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Livro Curso de Propriedade Intelecual & Inovação no Agronegócio Módulo II Indicação Geográfica.

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Prévia do material em texto

I N D I C A Ç ÃO
V e n d a p r o i b i d a
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ISBN: 978-85-7426-136-2
Brasil 2o Semestre 2014
curso de propriedade intelectual 
& inovação no agronegócio
Módulo II
Indicação Geográfica
4a Edição
Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071
© 2014. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial e total desta obra, 
desde que citada a fonte e que não seja para a venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos conteúdos técnicos dos textos e imagens desta obra é dos autores.
Tiragem: 1000 exemplares
4ª edição. Ano 2014.
Elaboração, distribuição, informações: 
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo - SDC
Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia da Agropecuária – DEPTA
COORDENAÇÃO DE INCENTIVO À INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS - 
CIG
Esplanada dos Ministérios, Bloco D, Edifício Anexo, Ala A, Segundo Andar, Sala 243 - Brasília - DF - 
Brasil - CEP: 70043-900
Telefones: (61) 3218 2237 / 2921
Fax: (61) 3322 0676
Email: cig@agricultura.gov.br
Homepage: www.agricultura.gov.br
B823c Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
 Curso de propriedade intelectual & inovação no agronegócio:
 Módulo II, indicação geográfica / Ministério da Agricultura, Pecuária
 e Abastecimento; organização Luiz Otávio Pimentel – 4ª ed. – Florianópolis: 
 MAPA,
 Florianópolis: FUNJAB, 2014.
 415 p. : il.
 Inclui bibliografia
 ISBN: 978-85-7426-136-2
 
 1. Agronegócios. 2. Indicações geográficas. 3. Produtos agropecuários. 
 4. Fomento. 5. Proteção. 6. Educação a distância. I. Pimentel, Luiz Otávio. II. 
Silva, Aparecido Lima da. III. Título.
 CDU: 338.43
MINISTRO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Neri Geller
SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO E COOPERATIVISMO
Caio Tibério Dornelles da Rocha
DIRETOR DE PROPRIEDADE INTELECTUAL E TECNOLOGIA AGROPECUÁRIA
Hélcio Campos Botelho
COORDENADORA DE INCENTIVO À INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DE PRODUTOS 
AGROPECUÁRIOS
Beatriz de Assis Junqueira
CHEFE DO SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO TÉCNICO
Débora Gomide Santiago
EQUIPE DE APOIO
Dayana Pereira Xavier da Silva
Diogo Pierangeli Carvalho
Haroldo Lúcio do Amaral
José Carlos Ramos
Ricardo Martins Bernardes
Valéria Menezes dos Santos
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
REITORA
Profa. Roselane Neckel
VICE-REITORA
Profa. Lúcia Helena Pacheco
PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO
Edison da Rosa
PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO ADJUNTA
Maristela Helena Zimmer Bortolini
Fundação José Arthur Boiteux (FUNJAB)
PRESIDENTE
Leilane Mendonça Zavarizi da Rosa 
VICE-PRESIDENTE DE FINANÇAS
Luiz Henrique Urquhart Cademartori
VICE-PRESIDENTE DE ADMINISTRAÇÃO
Antônio Carlos Brasil Pinto
Conselho Editorial
Antônio Carlos Wolkmer
Eduardo de Avelar Lamy
João dos Passos Martins Neto
José Rubens Morato Leite
Luis Carlos Cancellier de Olivo
Ricardo Soares Stersi dos Santos
Organizador
Luiz Otávio Pimentel
Laboratório de Mídias Integradas (LABMIN)
Eleonora Milano Falcão Vieira 
Conteudistas
Aluízia Aparecida Cadori , Aparecido Lima da Silva, Carolina Quiumento Velloso, 
Claire Marie Thuillier Cerdan, Delphine Vitrolles, Kelly Lissandra Bruch, Klenize 
Chagas Fávero, Liliana Locatelli, Michele Copetti e Patrícia Maria da Silva Barbosa. 
Revisão da 4a edição
Kelly Lissandra Bruch, Patrícia Maria da Silva Barbosa e Suelen Carls 
Grupo de Pesquisa em Propriedade Intelectual, Transferência de Tecnologia e 
Inovação (PITTI)
Luiz Otávio Pimentel 
Fabiola Wüst Zibetti 
Aluízia Aparecida Cadori 
Liliana Locatelli 
Suelen Carls 
Klenize Chagas Fávero 
Michele Copetti
Apresentação
O Brasil é um país cosmopolita, desde os primórdios da colonização por-
tuguesa até os dias atuais, inúmeras ondas imigratórias encarregaram-se 
de mesclar história, cultura, tradições e pessoas. Portugueses, africanos, 
indígenas, outros europeus de inúmeras origens, asiáticos, etc. contribuí-
ram ao longo do tempo para criar modos de vida específicos, com história 
e sabores próprios de seus habitantes. Cada recanto desenvolveu a sua 
própria identidade.
O país é mundialmente reconhecido pela sua vocação agrícola, em razão 
da abundância de terra, clima favorável e gente obreira. Somos um país 
produtor de commodities e minerais. No entanto, a diversidade acima 
referida aponta para um segmento econômico ainda pouco difundido e 
explorado. Se considerarmos o conhecimento incorporado ao saber nati-
vo pelos imigrantes, o uso de recursos naturais e da agrobiodiversidade, 
temos os ingredientes para valorizar uma variedade de produtos diferen-
ciados, tão procurados pelos consumidores.
Foi pensando em investir neste segmento que o Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento decidiu, em sua reforma administrativa de 
2005, criar a Coordenação de Incentivo à Indicação Geográfica de Produ-
tos Agropecuários - CIG, no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento 
Agropecuário e Cooperativismo – SDC. As ações de incentivo ao uso de 
signos distintivos promovidas pelo MAPA objetivam, além da proteção da 
propriedade intelectual, promover o desenvolvimento rural e a sustenta-
bilidade das cadeias produtivas de produtos com qualidade vinculada à 
origem. Tal desenvolvimento ocorre por meio de resultados positivos do 
processo de reconhecimento da identidade de uma indicação geográfica, 
destacando-se: a melhoria na organização dos produtores e da produção, 
melhoria da qualidade dos produtos, a valorização da história, da cultura, 
das tradições e do saber fazer local, a paisagem e o modo de vida das pes-
soas, fatores que se associados à imagem do produto resultam em agrega-
ção de valor, abertura de novos mercados, ampliação de renda e emprego 
e aumento da autoestima dos produtores rurais. 
Entre os principais atores na implementação de políticas públicas voltadas 
para as IG estão o MAPA, na condição de agente de fomento à identificação 
de produtos com potencial para alcançar registro, e o Instituto Nacional 
de Propriedade Industrial – INPI, na condição de agente responsável pela 
análise da pertinência da indicação e realização do registro, assegurando 
a segurança jurídica necessária aos detentores do direito de uso das IG e 
protegendo-os quanto à utilização indevida das denominações protegidas.
Para incentivar a capacitação de técnicos, gestores e agentes atuantes 
nesta ferramenta, o MAPA, em parceria com a Universidade Federal de 
Santa Catarina – UFSC, dá continuidade ao curso com a terceira edição 
do módulo sobre IG. Esta etapa é dedicada à contextualização para o re-
conhecimento das IG, os aspectos jurídicos, os requisitos para o registro, 
os impactos sociais, econômicos e ambientais, a delimitação geográfica, o 
Regulamento de Uso e o Conselho Regulador. Ao final, serão contempla-
das informações sobre as primeiras IG brasileiras reconhecidas: Vale dos 
Vinhedos, Região do Cerrado Mineiro, Paraty, Pampa Gaúcho da Campa-
nha Meridional, Vale do Sinos e Vale do Submédio São Francisco.
A proposta deste trabalho é contribuir na capacitação de agentes fomen-
tadores, pesquisadores e técnicos em prol dos conhecimentos sobre IG e 
outros signos distintivos como ferramenta da Propriedade Industrial na 
consolidação de políticas públicas para desenvolvimento territorial sus-
tentável, valorização dos produtos agropecuários,agregação de valor e 
promover a competitividade do agronegócio em benefício da sociedade 
brasileira.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Guia do Aluno
Caro Aluno,
Você está iniciando o segundo Módulo do Curso de Propriedade 
Intelectual e Inovação no Agronegócio – Indicação Geográfica - 4ª edi-
ção, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC). 
Este Módulo será realizado em dez semanas, contabilizando 120 horas-
-aula. Durante esse período, você contará com o apoio de uma equipe 
especializada para assisti-lo: o Sistema de Apoio ao Aluno a Distância, 
formado por Tutores, Assistente de Conteúdo, Professores e Monitores 
Administrativos.
Para iniciar seu estudo, você recebeu um kit didático composto por um 
livro e uma Videoaula em DVD. Além desse kit, encontram-se à sua dis-
posição outros recursos educacionais também muito importantes para o 
desenvolvimento do estudo a distância. 
São eles:
• Fóruns
• Lição Virtual
• Enquetes
• Biblioteca Virtual
• Biblioteca Participativa
• Exercícios Complementares
Todos esses recursos estão disponíveis no Ambiente Virtual de Ensino e 
Aprendizagem (AVEA). O AVEA é o ambiente virtual em que serão de-
senvolvidas todas as atividades didático-pedagógicas programadas para 
este Curso.
