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Negocio jurídico - Requisitos, forma, elementos, objeto.

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Negocio jurídico
Plano da Existência. (Detalhamento da Escada Ponteana)
O primeiro degrau da “escada ponteana” cuida da análise dos elementos constitutivos do negócio jurídico, cuja inobservância implica na inexistência do negócio.
Ainda que a doutrina possa se valer de variadas expressões para se referir aos elementos que compõem o plano da existência, adotar-se-á, neste trabalho, a expressão elementos constitutivos, sem que isso signifique nenhuma crítica às demais expressões, a seguir exemplificadas:
E a divergência começa na própria nomenclatura adotada para caracterizar os elementos existenciais do negócio jurídico: elementos essenciais e elementos particulares (Washington de Barros Monteiro), elementos constitutivos (Sílvio Rodrigues), elementos necessários para a configuração existencial do negócio (Junqueira de Azevedo), elementos do negócio jurídico (Sílvio Venosa), requisitos do ato jurídico (Carnelutti) e requisitos do negócio jurídico (Orlando Gomes). (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010, p. 368).
Elementos constitutivos do negócio jurídico
Cumpre esclarecer que o Código Civil de 2002 não estabeleceu os elementos constitutivos do negócio jurídico, fixando, logo de início, os requisitos de validade no artigo 104.
Talvez seja por esse motivo que não existe um consenso doutrinário na apresentação de tais elementos, o que não é novidade no direito.
Assim, há autores que apresentam quatro elementos, autores que apresentam três elementos e autores que deles não se ocupam, partindo para os requisitos legais do artigo 104 do Código Civil.
Neste trabalho, serão tratados quatro elementos necessários para a configuração do negócio jurídico, quais sejam:
Manifestação ou declaração de vontade
“A vontade é pressuposto básico do negócio jurídico e é imprescindível que se exteriorize (GONÇALVES; 2010, p. 348). Assim, a declaração ou manifestação de vontade torna-se fundamental para a celebração do negócio jurídico.
Segundo Marcos Bernardes de Mello (1998, p. 120), “do ponto de vista do direito, somente vontade que se exterioriza é considerada suficiente para compor o suporte fático do ato jurídico.”
A manifestação de vontade pode ser expressa, quando o agente a evidencia de maneira clara, ou pode decorrer do comportamento do agente.
Expressa é a que se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, e de gestos e sinais ou mímicas, de modo explícito, possibilitando o conhecimento de imediato da intenção do agente. (GONÇALVES; 2010, p. 349). Exemplos: contratos verbais ou escritos, gestos e mímicas utilizados por surdos-mudos, ou nos pregões das bolsas de valores.
A manifestação tácita decorre do comportamento do agente. A conduta da pessoa pode levar a crer que ela tem a intenção de celebrar determinado negócio jurídico. Pode ser visualizada nos casos de aceitação da herança deduzida pelo comportamento da pessoa que pratica atos próprios de herdeiro, conforme o artigo 1805 do CC/02. Também se verifica nos casos de aquisição de propriedade móvel pela ocupação, conforme o artigo 1263 do CC/02.
Objeto
Não há que se falar de negócio jurídico sem objeto, pois “todo negócio jurídico pressupõe a existência de um objeto – utilidade física ou ideal – em razão do qual giram os interesses das partes” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2010, p. 370).
 Há que se ressaltar que não se pode reduzir o objeto a um bem material, pois há negócios que não se baseiam apenas em bens materiais, mas visam à prestação de alguma atividade, como, por exemplo: o contrato de trabalho e o contrato de prestação de serviços.
No casamento, por exemplo, o objeto pode ser a formação de uma vida em comum, ou uma união de ideais e sentimentos.
