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Capítulo 5 A Mão

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174 FISIOLOGIA ARTICULAR
A SUA FUNÇAO
A mãodohomemé umaferramentamara-
vilhosa,capazde executarinumeráveisacões
graçasà suafunçãoprincipal:apreensão.E "o
instrumentodosinstrumentos"comodisseAris-
tóteles.
Estádotadadeumagranderiquezafuncio-
nal quelhe proporcionaumasuperabundância
depossibilidadesnasposições,nosmovimentos
enasações.
Estafunçãodepreensãopode-seencontrar
desdea pinçado caranguejoà mãodo símio,
masemnenhumoutroser,quenãosejao ho-
mem,alcançaestegraudeperfeição.Istosede-
veàposiçãopeculiarqueapresentaopolegarde
poderopor-sea todososoutrosdedos.Em ma-
cacosavançados,o polegaré oponente,masa
amplitudedestaoposiçãojamaisalcançaa do
polegarhumano.
Ao mesmotempo,a ausênciadeespeciali-
zaçãodamãodohomemé um fatordeadapta-
bilidadeedecriatividade.
Do pontodevistafisiológico,amãorepre-
sentaa "extremidaderealizadora"domembro
superiorqueconstituio seusuporteelhepermi-
te adotara posiçãomaisfavorávelparauma
açãodeterminada.Porém,a mãonão é unica-
menteumórgãodeexecução,tambémé um re-
ceptorfuncionalextremamentesensívelepreci-
so,cujosdadossãoimprescindíveisparaa sua
própriaação.Por último,graçasao conheci-
mentoda espessurae das distânciasque lhe
proporcionao córtexcerebral,amãoé aeduca-
doradavisão,permitindo-lhecontrolare inter-
pretarasinformações:semelaanossavisãodo
mundoseriaplanae semrelevo.Ela constituia
basedestesentidotãoespecíficoqueé a este-
reognosia,conhecimentodorelevo,daforma,da
espessura,emresumo,do espaço.Tambémé a
educadorado cérebrodevidoàsnoçõesde su-
perfície,pesoe temperatura.É capaz,por si
mesma,dereconhecerumobjeto,semsequerre-
correràvista. I
Portanto,amãoconstituijuntocomo cére-
broumpar funcionalindissociável,ondecada
termoreagelogicamentesobreo outro,e é gra-
çasàproximidadedestainter-relaçãoqueo ho-
mempodemodificaranaturezasegundoosseus
desígniosesersuperioratodasasespéciesterres-
tresviventes.
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1.MEMBRO SUPERIOR 175
176 FISIOLOGIA ARTICULAR
TOPOGRAFIA DA MÃO
Podemosestudara topografiadasduassuperfícies
damão:apalmare a dorsal.
A superfíciepalmar (fig.5-1),ou anteriordamão,
constadeduaspartespossíveisdedescrever:a palmae
a superfíciepalmardosdedos.
Assim sendo,apalmada mãoinclui trêspartes:
- no centro,a palma propriamentedita (1), o
"oco" da mão,quecorrespondeà celapalmar
médiacom os tendõesflexores,os vasose os
nervos,limitadapor duaspregastransversais:
apregapalmar inferior (2), quesecorrespon-
de com as trêsúltimas articulaçõesmetacar-
pofalangeanase a prega palmar média (3),
que corresponde,por fora, com a metacarpo-
falangeanado dedoindicador;
- por fora,umazonaespecialmenteconvexa,car-
nosa,contíguaà basedo polegar,a eminência
tenar(4),limitadapordentropelapregapalmar
superior(5),tambémdenominadapregadeopo-
siçãodopolegar,incluiosmúsculostenaresque
sãomotoresintrínsecosdo polegar;nasuapor-
ção superior,a palpaçãoindicaa proeminência
ósseadurado tubérculodo escafóide(1);
- por dentro,a eminênciahipotenar(7), menos
proeminentequea anterior,inclui osmúsculos
hipotenares,que são motoresintrínsecosdo
dedomínimo:a palpaçãopermitelocalizarna
suapartesuperioraproeminênciaduradopisi-
forme (8), lugarde inserçãoda cordatendínea
do ulnaranterior.
Acima da palma,o punho se correspondecom o
maciçodo carpo,a articulaçãorádio-carpeanano nível
dapregadefiexãodopunho(9),sobreo qualfinalizam
perpendicularmenteo tendãodopalmarmaior(10);que
limitapordentroo canaldopulso(11),o ligamentoanu-
lar anteriordo carpo queformaum septotransversal
nestazonae aporçãosuperiordapalma.
A supeifíciepalmardosdedostemorigemnapre-
ga dígito-palmar(12)localizadade 10a 15mmabaixo
dametacarpofalangeana.Os quatroúltimosdedosestão
separadosentresipelasegunda,terceiraequartacomis-
suras(13),menosprofundasquenasuperfíciedorsal.A
pregadefiexãoda inteifalangenaproximal(14)édupla
e sesituaumpoucoacimadasuaarticulação;separaa
primeirafalange(15)dasegunda(16);apregadefiexão
da inteifalangeanadistalésimples(17),tambémlocali-
zadaumpoucoacimadasuaarticulação;constituio li-
mitesuperiordapolpa do dedo(18),superfícieanterior
da terceirafalange.O polegar,situadonabasedo lado
externoda mãoestáseparadopelaprimeiracomissura
(19), amplae profunda;estáunido à eminênciatenar
medianteduaspregasdefiexãodopolegarcomapalma
(20)queestãoao redordasuametacarpofalangeana;a
primeirafalange(21)estáseparadadapolpadopolegar
(22),superfícieanteriordasegundafalange,pelaprega
da inteifalangeana(23)localizadaumpoucoacimada
suaarticulação.
A superfície dorsal (fig. 5-2), ou posterior da
mão, tambémcompreendeduasregiões,a superfície
dorsaldamãoe a dosdedos.
A supeifíciedorsaldamão,cobertacomumapele
finaemóvel,percorridapelaredevenosaquedrenatodo
o sanguedamãoe dosdedos,elevadapelostendõesex-
tensores(24),estálimitadaporbaixoportrêseminências
durase arredondadas,qu·ecorrespondemàscabeçasdos
metacarpeanos(25),epelastrêscomissurasinterdigitais
(26)profundamentemarcadasnasuperfíciedorsal.
Por dentro,o bordoulnarda mão (27)estáacol-
choadopeloadutordodedomínimo.
Por fora (fig.5-3),selocalizamaprimeiracomis-
sura (19)e a tabaqueiraanatômica(28);estaúltimali-
geiramentecôncava,situadana uniãodo punhocomo
polegar,estálimitadapelostendõesdo abdutorlongo
adosadoao do extensorcurto (29)e pelo do extensor
longodopolegar(30);no fundodatabaqueiraanatômi-
casesituamdecimaparabaixooprocessoestilóidera-
dial,a articulaçãotrapézio-metacarpeana(31)ea arté-
ria radial;os tendõesconvergemsobrea superfíciedor-
saldoprimeirometacarpeano(32)noníveldametacar-
pofalangeanadopolegar(33).
Na parteinternadasuperfíciedorsaldopunhoapa-
rece,sónapronação,a proeminênciadurae arredonda-
dadacabeçaulnar(34).
A superfíciedorsaldosdedosestáindicadapelas
pregasde extensãoda inteifalangeanaproximal (35)
quecorrespondemà suaarticulação.A últimae terceira
falangecontéma unha,inseridano limboperiungueal
(37).A zonasituadaentrea unhae aspregasdainterfa-
langeanadistalcobrea matrizungueal(38).
A topografiafuncional(fig.5-4)permite~ividira
mãoemtrêspartesdependendodasuautilização:
O polegar (I) querepresentapor si mesmoquase
todasas funçõesda mão,graçasà suapropriedadede
oposiçãoemrelaçãoaosoutrosdedos;
O dedo indicador e o médio(lI) queconstituem
juntocomo polegaraspreensõesdeprecisão,aspinças
dopolegarcomosdedos,bidigitaisoutridigitais;
O anular e o dedomínimo (III) que,como res-
todamão,sãoindispensáveisparaaspreensõespalma-
res,porquebloqueiamaspreensõesdoscabosdasfer-
ramentaspelo ladoulnar,mantendo,dessaforma,a fir-
mezadopunho.
Fig.5-1
Fig.5-2
1.MEMBRO SUPERIOR 177
Fig.5-4
178 FISIOLOGIA ARTICULAR
ARQUITETURA DA MÃO
Parapegarobjetosa mãodeveadaptara
suaforma.
Numa superfícieplana, um vidro por
exemplo(fig.5-5),a mãose estendee se aplai-
na,entrandoemcontato(fig.5-6)comaeminên-
ciatenar(1),aeminênciahipotenar(2),acabeça
dosmetacarpeanos(3)e a superfíciepalmardas
falanges(4).Sóaparteinferior-externadapalma
permaneceà distância.
Quandodesejamospegarum objetovolu-
moso,a mão se escavae seformamunsarcos
orientadosemtrêsdireções:
- no sentidotransversal(fig.5-7):o arco
docarpoXOY quecorrespondeà conca-
vidadedomaciçodocarpo.Prolonga-se
parabaixomedianteoarcometacarpea-
DO, noqualsealinhamascabeçasmeta-
carpeanas.O eixolongitudinaldo canal
docarpopassapelosemilunar,o ossoca-
pitatoeo terceirometacarpo;
- nosentidolongitudinal(figs.5-7e 5-8):
os arcos carpometacarpofalangeanos
que assumemumaposiçãoradiadado
maciçodocarpoeestãoconstituídos,em
cadadedo,pelometacarpeanoeasfalan-
gescorrespondentes.A concavidadedes-
tesarcosseorientaparaafrentedapalma
eachaveda abóbadase localizana arti-
culaçãometacarpofalangeana:umdese-
quilíbriomuscularnestepontoprovoca
umarupturada curva(ver figo5-98,b,
pág.215).Os doisarcoslongitudinais
maisimportantessão:
•arco do dedomédioOD3 (fig.5-7),arco
axial,porqueprolongao eixodocanal
docarpo,eespecialmente
•arco dodedoindicador OD2 (fig.5-8)
queé o quese opõecommaiorfre·
qüênciaaodopolegar;
- nosentidooblíquo (figs.5-7,5-8e5-9).
os arcosde oposiçãodo polegarcom
osoutrosquatrodedos:
•o mais importantedestesarcosoblí-
quosuneéopõeo polegareo dedoin-
dicador:D1-D2 (fig.5-8);
•mais extremodos arcosde oposição
passapelopolegare o dedomínimo:
D -D (figs.5-7 5-8e 5-9)1 s ' .
Em conjunto,quandoa mãose "escava",
formaumcanaldeconcavidadeanterior,cujas
margensestãolimitadasportrêspontos:
- o polegar(D), queconstituiporsi mes-
moasuperfícieexterna;
- o dedoindicador(D2) e o dedomínimo
(Ds)' quelimitamasuperfícieinterna.
Os quatroarcosoblíquosde oposiçãose
localizamentreambasassuperfícies.
A direçãogeral,oblíqua,destecanal pal-
mar - representadopelasetaenormequeman-
témamão(figs.5-8e5-9)- estácruzadacomre-
laçãoaosarcosdeoposição:selocalizaemuma
linhaqueseestendedabasedaeminênciahipo-
tenar(X) (fig.5-7)- ondepodemospalparo pi-
siforme- à cabeçado segundometacarpo(2)
(fig. 5-7).Estadireçãoseobtém,na palmada
mão,pelapartemédiadapregadeoposiçãodo
polegar("linhada vida").Tambémé a direção
quesegueumobjetocilíndricoseguradocomto-
daamão,comoporexemploo cabodeumins-
trumento.
Fig.5-7
Fig.5-9
1.MEMBRO SUPERIOR 179
2 Fig.5-6
180 FISIOLOGIA ARTICULAR
ARQUITETURA DA MÃO
(continuação)
Quandoos dedosse separam,vollmtaria-
mente(fig.5-10),o eixodecadaumdelescon-
vergecomabasedaeminênciatenar,numponto
quecOlTespondeaproximadamenteaotubérculo
doescafóide,fácil depalpar.Na mão,os movi-
mentosdosdedosnoplanofrontalnormalmente
nãoserealizamcomrelaçãoaoplanodesimetria
docorpo(movimentosdeadução-abdução),mas
simemrelaçãoaoeixodamão,constituídopelo
terceirometacarpeanoe o dedomédio;assim
sendonosreferimosaosmovimentosdesepara-
ção(fig.5-10)e deaproximação(fig.5-12)dos
dedos.Duranteestesmovimentos,o dedomédio
permanecepraticamenteimóvel.Porém,épossí-
velquerealizemovimentosvoluntáriosparafora
(verdadeiraabdução,emrelaçãoaoplanodesi-
metria)eparadentro(autênticaadução).
