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2 NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER CICLOS DE REVISÃO TJ/SP PARTE II Sumário DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................................. 6 1. Constitucionalismo e teoria da constituição. 2. Constituição e Neoconstitucionalismo. ................... 6 3. Poder Constituinte. 4. Emendas Constitucionais. 9. Mutação Constitucional. 10. Reforma e Revisão Constitucional. .............................................................................................................................................. 7 7. Evolução político-constitucional brasileira. As Constituições Brasileiras............................................ 8 8. Normas Constitucionais: Hermenêutica e Filosofia Constitucional. Métodos de Interpretação. Aplicabilidade e Eficácia. 11. Normas Constitucionais. ............................................................................. 9 5. Organização do Estado. Estado de Direito Democrático. 6. Federação. Origens. A Federação Brasileira. Competências legislativas dos entes federados - Autonomia financeira, administrativa e política dos entes federados. ..................................................................................................................... 10 1. PARTILHA DE COMPETÊNCIA ............................................................................................................. 10 2. AUTONOMIA DOS ENTES FEDERADOS .............................................................................................. 11 3. PARTICIPAÇÃO DOS ENTES NA FORMAÇÃO DA VONTADE DO ESTADO. ....................................... 11 4. EXISTÊNCIA DE RECURSOS PRÓPRIOS PARA CADA ENTE. ............................................................. 12 12. Controle da constitucionalidade. Controle da constitucionalidade Difuso. Controle da constitucionalidade Abstrato. Controle da Constitucionalidade em âmbito estadual. A Constituição do Estado de São Paulo como parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. 32. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. O controle difuso de constitucionalidade. Mandado de Injunção. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. ............... 13 13. Processo legislativo. Processo legislativo e reforma constitucional. ................................................ 17 14. Intervenção Federal e Estadual. ........................................................................................................... 18 15. Poder Legislativo. ................................................................................................................................. 20 16. Poder Executivo. ................................................................................................................................... 22 17. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. 26. Princípios de Defesa na Constituição Federal. ........................................................................................................................................................ 23 18. A Organização dos Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. 19. Ministério Público. 30. Funções essenciais da Justiça. Ministério Público, Advocacia e Defensoria Pública. ........................... 24 20. Direitos Fundamentais. Tratados e convenções internacionais. 23. Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais Coletivos. 25. Garantias Fundamentais. 22. Ações constitucionais. ................ 26 21. Direitos sociais e coletivos. 37. Ordem Social. Educação e Cultura. Ciência e Tecnologia. Comunicação Social. Meio Ambiente. Família, Criança, Adolescente e Idoso. Direito à Proteção Especial. Índios. ......................................................................................................................................... 30 24. Direitos de cidadania. Direito de sufrágio. Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular. .................. 31 27. Princípios constitucionais da Administração Pública. ........................................................................ 32 28. Poder Judiciário. 29. A Emenda Constitucional n° 45. 31. Poder Judiciário. Direitos, garantias e deveres da Magistratura. O Estatuto da Magistratura. Atividade correcional. 33. Supremo Tribunal Federal. Conselho Nacional de Justiça. Superior Tribunal de Justiça. Tribunal Superior Eleitoral. Tribunais Regionais e Juízes Federais. 34. Poder Judiciário. Tribunais e Juízes Estaduais. Tribunal de 3 Justiça do Estado de São Paulo. Disciplina do Poder Judiciário na Constituição Paulista. O controle de constitucionalidade dos atos estaduais e municipais. ............................................................................. 32 36. Tributação e Orçamento. Sistema tributário nacional e finanças públicas. 35. Ordem Econômica e Financeira. Disciplina da Ordem Econômica na Constituição Paulista. .................................................. 33 DIREITO CIVIL ..................................................................................................................................................36 1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. ..............................................................................36 2. Capacidade. Direitos da Personalidade. Pessoas naturais. Início da personalidade e morte. .......... 38 3. Pessoas jurídicas. Desconsideração da personalidade jurídica. Domicílio. Bens. Bens de família... 40 4. Fatos jurídicos. Negócios Jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação. ........................................................................................................................................... 41 5. Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo. .................................................................................................................................................................... 42 6. Invalidade do Negócio Jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade. ..... 43 7. Ato lícito e ato ilícito. Abuso de direito. Teoria da aparência. Prescrição e decadência. Da prova. 45 8. Obrigações. Obrigações de dar, fazer e não fazer. Obrigações alternativas. Obrigações divisíveis e indivisíveis. Obrigações Solidárias. .......................................................................................................... 46 12. Inadimplemento das obrigações. Mora. Perdas e danos. Juros legais e cláusula penal ................. 49 (1) MORA EX RE x MORA EX PERSONA ................................................................................................ 49 (2) ARRAS CONFIRMATÓRIAS x ARRAS PENITENCIAIS ...................................................................... 50 (3) JUROS MORATÓRIOS x CORREÇÃO MONETÁRIA .......................................................................... 51 (4) CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA x COMPENSATÓRIA ................................................................... 52 14. Contratos. Classificação dos contratos. Contratos de adesão. Contrato aleatório. Contrato com pessoa a declarar. Contrato preliminar. ................................................................................................... 53 15. Formação dos contratos. Contratos por tempo determinado e indeterminado. Efeitos dos contratos. Estipulação em favor de terceiros. ......................................................................................... 53 16. Cláusulas gerais. Conceitos legais indeterminados. Conceitos determinados pela função. Interpretação dos contratos...................................................................................................................... 53 17. Vícios redibitórios. Evicção. Extinção dos contratos. ......................................................................... 53 18. Compra e venda. Cláusulas especiais. Promessa de compra e venda. Troca ou permuta. Contrato estimatório. Doação. ................................................................................................................................. 54 19. Locação de coisas. Locação de imóveis urbanos. Comodato. Mútuo. Prestação de serviço. Empreitada. Depósito. Mandato. Comissão. Corretagem. Transporte. Fiança. .................................... 54 20. Seguro. Disposições gerais. Seguro de dano e seguro de pessoa. Contratos referentes a planos e seguros privados de assistência à saúde.................................................................................................. 54 21. Transação. Atos unilaterais. Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa.............................. 54 1. CONTRATO DE COMPRA E VENDA .................................................................................................... 54 2. CONTRATO DE DOAÇÃO ................................................................................................................... 56 3. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO (COMODATO E MÚTUO) ................................................................. 58 4. DEMAIS ESPÉCIES CONTRATUAIS .................................................................................................... 58 22. Responsabilidade civil. Requisitos. Responsabilidade por fato de outrem. Responsabilidade sem culpa. ........................................................................................................................................................... 61 23.Responsabilidade pela perda de uma chance. Dano moral. Dano estético. Indenização do dano material e do dano moral. .......................................................................................................................... 61 24. Posse. Aquisição, perda e efeitos. Propriedade. Aquisição da propriedade imóvel e móvel. Perda da propriedade. Usucapião. Desapropriação judicial por interesse social. ............................................63 1. POSSE .................................................................................................................................................. 64 4 2. PROPRIEDADE ................................................................................................................................... 65 25. Condomínio geral. Condomínio edilício. Direitos de vizinhança. Direito de Superfície. ................ 68 26. Direitos reais sobre coisas alheias: servidões, usufruto, uso e habitação. ...................................... 68 27. Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor e suas espécies........................................................... 68 27. Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor e suas espécies............................................................70 28. Propriedade resolúvel. Propriedade fiduciária. Alienação fiduciária em garantia no Código Civil e na legislação extravagante ........................................................................................................................ 71 29. Direito real de aquisição. Loteamento. Incorporação imobiliária. ................................................... 72 30. Família. Conceito e modalidades de família. Casamento. Processo matrimonial. Celebração. Forma. Modalidades. .................................................................................................................................. 72 31. Casamento: natureza jurídica, existência, validade e eficácia. Impedimentos e causas suspensivas. Casamento putativo. Uniões estáveis. Concubinato. Deveres conjugais. .............................................. 73 32. Regime de bens. Pacto antenupcial. Dissolução da sociedade conjugal. ......................................... 75 33. Paternidade e filiação. Paternidade post mortem. Filiação por reprodução assistida. Reconhecimento da paternidade. Paternidade biológica e socioafetiva. Poder familiar. Alimentos. Alienação parental. .....................................................................................................................................76 34. Família substituta. Perda do poder familiar. Guarda. Tutela e curatela. ......................................... 82 35. Sucessões. A herança e sua administração. Vocação hereditária. Aceitação e renúncia da herança. Cessão de herança. Excluídos da herança. Deserdação. Sucessão Legítima. Sucessão do companheiro. ............................................................................................................................................. 83 36. Sucessão testamentária. Testamento. Formas de testamento. Disposições testamentárias. Codicilo. Fideicomisso. Legados. Direito de acrescer e substituições. Execução do testamento. ...... 84 37. Sonegados. Redução das disposições testamentárias. Revogação, rompimento e anulação do testamento. Testamenteiro. Inventário e partilha. ................................................................................ 84 38. Direito de autor. Registros Públicos....................................................................................................87 39. Interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos em juízo: princípios gerais. .......................................................................... 89 40. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal ...................................... 89 DIREITO EMPRESARIAL ..................................................................................................................................93 1. Origens e história do Direito Comercial. Teoria dos atos de comércio. ..............................................93 Teoria da empresa e atividade empresarial e mercado. ..........................................................................93 2. O Direito Civil e o Direito Comercial: autonomia ou unificação. Fontes do Direito Comercial. Os perfis do mercado. .................................................................................................................................... 94 3. Princípios constitucionais econômicos e sua instrumentalidade para o funcionamento do mercado. .................................................................................................................................................... 94 4. Direito de Empresa no Código Civil A empresa e o empresário. Noção econômica e jurídica de empresa. Empresário e sociedade empresária. A atividade empresarial. Capacidade. Empresário rural. Obrigações gerais dos empresários. ...............................................................................................95 5. Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Escrituração e demonstrações contábeis periódicas...................................................................................................................................97 6. Empresa individual de responsabilidade limitada. Estabelecimento empresarial. Nome empresarial. Direitos e Obrigações relativas à propriedade industrial: Lei nº 9.279, de 14/5/1996. ......97 1. EIRELI .................................................................................................................................................. 98 2. Estabelecimento ................................................................................................................................ 98 3. Nomeempresarial ............................................................................................................................. 99 4. Propriedade industrial ...................................................................................................................... 99 5 7. Disciplina jurídica da concorrência. Concorrência desleal. Repressão civil e penal. Infração da ordem econômica. Sanções por infração da ordem econômica. .......................................................... 100 8. A atividade empresarial e a publicidade: tutela do consumidor. ...................................................... 103 15. O empresário e a relação de consumo. Da tutela contratual dos consumidores. .......................... 103 9. Teoria Geral do Direito Societário. Ato constitutivo das sociedades. Classificação das sociedades. Da sociedade não personificada e personificada. Sociedades simples e sociedades empresárias. Registro Público das sociedades. Sociedade rural. Desconsideração da personalidade jurídica. ...... 104 10.Sociedade limitada. .............................................................................................................................. 106 11. Sociedade anônima (Lei nº 6.404/76). ................................................................................................. 107 12. Teoria Geral dos Títulos de Crédito. Títulos de crédito no Código Civil. Letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata. Títulos de crédito impróprios. Títulos bancários. Títulos do agronegócio. Títulos eletrônicos ou virtuais. ......................................................................................... 109 1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS ......................................................................................... 109 2. PRINCÍPIOS........................................................................................................................................ 109 3. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................................. 110 4. TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE ................................................................................................... 111 5. ATOS CAMBIÁRIOS ............................................................................................................................ 114 13. Teoria Geral do direito dos contratos. O Comércio eletrônico. Contratos empresariais. Compra e venda mercantil. Contratos de colaboração. ........................................................................................... 117 14. Contratos bancários. Mútuo, fiança, penhor e seguro. Arrendamento mercantil. Fomento Mercantil. Franquia. Alienação fiduciária em garantia. Cartões de Crédito. Transporte de carga, fretamento e armazenagem. Agenciamento de publicidade. ................................................................ 117 16.Teoria Geral da Falência. Falência na Lei nº 11.101/2005. Órgãos da falência. Efeitos da falência. Processo de falência. Pedidos de restituição. Da ineficácia e da revogação de atos praticados antes da falência. Realização do ativo. Classificação e pagamento dos credores. Encerramento da falência. Liquidação extrajudicial de instituições financeiras e entidades equiparadas. ................................... 120 17.Teoria Geral da Recuperação da empresa. Recuperação judicial e recuperação extrajudicial. Órgãos da recuperação judicial. Processo da recuperação. Verificação dos créditos. ........................ 125 6 DIREITO CONSTITUCIONAL1 1. Constitucionalismo e teoria da constituição. 2. Constituição e Neoconstitucionalismo. • O QUE É CONSTITUCIONALISMO? o (a) Sentido amplo � existência de uma Constituição em determinado Estado. o (b) Sentido estrito � está relacionado a duas ideias básicas e fundamentais: (i) garantia de direitos e (ii) limitação do poder. CONSTITUCIONALISMO INGLÊS CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS CONSTITUCIONALISMO AMERICANO - Primeiro a nascer - Valorização da tradição constitucional - Ha vários textos e documentos constitucionais - Modelo recessivo - Revolução francesa (ruptura) - Primeira CF escrita da Europa (1791) - Valorização do Legislativo -Desconfiança em relação ao judiciário - CF é norma, logo, pode ser invocada perante o Judiciário - Primeira CF do mundo moderno (1776) - Constitucionalismo liberal - Modelo expandiu no pós-2ª guerra NEOCONSTITUCIONALISMO (a) Marco histórico Mundo: 2ª guerra mundial Brasil: CF/88 (b) Marco filosófico Pós-positivismo (c) Marco Teórico (i) Força normativa da CF (ii) Expansão da jurisdição constitucional (iii) Nova interpretação constitucional TIPOS DE CONSTITUIÇÃO 1. QUANTO À FORMA (a) Escrita/dogmática: formalizada em um texto escrito. (b) Não escrita/histórica: não há texto único centralizado. 2. QUANTO À ESTABILIDADE (a) Flexível: é alterada da mesma forma que as leis inferiores. (b) Semirrígida: uma parte é flexível e outra é rígida. (c) Rígida: a alteração é mais difícil do que as leis inferiores. (d) Super-rígidas: uma parte é rígida e outra é imutável. (e) Imutáveis: todo o texto é imutável. 3. QUANTO À ORIGEM (a) Outorgada: imposta pelo detentor do poder. (b) Promulgada: elaborada com ampla participação popular. (c) Cesarista (Bonapartista): o soberano edita o texto e, posteriormente, o submete a um referendo popular. (d) Pactuada (dualista): elaborada através de um pacto feito realizado 1 Por Luiz Fernando. 7 entre os detentores do poder político. 4. QUANTO À VOLUNTARIEDADE (a) Heterônoma: é aquela que é imposta por outro país. (b) Autônoma: elaborada pelo próprio país. 5. QUANTO À EXTENSÃO (a) Sintética/concisa: apenas definem os princípios gerais da organização do Estado. (b) Analítica/prolixa: trata de muitos temas. 6. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES (a) Dirigente: traça metas. (b) Normativa: sai do papel. (c) Nominal: não consegue sair do papel. (d) Semântica: legitima o status quo injusto. (e) Ortodoxa: comprometida com uma ideologia específica. (f) Compromissária (pluralista): contempla várias ideologias. (g) Dúctil: não impõe um modelo de vida, mas apenas assegura as condições para o exercício do projeto de vida de cada pessoa. (h) Balanço: visa reger o ordenamento por um determinado tempo. CLASSIFICAÇÃO CF/88 Escrita, promulgada, rígida, analítica, normativa e dirigente. • TEORIAS DA CONSTITUIÇÃO Positivista (Kelsen) - Conceito formal - CF = norma jurídica que valida as normas que lhe são inferiores Sociológica (Lassale) - CF = fatores reais do poder - O resto é "mera folha de papel" Concretista (Hesse) - CF= não é apenas norma nem apenas fator social. Ela incorpora norma e realidade - Força normativa da CF Política (Schmidt) - CF = decisão política fundamental - O resto, que está escrito na CF, é apenas "lei constitucional" Instrumento de governo (Hennis) - CF= lei processual que organiza o Estado - Neutralidade constitucional 3. Poder Constituinte. 4. Emendas Constitucionais. 9. Mutação Constitucional. 10. Reforma e Revisão Constitucional. PODER CONSTITUINTE Originário: - Ilimitado - Incondicionado - Inicial - Indivisível Derivado Reformador: produz EC Decorrente: elabora as Constituições estaduais Revisor: art. 3º do ADCT permitiu uma revisão da CF, com quórum diferenciado,ocorrida em 1993. 8 EMENDA CONSTITUCIONAL: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: � LIMITES FORMAIS I - de 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º A Constituição NÃO poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. � LIMITE CIRCUNSTANCIAL § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros. � LIMITE FORMAL § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: � LIMITES MATERIAIS I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. � Para alguns, LIMITE TEMPORAL (maioria fala que não há limite temporal). O que é MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL? Trata-se de mecanismo que permite a transformação do sentido e do alcance de normas da Constituição, sem que se opere, no entanto, qualquer modificação em seu texto (alteração informal da CF). A mutação está associada à plasticidade de que são dotadas inúmeras normas constitucionais 7. Evolução político-constitucional brasileira. As Constituições Brasileiras. 1824 Outorgada; * PODER MODERADOR; *Voto censitário e indireto; *CF semirrígida 1891 Criam o STF; *CF rígida; *Criam a federação; *Controle difuso. 1934 Caráter social; *Rígida; *Inspirada na Constituição alemã de WEIMAR de 1919; 1937 *Outorgada; *Suspendeu o Legislativo; *Supressão da Justiça Federal; *CF flexível 1946 Reestruturação do federalismo e do pluripartidarismo; *CF rígida; *Parlamentarismo; *Criação da justiça federal de 1º grau. 1967 Endurecimento do regime militar; *AI5. 1969 Alguns dizem que não foi nova CF, mas sim EC; *DIRETAS JÁ foi derrotado, mas inspirou mudança 1988 Nossa atual CF, que você conhece o suficiente, não é??? 9 8. Normas Constitucionais: Hermenêutica e Filosofia Constitucional. Métodos de Interpretação. Aplicabilidade e Eficácia. 11. Normas Constitucionais. NORMA x ENUNCIADO NORMATIVO Barroso: “Enunciado normativo é o texto ainda por interpretar. Já a norma é o produto da incidência do enunciado normativo sobre os fatos da causa, fruto da interação entre texto e realidade. Da aplicação do enunciado normativo à situação da vida objeto de apreciação é que surge a norma”. CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS (a) Bilateralidade: normalmente dirigida a duas partes. (b) Generalidade: obriga a todos em igual situação jurídica. (c) Abstratividade: não foi criada para regular um caso concreto. (d) Imperatividade: é obrigatória, não dependendo da vontade. (e) Coercibilidade: é possível o uso da força para cumpri-la. #ATENÇÃO #DOUTRINATRADICIONAL #DESPENCAEMPROVA José Afonso da Silva elaborou uma classificação muito tradicional quanto à aplicabilidade das normas constitucionais. Fique de olho: Eficácia plena e aplicabilidade imediata São normas que desde o advento da CF produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos plenamente e que não podem ser restringidas. Ex. Princípio da igualdade. Eficácia contida e aplicabilidade imediata Foram suficientemente previstas e, assim, produzem efeitos desde a CF, mas podem ser restringidas posteriormente pelo legislador. Há autorização expressa ou implícita na CF para que o legislador futuro restrinja. Ex. Art. 5º, XI, que fala que a lei pode estabelecer restrições. Eficácia limitada Não são normas desprovidas de efeitos, mas não geram a plenitude de seus efeitos imediatamente. Apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. Segundo Marcelo Novelino, estas normas são dotadas de eficácia negativa, ab-rogando a legislação precedente que lhe for incompatível e impedindo que o legislador edite normas em sentido oposto ao assegurado pela Constituição. (i) Normas de princípio programático: são normas que estabelecem metas e objetivos, mas não dizem como esses objetivos serão alcançados. Ex. Busca do pleno emprego; redução da desigualdade e erradicação de miséria, etc. • Pode gerar direitos negativos (Estado não pode contrariar); • Vedação do retrocesso (uma vez concretizado, o legislador não pode voltar); (ii) Normas de princípio institutivo: tratam de instituições ou institutos, mas não contém todos os elementos para que aquelas instituições ou institutos ganhem vida imediata. 10 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO 1. Hermenêutico clássico 2. Tópico- problemático 3. Hermenêutico- concretizador 4. Científico- espiritual 5. Normativo- estruturante Critérios clássicos: gramatical, histórico, sistemático, teleológico Parte-se de um problema concreto para a norma Parte-se da CF para o problema A análise da CF deve levar em conta também a realidade social Não há identidade entre texto e norma, que compreende também um pedaço da realidade social 5. Organização do Estado. Estado de Direito Democrático. 6. Federação. Origens. A Federação Brasileira. Competências legislativas dos entes federados - Autonomia financeira, administrativa e política dos entes federados. REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Forma de Estado Federação Forma de governo República Sistema de governo Presidencialista Regime de governo Democrático CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO FEDERALISMO 1. Partilha constitucional de competências. 2. Autonomia dos componentes da federação. 3. Participação dos entes na formação da vontade do Estado. 4. Existência de recursos próprios para cada ente. 1. PARTILHA DE COMPETÊNCIA MODELOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS MODELO CLÁSSICO: União exerce a competência expressa e os Estados a residual. MODELO MODERNO: verificado após a 1ª guerra mundial. A CF prevê não apenas a competência exclusiva da União, mas também a comum e concorrente dos Estados. MODELO HORIZONTAL: não há relação de subordinação entre os entes que legislam. Predomina no BRASIL. MODELO VERTICAL: há divisão na competência. É o que ocorre no Brasil com a competência CONCORRENTE, na qual as normas gerais são de atribuição da União, cabendo aos Estados apenas a regulamentação específica. 11 COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS EXCLUSIVAS2 Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as demais, SEM possibilidade de delegação. PRIVATIVAS Da união (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para legislarem sobre determinada matéria, por meio de Lei complementar. CONCORRENTES (artigo 24) Atribuída a mais de um ente federado com atuação em níveis distintos. Os municípios estão excluídos, cabem somente a União, Estados e Distrito Federal, que poderão legislar concorrentemente sobre os assuntos constantes no artigo 24, mas, NÃO há superposição. §§ 1º a 4º � À união competemàs normas gerais; os Estados têm competência suplementar; se a União não emitir as normas gerais, os Estados poderão exercer a competência plena sobre o assunto; se após o exercício da competência plena dos Estados, surgir, supervenientemente, regulamentação sobre normas gerais da União, a norma dos Estados terá a eficácia suspensa (não é revogação nem invalidez, no que contradizer a União, não existindo repristinação). SUPLEMENTARES Conferida a determinado ente para complementar as normas gerais dispostas por outro ou para suprir a ausência dessas normas gerais. Artigo 24, § 2º trata da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o art. 30, II fala da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS Competência administrativa Exclusiva Poderes enumerados União (art. 21) Municípios (art. 30) Poderes reservados Estados (art. 25, §1º) Comum Cumulativa ou paralela (art. 23) União/Estados/Distrito Federal/Municípios 2. AUTONOMIA DOS ENTES FEDERADOS AUTONOMIA Auto-organização Os entes se organizam por suas próprias constituições estaduais ou leis orgânicas. Deve ser observado o P. da simetria e, assim, o processo de reforma da CE deve, obrigatoriamente, observar os requisitos estabelecidos na CF. Autolegislação Exercem, por seus próprios poderes legislativos, as competências legislativas que são de sua alçada. Autogoverno Elegerão seus próprios governantes e deputados, e organizarão suas próprias justiças (exceto os Municípios), inclusive com sistema de controle de constitucionalidade das leis estaduais e municipais. Autoadministração Organizarão suas administrações, seus serviços públicos e seus servidores. 