Preste atenção às dicas para interagir com seus colegas no AVEA e conte 
sempre com o nosso Sistema de Apoio ao Estudante a Distância.
Procure participar das atividades didático-pedagógicas programadas para 
essas dez semanas de Aula e, principalmente, não deixe de responder ao 
Questionário de Avaliação Individual, obrigatório para a certificação. 
Fique atento, portanto, à programação:
Aulas/Carga-horária Temática Atividades
Aula 1
15h/a
Capítulo 1
Indicação Geográfica de Produtos 
Agropecuários: Importância 
Histórica e atual
Fórum de Expectativas e de 
Relevância Social
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Aula 2
15h/a
Capítulo 2
Indicações Geográficas e outros 
signos distintivos: aspectos legais
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Aula 3
10h/a
Capítulo 3
Identificação dos produtos 
e organização dos produtores
Fórum de Conteúdo 
Enquete
Exercícios complementares
Abertura do Questionário de 
Avaliação Individual
Aula 4
10h/a
Capítulo 4
Delimitação Geográfica da Área: 
Homem, História e Natureza
Fórum de Conteúdo 
Enquete
Exercícios complementares
Abertura da Lição Virtual
Aula 5
10h/a
Capítulo 5
Elaboração de regulamento de 
uso, Conselho Regulador e defini-
ção do controle
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Aula 6
10h/a
Capítulo 6
Procedimento de registro das 
Indicações Geográficas
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Aula 7
10h/a
Capítulo 7
Gestão e controle pós-reconheci-
mento das indicações geográficas
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Abertura do Banco de 
Experiências de Indicação 
Geográfica
Aula 8
10h/a
Capítulo 8
Marcas coletivas e marcas de cer-
tificação: marcas de uso coletivo
Fórum de Conteúdo
Enquete
Exercícios complementares
Aula 9
 15h/a
Capítulo 9
Estudo de caso
Fórum de Conteúdo 
Enquete
Exercícios complementares
Aula 10
15h/a
Capítulo 10
Estudo de caso
Fórum de Conteúdo 
Enquete
Exercícios complementares
Encerramento de todas as ativida-
des do Curso
Todas as atividades didático-pedagógicas serão apresentadas na primeira 
semana de Aula. Portanto, não deixe de participar ativamente da Aula 1. E 
se você tiver qualquer dúvida, por favor, entre em contato imediatamente 
com o nosso Sistema de Apoio!
Entenda a iconografia contida no livro
O livro constitui a base do Curso, pois aborda os principais conteúdos que 
serão aprofundados no AVEA durante as aulas. Para uma melhor assimi-
lação do conteúdo, sugerimos que você:
• utilize o material impresso de maneira integrada com os de-
mais recursos didáticos, como o Ambiente Virtual de Ensino e 
Aprendizagem e a Videoaula;
• sublinhe todas as passagens que você achar importante e elabore 
seus próprios resumos;
• tenha o hábito de fazer esquemas e anotações ao longo do texto;
• anote as dúvidas que surgirem durante a leitura para esclarecê-las 
com seus colegas e professores quando você participar dos Fóruns 
de Conteúdo.
Vários ícones sinalizam a integração do material impresso com outros re-
cursos pedagógicos e fontes de informação no AVEA, ou em referências 
bibliográficas. Vamos ver o que eles significam.
Informação complementar disponível 
na internet.
Material disponível na Biblioteca Virtual.
Legislação disponível na Biblioteca 
Virtual.
iLeituras complementares indicadas pe-los autores.
Dicas dos autores sobre as temáticas 
abordadas.
Sinaliza as temáticas que serão aborda-
das nos Fóruns de Conteúdo
Lembre-se: estudar à distância demanda iniciativa e autonomia. Você de-
fine o seu ritmo! Mas, para obter bom aproveitamento, é fundamental ter 
uma postura reflexiva, cooperativa e disciplinada. Participe das atividades 
sugeridas! Questione, dê sua opinião, troque informações com seus cole-
gas e tutores!
Acesso ao portal do curso
O Portal do Curso é uma plataforma de acesso livre, aberta ao público em 
geral. Nele você encontrará informações atualizadas referentes ao Curso, 
como notícias e informes do MAPA. Por meio do Portal você acessará o 
AVEA, indicando seu login e senha de acordo com as instruções a seguir.
Para acessar o portal do curso digite: 
http://labmin.ufsc.br/mapaig4/
Acesso ao ambiente virtual de ensino e 
aprendizagem (AVEA) do curso
O AVEA é uma plataforma virtual de acesso restrito aos participantes des-
te curso. Para acessar o AVEA não esqueça do seu login e da sua senha, 
enviados a você por e-mail.
Atenção! Se você tiver qualquer dificuldade para acessar o Ambiente 
Virtual do Curso, por favor, entre imediatamente em contato com a 
Monitoria Administrativa.
Como acessar o AVEA
Preencha os campos usuário com seu 
CPF (somente números) e senha com 
a senha recebida.
Para acessar o Ambiente Virtual de Ensino e 
Aprendizagem – AVEA, clique no nome do curso.
Pronto! A nova tela que irá aparecer é o AVEA.
Sistema de apoio ao estudante a distância
O Sistema de Apoio ao Estudante a Distância está organizado para re-
alizar o acompanhamento e a avaliação do seu processo de estudo e de 
aprendizagem. Ele é formado por Tutores, Monitores Administrativos e 
Assistentes de Conteúdo, que irão lhe oferecer os subsídios necessários 
para um melhor aproveitamento do Curso.
Horário de atendimento (segunda a sexta-feira)
Tarde: 13h00min às 17h00min
Monitoria Administrativa
Entre em contato com a Monitoria Administrativa caso ocorra alguma 
das seguintes situações:
• mudança de endereço postal ou e-mail. Até o momento de receber 
o seu certificado,
• é fundamental que seus dados estejam sempre atualizados;
• dificuldade em acessar o AVEA, em função de problemas com lo-
gins e/ou senhas;
• erro nas informações (nome completo e/ou endereço) que cons-
tam na etiqueta da embalagem deste kit;
• não recebimento do kit completo deste Módulo (um Livro e um 
DVD).
Atenção! Entre em contato com a Monitoria Administrativa através dos 
seguintes recursos:
E-mail: labmin@contato.ufsc.br
Tutoria
Os Tutores estarão à sua disposição para orientá-lo a respeito dos procedi-
mentos para a utilização do AVEA e a realização das atividades propostas, 
inclusive a avaliação individual.
Eles mantêm uma comunicação dinâmica com você via e-mail, auxilian-
do-o a participar das atividades propostas.
Assistente de Conteúdo
OAssistente de Conteúdo irá auxiliá-lo em tudo o que está relacionado às 
temáticas abordadas neste Módulo. Eles serão os mediadores entre você 
e os seus professores, buscando esclarecer suas dúvidas e orientando-o 
sempre que necessário.
Certificação
Todos os estudantes que obtiverem aproveitamento de, no mínimo, 
70% no Questionário de Avaliação Individual receberão um certificado 
de extensão universitária registrado pela Universidade Federal de Santa 
Catarina.
O Questionário de Avaliação Individual é uma atividade obrigatória, você 
poderá refazê-lo, se assim achar necessário, até a última semana, quando 
a atividade será encerrada. As questões contidas no Questionário estão di-
retamente relacionadas aos conteúdos deste Livro. Portanto, preste muita 
atenção na sua leitura e, em caso de dúvida, entre em contato com os 
Tutores e Assistente de Conteúdo. Eles estão preparados para ajudá-lo.
Contatos
Universidade Federal de Santa Catarina – Laboratório de Mídias 
Integradas
Campus Universitário – Trindade – Centro Sócio-Econômico – Bloco F – 
Térreo.