Quandose aproximamvoluntariamenteos
dedosunsdosoutros(fig.5-12),oseixosdosde-
dosnãosãoparalelos,masconvergemnumpon-
tobastanteafastado,queselocalizafora daex-
tremidadedamão.Istosedeveaofatodequeos
dedosnãosãocilíndricos,sendode calibrede-
crescentedabaseatéaponta.
Quandopermitimosque os dedosassu-
mamumaposiçãonatural(fig. 5-11)- posi-
çãoapartirdaqualpodemosrealizarosmovi-
mentosdeseparaçãoouaproximação- ficam
ligeiramenteafastadosentresi,masosseusei-
xosnãoconvergemtodosnumúnicoponto.No
exemploqueseexpõe,existeumparalelismo
entreos trêsúltimosdedose umadivergência
entreos trêsprimeiros,sempreconsiderando
queo médioconstituio eixodamãoeservede
zonadetransição.
Quandofechamosa mãocomasarticula-
ções interfalangeanasdistaisestendidas(fig.
5-13),os eixosdasduasúltimasfalangesdos
quatroúltimosdedose o eixodopolegar,me-
nos a sua última falange,convergemnum
pontosituadonaparteinferiordocanaldopul-
so.Observe-sequedestavez,o eixolongitudi-
nal é o do dedoindicador,enquantoos eixos
dos três últimos dedos são mais oblíquos
quantomais se afastamdo dedo indicador.
Mais adiantepoderemosver(pág.198)a uti-
lidade e o motivo destaflexão oblíquados
dedos.
Fig.5-11
\.'''-.~
\ \ -~ \ Fig.5-10
Fig.5-13
Fig.5-12
1.':'IEMBRO SUPERIOR 181
182 FISIOLOGIA ARTICULAR
oMACIÇO DO CARPO
o maciçodo carpoconstituiumcorredor
de concavidadeanteri07;convertidaem canal
peloligamentoanularanteriordocarpo,quese
estendedeladoaladodocorredor.
Estadisposiçãoemformadesulcooucanal
pode ser apreciadacom bastanteevidência
quandoobservamoso esqueletodamão,como
punhoemhiperextensão(fig.5-14).Nestaposi-
ção,a direçãodoolharseencontraexatamente
noeixodocanaldocarpo,cujasmargenspode-
mosdistinguirfacilmente:
- porfora: o tubérculodoescafóide(1) e
acristadotrapézio;
- pordentro:o pisiforme(3)eo processo
unciformedo ossohamato(4) (estas
anotaçõeslevama mesmanumeração
nasfigurasseguintes).
Umaradiografiaespecialpermitetantoob-
servaromesmoaspectoemsulcoquantoencon-
trarasmesmasreferências.
Doiscorteshorizontaisconfirmamestafor-
maemsulco:
- o primeiro(fig.5-15)passapelafileira
sllperi07;nívelA (fig. 5-13):se distin-
guem,deforaparadentro,o escafóide
(1), a cabeçadoossocapitato(5),limi-
tadapelosdoiscomasdo semilunar,o
piramidal(7)eo pisiforme(3);
- o segundo(fig.5-16)passapelafileira
inferior,nívelB (fig.5-13):deforapara
dentroselocalizamo trapézio(2),o tra-
pezóide(6),o ossocapitato(5)e o osso
hamato(4).
Nestesdoiscortes,o ligamentoanularante-
rior do carpoestárepresentadopor umalinha
tracejada.
Duranteos movimentosde "escavaçãoda
palmadamão",a concavidadedotúneldocar-
poseaumentaligeiramentegraçasaospequenos
movimentosde deslizamentonasartródiasque
selocalizamentreosdiferentesossosdocarpo.
A cavidadeglenóidedoescafóidesedeslizaso-
brea convexidadeda cabeçado ossocapitato
nummovimentode"parafuso"parabaixoepa-
rafrente;o piramidale o osso):1amatosedeslo-
camsimetricamenteparafrente,e especialmen-
teo trapezóideeo trapéziosedeslizamsobreas
duassuperfíciesarticularesinferioresdo esca-
fóide: o trapézio,em particular,percorrepara
frentee paradentroda superfíciearticularde
formacilíndricaqueseestendeatéa superfície
inferiordo tubérculodo escafóide.Os motores
destesmovimentossãoosmúsculostenares(se-
taX) e hipotenares(setaY) cujasinserçõessu-
perioresprovocamatensãodoligamentoanular
(fig.5-16),demodoqueosdoisladosseaproxi-
mam(representaçãoempontilhado).
No sentidolongitudinal,podemosconside-
rarqueo maciçodocarpo(fig.5-17)estácons-
tituídoportrêscolunas(fig.5-18):
- a colunaexterna(a) (traçosverticais):
a maisimportante,por setratardaco-
lunadopolegardeDestot.Estáconsti-
tuídapeloescafóide,o trapézioe o pri-
meirometacarpo;
- a colunamédia(b) (traçosoblíquos):
constituídapelosemilunar,oossocapi-
tato e o terceirometacarpo,e forma,
comomencionadoanteriormente,o ei-
xo damão;
- a coluna interna (c) (traçoshorizon-
tais):desembocanos dois últimosde-
dos.Estáconstituídapelopir~midaleo
osso hamato,que se articulacom o
quartoe o quintometacarpeanos.O pi-
siformesedeslocapelafrentedo pira-
midal, de modoquenão intervémna
transmissãodeforças.
I
3
Fig.5-17
~A3
1.MEMBRO SUPERIOR 183
Fig.5-16
184FISIOLOGIAARTICliLAR
A ESCAVAÇÃO PALMAR
A escavaçãoda palmase deveprincipal-
menteaosmovimentosdosquatroúltimosmeta-
carpeanos(por enquantose excluio primeiro
metacarpeano)emrelaçãoaocarpo.Estesmovi-
mentos,realizadosnasarticulaçõescarpometa-
carpeanas,consistememmovimentosde fle-
xão-extensãode escassaamplitude, como
acontececom todasas artródias.Porém,dita
amplitudevaiaumentandodosegundoaoquin-
tometacarpo:
- quandoa mãoestáplana,as cabeças
dos quatroúltimosmetacarpeanoses-
tão alinhadasnumamesmaretaAB
(fig. 5-20:mão"empé");
- quandosetorna"oca",acabeçadostrês
últimosmetacarpeanos"vãoparafren-
te"(fig.5-19),quantomaisseaproxima
doquintometacarpeano.Assimascabe-
ças dos metacarpeanosse dispõemao
longodeumalinhacurvaA'B(fig.5-20):
o arcotransversalmetacarpeano.
É necessáriosalientarduasobservações:
a)a cabeçado segundometacarpeanoB
quasenãoavança:osmovimentosdefie-
xão-extensãonaarticulaçãotrapez.óide-
segundometacarpeanosão,praticamen-
te,inexistentes;
b)a cabeçadoquintometacarpeanoA, do-
tadadomovimentomaisamplo,sedeslo-
canãosomenteparafrente,mastambém
ligeiramenteparafora, atéaposiçãoA'.
Istoconduzaoestudodaarticulaçãoosso
hamato-quintometacarpeano:
Trata-sedeumaartródia(fig.5-22)cujassu-
perfíciessãoligeiramentecilíndricase cujoeixo
XX' apresentaumaduplaobliqüidade.Estadupla
obliqüidadeexplicaosdeslocamentosdacabeça
dometacarpeanonosentidolateralexterno.
I) quandoseobservaa superfícieinferior
do maciçodo carpo(fig.5-21),o eixo
XX' dasuperfíciearticularinterna(indi-
cadocomumacruz)doossohamatoes-
tá claramenteoblíquo em relaçãoao
planofrontal (traçopreto):estáoblíquo
deforaparadentroedetrásparadiante.Qualquermovimentodeflexãoaoredor
desteeixodesloca,logicamente,acabe-
çadoquintometacarpeanoparafrentee
parafora(direçãodasetabranca);
2) o eixoXX' destaarticulaçãonãoéestri-
tamente~perpendicularaoeixodiafisário
OA doquintometacarpeano,masforma
umânguloXOA umpoucomenorqueo
ânguloreto(fig. 5-18).Estadisposição
tambémcontribuiparadeslocaracabeça
doquintometacarpoparafora,pelome-
canismoderotaçãocônica:
- quandoumsegmentoOA (fig.5-23)gi-
ra ao redorde um eixo perpendicular
YY', o pontoA descreveumcírculode
centro0, incluídonoplanoP perpendi-
cularaoeixoYY' (rotaçãoplana);
- apóscertograuderotação,o pontoA se
situaemA';
- seestesegmentoOA gira ao redorde
umeixoXX' nãoperpendicular,já não
descreveumcírculo,e simumconede
vértice0, tangencialaoplanoP emre-
laçãoao segmentoOA. Após o mesmo
grauderotação,o pontoA se localiza
numpontoA' dabasedo cone(rotação
cônica),e estepontoA' sesitua,emre-
laçãoaoplanoP, do mesmoladoqueo
ânguloagudoqueformamo eixoXX' e
o segmentoOA.
Se transportarmosestademonstraçãogeo~
métricaaoesquemadaarticulação(fig.5-22),en-
tendermosquea cabeçadometacarpeanosaido
planosagitalparasituar-seligeiramenteparafora.
Estemovimentodo quintometacarpopara
frentee paraforaaomesmotempoquerealiza
umaligeirasupinaçãopor rotaçãolongitudinal
automáticapodesersemelhanteaumaoposição
emdireçãoaopolegar,participandonaoposição
simétricadoquintodedo.
1.MEMBRO SUPERIOR 185
~XI
Fig.5-20
XI
X
XI
Fig.5-21
Fig.5-22
Fig.5-19
186 FISIOLOGIA ARTICULAR
AS ARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
As articulaçõesmetacarpofalangeanassão
detipocondilar (fig. 5-24).
Possuemdoisgrausdeliberdade:
- fiexão-extensão,no plano sagital, em
tomo do eixo transversalyy';
- desviolateral,no plano frontal, em tor-
no do eixo ântero-posteriorxx'.
A cabeçado metacarpeanopossui uma
superfície articular A, o côndilo, convexaem
ambosos sentidose mais extensae larga pela
frentequepor trás.
A baseda primeirafalangeestá"escava-
da" por uma superfícieB, a cavidadeglenóide,
côncavaemambosos sentidos,demenorsuper-
fície queacabeçado metacarpeano.Prolonga-se
pelafrentemedianteumasuperfíciede "apoio":
afibrocartilagemglenóide(2), pequenalingüeta
fibrosainseridano bordo anteriordabasefalan-
geana,com uma pequenaincisura (3) que lhe
servedecharneira.
De fato (fig. 5-25),naextensão(a),a super-
fície profundae cartilaginosada fibrocartilagem
se encontraem contatocom a cabeçado meta-
carpo.Enquantona flexão (b), a fibrocartilagem
ultrapassaa cabeçae, pivotandoem tomo da
suachameira,deslizasobreasuperfícieanterior
dometacarpeano,o queé possível graçasà sua
flexibilidade.A fibrocartilagempermite conci-
liar dois imperativosaparentementecontraditó-
rios: umasuperfíciede máximocontatoentreas
duasextremidadesóssease a ausênciade pico,
limitando o movimento.A liberdadede movi-
mento da flexão-extensãoé possível graçasà
pontaarredondadaposterior(4) e anterior(5) da
cápsula.A profImdidadedapontaarredondada
anterioré indispensávelparao deslizamentoda
fibrocartilagemgle.nóide.Na parteposteriorda
base falangeana,se inserea lingüetaprofunda
(6) do tendãoextensor.
A cada lado da articulaçãose estendem
doistiposdeligamentos:
- um ligamentometacarpoglenóide(ver
maisadiante)quecontrolaos movimen-
tosda fibrocartilagemglenóide;
- um ligamentolateral, mostradonum
corte (1) da figura 5-24. Os dois liga-
mentoslaterais mantêmas superfícies
articularesemcontatoe limitamos mo-
vimentos.
Na cabeçametacarpeana(fig. 5-26, segun-
do Dubousset),a inserçãoproximal A do liga-
mentolateralnãosesituano centrodacurvaar-
ticular, estandoclaramentepor trás;por outro
lado, existetodaumasériedecentrosdeCllrra
queformamumaespiral,o queindicaavariação
do raio decurvadacabeçametacarpeana.Deste
modo,a distânciaentreo pontodeinserçãopro-
ximal A e o pontode inserçãodistal B na pri-
meirafalangeemextensãoe B' emflexãopassa
de27mm a34mm.Por conseguinte,o ligamen-
to lateralsedistendenaextensãoeestátensona
jlexão.
