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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 07

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 07
Execuções em espécie (por quantia certa contra devedor solvente, de obrigações de fazer ou não fazer, de obrigações de dar coisa certa ou incerta, contra a Fazenda Pública, de alimentos, por quantia certa contra devedor insolvente): conceito e características de cada uma, função, objeto, subtipos, procedimentos, controvérsias.
Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012
7.1. Execução POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE.
Este procedimento refere-se à execução por título extrajudicial. O cumprimento de sentença está detalhado no Ponto 06. Elaborei este tópico 7.1 por inteiro, vez que não constava do resumo original.
O procedimento padrão da execução por quantia certa contra devedor solvente decorre do próprio alvo que se tem em mira. Se o devedor não paga, devem-se buscar bens do seu patrimônio, que respondem pela dívida (art. 591 do CPC). Se houver numerário disponível do devedor (Ex: consegue-se uma penhora online em sua conta corrente bancária), está tudo resolvido: basta transferi-lo para o credor, solvendo-se a dívida. Não sendo possível a penhora de dinheiro, a reforma trazida pela Lei 11.382/06 priorizou a figura da adjudicação, isto é, a transferência ao credor de bens pertencentes ao devedor, ou ainda o usufruto forçado de bens móveis ou imóveis do devedor. Como última (e mais trabalhosa) opção, tem-se a alienação dos bens apreendidos (por iniciativa particular ou mediante hasta pública), para que, com o produto arrecadado, seja satisfeito o crédito do exequente.
7.1.1. Início do procedimento. Citação do executado. Arresto.
Deferida a petição inicial – ocasião em que “o juiz fixará, de plano, os honorários de advogado a serem pagos pelo executado” (art. 652-A/CPC) � – o executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida (art. 652/CPC). A citação será, em regra, por oficial de justiça, não se admitindo a citação postal (art. 222, “d”/CPC).
O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a execução (art. 653/CPC). O arresto é providência de índole cautelar, e não executiva. Seu objetivo é preservar ao menos uma parte do patrimônio do devedor, pondo-o a salvo de desvios, ocultações e dilapidações. Nos 10 dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando, certificará o ocorrido (art. 653, §ú/CPC).
O exequente será intimado do arresto, e terá o prazo de 10 dias para requerer a citação por edital do devedor (art. 654/CPC), sob pena de, não o fazendo, o arresto tornar-se ineficaz. Citado o devedor, seja após o arresto, seja pelo oficial de justiça ou por edital, terá o prazo de 3 dias para efetuar o pagamento, a partir da juntada aos autos do mandado cumprido, ou do término do prazo do edital, conforme o caso. Se o executado pagar, levanta-se o arresto. Caso contrário, o arresto converte-se, de pleno direito, em penhora (art. 654/CPC). Se o devedor citado por edital não efetuar o pagamento, e não houver bens arrestados, suspende-se a execução (art. 791, III/CPC).
7.1.2. Penhora.
Penhora é o ato pelo qual se apreendem bens para empregá-los, de modo direto ou indireto, na satisfação do crédito exequendo. Podem ser objeto de penhora os bens do próprio devedor ou de terceiros que respondam pela dívida (arts. 592 e 568/CPC). Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis (art. 648/CPC).
São absolutamente impenhoráveis os bens arrolados no art. 649/CPC. E são relativamente impenhoráveis, isto é, “podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia” (art. 650/CPC). A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem (art.649, §1º/CPC). Há outras hipóteses de impenhorabilidade: 1) Bens públicos; 2) Bem de família (Lei 8.009/90; art. 1.711/CC); 3) “A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva” (art. 5º, XXVI/CF); entre outros casos. Bens gravados por penhor, hipoteca, anticrese, usufruto ou enfiteuse podem ser penhorados, mas é obrigatória a intimação do credor com garantia real (art. 615, II/CPC), sob pena de ineficácia da eventual alienação desses bens (art. 619/CPC). Um bem já penhorado pode sofrer nova(s) penhora(s), incidindo a norma do art. 613/CPC (prevalece a ordem cronológica das penhoras). Há uma curiosa hipótese de impenhorabilidade provisória no art. 594/CPC: o credor que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá penhorar outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder (e o valor arrecadado for insuficiente para solver a dívida).
O art. 655/CPC estabelece uma ordem de preferência para a penhora. Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia (art. 655, §1º/CPC). A penhora online é regulada no art. 655-A/CPC, sendo feita pelo juiz através do sistema BACEN JUD. Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente são impenhoráveis (art.655-A, §2º/CPC), como o salário, por exemplo.
A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exequente, sem prejuízo da imediata intimação do executado, providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbação no ofício imobiliário, mediante a apresentação de certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial (art. 659, §4º/CPC).
É dever do executado, no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 656, §1º/CPC), sob pena de responder por ato atentatório ao exercício da jurisdição (contempt of court, arts. 14, §ú, 600, IV, e 601/CPC).
Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução (art. 659, §2º/CPC).
A residência do devedor é o local onde normalmente se encontrarão bens penhoráveis. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento (art. 660/CPC). Deferido o arrombamento, dois oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência (art. 661/CPC). Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem (art. 662/CPC).
Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia (art. 664/CPC). O art. 666/CPC estabelece onde deverão ficar depositados os bens penhorados. A penhora de créditos é feita pela intimação do terceiro, para que não pague ao executado, e a deste, para que não pratique atos de cessão de crédito (art. 671/CPC). No caso de títulos de crédito, a penhora se dá através da apreensão da cártula (art. 672/CPC).
Intimação da penhora => art. 652, §1º/CPC (“não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado”).
7.1.2.1. Efeitos da penhora.
Efeitos processuais:
Individualizar os bens que vão suportar, em concreto, a responsabilidadeexecutiva
Garantir o juízo (função cautelar da penhora), assegurando a eficácia prática da execução
Gerar para o credor o direito de preferência sobre os bens penhorados (art. 612/CPC)
Efeitos materiais:
Privar o executado da posse direta dos bens penhorados (ressalvada a hipótese de o próprio executado ficar como depositário dos bens penhorados – art. 666, §1º/CPC)
Tornar ineficaz em relação ao exequente quaisquer atos de disposição dos bens penhorados
7.1.2.2. Modificações da penhora.
Redução da penhora:
Se o valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e acessórios (art. 685, I/CPC).
Caso sejam acolhidos embargos à execução fundados no art. 745, III, do CPC (excesso de execução ou cumulação indevida de execuções).
Ampliação da penhora:
Se o valor dos bens penhorados for inferior ao do crédito exequendo (art. 685, II/CPC).
Substituição da penhora (sempre precedida da oitiva da parte contrária!):
Requerida pelo exequente:
Nas hipóteses do art. 656/CPC.
Quando o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por estarem penhorados, arrestados ou onerados (art. 667, III/CPC).
Quando o credor requerer a transferência da penhora para outros bens mais valiosos, se o valor dos penhorados for inferior ao referido crédito (art. 685, II/CPC).
Quando o bem penhorado perecer ou for desapropriado posteriormente
Requerida pelo executado:
Quando o devedor requerer a transferência da penhora para outros bens que bastem à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do exequente e acessórios (art. 685, I/CPC).
Quando a penhora não obedecer à ordem legal (art. 656, I/CPC).
O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será menos onerosa para ele devedor (art. 668/CPC).
A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30% (art. 656, §2º/CPC).
Determinada de ofício pelo juiz, ou a requerimento do depositário ou das partes
Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou de qualquer das partes, mandará aliená-los em leilão (art. 1.113/CPC). Efetuada a alienação e deduzidas as despesas, depositar-se-á o preço, ficando nele sub-rogada a penhora (art. 1.116/CPC).
7.1.3. Avaliação.
Antes de alienar os bens penhorados, é necessário avaliá-los. A avaliação é feita, em regra, pelo próprio oficial de justiça incumbido da realização da penhora (art. 652, §1º/CPC). Não se procederá à avaliação se o exequente aceitar a estimativa feita pelo executado, ou no caso de títulos ou de mercadorias que tenham cotação em bolsa (caso em que será considerada a cotação oficial do dia – arts. 682 e 684/CPC). Caso sejam necessários conhecimentos especializados (Ex: avaliação de obras de arte, joias raras, etc.), o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 dias para entrega do laudo (art. 680/CPC), que pode ser impugnado pelas partes (art. 683, I/CPC). Se o juiz acolher a impugnação, determinará a realização de uma nova avaliação, que também será realizada “se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor do bem” (art. 683, II/CPC) ou “houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem” (art. 683, III/CPC).