CEP: 88040-970 – Florianópolis-SC
labmin@contato.ufsc.br
Sumário
1. Indicação Geográfica de produtos agropecuá-
rios: importância histórica e atual .......................... 32
1.1 Importância histórica e atual das Indicações Geográficas .......... 33
1.2. Indicações Geográficas: impactos econômicos, sociais e 
 ambientais .................................................................................................... 44
1.3 Relativizando o sucesso e refletindo as IG ....................................... 52
1.4 Fatores chaves para o sucesso de uma IG ....................................... 53
2. Indicações Geográficas e Outros Signos 
Distintivos: Aspectos Legais ................................... 62
2.1. Indicações geográficas e outros signos distintivos: aspectos 
 legais .............................................................................................................. 63
2.2 Diferença entre a IG e outros signos distintivos .............................. 79
3. Identificação dos produtos potenciais e 
organização dos produtores ................................... 98
3.1 Identificação dos produtos e seus diferenciais: notoriedade 
 ou qualidade? .............................................................................................. 99
3.2 Organização dos produtores ................................................................109
3.3 Formalização do grupo requerente ...................................................117
4. Delimitação geográfica da área: homem, 
história e natureza ...................................................134
4.1 A relação entre homens, produtos e territórios ............................135
4.2 Levantamento histórico-cultural ........................................................136
4.3 Delimitação Geográfica da área ..........................................................145
5. Elaboração de Regulamento de Uso, Conselho 
Regulador e Definição do Controle ......................164
5.1 A definição das regras de obtenção do produto .........................165
5.2 Conselho regulador e órgão de controle .........................................183
6. Procedimento de registro das Indicações 
Geográficas ...............................................................196
6.1 Introdução ..................................................................................................197
6.2 Requisitos para registro de uma IG no Brasil .................................197
6.3 Depósito e processamento do pedido de registro ......................207
6.4 Análise dos pedidos de registro .........................................................210
6.5 Aspectos jurídicos não regulados relativos à concessão de 
 um pedido de IG .......................................................................................226
7. Gestão e controle pós-reconhecimento das 
Indicações Geográficas ..........................................234
7.1 Gestão externa de uma IG ....................................................................235
7.2 Gestão interna de uma IG .....................................................................244
8. Marcas Coletivas e Marcas de Certificação: 
Marcas de Uso Coletivo ..........................................270
8.1. Marcas de uso coletivo – quem são e por que devem ser 
 conhecidas..................................................................................................271
8.2. Marcas Coletivas - em que elas diferem e quais os requisitos 
 para seu registro no Brasil ....................................................................272
8.3. Casos práticos e exemplos de uso .....................................................276
8.4. Por que a Marca de Certificação é diferente e quais são os 
 requisitos para seu registro no Brasil? .............................................278
8.5. Um selo certificador não necessariamente é uma Marca de
 Certificação ................................................................................................280
8.6. Um caso exemplificativo .......................................................................284
8.7. Noções básicas de como identificar se é caso de Marca 
 Coletiva, IG, Marca de Certificação, ou nenhuma das 
 respostas anteriores. .............................................................................287
8.8. A que se destinam o uso destes sinais de uso coletivo? ...........289
9. Estudo de Caso: IP Vale dos Vinhedos, IP 
Paraty e IP Vale do Submédio São Francisco .....296
9.1 IP Vale dos Vinhedos ...............................................................................297
9.2 IP Paraty .......................................................................................................308
9.3 IP Vale do Submédio São Francisco ..................................................319
10. Estudo de Caso: IP Pampa Gaúcho da 
Campanha Meridional, IP Região do Cerrado 
Mineiro e IP Vale do Sinos ......................................336
10.1 IP Pampa Gaúcho da Campanha Meridional ...............................337
10.2 IP Região do Cerrado Mineiro ............................................................356
10.3 IP Vale do Sinos .......................................................................................370
Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACIAJ - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Juazeiro
ACIP - Associação Comercial e Industrial de Paraty 
AICSUL - Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul 
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AOC - Appellation d’Origine Contrôlée (França)
AOP – Appellation d’Origine Protégée (União Européia)
APACAP - Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça Artesanal de Pa-
raty
APEX BRASIL - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investi-
mentos 
APPUB - Associação dos Pequenos Produtores de Uva de Bebedouro
APPCC - Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle
APR-NVI - Associação dos Produtores Rurais do Núcleo VI
APRONZE - Associação dos Produtores Rurais do Núcleo 11
APROPAMPA - Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho da 
Campanha Meridional
APROVALE - Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vi-
nhedos 
ASPIN-04 - Associação dos Produtores Irrigantes do Núcleo 04
BGMA - Brazilian Grapes Marketing Association ou Associação dos Ex-
portadores de Uvas do Vale do São Francisco
CACCER - Conselho de Associações de Cafeicultores & Cooperativas do 
Cerrado
CAJ - Cooperativa Agrícola Juazeiro da Bahia
CAP Brasil - Cooperativa Agrícola de Petrolina
CIG - Coordenação de Incentivo à Indicação Geográfica de Produtos Agrope-
cuários do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento
CIRAD - Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para 
o Desenvolvi mento (França)
CIVC – Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne – Comitê Interprofis-
sional do Vinho de Champagne
CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francis co e 
do Parnaíba
COMAIAMT - Cooperativa Mista dos Agricultores Irrigantes da Área Maria 
Tereza
COOPAR - Cooperativa Mista dos Pequenos Agricultores da Região Sul Ltda 
COOPEXVALE – Cooperativa de Produtores e Exportadores do Vale do São 
Francisco
COREDE - Conselho Regional de Desenvolvimento 
CUP - Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Indus-
trial
DO - Denominação de Origem (Brasil)
DOC – Denominación de Origen Calificada (Espanha)
DOP - Denominação de Origem Protegida (União Europeia)
EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Ca-
tarina
EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
FAEPE - Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco 
FAPERGS – Fundação Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
FARSUL - Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul 
FUNDACCER - Fundação de Desenvolvimento do Café do Cerrado
GRU – Guia de recolhimento da União
HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Points (em português APPCC - 
Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle)
IBC - Instituto Brasileiro do Café ( já extinto)
IBD - Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (originalmente 
era Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IBRAVIN - Instituto Brasileiro do Vinho
IG - Indicação Geográfica (Brasil)
IGP – Indicação Geográfica Protegida (União Europeia)
IGP - Índice Geral de Preços
IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária
INAO - Institut National de l’Origine et de la Qualité (França - originalmente 
Institut National des Appellations d’Origine) 
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 
Industrial
INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
INT - Instituto Nacional de Tecnologia
IP - Indicação de Procedência (Brasil)
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ISO -  International Organization for Standardization– (Organização Interna-
cional de Padronização ou Normalização)
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário 
MMA - Ministério do Meio Ambiente 
NBR - Normas Brasileiras de Referência
OMC - Organização Mundial do Comércio (WTO – World Trade organi-
zation)
OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO - World 
Intellectual Property Organization)
ONG - Organização não Governamental 
PEQUI - Pesquisa e Conservação do Cerrado
PIF – Produção Integrada de frutas
PROGOETHE - Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe da 
Região de Urussanga
RPI - Revista de Propriedade Industrial
SIF - Serviço de Inspeção Federal – Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abstecimento
SAA - Sistemas Agroalimentares
SAPI- Sistema Agropecuário de Produção Integrada
SCAA - Specialty Coffee Association of America
SDC - Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo – 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abstecimento
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDAI – Secretaria de Desenvolvimento de Assuntos Internacionais
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SICADERGS - Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do 
Rio Gran de do Sul
SIGEOR - Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada para 
Resultados 
SINER-GI - Strengthening International Research on Geographical Indi cations
SISBOV - Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de 
Bovinos e Bubalinos
SSM - Soft Systems Methodology
TRIPS - Trade-related aspects of intellectual property rights (ADPIC - Acordo 
sobre aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Co-
mércio)
UCS – Universidade de Caxias do Sul
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNIVALE – Conselho da União das Associações e Cooperativa dos produ-
tores de uva de mesa e mangas do Vale do Submédio São Francisco
VALEXPORT - Associação de Produtores e Exportadores de Hortigranjei-
ros e Derivados do Vale do São Francisco
VCPRD - Vinos de calidad producidos en regiones determinadas (Espanha)
Indicação Geográfica de 
Produtos Agropecuários: 
Importância Histórica e Atual
Claire Marie Thuillier Cerdan
Kelly Lissandra Bruch
Aparecido Lima da Silva
Michele Copetti
Klenize Chagas Fávero
Liliana Locatelli
CAPÍTULO l
Indicação Geográfica de 
Produtos Agropecuários: 
Importância Histórica e Atual
Claire Marie Thuillier Cerdan
Kelly Lissandra Bruch
Aparecido Lima da Silva
Michele Copetti
Klenize Chagas Fávero
Liliana Locatelli
CAPÍTULO l
Indicação Geográfica de produtos 
agropecuários: importância histórica e 
atual
 
Neste primeiro capítulo, convidamos você a conhecer a 
origem e os benefícios econômicos, sociais e ambientais 
das Indicações Geográficas (IG).
Primeiramente, trataremos da origem e da história da In-
dicação Geográfica (IG), buscando explicar como seu uso 
tem se tornado relevante para os agentes rurais no contex-
to da globalização da economia e da abertura dos merca-
dos.
Em um segundo momento, do ponto de vista sociológico, 
econômico e ambiental, apresentaremos os benefícios das 
IG para os produtores, os consumidores, os prestadores de 
serviço, e demais envolvidos diretamente, bem como para 
a região reconhecida e para o país como um todo.
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11.1 Importância histórica e atual das Indicações 
Geográficas
Para melhor compreensão do curso, vamos conhecer qual é o significado 
de uma Indicação Geográfica (IG)?
Essa noção de IG surgiu de forma gradativa, quando produtores e con-
sumidores passaram a perceber os sabores ou qualidades peculiares de 
alguns produtos que provinham de determinados locais. Ou seja, qualida-
des – nem melhores nem piores, mas típicas, diferenciadas – jamais encon-
tradas em produtos equivalentes feitos em outro local. Assim, começou-
se a denominar os produtos – que apresentavam essa notoriedade – com o 
nome geográfico de sua procedência1. Os vinhos foram os primeiros nos 
quais se observou a influência sobretudo dos fatores naturais (clima, solo, 
relevo, etc.).
As qualidades de produtos como esses – ligadas à origem – se devem, to-
davia, ao ambiente, que vai muito além das condições naturais e inclui o 
fator humano e suas relações sociais. Dessa maneira, o conceito de indica-
ção geográfica mostra-se importante, pois destaca as particularidades de 
diferentes produtos de diferentes regiões, valorizando, então, esses terri-
tórios. Cria um fator diferenciador para produto e território, que apresen-
tam originalidade e características próprias2. Assim, as indicações geográ-
ficas não diferenciam somente os produtos ou serviços, mas os territórios.