2
3
Fig.5-24
6
A
X'
5
Fig.5-26
6
4
1.MEMBRO SUPERlOR 187
Fig. 5-25 a
188 FISIOLOGIA ARTICULAR
AS ARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS !
(continuação)
r
Assim sendo, é fácil entender(fig. 5-27,
cortefrontal)quenaextensão(a) adistensãodos
ligamentoslateraispermite os movimentosde
lateralidade(b): um estátenso,enquantoo outro
sedistende.
Por isso, a estabilizaçãoda metacarpofa-
langeanasemantémnaflexão pelos ligamentos
laterais e na extensãopelos músculos interós-
seos.
Outra conseqüênciaimportantedestacon-
sideração é que as metacarpofalangeanasja-
mais devemimobilizar-seemextensãoa não
ser em caso de rigidez quaseimpossível de re-
cuperar: a distensão dos ligamentos laterais
permitea suaretração,algo quenãopodeacon-
tecerna flexão.
A forma das cabeçasmetacarpeanas(figs.
5-28, 5-29, 5-30 e 5-31, cabeçasdos metacar-
peanoslI, IlI, IV e V do lado direito)e a longi-
tude dos ligamentos,bem como a sua direção,
desempenhamum papelessencial,por umapar-
te,na flexãooblíquados dedos(ver maisadian-
te) e, por outra parte,segundoR. Tubiana, no
mecanismo das inclinações ulnares duranteo
seuprocessoreumático.
A cabeçado II metacarpeano(fig. 5-28) é
claramenteassimétricadevido à suagrandesu-
perfície posterior-internae ao seuaplainamento
externo;o ligamentolateralinternoé maisgros-
so e mais longo que o externocuja inserçãoé
maisposterior.
A cabeçado III metacarpeano(fig. 5-29)
possuiumaassimetriasimilar à do II metacarpo.
embora menos acentuada;os seus ligamentos
possuemcaracterísticasidênticas.
A cabeçado IV metacarpeano(fig. 5-30) é
maissimétricacomsuperfíciesdorsaisiguais:os
ligamentoslateraissãodeespessurae obliqüida-
de idênticos,sendoo externoligeiramentemais
longo.
A cabeça do V metacarpeano(fig. 5-31)
possuiumaassimetriainversaà do dedoindica-
dor e à do médio;os ligamentoslateraisseapre-
sentamcomo os da IV cabeça.
Fig.5-27
Fig.5-28
Fig.5-30
1.MEMBRO SUPERIOR 189
Fig.5-29
Fig.5-31
190 FISIOLOGIA ARTICULAR
oAPARELHO FIBROSO DAS ARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
Os ligamentoslateraisdametacarpofalangea-
na se integramnumaparelho fibroso maiscom-
plexoquelevantae "centra"os tendõesextensores
e ftexores.
Numavistaemperspectivaposterior,superiore
lateralda articulação(fig. 5-32),podemosobservar
osseguintestendões:
- o extensorcomum (1), que,na superfície
dorsal da cápsuladirige a sua expansão
profunda(a)paraabasedaprimeirafalan-
ge na qualseinsere;a seguir,o tendãose
dividenumafaixamédia(b) e duasfaixas
laterais(c),querecebemasexpansõesdos
interósseos(não representadasnas figu-
ras).Pouco antesda separaçãoda expan-
sãoprofunda,podemosobservarcomose
desprendemdasmargenslateraisdoexten-
sorumasfaixassagitais(d), supostamente
transparentesnos desenhos, que atra-
vessamasmargenslateraisda articulação
parainserir-seno ligamentotransversoin-
tercarpeano(4);destemodo,o tendãoex-
tensorsemantémno eixo sobrea superfí-
cie dorsalconvexadacabeçametacarpea-
na,no percursodaftexãodaarticulação;
- os flexores,o profundo (2) e o superficial
(3), se introduzemnapolia metacarpeana
(5) quetemorigemnafibrocartilagemgle-
nóide(5) e seprolonga(5) sobrea superfí-
ciepalmardaprimeirafalange:nesteponto,
o ftexorsuperficialsedivideem suasduas
faixas (3') antesqueo tendãodoftexorpro-
fundoo perfure(2).
Tambémpodemosobservaro aparelhocápsu-
lo-ligamentar:
- a cápsulaarticular (7)reforçadapor:
•ligamentolateralqueseinsereno tubér-
culo lateral(8) da cabeçametacarpeana,
deslocadaportrásdalinhadoscentrosde
curva(verantes)esedivideemtrêspartes:
- umfascículometacarpofalangeano(9)oblí-
quoparabaixoeparafrenteemdireçãoàba-
sedaprimeirafalange;mencionadoanterior-
mente;
- o fascículometacarpoglenóide(10),quese
dirigeparafrenteparainserir-senasmargens
dafibrocartilagemglenóide(6)queo adapta
contraacabeçademetacarpeanodemodoa
manterasuaestabilidade;- ofascículofalangoglenóide(11)maisfino,
querealizaa "chamada"dafibrocartilagem
glenóideduranteaextensão;
•ligamentotransversointermetacarpea-
no (4) se inserenasmargensadjacentes
dasfibrocartilagensglenóidesvizinhas,de
talformaqueassuasfibrasseestendemde
umládoaooutrodamão,noníveldasar-
ticulaçõesmetacarpofalangeanascom as
quedelinlitamtúneisosteofibrososporcu-
jo interiorpassamostendõesdosinterós-
seos(semrepresentaçãonasfiguras);pela
frentedoligamentotransversosedeslizao
tendãodomúsculolumbrical(semrepre-
sentaçãonasfiguras).
Destemodo,a poliametacarpeana(5),quese
inserenassuperfícieslateraisdafibrocartilagem,fica
literalmentesuspensana cabeçametacarpeaname-
dianteo fascículometacarpoglenóideoea fibrocarti-
lagemglenóide.
Estedispositivodesempenhaumpapelmuito
importantedurantea flexão da metacarpofalan-
geana:
- emestadonormal(fig.5-33),a polia,cujas
fibrasse'·arregaçam"distalmente,transmite
todoo "componentededecolagem"(seta)à
cabeçadometacarpeano,atravésdofascícu-
lo glenóide:os tendõesftexorespermane-
cemaderidosaoesqueletoeabasefalangea-
naficaestável;
- emestadopatológico(fig.5-34),quandoos
fascículosdoligamentolateralsedistendem
atédestruir-seporumprocessoreumático,o
"componentede decolagem"(seta),provo-
cadopelatraçãodosftexores,já nãoseexer-
cesobreacabeçadometacarpeano,massim
sobreabasedaprimeirafalangequeseluxa
anteriormenteeparacima,demodoquepro-
vocaumaproeminênciaacentuadadacabe-
çadometacarpeano;
- a correçãodetalsituação(fig.5-35)pode-
se conseguir,em certamedida,mediante
umaremoçãoda parteproximalda polia
metacarpeana,masemdetrimentodaeficá-
ciadosftexores.
Fig.5-33
M
Fig.5-35
1.MEMBRO SUPERIOR 191
2
Fig.5-34
]92 FISIOLOGIA ARTICULAR
oAPARELHO FIBROSO DAS ARTICULAÇÕES METACARPOFALANGEANAS
(continuação)
Os tendõesextensorescomuns(fig. 5-36)
queconvergemna superfíciedorsaldo punho
sãoextremamentesolicitadosparadentro(se-
tasbrancas)dobordoulnar,devidoao"ângulo
dedistração"formadoentreo metacarpeanoe
aprimeirafalange,maisacentuadono casodo
dedomínimo(14°)edoanular(13°)quenoca-
so do dedoindicador(8°)e especialmentedo
médio(4°).Unicamentea faixa sagitaldo ex-
tensor,situadano bordoradial,seopõea este
componentedeluxaçãoulnardo tendãoexten-
sorsobrea superfíciedorsalconvexadacabe-
çadometacarpeano.
No cursodeumprocessoreumático(fig.
5-37,vistaemcortedascabeçasmetacarpea-
nas),aslesõesdegenerativasdestroemnãoso-
menteos ligamentoslaterais(10),o que"de-
sengancha"a placapalmar(6) ou fibrocartila-
gemglenóidena qual se inserea polia meta-
carpeana(5) queinclui os flexoresprofundo
(2) e superficial(3), mastambémdistendem
ou despegama faixa sagital(d) do bordora-
dial,permitindoassimo deslocamentodoten-
dãoextensor(1) dobordoulnare a sua"luxa-
ção"nos"vales"intermetacarpeanos.Em con-
diçõesnormais,esteespaçointermetacarpeano
só contêmos tendõesdosinterósseos(12)pe-
la frentedo ligamentointermetacarpeano(4),
enquantoo tendãodo lumbrical(13)selocali-
zapor trás.
Fig.5-36
1.MEj\1BRO SUPERIOR 193
Fig.5-37
194 FISIOLOGIA ARTICULAR
A AMPLITUDE DOS MOVIMENTOS DAS ARTICULAÇÕES
METACARPOFALANGEANAS
A amplitudedaflexão(fig.5-38)éaproxi-
madamentede90°;todavia,énecessárioressal-
tarque,emboraalcanceos90°justosnocasodo
dedoindicador,aumentaprogressivamenteatéo
quintodedo.Alémdisso,aflexãoisoladadeum
dedo(nestecasoodedomédio)estálimitadape-
la tensãodoligamentopalmarinterdigital.
A amplitudeda extensãoativavariaem
cadaindivíduo:podeatingirde30a40°(fig.5-
40).A extensãopassivapodeatingirquaseos
90°emindivíduoscomumagrandelassidãoli-
gamentar(fig.5-41).
De todosos dedos(excetoo polegar),o
dedoindicadoré o quepossui(fig. 5-42) a
maioramplitudedemovimentoemdireçãola-
teral (30°)e, comoé fácil movê-lo de forma
isolada,podemosnosreferirà abdução(A) e
adução(B). O dedoindicadordeveasuadeno-
minação,índice= indicador,à estamobilida-
deprivilegiada.
Combinandomovimentosem diferentes
graus(fig.5-43)deabdução(A)-adução(B)ede
extensão(C)-flexão(D),o dedoindicadorpode
realizarmovimentosde circundução.Estes
movimentosselimitamaointeriordo conede
circunduçãodefinidopelasuabase(ACBD) eo
seuvértice(articulaçãometacarpofalangeana).
Esteconeestáachatadotransversalmentedevido
à maioramplitudedosmovimentosde flexão-
extensão.O seueixo(setabranca)representaa
posiçãode equiltbrio- tamb~mdenominada
funcional- daarticulaçãometacarpofalangeana
dodedoindicador.
As articulaçõesde tipo condilarnãopos-
suemnormalmentep terceirograudeliberdade
(rotaçãolongitudinal).É o casodasarticulações
metacarpofalangeanasdosquatroúltimosdedos
quenãopossuemrotaçãolongitudinalativa.
Contudo,alaxitudeligamentarpermitecer-
ta amplitudede rotaçãoaxial passiva.A sua
amplitudeéde60°aproximadamente(Roud).
É necessárioressaltarqueno casododedo
indicador,a amplitudedarotaçãoaxialpassiva
interna- oupronação- émuitomaior(45°)que
aamplitudedarotaçãoaxialexterna- supinação
- quasenula.
Se não possuemmovimentode rotação
longitudinalativaindividualizada,asmetacar-
pofalangeanaspossuem,porém,devidoà assi-
metriado côndilometacarpeanoe dadesigual-
dadedetensãoe decomprimentodosligamen-
toslaterais,um movimentode rotação longi-
tudinal automáticano sentidoda supinação.
Estemovimentocujomecanismoé idênticoao
dainterfalangeanadopolegarémaisacentuado
quantomaisinternosejao dedo,demodoque
émáximonocasododedomínimoondesein-
tegrano movimentode oposiçãosimétricaao
dopolegar.
--------. -----.--
Fig.5-38
Fig.5-40
1.MEMBRO SUPERIOR 195
I
Fig.5-42 Fig.5-41 Fig.5-43
----------~ ----- ---------- s
196 FISIOLOGIA ARTICULAR
ASARTICULAÇÕESINTERFALANGEANAS
I··
As articulaçõesinterfalangeanassão do
tipo troclear: possuemsó um grau de liber-
dade:
- acabeçadafalange(fig.5-44efigo5-45,
A) temaformadeumapolia epossuisó
um eixo XX', transversal,emtomodo
qualserealizamosmovimentosdefie-
xão-extensão,noplanosagital;
- a baseda falangedistal (B), quelhe
corresponde(fig. 5-45),estáescavada
porduaspequenascavidadesglenóides
queseencaixamsobreasduassuperfí-
ciesarticularesdatróclea.A cristarom-
ba queseparaambasascavidadesgle-
nóidessealojanagargantadapolia.