Ao analisar o objeto, Sebastião José de Assis Neto (2009, p. 167) observa que o conteúdo das obrigações contraídas pelas partes também está englobado no objeto. Segundo ele:
Daí que se deve observar que o objeto do negócio engloba não só um bem especificamente descrito na declaração de vontade, mas também o conteúdo das obrigações contraídas pelas partes. Veja-se que, mesmo quando existe uma coisa sobre a qual incide a prestação, o conteúdo do negócio vai além da sua simples existência. Voltemos, por exemplo, à compra e venda: o conteúdo do negócio não é apenas a coisa a ser vendida, mas, também a criação da obrigação de sua entrega para o alienante e do pagamento do preço pelo adquirente. (ASSIS NETO; 2009, p. 167).
Forma
Antônio Junqueira de Azevedo (2002, p. 126) concebe a forma como sendo “o meio através do qual o agente expressa sua vontade.  A forma poderá ser oral, escrita, mímica, consistir no próprio silêncio, ou, ainda, em atos dos quais se deduz a declaração de vontade.”
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2010, p. 371) advertem que, embora “guardem íntima conexão, a manifestação de vontade e a forma não podem ser confundidas, pois a forma deve ser entendida “simplesmente como o revestimento externo da manifestação volitiva. Tal manifestação, por sua vez, inicia-se internamente, no plano psicológico, com a reflexão do agente, até se revelar como uma declaração exterior.”
Não se pode confundir, também, a forma como se exterioriza a declaração, que é elemento constitutivo, com a forma legalmente prescrita, que é requisito de validade.
Assim, é possível que um negócio exista, mas não atenda ao requisito da forma legalmente prescrita, o que poderia torna-lo inválido, embora existente.
A inexistência do ato ou negócio jurídico
Como se verificou, elementos constitutivos dão existência aos negócios jurídicos. Assim, todos devem estar presentes para que o ato se realize; do contrário, será considerado inexistente.
Ocorre que, como o ordenamento jurídico não estabeleceu os pressupostos existenciais do negócio jurídico, tratando diretamente da validade, o estudo da inexistência do negócio jurídico ficou a cargo da doutrina, o que dá margem a muitas divergências.
É verdade que esta teoria da inexistência, que também ingressou no campo dos negócios jurídicos, foi concebida, segundo Carlos Roberto Gonçalves (2010, p. 471), “para contornar, em matéria de casamento, o princípio de que não há nulidade sem texto legal”, porque “as hipóteses de identidade de sexo, falta de celebração e de ausência de consentimento não estão catalogadas expressamente nos casos de nulidade”.
Embora muitos critiquem a expressão ato ou negócio inexistente, julgando-a absurda ou ambígua, alegando que seria impossível reputar inexistente algo que foi praticado, Orlando Gomes (2010) explica que a verdadeira intenção da locução é demonstrar que o ato, embora praticado, não existe para o mundo jurídico:
A denominação é ambígua. Objeta-se com a impossibilidade lógica afirmando-se que, se ato foi praticado, existe. Mas o que se quer exprimir com tal locução é que, embora existente porque realizado, o ato não possui substantividade jurídica. O que se quer dizer é, em suma, que não se formou para o Direito. (GOMES; 2010, p. 364). (Grifou-se).
PLANO DA VALIDADE (Detalhamento da Escada Ponteana)
 Elementos de validação do negócio jurídico. Elementos que reconhecem a compatibilidade do negócio com o ordenamento jurídico. Plano de qualificação jurídica ou adjetivação.
Trata de adjetivos, ou seja, qualificam os substantivos do plano da existência. São eles: agente capaz e legitimado, manifestação da vontade livre e de boa-fé, objeto lícito, possível e determinado (ou determinável), forma livre ou legalmente prevista.
 Uma vez não verificado um dos elementos, o ato pode ser nulo, anulável ou inválido (obs.: veremos a diferença em momento oportuno).
Art. 104, CC: A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.
Análise dos elementos do plano da validade nos negócios jurídicos:
AGENTE CAPAZ E LEGITIMADO
CAPACIDADE
Agente capaz é o que tem capacidade de exercício de direitos, ou seja, aptidão para exercer direitos e contrair obrigações na ordem civil. (Carlos Roberto Gonçalves)Obs.: Lembrar do Art. 5º - maioridade aos 18 anos ou com a emancipação. Lembrar dos casos de incapacidade absoluta e relativa. (absoluta - cc, 166, I; 3º, CC e relativa - Arts. 4º, 171, I, e, 228, I, 666, 1.860, etc).