Vários produtos agroalimentares se diferenciam pela sua qualidade ou sua 
reputação devidas, principalmente, a sua origem (o seu lugar de produ-
ção). Essas diferenças podem estar ligadas a um gosto particular, uma his-
tória, um caráter distintivo provocado por fatores naturais (como clima, 
temperatura, umidade, solo, etc.) ou humanos (um modo de produção, 
um saber fazer). Em alguns casos, os produtores e/ou osagentes de uma 
região se organizam para valorizar essas características, mobilizando um 
direito de propriedade intelectual: a Indicação Geográfica. A IG permite 
preservar essas características ou essa reputação e valorizá-las ao nível dos 
consumidores (Figura 1.1).
Portanto, em um primeiro momento, definiremos a IG como sendo um 
nome geográfico que distingue um produto ou serviço de seus semelhan-
tes ou afins, por que este apresenta características diferenciadas que po-
dem ser atribuídos à sua origem geográfica, configurando nestes o reflexo 
de fatores naturais e humanos.
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Indicação 
Geográ�ca
Forma de 
Preservar
• Cultura
• Tradição
• Lealdade
• Reputação
• Constância
• História
• Terroir
• Savoir-Faire
• Registro do Sinal Distintivo
• Marketing
• Publicidade
• Administração
• Controle
Figura 1.1 - O que é uma indicação geográfica.
Fonte: Velloso (2009). 
1.1.1 Uma breve história sobre os sinais distintivos e as 
Indicações Geográficas (IG)
Os diversos sinais distintivos nasceram de um objetivo em comum: dis-
tinguir a origem (seja geográfica ou pessoal) de um produto. A IG e as 
marcas se confundiam na antiguidade. Mesmo na Bíblia, encontram-se in-
dicações de sinais distintivos de uma origem, como os vinhos de En-Gedi3 
e o cedro do Líbano4, além dessa interessante comparação: “Voltarão os 
que habitam à sua sombra; reverdecerão como o trigo, e florescerão como 
a vide; o seu renome será como o do vinho do Líbano” 5.
Na Grécia e em Roma, havia produtos diferenciados justamente pela sua 
origem, como o bronze de Corinto, os tecidos da cidade de Mileto, as os-
tras de Brindisi e o até hoje renomado mármore de Carrara6.
Figura 1. 2 - Bandeira do Líbano, que leva como insígnia seu produto mais típico e 
conhecido desde a antiguidade: o cedro
Fonte: http://perspectivabr.files.wordpress.com 
Acesso realizado em 16 abr. 2014.34
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1Na época dos romanos, já se utilizava a sigla RPA – res publica augustano-
rum, inscrita nos vasos de barro fabricados nos fornos do fisco romano. 
Também eram conhecidos nesta época os vinhos de Falernum, que antes 
de indicar o produtor, indicavam a procedência do produto7
Durante a Idade Média, apareceram as marcas corporativas, utilizadas 
para distinguir os produtos fabricados por um grêmio de uma cidade, de 
um grêmio de outra cidade. Esses grêmios, ou corporações de ofício, pos-
suíam Estatutos e Ordenações que detalhavam todos os aspectos e opera-
ções da produção, fixando as normas que seus associados deviam cumprir 
para fabricar os produtos. 
Para se distinguir os produtos de um grêmio específico, utilizava-se um 
selo, marca local ou gremial que, muitas vezes, era o nome da própria 
cidade ou da localidade. Nesse período, ainda não se utilizavam marcas 
individuais para identificar o fabricante do produto.8
Contudo, havia associados que elaboravam produtos de melhor ou pior 
qualidade. Para distingui-los entre si e para poder responsabilizar os pro-
dutores nos casos em que os produtos eram contrários às boas práticas, 
passou-se a utilizar uma marca. Assim, sobre os produtos começaram a 
aparecer duas marcas: a do fabricante e a do grêmio ou corporação a que 
este pertencia.9
Dessa forma, de uma indicação de origem única à diferenciação entre os 
fabricantes de um produto de uma mesma corporação, vislumbra-se a 
evolução dos signos distintivos. 
A primeira intervenção estatal na proteção de uma IG ocorreu em 1756, 
quando os produtores do Vinho do Porto, em Portugal, procuraram o 
então Primeiro-Ministro do Reino, Marquês de Pombal, em virtude da 
queda nas exportações do produto para a Inglaterra. O Vinho do Porto ha-
via adquirido uma grande notoriedade, o que fez com que outros vinhos 
passassem a se utilizar da denominação “do Porto”, ocasionando redução 
no preço dos negócios dos produtores portugueses.
Em face disso, o Marquês de Pombal realizou determinados atos visan-
do à proteção do Vinho do Porto. Primeiro, agrupou os produtores na 
Companhia dos Vinhos do Porto. Em seguida, mandou fazer a delimita-
ção da área de produção – não era possível proteger a origem do produto 
sem conhecer sua exata área de produção. 
Como também não era possível proteger um produto sem descrevê-lo 
com exatidão, mandou estudar, definir e fixar as características do Vinho 
do Porto e suas regras de produção.
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Por fim, mandou registrar legalmente, por decreto, o nome Porto para 
vinhos, criando, assim, a primeira Denominação de Origem Protegida10.
De certa forma, ainda hoje, esses são os passos a serem seguidos para dar 
proteção estatal a uma indicação geográfica.
Figura 1.3 - Demarcação Pombalina dos vinhedos do Vinho do Porto.
Fonte: http://www.cm-tabuaco.pt
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
No início, os sinais distintivos não eram propriamente protegidos, conse-
quentemente havia muitas falsificações. Alguns países criaram legislações 
nacionais, como a França, para regular o uso indevido. Mas o problema 
persistia quando se tratava do comércio internacional, muito crescente 
em meados do século XVIII. 
Primeiramente países como a França buscaram fazer acordos bilaterais 
que protegessem reciprocamente suas IG. Mas estes acabaram por se 
mostrar muito frágeis e difíceis de serem cumpridos. Os países produ-
tores, especialmente de vinho, optaram então, por organizar um tratado 
internacional, mas do qual os principais países produtores e consumido-
res fizessem parte e se obrigassem mutuamente. Não era apenas a IG, 
mas também outros direitos de propriedade industrial que precisavam 
dessa proteção internacional. E a troca de concessões entre os diversos 
países permitiu que isso se concretizasse por meio da celebração do tra-
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1tado constitutivo da Convenção União de Paris para a proteção da pro-
priedade industrial (CUP), firmado em 1883 e contando com diversas 
revisões e aprimoramentos. Ressalta-se que o Brasil foi um dos países que 
originalmente assinou esse tratado.
O objetivo inicial era coibir a falsa indicação de procedência. Mas a forma de 
sua regulação permitia, por exemplo, o uso de “Champagne” da Califórnia, 
posto que neste caso a verdadeira procedência estaria ressaltada.
Todavia, esta forma de proteção não se mostra suficiente para países 
como a França, que buscaram então um tratado adicional para obter uma 
proteção mais consistente contra o uso da falsa indicação de procedência. 
Este se dá por meio do Acordo de Madri para a Repressão das Falsas 
Indicações de Procedência (Acordo de Madri), firmado em 1891, e con-
tanto também com algumas revisões. Também a este tratado o Brasil ade-
riu originariamente.
O objetivo desse tratado era uma repressão mais efetiva contra o uso das 
falsas indicações de procedência, especialmente para produtos vinícolas. 
Neste caso não se admitiam exceções para esses produtos e também de-
terminava-se que esses não poderiam ser considerados como genéricos, 
como seria o caso de um vinho tipo “champagne”. Todavia, o número de 
adesões foi bem menor que à CUP.
Posteriormente, ocorreu a primeira (1914-1918) e a segunda guerra mun-
dial (1939-1945), intercaladas pela quebra da bolsa de valores de Nova 
York, também conhecida como a Grande Depressão (1929). Após esses 
acontecimentos as relações internacionais, a economia, as trocas comer-
ciais, o mundo é outro.
Somente em 1958 novo avanço se deu em termos de regulação das IG em 
níveis internacionais. A CUP se reuniu novamente e os países tradicional-
mente produtores buscaram uma nova forma de avançar na proteção das 
IG. Tanto a CUP quanto a alteração no Acordo de Madri não avançaram su-
ficientemente para a proteção das IG. Assim, firmou-se o Acordo de Lisboa 
relativo à proteçãodas denominações de origem (Acordo de Lisboa). 
Este prevê uma proteção positiva para as IG, na forma de denominações de 
origem, bem como um reconhecimento recíproco das IG já existentes pelos 
países que firmam esse acordo, mediante um registro internacional.
Também é a primeira vez que se define a denominação de origem como 
sendo uma denominação geográfica de um país, uma região ou uma lo-
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calidade, que serve para designar um produto dele originário, cujas quali-
dades ou características são devidas exclusiva ou essencialmente ao meio 
geográfico, incluindo os fatores naturais e os fatores humanos. 
Esse tratado também prevê a proibição do uso de qualquer IG, mesmo 
que acompanhado da verdadeira origem, proíbe o uso de termos retifi-
cativos, como “tipo” ou “gênero”, e determina que uma IG não pode se 
tornar genérica. 
Todavia, poucos países aderiram a esse acordo, o qual acabou por ter 
uma aplicação muito reduzida. O Brasil tão pouco o assinou. Ressalta-se 
que todos esses acordos a partir de 1967 passam a ser administrados pela 
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Os países pode-
riam participar da OMPI fazendo parte de um ou mais tratados, mas não 
sendo obrigados a assinarem a todos. Um dos problemas da OMPI é que 
esta não possuía um sistema que permitisse que um país fosse punido pelo 
descumprimento de um acordo.
