, o prazo para pagamento, taxa de juros, cláusula penal, estipulação de atualização monetária com indicação dos índices aplicados, descrição do objeto da alienação e elementos de identificação.
Quando a garantia for de bem imóvel, no instrumento de contrato deverá conter o valor do principal de dívida, o prazo do empréstimo ou do crédito fiduciário, taxa de juros e encargos incidentes, cláusula de constituição da propriedade fiduciária com a descrição do imóvel e indicação do título e modo de aquisição.
Os instrumentos do contrato, público ou particular, deverão ser registrados no Cartório de Registro de Títulos e Documentos quanto tratarem de bens móveis, no Cartório de Registro de Imóveis quando tratar de bens imóveis ou se tratando de veículos na repartição competente para o licenciamento para anotação no registro do veículo, tornando assim pública a garantia.
5- As Partes
Não havendo modelos universais para todos os contratos existentes no mundo jurídico e sendo o instrumento contratual o espelho fiel do acordo de vontades entre as partes, o contrato de alienação fiduciária deve apresentarcomo elemento básico a identificação dos contratantes, a saber: a figura do devedor-fiduciante, que transfere para a figura do credor-fiduciário a propriedade do bem imóvel, com o escopo de garantir o pagamento da dívida, assegurando-se, ao ser liquidada a obrigação, voltar ele a ter a propriedade do bem transferido.
Como qualquer instrumento contratual, as partes devem ser devidamente identificadas, fazendo constar a qualificação completa de cada contratante, com as seguintes especificações: nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, indicação do documento de identificação perante o Registro Civil de Pessoas Naturais ou Jurídicas, e indicação do cadastro de pessoas físicas ou jurídicas perante a Receita Federal do Brasil.
6- Objeto
Das cláusulas essenciais do contrato, o objeto é a única que permite uma distinção, quanto ao seu conteúdo intrínseco, em relação às diversas modalidades contratuais. O objeto, usando uma imagem prosaica, é o miolo do contrato ou, se quiserem, o seu coração.
Nesses termos, o objeto do contrato de alienação fiduciária é o financiamento para aquisição pelo devedor-fiduciante de um bem móvel ou imóvel. Segundo Salomão Resedá e Maria Vitória Resedá, o bem não será o foco da relação jurídica. Ele servirá como meio garantidor do aporte financeiro desejado, este, sim, o ponto central do negócio jurídico.
Observe-se que, ao indicar a coisa ao credor, o objetivo não será a alienação do mesmo nos moldes clássicos, mas sim a transferência resolúvel, isto é, aquela condicionada a um termo. Tal transferência do bem visa garantir a concessão de um crédito, o qual, uma vez satisfeito, faz retornar a propriedade ao devedor-fiduciante.
Cumpre frisar que a descrição precisa do objeto enseja ao contratante acobertar-se em relação aos vícios redibitórios de que os bens possam ser portadores. Dessa forma, quanto ao contrato de alienação fiduciária, é importante delinear de forma precisa e clara o seu objeto, para fins de proteção das partes envolvidas no negócio jurídico.
7- Tipos
a).Alienação fiduciária de bens móveis: Os sujeitos da alienação fiduciária são: fiduciante (devedor) e o fiduciário (credor). Dessa forma, quando o fiduciante transfere ao credor o bem móvel alienado, o fiduciário passa a ter a posse indireta da propriedade resolúvel e esse bem passa a ser a garantia de débito.
Por se tratar de uma garantia, não há de se falar em aquisição do bem, não exige interesse em ter o bem para si, serve apenas como garantia.
O contrato é feito por instrumento público ou particular, registrado no lugar de domicilio do devedor no Registro de Títulos e Documentos. Mas em se tratando de veículos, o registro é feito na repartição competente para licenciamento. Como consta no artigo 1.361, parágrafo 1º do Código Civil. Com o registro, dá-se a constituição da propriedade fiduciária. Esse contrato deve conter o valor total ou estimativa da dívida, o local e a data de pagamento, taxa de juros (se houver) e a descrição da coisa, passível de ser identificada, já que se trata de um bem móvel infungível.