Como no casodasarticulaçõesmetacar-
pofalangeanas,e pelas mesmasrazões me-
cânicas,existeumafibrocartilagem glenóide
(2) (os númeroscOlTespondemaosda figura
5-24).
Emfiexão (fig.5-46),afibrocartilagemgle-
nóidedeslizasobrea superfícieanteriordafa-
langeproximal.
Emvistalateral(fig.5-47),podemosdistin-
guir,alémdosligamentoslaterais (1),asexpan-
sõesdo tendãoextensor(6)e os ligamentosfa-
langoglenóides(7).
É necessárioressaltarqueos ligamentosla-
terais estãomais tensosna fiexão queno caso
dasarticulaçõesmetacarpofalangeanas:defato
(fig.5-45),apoliafalangeana(A) sealargano-
tavelmenteparafrente,de modoquea tensão
dosligamentosaumentaeproporcionaumapoio
maisamploparaabasedafalangedistal.Portan-
to, os movimentosde lateralidadenão existem
no caso dafiexão.
Tambémestãotensosduranteamáximaex-
tensãoquerepresentaumaposição deestabilida-
de lateral absoluta.Contudo,estãodistendidos
naposiçãodefiexãointermédia,quejamaisdeye
serumaposiçãodeimobilizaçãoporquefavore-
ceriaa suaretraçãoeumarigidezposterior.
Outrofatorderigidezemfiexãoestácons-
tituídopelaretraçãodos "freios da extensão".
O autoresanglo-saxõesrecentementedecreve-
ramestasestruturasnasarticulaçõesinterfalan-
geanasproximais(fig.5-48,vistapalmarexter-
naesuperiordeumaarticulaçãointerfalangeana
proximal)comadenominação,de"checkrein li-
gaments":estãoconstituídaspor umfascículo
defibraslongitudinais(8)localizadonasuperfí-
cieanteriordaplacapalmar(2)emumenoutro
ladodostendõesfiexoresprofundo(11)esuper-
ficial(12),entrea'inserçãodapoliadasegunda
falange(10) e a da primeira(semrepresen-
tação),formandoo limitelateraldasfibrasdia-
gonais(9)dapoliadainterfalangeanaproximal.
Estesfreiosdaextensãoimpedemahiperexten-
sãodainterfalangeanaproximale,pelasuare-tração,sãoumacausaprimordialdarigidezem
ftexão;demodoquedevemremover-secirurgi-
camente.
Em resumo,as interfalangeanas,especial-
menteasproximais,devemserimobilizadasnu-
maposiçãopróximaà extensão.
A amplitudedafiexãonasarticulaçõesinter-
falangeanasproximais(fig.5-49)ultrapassaos
90°:porconseguinte.F eF formamentresi umI _
ânguloagudo(nesteesquema,asfalangesnãose
\"êmexatamentedeperfil,o qualfazcomqueos
ângulospareçamobtusos).Comono casodas
metacarpofalangeanas,estaamplitudedefiexão
aumentaprogressivamentedo segundoao quin-
todedo,paraalcançaros135°nodedomínimo.
A amplitudedafiexão nasarticulaçõesin-
terfalangeanasdistais (fig.5-50)é ligeiramente
inferior a90°(o ânguloentreF2 eF3permanece
obtuso).Comonocasoanterior,estaamplitude
aumentadosegundoaoquintodedos,paraatin-
giros90°no dedomínimo.
A amplitudeda extensãoativa (fig.j-51)
nasarticulaçõesinterfalangeanasé:
- inexistentenasarticulaçõesproximais
(P);
- inexistenteou muitopequena(5°)nas
articulaçõesdistais(D).
1.MEMBRO SUPERIOR 197
Fig.5-45
Fig.5-49
9
t
P D
Fig.5-46
•
XI
Fig.5-47
1
2
7
8
Fig.5-48
12
11
Fig.5-50
198 FISIOLOGIA ARTICULAR
ASARTICULAÇÕESINTERFALANGEANAS
(continuação)
r
Com relaçãoà extensãopassiva (fig. 5-
52),estaé inexistentenainterfalangeanapro-
ximal(P), masbastanteacentuada(30°)nain-
terfalangeanadistal(D).
As articulaçõesinterfalangeanaspossuem
sóum graudeliberdade,nessecasonãoexis-
tem movimentosativos de lateralidade.Se
existemalgunsmovimentospassivosde late-
ralidade no caso da interfalangeanadistal
(fig. 5-53),pelo contrário,a interfalangeana
proximal é bastanteestávellateralmente,o
queexplicao transtornoquetrazumaruptura
deumligamentolateralnestenível.
Um pontoimportanteé o plano no qual
se realizaa flexão dos quatroúltimosdedos
(fig. 5-54):
- o dedoindicadorseflexionadiretamente
noplanosagital(P),emdireçãoà base
daeminênciatenar(setabrancagrande);
- porém,vimos anteriormente(ver figo
5-13)que,naflexãodosdedos,os seus
eixosconvergemnumpontosituadona
parteinferiordocanaldopulso.Portan-
to,paraqueistoaconteça,é necessário
queos trêsúltimosdedosseflexionem,
nãocomoo dedoindicadornoplanosa-
gital,massimnumadireçãomaisoblí-
quaquantomaisinternosejao dedo;
- comrelaçãoaodedomínimo,estadire-
cão,oblíquaaomáximo,estárepresenta-
danoesquemapelasetabrancapequena.
A importânciadestetipodeflexão "oblí-
qua" équepermitequeos dedosmaisinternos
realizemo movimentodeoposiçãoaopolegar
domesmomodoqueofaz o dedoindicador.
Como é possívelestaflexão "oblíqua"?
Um esquemasimples(fig. 5-55)e umencaixe
(verno final destevolume)facilitama com-
preensão:
- umatira estreitadepapelão(a) repre-
sentaa cadeiaarticulardeum dedo:o
metacarpeano(M) eastrêsfalanges(FI'
F2 eF);
- seadobra,querepresentao eixodefle-
xãodeumainterfalangeana,éperpendi-
cular(xx')aoeixolongitudinaldatira,a
falangevai seflexionardiretamenteno
planosagital(d)e vaicobrirexatamen-
teafalangesuprajacente;
- pelocontrário,sea dobraé levemente
oblíquaparadentro(xx'), a flexãojá
nãoseproduzno planosagitale a fa-
langeflexionada(b) desdobrarápara
fora a falangesuprajacente;
- bastaumaleveobliqüidadedoeixode
flexão,já que se multiplicapor três
(xx', yy', zz'), paraqueo dedomíni-
mototalmenteflexionado(c),suaobli-
qüidadelhepermitaatingiro polegar:
- estademonstraçãoé válida,emgraus
decrescentes,parao anulare o médio.
Na realidade,oseixosdeflexãodasmeta-
carpofalangeanase das interfalangeanasnão
sãofixos nemimutáveis:perpendicularesem
máximaextensão,setornamprogressivamente
oblíquosnodecursodaflexão;assim,dizemos
quesãoevolutivos.
A evoluçãodoseixosdeflexãodasarticu-
laçõesdosdedossedeveà assimetriadassu-
perfíciesarticularesmetacarpeanas(ver aci-
ma)efalangeanaseà tensãodiferencialdosli-
gamentoslaterais,comoteremosocasiãode
comprovarno casodametacarpofalangeanae
interfalangeanadopolegar.
Fig.5-52 Fig.5-53
I
-
\'
---n .111
/""
Fig.5-54
y
z·
M
a
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z'
b
Fig.5-55
c
~...•............ ,: :
:F~1\x@lx.
d I
200 FISIOLOGIA ARTICULAR
SULCOS OU CANAIS E BAINHAS DOS TENDÕES FLEXORES
Parapercorrerasporçõescôncavasdasuatrajetó-
ria,ostendõesdevemestarligadosaoesqueletomedian-
tesulcosou canaisfibrosos,porquesenão,atensãopro-
vocariaqueseguissema cordado arcodo esqueleto,de
modoque seriamineficazesdevidoao relativoalonga-
mentoemrelaçãoao esqueleto.
Entre as duasmargensdo canaldo carpo(fig. 5-
56) se estendeuma faixa fibrosa,o ligamentoanular
anterior do carpo (1).Assim, seconstituiumprimeiro
sulcoosteofibroso,o canaldo carpo (fig.5-57,segundo
Rouviere)pelo qual passam(setabranca)todosos ten-
dõesflexoresquesedirigemdo antebraçoà mão.
No corte do canal do carpo (fig. 5-58),podemos
observarosdoisplanosdostendõesflexoressuperficiais
(2)eprofundos(3),bemcomoo tendãodo flexorlongo
própriodo polegar(4). O tendãodo palmarmaior (5)
passapor umcompartimentoespecialdo canaldo carpo
parainserir-seno segundometacarpeano(fig. 5-57).O
nervomediano(6) tambémpassapelo canal,onde,em
determinadascircunstâncias,podeficar comprimido,o
qualnãoacontececomfreqÜênciano casodo nervoul-
nar(7) que,acompanhadoda suaartéria,passapor um
canalespecial,o canalde Guyon,pela frentedo liga-
mentoanular.
Os tendõesflexoresestãomantidosportrêspolias
fibrosasemcadadedo(figs.5-56e5-59):aprimeira(8)
ligeiramenteacimadacabeçadometacarpeano,asegun-
da(9)nasuperfícieanteriordaprimeirafalange,atercei-
ra (10)na superfícieanteriordasegundafalange.Desse
modo,com a superfícieanteriorligeiramentecôncava
dasfalanges,aspoliasconstituem(destaquenafigo5-56)
autênticoscanaisosteofibrosos.Entreestestrêscanais,
os tendõesestãomantidosporumsistemadefibrastan-
to oblíquasquantocruzadas(11)quepassam"em fan-
farra",dianteda articulaçãometacarpofalangeanae in-
terfalangeanaproximal.
As bainhas serosas permitemo deslizamento
dos tendõesno interior dossulcos,como sefossemas
bainhasdos cabosde freio.
As bainhas digitais têma estruturamaissimples
no casodos trêsdedosmédios(fig.5-60,esquemasim-
plificado):o tendão(parasimplificarsóestárepresenta-
do um deles)estáenvolvidonumabainha serosa(uma
partedo qualfoi removidano esquema)constituídopor
duas lâminas:uma lâmina "visceral" (a) em contato
como tendãoeumalâmina"parietal"querecobreasu-
perfícieprofundado sulcoosteofibroso.Entreestasduas
lâminasse encontrauma cavidadevirtual fechada(c),
porqueasduaslâminascontinuamumacoma outrafor-
mandodois recessosperitendinosos(d); o corteA cor-
respondeaestadisposiçãosimples.Quandoo tendãose
deslocano seusulco,a lâminavisceral,lubrificadapor
umapequenaquantidadedelíquidosinovial,deslizaso-
brea lâminaparietal(semelhanteaomovimentodacor-
rentedeumtrator).Se,porconseqüênciadainfecçãode
umabainha,asduaslâminasseaderementresi,o tendão
já nãopodedeslizarpelo seucanal,fica "entalado"co-
mosefosseumcabodefreioenferrujado:deixadefun-
cionar.
Em algumaszonas(corteB) vasosdestinadosao
tendãodeslocamarÍlbasaslâminas,demodoquecons-
tituemum"mesotendão"(e),osvinculatendinorum,es-
péciedeseptolongitudlnalqueparecemantero tendão
nointeriordacavidadesinovial(c).Trata-sedeumades-
criçãobastantesimplificada,principalmentecom rela-
çãoaosrecessos(vera descriçãonumtratadodeanato-
mia).
Na palmada mão,os tendõesdeslizampor três
bainhas carpeanas (fig. 5-56) que são, de fora para
dentro:
- a bainha rádio-carpeana(13),queenvolveo
tendãodo flexorlongodopolegaresecontinua
coma bainhadigitaldo polegar;
- a bainha média (12), anexaao tendãoflexor
profundodo dedoindicador;
- a bainha ulnocarpeana(14),quedeslocatrês
recessosparafrente,paratráseentreostendões
superficiaiseprofundos(fig.5-58)e seprolon-
gacoma bainhadigitaldo quintodedo.
No plano topográfico,é importanteressaltar:
1) as pontas superiores das bainhas do carpo
ultrapassamamplamentepor cima do liga-
mento anular, em direção ao antebraço
(fig. 5-56);
2) asbainhasdigitaisdostrêsdedosmédiosascen-demquaseatéametadedapalmaeassuaspon-
tassuperioressecorrespondemcomapregapal-
marinferior(ppi)parao terceiroe quartodedo
e com a pregapalmarmédia(ppm)parao se-
gundo(fig.5-56),
3)aspregaspalmares(setaspretas)de flexãodos
dedos(fig. 5-59)são- salvoa pregasuperior
- suprajacentesàs articulaçõescorresponden-
tes;nestecasoapeleentradiretamenteemcon-
tatocom a bainhaque podeser inoculadapor
umainjeçãoséptica.