Neste mesmo período pós-guerra, precisamente em 1947, também é 
firmado outro tratado relacionado ao comércio. O Acordo Geral sobre 
Pautas Aduaneiras e Comércio, também conhecido como GATT, evoluiu 
em um período de grande prosperidade econômica, conhecida como anos 
de ouro, que seguiu até o final da década de 1970. 
É neste contexto que os países começam a debater a inclusão no GATT 
da discussão da proteção da propriedade intelectual (e das IG). Isso se con-
cretiza com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 
1994. No âmbito dessa organização, além de tratados relacionados com 
tarifas e comércio, negocia-se e aprova-se o Acordo sobre aspectos dos 
direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio (TRIPS ou 
ADIPC). Este, obrigatório para todos os membros da OMC – que hoje 
conta com mais de 159 países – abarca o previsto pela CUP e estabelece, 
dentre outros, a proteção obrigatória das IG. Deve ficar claro que o TRIPS 
é um acordo que prevê um mínimo, ou seja, o que os seus membros mi-
nimamente devem proteger ou garantir, podendo cada um estabelecer 
formas mais efetivas de proteção.
A IG é definida, em seu artigo 22, “indicações que identifiquem um produto 
como originário do território de um Membro, ou região ou localidade deste 
território, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica 
do produto seja essencialmente atribuída a sua origem geográfica”.
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1Com a adesão à OMC e ao TRIPS consequentemente, por meio do 
Decreto nº 1.355 de 30 de dezembro de 1994, as disposições previstas nes-
se acordo passam a vigorar no Brasil. 
Para colocar em prática essa adesão, o Brasil promulga a Lei 9.279 de 14 de 
maio de 1996. Esta define como se dá a proteção dos direitos de proprie-
dade industrial, e, especialmente em seus artigos 176 a 182, regulamenta 
as IG no Brasil. Não que não houvesse proteção à IG no Brasil anterior-
mente a 1996, todavia essa proteção de dava conforme previsto na CUP e 
no Acordo de Madri, combatendo as falsas indicações de procedência. A 
partir de 1996, tem-se uma proteção positiva desses direitos.
Conforme estudado no Módulo Básico de Propriedade Intelectual, esta lei 
classificou as IG em duas espécies: 
a. indicação de procedência (IP)− que indica o nome geográfico que 
tenha se tornado conhecido pela produção ou fabricação de deter-
minado produto, ou prestação de determinado serviço; e, 
b. denominação de origem (DO)− que indica o nome geográfico do 
local que designa produto, ou serviço, cujas qualidades ou caracte-
rísticas se devam essencialmente ao meio geográfico, incluídos os 
fatores naturais e humanos.
O estudo mais detalhado sobre o TRIPS e a Lei se dará no capítulo 2.
Vale ressaltar que essa implementação de leis que protegiam as IG, seja 
de forma positiva ou combatendo as falsas indicações, também se deu em 
diversos países que aderiram à OMC. Mas, apesar de haver esta previsão, 
ainda não há hoje um registro internacional de IG, e sua proteção conti-
nua se dando de forma territorial, em cada país.
Ao longo de todos esses anos, vimos surgir um grande número de IG, ou 
seja, nomes geográficos que indicam uma origem renomada de um de-
terminado produto: além do Vinho do Porto, podemos citar os casos do 
vinho espumante da região de Champagne, do destilado vínico Cognac, o 
queijo grego Feta, o presunto ou Prosciutto di Parma italiano, o destilado 
mexicano Tequila, os vinhos americanos de Napa Valley, o presunto de 
San Daniele, o Vinho Verde português, etc.
Mais do que apenas indicar a procedência de um produto, as IG tiveram 
como função, ao longo do tempo, garantir determinadas características 
ao produto em decorrência da sua origem. E este uso tem repercussões 
sociais, econômicas e ambientais que serão analisadas no próximo ponto.
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1.1.2 Indicação geográfica: uma prática comercial antiga e 
uma resposta às evoluções dos mercados 
As IG continuam sendo, hoje, um tema da atualidade fortemente debati-
do ao nível internacional e que reflete, em grande parte, a evolução dos 
sistemas agroalimentares (SAA). 
A abertura dos mercados e a circulação acelerada das mercadorias impli-
caram novas formas de regulação entre os diferentes países e à definição 
de regras ao nível internacional de natureza pública (codex alimentarius) 
e privada (eurepGap). 
Além disso, novas práticas comerciais aparecem. Ampliou-se a utilização 
para fins comerciais de termos ou nomes indígenas de produção por pa-
íses terceiros, para poder tornar os seus produtos um pouco mais “exóti-
cos” e atrativos. Foi o caso do Rooibos (Aspalathus linearis), planta da África 
do Sul, que foi registrada como marca nos EUA, por uma empresa priva-
da. O caso também do cupuaçu (Theobroma grandiflorum) do Brasil, que 
foi registrado como marca por uma empresa japonesa, impedindo o uso 
do nome pelos produtores de origem. (Esses casos já foram revertidos).
Outros países usam o nome de uma região para se beneficiar da sua boa re-
putação, ou obter um melhor preço de venda do seu produto. Atualmente, 
6 milhões de quilos de café “Antigua” são produzidos na região de mesmo 
nome, na Guatemala, entretanto, 50 milhões de quilos de café são vendi-
dos no mundo inteiro com esse nome. Do mesmo modo, 10 milhões de 
quilos de chá “Darjeeling” são produzidos na Índia e 30 milhões de quilos 
de chá são vendidos com o mesmo nome no mundo. 
Esses exemplos confirmam como é importante e urgente para os países 
emergentes implantarem e mobilizarem sistemas de proteção do seu pa-
trimônio intangível e da sua biodiversidade. 
Outros fatores explicam essa reatualização do tema das IG. Nós destacare-
mos a seguir o surgimento de nichos de mercados e as mudanças de per-
cepção e de comportamento dos consumidores em relação aos produtos 
tradicionais. 
A) Surgimento de nichos de mercado
Observamos o surgimento de novos nichos de mercados (orgânico, comer-
cio justo, IG)11. Na Tabela 1.1, são apresentados os principais mercados e 
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1estratégias de valorização dos produtos. As indicações geográficas estão 
inseridas nesse movimento global de segmentação dos mercados. De certo 
modo, esse movimento favorece à valorização dos recursos territoriais. 
Novos mercados para produtos tradicionais e agricultura familiar 
Mercado Perfil Exemplos
Especialidades 
O mercadodas especialidades baseia-se na valoriza-
ção de qualidade particular 
associação produto/ localidade / tradição 
Indicação geográfica 
Produtos da terra (mercados da 
terra do movimento Slow Food) 
Produto com Garantia de origem 
(iniciativa privada de empresa de 
distribuição CARREFOUR) 
Orgânicos 
Um produto orgânico é um produto agrícola ou um 
alimento produzido de forma que respeite mais o 
meio ambiente e à saúde. 
Produto da ECOVIDA 
Produto com certificado 
ECOCERT, IBD 
Artesanais Produtos produzidos de forma artesanal 
Indicação geográfica
Produtos coloniais 
Produtos da agricultura familiar 
Solidários 
O movimento do Comércio Justo surgiu da iniciati-
va de organizações e consumidores do Hemisfério 
Norte, visando a melhoria das condições de vida 
de produtores e trabalhadores em desvantagens e 
pouco valorizados nos países do Sul.12
As Redes solidárias são representadas por grupos de 
produtores, consumidores e entidades de assessoria, 
envolvidos na produção, processamento, comercia-
lização e consumo de alimentos agroecológicos.13 
Trata-se de uma nova forma de comercializar os 
produtos agrícolas e de pensar as relações entre o 
mundo rural e urbano. 
Max Havelaar 
Oxfam 
Rede das feiras da ECOVIDA 
Mercados da Terra do Movimento 
Slow food 
Tabela 1.1 Fonte: Cerdan (2009) adaptado de Wilkinson (2008)14
A Figura 1.4 apresenta diversos sinais distintivos de produtos e serviços 
do mundo rural, dando-nos uma ideia de selos e de marcas que surgiram 
nesses últimos dez anos.
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Figura 1.4 - Exemplos de signos distintivos para produtos tradicionais. Podem ser 
observados signos distintivos públicos para a concepção europeia (Appellations 
d’Origine Contrôlée francesa e indicação geográfica protegida europeia), privados 
(Carrefour, Agreco) para produtos agrícolas ou para serviços de hospedagem em 
meio rural (qualité tourisme, acolhida na Colônia, accueil Paysan)
Fonte: Velloso (2009)
B) O gosto da Origem 
Constata-se uma procura cada vez maior, por parte dos consumidores ur-
banos, por produtos de origem. Será que a Origem de um produto tem 
um gosto particular, produz um prazer específico para o consumidor? 
Uma das explicações é a perda da confiança nos produtos alimentares. As 
crises profundas que atingiram os sistemas agroalimentares (doença da 
vaca louca-Encefalopatia Espongiforme Bovina, sementes transgênicas, 
uso de hormônios) provocaram mudanças no nível da percepção dos con-
sumidores. Em reação, iniciou-se um movimento generalizado, exigindo 
mais garantias sobre a origem dos produtos, a sua inocuidade e os seus 
modos de obtenção. Nesse quadro, o nome do produto ou da região de 
origem é reconhecido pelos consumidores e inspira confiança. 