7.1.4. Expropriação.
No processo de execução, a expropriação pode ser total (adjudicação dos bens do devedor ou alienação a terceiros) ou parcial (usufruto de móvel ou imóvel pertencente ao devedor).
Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorários advocatícios (art. 651/CPC). Na verdade, não apenas o devedor, mas qualquer pessoa pode remir a execução, incidindo as regras do Código Civil acerca do pagamento de uma dívida feito por terceiros, que não o devedor.
7.1.4.1. Adjudicação.
É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados (art. 685-A/CPC). Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado (art. 685-A, §2º/CPC). Havendo mais de um pretendente à adjudicação, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem (art. 685-A, §3º/CPC).
Antes da reforma promovida pela Lei 11.382/06, a adjudicação tinha caráter subsidiário (apenas quando não houvesse êxito na hasta pública). Atualmente, o CPC trata a adjudicação como primeira modalidade de expropriação, exatamente por ser a mais simples e célere de todas. Outra mudança trazida pela Lei 11.382/06 foi a permissão de adjudicação de qualquer bem, e não apenas imóveis, como ocorria na disciplina anterior. A adjudicação se assemelha à dação em pagamento, com uma grande diferença: a adjudicação pode ser feita mesmo contra a vontade do devedor (o que não ocorre na dação em pagamento). O antigo instituto da remição de bens, feita pelo cônjuge, ascendente ou descendente do executado (arts. 787 a 790, revogados pela Lei 11.382/06) foi substituído pela figura da adjudicação, possibilidade que se abre para essas mesmas pessoas.
Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente (art. 685-A, §1º/CPC). Se o valor dos bens adjudicados for exatamente igual ao do crédito exequendo (o que raramente acontece), extingue-se a execução (arts. 794, I e 795 do CPC).
A adjudicação considera-se perfeita e acabada com a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivão e, se for presente, pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, se bem imóvel, ou mandado de entrega ao adjudicante, se bem móvel (art. 685-B/CPC).
Efeitos da adjudicação:
1) Constitui título para aquisição do domínio do bem pelo adjudicante, por meio da tradição (bens móveis) ou do registro (bens imóveis);
2) Gera para o adjudicante o direito de imitir-se na posse do bem adjudicado, obrigando o depositário a entregar-lho;
3) Extingue a hipoteca inscrita sobre o bem adjudicado (art. 1499, VI/CC).
7.1.4.2. Alienação por iniciativa particular.
Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exequente poderá, em caráter subsidiário, requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária (art. 685-C/CPC). O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento e as garantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem (art. 685-C, §1º/CPC). A alienação será formalizada por termo nos autos, assinado pelo juiz, pelo exequente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente (art. 685-C, §2º/CPC).
7.1.4.3. Alienação em hasta pública (arrematação).
A alienação em hasta pública tem lugar quando malogra a adjudicação (ou porque ninguém se interessou em adjudicar os bens, ou porque foi impugnada e anulada por qualquer motivo) e não é possível realizar a alienação por iniciativa particular (art. 686/CPC). A arrematação se realiza através de licitação pública, e não tem natureza contratual, mas sim de ato jurisdicional (atividade executiva), prescindindo-se da vontade do executado. O procedimento da arrematação se desdobra em trêsetapas: 1) Publicação do edital; 2) Licitação (praça ou leilão); e 3) Assinatura do auto (art.694/CPC).
7.1.4.3.1. Publicação do edital.
Visa dar publicidade à alienação dos bens. O art. 686/CPC enumera os requisitos do edital. Se o bem não alcançar lanço superior à importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora desde logo designados entre os 10 e os 20 dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço, desde que não se trate de preço vil (art. 692/CPC). Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) salários mínimos na data da avaliação, será dispensada a publicação de editais; neste caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação (art. 686, §3º/CPC).
Devem ser obrigatoriamente intimados da hasta pública, sob pena de nulidade do ato: 1) O executado (art. 687, §5º/CPC); 2) O credor com garantia real (arts. 619 e 698/CPC); 3) A União, o Estado e o Município, no caso de bem tombado (art. 22, §4º, do DL 25/37), para exercerem o seu direito de preferência.
7.1.4.3.2. Licitação.
No caso de bens imóveis, realiza-se a praça. Para os bens móveis, realiza-se leilão (art. 686, IV/CPC), ressalvadas as ações negociadas em bolsa de valores, cuja alienação compete às corretoras do mercado financeiro (art. 704/CPC). A praça realizar-se-á no átrio do edifício do Fórum; o leilão, onde estiverem os bens, ou no lugar designado pelo juiz (art. 686, §2º/CPC). As despesas com a praça ficam a cargo do executado. Já no leilão, incumbe ao arrematante pagar a comissão do leiloeiro (art. 705, IV/CPC). A alienação em hasta pública poderá ser substituída, a requerimento do exequente, por alienação realizada pela internet, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou privadas em convênio com eles firmado (art. 689-A/CPC). 
É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus bens, com exceção das pessoas enumeradas no art. 690-A/CPC. Admite-se que o próprio exequente participe da licitação (art. 690-A, §ú/CPC), e neste caso não estará obrigado a exibir o preço; mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 dias, a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação, levando-se os bens a nova praça ou leilão à custa do exequente. A lei dá preferência para a proposta de arrematação global, nas condições do art. 691/CPC.
7.1.4.3.3. Assinatura do auto de arrematação.
A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele mencionadas as condições pelas quais foi alienado o bem (art. 693/CPC). Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado (art. 694/CPC). A transferência da propriedade dos bens dar-se-á com a tradição (ordem de entrega dos bens móveis) ou com o registro (carta de arrematação dos bens imóveis). A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito nas hipóteses do art. 694, §1º/CPC.
Importante destacar que, se o bem arrematado não pertencia ao devedor, o arrematante terá direito de regresso em face do executado, não por força da garantia da evicção (eis que não se trata de contrato oneroso), mas pela aplicação do princípio geral de direito que veda o enriquecimento sem causa. Segundo Barbosa Moreira, o arrematante não tem o direito de manejar as ações edilícias em caso de vício redibitório no bem arrematado, por ausência de previsão legal.
7.1.5. Pagamento ao credor.
O pagamento ao credor far-se-á (art. 708/CPC): I - pela entrega do dinheiro; II - pela adjudicação dos bens penhorados; III - pelo usufruto de bem móvel, imóvel ou de empresa.
Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas preferências (art. 711/CPC). Neste caso, instaura-se no bojo da execução um verdadeiro processo de conhecimento incidente, do qual não participa o devedor (concurso de preferências), conforme se depreende dos artigos 712 e 713/CPC, sendo a decisão do juiz recorrível por agravo de instrumento. Neste momento, se os credores constatarem que o produto da execução é inferior à totalidade de seus créditos, deverão os interessados requerer a insolvência do devedor (art. 748/CPC).
No caso de pagamento através de usufruto de bem do devedor, após a oitiva deste, o juiz nomeará perito para avaliar os frutos e rendimentos do bem e calcular o tempo necessário para o pagamento da dívida (art. 722/CPC), nomeando-se administrador que será investido de todos os poderes que concernem ao usufrutuário (art. 719/CPC). Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exequente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios (art. 717/CPC). Se o imóvel estiver alugado, o inquilino pagará o aluguel diretamente ao exequente usufrutuário, salvo se houver administrador (art. 723/CPC). Não se impede que o devedor aliene o bem objeto de usufruto, até porque o adquirente receberá a coisa com o gravame imposto, e terá de suportá-lo até que o exequente se satisfaça in totum, quando então se extinguirá o usufruto.
7.2. Execução de obrigações de fazer ou não fazer.
A realização da prestação de fazer fungível pode ser obtida:
pela imposição de multa coercitiva (astreintes – art. 632 e 645 do CPC). 
pela realização da prestação por terceiro, à custa do devedor (art. 634 do CPC) – ver art. 249 do CC!
pela realização da prestação pelo próprio exequente ou sob sua direção e vigilância (art. 637 do CPC) – se o credor assim o desejar, tem preferência sobre o terceiro, em igualdade de condições de oferta (o direito de preferência deve ser exercido no prazo de 5 dias da apresentação da proposta do terceiro). 
em último caso, pode o credor optar pela conversão em perdas e danos, cujo valor será apurado em liquidação.