3. PARTICIPAÇÃO DOS ENTES NA FORMAÇÃO DA VONTADE DO ESTADO. • A participação ocorre através do Senado Federal, que, em tese, representa os Estados. 2 Segundo Marcelo Novelino, há uma divergência na doutrina brasileira envolvendo as competências exclusivas e privativas. A doutrina mais tradicional, como, por exemplo, José Afonso da Silva, adota uma distinção cuja diferença principa reside na possibilidade de delegação das competências privativas, ao contrário do que ocorre com as competências exclusivas, que são indelegáveis por ausência de previsão expressa. Há autores, contudo, a exemplo do Ministro Gilmar Mendes, que entendem inexistir qualquer diferença entre ambas, aduzindo a possibilidade de utilização intercambiável das duas expressões. Para esta corrente, as competências privativas e exclusivas traduzem a mesma ideia. 12 o Como os Municípios não são representados no Congresso, há autores que defendem que eles não compõem a Federação brasileira. � Esse entendimento é MINORITÁRIO. 4. EXISTÊNCIA DE RECURSOS PRÓPRIOS PARA CADA ENTE. • A CF estabelece um complexo sistema de repartição de tributos, além do que atribuiu competência tributária (poder de criar tributos) a todos os três entes da federação. #SELIGANACLASSIFICAÇÃO Quanto à origem: (a) Centrípeto/agregação � é aquele no qual antes havia um modelo descentralizado e, com o pacto federal, ocorre a centralização. Ex. EUA. (b) Centrífugo/segregação � antes havia mais centralização, mas o federalismo impõe a descentralização para os entes autônomos. Ex. Brasil. Quanto ao número de entes: a) Bidimensional � há apenas dois entes. Ex. Apenas União e Estados. (b) Tridimensional � há três entes. Ex. União, Estados e Municípios. • O Brasil é um dos únicos países que atribui aos Municípios a condição de ente federal. Quanto à distribuição dos poderes: (a) Simétrico � o regime de todos os entes iguais é idêntico. • No Brasil é assim. As competências do Estado de MG são as mesmas do Estado de SP. (b) Assimétrico � entidades da federação iguais possuem regimes diferentes. Obs.: No Brasil, Lenza diz que há ERRO DE SIMETRIA, pois a CF tratou os Estados de modo tão igual que acabou desconsiderando as dessemelhanças existentes entre eles. Demais espécies: Federalismo DUAL: há extrema e severa divisão entre os entes. Federalismo COOPERATIVO: mais flexível e permite a interpenetração entre os entes políticos. Federalismo ORGÂNICO: os Estados são organismos de um todo maior, que é o poder central � fomenta o autoritarismo. Federalismo de INTEGRAÇÃO: em nome da integração nacional, há a prevalência do Poder Central � é federalismo apenas formal, em tudo se aproximando ao Estado unitário descentralizado administrativamente. 13 12. Controle da constitucionalidade. Controle da constitucionalidade Difuso. Controle da constitucionalidade Abstrato. Controle da Constitucionalidade em âmbito estadual. A Constituição do Estado de São Paulo como parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. 32. Ação Direta de Inconstitucionalidade. Ação Declaratória de Constitucionalidade. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. O controle difuso de constitucionalidade. Mandado de Injunção. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Conceito Trata-se do procedimento de verificação da compatibilidade, formal e material, de determinado ato normativo em relação à Constituição Federal. Natureza da norma inconstitucional A norma inconstitucional é NULA, com eficácia EX TUNC. #OLHAOGANCHO MODULAÇÃO DE EFEITOS Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros (maioria qualificada), restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. #DEOLHONASSÚMULAS #NÃOESQUEÇA #DESPENCAEMOBJETIVAS Súmula vinculante 2-STF: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. Súmula 722-STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal. Súmula vinculante 38-STF: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. Súmula 419-STF: Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União. 14 Parâmetro Todo o bloco de constitucionalidade (CF + princípios implícitos + tratados do art. 5, 3º). Controle difuso Conceito É aquele que pode ser exercido por qualquer juiz ou Tribunal. Cláusula de reserva do plenário Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. #ATENÇÃO #EXCEÇÕES: (a) Se o Tribunal (plenário ou órgão especial) já tiver decidido o tema; (b) Se o STF já tiver reconhecido a inconstitucionalidade. Suspensão da norma pelo Senado Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; CONTROLE CONCENTRADO Noções gerais (a) Processo objetivo: não há partes; (b) Causa de pedir aberta: o STF pode reconhecer a inconstitucionalidade em face de artigo diverso do apontado pelo autor da ação; (c) Competência: STF ou TJ (controle estadual) FORMAS DE INCONSTITU- CIONALIDADE 1. Quanto à conduta Ação Omissão Total Parcial 2. Quanto ao defeito Formal Orgânica Propriamente dita Violação dos pressupostos objetivosMaterial Vício de decoro 3. Quanto à extensão Total Parcial 4. Quanto à finalidade Concreto Abstrato 5. Quanto ao momento Preventivo Repressivo 6. Quanto à competência Difuso Concentrado Misto 15 (d) Legitimados: art. 1033, CF. ADI Cabe contra Lei ou ato normativo geral e abstrato Não cabe contra (i) Atos regulamentares; (ii) Normas constitucionais originárias; (iii) normas anteriores à CF/88 (nesse caso, a análise será da RECEPÇÃO da norma); (iv) leis revogadas; (v) súmulas; (vi) projeto de lei ainda não promulgado. Limite espacial Lei ou ato normativo FEDERAL ou ESTADUAL. Cautelar Erga omnes, EX NUNC, vinculante. Efeitos da decisão Vinculante, EX TUNC, ERGA OMNES, efeito repristinatório tácito. ADC Objeto Lei ou ato normativo FEDERAL Requisito adicional Controvérsia judicial relevante Cautelar Suspensão dos processos nos quais se discute o tema pelo prazo de 180 dias. ADPF Legitimados Mesmo da ADI. Objeto Qualquer ato do poder público que viole preceito fundamental. Caráter subsidiário Só cabe se não for possível ADI nem ADC. Objeto Qualquer ato do poder público. Aspecto temporal Pode ser até mesmo anterior à CF/88. Aspecto espacial Pode ser federal, estadual ou MUNICIPAL. ADO Objeto O objetivo é conferir efetividade às normas constitucionais de eficácia LIMITADA. Legitimidade passiva Autoridade ou órgão responsável pela medida para tornar efetiva a norma constitucional. Efeitos da decisão (a) Poder competente � será dada ciência ao poder competente. (b) Órgão administrativo � deverá editar a norma em 30 dias, sob pena de responsabilidade. A lei permite que o STF fixe outro prazo, se entender mais conveniente. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL Legitimidade Art. 125. § 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Objeto Leis ou atos normativos estaduais ou municipais. 3 Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 16 Competência TJ (plenário ou órgão especial) Parâmetro Constituição Estadual Efeitos da decisão EX TUNC, vinculante, ERGA OMNES. RE Se a norma da CE for de reprodução obrigatória da CF, caberá RE ao STF. Nesse caso, esse RE produzirá os mesmos efeitos de uma ADI (vinculante, ERGA OMNES...) Súmula vinculante 10-STF: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal. Súmula 614-STF: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor ação direta interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal. PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE É possível ADI em face de leis orçamentárias (Info. 817); É possível que o STF, em julgamento de RE, revise entendimento fixado em ADI (812); Para propor ADI, a procuração deve conter poderes especiais (2012); Só se admite controle preventivo através de MS impetrado por parlamentar alegando que: (a) A proposta de EC viola cláusula pétrea; (b) Há violação do processo legislativo de produção da norma; É cabível ADI em face de lei de efeito concreto (basta ser lei) (2013); Não houve mutação constitucional do art. 52, X, CF (suspensão da norma pelo Senado) (2014); Não se admite o reconhecimento da inconstitucionalidade, de ofício, em controle abstrato (2014); Concluído o julgamento, não pode ser reaberta a discussão sobre eventual modulação dos efeitos (2014); É possível a cumulação de ADI e ADC na mesma ação (786); A controvérsia judicial exigida para fins de ADC é qualitativa, e não quantitativa (786); O reconhecimento da inconstitucionalidade de determinada norma não rescinde, imediatamente, eventuais decisões embasadas nessa mesma norma (787); Cabe ADPF contra decisão judicial, desde que não transitada em julgado (810); O STF não admite a teoria da transcendência dos motivos determinantes (808); As associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus representados (826). Se, no curso de uma ação abstrata, a lei impugnada for revogada por outra, em regra, a ADI perderá o objeto. Há, no entanto, três exceções (845): (i) Demonstração de “fraude processual”; (ii) O ato impugnado foi repetido por outra norma; (iii) O STF julgou o mérito da ação sem ser comunicado da revogação. Proposta a ADI contra uma MP, se esta for convertida em lei antes do término da ação, não há perda do objeto da ADI, pois a conversão não convalida eventuais vícios existentes. Todavia, o autor da ação deve aditar o pedido inicial, noticiando a conversão (851); Salvo nos casos de notório abuso, o Judiciário não pode se imiscuir na análise dos requisitos da MP – relevância e urgência (851); 17 13. Processo legislativo. Processo legislativo e reforma constitucional. #ATENÇÃO Não há hierarquia entre LO e LC, mas apenas campos distintos de incidência. O procedimento de elaboração das duas espécies é idêntico, exceto pelo quórum, que, na LC, é de maioria absoluta. ESPÉCIES NORMATIVAS EC Leis ordinárias Leis complementares Leis delegadas MP Decretos legislativos Resoluções PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DE LEI ORDINÁRIA 1º PASSO: Iniciativa 2º PASSO: Deliberação (discussão + votação) 3º PASSO: Sanção ou veto Privativa Comum Compartilhada Em regra, começa na Câmara. O Senado pode emendar, caso em que o projeto volta para a Câmara, que decide. O veto é sempre expresso; A sanção pode ser tácita (após 15 dias úteis) Veto precisa de motivação, sanção não. Veto não é terminativo, pois pode ser derrubado. CF admite o veto parcial. Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.#DEOLHONALEGIS #DESPENCAEMPROVA MEDIDA PROVISÓRIA Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I – relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, 18 ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; III – reservada a lei complementar; IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. Súmula 651-STF: A medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional podia, até a EC 32/2001, ser Reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição. Súmula Vinculante 54-STF: A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição. 14. Intervenção Federal e Estadual4. 4 O gráfico foi retirado do site: http://sapodavez.blogspot.com.br/2013/07/dica-de-constitucional-intervencao.html. Já o segundo quadro foi adaptado de um resumo escrito por candidatos à magistratura federal. 19 INTERVENÇÃO: ESTADOS > MUNICÍPIOS UNIÃO > MUNICÍPIOS (dos Territórios) FORMA 1. Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 2 anos consecutivos, a dívida fundada; Nestes casos o ESTADO, após a expedição do decreto do governador, simplesmente intervém, sem pedir autorização para ninguém. O decreto do governador especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução da intervenção e, se for o caso, nomeará desde logo o interventor. O controle é feito a posteriori (em 24 h da expedição do decreto do governador e é realizado pela Assembleia ou Câmara Legislativa que, se estiver de recesso, será convocado extraordinariamente no mesmo prazo de 24h. 2. Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 3. Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da intervenção. O decreto do governador limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual (PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS) (AÇÃO INTERVENTIVA ESTADUAL), ou O TJ deve dar provimento à representação (embora a CF não diga expressamente a quem caberia realizar a representação, entende-se que a atribuição cabe ao PGJ) Neste caso NÃO HÁ controle legislativo da intervenção. O decreto do governador limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. 4. Para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial Intervenção federal Espontânea Independe de provocação de outros órgãos Provocada Para garantir o livre exercício dos Poderes Executivo/Legislativo Solicitação do respectivo poder coacto ou impedido Para garantir o livre exercício do Poder Judiciário Requisição do STF Para prover a execução de lei federal ou a observância dos princípios sensíveis Representação do PGR perante o STF Para promover a execução de ordem ou decisão judicial Requisição do STF, STJ e TSE 20 15. Poder Legislativo. SENADO FEDERAL CÂMARA DOS DEPUTADOS Composição Representantes dos ESTADOS e DF Representantes do POVO Sistema de eleição Princípio majoritário com maioria simples Princípio proporcional à população de cada Estado e do DF. OBS: Cada território elegerá 04 Deputados. Número de parlamentares 3 Senadores por Estado e DF, cada qual com 2 suplentes. LC 78/93 fixou em 513 Deputados Federais. (Nenhum Estado terá menos que 8, nem mais de 70 Deputados.) Mandato 8 anos = 2 legislaturas 4 anos = 1 legislatura Renovação A cada 4 anos, por 1/3 e 2/3. A cada 4 anos. Idade mínima 35 anos 21 anos #NÃOERRE #TEMADAMODA ESTATUTO DOS PARLAMENTARES Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. � IMUNIDADE MATERIAL § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional NÃO poderão ser presos, SALVO em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. � IMUNIDADE FORMAL RELATIVA À PRISÃO OU FREDOM FROM ARREST § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou PODER LEGISLATIVO Função TÍPICA Legislar Fiscalizar (auxílio TC) Função ATÍPICA Judicante Administrativa 21 prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. § 8º As imunidadesde Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. PERDERÁ O MANDATO... Art. 55. PERDERÁ o mandato o Deputado ou Senador: I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior; II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição; VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. § 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. (EC nº 76, de 2013) § 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no CN, assegurada ampla defesa. § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. CPI PODE CPI NÃO PODE Notificar testemunhas, investigados e convidados Impor sanção Determinar a condução coercitiva de testemunha Cassar mandato Realizar perícia, exames e vistorias Não tem poder geral de cautela Prender em flagrante Determinar interceptação telefônica Afastar sigilo bancário, fiscal e de REGISTRO telefônico Determinar busca e apreensão domiciliar. Súmula 245-STF: A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa. Súmula 397-STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito. 22 Súmula 653-STF: No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro à sua livre escolha. Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Súmula 6-STF: A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a competência revisora do judiciário. 16. Poder Executivo. Lembre-se que o estatuto do Presidente da República foi objeto de dica da última semana! Para evitarmos repetições desnecessárias (só aumentariam nosso resumo!), dê uma olhadinha na síntese que fiz para vocês, ok? PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO Identidade entre chefia de estado e chefia de governo (são a mesma pessoa). � Chefe de estado exerce função simbólica de representar internacionalmente o país e de corporificar a sua unidade interna. � Chefe de governo executa as políticas públicas. Ou seja, é quem efetivamente governa e também exerce a liderança da política nacional. Há uma não identidade entre chefia de estado e chefia de governo. O chefe de estado pode ser um rei (um monarca) ou um presidente, ao passo que o chefe de governo é o 1º ministro, que exerce o governo conjuntamente com o seu gabinete (conselho de Ministros). Estabilidade de governo. Há a figura dos mandatos fixos para o cargo de presidente. Estabilidade democrática, construída pelo povo nos processos democráticos. Pode até existir a figura do mandato mínimo e do mandato máximo, todavia ele não é fixo. Nesse sentido, tem por fundamento a existência dos institutos: I) possibilidade de queda do gabinete pelo parlamento (através da “moção de censura” ou “voto de desconfiança”) e II) possibilidade cotidiana de dissolução do parlamento pelo gabinete. Registre-se que o Brasil já foi parlamentarista em dois momentos: a) Parlamentarismo à brasileira ou às avessas – Segundo Reinado de D. Pedro II (1847 – 1889). Tínhamos o Imperador, chefe de Estado, e um gabinete de ministros. O executivo controlava o legislativo por meio do poder moderador (construção de Benjamin Constant, que só foi aplicada no Brasil). b) Parlamentarismo republicano (09/61 até 02/63). João Goulart era o Presidente (chefe de Estado) 23 e Tancredo Neves era o Primeiro-Ministro (chefe de governo). Em referendo, o povo voltou ao presidencialismo. PODER REGULAMENTAR DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA Decreto Regulamentar (Decreto de Execução) Decreto Autônomo Natureza Secundário Primário Inova o ordenamento? Não Sim Hierarquia Infralegal Legal Matéria Em tese, qualquer lei Taxativa (art. 84, VI CF) Previsão Art. 84, IV Art. 84, VI Criação CF/1988 EC 32/2001 17. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. 26. Princípios de Defesa na Constituição Federal. Estado de Defesa Estado de Sítio Caráter preventivo e âmbito regional Âmbito nacional Grave e iminente instabilidade institucional ou calamidades de grandes proporções na natureza Comoção de grave repercussão nacional ou ineficácia do estado de defesa e declaração de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira Decretação pelo PR Decretação pelo PR Aprovação posterior do Congresso Nacional Aprovação prévia do Congresso Nacional Prazo de vigência de 30 dias, prorrogável uma única vez pelo mesmo período Em caso de comoção grave ou ineficácia do estado de defesa � Até 30 dias, podendo ser prorrogado quantas vezes for necessário pelo mesmo período. Atividades de polícia Administrativa - Tem por objeto a limitação imposta a bens jurídicos individuais Ostensiva (preventiva) - preservação da ordem pública Federal Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária Federal Estadual Corpo de Bombeiros; Polícia militar Segurança Judiciária (repressiva) - investigação e apuração de infrações penais Federal Polícia Federal Estadual Polícia civil 24 Em caso de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira � pelo tempo que durar � Ambos submeter-se-ão a controle político prévio, concomitante e sucessivo (Congresso) e controle jurisdicional concomitante e sucessivo. � Durante o estado de exceção, a CF não poderá ser emendada. � Após a medida, o PR prestará contas, respondendo por eventuais abusos. 18. A Organização dos Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. 19. Ministério Público. 30. Funções essenciais da Justiça. Ministério Público, Advocacia e Defensoria Pública. MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente,essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. § 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Art. 128. O Ministério Público abrange: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução. § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio 25 público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: I o Procurador-Geral da República, que o preside; II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; III três membros do Ministério Público dos Estados; IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. ADVOCACIA PÚBLICA Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. DEFENSORIA Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função 26 PÚBLICA jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença. 20. Direitos Fundamentais. Tratados e convenções internacionais. 23. Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais Coletivos. 25. Garantias Fundamentais. 22. Ações constitucionais. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Conceito São direitos ou posições jurídicas que investem os seres humanos, individual ou coletivamente considerados, em um conjunto de prerrogativas, faculdades e instituições imprescindíveis para assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna entre todas as pessoas. Dimensões � 1ª Dimensão/Geração � Direitos civis e políticos. � 2ª Dimensão/Geração � Direitos sociais, econômicos e culturais. � 3ª Dimensão/Geração � Direitos de solidariedade e fraternidade. � 4ª Dimensão/Geração � globalização (não é pacífico). Status (JELLINEK) � Passivo: o sujeito está subordinado aos poderes estatais. � Ativo: sujeito pode participar da formação da vontade do Estado. � Negativo: ao sujeito é assegurada uma esfera indevassável ao Estado. � Positivo: sujeito tem direito de pedir certas prestações ao Estado. Restrições TEORIA INTERNA Cabe ao aplicador apenas explicitar os limites que já estão contidos na própria estrutura do direito. Assim, interpretando-se corretamente os direitos, não haverá efetiva colisão entre eles. TEORIA EXTERNA É possível efetiva colisão entre direitos fundamentais, tornando-se necessária a restrição de um deles. LIMITE DOS LIMITES (LIMITES IMANENTES) Embora se admita a restrição de direitos fundamentais, há um conteúdo mínimo que não pode ser atacado. Assim, há limite para a limitação 27 de direitos, que não podem ser descaracterizados. Características (a) Relatividade; (b) Universalidade; (c) Aplicabilidade imediata; (d) Atipicidade; (e) Indisponibilidade; (f) Imprescritibilidade. Eficácia • Vertical � incidem na relação entre sujeito e Estado; • Horizontal � incidem na relação entre sujeitos privados; • Diagonal � incidem na relação entre privados em posição de desigualdade. PRINCIPAIS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE (art. 5º...) Igualdade I - homens e mulheres são iguaisem direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Legalidade II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Liberdade de expressão IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Direito de resposta V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. Liberdade religiosa VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Privacidade X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Liberdade profissional XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Liberdade de associação XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu 28 funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Direitos fundamentais processuais XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; TRATADOS INTERNACIONAIS Fase internacional Fase interna HIRARQUIA DOS TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS: (i) Aprovados na forma do art. 5º, §3º � emenda constitucional (ii) Aprovados no procedimento comum � supralegal. a) Negociações preliminares b) Adoção do texto c) Assinatura REFERENDO CONGRESSUAL RATIFICAÇÃO Promulgação e Publicação no DOU 29 #VAICAIR #MAISUMANACONTA NOVA LEI DO MANDADO DE INJUNÇÃO (Pontos importantes) o Serve para tutelar a falta, total ou parcial, de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. o Regramento muito similar à Lei de Mandado de Segurança; o Lei falou expressamente em MP e Defensoria Pública; o Procedimento: segue a mesma lógica do mandado de segurança; o Embora o STF estivesse adotando a TEORIA CONCRETISTA DIRETA E GERAL, a lei do mandado de injunção adotou a TEORIA CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA INDIVIDUAL, exceto quando comprova-se que o impetrado deixou de atender, em MI anterior, ao prazo estabelecido (neste caso, adota-se a decisão concretista direta). Além disso, poderá ser conferida eficácia ULTRA PARTES ou ERGA OMNES quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, liberdade ou prerrogativa objeto do mandado de injunção. o Na hipótese de superveniência da norma regulamentadora, o MI será prejudicado. Se a superveniência for posterior ao trânsito em julgado, aplica-se a nova lei, sem modificar os efeitos já produzidos pela decisão do MI, salvo se a norma superveniente for mais favorável. #OLHAOGANCHO: MANDADO DE INJUNÇÃO ADI POR OMISSÃO Natureza e finalidade Trata-se de processo no qual é discutido um direito subjetivo. A finalidade é viabilizar o exercício de um direito. Há, portanto, controle concreto de constitucionalidade. Natureza e finalidade. A finalidade é declarar que há uma omissão, já que não existe determinada medida necessária para tornar efetiva uma norma constitucional. Estamos diante, portanto, de processo objetivo, em que há controle abstrato de constitucionalidade. Cabimento Cabível quando faltar norma regulamentadora de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Cabimento Cabível quando faltar norma regulamentadora relacionada com qualquer norma constitucional de eficácia limitada. Legitimados ativos MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas. MI coletivo: estão previstos no art. 12 da Lei nº 13.300/2016. Legitimados ativos Os legitimados da ADI por omissão estão descritos no art. 103 da CF/88. Competência A competência para julgar a ação dependerá da autoridade que figura no polo passivo e que possui atribuição para editar a norma. Competência Se relacionada com norma da CF/88: STF. Se relacionada com norma da CE: TJ. Efeitos da decisão Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; Efeitos da decisão Declarada a inconstitucionalidade por omissão, o Judiciário dará ciência ao Poder competente para que este adote as providências necessárias. Se for órgão administrativo, este terá um prazo de 30 dias para adotar a medida necessária. 30 II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Obs.: será dispensada a determinação a que se refere o inciso I, quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Se for o Poder Legislativo, não há prazo. Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5°, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei nº 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVll do art. 5º da Constituição Federal de 1988. Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel,qualquer que seja a modalidade do depósito. Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5°, LXXll, letra “a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa. 21. Direitos sociais e coletivos. 37. Ordem Social. Educação e Cultura. Ciência e Tecnologia. Comunicação Social. Meio Ambiente. Família, Criança, Adolescente e Idoso. Direito à Proteção Especial. Índios. DIREITOS SOCIAIS Conceito Os direitos sociais, direitos de 2ª dimensão/geração, são prestações positivas a serem implementadas pelo Estado e tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia substancial e social. Histórico • Surgem com a crise do constitucionalismo liberal; • As primeiras Constituições que tratam do tema são do séc. XX (México - 1917). • Posteriormente, foram veiculados da Constituição de Weimar (1919). Judicialização Os direitos sociais se efetivam especialmente pela implementação de políticas públicas pelo Estado. O Judiciário não é o local adequado para a implementação desses direitos, mas sim o Executivo e o Legislativo. No entanto, não se nega que, diante da inércia desses poderes, a judicialização seja uma medida 31 importante para a implementação dos direitos sociais. A crítica que se faz é que o juiz, por não ser eleito, não poderia decidir a forma de distribuição dos escassos bens materiais de que necessita o povo brasileiro. Categorias importantes Reserva do possível Os recursos estatais são limitados, logo, não é possível que todas as prestações sejam atendidas 100% para todas as pessoas. Há limitações, (a) orçamentárias e (b) fáticas. A teoria surgiu na Alemanha. Mínimo existencial Mesmo que o Estado não possa oferecer tudo a todos, é certo que ele deve garantir ao menos um mínimo, básico e indispensável, para uma vida digna. Assim, o mínimo existencial afasta o argumento da reserva do possível. Proibição do retrocesso (non-cliquet) Trata-se de um limite material implícito, de forma que os direitos fundamentais sociais já constitucionalmente assegurados não poderão ser suprimidos por EC ou por legislação infraconstitucional, a não ser que se tenha prestações alternativas. 24. Direitos de cidadania5. Direito de sufrágio. Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular. São brasileiros (art. 12) Natos (inciso I) a) os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Adotou-se aqui o critério do jus soli (art. 12, I, a); Assim, no Brasil, a regra é o critério do solo, (jus soli), com mitigações previstas no art. 12, I, alíneas b e c. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil. Critério aqui: jus sanguinis + “a serviço do Brasil” (funcional) (art. 12, I, b). c1) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro e de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente; Critério aqui: jus sanguinis + registro (art. 12, I, c, 1ª parte); c2) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro e de mãe brasileira, ainda que não tenham sido registrados na repartição brasileira competentes, desde que venham a residir no Brasil e optem, a qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Critério aqui: jus sanguinis + residência no Brasil + opção confirmativa Chamada de nacionalidade potestativa (porque depende desta opção confirmativa, que só pode ser dada após a maioridade). Naturalizados (inciso II) Naturalização ordinária (comum) a) os estrangeiros que, segundo os requisitos da lei, adquiram a nacionalidade brasileira. Para os originários de países de língua portuguesa a lei só pode exigir a residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Obs.: o Brasil pode negar a naturalização (é ato discricionário) 5 O esquema foi retirado do site do DIZERODIREITO. 32 Naturalização extraordinária b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade que estejam residindo no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal. Obs.: se o estrangeiro preencher essas condições, o governo brasileiro não pode negar a naturalização (é ato vinculado) #ANOTEAÍ #SELIGANOSCONCEITOS 1. Sufrágio � traduz o direito de votar e de ser votado, encontrando-se entrelaçado ao exercício da soberania popular. Se divide em (a) Ativa: direito de votar, de eleger seus representantes. (b) Passiva: direito de ser votado, eleito, escolhido no processo eleitoral. 2. Plebiscito e referendo � são mecanismos de democracia participativa. A diferença é que, no plebiscito, o povo se manifesta antes, ao passo que no referendo a manifestação é posterior à deliberação dos seus representantes. 3. Iniciativa Popular � outro método de democracia participativa. (não se aplica à emenda constitucional) Art. 61. § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 27. Princípios constitucionais da Administração Pública. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte. 28. Poder Judiciário. 29. A Emenda Constitucional n° 45. 31. Poder Judiciário. Direitos, garantias e deveres da Magistratura. O Estatuto da Magistratura. Atividade correcional. 33. Supremo Tribunal Federal. Conselho Nacional de Justiça. Superior Tribunal de Justiça. Tribunal Superior Eleitoral. Tribunais Regionais e Juízes Federais. 34. Poder Judiciário. Tribunais e Juízes Estaduais. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Disciplina do Poder Judiciário na Constituição Paulista. O controle de constitucionalidade dos atos estaduais e municipais. Meus amigos, na última semana, elaborei uma dica toda especial tratando justamente sobre o Poder Judiciário na Constituição Federal. Para evitar repetição desnecessária, te peço a gentileza de conferir o material que já preparei pra você, ok?? Súmula 628-STF: Integrante de lista de candidatos a determinada vaga da composição de tribunal é parte legítima para impugnar a validade da nomeação de concorrente. 33 Súmula 627-STF: No mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência do Presidente da República, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento. Súmula 649-STF: É inconstitucional a criação, por Constituição Estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades. O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE SÃO PAULO Artigo 54 - São órgãos do Poder Judiciário do Estado: I - o Tribunal de Justiça; II - o Tribunal de Justiça Militar; III - os Tribunais do Júri; IV - as Turmas de Recursos; V - os Juízes de Direito; VI - as Auditorias Militares; VII - os Juizados Especiais; Artigo 60 - No Tribunal de Justiça haverá um Órgão Especial, com vinte e cinco Desembargadores, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais de competência do Tribunal Pleno, inclusive para uniformizar a jurisprudência divergente entre suas Seções e entre estas e o Plenário. Artigo 74 - Compete ao Tribunal de Justiça, além das atribuiçõesprevistas nesta Constituição, processar e julgar originariamente: I - nas infrações penais comuns, o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos Municipais; Artigo 90 - São partes legítimas para propor ação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estaduais ou municipais, contestados em face desta Constituição ou por omissão de medida necessária para tornar efetiva norma ou princípio desta Constituição, no âmbito de seu interesse: I - o Governador do Estado e a Mesa da Assembleia Legislativa; II - o Prefeito e a Mesa da Câmara Municipal; III - o Procurador-Geral de Justiça; IV - o Conselho da Seção Estadual da Ordem dos Advogados do Brasil; V - as entidades sindicais ou de classe, de atuação estadual ou municipal, demonstrando seu interesse jurídico no caso; VI - os partidos políticos com representação na Assembleia Legislativa, ou, em se tratando de lei ou ato normativo municipais, na respectiva Câmara. § 1º - O Procurador-Geral de Justiça será sempre ouvido nas ações diretas de inconstitucionalidade. § 2º - Quando o Tribunal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Procurador-Geral do Estado, a quem caberá defender, no que couber, o ato ou o texto impugnado. 36. Tributação e Orçamento. Sistema tributário nacional e finanças públicas. 35. Ordem Econômica e Financeira. Disciplina da Ordem Econômica na Constituição Paulista. 34 Artigo 177 - O Estado estimulará a descentralização geográfica das atividades de produção de bens e serviços, visando o desenvolvimento equilibrado das regiões. Artigo 178 – O Estado dispensará às microempresas, às empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país, aos micro e pequenos produtores rurais, assim definidos em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-los pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas, por meio de lei. Parágrafo único - As microempresas e empresas de pequeno porte constituem categorias econômicas diferenciadas apenas quanto às atividades industriais, comerciais, de prestação de serviços e de produção rural a que se destinam. Artigo 179 - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. STF (2017 – 822, 859) Brasileiro, já titular de “green card”, que adquire nacionalidade norte-americana, PERDE a nacionalidade brasileira e pode ser extraditado pelo Brasil. - O plenário do STF (INFO 842) entendeu ser inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “VAQUEJADA”, porquanto o tratamento cruel contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. Isto é, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não possa ser permitida. Recentemente, no entanto, fora editada o EC 96/2017, que acrescenta o § 7º ao art. 225 da CF/88 “para determinar que práticas desportivas que utilizem animais não são consideradas cruéis”. Segundo Márcio do site dizer o direito, o verdadeiro objetivo desta emenda foi o de superar uma decisão do STF proferida em 2016 na qual o Tribunal declarou que a atividade conhecida como “vaquejada” era inconstitucional em virtude de gerar tratamento cruel aos bovinos.6 STF (2017 - 857) Só é possível emendar parlamentar em MP se houver relação de pertinência, sob pena de CONTRABANDO LEGISLATIVO STF (2015 – 774) As Constituições estaduais NÃO podem prever que os Governadores serão julgados pela Assembleia Legislativa em caso de crimes de responsabilidade. A competência é de um “Tribunal 6 Para um maior aprofundamento, sugerem-se os comentários do site dizer o direito sobre a EC 96/2017. http://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html. PRECEDENTES HISTÓRICOS #MARCINHOMITA #FECHANDOCOMCHAVEDEOURO 35 Especial”, composto especialmente para julgar o fato e que será formado por 5 Deputados Estaduais e 5 Desembargadores, sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça. STF (2012 – 657) A emissão de parecer sobre as medidas provisórias, por comissão mista de deputados e senadores antes do seu exame configura fase de observância obrigatória no processo constitucional de conversão dessa espécie normativa em lei ordinária. STF (2015 – 787) Perda do mandato por infidelidade partidária NÃO se aplica a cargos eletivos majoritários, somente àqueles que adotam o sistema proporcionais. STF (2017 – 863) Perda do mandato em caso de condenação criminal de deputado federal ou senador: Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma consequência lógica da condenação, cabendo à Mesa da Câmara ou do Senado apenas a declaração. Se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal NÃO gera a perda automática do cargo. Caberá ao Plenário da Câmara ou do Senado deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. #ATENÇÃO: Parece que o tema ainda não foi pacificado, e informativo anterior trazia o entendimento de que, independentemente da pena, a perda do mandato NÃO seria automática. (STF (2013 – 714)). STF (2016 – 824) É possível o afastamento de Deputado Federal do cargo por decisão judicial. Entendeu-se que a CF somente outorga às Casas Legislativas a competência para decidir acerca da perda do mandado, não impedindo que o Poder Judiciário suspenda o exercício do mandato parlamentar. STF (2013 – 712) Parlamentares NÃO têm imunidade formal quanto à prisão em caso de condenação definitiva. CF veda apenas a sua prisão penal cautelar. STF (2015 – 787) BNDES é obrigado a fornecer ao TCU documentos sobre financiamentos concedidos STF (2015 – 801) O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, NÃO fica vinculado às decisões de ADI, ADC ou ADPF. Desse modo, o legislador pode, por emenda constitucional ou lei ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com o objetivo de reversão jurisprudencial. STF (2016 – 815) É possível que o Fisco requisite das instituições financeiras informações bancárias sobre os contribuintes sem intervenção do Poder Judiciário. STF (2015 – 799) As doações eleitorais feitas por pessoas jurídicas são INCONSTITUCIONAIS, tanto para campanhas como para partidos. STF (798 – 2015) O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. STF (2015 – 794) O Judiciário pode determinar a realização de obras emergenciais em estabelecimento prisional. 36 STF (2015 – 789) Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. STF (2014 – 752) O Judiciário pode obrigar administração pública a manter estoque mínimo de determinado medicamento utilizado no combate a certa doença grave, de modo a evitar novas interrupções no tratamento, não havendo que se falar em violação ao princípio da separação dos poderes. STF (2016 – 851) Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada, a MP é convertida em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá ser conhecida e julgada, desde que o autor peticione informando a situação ao STF e pedindo o aditamento da ação. STF (2014 – 739) O STF NÃO acolhea teoria da abstrativização do controle difuso. Não há que se falar em mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88 e, assim, para a maioria dos Ministros, a decisão em controle difuso continua produzindo, em regra, efeitos apenas “inter partes” e o papel do Senado é o de amplificar essa eficácia, transformando em eficácia erga omnes. STF (2013 – 726) O Judiciário pode obrigar a administração pública a garantir o direito a acessibilidade em prédios públicos. DIREITO CIVIL7 1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Em provas objetivas para a magistratura estadual, é suficiente o conhecimento dos principais artigos da LINDB. No mais, basta dar uma olhadinha em alguns conceitos básicos. Vamos juntos: CONCEITOS IMPORTANTES DA LINDB A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies. (a) ab-rogação: é a revogação total da lei. (b) derrogação: é a revogação parcial da lei. Repristinação: é o restabelecimento dos efeitos de uma lei que foi revogada pela revogação da lei revogadora. Só é admitida de forma expressa. Princípio da Obrigatoriedade Relativa/Mitigada: a presunção de conhecimento da lei não é absoluta, uma vez que se existem situações excepcionais expressamente previstas em lei em que se admite a alegação de erro de direito. Obrigatoriedade “simultânea”: antigamente, a lei se tornava obrigatória por etapas: primeiro na capital federal, depois nas zonas litorâneas e depois ia se interiorizando. Agora, ela entra em vigor em 7 Por Luiz Fernando. Obs. O material foi produzido com base na FUC, em anotações pessoais, comentários do DIZERODIREITO (sempre brilhante!) e, principalmente, a partir dos excelentes livros da coleção do professor Flávio Tartuce, que, por honestidade intelectual, pode ser considerado coautor deste material. 37 todos os locais do país ao mesmo tempo. Espécies de Lacunas, conforme Maria Helena Diniz: (i) Lacuna normativa: ausência total de norma para um caso concreto; (ii) Lacuna ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social; (iii) Lacuna axiológica: presença de uma norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta; (iv) Lacuna de conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto. Analogia: é primeiro mecanismo de integração. É o preenchimento da lacuna através da comparação. Por meio da analogia, compara-se uma determinada hipótese, não prevista em lei, com outra, já contemplada em lei. O seu fundamento é a igualdade jurídica. A analogia pode ter duas formas: (a) analogia legis: se concretiza pela comparação de um caso não previsto com outro já previsto em lei. Assim a lacuna será integrada comparando-se uma situação atípica (não tratada na norma) com uma outra situação especificadamente prevista em lei (típica). (b) analogia iuris: o juiz preenche a lacuna com a comparação do caso com o sistema como um todo. Dessa forma, compara-se a situação não prevista em lei com os valores do sistema e não com um dispositivo legal. #SELIGANADIFERENÇA ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA Rompe-se com os limites do que está previsto na norma (legislação) Apenas amplia-se o sentido da norma, havendo a subsunção (conhecimento) Direito adquirido: é aquele que se incorporou ao patrimônio do particular. É uma concepção exclusivamente patrimonialista, de modo que não há direito adquirido personalíssimo. Todo direito adquirido é patrimonial. A nova lei deverá respeitar o negócio jurídico celebrado sob termo ou condição suspensiva. Coisa julgada: é a qualidade que reveste os efeitos decorrentes de uma decisão judicial contra a qual não cabe mais impugnação dentro dos mesmos autos. Ato jurídico perfeito: é o ato pronto e acabado, já tendo exaurido seus efeitos. O ato jurídico perfeito não mais produz efeitos. Ele é a antítese das relações continuativas, pois estas são as que perpassam no tempo (iniciam sob a égide de uma lei e continuam após o início de uma nova lei). CRITÉRIOS BÁSICOS DE SOLUÇÃO DOS CHOQUES ENTRE NORMAS Critério Cronológico: Norma posterior prevalece sobre a anterior. Critério da Especialidade: Norma especial prevalece sobre a geral. Critério Hierárquico: Norma superior prevalece sobre a inferior Antinomia de 1º Grau: Conflito entre normas que envolve apenas UM dos critérios acima expostos. Antinomia de 2º Grau: Choque de normas válidas que envolve DOIS dos critérios analisados, ou, 38 quando não houver a possibilidade de solucionar um conflito pelos critérios acima, haverá uma antinomia de 2º grau. Antinomia Aparente: Aquela que pode ser resolvida pelos critérios da especialidade, hierarquia e cronológico. Quando a própria lei tiver critério para a solução do conflito. Antinomia Real: Não pode ser resolvida pelos critérios acima. Não houver na lei critério para a solução do conflito. ANTINOMIAS DE 2º GRAU: (a) Norma especial e anterior X norma geral posterior (especialidade x cronológico): Prevalece a primeira, em razão da especialidade. (b) Norma superior anterior X norma inferior posterior (hierárquico x cronológico): Prevalece a primeira, pela hierarquia. (c) Norma geral superior X norma especial inferior (hierárquico x especialidade): Não há uma metarregra geral de solução aqui, sendo esta, portanto, uma antinomia real, segundo Maria Helena Diniz, podendo-se preferir para a solução do conflito qualquer um dos critérios. Todavia, para Bobbio, deve prevalecer a lei superior. 2. Capacidade. Direitos da Personalidade. Pessoas naturais. Início da personalidade e morte. No ponto 2, não se esqueça que, agora, SOMENTE O MENOR DE 16 ANOS É ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. #OLHAOGANCHO INCAPACIDADE X IMPEDIMENTO � Impedimento é sinônimo de falta de legitimação, sendo episódico e casuístico, pois o sujeito é capaz para prática de atos civis, em geral, só sendo impedido de praticar atos expressamente previstos pela legislação. Já a incapacidade é genérica para os atos da vida civil. � O impedimento resulta da posição especial que determinada pessoa ocupa em relação a certos interesses. � Ex. art. 497, I, CC. O tutor é capaz, mas não pode comprar bens do tutelado. Quanto ao início da personalidade, lembre-se das principais correntes sobre o tema: (a) Teoria natalista (Cário Mario, Venosa, Tepedino) � a personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida (momento da primeira respiração). O nascituro não teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. (b) Teoria concepcionista � a personalidade jurídica se inicia com a concepção. Logo, o nascituro teria personalidade jurídica. (Prevalece entre os doutrinadores contemporâneos) 39 #OLHANOGANCHO.#AJUDAMARCINHO: O DPVAT é um seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. O art. 3º, I, da Lei 6.194/74 afirma que deverá ser paga indenização do DPVAT aos herdeiros do falecido no caso de morte no trânsito. O STJ decidiu que, se uma gestante envolve-se em acidente de carro e, em virtude disso, sofre um aborto, ela terá direito de receber a indenização por morte do DPVAT, nos termos do art. 3º, I, daLei 6.194/74. O Ministro Relator afirmou expressamente que, em sua opinião, “o ordenamento jurídico como um todo – e não apenas o código civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea” (INFO 547 DO STJ). (c) Teoria da personalidade condicionada (Serpa Lopes) � nascituro teria personalidade jurídica sujeita a condição suspensiva. É superada porque praticamente se equipara à concepcionista. (d) Teoria híbrida entre natalista e concepcionista (Rosenvald, Stolze, Carlos Gonçalves e Maria Helena) � alguns sustentam que o nascituro tem personalidade jurídica apenas para o exercício dos direitos da personalidade (ex. pleitear alimentos, exigir paternidade). Essa é a chamada de personalidade jurídica formal. No entanto, não tem personalidade para o exercício dos direitos patrimoniais (personalidade material). Essa teoria é mais afinada com a ideia de despatrimonialização, pois divide bem essa distinção entre direitos existenciais e patrimoniais. #FOCANALEGIS #ATENÇÃOÉTUDO Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de SUCESSÃO DEFINITIVA. Quanto aos direitos da personalidade, compensa passar os olhos (muito rapidamente!!!) pelos principais julgados, já que a redação dos artigos está muito batida, ok? #SELIGANAJURIS STJ (2013): PJ de direito público não pode sofrer dano moral. STF (2015): Biografado não precisa autorizar publicação de sua biografia. STJ (2015): Sujeito abandonado pelo pai em tenra idade tem justa causa para mudar o nome STJ (2013): Mesmo sem finalidade lucrativa, o uso da imagem de artista gera dano moral. Para finalizarmos, cuidado para NÃO CONFUNDIR: Art. 12, parágrafo único Art. 20, parágrafo único Regra geral. Trata de direito da personalidade de modo geral. Regra especial, pois só trata de determinados direitos da personalidade (imagem e direitos morais do autor). Legitimados: ascendentes, descendentes, Legitimados: ascendentes, descendentes e cônjuge. 40 cônjuge e colaterais até o quarto grau. #OLHAOGANCHO ENUNCIADO Nº 5 CJF: Arts. 12 e 20: 1) as disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalidade específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as regras instituídas no art. 12. 3. Pessoas jurídicas. Desconsideração da personalidade jurídica. Domicílio. Bens. Bens de família. Devagar e sempre, vamos ao ponto 3. Na minha dica de direito civil, já te orientei a conferir a nova redação do CC em relação às pessoas jurídicas, lembra? Se ainda não fez isso, não perca tempo e faça agora. Se já fez, vamos em frente. A desconsideração da PJ foi expressamente disciplinada pelo novo CPC (artigos 133 a 137). Para não desperdiçar espaço (o nosso edital de civil é gigantesco!!!!), não vou transcrever os artigos aqui. No entanto, fica a recomendação para uma leitura atenta desses artigos, certo? #RECORDAREDECORAR DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO TEORIA ADOTADA HIPÓTESE DE CABIMENTO ART. 50, NCC TEORIA MAIOR -abuso da personalidade. ART.28, CAPUT, CDC8 TEORIA MAIOR -abuso de direito; -excesso de poder; -infração da lei; -fato ou ato ilícito; -violação dos estatutos ou contrato social; -falência; -estado de insolvência; -encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 8 Apesar de CDC adotar a teoria maior no “caput” do art. 28, em questões de provas objetivas, se for abordado qual teoria adotada no CDC, sugere-se que o candidato assinale como correta a resposta que faça menção à teoria menor, salvo se mencionarem ambas as teorias como correta na mesma assertiva. 41 ART.28, § 5º, CDC TEORIA MENOR -sempre que personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. ART. 4°, LEI 9.605/98 (LEI AMBIENTAL) TEORIA MENOR -quando personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. ART. 34, LEI 12.529/2011 (LEI ANTITRUSTE) TEORIA MAIOR -abuso de direito; -excesso de poder; -infração da lei; -fato ou ato ilícito; -violação dos estatutos ou contrato social; -falência; -estado de insolvência; -encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. ART. 135, CTN TEORIA MAIOR -excesso de poderes; -infração de lei, contrato social ou estatutos. Quanto aos bens de família, depois de ler, atentamente, a jurisprudência em teses do STJ (não se esqueça que o link foi disponibilizado no raio-x do edital), fique atento com os informativos recentes sobre o tema. Vamos a eles: #SELIGANAJURIS STJ (549): A desconsideração da PJ não implica, necessariamente, no afastamento da proteção conferida aos bens de família. STJ (543): É considerado bem de família o imóvel no qual reside o filho do dono. STJ (575): Quando a vítima executar o infrator criminal no juízo cível, ela pode penhorar o bem de família adquirido com o produto do crime, ainda que tenha ocorrido a extinção da punibilidade do autor do crime pelo cumprimento da suspensão condicional do processo. 4. Fatos jurídicos. Negócios Jurídicos. Forma do negócio jurídico. Condição, termo e encargo. Representação. No ponto 4, convém esquematizar, na cabeça, a divisão dos fatos jurídicos. Atenção para um detalhe: essa classificação não é uniforme em toda a doutrina. Sendo assim, não se preocupe se sua classificação não for exatamente igual!! 42 5. Defeitos do negócio jurídico: erro, dolo, coação, fraude contra credores, lesão e estado de perigo. Defeitos ou vícios do negócio jurídico Vontade Erro/ignorância (falsa noção ou desconhecimento) -Coisa ou objeto -Pessoas -Direito Se essencial, gera anulabilidade Dolo (artifício ardiloso) Dolus Bonus Não anula Dolus malus Anula -Positivo (ação) -Negativo (omissão) Gera anulabilidade se essencial Coação (pressão) -Coação física (vis absoluta) Negócio nulo ou inexistente, havendo divergência doutrinária -Coação moral (vis compulsiva) Negócio anulável Estado de perigo Perigo que acomete o negociante/pessoa de sua família/amigo (conhecido da outra parte) Negócio anulável Lesão subjetiva Premente necessidade ou inexperiência + desproporção (lesão objetiva) Negócio anulável Fato jurídico em sentido amplo Fato jurídico em sentido estrito Ordinário Extraordinário Fato humano Ato ilícito em sentido amplo Ato ilícito em sentido estrito Ato antijurídico Ato lícito (ato jurídico em sentido amplo) Ato jurídico em sentido estrito Negócio jurídico Ato-fato jurídico 43 Sociais Simulação Vontade interna x vontade manifestada Negócio nulo (sempre, mesmo a inocente) -Absoluta -Relativa -Subjetiva -ObjetivaFraude contra credores Alienações gratuitas com intuito de prejudicar credores (não se confunde com fraude à execução) Anulabilidade por meio de ação pauliana #SELIGANADISTINÇÃO #PARECEMASNÃOÉ LESÃO ESTADO DE PERIGO Premente necessidade ou inexperiência Perigo que acomete o próprio negociante, pessoa de sua família ou amigo íntimo, sendo esse perigo de conhecimento do outro negociante; Prestação manifestamente desproporcional; Obrigação excessivamente onerosa; Independe do dolo de aproveitamento; Pressupõe o dolo de aproveitamento; Aplica-se a revisão negocial (art. 157, § 2º ); Há entendimento de aplicação analógica do art. 157, § 2º, visando a conservação negocial. Aplica-se exclusivamente aos contratos sinalagmáticos. Aplica-se aos NJ em geral (também aos unilaterais, ex.: promessa de recompensa). Fraude contra credores Fraude à execução Instituto do direito material; Instituto do direito processual; O devedor tem várias obrigações assumidas perante credores e aliena de forma gratuita ou onerosa os seus bens, visando prejudicar credores; A alienação se dá na pendência da prestação jurisdicional, após citação; � Há entendimento de que bastaria a propositura da ação. Atinge os interesses patrimoniais dos credores quirografários; Afeta prestação jurisdicional, portanto, matéria de ordem pública; Pressupõe o manejo de ação pauliana/revocatória; Pode ser suscitada por simples petição; A sentença da ação anulatória tem natureza constitutiva negativa, gerando a anulabilidade do NJ celebrado. O reconhecimento da fraude tem natureza declaratória, gerando a ineficácia relativa do ato celebrado. 6. Invalidade do Negócio Jurídico. Nulidade. Simulação. Efeitos da nulidade e da anulabilidade. 44 Para o ponto 6, basta lembrar as diferenças básicas entre nulidade e anulabilidade: NULIDADE ABSOLUTA (NULIDADE) NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) Atinge interesse público Atinge interesse particular Pode ser suscitada por qualquer interessado, pelo MP e deve ser reconhecia de ofício pelo juiz (art. 168)9.10 Só pode ser suscitada pelos interessados (art. 177). É irratificável (art. 169, 1ª parte)11, ou seja, é insuscetível de confirmação. É ratificável (art. 172). Pode ser suprida, sanada, inclusive pelas partes. Sentença produz efeitos EX TUNC, pois, regra geral, o ato nulo não produz efeitos. O tema se tornou controvertido. Não convalesce pelo decurso do tempo (art. 169, parte final). Isso significa que a nulidade é imprescritível12. Ação anulatória possui prazos decadenciais (4 ou 2 anos); HIPÓTESES: Art. 166. É NULO o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. HIPÓTESES: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é ANULÁVEL o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. #OLHAOGANHONADOUTRINA ENUNCIADO 536 DO CJF: Resultando do negócio jurídico nulo consequências patrimoniais capazes de ensejar pretensões, é possível, quanto a estas, a incidência da prescrição. ENUNCIADO 537 DO CJF: A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, excepcionalmente, negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por interesses merecedores de tutela. 9 Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. 10 381/STJ: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.” Referida súmula é criticada, pois nulidade é matéria de ordem pública. 11 Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. 45 7. Ato lícito e ato ilícito. Abuso de direito. Teoria da aparência. Prescrição e decadência. Da prova. Muita calma no ponto 7. O ato lícito, ilícito e o abuso de direito devem ser analisados em conjunto com a responsabilidade civil. Portanto, daqui a pouco trato disso. A teoria da aparência é tema mais doutrinário, logo, de baixíssima incidência em provas objetivas. No raio-x do edital, te indiquei em qual ponto da FUC você pode estudar um pouco mais sobre o assunto. Já a prescrição e decadência merecem um estudo cuidadoso nessa revisão de última hora. Vamos juntos!!!!!! PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA Extingue a pretensão Extingue o direito Está ligada a direitos subjetivos, atingindo ações condenatórias Ligada a direitos potestativos, atingindo as ações constitutivas (positivas e negativas) Os prazos são estabelecidos apenas pela lei Prazos podem ser estabelecidos por lei (decadência legal) ou por convenção das partes (decadência convencional) Deve ser reconhecida de ofício pelo juiz A parte pode não alegar a prescrição; pode ser renunciada pelo devedor após a consumação. Decadência legal: i) deve ser reconhecida de ofício pelo juiz; ii) não pode ser renunciada pela parte Decadência convencional: i) não pode ser reconhecida pelo juiz; ii) pode ser renunciada após a consumação Não corre contra determinadas pessoas A decadência se opera contra todos, exceto em relação aos absolutamente incapazes Há casos de impedimento, suspensão ou interrupção da prescrição Em regra, não é impedida, suspensa ou interrompida (salvo regras específicas) Prazo geral: 10 anos Majoritariamente entende-se que não há um prazo geral de decadência, mas sim um prazo geral para anulação do negócio jurídico (2 anos, a contar da celebração) Prazos especiais (Art. 206, CC): 1, 2, 3, 4 e 5 anos. Prazo de decadência formulado em dias, meses, ano e dia e anos, previsto em dispositivos diversos do Código Civil. RESUME AÊ, COACH!!! OK!!! Ler os artigos tratando dos principais prazos prescricionais é, de fato, uma tarefa enfadonha. Para te ajudar, vou fazer uma breve seleção dos principais artigos e prazos que você deve saber, certo? 46 PRAZO HIPÓTESES 01 ANO (i) Segurado contra o segurador, ou deste contra aquele. 02 ANOS (i) Prestações alimentares 03 ANOS (i) Alugueis de prédios; (ii) enriquecimento sem causa; (iii) reparação civil. 04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela. 05 ANOS (i) Cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; (ii) pretensão de profissionais liberais. #VAMOSDEJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (574): Pequeno mecânico de bairro não tem qualificação profissional suficiente para ser enquadrado como profissional liberal (prescrição em 05 anos). Sendo assim, ele pode cobrar pelos seus serviços no prazo geral de 10 anos. STJ (588): É de 03 anoso prazo da ação da entidade de previdência privada contra terceiro que se apropriou indevidamente dos valores do benefício. STJ (557): É de 10 anos o prazo de prescrição de ação de um advogado contra o outro, buscando divisão de honorários. STJ (593): É de 03 anos o prazo prescricional para que o evicto (quem perdeu o bem) proponha a ação de indenização contra o alienante. 