Abel Marcos Guedes

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Abel Marcos Guedes 
Ao ser entrevistado por Paulo sobre o que é ser terapeuta, Abel conta que ser terapeuta é um privilegio, as pessoas o procuram para compartilhar o que elas tem de mais precioso e raro. Ele admirava os artistas que viviam da própria arte, até perceber que a sua arte, é tocar pessoas. Ao mesmo tempo em que ele toca o individuo, consegue ser tocado por essa mesma pessoa. Ele acompanha observa, obras de arte únicas e em mudança, que lutam contra suas raridades. Muitas vezes, se percebe pretensioso, quando perde seu lado de tocar. Quer ser o resolvedor de problemas dos seus clientes. Costuma dizer que é fecundando por seus clientes, e cada um, em sua particularidade, o toca em pontos diferentes. E não se cansa de ouvir os problemas de seus clientes, a não ser quando não tem uma afinidade, mas mesmo não havendo esse vinculo, procura conhecimento para não chegar abandonar esse individuo. Em vez de concerto da pessoa, tenta procurar se concertar primeiro. É de extrema importância quando o terapeuta tem este reconhecimento que possa ser trabalhado algo pessoal, para haver um atendimento eficaz. Abel relata que o ser humano está num continuo processo de mudanças, tudo muda a todo instante. O trabalho visa aumentar a flexibilidade das pessoas para que elas possam acompanhar-se nessa mudança. E cada vez que o percebe, identifica que sempre está neste processo de mudanças. Esse trabalho de mudança é complexo, o seu papel é reorientar a energia, que na maioria das vezes, é enorme e que a pessoa usa para se paralisar ou para se manter como é, evitando mudança, explorar sua realidade seu potencial é um trabalho difícil e doloroso. Fazia psicologia para ser professor, na tentativa de encontrar resposta para seu fracasso e contradições como aluno do ginásio. Queria encontrar um jeito diferente de ensinar. Onde aluno e professor não precisassem ser absurdamente diferentes, dentro e fora da sala de aula. Não queria ensinar algum já pronto. Queria desenvolver o descobrir, o encontrar caminhos próprios. Depois de algum tempo, iniciou a terapia. Sua experiência como cliente e terapeuta aconteceram na mesma época. Existem alguns dias que se sente como artista que participou de vários espetáculos, espetáculos enfermos e marcantes. Fala que achava que ia demorar muito para viver só de consultório, mas tudo foi muito rápido. Ser terapeuta é ser reciclador através do lixo, das desgraças dos clientes e do que ele tem de bom, o terapeuta cria e recria novos comportamentos e possibilidades. É trabalhar de modo a dar um novo sentido e significado a identidade de uma pessoa. Participar da vida de forma especial, expor sua opinião e ainda ser pago por isso. A terapia é uma tentativa do homem se harmonizar, preservar e garantir sua humanidade, em uma geração onde os homens são substituídos por maquinas que ele mesmo criou, e que depois passa a competir com elas. O homem cria a bomba, e então precisa criar defesa sobre ela. O homem passa a viver criando defesas para e contra a sua criação. Temos também o que Abel chama de geração supermercado, que é a exigência de comprar tudo pronto. Perde se a noção processo do esperar, preparar, fazer e cuidar. Estas coisas, em meio a outras, estão levando as pessoas a procurarem a terapia. 
O ser humano vive em constastes transformações. Cada vez mais exigem pedidos de pessoas que querem conhecer-se verdadeiramente, querem melhorar sua qualidade para se relacionar com o outro. Com si mesmo ou com o mundo. Ser terapeuta é ser explorador de potencial. Este treinador, flexibilizador de atores que vivem diferentes personagens e não aqueles que fazem só determinado tipo de papel.