Observartambémque as pregasdorsais (setas
brancas)sãosuprajacentesà suaarticulação.
r
ppi
B
Fig.5-60
) J
---.....
Fig.5-59
1.MEMBRO SUPERIOR 201
Fig.5-57
202 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS-TENDÕES DOS MÚSCULOS FLEXORES LONGOS DOS DEDOS
ocorpocarnosodosmúsculosflexoresdos
dedosselocalizanocompartimentoanteriordo
antebraço:portanto,se tratade músculosex-
trínsecos,comrelaçãoàmão.Apóshaverestu-
dadoo seutrajetonopunhoe napalmadamão,
restaconsiderardequemaneirafinalizameque
açãorealizam.
O músculomaissuperficial- o flexorco-
mumsuperficialdosdedos(semtracejar,figo5-
61,a)- deveterminarantes(emF) queomúscu-
lomaisprofundo- o flexorcomumprofundodos
dedos(tracejado,figo5-61,a).De modoqueéne-
cessárioqueestesdoistendõesseCnlzemnoes-
paçoedeformasimétricaa nãoserquesejain-
troduzidoum componentelateralprejudicial.A
únicasoluçãoéqueum dostendõespasseatra-
-résdooutro.Mas,qualdosdoisdeveperfuraro
outro?Podemosentendercomfacilidadequeo
profundoéo queperfuraosupe1jicial.Osesque-
mastradicionaisdeanatomia(fig.5-61)mostram
asdiferentesmodalidadesdocruzamento:
- otendãosuperficial(b)sedivideemduas
lingüetasnoníveldaarticulaçãometacar-
pofalangeana;ditaslingüetasrodeiamas
margensdotendãoprofundo(c)antesde
reunir-senaarticulaçãoFoF paraseinse-" 1
rir nassuperfícieslateraisdeF2• Istofica
claronoscortesenavistaemperspectiva
(fig. 5-62),na qual podemosobservar
tambémosmesotendões(verfigo5-60).
Estesvinculatendinorumassegurama vas-
cularizaçãodos tendões,segundoLundborge
cols.,conformedoissistemas(fig.5-62):
- o sistemado flexor comumsuperficial,
pordoisaportes:
•proximal,paraa zonaA, pelosmicro-
vasoslongitudinaisintrínsecos(1)eos
vasosdapontaproximaldabainhasi-
novial(2);
•distal,paraa zonaB, pelosvasosdo
vinculumbrevis(3)nasinserçõesdas
faixaslateraisdasegundafalange;
Entreasduaszonas,existeum segmento
avascular(4) quesecorrespondecoma divi-
sãodasfaixas. I
- o siste~madoflexor comumprofundo,
portrêsaportes:
•proximal,paraa zonaA, comosdois
tiposde vasos(5) e (6) comparáveis
aosdo flexorsuperficial;
•intermédio,paraa zonaB, pelosva-
sosdovinculumlongus(7)dependen-
tepor suavezdo vinculumbrevisdo
flexorsuperficial;
•distal,paraa zonaC, pelosvasosdo
vinculumbrevis,queseinserenater-
ceirafalange(8).
No casodo flexorprofundo,existemtrês
zonasavasculares:
- umsegmento(9)entreaszonasA eB;
- umoutrosegmento(10)entreaszonas
B e C;
- eporúltimo,nonívelda"terradenin-
guém", na frente da interfalangeana
proximal,urnazonaperiférica(11)de
um milímetrode espessura,ou sejaa
quartapartedodiâmetrodo tendão.
O conhecimentodessessistemasde vas-
cularizaçãotendinosaé indispensávelparao
cirurgiãodamão,seelenãoquisercomprome-
ter ou destruiros aportesvascularesnecessá-
rios parao bom trofismodos tendões.Além
disso,aszonasavascularestêmo maiorrisco
dedesco1amentodassuturas.
1.MEMBRO SUPERIOR 203
cb
Fig.5-62
Fig.5-61
a
204 FISIOLOGIA ARTICULAR
OSTENDÕESDOSMÚSCULOSFLEXORES LONGOS DOSDEDOS
(continuação)
Poderíamos conceber uma disposição
mais simplesna qual os tendõesnão deveriam
se cruzar (o tendãoque termina em Fo seria
profundoe o quese insereem F3 seriasüperfi-
cial) demodo queseriaútil perguntar:qualéa
necessidademecânicadestecruzamentotão
complicado?Sem cair na posição finalista, é
convenienteassinalar(fig. 5-63) quepermane-
cendosuperficialquaseatéa suaterminaçãoo
tendãoflexor da segundafalange forma com
estaum ângulodetraçãoouângulodeaproxi-
mação.maiorqueseestivesseem contatocom
o esqueleto;isto aumentaa suaeficáciaepode-
mosdarumaexplicaçãológica ao fatodequeo
tendãosuperficial e não o profundo é o que é
perfurado.
A açãodestesdois músculossepodededu-
zir pelasuainserção:
- o flexorcomumsuperficialdos dedos
(fig. 5-63)queseinsere,comofoi com-
provadoanteriormente,na segundafa-
lange,éfiexordasegundafalange:
•naturalmente,estáprivadode açãoso-
brea terceirafalange;
•époucoflexordaprimeirafalangee in-
clusiveé necessárioquea segundaes-
tejacompletamenteflexionada;
•a suaeficáciaé máximaquandoapri-
meirafalangeestáestendidapelacon-
I -
traçãodo extensorcomum(antagonis-
mo-sinergia),
• seuângulode aproximação,e portanto
a sua eficácia, aumentaprogressiva-
menteà medidaque F2 se flexiona.
- flexorcomumprofundodosdedos(fig.
5-64); que se insere na base da terceira
falange,é antesde tudoflexorda terceira
falange:
•masestaflexãodeF3 seassociarapida-
mentecom a flexão de Fo, porquenão
existeextensorseletivode Fo capazde
realizar a oposição a esta flexão. Para
explorar a força do flexor profundo é
necessáriomantermanualmenteF2 em
extensão;
•quandoFI e F2 secolocammanualmen-
te em flexão de 900, o flexor profundo
é incapazde flexionar F3: fica distendi-
do demaise, portanto,é ineficaz;
•a suaeficácia é máximaquandoa pri-
meirafalangesemantémemextensão
por contraçãodoextensor comum(an-
tagonismo-sinergia).
Apesar dessaslimitações,se pode demons-
trar a importantefunção do flexor profundo.Os
extensoresradiaislongoecurtodocarpo(Rs)e o
extensorcomum(EC) sãosinérgicosdosfiexores
(fig. 5-65).
Fig.5-65
Fig.5-63
Fig.5-64
•
1.MEMBRO SUPERIOR 205
EC
EC
~EC
Rs
206 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS TENDÕES DOS MÚSCULOS EXTENSORES DOS DEDOS
Osmúsculosextensoresdosdedostambém
sãomúsculosextrínsecos.Percorremossulcos,
mascomooseutrajetoé,emconjunto,convexo,
sãomenosnumerosos.Só existemno punho,
únicopontoondeo trajetodostendõessetrans-
formaemcôncavoduranteaextensão.Nesteca-
so, o sulco osteofibrosoestáconstituídopela
porçãoinferiordosdoisossosdoantebraçoepe-
lo ligamentoanularposteriordocarpo(fig.5-
66).Este sulco,por suavez,estásubdividido
emseistúneisporseptosfibrososqueseesten-
demdasuperfícieprofundadoligamentoanular
aoesqueleto.Podemosobservar,dedentropara
fora(deesquerdaà direitano esquema),os tú-
neIS:
1)doextensorulnardocarpo;
2)doextensordodedomínimocujotendão
seunemaisabaixocomodoextensorco-
mumdestinadotambémaoquintodedo;
3)dosquatrotendõesdoextensorcomum,
acompanhadoem profundidadepelo
tendãodoextensorprópriododedoindi-
cador,queseuneumpoucomaisabaixo
dotendãodoextensorcomumdestinado
aodedoindicador;
4) doextensorlongoprópriodopolegar;
5)dosextensoresradiaislongoe curtodo
carpo;
6)do extensorprópriocurtodo polegare
doabdutorlongodopolegar.
Nestessulcososteofibrosos,ostendõesex-
postosestãoenvolvidospor bainhasserosas
(fig. 5-67)quepassampor cimado ligamento
anulardorsale seestendembastanteabaixoso-
brea superfíciedorsaldamão.
Do pontode vistafisiológico,o extensor
comumdosdedosé,principalmente,o exten-
sordaprimeirafalangesobreo metacarpeano.
Estaaçãosemanifestacomforçaeevidên-
cia,sejaqualfor aposiçãodopunho(fig.5-69).
Transmite-seà primeirafalangepelaexpansão
profunda(1),longade10a 12mm,quesedes-
coladasuperfícieprofundadotendão,diferente
dacápsuladametacarpofalangeana,parainserir-
sejuntocoma cápsulanabasedeFI: emuma
vistadorsal(a),umsegmentodetendãoremovi-
dodeixaverestaexpansãoprofunda(1).
Pelo contrário,a ação sobre a segunda
falange- atravésdalingüetamédia(2)- e so-
breaterceirafalange- atravésdasduaslingüe-
taslaterais(3) - dependedo grau de tensão
do tendãoe, por conseguinte,da posiçãodo
punho(fig. 5-69),e tambémdo grau de fie-
xãodametacarpofalangeana:
- sóé relevantequandoo punhoestáfle-
xionado(A);
- é parciale incompletaem posiçãode
alinhamento(B);
- éinexistentequandoopunhoestáesten-
dido(C).
De fato,a açãodoextensorcomumsobre
asduasúltimasfalangesdependedograudeten-sãodosflexores:
- seostendõesestãotensosdevidoà exten-
sãodopunhooudametacarpofalangea-
na,o extensorcomumé incapaz,por si
só,deestenderasduasúltimasfalanges;
- se,pelocontrário,os tendõesestãodis-
tendidosdevidoà flexãodopunhoouda
metacarpofalangeana(ou por sua sec-
ção),o extensorcomumpodeestender
facilmenteasduasúltimasfalanges.
O tendãodoextensorpróprio do dedoin-
dicadoreo dodedomínimopossuemamesma
fisiologiaqueotendãocorrespondentedoexten-
sorcomumcomoqualseconfundem.Permitem
a extensãoisoladadodedoindicadoredoquin-
todedo(gestode"pôrchifres").
Demaneiraacessória,nocasododedoindi-
cador,os tendõesextensorestêm,segundoDu-
chennedeBoulogne,umaaçãode lateralidade
(fig. 5-70):o extensorpróprio(EP) realizaa
"adução"eoextensorcomum(EC) a"abdução".
Estaaçãoaparecequandoa flexãodasduasúlti-
masfalangese aextensãodaprimeiraanulama
açãodosinterósseoscorrespondentes.
1.MEMBRO SUPERIOR 207
Fig.5-67
Fig.5-69
-
J
Fig.5-66
Fig.5-70
a
Fig.5-68
b
EP
EC
----- .-----------------------------
208 FISIOLOGIA ARTICULAR
MÚSCULOS INTERÓSSEOS E LUMBRICAIS
Não descreveremosdenovoasinserçõesdos in-
terósseos;e:'.tãoresumidasnasfiguras5-71,5-72e 5-
73.Estasinserçõesnãointeressamsenãoforparaescla-
recerasaçõesmusculares.
No planofisiológico,os interósseospossuemdois
tipos de ações:açãodelateralidadee açãosobrea fle-
xão-extensão.
Suaaçãode lateralidadesobreos dedosestáde-
terminadapelainserçãodeumapartedo tendãotermi-
nalsobreo tubérculolateralda basedaprimeirafalan-
ge (1);estaaçãoé tãodiferentequeestainserçãoinclu-
sivesecOlTesponde,àsvezes,comum corpomuscular
diferente(disposiçãoencontradanoprimeirointerósseo
dorsal,segundoWinslow).
O sClllidodomovimentodelateralidadeestáregu-
ladopeladireçãodo corpomuscular:
- quandose dirige emdireçãoao eixoda mão
(terceirodedo)- éo casodosinterósseosdor-
sais (traçosverticais,figs. 5-71 e 5-73) - o
músculoordenaa separaçãodos dedos(setas
brancas,figo5-71).
É evidenteque,seo segundoe o terceirointe-
rósseosse contraemsimultaneamente,a sua
açãode lateralidadesobreo médio se anula.
Com relaçãoaoquintointerósseo,a separação
é realizadapelo adutordo quinto (5) (fig. 5-
72), que equivalea um interósseodorsal.No
polegar,a escassaseparaçãoqueproduzo ab-
dutorcurtodopolegar(6)estácompensadape-
larealizadapeloabdutorlongoqueagesobreo
primeirometacarpeano;
- quandoseafastadoeixodamão- éo casodos
interósseospalmares(traçoshorizontais,figs.