O fiduciante (devedor) tem que ser o proprietário do bem móvel para poder entregar como garantia, mas nada impede que esse bem seja futuro, já que a transmissão do bem é abstrata, pois ele ainda detém a posse direta da coisa.
A alienação tem fim com o pagamento total da dívida. Se vencido o prazo para pagamento e ele não tiver sido feito, o credor não pode tomar para si o bem, ele deve vender, sendo judicialmente ou extrajudicialmente, a coisa para terceiros, pegando para si o valor equivalente da dívida e o saldo, se houver, devolve para o devedor. Se ao vender o bem, o valor não for suficiente para cobrir a dívida, o fiduciante continua obrigado. Com isso, a cláusula no contrato que permite ao credor ficar com o bem alienado em caso de não pagamento da dívida, é nula.
O fiduciante ou terceiro que estiver com a posse do bem, se em mora, por ser o possuidor direto, pode sofrer busca e apreensão de seu bem móvel, alienação da coisa, ação de depósito ou ação executória. A condição para haver busca e apreensão é que se constate a mora ou o inadimplemento do devedor. Ele tem o prazo de cinco dias para sanar a dívida. Não sanando, a posse exclusiva passa para o credor, podendo registrar o ato no órgão competente, respeitando o prazo de quinze dias para o fiduciante contestar. Em contrapartida, o credor tem algumas obrigações. Para que o devedor dê um bem como garantia, deve o credor fornecer um empréstimo ou financiamento, como estabelecido no contrato, e por ser dele a posse indireta do bem, ele não deve turbar a posse direta do devedor. 
A conversão da busca e apreensão em ação de depósito se dá quando o bem não for encontrado ou não estiver com o fiduciante. Ele terá cinco dias para entregar a coisa ou entregar em juízo ou consignar em dinheiro. Quando o juiz decidir a ação em favor do fiduciário, caso o fiduciante descumpra, ele seria condenado à prisão na condição de depositário infiel. Como a prisão de depositário infiel é proibida hoje por lei, o credor tem a prerrogativa de ter a restituição do objeto. Quando for caso de falência do devedor, o credor tem direito de pedir que seja restituído o bem, obedecendo a lei falimentar. Se for falência do credor, o devedor deve pagar sua dívida e resolve a propriedade.
b) Alienação fiduciária de coisa imóvel: Regulada pela Lei 9.514/97, com alterações pela Lei 11.481/07, possibilita tanto pessoas físicas como jurídicas a usá-la, tendo como principal objetivo, facilitar o financiamento imobiliário. Da mesma maneira da alienação fiduciária de bens móveis, ela é comporta pela figura do fiduciante (devedor) e do fiduciário (credor), e se dá da com a transferência da propriedade resolúvel de bem imóvel como forma de garantia. Sendo assim, o fiduciante mantém a posse direta e o fiduciário detém a posse indireta.
O registro do contrato, servindo como título, deve ser feito no Cartório Imobiliário. Se não houver registro do contrato, o que há entre as partes é apenas uma relação obrigacional. Alguns dos requisitos previstos no artigo 24 da mesma lei, para que o contrato possa valer como um título é: valor principal da dívida, prazos e condições, taxas de juros, descrição do objeto imóvel passível de alienação, etc.
A extinção da alienação se dá pelo pagamento total da dívida. Quando o credor receber todo o pagamento, deve escrever um termo de quitação e o oficial doo registro imobiliário irá resolver o contrato de alienação. Se, todavia, a dívida não for sanada no prazo, estará, o devedor, em mora. Estando em mora, ele será intimado pelo correio, ou pessoalmente, ou no domicilio para pagar a dívida. Não pagando, passa a propriedade para o nome do fiduciário, se ele provar que o devedor estava de fato em mora. Quando a propriedade estiver no nome do fiduciário, ele deve leiloar o imóvel em trinta dias, porque não é permitido que ele fique com o bem. No leilão, só haverá aceitação se o valor do lance for maior que do imóvel, não sendo possível, marca-se um outro leilão para que se tente aceitar um lance que seja igual ou mais que o valor da dívida. Tanto o credor como o devedor podem participar do leilão. Porém, se mesmo no segundo leilão não conseguir um valor capaz de sanar a dívida, dá-se a quitação.