- As pessoas jurídicas participam dos negócios em geral por intermédio de quem as represente, ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente.
Obs.: No tópico de representação serão dados mais detalhes sobre a própria representação e a assistência.
“Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.”
 O Art. 105, CC: hipótese de as partes serem, de um lado, pessoa capaz, e de outro, simultaneamente, um capaz e um relativamente incapaz, só este (relat. Incapaz), poderá anular parcialmente o ato, só a ele aproveitando a anulação, salvo se indivisível o objeto. A rescisão por incapacidade não aproveita ao cointeressado capaz, salvo se indivisível o objeto.
LEGITIMAÇÃO
Diferente da capacidade, não se trata de característica pessoal do agente, mas de sua relação com o objeto do negócio jurídico. Trata-se de casos em que o agente é circunstancialmente impedido de celebrar o ato, não obstante goze de plena capacidade.
 A legitimação tem por justificativa relevantes razões de ordem social e pública.
A consequência da violação de um dos impedimentos é a nulidade do negócio jurídico que se realizou, por violação a expressa disposição de lei.
São utilizados exemplos na doutrina como: O ascendente não estará legitimado a vender bens a um descendente enquanto não obtiver o consentimento do seu cônjuge e dos demais descendentes (CC, Art. 496). Tutor adquirir bens do pupilo. Dois irmãos, maiores e capazes, não podem se casar.
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE LIVRE E DE BOA-FÉ
 Dois princípios devem convergir para que se possa reconhecer como válida a manifestação de vontade:
a) princípio da autonomia privada – liberdade de atuação do indivíduo no comércio jurídico, respeitados os ditames mínimos de convivência social e moralidade média. Necessário lembrar que a autonomia privada está limitada pelos princípios constitucionais, principalmente pela função social e a boa fé.
b) princípio da boa-fé – as partes devem se comportar segundo um padrão ético objetivo de confiança recíproca, atuando segundo o que se espera de cada um, em respeito a deveres implícitos a todo negócio jurídico bilateral: confidencialidade, respeito, lealdade recíproca, assistência, etc.
OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL E DETERMINADO (OU DETERMINÁVEL)
LÍCITO
Apesar de a nomenclatura indicar que os objetos lícitos estariam vinculados a lei, é necessário lembrar, segundo Orlando Gomes (in Stolze e Pamplona, pag. 380), que: “o objeto do negócio jurídico deve ser idôneo. Não vale se contrário a uma disposição de lei, à moral, ou aos bons costumes, numa palavra, aos preceitos fundamentais que, em determinada época e lugar, governam a vida social”.
Compreende-se, portanto, que a adjetivação: “lícito”, não está somente se referindo à previsão ou ausência de vedação na lei, mas tem um sentido mais amplo, englobando também a moral, os bons costumes, a ordem pública, a boa-fé e a função social ou econômica do instituto (Flávio Tartuce, 2013, pag. 339). São exemplos: contrato de prestação de serviço que tenha por objeto o cometimento de um crime, ou a celebração de um contrato de prestação de serviços sexuais (imoralidade).
Ver Art. 166, II, CC – Nulidade do negócio jurídico (será explorado em momento oportuno)
 Esclarece Carlos Roberto Gonçalves (2013, 360) que o:
“Objeto jurídico, objeto imediato ou conteúdo do negócio, é sempre uma conduta humana e se denomina prestação – Dar, Fazer ou Não Fazer. O objeto material ou mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional.”.
POSSÍVEL
O objeto deve ser possível fisicamente e juridicamente:
O objeto possível fisicamente é aquele que está limitado às leis da física ou leis naturais. Não se pode entender válido o negócio que tenha por objeto a venda de imóvel na lua (Stolze e Pamplona, 2011, 380), ou a prestação com base em característica personalíssima (Pintura ou construção deste pintor ou daquele arquiteto), em que o autor morre, tornando o objeto impossível. 