Quanto à obrigação de fazer infungível, pode ser obtida:
 pela imposição de multa coercitiva (astreintes – art. 632 e 645 do CPC). 
pela conversão da tutela específica em tutela pelo equivalente monetário (art. 638, p.u., do CPC)
Quanto à obrigação de não fazer:
a tutela específica dessa obrigação só pode ser alcançada pela imposição de multa coercitiva fixa, a fim de que o devedor se abstenha de praticar a conduta proibida.
em caso de descumprimento, resta a imposição ao devedor para que desfaça, aqui também com a fixação de astreintes (nesse caso, não de forma fixa, e sim periódica). Se houver mora ou recusa no desfazimento, pode o juiz determinar que seja feito à custa do devedor, por um terceiro, pelo próprio exequente ou sob sua direção e vigilância (art. 643, caput, do CPC) – ver art. 251 do CC!
em caso de descumprimento e não sendo possível desfazer o ato, converte-se em tutela pelo equivalente monetário (art. 643, p. u., do CPC)
7.2.1. Ausência de patrimonialidade.
O princípio da patrimonialidade da execução fica esgarçado nas execuções de obrigação de fazer ou não fazer, especialmente quando concernentes aos direitos da personalidade. Não há aqui execução por expropriação patrimonial: não se visa ao patrimônio do executado. A dita “execução específica” das obrigações de fazer e de não-fazer infungíveis se implementa por meio de coerção pessoal (no money judgements), nos termos do § 5º do art. 84 do CDC e do § 5º do art. 461 do CPC. Não há, portanto, atividade sub-rogatória: o Estado-juiz não faz em favor do credor o que deveria ter sido feito pelo devedor, mas não o foi. Em verdade, só indiretamente os bens do obrigado responderão pelo custo que a realização do fazer haja acarretado (já que, se a obrigação não for satisfeita, é lícito ao credor requerer que ela seja executada por terceiro à custa do devedor, caso em que o juiz nomeará um perito para avaliar o custo da prestação de fato, nos termos do § 1º do art. 634) (SILVA, Ovídio A. Baptista da. “Ação para cumprimento das obrigações de fazer e não fazer”. In Da sentença liminar à nulidade da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2001,p. 166). 
O ordenamento superou a visão clássica da intangibilidade da vontade humana, que determina a conversão de toda obrigação inadimplida em prestação pecuniária. Hoje vige o princípio da primazia da tutela específica ou da máxima coincidência possível (o objetivo é dar ao credor tudo o que obteria se o devedor tivesse cumprido espontaneamente a obrigação).
7.2.2. As astreintes
	A execução das obrigações de fazer e não-fazer faz-se por meios indiretos de coerção, isto é, por meios de instrumentos de que se vale o Estado para pressionar o obrigado, fazendo com que ele próprio cumpra o dever inadimplido, sem que haja qualquer atividade sub-rogatória. É o caso da multa diária (astreinte) prevista no artigo 645 do CPC, passível de ser fixada ex officio pelo juiz (aplica-se aqui a disciplina do art. 461 do CPC sobre a multa coercitiva). Pode o juiz fixar a multa de forma fixa, periódica ou progressiva, conforme a necessidade do caso. 
As astreintes incidem a partir do dia seguinte ao prazo estabelecido pelo juiz para o cumprimento da obrigação, salvo se este dispuser de maneira diversa. 
Súmula 410/STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Expirado o prazo sem que tenha havido adimplemento, torna-se a multa imediatamente exigível. Discute-se na doutrina e na jurisprudência quando poderia ser feita a cobrança do valor correspondente. Para a primeira corrente, as astreintes, embora incidam desde o descumprimento, somente são exigíveis após o trânsito em julgado da sentença de procedência da demanda (STJ AgRg nos EDcl no REsp 871.165/RS, Rel. Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/BA), TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2010). De acordo com a segunda corrente, “a 1ª Turma, em decisão unânime, assentou que: a "(...) função das astreintes é vencer a obstinação do devedor ao cumprimento da obrigação de fazer ou de não fazer, incidindo a partir da ciência do obrigado e da sua recalcitrância" (REsp nº 699.495/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 05.09.05), sendo possível sua execução de imediato, sem que tal se configure infringência ao artigo 475-N, do então vigente Código de Processo Civil" (REsp 885737/SE, PRIMEIRA TURMA, DJ 12/04/2007)”. 
Acrescente-se que a multa coercitiva tem limites temporais e quantitativos. Sob o ponto de vista temporal, não se há de impingi-la ad eternum se ela se mostra ineficaz para dissuadir a resistência do réu (razão por que o juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva, nos termos do § 6º do artigo 461 do Código). Já o ponto de vista quantitativo, a fixação do seu valor deve ser regida pelo princípio da razoabilidade, não obstante deva ser alta, a fim de desestimular o descumprimento da determinação judicial. De todo modo, se bem que exista para dissuadir o réu ao inadimplemento, tornando a execução por expropriação desnecessária, não podem ser usadas essas multas contra uma pessoa sem patrimônio: o seu objetivo é dissuasório (i.é., tem natureza meramente coercitiva), não expiatório-punitiva (cf. SILVA, Ovídio Baptista da. Curso de processo civil. v. 2. 4. ed. São Paulo: RT, 2000, p. 150).
7.2.3. Impossibilidade de prisão civil
É possível a decretação da prisão do devedor recalcitrante, pelo crime de desobediência às determinações do juiz da execução?
Embora parte da doutrina defenda essa possibilidade – pautada na figura do Contempt of Court do direito anglo-saxão, e argumentando que a vedação da prisão por dívida (artigo 5º, LXVII) não impede a restrição da liberdade em caso de descumprimento de ordem judicial legítima – prevalece na jurisprudência o entendimento de que o juiz cível é desprovido de competência ratione materiae para decretar prisão por desobediência às suas ordens, razão porque só lhe cabe determinar a extração de peças para encaminhar ao MPF (se o sujeito ativo for servidor público, o crime será de prevaricação). O TRF1 já decidiu que “Esta Turma, em vários precedentes, na linha de julgados do STJ, tem entendido que o juiz federal cível não tem poderes para expedir mandado de prisão fora dos casos de depositário infiel ou de devedor de alimentos; e que, na hipótese de flagrante por crime permanente, como o suposto descumprimento de ordem judicial, não cabe ao juiz dar a respectiva ordem, pois se trata de prisão sem mandado, embora tenha, como qualquer do povo, a faculdade de proceder à prisão se o crime ocorrer na sua presença” (HC 2007.01.00.006726-9/BA, Rel. Desembargador Federal Olindo Menezes, Conv. Juiz Federal Saulo Casali Bahia (conv.), Terceira Turma, DJ de 13/04/2007). No mesmo sentido já decidiu o STJ: “Salvo nas hipóteses de depositário infiel ou de devedor de alimentos, não é o Juízo Cível competente para, no curso de processo por ele conduzido, decretar a prisão de quem descumpre ordem judicial” (STJ, HC 214.297/GO, Rel. Ministra LAURITA VAZ, 5ª Turma, julgado em 19/04/2012)
No caso dos prefeitos, é crime de responsabilidade “deixar de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à autoridade competente” (art. 1º, XIV, do DL 201/67).
	
7.3. Execução de dar coisa certa ou incerta.
Obrigação de dar coisa certa – o devedor é citado para, em 10 dias, entregar a coisa ou apresentar embargos (o art. 621 exige a segurança do juízo, mas o art. 736 do CPC não traz mais essa condição para a oposição de embargos, mas apenas para lhe conferir efeito suspensivo). O juiz pode fixar astreintes para compelir o devedor ao cumprimento, havendo aplicação subsidiária das medidas de apoio previstas no art. 461-A do CPC. Se a coisa não for entregue, nem admitidos embargos com efeito suspensivo, é expedido mandado de imissão na posse (imóvel) ou de busca e apreensão (móvel). Não sendo possível a tutela específica ou se o preferir o credor, converte-se em tutela ressarcitória, com pagamento do valor da coisa, mais perdas e danos.
7.3.1. Especificidade.
Essas ações se voltam para o cumprimento de obrigação de entregar coisa, que não dinheiro. No entanto, aqui, está-se diante de “execução por créditos”, i.é., execução nascida de relação obrigacional. Não se está a falar, portanto, de qualquer pretensão a obter restituição de coisa certa, ou a haver posse de coisa determinada, independentemente da natureza do direito afirmado pelo autor, porquanto, no direito brasileiro, nem todas as pretensões a haver coisa certa se fundam em relações obrigacionais. A execução de sentença de procedência em ação de despejo, de depósito ou de reintegração de posse, p. ex., é também demanda que têm por fim a execução para entrega de coisa certa; entretanto, pela sistemática adotada pelo Código Processual Civil, está fora do campo abrangido pelo que se deve entender por execução para o cumprimento de obrigação de entregar coisa certa (SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil. v. 2. 4. ed. São Paulo: RT, 2000, pp. 121-123).