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1Ressaltam-se, também, novos comportamentos de consumidores, como a 
reivindicação regional, cultural ou política. Nesse sentido, o consumidor 
não é mais considerado como um agente passivo, mas um sujeito capaz 
de reagir e promover certos modelos de desenvolvimento. Alguns autores 
falam de “consum’ator”, evidenciando o consumidor engajado, o consu-
midor consciente.
Assim, ao comer um bode assado, um prato de sarapatel, o Nordestino 
manifesta o seu sentimento de pertencer a uma comunidade, a um grupo, 
a uma cultura15. (Figura 1.5)
Figura 1.5 - O gosto da origem e as referências identitárias na região Nordeste. 
Quem viajou por esta região Nordeste ou quem observa essas fotos, se da conta da 
importância da pecuária, das paisagens particulares, das condições climáticas na 
identidade coletiva e do forte consumo dos produtos animais (produtos derivados 
de carne e de queijo) 
A escolha de comprar um produto de origem não é apenas uma prática 
comercial ou uma questão de gosto, é também uma “reivindicação identi-
tária”. Trata-se de consumir o que está mais próximo de si, com a sensação 
de resistir à globalização, de não perder os seus valores.
Cabe salientar que essas evoluções não acontecem apenas para produ-
tos tradicionais e ancorados num território como o Queijo Serrano dos 
campos sulinos do Brasil ou o Tacacá da Amazônia. Surpreendentemente 
essas dinâmicas também referem-se a produtos estandardizados. Vários 
estudos evidenciam a emergência das “Cocas-Cola alternativas” (Figura 
1.6). Trata-se de bebidas de inspiração regional, que promovem um con-
sumo engajado, militante, oscilando entre religião, identidade, política, 
etc., reivindicando uma postura contra a circulação globalizada de certos 
produtos (Coca ColaTM). 
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Figura 1.6 - Interpretações regionais da bebida Coca- Cola
Fonte: http://paragonanubis.files.wordpress.com/2008/05/zamzam-cola-2.jpg
http://www.cdi.org.pe/Noticias_2006/Fotografias/inca_kola.jpg
http://www.tribuneindia.com/2003/20031016/biz1.jpg
http://www.breizhcola.fr/upload/cms/paragraphes/img/l/breizh-cola,-le-cola-bre-
ton--2.jpg
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
1.2. Indicações Geográficas: impactos 
econômicos, sociais e ambientais
1.2.1 A importância das IG na União Europeia
Percebe-se a importância atual das IG na União Europeia, com destaque 
para França, Itália e Espanha, considerando o registro comunitário já con-
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1cedido de quase 3.000 produtos (1.880 para vinhos e 1108 para outros pro-
dutos agroalimentares), conforme as bases de dados E-bacchus e DOOR, 
além dos registros nacionais, que são considerados a seguir 16. A título ilus-
trativo, pode-se sublinhar que as 593 IG da França (466 para vinhos e des-
tilados e 127 para outros produtos) representam um valor de 19 bilhões 
de euros em comércio (16 bilhões para vinhos e destilados e 3 bilhões para 
outros produtos), apoiando 138.000 propriedades agrícolas. 
Da mesma forma, as 420 IG da Itália (300 para vinhos e destilados, e 120 
para outros produtos) correspondem a um volume de receitas de 12 bi-
lhões de euros (5 bilhões para vinhos e destilados e 7 bilhões para outros 
produtos), empregando mais de 300.000 pessoas. Na Espanha, as 123 IG 
rendem 3,5 bilhões de euros, aproximadamente (2,8 bilhões de euros para 
vinhos e destilados e 0,7 bilhões para outros produtos). Entre 1997 e 2001, 
o número de produtores franceses sob IG aumentou 14% enquanto, no 
mesmo período, constatou-se uma diminuição de 4% no número de pro-
dutores. 17
1.2.2 Os benefícios de uma IG
A proteção de uma IG pode imprimir inúmeras vantagens para o produ-
tor, para o consumidor e para a economia da região e do país. O primeiro 
efeito que se espera de uma IG é uma agregação de valor ao produto ou 
um aumento de renda ao produtor. Além disso, os benefícios das IG são 
de diversas dimensões.
Destacam-se os benefícios econômicos (acesso a novos mercados internos 
e exportação), os benefícios sociais e culturais (inserção de produtores ou 
regiões desfavorecidas), benefícios ambientais (preservação da biodiversi-
dade e dos recursos genéticos locais e a preservação do meio ambiente).
Apesar dessa apresentação dos diferentes benefícios possíveis, recomen-
damos considerá-los com cuidado: o registro de uma IG, por si só, não 
garante a priori um sucesso comercial determinado. 
Veja na Tabela 1.2 os principais benefícios observados na Europa e em 
outros países (México, Peru, Chile, África do Sul, Bolívia).
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Principais vantagens da IG
• Gera satisfação ao produtor, que vê seus produtos comercializados no mer-
cado com a IG, valorizando o território e o conhecimento local;
• Facilita a presença de produtos típicos no mercado, que sentirão menos a 
concorrência com outros produtores de preço e qualidade inferiores;
• Contribui para preservar a diversificação da produção agrícola, as particula-
ridadese a personalidade dos produtos, que se constituem num patrimônio 
de cada região e país;
• Aumenta o valor agregado dos produtos, sendo que o ciclo de transforma-
ção se dá na própria zona de produção;
• Estimula a melhoria qualitativa dos produtos, já que são submetidos a con-
troles de produção e elaboração;
• Aumenta a participação no ciclo de comercialização dos produtos e estimu-
la a elevação do seu nível técnico;
• Permite ao consumidor identificar perfeitamente o produto nos métodos 
de produção, fabricação e elaboração do produto, em termos de identidade 
e de tipicidade da região “terroir”;
• Melhora e torna mais estável a demanda do produto, pois cria uma confian-
ça do consumidor que, sob a etiqueta da IG, espera encontrar um produto 
de qualidade e com características determinadas;
• Estimula investimentos na própria zona de produção (novos plantios, me-
lhorias tecnológicas no campo e na agroindústria);
• Melhora a comercialização dos produtos, facilitando o acesso ao mer-
cado através de uma identificação especial (Indicação Geográfica ou 
Denominação de Origem); isso se constata, especialmente, junto às coope-
rativas ou associações de pequenos produtores que, via de regra, possuem 
menor experiência e renome junto ao mercado.
• Gera ganhos de confiança junto ao consumidor quanto à autenticidade dos 
produtos, pela ação dos conselhos reguladores que são criados e da auto-
disciplina que exigem;
• Facilita o marketing, através da IG, que é uma propriedade intelectual cole-
tiva, com vantagens em relação à promoção baseada em marcas comerciais.
• Promove produtos típicos;
• Facilita o combate à fraude, ao contrabando, à contrafação e às usurpações;
• Favorece as exportações e protege os produtos contra a concorrência des-
leal externa.
Tabela 1.2 - Fonte: Silva (2009)
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1Para conhecer os benefícios das IG, consulte os sites: 
http://www.wipo.int/geo_indications/es/
http://www.origin-gi.com 
http://www.origin-food.org/2005/base.php?cat=20 (projeto Europeu 
SINERGI)
http://www.foodquality-origin.org/inicio/es/
Acesso realizado em 09 abr. 2013.
Vamos ilustrar esses benefícios a partir de alguns exemplos citados na lite-
ratura18 e as informações disponíveis na internet. 
1.2.3 Um melhor preço de venda dos produtos e uma 
notoriedade protegida
A valorização dos produtos IG pode ser mensurada. Para os produtores 
de leite franceses, o ganho das produções de queijo com IG valoriza mais 
o litro de leite: enquanto o leite vendido pelos produtores é pago em mé-
dia nacional 0,30 euros o litro, o leite para a fabricação de queijo AOP 
Beaufort é vendido a 0,57 euros o litro. 
O óleo de oliva italiano “Toscano” é vendido 20% mais caro desde o regis-
tro dessa IG em 1998. 
O molho vietnamita IG “Nuoc Mam de Phu Quoc” é outro exemplo: de-
pois que a proteção de IG foi aceita em 2001, o valor desse produto tripli-
cou, passando de 0,5 euros o litro, em 2000, a 1,5 euros o litro em 2003.
Na China, o reconhecimento do álcool de arroz amarelo de Shaoxing, 
como IG, permitiu reduzir os contrabandos provenientes de Taiwan e do 
Japão. Os preços aumentaram em 20%, o mercado interno se desenvolveu 
e as exportações para o Japão aumentaram em 14%.
De modo geral, sobre preço observado nas IG europeias (AOP e IGP) 
variam entre 10 e 15%. 
1.2.4 Novas regras coletivas, inovações e relações equilibradas 
nas cadeias produtivas
A presença de regras coletivas, visando fixar os preços e estabelecer con-
tratos entre os processadores e os produtores, melhora a competitividade 
da cadeia produtiva. 
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Os consumidores sabem de onde vêm os produtos, os produtores sabem 
para onde vão os produtos. A IG favorece uma distribuição equilibrada da 
mais-valia em toda a cadeia produtiva e neutraliza mais eficazmente os 
comportamentos oportunistas intra-cadeia produtiva.19
No Brasil, a implantação da Indicação de Procedência (IP) Carne do 
Pampa Gaúcho da Campanha Meridional se baseia em um controle preci-
so da procedência dos animais. Assim, se o consumidor desejar, ele pode, 
a partir do código de barra, verificar no site da associação de qual animal 
vem o corte de carne que ele acaba de comprar, conhecer a fazenda de 
produção e sua localização. 