O objeto possível juridicamente é aquele que não é vedado pela lei, por exemplo, o do Art. 426, CC – herança de pessoa viva.
- IMPORTANTE: 	Art. 106, Código Civil: “A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.”
Em outras palavras, não se julga a impossibilidade do objeto apenas pela aparência. Sua impossibilidade deve ser absoluta. Por exemplo, se o credor de obra artística ou construção concordar em receber o objeto feito por distinta pessoa da contratada, a morte do anterior responsável não implica em impossibilidade do objeto. Ou, um automóvel que não pode ser fabricado em razão de greve de metalúrgicos (Villaça Azevedo in Flávio Tartuce, 2013, 340), quando acabar a greve, o objeto torna-se possível (impossibilidade relativa).
Portanto, se o negócio ainda puder ser cumprido ou executado, não há que se falar em invalidade (Flávio Tartuce, 2013, 340).
DETERMINADO OU DETERMINÁVEL
 O Art. 106 do CC, ao falar de “impossibilidade inicial do objeto” trata também de sua determinação. Isso quer dizer que, o negócio não precisa ser celebrado com o objeto previamente determinado em todos os seus detalhes, podendo ser feito com base em objeto a ser determinado (determinável).
- Ver Arts.:
243, CC (indicação do gênero e da quantidade) – Ex.: Venda café, não especifica o tipo (A ou B), apenas que se trata de Café e a quantidade.
252, CC (venda alternativa) – Ex.: Obrigação de entregar o cavalo ou o boi. A concentração (escolha por parte do devedor, se assim estipulado), determinada o objeto – Escolhe o boi.
FORMA LIVRE OU PRESCRITA EM LEI
 Princípio da Liberdade da Forma – Art. 107, CC:
“Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.”
 O Artigo 107 do Código Civil demonstra que foi adotada a forma livre como regra geral. É apenas na segunda parte do artigo (após a vírgula) que notamos a exceção. A exceção está na lei. O legislador utilizou a expressão “senão quando a lei expressamente a exigir”, mas podemos ver na doutrina denominações como “legalmente prescrita” (Stolze, Pamplona, 2011, 381), ou “não defesa em lei” (Tarcuce, 2013, 345).
Carlos Roberto Gonçalves (2013, 363) e outros doutrinadores (como Nestor Duarte no Código Civil Comentado – Coordenador Cezar Peluso, comentários aos Arts. 108 e seguintes) fazem distinção da forma quanto a ser:
Forma livre: É a predominante no direito brasileiro. Trata-se de qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas, etc.).
Forma especial ou solene: É a exigida pela lei, como requisito de validade de determinados negócios jurídicos. Em regra, a exigência de que o ato seja praticado com observância de determinada solenidade tem por finalidade assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. A forma especial pode ser ainda classificada como:
(Exs.: Arts.: 108, 1.964, 1.535, 1.536 do CC, e demais); É o caso de imóvel com escritura pública e formalidades do casamento.
Forma Múltipla (plural) – quando o ato é solene mas a lei permite a formalização do negócio por diversos modos, podendo o interessado optar validamente por um deles (Exs.: 1.609, 842, 62, 1.806, do CC); Ex: reconhecimento de filhos que pode se dar por mais de uma forma.
Forma contratual: É a convencionada pelas partes. Segundo o Art. 109 do Código Civil, os contratantes podem, mediante convenção (acordo), determinar queo instrumento público seja necessário para a validade do negócio jurídico.
É necessário reforçar que a forma livre ou prescrita em lei, não se confunde com a forma enquanto elemento de existência (forma de exteriorização). No campo da validade, a forma já passou por adjetivação e, portanto, não se trata apenas de requisito mínimo de existência, mas de requisito para que o negócio jurídico existente seja válido.
PLANO DA EFICÁCIA (Detalhamento da Escada Ponteana)
Falar em eficácia significa auferir se o Negócio jurídico repercute juridicamente, se não se está subordinado a um acontecimento futuro exigível, ou seja, uma eficácia referente aos efeitos manifestados como queridos. De fato, os elementos essenciais do negócio jurídico são necessários para que esse produza efeitos, por isso são chamados de puros, ou simples.