8. Obrigações. Obrigações de dar, fazer e não fazer. Obrigações alternativas. Obrigações divisíveis e indivisíveis. Obrigações Solidárias. Nos pontos 8, vamos, finalmente, inaugurar a ala #MEUSQUADRINHOS,MINHAVIDA !!! Os quadros sinópticos são extremamente importantes para a revisão de última hora, especialmente em alguns pontos do direito civil (ex. obrigações e sucessões). Vamos resumir, agora, as PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DAS OBRIGAÇÕES: 1º Quanto ao conteúdo obrigacional Positivas Obrigação de DAR Dar coisa certa: É aquela que tem por objeto algo certo e individualizado, e que obrigará o devedor a entrega da mesma. RESTITUIR: Devolução da coisa certa ao seu dono. Dar coisa incerta: O objeto é determinado de maneira genérica (gênero e quantidade) e será determinado quando do adimplemento da obrigação 47 Obrigação de FAZER: É a que vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato, seu ou de terceiros, em benefício do credor ou de terceira pessoa. Fungível: A prestação pode ser realizada pelo devedor ou por terceiro, pois não requer para sua execução aptidões pessoais Infungível: Ocorre quando a prestação só pode ser executada pelo próprio devedor, uma vez que se levam em conta suas qualidades pessoais. Negativas Obrigação de NÃO FAZER: Ocorre quando o devedor se compromete a abster-se de algum ato, que poderia praticar se não houvesse se comprometido pelo interesse do credor ou de terceiros. 2º Quanto à presença de elementos obrigacionais Obrigação SIMPLES: 1 Credor, 1 Devedor e 1 Prestação. Obrigação COMPOSTA: Ocorre quando temos multiplicidade de sujeitos e/ou objetos OBJETIVA: Multiplicidade de objetos (prestação) CUMULATIVA (CONJUNTIVA): Todos os objetos (prestações) devem ser prestados. Tem-se o conectivo “e”. Ex.: Entregar-lhe-ei uma saca de trigo “e” uma de café ALTERNATIVA (DISJUNTIVA): Arts. 252-256 Um ou outro objeto deve ser prestado. SUBJETIVA: Multiplicidade de sujeitos Solidária 264/266 SOLIDÁRIA ATIVA: Vários credores – arts. 267/274 SOLIDÁRIA PASSIVA: Vários devedores – arts 275/285 SOLIDÁRIA MISTA/RECÍPROCA: Vários credores e vários devedores Não solidária: pluralidade simples de sujeitos, que sofrerá influência das regras de divisibilidade e indivisibilidade da prestação Et.: Obrigação Facultativa: “para bem se entender a diferença entre a obrigação alternativa e a facultativa deve-se notar que, na alternativa, são devidas duas coisas alternativamente; na facultativa, apenas uma ciosa é devida, mas o devedor pode preferir pagar com outra. Por consequência, na obrigação facultativa, perecendo a coisa, o liame obrigacional se desata, desde que não houve no perecimento culpa do devedor” Gaetano Sciascia A obrigação facultativa não está expressa no nosso Código Civil. Portanto ela é aquela que tem por objeto uma só prestação, mas a lei ou o contrato permite que o devedor substitua essa 48 prestação por outra predeterminada, para facilitar-lhe o pagamento. Para obrigação FACULTATIVA se a prestação estiver eivada de qualquer vício, inválida restará toda a obrigação; o que não acontecerá com as obrigações ALTERNATIVAS, porque, embora defeituosa uma de suas opções, a outra, ou outras, permanece eficaz para ser prestada 3ª Quanto à divisibilidade ou indivisibilidade do objeto obrigacional Obrigação DIVISÍVEL: Ocorre quando é possível o cumprimento parcial da prestação, sem prejuízo de sua substância e de seu valor, de modo que, havendo pluralidade subjetiva, tal obrigação se presumirá dividida em tantas obrigações iguais e distintas, quantos forem os credores ou devedores. Art. 257, CC. Obrigação INDIVISÍVEL: É aquela cuja prestação só pode ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa a parte exata de que resultaria do adimplemento integral; logo, havendo pluralidade de devores, cada um será obrigado pela dívida toda. Art. 258, CC Algumas diferenças entre SOLIDARIEDADE e INDIVISIBILIDADE Solidariedade Indivisibilidade Resulta tecnicamente da lei da vontade ou das partes, trazendo maior garantia ao credor, que tem mais facilidade para cobrar seu crédito; Relaciona-se com a unidade do objeto, que integra a prestação, objeto esse que, regra geral, não pode fracionar-se, seja por sua própria natureza, seja por perda do seu valor. Mesmo que a obrigação se converta e perdas e danos, subsiste a solidariedade, continuando indivisível o objeto (art. 271 e 279, CC) Se o bem que era indivisível foi convertido em DINHEIRO, além das perdas e danos, a obrigação, nesse momento, perderá sua qualidade de indivisível. Desta forma, far-se-á rateio entre as partes, vide art. 263, CC O devedor deve pagar por inteiro porque deve o TODO Embora o devedor seja obrigado ao TODO, ele somente deve a sua parte. O pagamento da totalidade do objeto devido só se verifica ante a impossibilidade do fracionamento desse mesmo objeto. Extingue-se com a morte do credor, ou seja, o crédito reparte-se entre os herdeiros Não se extingue com a morte, pois o objeto não poderá ser repartido já que ele é indivisível. Art. 270, CC Prosseguindo com o estudo do direito das obrigações, vamos condensar o que há de mais relevante: Sub-rogação Dação em pagamento Novação Cessão de crédito Assunção de dívida Regra especial de pagamento ou forma de Forma de pagamento indireto Forma de pagamento indireto Forma de transmissão das obrigações Forma de transmissão das obrigações 49 pagamento indireto Mera substituição do credor por um terceiro que paga a dívida. Não cria nova obrigação Entrega de uma coisa móvel ou imóvel como pagamento. Não cria nova obrigação. Cria nova obrigação pela substituição do objeto (novação objetiva), do credor (novação subjetiva ativa) ou do devedor (novação subjetiva passiva, por delegação ou expromissão) Transmissão da condição de credor, do sujeito ativo obrigacional, de forma gratuita ou onerosa. O devedor não precisa concordar, mas deve ser notificado. Transmissão da condição de devedor (cessão de débito), com a qual deve concordar o credor. Forma gratuita ou onerosa. FIQUE DE OLHO!!!! Veja o que diz o artigo 296 do CC: Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Pela redação do artigo, percebe-se que, na cessão de crédito, a responsabilidade é PRO SOLUTO, e não PRO SOLVENDO. Ou seja, o cedente não responde pela solvência, mas apenas pela existência do crédito. #OLHAOGANCHO No endosso, ocorre justamente o oposto, ou seja, a responsabilidade do endossante é PRO SOLVENDO. 12. Inadimplemento das obrigações. Mora. Perdas e danos. Juros legais e cláusula penalVamos, agora, sintetizar tudo o que você precisa saber sobre o ponto 12: #NÃOCONFUNDA (1) MORA EX RE x MORA EX PERSONA Mora ex re (mora automática) Mora ex persona (mora pendente) 50 Determinadas obrigações possuem mora ex re, ou seja, se o devedor não cumprir a obrigação no dia certo do vencimento, considera-se que ele está, automaticamente, em mora. O credor pode ingressar com ação contra o devedor mesmo sem notificação. A mora ocorre de pleno direito, independentemente de notificação. Aplica-se a máxima dies interpellat pro homine: o dia interpela o homem (o termo interpela no lugar do credor) Outras obrigações possuem mora ex persona, ou seja, exigem a interpelação judicial ou extrajudicial do devedor para que este possa ser considerado em mora. Apenas depois desta notificação, o credor estará autorizado a mover ação judicial de cobrança do débito. Em regra, a mora será ex re se a obrigação a ser cumprida pelo devedor for: • Positiva (de dar ou fazer) • Líquida e • Com dia certo de vencimento. Ora, se o devedor acertou um prazo certo para cumprir a prestação e se não há dúvida quanto ao valor dessa prestação, não há motivo para se exigir que o credor o relembre sobre sua obrigação. Exceção: em alguns casos, a própria lei, por cautela, exige expressamente a notificação prévia e afasta a constituição automática da mora, mesmo tendo sido cumpridos os requisitos acima. Obs: não obrigações de não fazer e nas decorrentes de ato ilícito, a mora também é ex re. A mora será ex persona em duas situações: Quando, no contrato, não tiver sido estipulado um prazo certo de vencimento. Quando, mesmo havendo prazo certo, a lei exigir a interpelação (ex: leasing). Súmula 369-STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora. A interpelação, quando necessária, pode ser: • Judicial, feita, via de regra, pela citação (art. 240 do CPC). • Extrajudicial: realizada sem forma solene, ou seja, por meio de qualquer ato que torne certa a exigência do pagamento, como. Por exemplo, a notificação ou o protesto. (2) ARRAS CONFIRMATÓRIAS x ARRAS PENITENCIAIS Confirmatórias (art. 418 e 419) Penitenciais (art. 420) São previstas no contrato com o objetivo de reforçar, incentivar que as partes cumpram a obrigação combinada. São previstas no contrato com objetivo de permitir que as partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor das arras penitenciais já funcionará como sendo as pardas e danos. A regra são as arras confirmatórias. Assim no silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. Ocorre quando o contrato estipula arras, mas também prevê o direito de arrependimento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderá também ser utilizadas como parte do pagamento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderá também ser utilizadas como parte do pagamento. • Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) • Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o 51 o contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si. • Se a parte que recebeu as arras não executar o contrato: a outra parte (inocente) poderá exigir a devolução das arras mais o equivalente contrato (exercer seu direito de arrependimento): ela perderá as arras dadas. • Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento): deverá devolver as arras mais o equivalente. • Além das arras, a parte inocente poderá pedir: • Indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; • A execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização A arras penitenciais têm função unicamente indenizatória. Isso significa que a parte inocente ficará apenas como valor e NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse sentido: Súmula 412-STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratório e os encargos do processo. #OLHAOGANHO No informativo nº 577, o STJ decidiu que se a proporção entre a quantia paga inicialmente e o preço total ajustado evidenciar que o pagamento inicial englobava mais do que o sinal, não se pode declarar a perda integral daquela quantia inicial como se fosse arras confirmatórias, sendo legítima a redução equitativa do valor a ser retido, sob pena de enriquecimento sem causa. Em regra, o STJ admite que o valor das arras confirmatórias fique entre 10 a 20% do valor total do negócio. (3) JUROS MORATÓRIOS x CORREÇÃO MONETÁRIA DANOS MATERIAIS JUROS MORATÓRIOS CORREÇÃO MONETÁRIA 1. Responsabilidade extracontratual: os juros fluem a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ). 2. Responsabilidade contratual • Obrigação líquida (mora ex re): contados a partir do VENCIMENTO • Obrigação ilíquida (mora ex persona): contados a partir da CITAÇÃO Incide correção monetária a partir da data do efetivo PREJUÍZO (súmula 43 do STJ) DANOS MORAIS JUROS MORATÓRIOS CORREÇÃO MONETÁRIA 52 1. Responsabilidade extracontratual: os juros fluem a partir do EVENTO DANOSO (art. 398 do CC e Súmula 54 do STJ). 2. Responsabilidade contratual • Obrigação líquida (mora ex re): contados a partir do VENCIMENTO • Obrigação ilíquida (mora ex persona): contados a partir da CITAÇÃO A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do ARBITRAMENTO (Súmula 362 do STJ). (4) CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA x COMPENSATÓRIA ATENÇÃO: se as partes estipularem cláusula penal em determinado contrato, é possível indenização suplementar na hipótese de inadimplemento? De acordo com o STJ (info. 540/2014): (i) Cláusula penal moratória = SIM. (ii) Cláusula penal compensatória = NÃO. Cláusula penais ou multa Moratória Mora Limite 10 % (Lei de Usura) 2% (CDC) 2% (condomínio) Compensatória Inadimplemento absoluto Limite Valor da obrigação principal (art. 412, CC) Art. 413, CC Redução proporcional tanto para a multa compensatória quando para a compensatória (princípio da função social dos contratos) 53 14. Contratos. Classificação dos contratos. Contratos de adesão. Contrato aleatório. Contrato com pessoa a declarar. Contrato preliminar. 15. Formação dos contratos. Contratos por tempo determinado e indeterminado. Efeitos dos contratos. Estipulação em favor de terceiros. 16. Cláusulas gerais. Conceitos legais indeterminados. Conceitos determinados pela função13. Interpretação dos contratos. 17. Vícios redibitórios. Evicção. Extinção dos contratos. Plano da existência • Partes • Vontade • Objeto • Forma Plano da validade • Partes capazes • Vontade livre • Objeto lícito, possível, determinável ou determinado • Forma prescrita ou não defesa em lei Plano da eficácia • Condição • Termo • Juros • Multa • Perdas e danos • Inadimplemento • Resolução• Resilição • Registro imobiliário • Tradição (em regra) Anote aí alguns conceitos básicos: (i) Evicção: é a perda do bem ou a privação de alguma utilidade em virtude de circunstância anterior à aquisição do domínio #OLHAAPEDAGINHA É possível excluir a responsabilidade pela evicção???? SIM!! Acompanhe a redação do art. 448: Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir OU EXCLUIR a responsabilidade 13 Para breve explicação, confira o link: https://jus.com.br/artigos/19511/lacunas-meios-de-integracao-e-antinomias 54 pela evicção. (ii) Vícios rebiditórios: o melhor conceito está no próprio código civil. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. #SELIGANAJURIS #AJUDAMARCINHO No informativo nº 554 (2015), o STJ decidiu que O prazo decadencial para o exercício da pretensão redibitória ou de abatimento do preço de bem móvel é de 30 dias (art. 445 do CC). No caso de vício oculto em coisa móvel, o adquirente tem o prazo máximo de 180 dias para perceber o vício (§ 1º do art. 445) e, se o notar neste período, tem o prazo de decadência de 30 dias (a partir da verificação do vício) para ajuizar a ação redibitória. 18. Compra e venda. Cláusulas especiais. Promessa de compra e venda. Troca ou permuta. Contrato estimatório. Doação. 19. Locação de coisas. Locação de imóveis urbanos. Comodato. Mútuo. Prestação de serviço. Empreitada. Depósito. Mandato. Comissão. Corretagem. Transporte. Fiança. 20. Seguro. Disposições gerais. Seguro de dano e seguro de pessoa. Contratos referentes a planos e seguros privados de assistência à saúde. 21. Transação. Atos unilaterais14. Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa. #TUDOJUNTOEMISTURADO Meus colegas, futuros juízes de São Paulo, são muitos os contratos em espécie disciplinados pelo nosso Código Civil. Agora, faltando tão pouco para a nossa sonhada prova (e APROVAÇÃO!!!), temos que fazer algumas apostas, traçar diferenças importantes entre as espécies nominadas e, também, decorar alguns conceitos de predileção da banca examinadora. A seguir, apresentarei um resumão das principais características dos contratos em espécie mais relevantes para concursos públicos. 1. CONTRATO DE COMPRA E VENDA (a) Elementos essenciais do contrato de compra e venda: (i) Coisa 14 Único tema que não foi objeto de NENHUMA questão nas últimas provas VUNESP. Portanto, basta ler o CC. 55 #SELIGANOGANHO A coisa pode ser futura (contrato aleatório). Nesse caso, NÃO CONFUNDA: (i) EMPTIO SPEI/venda de esperança (art. 458) � o comprador assume o risco pela inexistência. (ii) EMPTIO REI SPARATAE/venda de coisa esperada (art. 459) � o comprador não assume o risco pela inexistência da coisa, mas apenas pela quantidade. #DEOLHONALEGIS Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. § 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio. § 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. § 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus. (ii) Preço Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. (iii) Consenso #DECORE #VAICAIR Art. 496. É ANULÁVEL a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. #DOUTRINARECENTE ENUNCIADO 545 do CJF – O prazo para pleitear a anulação de venda de ascendente a descendente sem anuência dos demais descendentes e/ou do cônjuge do alienante é de 2 (dois) anos, contados da ciência do ato, que se presume absolutamente, em se tratando de transferência imobiliária, a partir da data do registro de imóveis. #DESPENCAEMPROVA Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. 56 Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço. No informativo 564, de 2015, o STJ decidiu que o condômino que desejar alienar a fração ideal de bem imóvel divisível, mas em ESTADO DE INDIVISÃO, deverá dar preferência na aquisição ao comunheiro (b) Pactos adjetos ao contrato de compra e venda: Ainda sobre a venda com reserva de domínio, NÃO CONFUNDIR: RESERVA DE DOMÍNIO ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA Cláusula no contrato de compra e venda a prazo Garantia real do contrato de mútuo Contrato de compra e venda a prazo Contrato de compra e venda à vista Contrato de mútuo com garantia real (art. 1361 a 1368, do CC) Propriedade resolúvel em favor do vendedor Propriedade resolúvel em favor do banco Relação bilateral: comprador e vendedor. Relação trilateral: comprador, vendedor e instituição financeira Ação de busca e apreensão (art. 1.071 e seguintes, do CC) Ação de busca e apreensão (Decreto-lei 911/69) 2. CONTRATO DE DOAÇÃO (a) Conceito = acompanhe a redação do artigo: Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. (b) Espécies de doação: (i) Doação remuneratória: Pactos adjetos ao contrato de compra e venda Retrovenda (art. 505) Venda a contento e venda sujeita à prova (art. 509) Preempção ou preferência (art. 513) Reserva de domínio (art. 521) 57 Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. (ii) Doação como adiantamento de legítima: Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. (iii) Doação com cláusula de reversão: Art. 547. O doador pode estipular que osbens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro. (iv) Doação universal: Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. (v) Doação inoficiosa: Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento. (vi) Doação do cônjuge adúltero: Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. (vii) Doação conjuntiva: Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo. (viii) Doação onerosa (modal): Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. (c) Revogação da doação: #DESPENCAEMPROVA #NÃOSEENGANEVAICAIR #LEGISPURA 58 Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário. Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. 3. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO (COMODATO E MÚTUO) COMODATO MÚTUO É empréstimo de uso. É empréstimo de consumo. Por ser empréstimo de uso, o comodatário se compromete a restituir o mesmo bem. O mutuário vai consumir a coisa, se obrigando a restituir outro bem, da mesma qualidade, quantidade e espécie. Comodato recai sobre bens infungíveis e inconsumíveis. Lembrando que nada impede a chamada infungibilidade convencional (gera o chamado comodato AD POMPAM). É de sua essência que recai sobre bem fungível e consumível. Não transfere a propriedade. O que ocorre no comodato é apenas desmembramento possessório. Comodante com a posse indireta e o comodatário com a posse direta. Os riscos correm pelo comodatário, jamais podendo recobrar do comodante as despesas com o uso e gozo da coisa empresta (art. 584, CC). O comodante dispõe de ação possessória. O mutuário vai consumir a coisa. Ele não vai restituir a própria coisa, mas sim outra similar. Logo, em relação àquele exato bem entregue ao mutuário, ocorre a transferência da propriedade. Como consequência, pela lógica RES PERIT DOMINO, os riscos correm pro mutuário. No mútuo, portanto, não há desmembramento possessório. Por isso o mutuante não dispõe de ação possessória (art. 58715). É gratuito (art. 579). É sua causa, sua essência. Se for prevista remuneração, o contrato deixa de ser considerado comodato. O contrato é bifronte. Ou seja, pode ser gratuito ou oneroso (feneratício). Admite as duas modalidades. Mútuo, mandato e depósito são exemplos de contratos bifrontes. É contrato real. Art. 579, parte final. Só se constitui a partir da entrega da coisa. A maioria da doutrina diz que o mútuo também é contrato real, mas o tema se tornou controvertido. 4. DEMAIS ESPÉCIES CONTRATUAIS CONTRATO RESUMO GERAL LOCAÇÃO DE COISAS Locação de Coisas. Conceito: Contrato pelo qual o locador se obriga a ceder ao locatário, por tempo determinado ou não, o uso e o gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração (aluguel). 15 Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. 59 Natureza Jurídica: O contrato é bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal (em regra). FIANÇA Conceito: A fiança, também denominada caução fidejussória, é o contrato pelo qual alguém, o fiador, garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra (arts. 818 a 838 do CC). O fiador assume pessoalmente uma dívida de terceiro frente ao credor. Natureza Jurídica: Contrato unilateral, gratuito, consensual, comutativo, exigindo forma escrita. Trata-se de um contrato acessório “sui generis”. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Conceito: O contrato de prestação de serviços (locatio operarum) pode ser conceituado como sendo o negócio jurídico pelo qual alguém (o prestador) compromete-se a realizar uma determinada atividade com conteúdo lícito, no interesse de outrem (o tomador), mediante certa e determinada remuneração. Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal. EMPREITADA Conceito: O contrato de empreitada (locatio operis) é aquele pelo qual uma das partes (empreiteiro ou prestador) obriga-se a fazer ou a mandar fazer determinada obra, mediante uma determinada remuneração, a favor de outrem (dono de obra ou tomador). Mesmo sendo espécie de prestação de serviço, com este contrato a empreitada não se confunde, principalmente quanto aos efeitos. Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, comutativo, consensual e informal. MANDATO Conceito: É o contrato pelo qual alguém (o mandante) transfere poderes a outrem (o mandatário) para que este, em seu nome, pratique atos ou administre interesses. Como se vê, o mandatário age sempre em nome do mandante, havendo um negócio jurídico de representação. Natureza jurídica. O contrato é, em regra, unilateral, podendo assumir também a forma bilateral (por isso é conceituado como sendo um contrato bilateral imperfeito). Assim sendo, o contrato pode ser gratuito ou oneroso. É também contrato consensual, comutativo e informal. TRANSPORTE Conceito: Trata-se do contrato pelo qual alguém se obriga, mediante uma determinada remuneração, a transportar de um local para outro, pessoas ou coisas, por meio terrestre (rodoviário e ferroviário), aquático (marítimo, fluvial e lacustre) ou aéreo. Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal. Na grande maioria das vezes, o transporte assume a forma 60 de contrato de consumo (Lei 8.078/1990) ou de adesão. Assim, é possível buscar diálogos entre o CC e o CDC no que se refere ao contrato em questão, aplicando-se os princípios sociais contratuais. SEGURO Conceito: Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Trata-se de um dos contratos mais complexos do Direito Brasileiro. Natureza jurídica: Contrato bilateral, oneroso, consensual e aleatório, dependendo do fator risco. Na maioria das vezes, constitui contrato de adesão, pois o seu conteúdo é imposto por uma das partes, geralmente a seguradora. Também, muitas vezes, o contrato é de consumo, o que justifica a busca de diálogos de complementaridade entre o CC e o CDC (diálogo das fontes). COMISSÃO (arts. 693 a 709 do CC) AGÊNCIA e DISTRIBUIÇÃO (arts. 710 a 721 do CC) CORRETAGEM(arts. 772 a 728 do CC) O contrato tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário em um território determinado, em seu próprio nome, mas à conta do comitente. O contrato é bilateral, oneroso, consensual, comutativo e informal. Constitui também contrato personalíssimo. O comissário fica pessoalmente obrigado com as pessoas com quem contratar. No Código Civil, no que se refere a comissão del credere, o comissário passa a responder solidariamente com as pessoas com que houver tratado perante o comitente. Em casos tais, o comissário tem direito a uma remuneração mais elevada. #FICADICA. NÃO CONFUNDIR: A comissão del credere é vedada nos contratos de representação comercial, nos termos do art. 43 da lei 4.886/65. Pelo contrato de agência uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outrem, mediante retribuição, a realização de certos negócios em zona determinada. Há uma atuação livre do agente. Nos termos do CC em vigor, a distribuição ocorre da mesma forma, tendo o agente à sua disposição a coisa a ser negociada. O distribuidor também age em conta própria. Ambos os contratos são bilaterais, onerosos, comutativos e informais. Ambos os contratos também são de trato sucessivo. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços, ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforma as instruções recebidas. Quanto à sua natureza jurídica, o contrato de comissão é bilateral, oneroso e consensual. O contrato também é acessório, pois depende de um outro negócio para existir, qual seja, um contrato principal celebrado no interesse do comitente. O contrato é aleatório pois envolve riscos, particularmente à celebração desse negócio principal. O contrato é informal. Obtido o resultado previsto no contrato, o corretor tem direito à remuneração, denominada comissão. 61 #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (590): o segurado que, devido às ameaças de morte feitas pelo criminoso a ele e à sua família, deixou de comunicar prontamente o roubo do seu veículo à seguradora não perde o direito à indenização securitária (art. 771 do CC). STJ (591): Em regra, mesmo que o proprietário do veículo segurado tenha dado termo de quitação ou renúncia ao causador do sinistro, a seguradora continuará tendo direito de ajuizar ação regressiva contra o autor do dano e de ser ressarcida pelas despesas que efetuou com o reparo ou substituição do bem sinistrado. STJ (593): Não é possível a estipulação de multa no contrato de honorários para as hipóteses de renúncia ou revogação unilateral do mandato do advogado, independentemente de motivação, respeitado o direito de recebimento dos honorários proporcionais ao serviço prestado. É direito do advogado renunciar ou da parte revogar o mandato a qualquer momento. STJ (594): No seguro de automóvel celebrado por uma empresa com a seguradora, é devida a indenização securitária se o condutor do veículo (funcionário da empresa segurada) estava embriagado? (i) Em regra: NÃO. (ii) Exceção: será devido o pagamento da indenização se a empresa segurada conseguir provar que o acidente ocorreria mesmo que o condutor não estivesse embriagado. STJ (598): O seguro de RC D&O (Directors and Officers Insurance) não abrange operações de diretores, administradores ou conselheiros qualificadas como insider trading. STJ (599): A cobrança de juros capitalizados nos contratos de mútuo é permitida quando houver expressa pactuação. Isso significa que a capitalização de juros, seja qual for a sua periodicidade (anual, semestral, mensal), somente será considerada válida se estiver expressamente pactuada no contrato. 22. Responsabilidade civil. Requisitos. Responsabilidade por fato de outrem. Responsabilidade sem culpa. 23.Responsabilidade pela perda de uma chance. Dano moral. Dano estético. Indenização do dano material e do dano moral. Os pontos 22 e 23 tratam da responsabilidade civil. Para esse tema, é importante passarmos os olhos em alguns conceitos básicos e, principalmente, nos últimos informativos do STJ, que tem julgado inúmeros recursos tratando da responsabilidade civil. Pressupostos para a responsabilização civil: (a) Conduta � a conduta que dá ensejo pode ser de fato próprio, fato de outrem (art. 932 a934) ou por fato da coisa (art. 936 a 938). 62 (b) Dolo ou culpa em sentido estrito � a culpa em sentido estrito pode ser imprudência, negligência ou imperícia. A diferença conceitual é idêntica ao do direito penal. (c) Dano � o dano pode ser patrimonial, moral ou estético. #DEOLHONADOUTRINA #RESUMÃODOMARCINHO O que é a responsabilidade civil pela perda de uma chance? Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com que outra pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos danos causados. Em outras palavras, o autor do ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a oportunidade de obter uma situação futura melhor. Com base nesta teoria, indeniza-se não o dano causado, mas sim a chance perdida. A teoria da perda de uma chance é adotada no Brasil? SIM, esta teoria é aplicada pelo STJ, que exige, no entanto, que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um juízo de probabilidade, e não mera possibilidade. O dano resultante da aplicação da teoria da perda pode ser classificado como dano emergente ou como lucros cessantes? Trata-se de uma terceira categoria. (d) Nexo de causalidade Síntese dos artigos mais importantes do CC: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. � Esse artigo contempla uma cláusula geral de responsabilização civil objetiva. Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. � CUIDADO COM A PEGADINHA: O INCAPAZ RESPONDE CIVILMENTE. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: � RESPONSABILIDADE OBJETIVA I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o quehouver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. � 63 Restrição ao direito de regresso. Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. � Independência das instâncias. Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. � Hipótese de causalidade alternativa. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. �Hipótese de redução equitativa do dano. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (589): A sociedade empresária proprietária de semirreboque pode figurar no polo passivo de ação de reparação de danos ajuizada em decorrência de acidente de trânsito envolvendo o caminhão trator ao qual se encontrava acoplado. STJ (589): Em ação de cobrança de seguro DPVAT, a intimação da parte para o comparecimento à perícia médica deve ser pessoal, e não por intermédio de advogado. STJ (592): Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade civil objetiva pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador de síndrome incompatível com a vida extrauterina. STJ (598): A conduta de um adulto que pratica agressão verbal ou física contra criança ou adolescente configura elemento caracterizador da espécie do dano moral in re ipsa. Ainda que tenha uma percepção diferente do mundo e uma maneira peculiar de se expressar, a criança não permanece alheia à realidade que a cerca, estando igualmente sujeita a sentimentos como o medo, a aflição e a angústia. STJ (599): A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC. 24. Posse. Aquisição, perda e efeitos. Propriedade. Aquisição da propriedade imóvel e móvel. Perda da propriedade. Usucapião. Desapropriação judicial por interesse social. O ponto 24 é extremamente importante. Vamos estudá-lo em partes: 64 1. POSSE (a) Conceito � domínio fático sobre a coisa. Exercício de um dos atributos da propriedade (art. 1.196 do CC). POSSE x DETENÇÃO: A detenção também é chamada de fâmulo da posse, ou servidor da posse. O detentor tem a posse não em nome próprio, mas em nome daquele o qual ele está subordinado, seguindo ordens e instruções (art. 1198). (b) Teorias justificadoras � são várias: (A) Teoria Subjetivista ou Subjetiva (Savigny). Posse = Corpus + Animus Domini. Não foi a adotada. (B) Teoria Objetivista ou Objetiva (Ihering). Posse = Corpus. Teoria adotada na visão clássica. (C) Teoria da Função Social da Posse (Saleilles, Perozzi e Gil). Posse é função social (posse-trabalho). Tendência contemporânea. (c) Classificação da posse: Principais classificações da posse Quanto à relação pessoa-coisa (desdobramento) • Posse direta • Posse indireta Quanto à presença de vícios • Posse justa • Posse injusta (violenta, clandestina ou precária) Quanto à boa-fé subjetiva • Posse de boa-fé • Posse de má-fé Quanto à presença de título • Posse com título (ius possiendi) • Posse sem título (ius possessionis) Quanto ao tempo • Posse nova (menos de 1 ano e 1 dia) • Posse velha (pelo menos 1 ano e 1 dia) Quanto aos efeitos • Posse ad interdicta (interditos possessórios) • Posse ad usucapionem (usucapião) Frutos Benfeitorias Responsabilidade (perda) Boa-fé Tem direito, com exceção dos frutos pendentes. Tem direito às benfeitorias necessárias e úteis (indenização e retenção) Pode levantar as voluptuárias se não houver prejuízo para o bem principal Responde por culpa (perda que der causa) Má-fé Não tem direito e responde pelos frutos colhidos e pelos que deixou de colher Tem direito às benfeitorias necessárias (indenização) Responde ainda que a perda seja acidental, em regra. (d) Ações possessórias � são três: (a) Reintegração, no caso de esbulho; 65 (b) Manutenção de posse, no caso de turbação; (c) Interdito proibitório, no caso de ameaça. #DEOLHONOARTIGO Art. 1210. § 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. #NOVOCPC Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. § 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. § 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida o processo. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (590): Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. STJ (594 - ATENÇÃO): Veja a distinção: (1) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face do PODER PÚBLICO: não é possível. Não terá direito à proteção possessória. Não poderá exercer interditos possessórios porque, perante o Poder Público, ele exerce mera detenção. (2) particular invade imóvel público e deseja proteção possessória em face de outro PARTICULAR: terá direito, em tese, à proteção possessória. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse. 2. PROPRIEDADE #GRUD ATENÇÃO PARA OS ATRIBUTOS DO DIREITO DE PROPRIEDADE: 66 Formas de aquisição da propriedade Imóvel Originárias Acessórias • Ilhas • Aluvião • Avulsão • Álveo abandonado • Construções e plantações Usucapião Derivadas Registro Sucessão Móvel Originárias Ocupação/Tesouro Usucapião Derivadas • Especificação • Confusão• Comissão • Adjunção • Tradição • Sucessão Desapropriação judicial por interesse social: #SELIGANOARTIGO Art. 1228. § 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. #OLHAOGANCHONADOUTRINA ENUNCIADO 83 DO CJF – Art. 1.228: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil. 67 ENUNCIADO 304 DO CJF – Art.1.228. São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos. #USUCAPIÃO: Espécies de usucapião Requisitos 1. Extraordinária (i) Posse ininterrupta; (ii) Posse mansa e pacífica; (iii) ANIMUS DOMINI; (iv) Prazo de 15 anos (pode ser 10 anos16); 2. Ordinária (i) Posse ininterrupta; (ii) Posse mansa e pacífica; (iii) ANIMUS DOMINI; (iv) Prazo de 10 anos (pode ser 5 anos17); (v) Justo título (vi) Boa-fé 3. Especial rural/PRO LABORE (i) Prazo de 05 anos; (ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural; (iii) A área de terra, que deve ser produtiva, não pode ser superior a 50 hectares. 4. Especial urbana (i) Prazo de 05 anos; (ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural; (iii) A área, que deve servir de moraria, não pode ser superior a 250 metros. 5. Pró-família Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 16 Art. 1238. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 17Art. 1242. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 68 6. Coletiva (i) Área urbana; (ii) Maior do que 250 metros; (iii) Utilizada por população de baixa renda; (iv) Os usucapientes não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural; (iv) Para fins de moradia; (v) Há pelo menos 05 anos; (vi) Não pode ser possível identificar o terreno ocupado por cada um. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (593): O indivíduo que tem a propriedade de um veículo que, no entanto, está registrado em nome de um terceiro no DETRAN, possui interesse de agir para propor ação de usucapião extraordinária (art. 1.261 do CC) já que, com a sentença favorável, poderá regularizar o bem no órgão de trânsito. 25. Condomínio geral. Condomínio edilício. Direitos de vizinhança. Direito de Superfície. 26. Direitos reais sobre coisas alheias: servidões, usufruto, uso e habitação. 27. Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor e suas espécies. INSTITUTO CONCEITO Servidão Servidão é a relação jurídica real por meio da qual o proprietário vincula o seu imóvel, dito serviente, a prestar certa utilidade a outro prédio, dito dominante, pertencente a dono distinto, obrigando-se, em consequência, a não praticar determinados atos dominiais no prédio serviente ou a não impedir que neste o proprietário do imóvel dominante pratique atos de extração da utilidade que lhe foi concedida. Usufruto Trata-se de direito real temporário concedido a uma pessoa para desfrutar um objeto alheio como se fosse próprio, retirando as suas utilidades e frutos, conteúdo sem alterar-lhe a substância. Assim, o conteúdo do domínio é fracionado, pois, enquanto o usufrutuário percebe os frutos naturais, industriais e civis e retira proveito econômico da coisa, remanesce em poder do nu-proprietário a substância do direito, vale dizer, a faculdade de disposição da coisa e o seu próprio valor, podendo alienar, instituir ônus real ou dar qualquer outra forma de disposição ao objeto, apesar de despido de importantes atributos. Portanto, como contrapartida ao aproveitamento do bem e às faculdades que lhe são concedidas, zelará o usufrutuário pela manutenção da 69 integridade da coisa, em sua destinação econômica Uso O direito real de uso é próximo ao de usufruto, mas com ele não se confunde. Ambos são temporários por essência, mas o direito de uso possui abrangência reduzida, pois o seu titular não tem autorização para gozar a coisa. Ou seja, o usuário pode usar o bem móvel ou imóvel, desde que não sejam consumíveis ou fungíveis, sendo-lhe, todavia, impedida a sua fruição. Habitação Circunscreve-se este direito real à faculdade de seu titular residir gratuita e temporariamente em um prédio, com sua família. O imóvel só se destina à ocupação direta do beneficiário, sendo insuscetível de locação ou comodato, sob pena de resolução contratual. Diferenças entre passagem forçada e servidão de passagem Passagem forçada Servidão de passagem • Instituto de direito de vizinhança • Obrigatório • Há pagamento obrigatório de indenização ao imóvel serviente • Cabe ação de passagem forçada • Direito real de gozo ou fruição • Não é obrigatória • Não há pagamento obrigatório de indenização ao imóvel serviente • Cabe ação confessória OBS: a passagem de cabos e tubulações segue o regime da passagem forçada (arts. 1286 e 1287 do CC). Outros conceitos importantes Ofendículas Defesas preventivas do imóvel. Ex: cerca elétrica Aqueduto Canais de recebimento ou transporte de água Estilicídio Despejo de água (ex: de chuva) na propriedade vizinha, o que é proibido Travejamento Madeiramento da parede divisória Alteamento Direito de aumentar a altura da parede-meia Direitos de vizinhança Servidões Surgem da lei (são impostos pela lei) Constituem-se por meio de: a) declaração expressa do proprietário; b) testamento; ou c) usucapião Possuem natureza de limitações legais ao exercício do direito de propriedade. Possuem natureza de direito real sobre coisa alheia. Não necessitam de um título constitutivo nem precisam ser registrados em cartório Só se formam se o título constitutivo (acordo) for registrado no Registro de Imóveis. As limitações são impostas reciprocamente, ou seja, tanto um vizinho como o outro deverão respeitar os direitos de vizinhança.Existe um prédio dominante e um serviente. Apenas o dono do prédio dominante tira utilidade do prédio serviente. Têm por objetivo evitar um dano ao Não há uma necessidade imperativa, 70 proprietário do prédio prejudicado. A utilização de parte da propriedade alheia é essencial para que o titular do prédio vizinho possa aproveitar o seu imóvel inafastável, essencial. As servidões têm por objetivo conceder uma maior facilidade (utilidade) ao prédio dominante. Direito de superfície do CC/2002 Direito de Superfície do Estatuto de Cidade Imóvel urbano ou rural Imóvel urbano Exploração mais restrita: construções e plantações Exploração mais ampla: qualquer utilização de acordo com a política urbana Em regra, não há autorização para utilização do subsolo e do espaço aéreo Em regra, é possível utilizar o subsolo ou o espaço aéreo Cessão somente por prazo determinado Cessão por prazo determinado ou indeterminado #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (588): O condomínio, independentemente de previsão em regimento interno, não pode proibir, em razão de inadimplência, condômino e seus familiares de usar áreas comuns, ainda que destinadas apenas a lazer. STJ (591): O proprietário de imóvel tem direito de construir aqueduto no terreno do seu vizinho, independentemente do consentimento deste, para receber águas provenientes de outro imóvel, desde que não existam outros meios de passagem de águas para a sua propriedade e haja o pagamento de prévia indenização ao vizinho prejudicado. STJ (592): A proibição prevista no art. 1.301, caput, do Código Civil – de não construir janelas a menos de 1,5m do terreno vizinho – possui caráter objetivo e traduz verdadeira presunção de devassamento ("invasão"). STJ (596): Na vigência do Código Civil de 2002, é quinquenal o prazo prescricional para que o condomínio geral ou edilício (vertical ou horizontal) exercite a pretensão de cobrança de taxa condominial ordinária ou extraordinária, constante em instrumento público ou particular, a contar do dia seguinte ao vencimento da prestação. 27. Direitos reais de garantia. Hipoteca. Penhor e suas espécies. #ANOTEAÍ CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA (a) Natureza acessória � a garantia real pressupõe a existência de um crédito, que tem natureza principal. Logo, aplica-se o princípio da gravitação jurídica. (b) Publicidade � isso se dá através do registro. É justamente essa publicidade que garante a oponibilidade ERGA OMNES, pois surge presunção absoluta de conhecimento. (c) Sequela ou ambulatoriedade � é decorrência da oponibilidade ERGA OMNES. O direito real em 71 garantia acompanha o bem, onde quer que ele se encontre. (d) Preferência (art. 1422) � claro que o credor tem preferência sobre aqueles bens. (e) Excussão � o credor com garantia, real, no caso de inadimplemento, não pode ficar com o objeto da garantia, por força da proibição da cláusula comissória (art. 1428). O credor tem direito à excussão, ou seja, ao produto da alienação do bem. Hipoteca A hipoteca é um direito real de garantia, em virtude do qual um bem imóvel (exceto navios e aeronaves) remanesce na posse do devedor ou de terceiros, assegurando preferencialmente ao credor o pagamento de uma dívida. Um ou mais bens específicos do patrimônio imobiliário do devedor ou do terceiro garantidor são afetados como caução específica de uma obrigação. Penhor Pelo penhor, entrega-se a coisa móvel, fungível ou infungível, corpóreo ou incorpóreo (ex. créditos), a título de garantia, mas sem a transferência da propriedade, que remanesce na titularidade do devedor. Anticrese Anticrese é o direito real de garantia em que o devedor transmite ao seu credor a posse direta de imóvel de sua propriedade, a fim de que este último pague-se com os frutos oriundos da exploração econômica da coisa, paulatinamente abatendo os juros e o débito principal. 28. Propriedade resolúvel. Propriedade fiduciária. Alienação fiduciária em garantia no Código Civil e na legislação extravagante Alienação fiduciária em garantia CONCEITO: Negócio jurídico pelo qual o devedor fiduciante aliena o bem adquirido a um terceiro, o credor fiduciário, que paga o preço ao alienante originário. Constata-se que o credor fiduciário é o proprietário da coisa, tendo, ainda, um direito real sobre a coisa que lhe é própria. Com o pagamento de todos os valores devidos, o devedor fiduciante adquire a propriedade, o que traz a conclusão de que a propriedade do credor fiduciário é resolúvel. NATUREZA JURÍDICA: Trata-se de um direito real de garantia sobre coisa própria, que pode ser um bem móvel ou imóvel. A propriedade fiduciária é modalidade de propriedade resolúvel. TRATAMENTO LEGISLATIVO: • Código Civil de 2022, arts. 1361 e 1368-A (o último introduzido pela Lei 10931/04). • Decreto-lei 911/69 (Bens móveis), com as devidas alterações pela Lei 10931/04. Possibilidade de ação de busca e apreensão da coisa alienada por parte do credor fiduciário contra o devedor fiduciante; 72 • Lei 9512/97. Com as devidas alterações pela Lei 11481/07. Possibilidade de leilão extrajudicial do bem. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (588): Em ação de busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente, o termo inicial para a contagem do prazo de 15 dias para o oferecimento de resposta pelo devedor fiduciante é a data de juntada aos autos do mandado de citação devidamente cumprido (e não a data da execução da medida liminar). STJ (599): Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo Decreto-Lei 911/69. 29. Direito real de aquisição. Loteamento. Incorporação imobiliária. #DEOLHONALEGIS Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. 30. Família. Conceito e modalidades de família. Casamento. Processo matrimonial. Celebração. Forma. Modalidades. #ATENÇÃO MODALIDADES DE FAMÍLIA (a) Família matrimonial: decorrente do casamento. (b) Família informal: decorrente da união estável. (c) Família homoafetiva: decorrente da união de pessoas do mesmo sexo, já reconhecida por nossos Tribunais Superiores, inclusive no tocante ao casamento homoafetivo. (d) Família monoparental: constituída pelo vínculo existente entre um dos genitores com seus filhos, no âmbito de especial proteção do Estado. e) Família anaparental: decorrente “da convivência entre parentes ou entre pessoas, ainda que não parentes, dentro de uma estruturação com identidade e propósito”. f) Família eudemonista: conceito que é utilizado para identificar a família pelo seu vínculo afetivo, pois, nas palavras de Maria Berenice Dias, citando Belmiro Pedro Welter, a família eudemonista “busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação dos seus membros”. A título de exemplo, pode ser citado um casal que convivesem levar em conta a rigidez dos deveres do casamento, previstos no art. 1.566 do CC. #PERMANEÇAATENTO 73 • Vamos, agora, passar os olhos nas principais modalidades de casamento: o (i) Casamento nos casos de moléstia grave; Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. (...) o (ii) Casamento nuncupativo (em viva voz) ou in extremis vitae momentis; Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. (...) o (iii) Casamento por procuração: Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. o (iv) Casamento perante autoridade consular Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. 31. Casamento: natureza jurídica, existência, validade e eficácia. Impedimentos e causas suspensivas. Casamento putativo. Uniões estáveis. Concubinato. Deveres conjugais. (a) CONCEITO DE CASAMENTO: O casamento é a união de duas pessoas reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família e baseada em um vínculo de afeto. Pela conceituação clássica, o casamento exigiria diversidade de sexos. Todavia, hoje, reconhece-se a possibilidade de casamento entre pessoas do mesmo sexo. (b) NATUREZA JURÍDICA: Existem três correntes a respeito da natureza jurídica do casamento: 74 (i) Teoria institucionalista: para essa corrente, o casamento é uma instituição social. Essa concepção é defendida por Maria Helena Diniz. (ii) Teoria contratualista: o casamento constitui um contrato de natureza especial, e com regras próprias de formação. A essa corrente está filiado Silvio Rodrigues. (iii) Teoria mista ou eclética: segundo essa corrente, o casamento é uma instituição quanto ao conteúdo e um contrato especial quanto à formação. (c) IMPEDIMENTOS DO CASAMENTO (art. 1.521 do CC): Impedem a realização do casamento e geram a sua nulidade absoluta (art. 1.548, inc. II, do CC): Art. 1.521. Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II – os afins em linha reta; III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V – o adotado com o filho do adotante; VI – as pessoas casadas; VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. (d) CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO (art. 1.523 do CC). Não geram a nulidade absoluta ou relativa do casamento, mas apenas impõem sanções aos cônjuges. A principal sanção é a imposição do regime da separação absoluta de bens (art. 1.641, I, do CC). Vejamos as suas hipóteses: Art. 1.523. Não devem casar: I – o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II – a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III – o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV – o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Deveres dos cônjuges (art. 1566 do CC) Fidelidade recíproca Vida em comum, no domicílio conjugal (coabitação) Mútua assistência (patrimonial, moral e espiritual) Sustento, guarda e educação dos filhos Respeito e consideração mútuos (e) CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL: união entre duas pessoas caracterizada pela convivência pública, contínua e duradoura, constituída com o objetivo de constituição de família (art. 1.723, caput, do CC). 75 Segundo o Texto Maior, a lei deve facilitar a sua conversão em casamento (art. 226, § 3.º, da CF/1988). Como novidade, o Código Civil de 2002 reconheceu a possibilidade de uma pessoa separada de fato ou judicialmente constituir união estável com terceiro (art. 1.723, § 1.º, do CC). Com a aprovação da Emenda Constitucional 66/2010, conhecida como Emenda do Divórcio, que retirou do sistema a separação jurídica ou de direito, a norma somente tem relevância pela menção ao separado de fato. União estável (art. 1723 do CC) Concubinato (art. 1727 do CC) • Constitui entidade familiar. Há direito a alimentos, direito à meação, direitos sucessórios, entre outros. • Pessoas solteiras, viúvas, divorciadas, separadas de fato e separadas extrajudicial ou judicialmente antes da Emenda do Divórcio. Não pode existir impedimento matrimonial. • Cabe eventual ação de reconhecimento e dissolução da união estável • Competência da Vara de Família • Não constitui entidade familiar, mas mera sociedade de fato (Súmula 380 do STF). • Pessoas casadas não separadas ou havendo impedimento matrimonial decorrente de parentesco ou crime. • Cabe eventual ação de reconhecimento de sociedade de fato. • Competência da Vara Cível 32. Regime de bens. Pacto antenupcial. Dissolução da sociedade conjugal. O regime de bens já foi objeto de uma dica específica. Portanto, se você ainda tem alguma dúvida ou se gostaria apenas de dar aquela revisada, te peço a gentileza de consultar a dica já elaborada, ok? #DEOLHONADOUTRINA – FLÁVIO TARTUCE A aprovação da Emenda Constitucional 66/2010 representa uma revolução no Direito de Família Brasileiro, que conta com o apoio dos autores desta obra. Vejamos os pontos principais da inovação: 1. O novo texto tem aplicação imediata e eficácia horizontal, o que quer dizer que a emenda tem plena incidência nas relações privadas, independentemente de qualquer norma infraconstitucional. 2. A separação de direito ou jurídica – que engloba a separação judicial e a extrajudicial – desaparece definitivamente do sistema, o que vem em boa hora. Não há mais a tripla classificação da separação judicial em separação-sanção, separação-ruptura e separação-remédio, retirada do art. 1.572 do CC/2002, dispositivo deve ser tido como revogado ou não recepcionado pelo Texto Constitucional. Essa é a grande revolução do novo texto. 3. Não há mais qualquer prazo para o divórcio. Desaparece a classificação da matéria em divórciodireto e indireto. Casa-se um dia e divorcia-se no outro, se essa for a vontade das partes. Esse é o segundo ponto de destaque. A inovação não enfraquece a família, muito ao contrário, pois é facilitada a constituição de novos vínculos, o que está mais adequado à realidade contemporânea. 4. Está sendo amplamente debatida pela doutrina e pela jurisprudência a possibilidade de discussão de culpa em sede de divórcio. Três correntes bem definidas sobre o tema já surgem na doutrina. Para a 76 primeira corrente, a culpa persiste para todos os fins, inclusive para os alimentos. Para a segunda corrente, liderada pelos grandes expoentes do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), a culpa não pode ser discutida para dissolver o casamento em hipótese alguma (nesse sentido: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, Rodrigo da Cunha Pereira, Maria Berenice Dias, Paulo Lôbo, Rolf Madaleno, Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho, José Fernando Simão, entre outros). Ainda há uma corrente intermediária, à qual está filiado Flávio Tartuce, que admite a discussão da culpa em casos excepcionais, tais como transmissão de doenças sexualmente transmissíveis entre os cônjuges, atos de violência e engano quanto à prole (modelo dual, com e sem culpa). 5. Debate-se situação das pessoas que se encontram separadas juridicamente na vigência da nova lei. Na opinião de Tartuce, tais pessoas não podem ser consideradas automaticamente como divorciadas, havendo necessidade de ingresso do divórcio judicial ou extrajudicial. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (594): Quando um casal se divorcia sem realizar a imediata partilha dos bens do patrimônio comum, eles continuarão mantendo uma relação jurídica em torno desses bens. A doutrina afirma que, neste caso, surge um estado de “mancomunhão” (também chamado de “condomínio de mão única ou fechada”). Caso concreto: o casal se divorciou em 2013. Em 2017, decidiram fazer a partilha. Dentre os bens a serem partilhados, há as cotas de um hospital. Ocorre que as quotas se valorizaram absurdamente entre 2013 e 2017. E agora: o valor das cotas deve corresponder ao ano de 2013 ou ao ano de 2017? 2017 (momento da partilha). STJ (595): A proteção matrimonial conferida pelo art. 1.641, II, do Código Civil de 2002, não deve ser aplicada quando o casamento for precedido de união estável que se iniciou quando os cônjuges eram menores de 70 anos. STJ (581): Não deve ser reconhecido o direito à meação dos valores do FGTS anteriores à data da constância do casamento. 33. Paternidade e filiação. Paternidade post mortem. Filiação por reprodução assistida. Reconhecimento da paternidade. Paternidade biológica e socioafetiva. Poder familiar. Alimentos. Alienação parental. Aguente firme, já estamos no ponto 33. Anote os conceitos: 77 (a) FILIAÇÃO: A filiação pode ser conceituada como sendo a relação jurídica decorrente do parentesco por consanguinidade ou outra origem, estabelecida particularmente entre os ascendentes e descendentes de primeiro grau. (b) RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE: duas são as formas básicas de reconhecimento de filhos: (i) Reconhecimento voluntário ou perfilhação – nas situações descritas no art. 1.609 do CC. (ii) Reconhecimento judicial ou forçado – nas hipóteses em que não há o reconhecimento voluntário, o mesmo devendo ocorrer de forma coativa, por meio da ação investigatória. (C) PATERNIDADE SOCIOAFETIVA (posse de estado de filho): o vínculo paterno-filial decorre, não de traços sanguíneos, mas sim da relação de amor e afeto estabelecida entre os envolvidos. A tese é pacífica na jurisprudência brasileira. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (588): O filho, em nome próprio, não tem legitimidade para deduzir em juízo pretensão declaratória de filiação socioafetiva entre sua mãe - que era maior, capaz e, ao tempo do ajuizamento da ação, pré- morta (já falecida) - e os supostos pais socioafetivos dela. STJ (592): Ocorrido o falecimento do autor da ação de investigação de paternidade cumulada com nulidade da partilha antes da prolação da sentença, sem deixar herdeiros necessários, detém o herdeiro testamentário, que o sucedeu a título universal, legitimidade e interesse para prosseguir com o feito, notadamente, pela repercussão patrimonial advinda do potencial reconhecimento do vínculo biológico do testador. STF (840): A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com efeitos jurídicos próprios. STF (840): A presunção legal de que os filhos nascidos durante o casamento são filhos do marido não pode servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua verdadeira paternidade. STJ (581): É possível o reconhecimento da paternidade sociafetiva POST MORTEM. (D) PODER FAMILIAR: O poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe, não sendo mais o caso de se utilizar, em hipótese alguma, a expressão “pátrio poder”, totalmente superada pela despatriarcalização do Direito de Família, ou seja, pela perda do domínio exercido pela figura paterna no passado. O exercício do poder familiar está tratado no art. 1.634 do CC, que traz as atribuições desse exercício que compete aos pais, verdadeiros deveres legais, a saber: a) dirigir a criação e a educação dos filhos; b) ter os filhos em sua companhia e guarda; c) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; d) nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; e) representá-los, até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; f) reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; g) exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 78 #LEGISLAÇÃO #DESPENCAEMPROVA Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; III - pela maioridade; IV - pela adoção; V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (595): REGRA: o CC determina que, quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada (art. 1.584, § 2º). EXCEÇÕES: Não será aplicada a guarda compartilhada se: a) um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor; b) um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar. STJ (599): É válida a aplicação de astreintes quando o genitor detentor da guarda da criança descumpre acordo homologado judicialmente sobre o regime de visitas. (E) ALIENAÇÃO PARENTAL: #RESUMÃO #AJUDAMARCINHO #DODFOREVER Alienação parental é... a) a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente. b) promovidaou induzida c) - por um dos genitores, - pelos avós ou - pelos que tenham o menor sob a sua autoridade, guarda ou vigilância d) para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Reconhecimento da prática de alienação parental em juízo: O reconhecimento da prática de alienação parental deve ser feito necessariamente em juízo. Ação autônoma ou reconhecimento incidental: A parte pode ingressar com uma ação autônoma pedindo este reconhecimento ou poderá formular pedido incidental em outra ação. Casos de EXTINÇÃO Caso de PERDA (imposição judicial) 79 O juiz pode reconhecer de ofício a prática de atos de alienação parental? SIM, a Lei faculta ao juiz esta possibilidade, desde que seja de forma incidental em um processo já instaurado. Reconhecimento em qualquer momento processual: A Lei afirma que o reconhecimento de ato de alienação parental pode ocorrer em qualquer momento. Providências no caso de indício de alienação parental: Se o juiz verificar e declarar a existência de indício de ato de alienação parental, o processo terá tramitação prioritária, e, ouvido o Ministério Público, serão determinadas, com urgência, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas. Perícia: O juiz, se entender necessário, poderá determinar a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial. A prática de alienação parental é crime? NÃO. (F) ALIMENTOS: RESUMÃO DE ALIMENTOS CONCEITO Alimentos são as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Os fundamentos são os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar. PRESSUPOSTOS Necessidade (de quem pede) + possibilidade (de quem paga) + proporcionalidade (doutrina moderna) CARACTERÍSTICAS a) Direito personalíssimo b) Reciprocidade18 c) Irrenunciabilidade19 d) Obrigação divisível ou solidária20 e) Obrigação imprescritível f) Obrigação incessível e inalienável21 18 Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. 