O regulamento da IP Vale dos Vinhedos20 incorporou 12 inovações em relação 
à produção convencional de vinhos no Brasil. Tais inovações incluem aspectos 
da produção, do controle e da comercialização de vinhos de qualidade.20
As IG também reforçam o valor e, sobretudo, a credibilidade do trabalho 
do produtor junto aos consumidores.
Visite o site da APROPAMPA no endereço eletrônico abaixo e conheça a 
origem da carne a partir do código de barras. 
www.carnedopampagaucho.com.br
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
1.2.5 Novas oportunidades para as regiões pobres ou 
desfavorecidas
As IG são, com frequência, originárias de regiões agrícolas desfavorecidas, 
onde os produtores não têm condições de reduzir o custo de produção. 
Dessa forma, eles são levados a apostar na valorização da qualidade e dos 
conhecimentos locais (savoir-faire). 
Apresentamos como exemplo a Champagne (França) que era uma região po-
bre, situada no limite norte da zona climática de produção de uvas, com solos 
geralmente ácidos. O método “champenoise” de vinificação, bem adaptado às 
dificuldades dessa matéria-prima, permitiu o sucesso econômico que conhe-
cemos hoje. A maioria das denominações de origem de queijos, na França, 
está situada em regiões de montanha ou classificadas como zonas difíceis. 
Um dos elementos chaves das IG foi de promover, criar e implementar no-
vas formas de governança local e de regulação entre os diferentes agentes 
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1da cadeia produtiva. A emergência de comitês interprofissionais e a busca 
de uma melhor harmonização dos interesses entre os diferentes agentes 
permitiram o fortalecimento da região e dos produtores. 
1.2.6 Região de produção mais atrativa
A presença de um produto com IG numa região pesa na decisão de jovens 
agricultores pela instalação ou implantação de empresas, à medida que ela 
induz uma estruturação em setores e uma remuneração a priori garanti-
da. Essa atratividade oferece novas perspectivas em termos de emprego, 
permitindo aos jovens permanecerem em suas regiões. 
Ela pode se traduzir, com frequência, por um aumento do preço das ter-
ras agrícolas na região. A valorização do preço das terras na IP Vale dos 
Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), aumentou de 200 a 500%.21
1.2.7 Sinergia entre produto com IG e outras atividades numa 
região
O reconhecimento de uma IG, em uma região, pode induzir a abertura e 
o fortalecimento de atividades e de serviços complementares, relaciona-
das à valorização do patrimônio, à diversificação da oferta, às atividades 
turísticas (acolhida de turistas, rota turística, organização de eventos cul-
turais e gastronômicos), ampliando o número de beneficiários. 
A construção de cestas de bens e de serviços22 é uma forma de articular 
atividades, produtos e serviços para compor uma oferta global. Cria-se 
sinergia entre agentes locais, entre o produto ou serviço da IG e outras 
atividades de produção ou de serviço.
Na Serra Gaúcha, a forte competição dos vinhos no mercado nacional levou 
as vinícolas a investirem no desenvolvimento do turismo local ao redor do 
vinho e da cultura italiana. Assim, desenvolveram-se numerosas atividades 
relacionadas com alojamento (hotéis, pousadas), gastronomia (restauran-
tes, fabricação artesanal de produtos típicos), enologia e imigração italiana. 
Em Roquefort (França), os agentes políticos e turísticos se apoiam na no-
toriedade internacional do queijo para assegurar a promoção de um ter-
ritório. Além de uma bacia de produçãode leite e queijo fortemente es-
truturada, a AOC Roquefort contribuiu para o surgimento de uma oferta 
turística localizada.
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Os produtores de Paraty (RJ) aproveitaram a atividade turística da cidade 
para relançar uma produção tradicional, a cachaça. Paraty é uma cidade 
pequena, classificada como Patrimônio Histórico Nacional desde 1958, 
com grande afluência turística o ano todo.
Visite o site do Vale dos Vinhedos e dos Caminhos de Pedra e avalie o 
nível de integração das atividades. 
http://www.valedosvinhedos.com.br/
http://www.caminhosdepedra.org.br/
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
1.2.8 O orgulho do homem por seu produto, sua região, sua 
identidade e sua iniciativa coletiva
Os agricultores na França estimam com a produção de leite com 
Appellation d’Origine Contrôlée é mais interessante, pois está fundamen-
tada em uma finalidade concreta: o produto de origem, ele mesmo car-
regando os valores positivos.23 Esse apego dos produtores ao seu novo 
estatuto é observado em diversas cadeias produtivas (vinhos, queijos).
Os membros da APROPAMPA (Associação dos Produtores de Carne do 
Pampa Gaúcho da Campanha Meridional) e da PROGOETHE (Associação 
dos Produtores de Uva e de Vinho de Goethe da Região de Urussanga) 
demonstram uma grande satisfação pela sua iniciativa coletiva. Eles de-
clararam estar dispostos a participar de novas instâncias particulares ou 
públicas para testemunhar suas experiências e contribuir na construção de 
um projeto favorável à região, da qual eles têm muito orgulho.24
1.2.9 Preservação e valorização do patrimônio biológico e 
cultural
As IG exprimem o reconhecimento de um patrimônio agrícola, gastronô-
mico, artesanal e/ou cultural, que elas contribuem para conservar. Uma 
raça animal, uma variedade vegetal, uma paisagem, um ecossistema, cor-
respondem a um acúmulo de conhecimentos, de práticas e de adaptação.
Numerosas IG são baseadas em recursos genéticos locais e valorizam essa 
biodiversidade: 
• O óleo de “arganier”, arbusto espinhoso do Marrocos. 
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1• O vinho dos Vales da Uva Goethe é produzido a partir de uma varie-
dade de uva que estava desaparecendo da região (variedade Goethe). 
• O regulamento de uso da produção de carne do Pampa Gaúcho da 
Campanha Meridional propõe uma exploração consciente dos cam-
pos do Pampa Gaúcho para a alimentação do gado bovino. 
1.2.10 Uma imagem de qualidade e de excelência
Os produtos sob IG induzem uma imagem de excelência nos territórios rurais 
claramente identificados. Muitos são os nomes das IG que evocam sensações 
gustativas originais e fazem surgir imagens de paisagens agrícolas emblemáti-
cas: os vinhedos da região de Bordeaux (França), os vinhedos da Serra Gaúcha, 
os vastos campos verdes do Pampa Gaúcho, a selva e a floresta Amazônica. 
Com frequência, encontramos essas imagens nos cartazes e prospectos 
publicitários dos produtos com IG. Nesse sentido, as IG podem desempe-
nhar um papel importante na proteção, gestão ou criação de paisagens: 
exprimindo-se de múltiplas maneiras (terraços, modificações em cursos 
de água, etc.); concentração de uma vegetação particular induzida pela 
produção considerada (videira, pomares, campos, etc.); presença de ani-
mais de raças específicas, contribuindo, eles também, a tipificar fortemen-
te a paisagem local; inserção na paisagem de construções estreitamente 
ligadas à atividade de produção destacada pela IG.25 
Essa atenção particular nos permite considerar relações possíveis entre 
produção típica (IG) e desenvolvimento sustentável (preservação do meio 
ambiente). 
1.2.11 Uma resposta aos desafios da sustentabilidade 
ecológica do território
No caso da IG, a qualidade não se reduz apenas ao produto, ela também 
define regras de preservação e valorização do meio ambiente, do homem 
com sua organização, história e cultura. 
Além da inscrição possível de regras visando à preservação do meio am-
biente, os promotores dos projetos de IG no Brasil se encontram geral-
mente mobilizados para discutir problemas ambientais de sua região, para 
se comprometerem com projetos de preservação dos recursos naturais. 
O interesse da ONG Internacional “BirdLife” de associar os produtores 
da APROPAMPA nas suas ações de conservação do bioma Pampa se ins-
creve dentro dessa perspectiva. BirdLife Internacional é um movimento 
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de conservação da natureza e dos pássaros, cuja esfera de ação se estende 
desde a ação local até àquela de nível político internacional. Suas ativida-
des repousam em parceiros nacionais que demonstraram capacidade para 
a utilização do meio ambiente de forma sustentável.
Conheça as atividades da “BirdLife” com os produtores da APROPAMPA 
http://www.birdlife.org/worldwide/national/brazil/index.html
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
Além da viabilidade econômica, que concerne aos produtores propriamen-
te ditos, as IG contribuem para o desenvolvimento territorial através de ati-
vidades específicas que, por efeito, agem sobre a economia local (turismo, 
atividades conexas, etc.) e sobre o patrimônio e por uma resposta adequada 
às demandas sociais (paisagens, bem estar animal, comércio justo).
1.3 Relativizando o sucesso e refletindo as IG 
Esses indicadores, referidos anteriormente, geralmente são avaliados por 
métodos qualitativos que refletem, com frequência, as opiniões ou os 
pontos de vista de alguns agentes. É difícil distinguir o que é causado pela 
proteção legal versus o sistema de regras da IG. Pode-se cogitar que uma 
formalização da produção com outro signo distintivo poderia contribuir 
da mesma forma ao desenvolvimento rural. 
Portanto, é importante considerar essas informações com cuidado, anali-
sando quem avalia a experiência (técnicos, produtores, comerciantes, pes-
soa externa ao processo) e quais são os seus interesses. 
Existe também riscos potenciais na implementação de uma IG. Em certas 
situações, o sucesso econômico do produto (valor agregado) pode gerar 
efeitos negativos numa produção específica ou num território. 