Também não há confusão entre a execução para a entrega de coisa certa e a execução por quantia certa contra devedor solvente, especialmente quando a constrição nesta recair sobre o próprio objeto do direito correspondente à obrigação inadimplida: na execução para a entrega de coisa, o bem apreendido, ou depositado, é entregue ao credor (já que a entrega da coisa é a prestação não-realizada); já na execução por quantia certa, o produto da alienação do bem penhorado é convertido em favor do credor ou o próprio bem é transferido a título de adjudicação (visto que a prestação não-realizada é o pagamento de soma em dinheiro).
7.3.2. Convolação da execução para a entrega de coisa em execução por quantia certa.
Na hipótese do art. 627 do CPC, há alteração na natureza da execução. De acordo com o dito dispositivo legal, “o credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou nãofor reclamada do poder de terceiro adquirente”. Logo, extingue-se a obrigação de entrega de coisa certa por impossibilidade superveniente da prestação, e nasce a obrigação de pagar quantia certa.
7.3.3. O julgamento da escolha na entrega de coisa incerta.
Na execução para entrega de coisa incerta, “quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial” (CPC, art. 629). Mas “qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação” (CPC, art. 630). Jurisprudência e doutrina afirmam que essa decisão se reveste de coisa julgada material: o magistrado julga a escolha, declarando-a eficaz ou ineficaz, não podendo a questão ser rediscutida em sede de embargos à execução.
7.3.4. Direito de retenção.
Ao executado se assegura o direito de retenção, que é o poder outorgado ao devedor de opor-se à restituição da coisa, em sua posse, a quem a reclama como sua. Enfim, trata-se de exceção do possuidor de boa-fé. Não a tem o possuidor de má-fé. Exceção é poder (“direito formativo” ou “direito potestativo”), ou seja, é posição jurídica subjetiva ativa elementar, cujo exercício cria, altera ou extingue situações jurídicas que se remetem a um outro sujeito, o qual simplesmente se sujeita aos efeitos dessa manifestação de vontade, sem que nada possa fazer contra ela. Por essa razão, o prazo para invocar-se direito de retenção é decadencial.
É obrigatória a liquidação prévia do valor das benfeitorias, sendo exigido, portanto, o reconhecimento, no título executivo, das benfeitorias a serem indenizadas.
Se o exequente não deposita o valor das benfeitorias indenizáveis, tem o executado ou terceiro de boa fé o direito de reter a coisa, mas deve alegá-lo em embargos à execução (art. 745, IV) ou em embargos de terceiro. O direito de retenção deve ser alegado em embargos no tocante à obrigação fixada em título extrajudicial. Tratando-se de ação fundada no art. 461-A, o direito de retenção deve ser alegado na contestação.
Se o direito de retenção não for arguido oportunamente, opera-se a decadência, mas o devedor ainda poderá ajuizar ação autônoma para pleitear a indenização das benfeitorias. 
7.4. Execução contra a Fazenda Pública.
Dada a impenhorabilidade e indisponibilidade dos bens públicos, a execução contra a Fazenda Pública segue uma sistemática própria, caracterizada pela expedição de precatório ou de RPV (não há a adoção de medidas expropriatórias).
Quando se fala em Fazenda Pública, leia-se pessoas jurídicas de direito público. E conforme entendimento do STF, a ECT também deve receber tratamento de Fazenda Pública quanto à execução contra si dirigida.
7.4.1. O novo regime de “cumprimento de sentença” e a execução contra a Fazenda Pública.
As sentenças condenatórias nas ações de conhecimento aforadas em face da Fazenda Pública não se sujeitam ao regime do cumprimento de sentença previsto na Lei nº 11.232/2005. É bem verdade que a Lei nº 11.232/2005 extinguiu no direito brasileiro a figura da “ação de execução de sentença”. Mas não revogou os artigos 730 a 731 do CPC, que tratam da execução contra a Fazenda Pública. Portanto, no que tange à execução por quantia certa, há dois regimes: a) contra particulares, executar-se-á a sentença nos próprios autos (não se cria uma nova relação processual); b) contra o Poder Público, a execução se faz por meio de “ação” e desenvolve-se em uma relação processual autônoma, mediante citação (CPC, art. 730, caput). Não existe aqui executividade propriamente dita, porque contra o Estado não se exercita atividade forçada de retirada de bens do patrimônio público para transferi-los à esfera do credor: os bens públicos são impenhoráveis (CF, art. 100, caput e §§). Assim, no caso de não serem opostos embargos, a “execução” não prossegue com a avaliação e expropriação de bens do devedor. Contra o Poder Público não se há de praticar atividade executiva, salvo na hipótese de “sequestro”, nos termos do art. 731 do CPC. Não há citação para que o executado pague ou nomeie bens à penhora (aliás, a Fazenda Pública jamais poderia pagar espontaneamente, no prazo do art. 652 do CPC, porque depende da existência de prévia dotação orçamentária qualquer pagamento realizado pelos cofres públicos). Todavia, ao requisitar pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente (CPC, art. 730, I), o juiz emite uma ordem dirigida à entidade pública, determinando a ela que tome as providências legais de natureza administrativa e legislativa tendentes a possibilitar o pagamento. Portanto, a sentença condenatória por quantia proferida contra a Fazenda Pública encerra maior dose de eficácia mandamental do que propriamente de eficácia executiva.
No que respeita à execução contra a Fazenda Pública, a Lei nº 11.232/2005 cingiu-se a criar capítulo específico para os “embargos à execução contra a Fazenda Pública” (artigo 741, caput, incisos e parágrafo único).
Se a sentença proferida contra a Fazenda Pública for ilíquida, são aplicáveis ao caso os arts. 475-A a 475-H do CPC, relativos à fase de liquidação do título judicial.
Como não se aplica à Fazenda Pública a fase de cumprimento de sentença, não incide a multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC.
Já decidiu o STJ que “a execução contra a Fazenda Pública foi proposta após transcorrido o prazo prescricional de 5 anos do trânsito em julgado da sentença exequenda. Incidência da Súmula n. 150/STF, a qual dispõe que a execução prescreve no mesmo prazo da ação” (REsp 1035441/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2010).
7.4.2. Embargos à execução movida contra a Fazenda
Proposta a ação de execução contra a FP, esta é citada para, no prazo de 30 dias�, opor embargos.
Aos embargos da FP não se aplica o disposto no art. 739-A, §1º, do CPC. Como a CF exige o trânsito em julgado para a expedição de precatório ou de RPV, deduz-se que os embargos da FP sempre terão efeito suspensivo. Por outro lado, conforme Leonardo Cunha aponta, o STJ entende aplicável à FP o disposto no art. 739-A, §3º do CPC, segundo o qual, se os embargos forem parciais, a execução prossegue quanto à parte não embargada. É dizer, quanto à parcela incontroversa, já pode ser expedido o precatório, sem que se configure o fracionamento vedado no art. 100, §8º da CF.
Recebidos os embargos, deve o juiz determinar a intimação do exequente para oferecer resposta, no prazo de 15 dias.
Pode o juiz também rejeitar os embargos liminarmente, nas hipóteses do art. 739 do CPC: se forem intempestivos, se inepta a petição, ou se manifestamente protelatórios. O mesmo se dá caso os embargos não se atenham às matérias elencadas no art. 741 do CPC. 
ATENÇÃO: a sentença que rejeita os embargos da FP não se sujeita a reexame necessário (STJ AgRg no REsp 1079310/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/11/2008).
Recebidos os embargos e processados na forma do art. 740 do CPC, seu julgamento final se faz por sentença, a ser impugnada por apelação. Essa apelação será recebida no duplo efeito, não importa se os embargos tenham sido acolhidos ou rejeitados (nesse último caso, portanto, não se aplica o art. 520, V, do CPC, pois a expedição de precatório, recorde-se, depende de trânsito em julgado).
Conteúdo dos embargos da FP – art. 741 do CPC: verifica-se que a FP só pode alegar vícios relativos à execução ou causas impeditivas, modificativas ou extintivas da obrigação supervenientes à sentença. Questões anteriores à sentença já estão acobertadas pela preclusão, exceto a falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia da FP.
No tocante ao art. 741, V, do CPC, se a FP fizer tal alegação nos embargos, tem o ônus de declarar o valor que entende correto, demonstrando o excesso, sob pena de rejeição liminar.Quanto ao art. 741, VI, do CPC, exemplo de causa superveniente é a compensação (“É admissível a discussão quanto à compensação de valores restituídos em ajuste anual de imposto de renda com o valor objeto de execução contra a Fazenda Pública fundada em título judicial” – STJ EDcl no REsp 910.692/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/09/2008).