São os elementos acidentais: A condição, o termo e o encargo. Além de acidentais, podem ser chamados, também, facultativos, uma vez que, passam a ser também indispensáveis à conclusão e utilidade do negócio quando estabelecem circunstâncias por vontade das partes. São cláusulas adicionais.
CONDIÇÃO
- Previsão legal: Art. 121 a 130 do Código Civil.
- Conceito: Determinação acessória (elemento acidental), que faz a eficácia da vontade declarada dependente de algum acontecimento futuro e incerto. (Clóvis Beviláqua in Stolze e Pamplona, 2013, pág. 448)
- Requisitos:
Futuridade – a condição deve se referir a acontecimento futuro. Acontecimento passado não pode caracterizar determinação acessória condicional. Exemplo da doutrina (Spencer Vampré in Stolze e Pamplona, 2013, 449): prometo a alguém certa quantia em dinheiro, se o meu bilhete da loteria, que correu ontem, estiver premiado. Neste caso, tratando-se de fato passado, uma de duas situações pode ocorrer: ou o bilhete está premiado e a promessa de doação é pura e simples (não condicional) ou o bilhete está branco, perdendo a promessa eficácia jurídica.
Incerteza – a incerteza diz respeito a própria ocorrência do fato, e não ao período de tempo em que este irá se realizar. É por isso que a doutrina alerta para a impossibilidade de se considerar a morte como condição, afinal, todos iremos morrer.
Aprofundamento: a doutrina por outro lado, costuma lembrar a hipótese de a morte vir a ser considerada condição. Para ser considerada condição, alguns doutrinadores argumentam que se fosse estipulado um prazo para morrer, não se teria certeza da morte nesse tempo. É o exemplo: doarei a fazenda, se o meu tio, moribundo, falecer até o dia 5. Nesse caso, não se tem certeza da morte até o dia 5 e, portanto, os requisitos Futuridade e Incerteza estão presentes.
Voluntariedade da condição – em razão do Art. 121, do Código Civil, falar em “derivando exclusivamente da vontade das partes”, entende-se que não haverá outra origem para a condição. Ela deve ser convencionada pelas partes. Em outras palavras, não terá origem na lei, mas na vontade livre e de boa-fé dos negociantes.
Classificações:
- Condição Suspensiva – é aquela que condiciona a produção dos efeitos do negócio jurídico a acontecimento futuro e incerto. Portanto, o negócio jurídico só produzirá efeitos na realidade quando operada a condição, até este momento, seus efeitos estão suspensos. É importante destacar que a suspensão dos seus efeitos atinge também direitos e obrigações decorrentes do negócio jurídico (Ver Art. 125, CC). Vejamos o ensinamento de Caio Mário da Silva Pereira (in Stolze e Pamplona, 2013, 451):
“Caso especial de indébito, e que encontra a mesma solução, é o do pagamento de dívida condicional, antes do implemento da condição. É de princípio que, subordinando-se o ato a condição suspensiva, enquanto esta não se realiza, não terá adquirido o direito a que ele visa. Ora, condicional a dívida, o credor não tem mais que uma expectativa – spes debitum iri – que se poderá ou não transformar em direito e o devedor não tem uma obrigação efetiva de solver. Se, portanto, este paga antes de verificada a conditio, está na mesma situação daquele que paga em erro, pois que, conforme ocorra ou não a condição, o débito poderá ou não ocorrer. Daí a consequência: o que recebe dívida condicional fica obrigado a restituir.
- Condição Resolutiva – é aquela que faz desaparecer os efeitos do negócio jurídico quando operada. Em outras palavras, o negócio jurídico produz seus efeitos normalmente até que a condição se realize, extinguindo o direito a que ela se opõe (Art. 127, CC). Uma importante ressalva está no Art. 128, CC. A previsão é de que em contrato de execução continuada ou diferida (protraída no tempo), o seu implemento, salvo estipulação em contrário, não prejudicará os atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza pendente e a boa fé. É o exemplo dado pela doutrina (Stolze, Pamplona, 2013, pág. 452): Usufruto constituído sobre imóvel para mantença de estudante universitário (usufrutuário), beneficiário da renda proveniente da venda do gado até que cole grau, o implementa da condição resolutiva (colação de grau) não poderá prejudicar a venda de novilhos a terceiro, já pactuada, estando pendente apenas a entrega dos animais.