19 Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 20 Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide 80 g) Obrigação incompensável h) Obrigação impenhorável i) Transmissível22 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES I. Quanto às fontes: (a) Alimentos legais ou familiares � são os alimentos decorrentes de lei, fundamentados no Direito de Família. (b) Alimentos convencionais � são aqueles fixados por força de contrato, testamento ou legado, ou seja, que decorrem da autonomia privada do instituidor. (c) Alimentos indenizatórios, ressarcitórios ou indenitários � são aqueles fundamentados na responsabilidade civil (art. 948, II). II. Quanto à extensão: (a) Alimentos civis ou côngruos � visam à manutenção do status quo antes. (b) Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários � visam somente ao indispensável à sobrevivência da pessoa. III. Quanto ao tempo: (a) Alimentos pretéritos � são aqueles que ficaram no passado e que não podem mais ser cobrados, via de regra, eis que o princípio que rege os alimentos é o da atualidade (ex. prescritos). (b) Alimentos presentes � são aqueles que estão sendo exigidos no momento, e que pela atualidade da obrigação alimentar podem ser cobrados mediante ação específica. (c) Alimentos futuros � são os alimentos pendentes, como aqueles que vão vencendo no curso da ação e que podem ser cobrados quando chegar o momento próprio, mais uma vez diante da atualidade da obrigação alimentar. IV. Quanto à forma de pagamento: (a) Alimentos próprios ou in natura � são aqueles pagos em espécie, ou seja, por meio do fornecimento de alimentação, sustento e 21 Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. 22 Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694 81 hospedagem, sem prejuízo do dever de prestar o necessário para a educação dos menores (art. 170123, caput). (b) Alimentos impróprios � são aqueles pagos mediante pensão. Cabe ao juiz da causa, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, fixar qual a melhor forma de cumprimento da prestação (art. 1.701, parágrafo único24, do CC). V. Quanto à finalidade: (a) Alimentos definitivos ou regulares � são aqueles fixados definitivamente, por meio de acordo de vontades ou de sentença judicial já transitada em julgado. Embora sejam chamados de definitivos, o CC permite a revisão25. (b) Alimentos provisórios � são aqueles fixados de imediato na ação de alimentos que segue o rito especial previsto na Lei 5.478/1968 (Lei de Alimentos). Em outras palavras, estão fundados na obrigação alimentar e, por isso, exigem prova pré-constituída do parentesco (certidão de nascimento) ou do casamento (certidão de casamento). São frutos da cognição sumária do juiz antes mesmo de ouvir o réu da demanda. (c) Alimentos provisionais � são aqueles fixados em outras ações que não seguem o rito especial mencionado, visando manter a parte que os pleiteia no curso da lide, por isso a sua denominação ad litem. São fixados por meio de antecipação de tutela ou em liminar concedida em medida cautelar de separação de corpos em ações em que não há a mencionada prova pré-constituída, caso da ação de investigação de paternidade ou da ação de reconhecimento e dissolução da união estável (art. 170626). (d) Alimentos transitórios � como visto, reconhecidos pela mais recente jurisprudência do STJ, são aqueles fixados por determinado período de tempo, a favor de ex-cônjuge ou ex-companheiro, fixando-se previamente o seu termo final. 23 Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor. 24 Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação. 25 Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança nasituação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. 26 Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual. 82 #DEOLHONAJURIS #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMAXIMOTRES STJ (590): Genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial do filho, representou-o em ação de execução de débitos alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo executivo com intuito de ser ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha sido transferida ao genitor (executado). STF (857): A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento inescusável de prestação, não alcançando situação jurídica a revelar cobrança de saldo devedor. A razão de ser da prisão civil é a de compelir o devedor a pagar quantia voltada à subsistência do alimentando, não podendo ser utilizada para exigir débitos pretéritos. 34. Família substituta. Perda do poder familiar. Guarda. Tutela e curatela. GUARDA TUTELA ADOÇÃO Obriga a prestar assistência material, moral e educacional. Engloba o dever de guarda e de administração dos bens do tutelado. Forma vínculo familiar. Não implica perda ou suspensão do poder familiar, mas o guardião pode se opor aos pais. Demanda necessariamente a perda ou suspensão do poder familiar. É necessária a perda do poder familiar dos pais biológicos; o pedido deve ser expresso na ação de adoção; Destinada a regularizar a posse de fato da criança ou do adolescente. Destinada ao amparo e à administração dos bens da criança ou adolescente em caso de falecimento dos pais, ausência ou perda do poder familiar. Objetiva a criação do vínculo de paternidade/maternidade entre pais-adotantes e filhos-adotados. Em regra, é deferida no curso dos processos de tutela e adoção, exceto na adoção estrangeira. Cabível também como pedido autônomo em caso de falta eventual de pais ou responsável. É possível a concessão de guarda no curso do processo de tutela. É possível a concessão de guarda no curso do processo de adoção. Em processo de adoção estrangeira, não é possível a concessão da guarda. STJ: não inclui direitos previdenciários, pois a lei n. 8213, que é regra especial, não prevê. Inclui direitos previdenciários, pois há previsão no art. 16, §3º, da lei 8213. Goza de plenos direitos previdenciários, pois é filho tal qual o biológico. Revogável. Revogável. Irrevogável. Não há mudança de nome da criança ou adolescente. Não há mudança de nome da criança ou adolescente. O adotado recebe o nome do adotante e pode mudar o pré- nome. 83 35. Sucessões. A herança e sua administração. Vocação hereditária. Aceitação e renúncia da herança. Cessão de herança. Excluídos da herança. Deserdação. Sucessão Legítima. Sucessão do companheiro. RESUME AÊ, COACH!!!! REGRAS BÁSICAS DA SUCESSÃO Art. 1.784 do CC. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (droit de saisine). Herdeiro legítimo é aquele apontado pela lei; herdeiro testamentário é aquele nomeado por testamento, legado ou codicilo (art. 1.796 do CC) Art. 1.787 do CC. A sucessão e a legitimação para suceder serão reguladas pela lei do tempo da abertura da sucessão. Art. 1.788 do CC. Se a pessoa falecer sem testamento, a sua herança será transmitida aos herdeiros legítimos. O mesmo vale para os casos de ausência de testamento, de caducidade ou nulidade absoluta do ato de disposição. Art. 1.789 do CC. Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), o testador somente poderá dispor de metade da herança. Trata-se da famosa proteção da legítima, que é a quota dos herdeiros necessários. ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA A herança defere-se de forma unitária, ainda que haja pluralidade de herdeiros. A herança, antes da partilha, constitui um bem imóvel por determinação legal, indivisível e universal (universalidade jurídica), nos termos do art. 1.791 do CC. A herança é administrada pelo inventariante, que exerce um mandato legal e, na sua falta, pelo administrador provisório (art. 1.797 do CC). ACEITAÇÃO DA HERANÇA A aceitação ou adição da herança é o ato pelo qual o herdeiro manifesta a sua vontade de receber os bens do falecido, confirmando a transmissão sucessória. Trata-se de um ato jurídico unilateral, que produz efeitos independentemente da concordância de terceiros, tendo, portanto, natureza não receptícia. Três são as formas de aceitação da herança, a saber: (a) Aceitação expressa – feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular. (b) Aceitação tácita – resultante tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. Como exemplo, cite-se a hipótese em que o herdeiro toma posse de um bem e começa a administrá-lo e a geri-lo como se fosse seu. (c) Aceitação presumida – tratada pelo art. 1.807 do CC, segundo o qual o interessado em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança, poderá, 20 dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior 84 de 30 dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro. Isso, sob pena de haver a herança por aceita. RENÚNCIA É o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão de outra, declara que a não aceita. Duas são as modalidades de renúncia à herança: (a) Renúncia abdicativa – o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo cessão pura e simples a todos os coerdeiros, o que equivale à renúncia pura. Em casos tais, não há incidência de Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante. (b) Renúncia translativa – quando o herdeiro cede os seus direitos a favor de determinada pessoa (in favorem). Como há um negócio jurídico de transmissão, verdadeira doação, incide o Imposto de Transmissão Inter Vivos contra o renunciante. PETIÇÃO DE HERANÇA De acordo com o art. 1.824 que o herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. Indignidade sucessória Deserdação Matéria de sucessão legítima e testamentária Matéria de sucessão testamentária Alcança qualquer classe de herdeiro, seja ele necessário ou facultativo Somente atinge os herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge). As hipóteses de indignidade servem para deserdação Existem hipóteses de deserdação que não alcançam a indignidade (arts. 1962 e 1963) Há pedido de terceiros interessados ou do MP, com confirmação em sentença transitada em julgado Realizada por testamento, com declaração de causa e posterior confirmação por sentença 36. Sucessão testamentária. Testamento. Formas de testamento. Disposições testamentárias. Codicilo. Fideicomisso. Legados. Direito de acrescer e substituições. Execução do testamento. 37. Sonegados. Redução das disposições testamentárias. Revogação, rompimento e anulação do testamento. Testamenteiro. Inventário e partilha. #SELIGANORESUMO TESTAMENTO Define-se o testamento como um negócio jurídico unilateral, personalíssimo e revogável pelo qual o testador faz disposições de caráter patrimonial ou extrapatrimonial, para depois de sua morte. FORMAS DETESTAMENTO Art. 1.862. São testamentos ordinários: I - o público; II - o cerrado; 85 III - o particular. Art. 1.886. São testamentos especiais: I - o marítimo; II - o aeronáutico; III - o militar. #OLHAADOUTRINA O que é testamento vital? Trata-se documento em que a pessoa determina, de forma escrita, que tipo de tratamento ou não tratamento deseja para a ocasião em que se encontrar doente, em estado incurável ou terminal, e incapaz de manifestar sua vontade. DISPOSIÇÃO TESTAMENTÁRIA E EXECUÇÃO DO TESTAMENTO 13 Regras fundamentais: 1.ª Regra: Art. 1.897. A nomeação de herdeiro, ou legatário, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. 2.ª Regra: Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. 3.ª Regra: Art. 1.900. É NULA a disposição: I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro; II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar; III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade a terceiro; IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado; V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. 4.ª Regra: Art. 1.901. Valerá a disposição: I - em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado; II - em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de outrem determinar o valor do legado. 5.ª Regra: Art. 1.902. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos aí sitos, SALVO se manifestamente constar que tinha em mente beneficiar os de outra localidade. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, as instituições particulares preferirão sempre às públicas. 6.ª Regra: Art. 1.903. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada ANULA a disposição, SALVO se, pelo 86 contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. 7.ª Regra: Art. 1.904. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. 8.ª Regra: Art. 1.905. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados. 9.ª Regra: Art. 1.906. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária. 10.ª Regra: Art. 1.907. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros. 11.ª Regra: Art. 1.908. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. 12.ª Regra: Art. 1.909. São ANULÁVEIS as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Parágrafo único. Extingue-se em 4 anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício. 13.ª Regra: Art. 1.910. A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador. CODICILO O codicilo é um ato particular de última vontade simplificado e de expressão não considerável, para o qual a lei NÃO exige maiores solenidades. LEGADOS O legado constitui uma disposição específica sucessória, realizada a título singular. Contrapõe-se ao testamento pelo fato de ser este uma disposição da herança a título universal. DIREITOS DE ACRESCER O direito de acrescer é aquele mediante o qual um coerdeiro ou colegatário recebe proporcionalmente a parte do outro, nomeado conjuntamente, que não pôde aceitá-la ou a ela renunciou. SONEGADO Art.1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando estejam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de restituí-los, PERDERÁ O DIREITO QUE SOBRE ELES LHE CABIA. Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio inventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando indicados. TESTAMENTEIRO A testamentaria é instituição que pode surgir quando a vocação opera por força de testamento e o autor da sucessão nomeia uma ou mais pessoas para que fiquem encarregadas de vigiar o cumprimento do seu testamento ou de o executar, no todo ou em parte. 87 REVOGAÇÃO E ROMPIMENTO DO TESTAMENTO Art. 1.969. O testamento pode ser revogado pelo MESMO MODO E FORMA como pode ser feito. Art. 1.970. A revogação do testamento pode ser total ou parcial. Parágrafo único. Se parcial, ou se o testamento posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo que não for contrário ao posterior. Art. 1.971. A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o testamento, que a encerra, vier a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; NÃO valerá, se o testamento revogatório for anulado por omissão ou infração de solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos. Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em TODAS as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. Art. 1.975. NÃO se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte. 38. Direito de autor. Registros Públicos. #DIREITODO AUTOR #SURRADEJURIS STJ (588): Se o Município contratou, mediante licitação, uma empresa para a realização do evento, será dela a responsabilidade pelo pagamento dos direitos autorais. Exceções: esta responsabilidade poderá ser transferida para o Município em duas hipóteses: (1) se ficar demonstrado que o Poder Público colaborou direta ou indiretamente para a execução do espetáculo; ou (2) se ficar comprovado que o Município teve culpa em seu dever de fiscalizar o cumprimento do contrato público (culpa in eligendo ou in vigilando). STJ (594): O projeto, o esboço e a obra arquitetônica são considerados como obra de criação intelectual e, por conta disso, o autor goza de proteção da Lei nº 9.610/98 (Lei dos Direitos Autorais). STJ (594): Nos contratos sob encomenda de obras intelectuais, a pessoa jurídica que figura como encomendada na relação contratual pode ser titular dos direitos autorais, conforme interpretação do art. 11, parágrafo único, da Lei nº 9.610/98. Assim, ocorrendoa utilização indevida da obra encomendada, sem a devida autorização, caberá à pessoa jurídica contratada pleitear a reparação dos danos sofridos. STJ (597): A transmissão de músicas por meio da rede mundial de computadores mediante o emprego da tecnologia streaming (webcasting e simulcasting) demanda autorização prévia e expressa pelo titular dos direitos de autor e caracteriza fato gerador de cobrança pelo ECAD relativa à exploração econômica desses direitos. 88 Quanto aos registros públicos, acho que compensa relembrar um pouquinho o procedimento de dúvida. Para tanto, nada melhor do que aquela explicação do nosso querido e genial Márcio. #AGUENTAFIRME #ÉSÓMAISESSA #DAQUIPRAPOSSE #AJUDAMARCINHO O que é o procedimento de dúvida? A dúvida é um procedimento administrativo iniciado pelo titular da serventia extrajudicial, a requerimento do apresentante, nas situações em que houver divergência sobre alguma exigência que seja feita pelo Oficial e com a qual o apresentante não concorde. Quem suscita a dúvida? O Oficial (Registrador). É ele quem suscita a dúvida (a requerimento do interessado). Procedimento: Encontra-se previsto no art. 198 da Lei nº 6.015/73. Se o Oficial entender que existe exigência a ser satisfeita, ele deverá indicá-la por escrito para que o apresentante atenda. Caso o apresentante não se conforme com a exigência feita, ou se não puder atendê-la, ele poderá requerer que o título e a declaração de dúvida sejam remetidos ao juízo competente para dirimi-la, obedecendo-se ao seguinte: I - o Oficial anotará no Protocolo, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida; Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, o Oficial deverá rubricar todas as suas folhas; III - em seguida, o Oficial: • dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, ou seja, fornecerá a ele, por escrito, as razões pelas quais não aceitou fazer o registro; e • notificará o apresentante para, no prazo de 15 dias, impugnar essas razões, ou seja, para apresentar os argumentos pelos quais não concorda com a exigência feita. IV - certificado o cumprimento do disposto no item III, as razões da dúvida e o título deverão ser remetidos ao juízo competente, mediante carga. Caso o interessado não impugne a dúvida no prazo de 15 dias: não há problema Oitiva do MP (prazo: 10 dias): Art. 200. Impugnada a dúvida com os documentos que o interessado apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de dez dias. Diligências: Art. 201. Se não forem requeridas diligências, o juiz proferirá decisão no prazo de quinze dias, com base nos elementos constantes dos autos. Produção de provas: Não é possível a dilação probatória, pois se trata de procedimento especial e sumário (posição da maioria da doutrina). Assim, o exame de questões mais complexas, que envolvam produção de provas deverá ser resolvida pela jurisdicional adequada. É possível a intervenção de terceiros no procedimento de dúvida? NÃO. Sentença: A dúvida é decidida por sentença, que deverá ser prolatada no prazo de 15 dias. Apesar de o art. 202 da LRP utilizar o nome "sentença", a doutrina e a jurisprudência entendem que não se trata de uma sentença igual àquela prevista no art. 203, § 1º, do CPC/2015. A sentença do 89 procedimento de dúvida (art. 202 da LRP) é um ato decisório administrativo, que não se reveste das mesmas características da sentença judicial, não resultando de quaisquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487 do CPC/2015. Juízo competente: O juízo competente é previsto na Lei de Organização Judiciária. Em geral, é o Juiz da Vara de Registros Públicos. Resultado da sentença (art. 203): Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á do seguinte modo: I - se for julgada PROCEDENTE (o Oficial tinha razão): não é efetuado o registro. Os documentos são devolvidos à parte, independentemente de translado, dando-se ciência da decisão ao Oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele a prenotação. II - se for julgada IMPROCEDENTE (o Oficial não tinha razão): é efetuado o registro. O interessado apresentará, de novo, os seus documentos, com o respectivo mandado, ou certidão da sentença, que ficarão arquivados, para que, desde logo, se proceda ao registro, declarando o oficial o fato na coluna de anotações do Protocolo. Recurso cabível contra a sentença: APELAÇÃO. Aqui também é importante esclarecer que esta "apelação" prevista no procedimento de dúvida não é igual à apelação do art. 1.009 do CPC/2015. A apelação do procedimento de dúvida (art. 202 da LRP) tem natureza administrativa e a apelação do CPC é recurso judicial. Quem julga apelação no procedimento de dúvida: Depende da Lei de Organização Judiciária. Em regra é a Corregedoria Geral de Justiça. Inexistência de coisa julgada: Qualquer que seja a decisão proferida no procedimento de dúvida, sobre ela não pesarão os efeitos da coisa julgada judicial. Isso significa dizer que a discussão pode ser reaberta no campo jurisdicional, por meio de um processo judicial. 39. Interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos em juízo: princípios gerais. O tema será estudado com calma em outras disciplinas. 40. Súmulas do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal Finalmente, o último tópico. Como você tem fácil acesso às súmulas, vou anotar aqui apenas aquelas que considero mais importantes, ok? De todo modo, já fica a recomendação para que você leia todas elas!!! #DESPENCAEMPROVAOBJETIVA #SÚMULAS #JURISÉTUDO Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. 90 Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. Súmula 547-STJ: Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede elétrica, o prazo prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de 1916. Na vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco anos se houver previsão contratual de ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse sentido, observada a regra de transição disciplinada em seu art. 2.028. Súmula 380-STJ: A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor. De juros efetivamente contratada - por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor. Súmula 538-STJ As administradoras de consórcio têm liberdade para estabelecer a respectiva taxa de administração, ainda que fixada em percentual superior a dez por cento. Súmula 539-STJ: É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP n. 1.963-17/2000, reeditada como MP n. 2.170- 36/2001), desde que expressamente pactuada. Súmula 541-STJ: A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. Súmula 529-STJ:No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado. Súmula 491-STF: É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado. Súmula 54-STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. 91 Súmula 37-STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. Súmula 388-STJ: A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou empresariais. Súmula 540-STJ: Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu. Súmula 544-STJ: É válida a utilização de tabela do Conselho Nacional de Seguros Privados para estabelecer a proporcionalidade da indenização do seguro DPVAT ao grau de invalidez também na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida Provisória nº 451/2008. Súmula 474-STJ: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez. Súmula 257-STJ: A falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa do pagamento da indenização. Súmula 246-STJ: O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada. Súmula 426-STJ: Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação. Súmula 405-STJ: A ação de cobrança do seguro obrigatório DPVAT prescreve em três anos. Súmula 187-STF: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida, por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Súmula 145-STJ: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave. Súmula 402-STJ: O contrato de seguro por danos pessoais compreende danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão. Súmula 465-STJ: Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação. Súmula 229-STJ: O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão. 92 Súmula 101-STJ: A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano. Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente. Súmula.92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de registro do veículo automotor. Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. Súmula 214-STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. Súmula 335-STJ: Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção. Súmula 543-STJ: Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento. Súmula 63-STJ: São devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de música em estabelecimentos comerciais. Súmula 228-STJ: É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. Súmula 478-STJ: Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o hipotecário. Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa. Súmula 415-STF: Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a proteção possessória. Súmula 197-STJ: O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens. Súmula 149-STF: É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança. Súmula 301-STJ: Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção "juris tantum" de paternidade. Súmula 277-STJ: Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da citação. 93 Súmula 1-STJ: O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos. Súmula 358-STJ: O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. Súmula 309-STJ: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Súmula 49-STF: A cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade dos bens. Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. DIREITO EMPRESARIAL27 1. Origens e história do Direito Comercial. Teoria dos atos de comércio. Teoria da empresa e atividade empresarial e mercado. TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO TEORIA DA EMPRESA Empresário é quem pratica os chamados atos de comércio, previstos expressamente na legislação. Foi o modelo do CC/1850. O problema é que muitas atividades ficavam de fora, o que gerava dificuldades práticas, já que, por não serem consideradas atividades empresariais, elas não podiam utilizar certos instrumentos tipicamente comerciais (ex. falência). Empresário é quem exerce “empresa”, ou seja, quem executa atividade econômica organizada destinada à produção e circulação de bens e serviços. Foi a teoria adotada pelo CC/02. #DEOLHONOARTIGO Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Teoria dos atos de comércio 27 Por Luiz Fernando. Obs. O material foi produzido com base na FUC, no resumo do João Paulo Lordelo, nas anotações pessoais de minha autoria e, principalmente, a partir do livro do André Luiz Santa Cruz Ramos, do qual eu extraí quase todos os quadros sinópticos que ilustramo material. 94 Adoção de critério formal para enquadramento dos agentes econômicos Regra Abrangia todos aqueles que praticassem algum dos atos de comércio (rol enumerativo) Exceção Não abrangia aqueles que exerciam atividades previstas no rol enumerativo, tais como prestadores de serviço e negociadores de imóveis Sujeição ao regime jurídico comercial Não sujeição ao regime jurídico comercial 2. O Direito Civil e o Direito Comercial: autonomia ou unificação. Fontes do Direito Comercial. Os perfis do mercado. Fontes do Direito Empresarial Fontes formais Fontes materiais Primárias ou diretas Subsidiárias ou indiretas Exemplo: fatores econômicos • Código Comercial de 1850 (só comércio marítimo) • Código Civil de 2002 (normas empresariais gerais) • Legislação esparsa* Usos e costumes mercantis Normas civis, especialmente no campo das obrigações e dos contratos • Usos de direito (ou usos propriamente ditos) • Usos de fato (ou usos convencionais) *Exemplos (microssistemas): Lei nº 8934/94 (registro de empresas); Lei 6404/76 (direitos societário); LC 123/06 (microempresas e empresas de pequeno porte) 3. Princípios constitucionais econômicos e sua instrumentalidade para o funcionamento do mercado. #BASTAALEI Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, 95 observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 4. Direito de Empresa no Código Civil A empresa e o empresário. Noção econômica e jurídica de empresa. Empresário e sociedade empresária. A atividade empresarial. Capacidade. Empresário rural. Obrigações gerais dos empresários. Como vimos acima, o CC/02 adotou a TEORIA DA EMPRESA, de modo que todo aquele que exerce empresa (atividade) será considerado empresário. Veja a síntese do art. 966, e de seu importante parágrafo único28: Teoria da empresa Regra: Adoção de critério material par enquadramento dos agentes econômicos Art. 966 do CC • Profissionalmente • Atividade econômica • Organizada • Produção ou circulação de bens ou serviços Exceção: Adoção de outros critérios para determinados agentes econômicos específicos Profissionais intelectuais Regra Exceção: quando o exercício da profissão constitui elemento de empresa Exercente de atividade rural Regra Exceção: quando optar por registro na Junta Comercial (natureza constitutiva) 28 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 96 Cooperativas Sociedade por ações Sociedades de advogados Sujeição ao regime jurídico empresarial Não sujeição ao regime jurídico empresarial #ATENÇÃONODETALHE: Empresário é gênero. Empresário é todo aquele que exerce a atividade empresa. Se o exercente for uma pessoa física, chamamos essa pessoa de EMPRESÁRIO INDIVIDUAL. Por outro lado, se o exercente for uma pessoa jurídica, então a chamamos de SOCIEDADE EMPRESÁRIA ou de EIRELI, que é uma pessoa jurídica distinta da sociedade (veremos depois). #CUIDADO Como funciona a responsabilidade do empresário individual? Sua responsabilidade é ilimitada, justamente em virtude do fato de que não há a constituição de outra pessoa (outro centro de imputação). Sendo assim, os bens individuais do empresário individual respondem pelas dívidas contraídas no exercício da empresa. O Código Civil cria algumas restrições para que uma pessoa física exerça a atividade empresarial (para que se transforme em empresária individual). Vedações ao exercício de empresa Os que não estão no pleno gozo da capacidade civil (exceção: exercício de atividade empresarial por incapaz, mediante autorização judicial – art. 974 do CPC) Os legalmente impedidos • Art. 1011, §1º do CC: condenados a certos crimes relacionados na norma; • Art. 117, X da Lei 8112/90: servidores públicos federais; • Art. 36, I da LC 35/79 – LOMAN: magistrados; • Art. 44, III da Lei 8625/93: membros do Ministério Público; • Art. 29 da Lei 6880/80: militares Quanto ao incapaz, ATENÇÃO PARA AS EXCEÇÕES: Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, CONTINUAR a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 97 § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. #DESPENCAEMPROVA #VAICAIR Se o empresário for casado, Art. 978. O empresário casado pode, SEM NECESSIDADE DE OUTORGA CONJUGAL, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. 5. Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Escrituração e demonstrações contábeis periódicas. Enunciado 198 do CJF: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário”. Ou seja, o registro NÃO TEM NATUREZA CONSTITUTIVA, exceto para o empresário rural. Todavia, se não for registrado, o empresário se torna irregular, sofrendo, com isso, algumas restrições impostas pela lei. Ex. O empresário irregular não pode, por exemplo, pedir a falência de terceiros, embora possa pedir a sua própria falência (autofalência). Exibição dos livros Parcial Pode ser determinada de ofício ou a requerimento da parte interessada Cabível em qualquer ação judicial Integral Só pode ser determinada pelo juiz a requerimento da parte interessada Cabível somente em algumas ações relativas a, por exemplo: • Comunhão ou sociedade • Liquidação de sociedade • Sucessão por morte de sócio • Administração ou gestão à conta de outrem • Falência •Quando e como determinar a lei 6. Empresa individual de responsabilidade limitada. Estabelecimento empresarial. Nome empresarial. Direitos e Obrigações relativas à propriedade industrial: Lei nº 9.279, de 14/5/1996. 98 Vamos por partes. 1. EIRELI • (a) Conceito: É uma nova pessoa jurídica de direito privado (associações, sociedade, EIRELI) constituída por um único titular, que responde limitadamente pelo resultado da empresa. o Conforme vimos acima, a responsabilidade do empresário individual é ilimitada. A ideia do legislador, ao criar a EIRELI, foi permitir justamente que uma única pessoa pudesse exercer a empresa com responsabilidade limitada. • (b) Capital mínimo: a lei exige capital mínimo (igual ou superior a 100 vezes o valor do maior salário mínimo vigente no país) para a sua constituição. • (c) Nome empresarial: A EIRELI pode usar tanto firma quanto denominação. • (d) Limitação de constituição: o § 2.º do art. 980-A do CC diz que “a pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade”. 2. Estabelecimento • (a) Conceito: Trata-se de todo o conjunto de bens, materiais ou imateriais, que o empresário utiliza no exercício da sua atividade. Estabelecimento empresarial Bens corpóreos Mercadorias Instalações Equipamentos Veículos e etc Bens incorpóreos Marcas Patentes Direitos Ponto • (b) Natureza jurídica: a doutrina considerada o estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal. • (c) Contrato de trespasse: é um contrato oneroso de transferência do estabelecimento empresarial. #OLHAOGANCHO – ATENÇÃO PARA A SUCESSÃO EMPRESARIAL Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de UM ANO, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. #GANCHO2 #VAICAIR – CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos CINCO ANOS subsequentes à transferência. 99 Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. #DEOLHONAJURIS: É válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que limitada espacial e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência e os efeitos danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos reconhecidos constitucionalmente. Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária concorrente pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo certo e em determinado lugar específico (limitada temporária e espacialmente). Ex: João resolveu montar um quiosque no shopping para vender celulares, cartões pré-pagos etc. Para isso, ele fez um contrato com a operadora de celular “XXX” por meio da qual ele somente iria vender os produtos e serviços dessa operadora e, em troca, ela ofereceria a ele preços diferenciados, consultoria e treinamento para abrir a loja. No contrato assinado com a operadora, havia uma cláusula dizendo que João estava proibido, por 6 meses após a extinção do contrato de contratar com qualquer empresa concorrente naquela cidade. Essa cláusula de não concorrência é válida. STJ. 3ª Turma. REsp 1.203.109-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/5/2015 (Info 561). 3. Nome empresarial Nome empresarial Firma Deve conter o nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade empresária e pode conter ramos de atividade Serve de assinatura do empresário Contrata assinando o nome empresarial Denominação Deve designar o objeto da empresa e pode adotar nome civil ou qualquer outra expressão Não serve de assinatura do empresário Contrata assinando com o nome civil do representante Nome empresarial Firma Empresário individual Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples Denominação Sociedade anônima Firma ou denominação Sociedade limitada Sociedade em comandita por ações 4. Propriedade industrial • Tema de baixa incidência em provas da magistratura estadual (EM QUE PESE O TJSC!!!!). Para eventual questão objetiva, entenda apenas as ideias gerais: PATENTE REGISTRO Invenção Modelo de utilidade Desenho industrial Marca Duração 20 anos (Mín. 10 anos) 15 anos (Mín. 7 anos) 10 anos 10 anos 100 Prorrogação Não admite Prorrogável por até 3 períodos de 5 anos cada Prorrogável sem limite (Requer 1 ano antes do término) Licença Cabe licença compulsória (não é pacífica a possibilidade de licença compulsória do desenho industrial) Não admite Requisitos Novidade; Atividade inventiva; Aplicação industrial; Licitude Novidade; Originalidade; Licitude Novidade relativa; Não colidência; Licitude 7. Disciplina jurídica da concorrência. Concorrência desleal. Repressão civil e penal. Infração da ordem econômica. Sanções por infração da ordem econômica. Meus colegas, tenho certeza que esse ponto nº 7, de baixa incidência em provas da magistratura estadual, foi negligenciado, compreensivelmente, pela imensa maioria de vocês. Pensando nisso, resolvi explicar o tema com mais vagar, só para que não sejamos surpreendidos no dia 25. Vamos lá. A Lei Antitruste tem como fundamentos constitucionais o art. 170, que prevê a livre concorrência como princípio da ordem econômica, e o art. 173, §4º, que estabelece que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise a dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”. Vale lembrar que, assim como compete à União, aos Estados e ao DF legislar concorrentemente sobre direito econômico, compete a eles a legislação do direito da concorrência. Esquematicamente, pode-se dizer que o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, que tem missão preventiva e repressiva, possui 3 vertentes principais de atuação (finalidades), quais sejam: 1. Controle de estruturas: que visa a prevenção de atos de concentração que possam implicar em abuso do poder econômico; Art. 88. Serão submetidos ao CADE pelas partes envolvidas na operação os ATOS DE CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA29 em que, cumulativamente: I - pelo menos um dos grupos envolvidos na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00; e II - pelo menos um outro grupo envolvido na operação tenha registrado, no último balanço, faturamento bruto anual ou volume de negócios total no País, no ano anterior à operação, equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00. 29 Esses atos que visam a qualquer forma de concentração econômica (horizontal, vertical ou conglomeração), podem se dar através de fusão ou de incorporação de empresas, de constituição de sociedade para exercer o controlede empresas ou qualquer forma de agrupamento societário. 101 (...) § 2º O controle dos atos de concentração de que trata o caput deste artigo será PRÉVIO e realizado em, no máximo, 240 dias, a contar do protocolo de petição ou de sua emenda. (...) § 5º Serão PROIBIDOS os atos de concentração que impliquem eliminação da concorrência em parte substancial de mercado relevante, que possam criar ou reforçar uma posição dominante ou que possam resultar na dominação de mercado relevante de bens ou serviços, ressalvado o disposto no § 6º deste artigo. § 6º Os atos a que se refere o § 5º deste artigo poderão ser autorizados, desde que sejam observados os limites estritamente necessários para atingir os seguintes objetivos: I - cumulada ou alternativamente: a) aumentar a produtividade ou a competitividade; b) melhorar a qualidade de bens ou serviços; ou c) propiciar a eficiência e o desenvolvimento tecnológico ou econômico; e II - sejam repassados aos consumidores parte relevante dos benefícios decorrentes. 2. Controle de condutas: em face da qual se busca reprimir condutas anticoncorrenciais; Art. 31. Esta Lei aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de monopólio legal. Art. 32. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente. Art. 33. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, quando pelo menos uma delas praticar infração à ordem econômica. Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. Parágrafo único. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da PJ provocados por má administração. Art. 35. A repressão das infrações da ordem econômica não exclui a punição de outros ilícitos previstos em lei. Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, INDEPENDENTEMENTE DE CULPA, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; III - aumentar arbitrariamente os lucros; e IV - exercer de forma abusiva posição dominante. (...) § 2º Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20% ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia. 102 (...) § 3º As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: (...) � ROL EXEMPLIFICATIVO. Art. 45. Na aplicação das penas estabelecidas nesta Lei, levar-se-á em consideração: I - a gravidade da infração; II - a boa-fé do infrator; III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator; IV - a consumação ou não da infração; V - o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livre concorrência, à economia nacional, aos consumidores, ou a terceiros; VI - os efeitos econômicos negativos produzidos no mercado; VII - a situação econômica do infrator; e VIII - a reincidência. 3. Advocacia da concorrência: assim como o controle de estruturas, apresenta um viés preventivo, e consiste em promover a cultura da competição, verificando-se, aqui, forte cunho educacional. Analisemos, agora, as principais inovações introduzidas pela Lei 12.529/11: 1ª inovação = Houve alteração do critério de apresentação de uniões empresariais: suprime-se o critério de detenção de 20% ou mais do mercado relevante, bem como passa a se exigir que dentre as empresas envolvidas uma tenha, ao menos, faturamento de 400 milhões, e outra 30 milhões, inaugurando-se o sistema de dupla trava cumulativa. � A introdução de uma “segunda trava” constitui inovação importante, uma vez que evita que todas as aquisições de empresas muito pequenas por empresas maiores tenham que ser notificadas, o que tende a reduzir o número de operações a serem notificadas. 2ª inovação = O controle dos atos de concentração passa a ser PRÉVIO, isto é, as empresas que intencionem promover união empresarial deverão aguardar a decisão favorável do CADE antes de realizarem a concentração econômica. 3ª inovação = A nova Lei trouxe a permissão ao CADE para aprovar atos de concentração econômica que causam danos graves e substanciais à concorrência, desde que tragam eficiências econômicas (ganhos de produtividade e inovações tecnológicas) garantindo aos consumidores o repasse de parte relevante de tais benefícios. � Anteriormente (Lei nº 8.884/94), o CADE não podia autorizar uniões empresariais que causassem danos exagerados à concorrência, ainda que ganhos de eficiência econômica fossem produzidos. #TEMADAMODA #LAVAJATONAPROVA Acordo de leniência Assemelha-se à delação premiada e consiste na concessão de benefício ao coautor de conduta infracional da ordem econômica que passe a colaborar com as investigações, indicando os demais envolvidos e fornecendo provas da ocorrência da infração, que muitas vezes é de difícil obtenção. Art. 86. O Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, poderá celebrar acordo de leniência, com a extinção da ação punitiva da administração pública ou a redução de 1 a 2/3 da penalidade aplicável, nos termos deste artigo, com PF ou PJ que forem autoras de infração à ordem econômica, desde que colaborem efetivamente com as investigações e o processo administrativo e que dessa colaboração resulte: 103 I - a identificação dos demais envolvidos na infração; e II - a obtenção de informações e documentos que comprovem a infração noticiada ou sob investigação. § 1º O acordo de que trata o caput deste artigo somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes requisitos: I - a empresa seja a primeira a se qualificar com respeito à infração noticiada ou sob investigação; II - a empresa cesse completamente seu envolvimento na infração noticiada ou sob investigação a partir da data de propositura do acordo; III - a Superintendência-Geral não disponha de provas suficientes para assegurar a condenação da empresa ou pessoa física por ocasião da propositura do acordo; e IV - a empresa confesse sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos processuais, até seu encerramento. § 2º Com relação às PF, elas poderão celebrar acordos de leniência desde que cumpridos os requisitos II, III e IV do §1º deste art. § 3º O acordo de leniência firmado com o Cade, por intermédio da Superintendência-Geral, estipulará as condições necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o resultado útil do processo. (...) § 7º A empresa ou PF que não obtiver, no curso de inquérito ou processo administrativo, habilitação para a celebração do acordo de que trata este artigo, poderá celebrar com a Superintendência-Geral,até a remessa do processo para julgamento, acordo de leniência relacionado a uma outra infração, da qual o Cade não tenha qualquer conhecimento prévio. § 9º Considera-se SIGILOSA a proposta de acordo de que trata este artigo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo. § 10. Não importará em confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento de ilicitude da conduta analisada, a proposta de acordo de leniência rejeitada, da qual não se fará qualquer divulgação. § 12. Em caso de descumprimento do acordo de leniência, o beneficiário ficará impedido de celebrar novo acordo de leniência pelo prazo de 3 anos, contado da data de seu julgamento. O acordo de leniência era, antes, realizado pela Secretaria de Direito Econômico (SDE). Agora, com o advento da nova lei, é celebrado pelo CADE, por intermédio da Superintendência-Geral. #OLHAOGANCHO O acordo de leniência gera, também, efeitos penais: Art. 87. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na Lei no 8.137, e nos demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados na Lei no 8.666,e os tipificados no art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848 - Código Penal, a celebração de acordo de leniência, nos termos desta Lei, determina a SUSPENSÃO do curso do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia com relação ao agente beneficiário da leniência. Parágrafo único. Cumprido o acordo de leniência pelo agente, EXTINGUE-SE AUTOMATICAMENTE A PUNIBILIDADE dos crimes a que se refere o caput deste artigo. 8. A atividade empresarial e a publicidade: tutela do consumidor. 15. O empresário e a relação de consumo. Da tutela contratual dos consumidores. Esses dois tópicos devem ser estudados em direito do consumidor, pois não há nada de diferente que mereça um estudo específico aqui no nosso edital de direito empresarial. 104 9. Teoria Geral do Direito Societário. Ato constitutivo das sociedades. Classificação das sociedades. Da sociedade não personificada e personificada. Sociedades simples e sociedades empresárias. Registro Público das sociedades. Sociedade rural. Desconsideração da personalidade jurídica30. O direito societário compreende o estudo das sociedades. E as sociedades, por sua vez, são pessoas jurídicas de direito privado, decorrentes da união de pessoas, que possuem fins econômicos, ou seja, são constituídas com a finalidade de exploração de uma atividade econômica e repartição dos lucros entre seus membros. • Sociedades empresárias � exercem empresa, nos termos do art. 966, CC. • Sociedades simples � não exercem empresa (ex. art. 966, PU, CC). #ATENÇÃO (I) Sociedade entre cônjuges Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. (II) Sociedade unipessoal? O Brasil admite a constituição de sociedade unipessoal? A resposta é NEGATIVA. Em nosso ordenamento jurídico, a pluralidade de sócios é pressuposto de existência de uma sociedade (art. 981 do Código Civil). Há apenas um caso excepcional de sociedade unipessoal admitido em nosso ordenamento jurídico. Trata-se da chamada sociedade subsidiária integral, espécie de sociedade anônima que tem como único sócio uma sociedade brasileira (art. 251, § 2.º, da LSA). (III) Sociedade nacional Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Classificação das sociedades Quanto à responsabilidade dos sócios Ilimitada Sociedade em nome coletivo Limitada Sociedade anônima Sociedade limitada Mista Sociedade em comandita simples Sociedade em comandita por ações Quanto ao regime de constituição e dissolução Contratuais Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples Sociedade limitada Institucionais Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Quanto à composição De pessoas Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples (quanto ao sócio comanditado) Sociedade limitada (salvo previsão em sentido contrário no contrato social) 30 Para relembrar as hipóteses, dê uma conferida na parte de direito civil do NFPSS. 105 De capital Sociedade em comandita simples (quanto ao sócio comanditário) Sociedade anônima Sociedade em comandita por ações Sociedades no CC Não Personificadas Sociedade em comum Sociedade em conta de participação Personificadas Sociedade limitada Sociedade anônima Sociedade em nome coletivo Sociedade em comandita simples Sociedade em comandita por ações #RESUMEOSTIPOS, COACH!!!!!! OK!!! As sociedades personificadas serão objeto de tópicos específicos. Vou então, apresentar as principais características das sociedades não personificadas, certo? São geralmente as que nos causam confusão. TIPO SOCIETÁRIO (NÃO PERSONIFICADO) CARACTERÍSTICAS GERAIS 1. SOCIEDADE EM COMUM É a que conhecemos tradicionalmente com os nomes de sociedade irregular ou sociedade de fato. Trata-se da sociedade que ainda não inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente. Por não possuírem registro, também não possuem personalidade jurídica, logo, a responsabilidade dos sócios é ilimitada. 2. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama de sociedade secreta. Ela apresenta duas categorias distintas de sócios: o sócio ostensivo e os sócios participantes (também chamados de sócios ocultos). A conta de participação é uma “sociedade” que só existe internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto é, perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial, e responde sozinho pelas obrigações contraídas. #ANOTEAÍ #CONCEITOSIMPORTANTES #DESPENCAEMOBJETIVAS (i) Subscrição � ato pelo qual o sócio se compromete a transferir determinado montante para compor o capital social da sociedade. 106 (ii) Integralização � é o efetivo ato de transferência patrimonial do sócio para a sociedade. #OLHAOGANCHO – SÓCIO REMISSO Sócio remisso é aquele que está em mora com a sociedade. Ou seja, é o sócio que ainda não integralizou sua parte no capital social. MUITA ATENÇÃO para o art. 1004, que cai demais: Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora. Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no §1º do art. 1.031. #SEGUEOGANCHO É possível a integralização por meio da prestação de serviços? Em regra, não. Apenas a sociedade simples pura é que admite esse tipo de operação. 10.Sociedade limitada. #SELIGANORESUMO IDEIAS GERAIS Trata-se do tipo societário mais utilizado no Brasil. Isso se deve, basicamente, a dois fenômenos: (i) a responsabilidade dos sócios é LIMITADA e (ii) a sociedade é CONTRATUAL, o que permite maior flexibilidade aos sócios. CONTRATO SOCIAL Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade,estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. CAPITAL SOCIAL Corresponde ao montante de contribuições dos sócios para a sociedade, a fim de que ela possa cumprir seu objeto social. O capital social deve ser sempre expresso em moeda corrente nacional. Opções para o sócio remisso Purgar a mora e indenizar a 107 sociedade pelos danos emergentes da mora Sujeitar-se à cobrança judicial Exclusão da sociedade Com diminuição do capital social OU Com a aquisição das ações pelos sócios, terceiros ou pela própria sociedade RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. CONSELHO FISCAL Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual prevista no art. 1.078. § 1º Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados no § 1º do art. 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau. § 2º É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto do capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo suplente. EXCLUSÃO EXTRAJUDICIAL DE SÓCIO MINORITÁRIO Exclusão de sócio na LTDA. Minoritário Simples alteração contratual desde que o contrato social permita e que haja deliberação em assembleia OU Decisão judicial caso o contrato social não permita a exclusão do sócio Majoritário Apenas judicialmente 11. Sociedade anônima (Lei nº 6.404/76). A lei da S.A é muito grande e complexa. Justamente por isso, acaba sendo negligenciada pelos candidatos. Vou tentar pinçar alguns temas importantes. No entanto, desde já te aviso que, embora de expressa relevância prática, felizmente, a lei de S.A não é frequentemente abordada em provas objetivas dos concursos públicos. Portanto, nada de desespero. CONCEITO As sociedades anônimas são espécies de sociedades estatutárias, também chamadas de “institucionais”. Constituem-se, assim, por meio de um estatuto social e seu capital está dividido em frações denominadas ações. Cada sócio é titular de determinado número de 108 ações, sendo chamado de acionista. NOME EMPRESARIAL Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. TIPOS DE S.A ABERTA – aquela que negocia seus valores mobiliários no mercado de capitais (formado pela bolsa de valores e pelo Mercado de balcão). Para tanto, é necessária uma prévia autorização e registro perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). FECHADA – aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais. VALORES MOBILIÁRIOS EMITIDOS PELA S.A Valores mobiliários Ações Com valor nominal Debêntures Bônus de subscrição Notas promissórias Partes beneficiárias Sem valor nominal (i) AÇÕES – são bens móveis que representam frações em que está dividido o capital social, concedendo ao seu titular um complexo de direitos e deveres. São indivisíveis em relação à companhia. (ii) DEBÊNTURES – são valores mobiliários que conferem a seus titulares direito de crédito contra a companhia, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. (iii) PARTES BENEFICIÁRIAS - são títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social. São emitidos para captar recursos ou remunerar serviço prestado. (iv) BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO – são valores mobiliários que conferem ao titular, nas condições constantes do certificado, o direito de preferência para subscrever novas ações por ocasião do aumento do capital social autorizado no estatuto, antes de qualquer outro. (v) COMMERCIAL PAPER – são espécies de notas promissórias e servem para a captação de recursos no mercado de capital, sendo restituídos aos investidores em curto prazo. ÓRGÃOS DA S.A Órgãos sociais Assembleia-geral Caráter exclusivamente deliberativo que reúne todos os acionistas (com ou sem direito a voto). Conselho de Administração Caráter deliberativo e com vistas a agilizar as decisões da Cia. (mínimo 3 membros, acionistas ou não). Diretoria Órgão de representação legal da S/A e execução das deliberações da assembleia-geral ou do Conselho de 109 Administração (mínimo 2 membros, acionistas ou não). Conselho Fiscal Órgão colegiado de fiscalização dos órgãos de administração (existência obrigatória e funcionamento facultativo; mínimo de 3 e máximo de 5 membros, acionistas ou não). OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS (A) TRANSFORMAÇÃO: ocorre quando há mudança de tipo societário, ou seja, de uma S/A para LTDA ou vice-versa, independentemente, de dissolução e liquidação de um tipo para outro. (B) FUSÃO: ocorre quando duas ou mais sociedades se unem, as quais se extinguem, para formar uma NOVA sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. (C) INCORPORAÇÃO: uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações. As sociedades absorvidas extinguem-se. (D) CISÃO: é a operação pela qual a companhia transfere parcela do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu patrimônio (total), ou dividindo-se o seu capital (parcial). 12. Teoria Geral dos Títulos de Crédito. Títulos de crédito no Código Civil. Letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata. Títulos de crédito impróprios. Títulos bancários. Títulos do agronegócio. Títulos eletrônicos ou virtuais. Meus queridos alunos ciclos, algumas pessoas pediram uma explicação mais detalhada sobre os títulos de crédito. Por coincidência, foi justamente no momento em que eu estava preparando este material. Portanto, para te ajudar, vou me estender um pouquinho nessa parte do resumo, ok? o Atenção para um pequeno detalhe: a explicação mais profunda e densa pode ser encontrada na nossa FUC de títulos de crédito. Está tudo lá. Minha preocupação neste momento, até mesmo pela proposta do NFPSS, é te lembrar algunsconceitos importantes. 1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS GERAIS • Acompanhe a definição legal: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. • Características gerais: os títulos de crédito (i) são DOCUMENTOS FORMAIS, por precisarem observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária, (ii) são considerados BENS MÓVEIS (nesse sentido, aliás, dispõem os arts. 82 a 84 do Código Civil), sujeitando-se aos princípios que norteiam a circulação desses bens, como o que prescreve que a posse de boa-fé vale como propriedade, e (iii) são TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO, por serem documentos necessários ao exercício dos direitos neles contidos. Outra característica dos títulos de crédito é que eles (iv) constituem TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS. 2. PRINCÍPIOS 110 Títulos de crédito Princípios informadores Cartularidade Literalidade Autonomia Abstração Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé Principais características • Natureza essencialmente comercial; • Documentos formais; • Natureza de bens móveis; • São títulos de apresentação; • Constituem títulos executivos extrajudiciais; • Representam obrigações quesíveis; • É título de resgate; • É título de circulação #SELINANOCONCEITO o (a) Cartularidade � o exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. #DOUTRINANELES O princípio da cartularidade ou incorporação, atualmente, vem sendo posto em xeque, em virtude do crescente desenvolvimento tecnológico e da consequente criação de títulos de crédito magnéticos, ou seja, que não se materializam numa cártula. É o que se chama de DESMATERIALIZAÇÃO (OU LIQUEFAÇÃO) DOS TÍTULOS DE CRÉDITO. o (b) Literalidade� o título de crédito vale pelo que nele está escrito. Nem mais, nem menos. Em outros termos, nas relações cambiais somente os atos que são devidamente lançados no próprio título produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador. o (c) Autonomia � o título de crédito configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. Melhor dizendo: o legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam, estando completamente imune aos vícios ou defeitos que eventualmente as acometeram. #FIQUEDEOLHO Há dois subprincípios que decorrem do princípio da autonomia. São eles: (i) Abstração: Segundo o subprincípio da abstração, entende-se que quando o título circula, ele se desvincula da relação que lhe deu origem. (ii) Inoponibilidade das exceções pessoas aos terceiros de boa-fé: os vícios relativos à relação que originou o título não são oponíveis contra terceiro de boa-fé, que recebeu o título legitimamente. 3. CLASSIFICAÇÃO 111 #SELIGANATABELA CLASSIFICAÇÃO EXPLICAÇÃO 1. Quanto à forma de transferência (a) Título ao portador: é aquele que circula pela mera tradição (art. 904 do Código Civil), uma vez que neles a identificação do credor não é feita de forma expressa. (b) Título nominal: é aquele que identifica expressamente o seu titular, ou seja, o credor. A transferência da titularidade do crédito, pois, não depende apenas da mera entrega do documento (cártula) a outra pessoa: é preciso, além disso, praticar um ato formal que opere a transferência da titularidade do crédito. (c) Títulos nominativos: segundo o art. 921 do Código Civil, são aqueles emitidos em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico mantido pelo emitente do título. 