5-72e5-73)- o músculodirigea aproximação
dosdedos(setasbrancas,figo5-72);
- os interósseosdorsaissão mais volumosose
portantomaispotentesqueos pa1mares,o que
explicaqueestesúltimossejammenoseficazes
quantoà aproximaçãodosdedos;
- ostendõesdosinterósseos,envolvidosemfor-
maçõesfibroaponeuróticasanexadasao liga-
mentotransversointermetacarpeano,não po-
demse luxarparafrentedurantea flexãodas
metacarpofalangeanas,porque o ligamento
transverso,localizadonafrentedeles,os man-
témno seulugar.Não éo casodo primeiroin-
terósseodorsalque carecedestemecanismo:
quandoafaixafibrosaqueo mantémsegurose
distendeporumprocessoreumático,o seuten-
1--
dãosedeslocaparafrenteeperdeasuaaçãode
abduçãoparaseconverteremflexor.
A suaaçãosobrea flexão-extensãonãopodeser
entendidasem descreverpreviamentea estruturada
aponeurosedorsaldo dedo(figs.5- 74,5-75e 5-76):
- apósteremitidoasuainserção(1)parao tubér-
culo lateraldeFI' o tendãodo interósseocons-
tituiumalâminafibrosaque,'passandosobrea
superfíciedorsaldeF. vaicontinuarnasuaho-
mólogacOfltralateral:'se tratada correia dos
interósseos(2).Vistapelasuasuperfíciepro-
funda (foramremovidasas falanges),a apo-
neurosedorsal·(fig.5-75)permiteobservares-
ta cOlTeiaformadadeumaparterelativan1ente
espessa(2)edeumapartemaisfina(2'),fibras
oblíquasque seexpandemem direçãoàs lin-
gÜetaslaterais(7)do extensorcomum.A parte
espessa(2) deslizasobrea superfíciedorsalde
FI e da articulaçãometacarpofalangeaname-
dianteumapequenabolsaselvsa(9),debaixo
da qual se descolaa lingÜetaprofunda(4) do
extensorcomum;
- umaterceira expansãodotendãodo interós-
seoconstituiumafina lingÜeta(3) quesedi-
rigeemdois contingentesdefibrasparao ex-
tensor:
•algumasfibrasoblíquas(10)paraa lingÜeta
médiaconstituema lâminatriangular;
•a maiorpartedasfibrassefundemcomalin-
gÜetalateralpoucoantesdasuapassagempe-
la interfalangeanaproximal,paraformaruma
faixa (12), quevai inserir-sesobreF, com a
suahomólogacontralateral: '
•observar(fig. 5-76) que a faixa lateral(12)
não passaexatamentepelasuperfíciedorsal
dainterfalangeanaproximal,massimligeira-
mentesobreo ladoondeestácoladaàcápsu-
la por algumasfibrastransversais,a expan-
sãocapsular(11):
- os quatrolumbricais (fig. 5-77), numerados
de fora paradentro.se inseremnasmargens
dos tendões fiexores profundos, principal-
mentena margemradial. O seu tendão(13)
se dirige parabaixo e volta paradentro.Em
primeiro lugar o ligamentotransversointer-
metacarpeanoo separado tendãodo interós-
seo (fig. 5-76),dando-o,assim,umaposição
mais palmar.A seguir(figs. 5-75 e 5-76), se
fundecom a terceiraexpansãodo interósseo,
maisabaixodo quea correia.
Fig.5-77 Fig.5-76 Fig.5-75
1.MEMBRO SUPERIOR 209
Fig.5-74
210 FISIOLOGIA ARTICULAR
A EXTENSÃO DOS DEDOS
A extensãodosdedossedeveà açãocombinada
doextensorcomum(EC), dosinterósseos(Is), doslum-
bricais(Ls) etambémemcertamedida,do flexorsuper-
ficial (FCS); todos estesmúsculosintervêmnas liga-
çõesdesinergia-antagonismovariáveisdependendoda
posiçãoda articulaçãometacarpofalangeana(MP) e do
punho.Acrescente-sea açãototalmentepassivado liga-
mento retinacular, quecoordenaa extensãodasduas
últimasfalanges.
O extensorcomum
Já vimosanteriormente(pág.206)queo extensor
comumnãoé verdadeiroextensorsalvono casodapri-
meirafalange(F) equenãoatuasobreF2 eF3seosflexo-
resnãoestãodistendidos(flexãodopunho,flexãodame-
tacarpofalangeana,secçãodosflexores).Numapeçaana-
tômica.atraçãodoextensorcomumdeterminaumaexten-
sãocompletadaFI e incompletadeF2 eF3(fig.5-69,C).
O graude tensãodasdiferentesinserçõesdo extensorcomum
dependepraticamenteda flexãodasfalanges:
- a flexão isoladade F, (fig. 5-78) distende3 rum a faixa
médiae a expansãoprofunda;de modoqueo extensorco-
mumjá não atuadiretamentesobreF, e F,;
- a flexãodeF, (fig. 5-79) temduasconseqüências:
•distende3 rum as faixas laterais(a) graçasà "derrapa-
gem" dasfaixasquedeslizamem posiçãopalmar,atraí-
daspelaexpansãocapsular(fig. 5-75, 11).Durantea ex-
tensãodeF, voltamà suaposiçãodorsaldevidoà elasti-
cidadeda lâminatriangular(fig. 5-75, 10);
•distendede7 a 8rumaexpansãoprofunda(c) o queanu-
la a açãodiretasobreF, do extensorcomum.Porém,po-
deestenderindiretamenteF, atravésdeF" seestaúltima
estáestabilizadaem flexão pelo flexor comum superfi-
cial' quedesempenhaassimumpapelcoadjuvantedoex-
tensorcomumna extensãodametacarpofalangeana(fig.
5-80): e" e f" se anulam,e' e f" se somame sedecom-
põemsobreFI emA, componenteaxiale emB, compo-
nentedeextensão,incluindoumapartedaaçãodo flexor
comumsuperficial(R. Tubianae P. Valentin).
Os interósseos
Os interósseossãoflexoresdeFJ eextensoresdeF2
eF3, masasuaaçãosobreasfalangesdependedograude
flexãoda metacarpofalangeanae do estadodetensãodo
extensorcomum:
- sea metacarpofalangeanaestáestendida(fig.5-
81)porcontraçãodoextensorcomum;
- sea correiasedesloca(a)porcimadametacar-
pofalangeanaemdireçãoà superfíciedorsaldo
primeirometacarpo(SterlingBunnel);
- destemodo,as expansõeslateraispodemestar
tensas(b)eproduziraextensãodeFI eF2;
- sea metacarpofalangeanaseflexiona(fig.5-82)
pordistensãodoextensorcomum(a)econtração
do lumbrical(semrepresentaçãonafigura);
- a correiadeslizasobreo dorsode FI (b); o seu
trajetoéde7 rnm(SterlingBunnel);
- a contraçãodosinterósseos(c) atuandosobrea
correiaflexionacompotênc~aa metacarpofalan-
geana;
- embora,porestefato,asexpansõeslaterais,man-
tidaspelacorreia,sedistendessem(d)easuaaçãoextensorasobreFI e F2 desaparecesse,quanto
maisflexionadaestiverametacarpofalangeana;
- contudo,nesteprecisomomentoé quandoo ex-
tensorcomuméeficazsobreFI eF2•
Portantoexiste,cómoo demonstraraSterlingBun-
nel,umbalançosinérgiconaaçãodeextensãodoexten-
sorcomume dosinterósseossobreFI eF2 (fig.5-89):
- metacarpofalangeanaflexionada90°:açãomáxi-
madoextensorcomumsobreF2 eF3; açãomáxi-
madoslumbricaisestandoasfaixaslateraisten-
sasoutravez(fig.5-84),sendoineficazesosinte-
rósseos;
- metacarpofalangeanaem posição intermédia:
açãocomplementardoextensorcomumedosin-
terósseos;
- metacarpofalangeanaestendida:açãoinexistente
do extensorcomumsobreF2 e F,; açãomáxima
dos interósseosestandoas faixaslateraistensas
outravez(fig.5-81,b).
Os lumbricais
FlexoresdeFI e extensoresdeF2 e F3possuem,ao
contráriodos interósseos,estasfunçõesseja qual for a
flexãoda metacarpofalangeana.Sãomúsculosextrema-
menteimportantesparaosmovimentosdosdedos.Devem
estaeficáciaaduasdisposiçõesanatôrnicas:
- a sualocalizaçãomaispalma/;pelafrentedo li-
gamentotransversointermetacarpeano,lhesou-
torgaum ângulode aproximaçãode 35°com
FI (fig. 5-83):destemodo,podemflexionara
metacarpofalangeanainclusivese estáhiperes-
tendIda.São,assim,os "iniciadores" da flexão
de FI (flexor-starters),os interósseosatuamse-
cundariamentesobreacorreia;
- a suainserçãodistalselocaliza(fig.5-84)nasex-
pansõeslateraisdebaixodo nívelda correia.Ao
nãoestarmantidosporesteúltimo,podemtensio-
nardenovoo sistemaextensordeF2 eF3sejaqual
for o graudeflexãodametacarpofalangeana.
1.MEMBRO SUPERIOR 211
EC
Ec
a
Fig.5-82
Fig.5-81
Fig.5-83
Fig.5-85
b
Fig.5-84
Fig.5-86
Fig.5-87 Fig.5-88
1-------
I
212 FISIOLOGIA ARTICULAR
A EXTENSÃO DOS DEDOS
(continuação)
- Eyler e Marquée,e Landsmeerdemonstraram
queemcertosindivíduososinterósseospossuem
duasporções,umaporçãoparaa correiae outra
porçãoparaaexpansãolateral;
- paraRecklinghausen,os lumbricaisfacilitama
extensãodeF2 e F3(fig.5-85)produzindoa dis-
tensãodaporçãodistaldostendõesdofiexorco-
mUlnsuperficial(a)nosquaisselocalizaasuain-
serçãosuperior(b).Graçasaestesistemadiago-
naI, a contraçãodoslumbricaisdeslocafuncio-
nalmentea inserçãoteI1lÚnaldo flexorcomum
superficialdasuperfíciepalmarà superfíciedor-
saldeF3'transformando-onumextensor,equiva-
lenteauminterósseo;estesistemaésemelhante,
emeletrônica,a umtransistorquetrocaapassa-
gemdacorrentenumsentidoououtrodependen-
do do seuestadodeexcitação.Este"efeitotran-
sistor"conduz,graçasa umabaixapotência- a
do lumbrical-, à derivaçãode umafortepotên-
cia- adoflexorcomumprofundo- parao siste-
maextensor;
- porúltimo,os lumbricais,possuidoresdenume-
rososreceptoresproprioceptivos,recolhemin-
fOlmaçõesessenciaisparacoordenar o tônus
dosextensoresedosflexoresentreosquaises-
tãotensosformandoumadiagonaI.
O ligamentoretinacular(LR)
O ligamentoretinacular(Landsmeer,1949)está
constituídopor fibras(fig.5-86)quepartemdasuperfície
palmar(a)deF, eseprojetam(b)sobreasfaixaslaterais
doextensorcomume,atravésdestas,sobreF).Todavia,é
necessárioressaltarcomoalgoessencialo fatodeque,ao
contráliodasfaixaslateraisdoextensorcomum,asfibras
do ligamentoretinacularcruzama interfalangeanaproxi-
mal (IFP) pelafrentedo seueixo(c), istoé, emposição
palmar.Entãopodemosdeduzirque(fig. 5-87)a exten-
sãoda interfalangeanaproximalprovocaa tensãodas
fibras do ligamentoretinaculareproduz a extensãoda
interfalangeanadistal(IFD) nametadedoseurecorrido,
passandodeumaflexãode80°aumaflexãode40°.Esta
tensãodo ligamentoretinacularpelaextensãoda interfa-
langeanaproximalé fácil de comprovar(fig. 5-88): se
seccionarmoso ligamentoretinacularemB, a extensão
daF, já nãoseassociacomaextensãoautomáticadeF3'
enqllamoé possívelobservara separaçãodeumadistân-
ciaCD (D representaaposiçãofinaldeB, pontodo liga-
mentoretinacularquegiraemtomodeA, enquantoC re-
presentaaposiçãofinaldeB, pontodeFogirandoemtor-
nodeO) dasduasmargensdo ligamentõretinacular.
Ao contrário,épossívelobter,medianteumaflexão
passivadainterfalangeanadistal,e estandointactoo liga-
mentoretinacular,a flexãoautomáticada interfaIangeana
proximal.