Existe a possibilidade de um terceiro pagar a dívida, como terceiro interessado, evitando que se perca o bem, ficando ele sub-rogado. A insolvência do devedor transmite ao credor a possibilidade de ficar com o bem. E na falência, quando pagar a dúvida, dá-se a quitação.
c) Alienação fiduciária de semoventes: Artigo 82, CC: "são móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social."
Os semoventes são os animais domésticos, domesticáveis ou selvagens, como por exemplo, equinos, bovinos, caprinos, suínos, etc, que tem movimento próprio, de valor econômico ao seu proprietário. Por essa razão, eles podem ser alvos de alienação fiduciária, nos mesmos critérios de alienação móvele imóvel no que tange a existência de um fiduciante (devedor), fiduciário (credor) e o objeto/bem passível de alienação em detrimento de uma garantia de empréstimo.
8- Direitos e Obrigações do Fiduciante
Direitos: 
São direitos do fiduciante:
a) Obter a posse direta do bem alienado como garantia fiduciária, passando assim o alienante ou fiduciante (devedor) possuir o nome de adquirente, tornando-se possuidor da coisa, conservando-a com as obrigações de depositário, conforme dispõe o artigo 1.361, § 2º do Código Civil:
“Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa.”
b) A restituição do bem dado em garantia somente irá acontecer após o pagamento da dívida, devendo ser realizada a baixa no Cartório competente onde esta arquivada a cópia do instrumento constitutivo. Tratando-se de bem imóvel a extinção da obrigação ocorre no prazo de 30 dias contados da liquidação da dívida, obtenção do termo de quitação, pois através desta, o Oficial procederá a averbação na matrícula do imóvel de cancelamento do registro de caráter fiduciário;
c) Após a quitação do débito poderá o devedor reivindicar a coisa, visto que após o pagamento da dívida o fiduciário não poderá se recusar a proceder à entrega do bem ao alienante;
d) Em situações que ocorrem a venda do bem alienado, poderá o fiduciário receber o saldo da venda da coisa, sendo que caso vendida por valor superior ao valor da dívida terá direito a receber o remanescente;
e) Caso o credor recuse a receber o pagamento ou quitação da dívida, poderá o devedor ingressar com ação de consignação em pagamento, valendo a sentença como título liberatório e de recuperação da propriedade da coisa alienada;
f) Purgar a mora;
g) Com anuência do fiduciário poderá ser transmitido os direitos sobre o bem imóvel, passando o adquirente a assumir as respectivas obrigações;
h) Desde que ocorrer o arquivamento do instrumento, deverá tornar eficaz a transferência da propriedade fiduciária, se adquiriu domínio superveniente, visto que quem transfere propriedade que não é sua, torna a relação jurídica eficaz, conforme dispõe o artigo 1.361 em seu § 3º do Código Civil;
“A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária.”[6]
i) Após o vencimento da dívida, poderá o devedor obtendo anuência do credor, dar o bem em pagamento da dívida, conforme o artigo 1.365, parágrafo único, do Código Civil:
“Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento.”
Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta.”[7]
Obrigações:
São Obrigações do fiduciante:
a) Deverá o fiduciante efetuar o pagamento da dívida, solvendo-a integralmente, pagando pontualmente todas as prestações a qual se obrigou a pagar, caso tenham sido estipuladas parcelas, sob pena de execução de garantia se for inadimplente;
b) Conservar o bem alienado, defendendo-o contra interditos possessórios e contra os que o turbarem ou esbulharem a posse;
c) Permitir a qualquer momento a fiscalização do bem pelo credor;
d) Não dispor da coisa alienada de forma onerosa ou gratuita, visto que o bem passou a pertencer ao credor;
e) Em caso de inadimplemento da obrigação deverá o alienante entregar o bem ao credor;
f) Caso o bem alienado não satisfaça o valor da dívida, o fiduciante ficará obrigado a pagar o saldo remanesce do débito e as despesas efetuadas com a cobrança, conforme dispõe o artigo 1.366 do Código Civil:
“Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.”