Em relação ao art. 741, VII, do CPC, cumpre asseverar que se cuida da incompetência do juízo da execução, pois quanto ao processo de conhecimento já se operou a coisa julgada. Ainda que a sentença tenha sido proferida por juízo absolutamente incompetente, isso não poderá ser discutido nos embargos, mas tão somente em ação rescisória (STJ CC 45.159/RJ, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/02/2006, DJ 27/03/2006 p. 137).
Quanto ao parágrafo único do art. 741 do CPC, é contemplada hipótese de rescisão da sentença, com desconstituição da coisa julgada material, quando estiver fundada em preceito tido por inconstitucional pelo STF ou quando se tenha conferido a este preceito interpretação tida pelo STF como inconstitucional – COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL. É a harmonização da garantia da coisa julgada com o primado da Constituição.
Segundo Teori Zavascki, 3 são os vícios que autorizam a aplicação do dispositivo: a) a aplicação de lei inconstitucional (quando o STF fez declaração de inconstitucionalidade com redução de texto); b) aplicação de lei a situação considerada inconstitucional (quando o STF fez declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto); e c) a aplicação de lei com um sentido tido por inconstitucional (quando o STF empregou a técnica da interpretação conforme a CF). Assim, o dispositivo não abarca, por exemplo, a hipótese da sentença que deixou de aplicar norma declarada constitucional pelo STF.
Para alguns autores, o parág. Único do art. 741 é inconstitucional, porque permite ao juízo da execução, que normalmente é juízo de 1ª grau, a revisão da coisa julgada, cuja competência deveria ser apenas dos Tribunais.
Para Leonardo Cunha, a decisão do STF pode ser resultado de controle difuso ou concentrado, desde que proferida pelo Plenário. Para Araken de Assis, no caso do controle difuso, dependeria da resolução do Senado que suspende a vigência da lei.
ATENÇÃO: O STJ consolidou o entendimento de que o disposto no parágrafo único do art. 741 do CPC, de inexigibilidade do título fundado em disposição de lei declarada inconstitucional pelo STF, só se aplica às sentenças transitadas em julgado após a edição da Medida Provisória n. 2.180-35/2001 (Súmula 487 do STJ: “O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado em data anterior à da sua vigência”)
Para Leonardo Cunha e Marinoni, a sentença só pode ser rescindida com base no art. 741, p. u., se a decisão de inconstitucionalidade do STF for anterior à prolação da sentença discutida – assim, ela já teria surgido em desconformidade com a orientação do STF.
Para outros, admite-se que a decisão do STF seja posterior (desde que se tenha pronunciado a inconstitucionalidade com efeitos retroativos), mas, para não deixar a coisa julgada permanentemente instável, deveria ser exigido, analogicamente, o prazo decadencial de 2 anos da ação rescisória, contado do trânsito em julgado da sentença exequenda (e não da decisão do STF). É o entendimento de Pedro Lenza, que assevera a necessidade de distinguir o efeito da decisão de inconstitucionalidade do STF no plano normativo e no plano do ato singular, em respeito aos princípios da segurança jurídica e da autoridade das decisões judiciais.
Por fim, há outros que não condicionam a oposição de embargos para desconstituir a coisa julgada inconstitucional ao prazo decadencial da rescisória, dando maior relevo ao postulado da força normativa da Constituição, com a interpretação que lhe é dada pela Corte Suprema.
O TRF1 já adotou solução conciliatória, segundo a qual deve ser feita, caso a caso, uma ponderação de interesses entre o princípio constitucional da segurança jurídica, consubstanciado no primado da coisa julgada, e o direito fundamental em jogo: “Diante da inexistência de norma constitucional absoluta, deve ser tido por não ocorrido o fenômeno da coisa julgada quando o Supremo Tribunal Federal, pela via do controle concentrado e difuso de constitucionalidade, declara inconstitucional a contribuição de autônomos e administradores (leis 7.787/89 e 8.212/91), prevalecendo, no caso, o postulado da isonomia tributária” (AC 1997.38.03.003596-4/MG, Rel. Desembargadora Federal Maria Do Carmo Cardoso, Conv. Juiz Federal Mark Yshida Brandao (conv.), Oitava Turma,e-DJF1 p.776 de 16/10/2009).
7.4.3. Precatório.
Precatório é ordem, documentada por um ofício (“ofício requisitório”). Há uma sentença transitada em julgado que condena a Fazenda Pública a pagar determinada quantia. O magistrado incumbido da execução da sentença não se dirige ao devedor, determinando o pagamento sob pena de penhora. Ele, juntando cópia da sentença e demais peças pertinentes, oficia ao presidente do tribunal a que está vinculado, solicitando as providências cabíveis no sentido não da requisição da importância necessária à satisfação do débito, mas de sua previsão orçamentária. De posse da solicitação do juiz, o presidente do tribunal envia à Fazenda Pública competente um ofício, dito ‘ofício requisitório’, para que faça a inclusão, no orçamento, do numerário destinado a salvar o débito. O ofício requisitório é, pois, um documento pelo qual se requisita do Poder Executivo que inclua no orçamento dotação suficiente para o pagamento do valor que ele estipula.
	A CF exige, para a expedição do precatório, o trânsito em julgado da sentença, de modo que, no tocante à obrigação de pagar quantia certa, não se admite execução provisória contra a FP.
7.4.4. Crédito de natureza alimentar
Os créditos de natureza alimentícia obedecem à regra dos precatórios, mas sujeitam-se a uma ordem cronológica própria.
Súm. 144 do STJ: “OS CREDITOS DE NATUREZA ALIMENTICIA GOZAM DE PREFERENCIA, DESVINCULADOS OS PRECATORIOS DA ORDEM CRONOLOGICA DOS CREDITOS DE NATUREZA DIVERSA”.
Súm. 655 do STF: “A EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 100, ‘CAPUT’, DA CONSTITUIÇÃO, EM FAVOR DOS CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA, NÃO DISPENSA A EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO, LIMITANDO-SE A ISENTÁ-LOS DA OBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS PRECATÓRIOS DECORRENTES DE CONDENAÇÕES DE OUTRA NATUREZA”.
Com o advento da EC 62/2009, temos agora 3 ordens cronológicas de precatórios, na seguinte escala de prioridade: em primeiro lugar, os créditos alimentares dos idosos ou portadores de doenças graves, até o triplo do valor limite para RPV; em seguida, os demais créditos alimentares; por fim, os créditos não alimentares.
ATENÇÃO: no tocante ao crédito alimentar dos idosos e portadores de doença grave, a CF passou a admitir o fracionamento. Paga-se com prioridade sobre todos os demais créditos o correspondente ao triplo do limite para RPV. O montante que sobrar, será pago na ordem cronológica dos demais créditos alimentares.
Segundo entendimento do STF e do STJ, incluem-se entre os débitos de natureza alimentícia os honorários advocatícios, sejam sucumbenciais ou contratuais.
7.4.5. O procedimento do precatório: judicial ou administrativo?
De acordo com o inciso I do artigo 730 do CPC, na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, “o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente”. O Presidente do Tribunal, de posse da solicitação do juízo, remete o “ofício requisitório” ao Poder Público, para que este faça a inclusão, no orçamento, do numerário destinado a salvar o débito. A requisição não parte do Presidente do Tribunal: é o juízo da execução que aponta, no ofício, o número do processo, as partes, a natureza do crédito (comum ou alimentar), o valor total da requisição, o valor individualizado por beneficiário, a data-base considerada para efeito de atualização monetáriados valores, a data do trânsito em julgado da sentença ou acórdão, etc. Enfim, cabe ao juiz da execução decidir a respeito do débito exequendo, cabendo assim ao presidente do tribunal simplesmente o desempenho de uma função intermediadora, podendo, quando muito, determinar a correção de erros materiais, determinar o sequestro de renda pública em caso de preterição da ordem cronológica de apresentação dos precatórios e representar junto ao Supremo Tribunal Federal para fins de intervenção federal. Neste sentido, a atividade desenvolvida pela Presidência do Tribunal é, eminentemente, administrativa.
Súm. 311 do STJ: “Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional”. 
Súm. 733 do STF: “NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONTRA DECISÃO PROFERIDA NO PROCESSAMENTO DE PRECATÓRIOS”.
É competente para decidir sobre a atualização monetária dos precatórios o juiz da execução, não o presidente do tribunal, cuja atuação restringe-se a: a) “examinar as formalidades extrínsecas do precatório e o erro material, o qual jamais transita em julgado e pode ser corrigido a qualquer tempo”; b) expedir ofício requisitório, controlar o respeito à ordem cronológica, promover o sequestro de rendas púbicas e eventualmente propor intervenção (STJ, 2ª Turma, RMS 1.129-0/SP); c) corrigir “erro material ou inexatidão nos cálculos”, “a partir dos parâmetros do título executivo judicial, i. é., da sentença exequenda” (STF, Pleno, ADIN 1.091-1-SP, rel. Min. Marco Aurélio, j. 11.09.1996, DJU 25.10.1996, p. 41.026). O presidente do tribunal não desempenha atividade executória complementar à do juiz de primeira instância. Aliás, sequer desempenha atividade jurisdicional, não lhe cabendo decidir acerca do an, do si e do quantum debeatur. 