Em casodepatologia,a retraçãodo ligamentoreti-
nacular:
- instauraadeformaçãododedodenominada"em
casadebotão",devidoà rupturadaaponeurose
dorsal;
- provocaahiperextensãodainterfalangeanadistal
nadoençadeDupuytrennO,seuterceirograu.
Resumodas açõesmuscularespara a flexão-ex-
tensãodosdedos
ExtensãosimultâneadeFj +F2 +FJ (fig.5-89,A):
SinergiaEC + Is +Ls.
Açãopassivaeautomáticadoligamentoretinacular.
ExtensãoisoladadeFj: EC.
+FlexãoF : FCS )
(coadjuv~ntedoEC) relaxamentodosIs
+FlexãoF): FCP
+FlexãoF2: FCS (Id.)
+ExtensãoF3:Ls + Is (estaúltimaaçãoé muito
difícil).
FlexãoisoladadeFI: Ls (starters)+ ls (antagonis-
moEC/Is: relaxamentoEC).
+ExtensãoF, eF, (fig.5-89,C): Ls (extensoresem
qualquerpõsiçãoda metacarpofalangeana)+ ba-
lançosinérgicoEC +Is (fig.5-89,B).
+FlexãoF,: FCS.
+ExtensãoF}:Ls (açãodifícil porquea ftexãodas
interfalangeanasproximaisdistendeasfaixaslate-
rais).
+FlexãoF,: FCS.
+FlexãoF3:FCP (a suaaçãoestáfacilitadapela
"derrapagemdasfaixaslateraisdevidoàftexãoda
interfalangeanaproximal").
Os movimentoshabituaisdosdedosilustramasseguintessi-
tuações:
- os movimentosque se realizamdurantea escritura(Du-
chennede Boulogne):
- quandoempurramoso lápis parafrente(fig. 5-90),
o interósseoflexiona F, e estendeF, e F,;
- quando conduzimos novamenteo lápis para trás
(fig. 5-91), o extensorcomum estendeF, e o tlexor
comum superficial tlexionaF,:
- os movimentos dos dedos em gancho (fg. 5-92): o fle-
xor comum superficial e o flexor comum profundo se
contraeme os interósseosserelaxam.Este movimentoé
indispensávelpara o alpinistaque se agarraa uma pare-
de rochosa vertical;
- os movimentosdos dedos em martelo (fig. 5-93): o ex-
tensorcomum intervémparaestenderFI enquantoo fle-
xor comum superficial e o flexor comum profundo fle-
xionam F, e F, . É a posição inicial dos dedosdo pianis-
ta. O dedo percutea tecla por contraçãodos interósseos
e dos lumbricais que tlexionam a metacarpofalangeana
quandoo extensorcomum se relaxa.
,------
I
I
I
-
1.i\IEMBRO SUPERIOR 213
Fig.5-89
214 FISIOLOGIAARTIClJLAR
ATITUDES PATOLÓGICAS DA MÃO E DOS DEDOS
A insuficiênciaouoexcessodeaçãodequalquer
dosmúsculosqueacabamosdeexporpodedesenca-
dearmúltiplasatitudes,iciosas.
Entreasatitudesviciosasdosdedos(fig.5-94),
devemosconhecer:
a)a rupturada aponeurosedorsal,nalâmina
triangular,queseestendeentreasduasfaixas
lateraise cujaelasticidadeé necessáriapara
queestasfaixasvoltemàposiçãodorsalquan-
do a interfalangeanaproximalseestendade
novo.Nestecaso.asuperfíciedorsaldaarticu-
laçãoproduzumahérnianafendaaponeuróti-
ca,easfaixasseluxamsobreassuassuperfí-
cieslaterais;semantémassimemsemi-fiexão,
enquantoa interfalangeanaproximalestáem
hiperextensão.Estamesmaatitudedenomina-
da"emcasadebotão"apareceanteumasec-
çãodoextensornainterfalangeanaproximal;
b)a ruptura do tendãoextensor imediata-
menteanterioràsuainserçãoemF}provo-
caafiexãodeF,. quepodereduzir-sedefor-
mapassiva,masnãoativa.A flexãosedeveà
tonicidadedo flexorcomumprofundonão
compensadapeloextensorcomum;a defor-
maçãosedenomina"dedoemmartelo"(ou
malletfinger);
c)a rupturadotendãodoextensor longopor
cimadametacarpofalangeanasedeveàfie-
xãodametacarpofalangeanasoba açãopre-
dominantedacorreiadosinterósseos;estaati-
tude"intrínsecaplus"seobservaquandoos
interósseospredominamsobreo extensorco-
mum,
d)a ruptura ou a insuficiênciado flexor co-
mumsuperficialdeterminaumahiperexten-
sãodainterfalangeanaproximalsobainfluên-
ciapredominantedosinterósseos.Estaatitude
"eminversão"dainterfalangeanaproximalse
associacomumaligeiraflexãodainterfalan-
geanadistaldevidoaoencurtamentorelativo
doflexorcomumprofundo(porhiperextensão
dainterfalangeanaproxirnal),daíasuadeno-
minaçãodedeformação"empescoçodecis-
ne";
e)a paralisiaou a secçãodotendãodo flexor
comumprofundoconduzà impossibilidade
deflexionarativamenteaúltimafalange;
f) a insuficiência dos interósseos,implica
umahiperextensãode M/FI sob a açãodo
extensorcomumeporumafiexãoacentuada
dasduasúltimasfalangessoba açãodo fle-
xor comumsuperficiale do flexorcomum
profundo.Destemodo,a paralisiadosmús-
culosintrínsecosrompeo arcolongitudinal
na"chave"dasuaabóbada.Estaatitude,de-
nominada"emgarra"(fig. 5-96)ou "intrín-
secamenos",apareceprincipalmentenapa-
ralisia dó nervoulnar - queinervaosinte-
rósseos- eéarazãopelaqualtambémsede-
nominagarra ulnar.Acompanha-sedeuma
atrofiadaeminênciatenare dosespaçosin-
terósseos.
A perdadosextensoresdopunhoe dosdedos,
comfreqüênciano cursode umaparalisia radial,
determinaumaatitudecaraterísticade "mãocaÍda"
(fig.5-95)comflexãoacentuadado punhoe flexão
das articulaçõesmetacarpofalangeanas,estandoas
duasúltimasfalangesestendidaspelosinterósseos.
Na doençade Dupuytren (fig. 5-97),a retra-
çãodasfaixaspré-tendíneasda aponeurosepalmar
médiaacarretaumafiexãoirredutíveldosdedosso-
breapalma:flexãodametacarpofalangeanaedain-
terfalangeanaproximale extensãodainterfalangea-
na distal. Freqüentemente,esta atitudeviciosa é
maisacentuadanosdoisúltimosdedos,o dedoindi-
cadore o médioseafetamposteriormentee poucas
vezesafetao polegar.
A doençade Volkmann (fig. 5-98)se deveà
retraçãoisquêmicadosmúsculosfiexoresedetermi-
naumaatitudeemgarradosdedos,muitonítidana
extensãodopunho(a),emenosvisívelnaflexão(b),
quedistendeos flexores.
Outraatitudeengarra(fig.5-99)quesecorres-
pondecoma inflamaçãoda bainhaulnocarpeana.
A garraémaisacentuadaquantomaisinternoéo de-
do (atingeo seumáximono quintodedo).Qualquer
tentativadereduzirestagarraresultamuitodolorosa.
Por último,a atitudeem"rajada ulnar" (fig.
5-100,segundoo quadrode G. La Tour,"Brigade
mendigos")se caracterizapelo desviosimultâneo
dosquatroúltimosdedosemdireçãoàsuperfíciein-
ternadamão;tambémpodemosapreciara proemi-
nênciaanormaldas cabeçasmetacarpeanas.Este
conjuntodedeformaçõespermiteconsideraro diag-
nóstico(retrospectivo)depoliartritereumatóide.
1.MEMBRO SUPERIOR 215
-
Fig.5-98
Fig.5-95
Fig.5-100
~/rc
~~~c.~
d e
~ Fig.5-94
216 FISIOLOGIA ARTICULAR
OS MÚSCULOS DA ElVIINÊNCIA HIPOTENAR
A eminênciahipotenarestácompostapor
trêsmÚsculos(fig. 5-101):
1) o flexorcurtodoquintodedo(1);sein-
sereabaixo,no tubérculointernodaba-
sedeFI' a suadireçãoé oblíquaparaci-
maeparafora emdireçãoà suainserção
carnosana superfície anteriordo liga-
mentoanulare do processounciforme;
2) o adutordoquintodedo(2); adutorem
relação ao plano de simetriado corpo.
terminaabaixo como um interósseono
tubérculolateraldeF (como fiexorCUf-I
to),por umacorreiacomumcomo quar-
to interósseopalmarepor umaexpansão
paraa faixa lateraldo extensorcomum.
Por cima,seinserenasuperfícieanterior
do ligamentoanulare no pisiforme;
3) o oponentedo quintodedo(3) se inse-
re abaixona superfícieinternado quinto
metacarpeano,rodeiaa suamargem(fig.
5-88) para se dirigir (setabranca)para
cima e para fora em direçãoà margem
inferior do ligamentoanularedoproces-
so unciforme,no qual seinsere.
No planofisiológico
O oponente(fig. 5-102)fiexiona o quinto
metacarpeanosobreo carpo,em tomo do eixo
XX", o qual o deslocaparafrente (seta1) epa-
rafora (seta2). Esta direçãooblíqua é a do cor-
po muscular(setabranca).
Mas, ao mesmo tempo, proporciona ao
quinto metacarpeanoum movimento de rota-
ção em torno ao seu eixo longitudinal (repre-
sentadopor umacruz) no sentidoda seta3, em
supinação,isto é, de tal maneira que a parte
anterior do metacarpeanose orienta para fo-
ra, emdireção ao polegar. Portanto, o oponen-
te merecea sua denominaçãoporque realiza a
oposiçãodo dedo mínimo com relação ao po-
legar.
Ofle_xorcurto (1) eo adutor do quinto de-
do (2) exercemem conjunto uma ação quase
idêntica (fig. 5-103):
- ofiexor curto (1)fiexiona a primeira fa-
langesobreo metacarpeanoe separa o
quintodedoem relaçãoao eixo da mão;
- o adutor (2) possui a mesmaação: de
modo que é abdutorcom relação ao ei-
xo da mão (terceiro dedo) e pode ser
consideradoequivalentea um interós-
seo dorsal. Como os interósseos, fle-
xiona a primeira falange, por ação da
correia, e estende duas falanges por
açãode sua expansãolateral.
1.MEMBRO SUPERIOR 217
Fig.5-102
1-
Fig.5-103
218 FlSIOLOGIAARTICULAR
oPOLEGAR
o polegarocupaumaposiçãoe desem-
penhaumafunçãoà partenamão,porqueé in-
dispensávelpararealizaraspinçaspolegar-digi-
tais comcadaumdosoutrosdedos,eprincipal-
mentecomo dedoindicador,e tambémparaa
constituiçãodeumapreensãodeforça comos
outrosquatrodedos.Tambémpodeparticipar
emaçõesassociadasàspreensõesqueserefe-
remà própriamão.Semo polegar,amãoperde
amaiorpartedesuascapacidades.
O polegardeveestafunçãoeminente,por
umaparte,à sualocalizaçãoparafrentetanto
dapalmadamãoquantodosoutrosdedos(fig.
5-104)quelhepermite,no movimentodeopo-
sição,sedirigiraosoutrosdedos,deformaiso-
ladaouglobal,ousesepararpelomovimentode
contra-oposiçãopararelaxara preensão.Por
outrolado,deveasuafunçãoàgrandeflexibili-
dadefuncionalquelheproporcionaa organiza-
çãotãopeculiardasuacolunaarticulare dos
seusmotoresmusculares.
A colunaósteo-articulardo polegar(fig.
5-105)contêmcincopeçasósseasqueconsti-
tuemo raio externodamão:
- o escafóide(esc);
- o trapézio(T)queosembriologistascon-
sideramequivalenteaummetacarpeano;
- o primeirometacarpeano(Mr);
- aprimeirafalange(F);
- asegundafalange(F).
O polegaranatomicamentesópossuiduas
falanges,mas,o queé importante,a suacoluna
se articulacoma mãonumpontomuitomais
proximalqueno casodosoutrosdedos.A sua
colunaéclaramentemaiscurtaeo seuextremo
sóalcançaapartemédiadaprimeirafalangedo
dedoindicador.Esteé o seucomprimentoper-
feitoporque:
- maiScurto, como seria o caso após
uma amputaçãofalângica,perde as
suaspossibilidadesde oposiçãopor
nãotersuficientelongitude,nemsufi-
cienteseparação,nemsuficientefle-
xãoglobal;
- maislongo,comoseriao casodeuma
malfor,maçãocongênitacom três fa-
langes,aoposiçãofinapontadodedo-
pontado ~edo(término-terminal)po-
deseverperturbadapelaflexãoinsu-
ficiente da interfalangeanadistal do
dedoaoqualseopõe.