9- Direitos e Deveres do Fiduciário
 Direitos:
São direitos do fiduciário:
a) Ser proprietário indireto do bem que lhe foi transferido com posse indireta, independentemente da sua tradição;
b) Postular o bem em ação de reivindicação contra o fiduciante ou terceiro que o detenha injustamente;
c) Vender o bem alienado, para pagamento e quitação da dívida e despesas de cobrança, ficando responsável a efetuar o pagamento de saldo ao fiduciante, caso houver, conforme artigo 1.364 do Código Civil:
“Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor.” 
d) Permanecer como credor do fiduciante caso o preço da venda não satisfazer o débito;
e) Caso o bem não esteja mais em posse do devedor ou este se recusar a entregá-lo, poderá o fiduciário ingressar com ação de depósito contra o devedor para restituição da coisa ou pagamento do valor equivalente;
f) Havendo falência do fiduciante, poderá o fiduciário pedir devolução do bem alienado;
g) Sendo o bem penhora por outro credor, poderá ingressar com embargos de terceiro;
h) Solicitar busca e apreensão do bem;
i) Ingressar com ação possessória;
j) Em caso de inadimplemento da dívida, poderá o fiduciário considerar vencida a dívida sem a necessidade de proceder à notificação ao devedor;
k) Estabelecer o bem imóvel em seu nome caso o fiduciante não realizar a purgação da mora, sendo que após a sua consolidação o bem não poderá ser alienado a não ser por leilão;
l) Requer reintegração de posse do imóvel, desde que comprovada a consolidação da propriedade em seu nome, podendo solicitar a sua desocupação no prazo de até 60 dias;
m) Em caso de insolvência ou recuperação judicial do devedor, poderá o fiduciário obter a devolução do imóvel alienado;
n) Obter declaração de ineficácia de locação do imóvel alienado fiduciariamente por prazo superior a um ano sem a concordância escrita do fiduciante.
Deveres:
São deveres do fiduciário:
a) Proporcionalizar ao devedor o financiamento, entregar o bem ou proceder empréstimo ao fiduciante;
b) Não molestar a posse direta, nem se apropriar do bem, respeitando o usa da propriedade fiduciária;
c) Após o pagamento integra da dívida, ficará o fiduciário responsável em proceder a devolução do bem alienado, procedendo assim a baixo do instrumento;
d) Em caso de inadimplemento da dívida poderá realizar a venda do bem alienado para pagamento do crédito e demais despesas da cobrança;
e) Entregar ao fiduciante o saldo remanescente se houver, com o valor da venda do bem que foi suficiente para a quitação do débito;
f) Em situações em que o bem alienado não puder ser identificado por números, marcas e sinais indicados no instrumento de constituição de garantia deverá o fiduciário provar contra terceiros a sua posse do bem;
g) Recusando-se a receber o pagamento da dívida ou dar total quitação do débito, deverá ressarcir o devedor com perdas e danos por acarretar prejuízos ao alienante;
10- Execução do Contrato 
Havendo inadimplemento da obrigação, deixando o devedor de pagar a dívida, poderá o credor efetuar a venda do bem alienado judicialmente ou extrajudicialmente a terceiros, para quitação do débito e despesas de cobrança.
Inicialmente o fiduciário deverá constituir o fiduciante em mora, mediante protesto e notificação, expedida pelo Cartório de Títulos e Documentos, devendo ser entregue no endereço do devedor sendo necessário ser recebido por ele próprio ou por terceiro que o conheça.
Após a comprovação da mora, ingressará com ação requerendo a busca e apreensão do bem, na qual o devedor terá o prazo de 05 (cinco) dias para o pagamento do débito e não o fazendo, passará o bem ser de caráter exclusivo do credor. Existindo a busca e apreensão o devedor deverá apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias da execução, mesmo que tenha efetuado o pagamento do débito ou tenha entendido pagar valor maior ao devido.