Assim, cabe ao juiz da execução: a) apreciar pedido de extinção da execução; b) decidir “questões incidentes, tais como índice de correção da conta anterior ou extinção da execução”; c) decidir sobre os “erros, emendas ou defeituosa formação do precatório”; d) promover a expedição de precatório complementar”.
7.4.6. Atualização monetária e Juros.
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Portanto, no período entre a expedição do precatório e seu efetivo pagamento, incide correção monetária. Observe-se que o valor já será pago de maneira atualizada, não havendo expedição de precatório complementar para esse fim.
Quanto aos juros, cumpre esclarecer que não incidem juros compensatórios. E os moratórios somente incidirão caso haja atraso no pagamento. Se o precatório foi inscrito até 1º de julho, deve ser pago até 31 de dezembro do exercício seguinte. Nesse período não há incidência de juros moratórios. 
Súm. Vinculante 17: “DURANTE O PERÍODO PREVISTO NO PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO, NÃO INCIDEM JUROS DE MORA SOBRE OS PRECATÓRIOS QUE NELE SEJAM PAGOS”.
Extrapolado o prazo constitucional, é dizer, se o pagamento ocorrer a partir de janeiro do outro exercício, os juros moratórios passam a incidir. Para seu pagamento, porém, será necessária a expedição de precatório complementar.
Súmula 45 do TRF1: não é devida a inclusão de juros moratórios em precatório complementar, salvo se não foi observado o prazo previsto no art. 100, §1º da Constituição Federal no pagamento de precatório anterior.
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
7.4.7. Sequestro
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Antes da EC 62/09, só era possível o sequestro no caso de preterição da ordem de inscrição do precatório. Ademais, também era previsto o sequestro quando houvesse o vencimento do prazo sem pagamento, nas hipóteses de moratória do art. 78 do ADCT. Agora, incluiu-se a possibilidade de sequestro quando não houver alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do débito.
A doutrina assevera a impropriedade da designação dessa medida como sequestro, pois se cuida, em verdade, de um arresto. De qualquer sorte, seria um arresto de caráter satisfativo, e não cautelar.
O sequestro pode recair tanto sobre a quantia indevidamente recebida pelo credor beneficiado (em caso de quebra da ordem de preferência), como sobre as rendas da FP (STF).
7.4.8. Intervenção
Em se tratando de não-pagamento de precatório no momento previsto constitucionalmente, é possível a decretação de intervenção no ente federativo inadimplente, tendo em vista a desobediência à ordem judicial (CF, art. 34, VI e art. 35, IV).
Só o Tribunal local tem legitimidade para encaminhar ao STF o pedido de intervenção baseado em descumprimento das suas próprias decisões (STF, IF 234-6/SP, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 14.06.1996, p. 21.036), devendo a parte dirigir-se diretamente ao Tribunal local, e não ao STF (STF, IF 135-8/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 24.11.1995, p. 40.735, RTJ 142/371). Julgado procedente o pedido interventivo, o Presidente da República formalizará a intervenção através de decreto interventivo (CF, art. 84, inciso X), o qual, uma vez publicado, tornar-se-á, imediatamente, eficaz, legitimando a prática dos demais atos consequentes à intervenção. Após, para fins do controle político, o decreto presidencial deverá ser submetido em vinte e quatro horas ao Congresso Nacional, que deverá rejeitá-lo, ou, mediante decreto legislativo, aprová-lo (CF, art. 49, inc. IV). Mas se a suspensão do ato impugnado pelo decreto presidencial for suficiente para restabelecer a normalidade, o controle político será dispensado (CF, art. 36, §3º). 
Todavia, a rigidez do artigo 34, VI, da CF, foi abrandada pelo STF, que afasta a intervenção quando haja descumprimento involuntário ou justificado por inexistência de recursos financeiros (“O Tribunal, por maioria, indeferiu o pedido de intervenção federal, por entender não configurado o descumprimento voluntário ou injustificado da decisão judicial por parte do Estado de São Paulo, haja vista a inexistência de recursos financeiros para tanto” (STF, IF 2.915-SP e IF 2.953-SP, rel. Min. Marco Aurélio, rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 03.02.2003, Informativo STF 296).
No que concerne especificamente à intervenção estadual nos Municípios por falta de pagamento de precatório, esta só pode dar-se na hipótese prevista no art. 35, IV. Aqui, só o Governador pode decretar a intervenção, dependendo de ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça. Neste caso específico, dispensa-se o controle político pela Assembléia Legislativa.
Há quem entenda que ao credor prejudicado pelo não-pagamento do precatório, frente à falta de consignação de verba necessária, cabe impetrar mandado de segurança para obrigar o chefe do poder executivo a fazer a competente dotação.
7.4.9. Dispensa de precatório - RPV
 § 3º Odisposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
No âmbito da FP federal, a Lei nº 10.259/01 estipula esse limite como sendo de até 60 salários mínimos. O Conselho da Justiça Federal regulamenta a matéria, atualmente, através da Resolução 55/2009, segundo a qual o pagamento é requisitado ao presidente do Tribunal, facultada a utilização de meio eletrônico. Compete a este aferir a regularidade formal das requisições, assegurando a observância da ordem de pagamento. 
Os valores superiores ao limite referido serão pagos sempre por precatório, facultando-se ao credor renunciar ao valor excedente, a fim de ser pago mediante RPV (LJEF, artigo 17, § 4º). Veda-se o parcelamento do valor exequendo - uma parte, até 60 salários mínimos, através de RPV; o excesso, mediante precatório: 
Art. 100 § 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Observe-se que, no âmbito estadual, distrital e municipal, deve ser editada lei específica para fixar o limite para dispensa de precatório. Enquanto não editadas tais leis, aplica-se o previsto no art. 87 do ADCT: “Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios”. 
Tais entes, ao editarem as leis próprias, podem fixar limites inferiores ou superiores ao estabelecido nesse dispositivo, conforme já decidiu o STF. Todavia, a EC 62 passou a exigir um limite mínimo:
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Nota-se que também na RPV não se há de falar, propriamente, em “execução”: o juiz ordena o pagamento. Logo, o pagamento há de realizar-se com a colaboração do obrigado, constrangido a cumprir a obrigação para que se evitem males maiores. Enfim, há o cumprimento da obrigação, e não execução jurisdicional. 
OBS: em caso de litisconsórcio ativo, será considerado o valor devido a cada autor, expedindo-se uma RPV para cada um deles (precedente do STF)
No âmbito dos Juizados Especiais Federais, se “desatendida a requisição judicial, o juiz determinará o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão” (Lei 10.259/2001, art. 17, § 2º). Esse dispositivo legal foi regulamentado pela Resolução 263, de 21.05.2002, do CJF, nos seguintes termos: “desatendido o prazo para o depósito, o juiz determinará o sequestro, à conta da entidade devedora, do numerário suficiente ao cumprimento da decisão”. Nota-se, entretanto, que, nos Juizados Especiais Cíveis Federais, não existe previsão expressa de que a decretação de sequestro tenha de ser necessariamente precedida de ouvida do Ministério Público (CPC, art. 731). Porém, é imprescindível que antes se ouça o membro do Ministério Público, ainda que o procedimento especialíssimo dos Juizados Especiais Cíveis seja regido pelos princípios da simplicidade, da informalidade, da economia processual e da celeridade (cf. art. 2º da Lei 9.099), pois o interesse público é manifesto. É mister lembrar-se, ainda, que o sequestro pode dar-se tanto sobre as rendas da Fazenda Pública infratora quanto sobre a quantia indevidamente recebida por credor beneficiado (cf. STF, RE nº 82.456-RJ, j. 07.06.1979, in STF-RTJ 96/651).
7.4.10. Execução de título executivo extrajudicial contra a Fazenda Pública.
Súmula 279 do STJ: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.
Embora o art. 100 da CF fale em “sentença judiciária”, entende-se que a sistemática também se aplica a decisões interlocutórias (especialmente aquelas que antecipam tutela, nos termos do artigo 273 do CPC) e aos títulos executivos extrajudiciais.
Na execução contra a FP, fundada em título extrajudicial, os embargos não ficam restritos às matérias do art. 741 do CPC, tendo aplicação, no particular, o disposto no art. 745.