A condição resolutiva precisa ser diferenciada também quanto a ser explícita e tácita:
- A condição resolutiva explícita é aquela que consta do instrumento do negócio – por exemplo, o contrato.
- A condição resolutiva tácita é aquela que decorre de uma presunção ou mesmo da natureza do pacto celebrado. Por exemplo, nas vendas em que há prestação continuada, será condição resolutiva tácita o não pagamento das parcelas.
É importante estudarmos também outras classificações das condições, vejamos:
Condições positivas – consistem na verificação de um fato – recebimento de renda até a colação de grau.
Condições negativas – consistem na inocorrência de um fato – empréstimo de uma casa a um amigo, até que a enchente deixe de assolar a sua cidade.
Condições lícitas e ilícitas – Conforme o Art. 122 do CC são lícitas aquelas condições não contrárias a lei, a ordem pública e aos bons costumes (moralidade média). São exemplos de ilícitas: condição que proíbe o casamento indiscriminadamente (a doutrina vê como possível a proibição de casamento contra determinada pessoa) – tal vedação visa a manutenção da liberdade individual; a proibição de mudar de religião; a obrigatoriedade de sair do país e não mais voltar; a prática de determinado ato criminoso; a obrigatoriedade de permanecer em determinado lugar etc.
Ver ainda, os Arts. 123, II e 166, VII, CC – nulidade absoluta.
 - Condições perplexas e potestativas – As perplexas são aquelas contraditórias ou incompatíveis. A doutrina cita como exemplo de perplexa a condição de “emprestar o imóvel, desde que você não more nele ou alugue”. O Art. 123, III, CC, prevê que nesses casos haverá invalide do negócio jurídico. 
As potestativas são aquelas que dependem do elemento volitivo, da vontade humana (ou do agente), sendo pertinente a seguinte subclassificação (Tartuce, 2013, Lei de Introdução e Parte Geral, vol. 1, pág. 352):
Condições simplesmente ou meramente potestativas – dependem das vontades intercaladas de duas pessoas, sendo totalmente lícitas. Exemplo: alguém institui uma liberalidade a favor de outrem, dependente de um desempenho artístico – cantar em um espetáculo.
Condições puramente potestativas – dependem de uma vontade unilateral, sujeitando-se ao puro arbítrio de uma das partes (Art. 122, CC, parte final). São ilícitas, segundo o mesmo dispositivo. Exemplo: dou-lhe um veículo, se eu quiser.
- Condições mistas – são as que derivam não apenas da vontade de uma das partes, mas também de um fator ou circunstância exterior (como a vontade de um terceiro). Ex.: darei o capital de que necessita, se formares a sociedade com fulano.
- Condições física e juridicamente impossíveis – As condições fisicamente impossíveis são aquelas irrealizáveis por qualquer pessoa, ou seja, cujo implemento exigiria esforço sobrenatural. Um exemplo seria condicionar o negócio jurídico ao agente saltardaqui até a Lua, ou construir uma casa em 10 minutos, ou estar em dois lugares ao mesmo tempo etc. De fácil compreensão, não é complexa sua verificação uma vez que salta aos olhos a impossibilidade física da condição. O que de fato exige nossa atenção, é que, sendo a condição fisicamente impossível oriunda de condição suspensiva (suspende os efeitos até sua operação), ela invalidará o negócio jurídico (Art. 123, I, c/c o Art. 166, VII, do CC). Agora, sendo a condição fisicamente impossível oriunda de condição resolutiva (cessando os efeitos quando operada), ou for de não fazer coisa impossível – por exemplo, respirar – será considerada inexistente (Art. 124, CC).
contrariarem o direito. A doutrina justifica a utilização de tal classificação para destacar que além das disposições legais do Código Civil, todo o ordenamento jurídico deve ser respeitado. Exemplos: realizar negócio jurídico condicionado a alienação de bem de uso comum do povo (praças, parques etc – Art. 100, CC).