De acordo com a Súmula 72 do Superior Tribunal de Justiça sobre a busca e apreensão do bem e a Súmula 245 sobre a notificação do fiduciante:
Súmula 72: “a comprovação da mora é imprescindívelà busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente.”[10]
Súmula 245: “A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito.”[11] 
Da sentença caberá apelação em efeito devolutivo e existindo ação de improcedência, o credor fiduciário deverá pagar multa ao fiduciante equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor financiado, devidamente atualizado.
O credor não é obrigado a ingressar com ação de busca e apreensão do bem, podendo se preferir entrar com ação de execução contra o fiduciante ou avalistas, hipótese em que poderá efetuar a penhora do bem.
Ocorrendo a falência do devedor, o credor terá direito em requerer a devolução da coisa alienada, não alterando a estrutura de execução do bem. Entretanto, se houver a falência do credor, o devedor poderá requer após a quitação do débito a devolução da propriedade livre de ônus.
11- Extinção da Propriedade Fiduciária
Havendo a ocorrência de qualquer uma das situações elencadas abaixo, será necessário o cancelamento da inscrição no Registro de Títulos e Documentos ou Registro de Imóveis, dependo do tipo de garantia que poderá ser móvel ou imóvel. Desta forma, poderá ocorrer a extinção da propriedade fiduciária com:
a) A extinção da obrigação cessa a garantia, visto que a dívida considera-se vencida não só com o pagamento da dívida, mas também com o vencimento antecipado do débito, onde não haverá juros correspondentes ao tempo ainda não decorrido, conforme artigo 1.367, 1.425, I ao V e § 1º e 1.426 do Código Civil. A dívida poderá ser considerada vencida em caso de deterioração, desvalorização ou perca do bem alienado, ficando o devedor responsável em restituí-lo;
“Artigo 1.367: A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação especial pertinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à propriedade plena de que trata o art. 1.231.”
“Artigo 1.425: A dívida considera-se vencida:
I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;
II - se o devedor cair em insolvência ou falir;
III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;
IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;
V - se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for necessária para o pagamento integral do credor.
§ 1o Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se sub-rogará na indenização do seguro, ou no ressarcimento do dano, em benefício do credor, a quem assistirá sobre ela preferência até seu completo reembolso.”
 “Artigo 1.426: Nas hipóteses do artigo anterior, de vencimento antecipado da dívida, não se compreendem os juros correspondentes ao tempo ainda não decorrido.”
b) O perecimento do bem alienado;
c) A renúncia do credor, caso em que o crédito irá permanecer sem esta garantia;
d) A remição, adjudicação judicial, arrematação ou venda extrajudicial para quem adjudicou, resgatou ou adquiriu a coisa, tornar proprietário pleno;
e) A confusão, que ocorre quando a mesma pessoa possui qualidades de credor e proprietário pleno;
f) A desapropriação do bem alienado, caso em que a dívida será considerada vencida;
g) A realização da condição resolutiva a que estava subordinado o alienante, antes da cessação de sua finalidade de garantia.”.[14]
12- Conclusão
No que tange a alienação fiduciária, verificou-se que caracteriza através da transferência de um bem móvel ou imóvel, de propriedade do credor para o devedor, que ficará na posse direta do bem até que seja realizada a quitação do débito.
Após satisfação do débito, o devedor passará a ser proprietário do bem, mas caso ocorra o inadimplemento do pagamento, o credor titular do bem, poderá reaver a posse direta do bem dado em garantia na relação jurídica. 
O contrato com garantia de alienação fiduciária trata-se de um contrato bilateral, fazendo parte de uma garantia real do nosso Direito Civil Brasileiro, em que se tratando também de um direito de propriedade poderá ser realizado por bens móveis ou imóveis.
 Deverá ser realizado de forma escrita, pública ou particular devendo o contrato ser registro no Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou Cartório de Registro de Imóveis, dependendo do tipo de garantia.
Assim observa-se que a constituição da garantia de alienação fiduciária trata-se de uma segurança para o credor, bem como uma facilidade do devedor em adquirir uma determinada dívida por possuir um bem como garantia da dívida. Desta forma, foi possível analisar os principais tópicos que nos retratam a relação jurídica entre o credor e o devedor, baseado em nosso ordenamento jurídico

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