7.4.11. Ação monitória contra a Fazenda Pública.
Súm. 339 do STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.
Cabe ação monitória contra a Fazenda Pública. A ação judicial de procedimento monitório visa somente à formação antecipada de título executivo judicial, que, uma vez formado, deflagra o curso procedimental estabelecido no art. 730 do CPC, expedindo-se o precatório judiciário, nos termos do art. 100 da Carta de 1988. A constituição de pleno iure de um título executivo judicial contra a Fazenda Pública não enseja o pagamento imediato ou a possibilidade de penhora de bens. Por conseguinte, estando o crédito provado por documento hábil, é absolutamente possível o aforamento de ação de procedimento monitório em face da Fazenda Pública. 
7.4.12. Ações executivas lato sensu contra a Fazenda Pública.
Admitem-se contra a Fazenda Pública as ações executivas lato sensu. Não há restrições legais, especialmente porque, nas ações executivas reais (ex.: ação de reintegração de posse, ação reivindicatória, ação de despejo por falta de pagamento, ação de divisão, ação de demarcação, ação de nunciação de obra nova, ação de imissão de posse), não se há de falar na expropriação de bem público. Ora, se o bem se encontra ilegitimamente na esfera patrimonial da Fazenda Pública, dela deve ser retirada, ao contrário do que acontece em execuções obrigacionais, nas quais o bem a penhorar encontra-se, legitimamente, na esfera do devedor. 
Tanto a Fazenda Pública é legítima, passivamente, para integrar execuções reais que o parágrafo único do art. 928 do Código de Processo Civil condiciona o deferimento da providência liminar à prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Portanto, a efetivação de liminares e sentenças proferidas em ações executivas reais ajuizadas contra o Poder Público dá-se da mesma forma que aquelas proferidas contra particulares. De certo, para resguardar-se a prevalência dos interesses públicos sobre os interesses privados, a lei pode tornar a fase executiva dessas ações mais delongada: a Lei 8.245/91, p. ex., no § 3º do seu art. 63, prevê que, em caso de procedência de demanda de despejo contra o Poder Público, o prazo para a desocupação voluntária não será de 30 (trinta) dias (regra geral), mas de 1 (um) ano, exceto se entre a citação e a sentença de primeira instância tiver decorrido mais de um ano, caso em que o prazo será de 6 (seis) meses.
Da mesma forma, as obrigações de fazer ou não fazer impostas à FP por sentença obedecem ao disposto no art. 461 do CPC, não havendo que se falar em citar o ente nos moldes do art. 730 (este se restringe à execução de obrigação de pagar quantia certa).
No cumprimento de sentença que impõe obrigação de fazer ou não fazer à FP, pode o juiz se valer das medidas de apoio, inclusive das astreintes (que revertem em favor do credor). Contudo, a execução posterior do montante dessas astreintes se dará através de precatório. Isso tem sido aplicado, especialmente, nas demandas para fornecimento de medicamentos e prestações de saúde.
Alguns autores, comoMarcelo Lima Guerra, sustentam a possibilidade de cominar a multa coercitiva contra o agente público responsável pelo cumprimento da medida. Porém, tal entendimento não tem sido acolhido pelo STJ, conforme noticiado no informativo 429: “a jurisprudência do STJ permite a imposição de multa diária à Fazenda Pública na execução imediata, porém sua extensão ao agente público, ainda que escorada na necessidade de dar efetivo cumprimento à ordem mandamental, é despida de juridicidade, pois inexiste norma que determine esse alcance da pessoa física representante da pessoa jurídica de direito público. No caso, além de sequer haver contraditório e ampla defesa, os agentes não foram partes na execução e atuaram no MS apenas como substitutos processuais. Por último, note-se que a execução da ação mandamental foi dirigida ao ente federado, pessoa jurídica de direito interno, e há norma que restringe ao réu a imposição das referidas astreintes”.
Por fim, na tutela ao direito à saúde, o STJ já admitiu, como medida coercitiva, até mesmo o bloqueio de verbas públicas: “O art. 461, §5º do CPC, faz pressupor que o legislador, ao possibilitar ao juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas assecuratórias como a "imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial", não o fez de forma taxativa, mas sim exemplificativa, pelo que, in casu, o sequestro ou bloqueio da verba necessária ao fornecimento de medicamento, objeto da tutela deferida, providência excepcional adotada em face da urgência e imprescindibilidade da prestação dos mesmos, revela-se medida legítima, válida e razoável” (AgRg no REsp 1002335/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 22/09/2008).
7.5. Execução de alimentos.
7.5.1. Execução por quantia certa contra devedor solvente vs. Prisão civil
O CPC faculta ao credor a escolha do procedimento na execução de alimentos: (a) no que concerne às três últimas prestações vencidas nos meses imediatamente anteriores à citação, e as que se vencerem depois, o credor pode valer-se tanto do procedimento previsto no art. 732 (execução por quantia certa contra devedor solvente) quanto do previsto no art. 733 (prisão civil), razão por que não existe a necessidade de antes promover uma possível execução por quantia para só após pedir a prisão civil do devedor inadimplente, embora isto seja admitido (STJ, 4ª Turma, RESP 216.560-SP, rel. Min. César Rocha, j. 28.11.2000); (b) no que concerne às prestações vencidas anteriormente, só cabe execução por quantia certa contra devedor solvente. 
Súm. 309 do STJ: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as 3 prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.
De qualquer forma, a alegação da impossibilidade de cumprir a obrigação só é possível na execução prevista no art. 733 (prisão civil), não na prevista no art. 732 (execução por quantia certa), mas tal alegação apenas possibilita ao devedor deixar de sofrer a prisão se a justificativa se der no prazo legal, e isso não o exonera da dívida.
A prisão civil tem um prazo de 1 a 3 meses. Esse prazo não é acumulado quando tiverem sido propostas várias execuções.
Se o alimentante for servidor público, militar ou empregado sujeito a CLT, tem-se a execução por desconto em folha.
7.5.2. Prisão civil e alimentos indenizatórios. 
A jurisprudência é uníssona em afirmar que não cabe a prisão por inadimplemento de prestação alimentícia decorrente de responsabilidade civil por ato ilícito (art. 602) (STJ, 3ª Turma, RESP 93.948-SP, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 02.04.1998), assim como prevalece o entendimento de que também não se aplica a prisão civil aos alimentos indenizatórios decorrentes de ação de responsabilidade civil ex delicto, pois restritos aos alimentos constitutivos de relação jurídica de direito de família. 
De qualquer maneira, antes do advento da Lei 11.232/2005, cabia nesses casos: a) desconto em folha (art. 16 da Lei 5.478/68 c.c. art. 734 do CPC); b) expropriação de rendas e alugueres (art. 17 da Lei nº 5.468/68); c) expropriação de bens do réu (art. 735 do CPC). 
Com a nova lei, passou-se a admitir a figura da “constituição de capital” (CPC, art. 475-Q: “quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão”), de modo que “esse capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do devedor” (CPC, art. 475-Q, § 1º). 
Embora salutar a novidade trazida pelo art. 475-Q do CPC, causa surpresa a redação do seu § 2º, que diz permitir a substituição da “constituição do capital pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz”. Tomando-se o texto pela sua literalidade, tem-se a impressão de que, não obstante a possibilidade de expropriação de bens do réu, a execução de alimentos indenizatórios será promovida prioritariamente por constituição de capital, e só subsidiariamente será efetuada por desconto em folha ou prestação de fiança bancária ou garantia real. Noutras palavras: não só se deixa de indicar a expropriação de rendas e aluguéis, como se estabelece inadequada hierarquia entre todos esses instrumentos executivos. 
7.5.3. Execução de alimentos e Lei 11.232/2005.
Prevalece o entendimento de que o novo regime de cumprimento de sentença não se aplica à execução de alimentos. Segundo o artigo 732 do CPC, “a execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título”, que cuida das “execuções por quantia certa contra devedor solvente” (o que, portanto, elide a aplicação do regime de cumprimento de sentença à execução alimentícia expropriatória). Logo, não é possível, p. ex., aplicar aqui a multa de 10% (dez por cento), incidente sobre o montante da condenação, prevista no caput do art. 475-J do CPC.
7.5.4. Execução de liminar de alimentos provisionais e de sentença condenatória de alimentos.
Não existe diferença entre execução de liminar de alimentos provisionais e execução de sentença condenatória de alimentos: as decisões concessivas de alimentos provisionais executam-se, normalmente, como qualquer outra sentença condenatória. Isto decorre da índole satisfativa dos alimentos provisionais, já que a sentença cautelar que os concede, depois do trânsito em julgado, se transforma em autêntico título executivo capaz de incluir-se no preceito contido no art. 584, inciso I, do CPC, cabendo a prisão por descumprimento de obrigações alimentar, quer se trate de alimentos provisionais, provisórios ou alimentos definitivos.