O reconhecimento de um produto pode induzir à sobre-exploração de 
recursos específicos no mercado. Hoje, por exemplo, não se sabe se os 
sistemas agrícolas tradicionais de produção de mandioca ou de inhame da 
África ou de outros países da América Latina, serão capazes de responder 
e de se adaptar ao crescimento da demanda relacionada ao reconhecimen-
to do produto. De acordo com alguns especialistas, ele pode induzir uma 
sobre-exploração das terras. 
Em muitas situações, tem-se demonstrado que a IG pode ser um instru-
mento de mercado e/ou de desenvolvimento rural relevante, oferecendo 
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1novas oportunidades para as regiões rurais. Entretanto, os efeitos das IG 
no desenvolvimento rural não são automáticos ou determinados previa-
mente; eles dependem de vários elementos internos ao sistema de IG, as-
sim como de vários fatores externos, sendo o mais importante o apoio do 
quadro institucional (presença de instituições de apoio, políticas públicas 
voltadas para a promoção das IG). 
1.4 Fatores chaves para o sucesso de uma IG 
Algumas experiências permitem identificar quais são os fatores importan-
tes para garantir o sucesso de uma IG.26 
• Uma organização de produtores e de agentes territoriais, sensibiliza-
da e preparada (capacitação) para promover e proteger o seu produto; 
• Produto(s) com reputação e/ou características valorizadas nos mer-
cados - os consumidores serão capazes de reconhecer essa diferença;
• Potencial de coordenação na cadeia produtiva (incluindo se possível 
os diferentes elos da cadeia);
• Apoio financeiro e técnico nas fases iniciais de reconhecimento e 
implantação da iniciativa e no manejo das IG;• Uma promoção nacional do conceito de IG; 
• Uma organização das leis de fiscalização em nível federal e estadual, 
bem como estudos no sentido de preservar a tipicidade dos produtos; 
• Políticas públicas voltadas para o reconhecimento e manutenção 
das IG;
A IG se constitui em um elemento importante da política agrícola comum 
da União Europeia. Na França, a origem da política pública para apoiar 
as IG surgiu das pressões dos produtores de vinhos e dos negociantes da 
região da Bourgogne para lutar contra as práticas de usurpação.
Progressivamente, a política de qualidade se tornou mais ampla. Os prin-
cípios que orientaram o desenho das políticas públicas rurais passaram a 
destacar os benefícios das IG, enfatizando as iniciativas como instrumento 
potencial para uma política de desenvolvimento rural. 
Hoje, existem movimentos sócio-políticos ao redor das IG, como: Slow 
Food, ORIGIN e Associação das regiões europeias dos produtos de ori-
gem. Constituíram-se, assim, redes de ação política (policy networks).
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Principais justificativas e orientações das políticas de proteção 
da origem e da qualidade na França.
Período
Justificação das políticas de proteção da origem e da 
qualidade
1905-1970
Regras da concorrência, um sistema de concorrência 
justa e leal
1970-1985
Regulação da oferta agrícola, Regulação do mercado, 
diversificação / segmentação dos mercados
Intervenção do Estado na oferta agrícola 
1985-2000
Desenvolvimento territorial, desenvolvimento rural, 
Política econômica local, externa, desenvolvimento 
agrícola/desenvolvimento rural
A partir do ano 
2000
Direitos de propriedade intelectual e proteção dos 
saberes
Patrimônio e conservação dos recursos (culturais e 
biológicas) Biodiversidade, proteção dos saberes locais
Tabela 1.3 - Fonte: SYLVANDER B. et al. (2005)
No Brasil, uma política pública de proteção da origem para o setor agrí-
cola começa a ser definida e estruturada. Além disso, observamos uma 
convergência de diferentes programas, que podem contribuir para a cons-
trução de um quadro institucional favorável ao desenvolvimento das IG.
A Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), 
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), tem, en-
tre seus objetivos, contribuir para a formulação da política agrícola no que 
se refere ao desenvolvimento do agronegócio. A Portaria nº 85, de 10 de 
abril de 2006, formalizou a criação de uma coordenação para planejamen-
to, fomento, coordenação, supervisão e avaliação das atividades, progra-
mas e ações de IG de produtos agropecuários brasileiros. 
Dessa forma, foi oficializada a atuação do MAPA nas questões que envolvem IG 
de produtos agropecuários. Desde a sua criação, essa coordenação está apoiada 
em várias iniciativas que oferecem capacitação e apoio financeiro para a organi-
zação dos produtores e realização de estudos para promoção e reconhecimento 
de uma IG. Recentemente o Decreto n. 8.198, de 20 de fevereiro de 2014, que 
regulamenta a Lei do Vinho, também atribuiu em seu art. 55 competências es-
pecíficas ao MAPA relacionadas ao controle das IG vitivinícolas.”
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI possui atribuição 
legal para estabelecer as condições de registro das IG no Brasil, segundo 
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1o artigo 182, parágrafo único, da lei 9.279/1996. E este, desde 1997, tem 
orientado associações e instituições no registro da IG.
Existem, também, outros programas de políticas públicas ou iniciativas 
convergentes apoiadas por outros ministérios: o registro de certos produtos 
nos livros do Patrimônio Imaterial27, as políticas e programas do Ministério 
do Meio Ambiente (MMA) à agroecologia, o movimento Slow Food, o 
apoio à comercialização dos produtos da agricultura familiar coordenado 
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Recentemente, a 
Portaria n°45, de 28 de Julho de 2009 instituíu o Selo de Identificação da 
Participação da Agricultura Familiar e dispõe sobre os critérios e procedi-
mentos relativos à permissão, manutenção, extinção de uso. 
Desde 2007, o programa de cooperação técnica Brasil-França para o fortale-
cimento da gestão integrada e participativa em mosaicos de áreas protegidas, 
desenvolve atividades sobre a valorização da identidade territorial e a valo-
rização dos produtos, recursos, serviços, cultura e tradição. Esses diferentes 
programas consideram as IG como um elemento potencial para o desenvol-
vimento rural, a preservação da biodiversidade e do meio ambiente. 
De maneira mais geral, o panorama das políticas para o desenvolvimento ru-
ral na América Latina e no Brasil foi marcado pela emergência da abordagem 
territorial. O que significa uma busca de articulações entre municípios e entre 
setores, uma atenção maior para a valorização dos recursos locais, das rique-
zas dos territórios, assim como para uma inserção mais forte das populações 
na execução e elaboração dos programas (fóruns participativos). 
Esses elementos podem contribuir para a implementação de um quadro ins-
titucional favorável e uma valorização dos produtos típicos ou produtos da 
terra pelos consumidores, elementos chaves para o desenvolvimento das IG 
no Brasil. 
Para conhecer as orientações e diretrizes da política agrícola e de desen-
volvimento rural nacional assim como as orientações para salvaguardar 
o patrimônio imaterial brasileiro, visite o site do MAPA, do MDA, e do 
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN):
www.agricultura.gov.br -> Desenvolvimento Sustentável -> Indicação 
 Geográfica 
www.mda.gov.br/saf/
www.iphan.gov.br
Acesso realizado em 16 abr. 2014.
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Resumo
Neste capítulo, vimos que a IG se tornou relevante para os agentes do 
mundo rural no contexto da globalização da economia e da abertura dos 
mercados.
Verificamos que as IG constituem um meio de valorizar uma localidade/
região e um país de origem. Elas podem transformar-se em instrumento 
de competitividade no mercado e/ou instrumento de desenvolvimento 
rural, trazendo uma série de benefícios potenciais:
a. benefícios econômicos (abertura de mercado, agregação de valor);
b. benefícios sociais (emprego, dinamização de regiões carentes); 
c. benefícios ambientais (preservação da biodiversidade, práticas pro-
dutivas mas adequada para o meio ambiente).
Observamos, ainda, que os efeitos das IG no desenvolvimento rural não 
são automáticos, dependem de fatores internos – como a organização de 
seus produtores – e de fatores externos, tais como a presença de institui-
ções de apoio e políticas públicas voltadas para a promoção das IG.
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1Notas 
1. KAKUTA et al., 2006.
2. http://www.inao.gouv.fr/, acesso em 09/04/2013.
3. BÍBLIA, Cânticos, I, 14.
4. BÍBLIA, Cânticos, III, 9, e Reis, V, 6.
5. OSÉIAS, 2010.
6. ALMEIDA, 2010 
7. ALMEIDA, 2010.
8. PÉREZ ÁLVARES, 2009.
9. BRUCH, 2011.
10. A descrição do processo de proteção do Vinho do Porto foi re-
alizada por Ana Soeiro, em sua palestra proferida no painel 
“Indicações Geográficas como instrumento de competitivida-
de estratégica de organizações”, em 9 de outubro de 2008, às 
13:00h, no Simpósio Internacional sobre Indicações Geográficas 
ocorrido em Porto Alegre.
11. WILKINSON, 2008
12. MASCARENHAS, 2007.
13. ANDION, 2007.
14. WILKINSON, 2008, p.17
15. EUROPA, 2013.
16. CERDAN, 2004
17. DUPONT, 2005.
18. SAUTIER, 2004; LARSON, 2007.
19. RANGNEKAR, 2004.
20. APROVALE, 2010.
21. TONIETTO, 2002; LOCATELLI, 2008.
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1
22. LOCATELLI, 2006, 2008.
23. PECQUEUR, 2001.
24. FRAYSSIGNES, 2005.
25. CERDAN et al., 2009.

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