É necessário frisar que as classificações não se excluem. Portanto, é possível visualizar um negócio que tenha condição suspensiva, simplesmente potestativa, fisicamente possível e lícita, por exemplo.
Por fim, devemos estudar as considerações expostas nos Arts. 129 e 130 do Código Civil. Flávio Tartuce esclarece que (Tartuce, 2013, Lei de Introdução e Parte Geral, vol. 1, pág. 354): 
“Inicialmente, pelo Art. 129, reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Esse dispositivo, a nosso ver, consagra a aplicação do princípio da boa-fé objetiva às condições em geral, tanto às suspensivas quanto às resolutivas.”
Compreende-se que, segundo Nestor Duarte (Código Civil Comentado, Coordenador: Min. Cezar Peluso, pág. 112): “Tanto se condena o dolo de quem, em benefício próprio, impede a realização da condição, como de quem força seu implemento”.
Carlos Roberto Gonçalves ilustra a questão descrevendo a seguinte situação (Direito Civil Brasileiro, 2013, vol. 1, pág. 392): “A lei estabelece, assim, a ficção do implemento da condição para o caso de o devedor do direito condicional descumprir o dever de agir com boa-fé, frustrando o implemento da condição ou provocando-o maliciosamente. Como exemplo, pode ser mencionada a condição de pagar somente se as ações de determinada empresa alcançarem certo valor, e houver, maliciosamente, manipulação na Bolsa de Valores, pelo interessado, para evitar que o valor estipulado se verifique.”
Quanto ao Art. 130, buscou-se resguardar ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, a pratica de atos destinados a conservar o direito.
TERMO
- Previsão legal: Art. 131 a 135 do Código Civil.
- Conceito: Determinação acessória (elemento acidental), que subordina o início ou término da eficácia jurídica de determinado ato negocial a acontecimento futuro e certo.
 
- Requisitos:
- Futuridade – a condição deve se referir a acontecimento futuro. Acontecimento passado não pode caracterizar determinação acessória - termo. Nota-se que há correspondência entre este requisito e da condição, inclusive quanto à aplicação (Art. 135, CC) das disposições sobre condições suspensivas e resolutivas nos termos iniciais e finais. Mas o que seria o termo inicial e o termo final.
O Termo inicial é o momento em que as obrigações passam a ser exigíveis. Por exemplo, um contrato de prestação de serviços que protrai a sua eficácia negocial para data certa, indicada pelos contratantes – a partir de 12 de março de 2013 (ver ainda – Art. 134, CC – execução imediata).
Conforme o Art. 131, CC, diferentemente da condição suspensiva, o termo inicial apenas suspende a exigibilidade do negócio, não impedindo que as partes adquiram desde já os direito e deveres decorrentes do ato. Por exemplo: no caso de antecipação de pagamento, se estivéssemos diante de uma condição suspensiva, haveria enriquecimento sem causa do credor, sujeito inclusive a repetição do indébito. Já no termo inicial, caso o devedor realizasse o pagamento antes do termo, não estaríamos diante de um enriquecimento sem causa, sendo simples faculdade do devedor e não uma obrigação (que só existiria a partir do termo).
	O Termo final é o momento em que as obrigações deixam de existir. Em outras palavras, é a data certa que as partes estipularam para extinção dos efeitos do contrato. Exemplo: aluguel de automóvel.
	É relevante destacar que os termos podem ser certos ou incertos.
	Os termos iniciais e finais certos são aqueles em que período de tempo (denominado “prazo” – Art. 132, CC) é preestabelecido no instrumento de negociação, seja por uma data determinada (12 de março de 2013), ou por um lapso temporal (da data de hoje a 10 dias).
	Os termos iniciais e finais incertos são aqueles em que há um indeterminação quanto ao momento da ocorrência do fato, embora seja certo que existirá (quando fulano morrer, por exemplo).