7.6. Execução por quantia certa contra devedor insolvente
7.6.1. Generalidades.
A execução por quantia certa contra devedor insolvente é uma execução concursal que se deve instalar quando haja insolvência, caracterizada pela insuficiência do patrimônio do devedor para a inteira satisfação de todos os seus credores (se bem que possível ocorrer a insolvência mesmo que só haja um único credor). Nesse sentido, assemelha-se à falência. Entretanto, na falência, admite-se a quebra também por impontualidade, o que não cabe na execução por quantia certa contra devedor insolvente. Há quem defenda que o credor tem o (pesado) ônus de provar a insuficiência do patrimônio do devedor; todavia, é melhor o entendimento de que ao devedor cabe demonstrar que seu ativo é superior ao passivo.
A execução por quantia certa contra devedor insolvente rege-se pela regra da par conditiocreditorum, pois objetiva promover a igualdade entre os credores, respeitados os privilégios e preferências legais.
7.6.2. Legitimidade ativa.
Tanto o credor quanto o próprio devedor podem requerer o concurso de credores (CPC, art. 753). Nunca é dado ao juiz declarar a insolvência ex officio e instaurar o referido concurso.
No caso do credor, deve estar munido de título executivo (art. 754). O seu crédito deve ser quirografário (art. 753, I). Se o crédito desfrutar de alguma garantia real, o credor não terá interesse em pedir a declaração de insolvência, pois a dívida estaria garantida, cabendo ao credor excutir o bem destinado ao pagamento. Porém, decretada a insolvência, terá de habilitar-se. Nem mesmo a remessa das execuções individuais ao juízo universal da insolvência (art. 762) supre a necessidade de habilitação (STJ, 4ª Turma, RESP 45.634-MG, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. 26.05.1997, DJU 25.08.1997, p. 39.374).
Pode-se ilidir o pedido de declaração de insolvência mediante depósito em juízo da importância do crédito reclamado (art. 757). Se o devedor alegar que seus bens são suficientes para pagamento dos credores, não incidirá o art. 757, razão pela qual o depósito se torna desnecessário. Todavia, se o devedor pretender discutir a legitimidade ou o valor do crédito nos embargos (que têm natureza de contestação e, portanto, devem ser processados nos autos do pedido de insolvência, e não em autos apartados), o depósito prévio e integral da dívida é condição para a admissibilidade dos embargos.
No pedido de “auto-insolvência” do devedor civil, desaparecem os embargos. Por força dos arts. 759 e 760 do CPC, em sua petição constarão: I – a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada um, bem como da importância e da natureza dos respectivos créditos; II – a individualização de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um; III – o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que determinam a insolvência. Após, o juiz ordenará a citação dos credores relacionados e, se universal o concurso, a citação edital dos demais eventualmente existentes porventura não indicados. A exposição das causas que determinam a insolvência é fundamental, pois é por meio dela que os credores e o juiz aferem a culpa do devedor na origem da insolvência. Se a culpa for descartada, o juiz poderá conceder ao devedor, desde que a massa comporte, uma pensão para seu sustento e de sua família, até que os bens sejam alienados (art. 785).
O art. 783 prevê a possibilidade de uma espécie de concordata civil: o devedor insolvente pode acordar com seus credores uma forma especial de pagamento de suas dívidas, que suspende o processo de concurso. Todavia, aqui, ao contrário do que se dava na concordata suspensiva da antiga Lei de Falência, o credor não tem direito a essa forma especial, não obstante algum ou todos os credores se oponham a ela: o art. 783 do CPC prevê um verdadeiro negócio jurídico, o qual exige a aceitação de todos os credores.
7.6.3. Sentença.
A sentença proferida tem cunho preponderantemente declaratório (PONTES DE MIRANDA, ARAKEN DE ASSIS, OVÍDIO BAPTISTA. Contra, entendendo tratar-se de uma decisão constitutiva: BARBOSA MOREIRA, HUMBERTO THEODORO JR.). No que diz respeito à falência, a sentença de quebra cria um novo status de falido que o insolvente até então não possuía; no que respeita à insolvência civil, a sentença simplesmente se limita a reconhecer uma insolvência já existente, sem nada acrescentar que seja relevante para o processo concursal (segundo BARBOSA MOREIRA, haveria a transformação de um “desequilíbrio econômico” para um “novo estado jurídico de insolvência”). Além da declaração de insolvência, a aludida sentença produz ainda os seguintes efeitos (arts. 751 e 761): a) priva o devedor do direito de administrar os seus bens, nomeando o magistrado um administrador judicial, dentre os maiores credores do insolvente, a quem se confia a administração da massa (efeito constitutivo); b) ordena que se expeça edital convocando os credores para que apresentem, no prazo de 20 (vinte) dias, a declaração de seus créditos acompanhada do respectivo título (efeito mandamental); c) instaura o concurso universal de credores, com a penhora de todo o patrimônio do insolvente, propiciando que o administrador o arrecade (efeito executivo); d) produz o vencimento de todas as dívidas do insolvente. 
7.6.4. Administrador Judicial.
O administrador prestará seu compromisso, ficando responsável pela gestão da massa, devendo, ao assinar o termo (art. 765), entregar a declaração de seu crédito, acompanhada do título executivo. De acordo com o art. 766, compete-lhe: I – arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para esse fim as medidas judiciais necessárias; II – representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação judicial; III – praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, bem como promover a cobrança das dívidas ativas; IV – alienar em praça ou leilão, com autorização judicial, os bens da massa.
7.6.5. Habilitação.
Na sentença que declara a insolvência, o juiz manda expedir edital, convocando os credores para que em 20 (vinte) dias apresentem as declarações de seus créditos, acompanhadas dos respectivos títulos (art. 761, II), as quais serão autuadas pelo escrivão e apensadas ao processo de insolvência. De qualquer forma, o CPC não esclarece como e onde será publicado o edital (THEOTÔNIO NEGRÃO entende que a citação edital deve fazer-se aqui nos termos do art. 779 do CPC: uma vez no órgão oficial e outra em jornal local). A seguir, novo edital será publicado intimando os credores para que, no prazo comum de 20 (vinte) dias, aleguem suas preferências, nulidades, simulação, fraude ou falsidade de dívidas e contratos (art. 768) porventura assinados pelo devedor com algum dos credores que desejam habilitar-se amparados pelos negócios jurídicos aos quais se atribui algum desses vícios. Também o devedor pode impugnar os créditos apresentados à habilitação no dito prazo (art. 768, parágrafo único). Em qualquer caso, havendo controvérsia, o juiz poderá determinar produção de provas, inclusive em audiência, proferindo depois a sentença, declarando ou não habilitado o crédito impugnado (art. 772). Aqui, o vencido responde pelas verbas de sucumbência, nos termos do regime geral fixado no art. 20 do CPC (cf. STJ, 3ª Turma, RESP 37.703-SP, rel. Min. Ari Pargendler, j. 08.06.2000, DJU 28.08.2000, p. 70).
O credor retardatário (isto é, o que não se apresentar dentro do prazo do art. 761, II, embora em condições de fazê-lo) pode disputar, por ação direta, antes do rateio final, a prelação ou cota proporcional ao seu crédito (art. 784). Há quem entenda que o credor, que não dispunha ainda de título executivo durante o prazo do art. 761, II, do CPC, vindo, porém, a obtê-lo antes do “rateio final”, está legitimado a promover a dita “ação direta” (cf. SILVA, Ovídio A. Baptista da. Curso de processo civil. v. 2. 4. ed. São Paulo: RT, 2000, p. 177).
7.6.6. Quadro Geral de Credores.
Transitado em julgado a sentença que julga a habilitação, remetem-se os autos ao contador para organização do quadro geral de credores (atentando-se à natureza de cada crédito, eventuais preferências reconhecidas por lei e os privilégios de que o crédito goza). Após, abre-se um novo prazo os interessados manifestarem-se sobre a relação de credores habilitados e a respectiva posição no quadro geral. Julgadas eventuais impugnações quanto essa classificação, proferir-se-á nova sentença homologatória do quadro geral. Com base nessa decisão, será partilhado entre os credores o numerário obtido pela alienação dos bens formadores da massa. Daí por que o momento processual adequado para a venda dos bens da massa é após a organização do quadro geral, razão por que “só excepcionalmente, quando sujeitos a deterioração ou depreciação, ou ainda quando

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