Então,istoéumexemplodoprincípiode
economiauniversal(princípiode OCCAM).
segundoo qualqualquerfunçãoestáassegura-
dapelamínimaestruturae organização:para
umafunçãoótimadopolegar,sãonecessárias
esuficientescincopeças.
As articulaçõesdacolunadopolegarsão
quatro:
- a trapéÚo-escafóidea(TE) artródia
que,comojá vimos,permitequeo tra-
pézio realizeum curtodeslocamento
parafrentesobrea superfíciearticular
inferior,aqualseapóiasobreo tubér-
culodo escafóide:nestecasoseesbo-
çaummovimentodeflexãodeescas-
saamplitude;
- a trapéÚo-metacarpeana(TM) dotada
dedoisgrausdeliberdade;
- ametacarpofalangeana(MF) quepos-
suidoisgrausdeliberdade;
- a interfalangeana(IF) comsóumgrau
deliberdade;
ouseja,emtotal,CINCO GRAUS DE
LIBERDADE necessáriose suficientes
paraserealizaraoposiçãodopolegar.
Fig.5-105
TOTAL: 5 GRAUS
,_1F:10
1.MEMBRO SUPERIOR 219
Fig.5-104
220 FISIOLOGIA ARTICULAR
GEOMETRIA DA OPOSIÇÃO DO POLEGAR
Desdeumpontodevistaestritamentegeo-
métrico(fig.5-106),aoposiçãodopolegarcon-
sisteemque,numpontodadoA', apolpadopo-
legarsejatangenteàpolpadooutrodedo,como
porexemploo dedoindicador,numpontoA: is-
toé,fazercoincidirnoespaçonumúnicoponto
A +A' osplanosdaspolpastangentesA eA'.
Paracomeçar,paracoincidirdoispontosno
espaço(fig.5-107)sãonecessáriostrêsgrausde
liberdadesegundoascoordenadasx,y ez.A se-
guir,sãonecessáriosmaisdoisgrausdeliberda-
de paraquepossamcoincidirosplanosdaspol-
pas,planosobreplanoe direçãosobredireção,
porrotaçãoemtomoaoseixosteu (comoaspol-
pasnãopodementraremcontatopelasuperfície
dorsal,é inútilumterceirograuemtomodeumeixoy eperpendicularaosdoisprecedentes).
Em resumo,a coincidênciadosplanosdas
polpasnecessitadecincograusdeliberdade:
- trêsparaquecoincidamos pontosde
contato;
- doisparaquecoincidammaisoumenos
osplanosdaspolpas.
Comopodemosdemonstrardeformasim-
plesquecadaeixodeumaarticulaçãoconstitui
umgraudeliberdadequesesomaaosoutrospa-
racontribuirparaoresultadofinal,podemosde-
duzirqueoscincograusdeliberdadedacoluna
dopolegarsãoimprescindíveise suficientespa-
raserealizaraoposição.
Se considerarmos,unicamenteno plano
(fig. 5-108),o movimentodos trêssegmentos
móveisM , F eF dacolunadopolegaremtor-1 1 2
nodostrêseixosdeflexãoyy'paraaTM, fi pa-
raaMF ef, paraaIF,podemosconstatarquesão
necessáriosdoisgrausparasituaro extremode
F2 numpontoH doplano:sesebloqueiafi ouf:.
sóexisteumaformaparaambososcasosalcan-
çaremo pontoH. Porém,introduzirumterceiro
graupermitechegaraH comdiferentesincidên-
cias:estãorepresentadasnafiguraduasorienta-
çõesO e O' da polpa,de modoquepodemos
constatarcomoestemecanismonecessitadetrês
grausdeliberdadenoplano.
No espaço(fig.5-109),se acrescentaum
quartograu deliberdade,emtomodosegun-
doeixoxx' daTM, permitindoumaorientação
adicionaldapolpaque"seorienta"numadire-
çãodiferente,a qualautorizaumaverdadeira
escolhadaoposiçãocomumdeterminadodedo
dodedoindicadoraodedomínimo.
Um quintograudeliberdade(fig.5-110)
conseguidograçasaosegundoeixodaMF me-
lhoraaindamaisa coincidênciadosplanosdas
polpas,permitindoumarotaçãolimitadadeum
planosobreoutroemtornodopontodetangên-
cia.De fato,podemoscomprovarqueo eixode
flexãof daMF nãoé estritamentetransversal
1
anãosernocursodaflexãodireta;naverdade.
durantea maiorpartedo tempoé oblíquonum
sentidoououtro:
- oblíquoemf' 1: aflexãoseassociacom
umdesvioulnarecomumasupinação:
- oblíquoemf" 1: nestecasose associa
comumdesvioradial e comumapro-
nação.
[
y
Fig.5-106
x
Xl
Xl
X
Fig. 5-110
z
Fig.5-107
H
Fig.5-108
1.MEMBRO SUPERIOR 221
tI
y
Fig.5-109
222 FISIOLOGIA ARTICULAR
A ARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-META CARPEANA
Topografiadassuperfícies
A articulaçãotrapézio-metacarpeana(TM)
selocalizanabasedacolunamóveldopolegar
edesempenhaumpapelprimordialdadoqueas-
seguraa suaorientação e participademaneira
preponderantenomecanismodaoposição.
Os anatomistasa denominamarticulação
porencaixamentorecíproco,o quenãosignifica
muito,outambémarticulaçãoselar (fig.5-111),
oqueparecemaiscorretoporqueestaúltimade-
nominaçãolembraa formadeseladecavalgar,
côncavanumsentidoe convexano outro.Exis-
temduassuperfíciesemsela,umanotrapézioe
aoutranabasedoprimeirometacarpeanoquesó
secorrespondempor causade umarotaçãode
90°quefaz coincidira curvaconvexadeuma
comacurvacôncavadaoutraevice-versa.
A topografiaexatadassuperfíciesdestaar-
ticulaçãotemsidocausadenumerososestudose
debates.A descriçãomaisprecisafoi expostare-
centementepor K. Kuczynski (1974).Com a
trapézio-metacarpeanaaberta(fig.5-112)eaba-
sedoprimeirometacarpeanodeslocadaparafo-
ra,assuperfíciesarticularesdo trapézioT e do
primeirometacarpeanoM1 apresentanasseguin-
tesparticularidades:
- asuperfíciedotrapézioT apresentauma
cristamédiaCD ligeiramentecurvase-
guindoumaconcavidadeorientadapara
dentroe parafrente.A partedorsalC
destacristaé claramentemaisconvexa
quea suapartepalmarF queé quase
plana.Estacristaaparecedeprimidana
suapartemédiaporumsulcoAB quea
cruzatransversalmentee se estendeda
margemdorsalexternaA àmargempal-
mar internaB onde é evidentemente
mais escavada.Um fato importanteé
queestesulcoé curvoe apresentauma
convexidadeântero-externa.A parte
posterior-externaE équaseplana;
- a superfíciemetacarpeanaM) seforma
ao contrário,apresentandouma crista
A'B' quecorrespondeao sulcoAB da
superfíciedo trapézioe umsulcoC'D'
queencaixasobrea cristado trapézio
CD. -
Encaixadasobrea superfíciedo trapézio
(fig. 5-113),a metacarpeanaa ultrapassapor
ambososextremosa e b dosulco.Alémdisso,
numcorte(fig. 5-114)sepodeobservarquea
concordânciadasduassuperfíciesnãoéabsolu-
ta.Porém,encaixadascomfirmeza umacontra
a olltra, "o encaixamento"dassuperfíciesnão
permitenenhumarotaçãosobreo eixo longitu-
dinal do primeirometacarpo,sempresegundo
Kuczynski.
A causadacurvadaselasobreo seueixo
longitudinal,Kuczynskiacomparacomumase-
la (mole)colocadasobreo lombodeum"cava-
lo comescoliose"(fig.5-115).Tambémpode-
mos compará-Iacom um desfiladeiro(fig. 5-
116)entreduasmontanhas,percorridoporuma
rodoviacurva:a direçãodocaminhãoquesobe
pelarodoviaformaum ângulor coma do ca-
minhãoquedesceporela.ParaKuczynski,este
ânguloqueatingeos90°entreospontosa eb do
sulcodotrapézioexplicariaarotaçãodoprimei-
ro metacarposobreo seueixolongitudinalno
percursodaoposição.Todavia,paraqueistose-
ja assim,serianecessárioqueabasedeM) per-
corresse(comoo caminhãonodesfiladeiro)to-
do o sulco do trapézio,o querequereriaumalu-
xaçãocompletadaarticulaçãonumsentidoe/ou
nooutro,enquantoo deslocamentosóéparcial:
o importantedestarotaçãolongitudinalsereali-
za,então,segundoanossaopinião,graçasaou-
tromecanismoqueseráexpostomaisadiante.
1.MDIBRO SUPERIOR 223
224 FISIOLOGIA ARTICULAR
A ARTICULA çÃO TRAPÉZIO- METACARPEANA
(continuação)
Coaptação
A cápsuladaarticulaçãotrapézio-metacar-
peanaé conhecidapelasualassidão,demodo
que permiteum importantejogo mecânico,
que,segundoos autoresclássicose inclusive
segundoosmodernos,originaarotaçãodopri-
meirometacarpeanosobreo seueixolongitudi-
nal, o que,comose poderácomprovarmais
adiante,é falso.
De fato,a lassidãocapsularsó temcomo
efeito,naprática,permitiro deslocamentoda
superfíciemetacarpeanasobrea do trapézio,
masestaarticulaçãotrabalhaemcompressão,
semelhanteaumpivô (fig. 5-117),permitindo
assimorientaroprimeirometacarpeanoemto-
dasasdireçõesdoespaço,comosesetratasse
de umacapa cuja orientaçãose pode variar
modificandoatensãodascordasrepresentadas
nestecasopelosmúsculostenares.Estesasse-
guramacoaptaçãoarticularemqualquerposi-
çao.
Os ligamentosda trapézio-metacarpeana
dirigemo movimentoe asseguram,segundoo
seugraudetensão,a coaptaçãoemcadaposi-
ção.A suadescriçãoeasuafunçãoforamrecen-
tementeparticularizadospor J.Y. da Caffiniere
(1970)quediferenciaquatro(figs.5-118,vista
anterior,e 5-119,vistaposterior).
- o ligamentointermetacarpeano(UM).
Ramofibroso,espessoecurto,seesten-
dedasbasesdoprimeiroe do segundo
metacarpeanosatéa partesuperiorda.. .
pnmelracormssura;
- o ligamentooblíqUf(póstero-interno
(LOPI), descritopelosclássicos,setrata
deumafaixalargamasfinaqueenvolve
a articulaçãoportráscomoumagrava-
ta,paraseenrolarpordentrodabasedo
primeirornetacarpeanosedirigindopa-
rafrente;
- o ligamento oblíquo ântero-interno
(LOAI) se estendeda partedistalda
cristado trapézioatéa zonajustaco-
missuraldabasedoprimeirometacar-
peano,cruza a superfícieanteriorda
articulaçãoseenrolandonosentidoin-
versoaoprecedente;
- o ligamento reto ântero-externo
(LRAE) seestendediretamenteentreo
trapézioe a basedo primeirometacar-
peanoatéa superfícieântero-externada
articulação,o seuclaroe agudolimite
internodelimitaum hiatocapsularpor
ondepassaumabolsaserosaparao ten-
dãodoabdutorlongo(AbL).
ParaJ.Y. deIa Caffiniere,estesligamentos
podemseassociardedoisemdois:
- UM eLRAE, aaberturadaprimeiraco-
missuranoplanodapalmadamãoé li-
mitadapeloLIM eo seufechamentope-
lo LRAE;
- LOPI e LOAI sãosolicitadosprincipal-
mentedurantea rotaçãodo primeiro
metacarpeanosobreo seueixolongitu-
dinal. O LOPI limita a pronaçãoe o
LOAI a supinação.
I•
Fig.5-118
Fig.5-117
UM
•
1.1IEMBRO SUPERIOR 225
AbL
Fig.5-119
226 FISIOLOGIA ARTICULAR
A ARTICULAÇÃO TRAPÉZIO-lVIETACARPEANA
(continuação)
Funçãodosligamentos
Segundoa nossaopinião,estesfenômenos
são algo mais complexos,já queprecisamos
descrevera açãodosligamentosemrelaçãoaos
movimentosdeanteposiçãoeretroposição,ede
flexãoe extensãodoprimeirometacarpeanotal
comoserãodefinidosmaisadiante.

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