- Certeza – a certeza enquanto requisito do termo e não como classificação dos termos diz respeito a própria ocorrência do fato, e não ao período de tempo em que este irá se realizar. Em outras palavras, para se configurar o termo, diferentemente da condição, é necessário que se tenha certeza do acontecimento do fato.
- Outras classificações:
- Convencional – fixado pela vontade das partes (em um contrato, por exemplo);
- Legal – determinado por força de lei;
- de graça – fixado por decisão judicial (geralmente consiste em um prazo determinado pelo juiz para que o devedor de boa-fé cumpra a sua obrigação).
MODO OU ENCARGO
Previsão legal: Art. 136 e 137 do Código Civil.
 Conceito: Determinação acessória (elemento acidental), que impõe ao beneficiário um ônus a ser cumprido, em prol de uma liberalidade maior. Exemplos (Sílvio Venosa in Stolze e Pamplona, Novo Curso de Direito Civil, 2013, vol. 1, pág. 460): doação à instituição, impondo-lhe o encargo de prestar determinada assistência a necessitados, doar casa a alguém, impondo o donatário a obrigação de residir no imóvel, legado de determinada quantia a alguém, impondo-lhe o dever de construir monumento em homenagem, doação de área a Prefeitura, com encargo de ela colocar, em uma das vias públicas, o nome do doador ou construir ali um hospital, creche ou escola etc.
Apesar de parecer, o encargo não pode funcionar como contraprestação contratual. É necessário que seja realizado tendo em vista um benefício mais significativo para o realizador do ato. Nas palavras de Stolze Pamplona, na obra citada acima, na página 460: “Encargo é peso atrelado a uma vantagem, e não um prestação correspectiva sinalagmática.” 
- Requisitos:
- Liberalidade – o encargo é dependente de uma liberalidade por parte do agente, que restringe sua eficácia. Normalmente, ocorre na doação, testamento ou legado. Entende-se por liberalidade o ato que não é imposto, dependendo apenas da vontade daquele que o pratica.
- Ônus – o encargo deve representar obrigação da outra parte em dar (prestações pecuniárias assistências aos pobres, por exemplo), fazer (construir determinada escultura, p. ex.) ou não fazer (não destruir a capela, p. ex.).
- Classificações:
- Lícito – como nas demais classificações, a licitude aqui se refere tanto a previsão legal (tipicidade), quanto a moral, os bons costumes, a boa-fé objetiva, a função social etc.
- Possível – a possibilidade aqui se refere a física. Portanto, não é possível estabelecer encargo que seja impossível fisicamente. Ex.: receberá se fizer uma viagem a saturno.
Nos casos de desrespeito aos requisitos acima expostos, o Art. 137 do Código Civil, determina que se interprete como não escrito o modo ou encargo. Ocorre que em sua segunda parte, o Art. 137 prevê a possibilidade de que sendo o modo ou encargo causa determinante do negócio este será invalidado. A doutrina cita como exemplo a doação de uma imóvel(ato de liberalidade) com a finalidade específica de o donatário empregá-la na implantação de uma casa de prostituição (encargo ilícito). Nesse caso, não entenderá como não escrito, mas sim, todo o negócio realizado será inválido.
É necessário ainda destacar o Art. 136 do CC, que estipula a hipótese de o encargo ser previsto como condição suspensiva. Nesse caso, deverá estar expresso no instrumento negocial, o que tornará ineficaz os efeitos do negócio até sua realização. Esclarece Carlos Roberto Gonçalves (Direito Civil Brasileiro, 2013, vol. 1, pág. 396): 
“O encargo difere da condição suspensiva, porque esta impede a aquisição do direito, enquanto aquele não suspende a aquisição nem o exercício do direito. A condição suspensiva é imposta com o emprego da partícula “se”, e o encargo com as expressões “para que”, “com a obrigação de” etc. A condição é suspensiva, mas não coercitiva. Ninguém pode ser obrigado a cumprir uma condição. O encargo é coercitivo e não suspensivo.”

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