2. Quanto ao modelo (a) Título de modelo livre: é aquele para o qual a lei não estabelece uma padronização obrigatória, ou seja, a sua emissão não se sujeita a uma forma específica preestabelecida. (b) Título de modelo vinculado: ao contrário, se submete a uma rígida padronização fixada pela legislação cambiária específica, só produzindo feitos legais quando preenchidas as formalidades legais exigidas. 3. Quanto à estrutura (a) Ordem de pagamento (ex. letra de câmbio, cheque e duplicata) = se caracterizam por estabelecerem três situações jurídicas distintas, a partir da sua emissão: em primeiro lugar, tem-se a figura do sacador, que emite o título, ou seja, ordena o pagamento; em segundo lugar, tem-se a situação do sacado, contra quem o título é emitido, ou seja, trata-se da pessoa que recebe a ordem de pagamento; por fim, tem-se a figura do tomador (ou beneficiário), em favor de quem o título é emitido, isto é, pessoa a quem o sacado deve pagar, em obediência à ordem que lhe foi endereçada pelo sacador. (b) Promessa de pagamento (ex. Nota promissória) = existem apenas duas situações jurídicas distintas de um lado tem-se a figura do sacador ou promitente, que promete pagar determinada quantia; de outro, tem-se a situação do tomador, beneficiário da promessa que receberá o valor prometido. 4. Quanto às hipóteses de emissão (a) Título causal: é aquele que somente pode ser emitido nas restritas hipóteses em que a lei autoriza a sua emissão. É o caso, por exemplo, da duplicata. (b) Título abstrato: é aquele cuja emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabelecida em lei. Em síntese: podem ser emitidos em qualquer hipótese. É o caso, por exemplo, do cheque, que pode ser emitido para documentar qualquer relação negocial. 4. TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE 112 I. LETRA DE CÂMBIO ESTRUTURA DO TÍTULO É um título de crédito que se estrutura como ORDEM DE PAGAMENTO, razão pela qual, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: a) a do sacador, que emite a ordem; b) a do sacado, a quem a ordem é destinada; c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem. ACEITE Aceite é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o devedor principal da letra (aceitante). O aceite, na letra de câmbio, é FACULTATIVO, porém irretratável. VENCIMENTO (a) Dia certo: é a que vence em data preestabelecida pelo sacador, logicamente posterior à data do saque. (b) À vista: é aquela que tem seu vencimento no dia da apresentação do título ao sacado. Não há a prefixação de uma data específica, portanto. (c) A certo termo da vista: é a que vence após um determinado prazo, estipulado pelo sacador quando de sua emissão, que começa a correr a partir da vista (aceite) do título. (d) A certo termo da data: também vence após um determinado prazo estipulado pelo sacador, mas que começa a correr não a partir do aceite, mas a partir da própria emissão (saque) do título. DATA PARA O PAGAMENTO Pagamento de uma letra de câmbio Pagável no exterior Deve ser apresentada no dia do vencimento ou nos dois dias úteis seguintes Pagável no Brasil Deve ser apresentada no dia do vencimento ou, recaindo em dia não útil, no primeiro dia útil seguinte II. NOTA PROMISSÓRIA ESTRUTURA DO TÍTULO Trata-se de uma promessa de pagamento, razão pela qual sua emissão dá origem a duas situações jurídicas distintas: a do sacador ou promitente (chamado na Lei Uniforme de subscritor), que emite a nota e promete pagar determinada quantia a alguém; e a do tomador, em favor de quem a nota é emitida e que receberá a importância prometida. ACEITE A nota promissória NÃO ADMITE ACEITE LEGISLAÇÃO APLICÁVEL Aplicam-se às notas promissórias as normas previstas para a letrade câmbio em relação ao endosso, aval e vencimento. III. CHEQUE ESTRUTURA DO TÍTULO O cheque é ordem de pagamento à vista emitida contra um banco em razão de fundos que a pessoa (emitente) tem naquela instituição financeira. É, como visto, um título de modelo vinculado, uma vez que só é cheque aquele documento emitido pelo banco, em talonário específico, com uma numeração própria 113 CURIOSIDADES (a) Lei do Cheque prevê, em seu art. 39, que o banco tem a obrigação legal de verificar a regularidade da cadeia de endossos. (b) Quando possuírem valor não superior a R$ 100,00 (cem reais), podem ser emitidos ao portador. Cheques acima desse valor, todavia, deverão ser emitidos nominalmente. (c) Embora seja uma ordem de pagamento à vista, popularizou-se bastante no Brasil a emissão de cheque para ser pago em data futura (cheque pré ou pós-datado). Por ser o cheque uma ordem de pagamento à vista, se apresentado o título, o banco é obrigado a pagar. No entanto, aquele que apresentou o cheque, nessas condições, será civilmente responsabilizado (veremos algumas súmulas logo abaixo). MODALIDADES DE CHEQUES (a) Cheque cruzado: ao ser feito o cruzamento o cheque só pode ser pago a um banco ou a um cliente do banco, mediante crédito em conta, o que evita, consequentemente, o seu desconto na boca do caixa. (b) Cheque visado: aquele em que o banco confirma, mediante assinatura no verso do título, a existência de fundos suficientes para pagamento do valor mencionado. Ao visar o cheque, o banco garante que ele tem fundos e assegura o seu pagamento durante o prazo de apresentação. Com o visto, o banco se obriga a reservar a quantia constante do cheque durante o período de apresentação. (c) Cheque administrativo: é aquele emitido por um banco contra ele mesmo, para ser liquidado em uma de suas agências. O banco, portanto, é ao mesmo tempo emitente e sacado. SUSTAÇÃO DO CHEQUE Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contraordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A revogação ou contraordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito. § 1º A oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem reciprocamente. § 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. PRAZO DE APRESENTAÇÃO Trata-se do prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para pagamento junto à instituição financeira sacada. Se o cheque for “da mesma praça”, o prazo de apresentação é de 30 dias. Se, todavia, for “de praças diferentes”, o prazo de apresentação será de 60 dias. Em ambos os casos, o prazo é contado da data de emissão. PRESCRIÇÃO Art. 59 Prescrevem em 6 (SEIS) MESES, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 114 Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO É uma forma de cobrança do cheque prescrito. Art. 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, PRESCREVE EM 2 (DOIS) ANOS, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu parágrafo desta Lei. IV. DUPLICATA ESTRUTURA DO TÍTULO A duplicata é título causal, ou seja, só pode ser emitida para documentar determinadas relações jurídicas preestabelecidas pela sua lei de regência, quais sejam: (i) uma compra e venda mercantil, ou (ii) um contrato de prestação de serviço. CARACTERÍSTICAS (a) A duplicata só pode ser emitida com dia certo ou à vista. (b) É título estruturado como ordem de pagamento (c) O ACEITE É OBRIGATÓRIO. (d) a duplicata é título de crédito emitido pelo próprio credor (vendedor). PROCEDIMENTO Emitida a duplicata, ela deverá então ser enviada para o devedor (comprador), para que este efetue o aceite e a devolva. Caso ele recuse o aceite, terá que justificar tal ato. O devedor (comprador) se obriga ao pagamento desse título independentemente de aceitá-lo expressamente. Daí porque se diz que o aceite, na duplicata, pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção). A grande diferença entre o aceite expresso e o aceite presumido se manifesta na execução da duplicata. Com efeito, a duplicata aceita expressamente, como é título de crédito perfeito e acabado, pode ser executada sem a exigência de maiores formalidades. Basta a apresentação do título. No entanto, a execução da duplicata aceita por presunção segue regra diferente. Além da apresentação do título, são necessários o protesto (mesmo que a execução se dirija contra o devedor principal) e o comprovante de entrega das mercadorias. Há algumas súmulas interessantes sobre o caso, que serão apresentadas logo ali abaixo. 5. ATOS CAMBIÁRIOS ENDOSSO CONCEITO O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário). É ato cambiário, pois, que põe o título em circulação. #SAIBAADIFERENÇA (a) Títulos à ordem � são aqueles transferidos por endosso (a cláusula “à ordem” é implícita) 115 (b) Títulos não à ordem � só podem ser transferidos por cessão civil EFEITOS (a) transfere a titularidade do crédito; (b) responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título (se o devedor principal não pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante). ENDOSSO BRANCO x ENDOSSO PRETO (i) Endosso branco: O endosso em branco é aquele que não identifica o seu beneficiário, chamado de endossatário. Nesse caso, simplesmente o endossante assina no verso do título, sem identificar a quem está endossando, o que acaba, na prática, permitindo que o título circule ao portador, ou seja, pela mera tradição da cártula. (ii) Endosso preto: é aquele que identifica expressamente a quem está sendo transferida a titularidade do crédito, ou seja, o endossatário. Assim, só poderá circular novamente por meio de um novo endosso, que poderá ser em branco ou em preto. Nesse caso, pois, o endossatário, ao recolocar o título em circulação, assumirá a responsabilidade pelo adimplemento da dívida, uma vez que deverá praticar novo endosso. ENDOSSO IMPRÓPRIO O endosso impróprio compreende duas modalidades distintas: (a) endosso-caução (endosso-pignoratício)� caracteriza-se quando o endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. (b) endosso-mandato (endosso-procuração) � Por meio dele, o endossante confere poderes ao endossatário – por exemplo, uma instituição financeira – para agir como seu legítimo representante, exercendo em nome daquele os direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc. ENDOSSO PÓSTUMO Esse endosso feito após o protesto ou após o prazo para a realização do protesto é chamado pela doutrina de endosso póstumo ou endosso tardio, expressões que denotam, claramente, que tal endosso foi levado a efeito tardedemais. Nesse caso, portanto, como a norma acima transcrita deixa claro, o endosso não produz os efeitos normais de um endosso, valendo tão somente como uma mera cessão civil de crédito. ENDOSSO X CESSÃO CIVIL Endosso Cessão civil O endossante responde pela existência do crédito e pela solvência do devedor O cedente responde somente pela existência do crédito Para se defender, o devedor não poderá arguir matérias atinentes à sua relação jurídica com o endossatário (subprincípios da autonomia e inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. Para se defender, o devedor poderá arguir matérias atinentes à sua relação jurídica com o cessionário 116 #MUITAATENÇÃO #CÓDIGOCIVIL Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, NÃO RESPONDE O ENDOSSANTE PELO CUMPRIMENTO DA PRESTAÇÃO constante do título. � O CC inverte a regra da LUG (lei uniforme de Genebra), de modo que o endossante não responde pelo pagamento. AVAL CONCEITO Ato cambiário pelo qual um terceiro (o avalista) se responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante do título. #OLHAAPEGADINHA � A LUG admite o AVAL PARCIAL. � O CC (art. 897) NÃO ADMITE O AVAL PARCIAL. LOCAL O local apropriado para a realização do aval é o anverso do título, caso em que basta a simples assinatura do avalista. Nada impede, todavia, que o aval seja feito no verso da cártula, bastando para tanto, além da assinatura, a expressa menção de que se trata de aval. PRETO x BRANCO O aval também pode ser feito em branco, hipótese em que não identifica o avalizado, ou em preto, caso em que o avalizado é expressamente indicado. Quando o aval é em branco, presume-se que foi dado em favor de alguém: no caso da letra de câmbio, presume-se em favor do sacador; nos demais títulos, em favor do emitente ou subscritor. AVAL x FIANÇA Há três diferenças básicas: (a) A primeira delas é decorrente da submissão do aval ao PRINCÍPIO DA AUTONOMIA, inerente aos títulos de crédito. O aval, por ser um instituto do regime jurídico cambial, constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo avalizado. Assim, se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por algum vício, este não se transmite para a obrigação do avalista. Na fiança o mesmo não ocorre: ela, como obrigação acessória, leva a mesma sorte da obrigação principal a que está relacionada. (b) Outra distinção relevante entre o aval e a fiança diz respeito ao BENEFÍCIO DE ORDEM, presente nesta e ausente naquele. De fato, o aval não admite o chamado benefício de ordem, razão pela qual o avalista pode ser acionado juntamente com o avalizado. Na fiança, todavia, o benefício de ordem assegura ao fiador a prerrogativa de somente ser acionado após o afiançado. A responsabilidade do fiador é, portanto, subsidiária. (c) O aval deve ser prestado no próprio título, em obediência ao PRINCÍPIO DA LITERALIDADE; já a fiança pode ser prestada em instrumento separado. 117 PROTESTO CONCEITO Ato formal pelo qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. Esse fato relevante pode ser (i) a falta de aceite do título, (ii) a falta de devolução do título ou (iii) a falta de pagamento do título. NECESSÁRIO x FACULTATIVO Protesto Necessário Contra os coobrigados e endossantes Facultativo Contra o devedor principal e seu avalista SUSTAÇÃO Medida processual muito comum é a cautelar de sustação de protesto. É preciso destacar, porém, que ela só é cabível enquanto o protesto ainda não foi lavrado. Após a sua lavratura, o máximo que se pode determinar é a sustação dos seus efeitos, mas, nesse caso, o protesto permanece incólume e continuará registrado nos assentamentos do cartório em que foi lavrado, até que seja feito o seu cancelamento. 13. Teoria Geral do direito dos contratos. O Comércio eletrônico. Contratos empresariais. Compra e venda mercantil. Contratos de colaboração. 14. Contratos bancários. Mútuo, fiança, penhor e seguro. Arrendamento mercantil. Fomento Mercantil. Franquia. Alienação fiduciária em garantia. Cartões de Crédito. Transporte de carga, fretamento e armazenagem. Agenciamento de publicidade. #VAMOSDETABELA #MEUSQUADRINHOS,MINHAVIDA CONTRATOS EMPRESARIAIS 1. COMPRA E VENDA MERCANTIL Seguem os requisitos normais previstos no contrato de compra e venda disciplinado pelo CC/02. Não há nenhuma especificidade digna de nota. 2. CONTRATOS DE COLABORAÇÃO 2.1 Representação comercial o É modalidade especial de contrato de colaboração em que o colaborador, chamado de representante, assume a incumbência de obter pedidos de compra e venda para os produtos comercializados pelo colaborado, chamado de representado. o A representação comercial não se confunde com o mandato, uma vez que o representante não tem poderes para concluir os negócios em nome do representado. o O contrato de representação comercial é um contrato empresarial (entre empresários), razão pela qual é inaplicável o CDC. o No que se refere à indenização devida em caso de rescisão contratual, determina o § 1.° do art. 27 (lei 4.886/65) que “na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à importância equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo contratual”. o A cláusula de exclusividade de zona, nos contratos de representação, é 118 implícita (ATENÇÃO: a cláusula de EXCLUSIVIDADE não é implícita). o Os créditos relativos às comissões do representante comercial autônomo são equiparados ao crédito trabalhista no processo de falência o No caso de resolução imotivada do contrato, aplica-se o art. 34: Art. 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de representação, ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo representante, nos três meses anteriores. 2.2 Franquia o De acordo com o art. 2º da lei nº 8.955/1994, “franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício”. o Há na franquia uma clara subordinação empresarial do franqueado em relação ao franqueador, sem que exista, todavia, vínculo empregatício. Essa subordinação, pois, diz respeito apenas à organização da atividade do franqueado, que deve seguir as orientações traçadas pelo franqueador. o O franqueador interessado em “abrir” franquias deve fornecer aos potenciais franqueados uma CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA (COF), que conterá os dados fundamentais do negócio a ser realizado entre as partes. Assim, sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível. o A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidatoa franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este 3. CONTRATOS BANCÁRIOS 3.1 Mútuo Mesmas considerações já feitas no NFPSS de direito civil. 3.2 Cartão de crédito Trata-se de contrato por meio do qual uma instituição financeira, a operadora do cartão, permite aos seus clientes a compra de bens e serviços em estabelecimentos comerciais cadastrados, que receberão os valores das compras diretamente da operadora. Esta, por sua vez, cobra dos clientes, mensalmente, o valor de todas as suas compras realizadas num determinado período. Chama-se cartão de crédito, então, o documento por meio do qual o cliente realiza a compra, apresentando-o ao estabelecimento comercial 119 cadastrado. 3.3 Fomento (FACTORING) Trata-se de um contrato por meio do qual o empresário transfere a uma instituição financeira (que não precisa ser, necessariamente, um banco) as atribuições atinentes à administração do seu crédito. Algumas vezes, esse contrato também envolve a antecipação desse crédito ao empresário. Em síntese: a instituição financeira orienta o empresário acerca da concessão do crédito a seus clientes, antecipa o valor dos créditos que o empresário possui e assume o risco da inadimplência desses créditos. 3.4 Alienação fiduciária em garantia Mesmas considerações já feitas no NFPSS de direito civil. 3.5 Arrendamento mercantil (LEASING) O leasing ou arrendamento mercantil é um contrato de locação em que se asseguram ao arrendatário três opções ao final do aluguel: (i) renovar a locação; (ii) encerrar o contrato, não mais renovando a locação; (iii) comprar o bem alugado, pagando-se o valor residual. Para mais detalhes, confira a tabelinha abaixo: Leasing FINANCEIRO Leasing OPERACIONAL Leasing DE RETORNO (Lease back) Previsto no art. 5º da Resolução 2.309/96 – BACEN Previsto no art. 6º da Resolução 2.309/96 – BACEN Sem previsão na Resolução 2.309/96 – BACEN É a forma típica e clássica do leasing Ocorre quando uma pessoa jurídica (arrendadora) compra o bem solicitado por uma pessoa física ou jurídica (arrendatária) para, então, aluga-lo à arrendatária Ocorre quando a arrendadora já é proprietária do bem e o aluga ao arrendatário, comprometendo-se também a prestar assistência técnica em relação ao maquinário Ocorre quando determinada pessoa, precisando se capitalizar, aliena seu bem à empresa de leasing, que arrenda de volta o bem ao antigo proprietário a fim de que ele continue utilizando a coisa. Em outras palavras, a pessoa vende seu bem e celebra um contrato de arrendamento com o comprador, continuando na posse direta. Ex: determinada empresa (arrendatária) quer utilizar uma nova máquina em sua linha de produção, mas não tem recursos suficientes para realizar a aquisição. Por este motivo, celebra contrato de leasing financeiro com um Banco (arrendador) que compra o bem e o arrenda para que a empresa utilize o maquinário Ex: a Boeing Capital Corporation (arrendadora) celebra contrato de arrendamento para alugar cinco aeronaves à GOL (arrendatária) a fim de que esta utilize os aviões em seus voos. A arrendadora também ficará responsável pela manutenção dos aviões. Ex: em 2011, a Varig, a fim de se recapitalizar, vendeu algumas aeronaves à Boeing e os alugou de volta por meio de um contrato de lease back O nome completo desse negócio jurídico, em inglês, é sale and lease back (venda e arrendamento de volta) Normalmente, a intenção da arrendatária é, ao final do contrato, exercer seu direito de compra do bem Normalmente, a intenção da arrendatária é, ao final do contrato, NÃO exercer seu direito de compra do bem Em geral é utilizado com uma forma de obtenção de capital de giro. 120 16.Teoria Geral da Falência. Falência na Lei nº 11.101/2005. Órgãos da falência. Efeitos da falência. Processo de falência. Pedidos de restituição. Da ineficácia e da revogação de atos praticados antes da falência. Realização do ativo. Classificação e pagamento dos credores. Encerramento da falência. Liquidação extrajudicial de instituições financeiras e entidades equiparadas. FALÊNCIA CONCEITO Trata-se de execução especial, na qual todos os credores deverão ser reunidos em um único processo, para a execução conjunta do devedor. Em vez de se submeter a uma execução individual, pois, o devedor insolvente deverá se submeter a uma execução concursal, em obediência ao princípio da par conditio creditorum, segundo o qual deve ser dado aos credores tratamento isonômico. PRINCÍPIOS (i) Princípio da preservação da empresa � Essa atividade (empresa) pode continuar sob a responsabilidade de outro empresário (empresário individual ou sociedade empresária). (ii) Princípio da maximização dos ativos � evitando-se a desvalorização e a deterioração, consegue-se fazer com que no momento da venda esta seja feita por um preço justo, o que em última análise interessa aos credores da massa, visto que o dinheiro arrecadado será usado para o pagamento de seus créditos. PRESSUPOSTOS Pressupostos da falência Pressuposto material subjetivo Devedor empresário Pressuposto material objetivo Insolvência (jurídica ou presumida) do devedor Pressuposto formal Sentença declaratória de falência (natureza constitutiva) SUJEITO PASSIVO Art. 2º Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; � A lei não distingue entre prestadora de serviço público ou exploradora de atividade econômica. II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. � Tais agentes possuem, na verdade, leis específicas que disciplinam o tratamento jurídico de sua insolvência, submetendo-os a um processo especial de liquidação extrajudicial. Citem-se, por exemplo, a Lei 6.024/1974, aplicável às instituições financeiras, e o Decreto-lei 73/1966, aplicável às seguradoras. SUJEITO ATIVO Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; 121 IV – qualquer credor. § 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. § 2º O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. COMPETÊNCIA Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. Art. 6º. § 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. SISTEMAS Sistemas determinantes da insolvência Estado patrimonial deficitário Insuficiência do ativodo empresário para saldar o seu passivo Cessação de pagamentos Presunção de insolvabilidade Impontualidade Não pagamento injustificado de determinada obrigação líquida no seu vencimento Adotados pelo Decreto- lei 7661/45 e mantidos pela Lei 11.10/05 Enumeração legal Prática de atos de falência RESPOSTA DO DEVEDOR Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor. � DEPÓSITO ELISIVO. RECURSO Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe apelação. EFEITOS DA FALÊNCIA Efeitos da falência Em relação à pessoa do devedor • Falência dos sócios de responsabilidade limitada. • Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada (ação prescreve em 2 anos); • Inabilitação empresarial; • Perda do direito de administração dos seus bens e disponibilidade sobre eles (formação da massa falida objetiva; • Não pode ausentar-se do lugar da falência sem 122 autorização do juiz; • Comparecimento a todos os atos da falência; • Suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao livre exercício da profissão; • Dever de colaboração com a administração da falência; Em relação aos bens do devedor • Formação da massa falida objetiva (arrecadação de todos os bens do devedor, exceto os absolutamente impenhoráveis) • Suspensão do exercício do direito de retenção (sobre os bens sujeitos à arrecadação), de retirada ou recebimento do valor de quotas ou ações por parte dos sócios da sociedade falida; • Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (com abatimento proporcional dos juros e conversão de todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda do País); • Limitação à compensação de dívidas do devedor até o dia da decretação da falência; • Inexigibilidade de juros vencidos, previsto em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados; • Continuidade dos contratos que puderem ser cumpridos e que possam reduzir ou evitar o aumento do passivo. Em relação às obrigações do devedor • Formação da massa falida subjetiva (procedimento de verificação e habilitação dos créditos). Em relação aos credores do falido • Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos). Em relação aos atos do falido • Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos). PERÍODO “SUSPEITO” A lei de falência contempla uma série de regras específicas que estabelecem a ineficácia de certos atos praticados pelo devedor falido antes da decretação da falência, e o reconhecimento da ineficácia desses atos perante a massa, consequentemente, permitirá que mais bens sejam incorporados a ela. ATOS OBJETIVAMENTE INEFICAZES O art. 129 traz os atos objetivamente ineficazes, uma vez que o reconhecimento de sua ineficácia independe da demonstração de fraude do devedor ou de conluio com o terceiro que com ele contratou. ATOS SUBJETIVAMENTE INEFICAZES Os atos com ineficácia subjetiva só terão reconhecida a sua ineficácia se forem provados (i) a intenção de prejudicar os credores, (ii) o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que contratou com ele e (iii) o real prejuízo da massa. SUCESSÃO EMPRESARIAL Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: 123 I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo; II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e NÃO HAVERÁ SUCESSÃO do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. � O CTN já foi modificado para se adaptar a essa nova realidade. § 1º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for: I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão. CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência; II – quantias fornecidas à massa pelos credores; III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência; IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido vencida; V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS CONCURSAIS Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; IV – créditos com privilégio especial, a saber: a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia; d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006 V – créditos com privilégio geral, a saber: a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 124 c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; VI – créditos quirografários, a saber: a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias; VIII – créditos subordinados, a saber: a) os assim previstos em lei ouem contrato; b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. § 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. § 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. § 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência. § 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO Art. 158. Extingue as obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falido poderá requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença. § 1º O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação. § 2º No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor pode opor-se ao pedido do falido. § 3º Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as obrigações na sentença de encerramento. § 4º A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as pessoas e entidades informadas da decretação da falência. 125 § 5º Da sentença cabe apelação. § 6º Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência. Art. 160. Verificada a prescrição ou extintas as obrigações nos termos desta Lei, o sócio de responsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência. 17.Teoria Geral da Recuperação da empresa. Recuperação judicial e recuperação extrajudicial. Órgãos da recuperação judicial. Processo da recuperação. Verificação dos créditos. RECUPERAÇÃO JUDICIAL CONCEITO Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. AUTOR DO PEDIDO Somente EMPRESÁRIOS podem pedir a recuperação judicial, com exceção daqueles listados no art. 2º. REQUISITOS MATERIAIS PARA O PEDIDO Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: � Fica claro que o empresário individual irregular e a sociedade empresária irregular não têm direito à recuperação judicial. I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; � Quando o dispositivo em enfoque utiliza a expressão “falido”, está se referindo ao empresário individual: se ele já teve sua falência decretada, não pode requerer recuperação judicial, salvo se suas obrigações já foram declaradas extintas por sentença transitada em julgado. Tratando-se de sociedade empresária, será óbice ao deferimento de seu pedido a existência de sócios de responsabilidade ilimitada que já tenham tido a sua falência decretada anteriormente ou que tenham participado de outra sociedade que teve sua falência decretada. II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. � Perceba-se que, se um sócio minoritário, sem poder de controle ou de administração, já tenha eventualmente sido condenado por crimes 126 tipificados na LRE, isso por si só não impede o juiz de deferir o processamento do pedido de recuperação da sociedade devedora. FASES A recuperação judicial possui 3 fases: (a) Postulação: inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o despacho de processamento; (b) Processamento: vai do despacho de processamento até a decisão concessiva; (c) Execução: da decisão concessiva até o encerramento da recuperação judicial. DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato (...) APRESENTAÇÃO DO PLANO Publicada a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação, o devedor terá prazo de 60 dias para apresentar ao juízo o seu plano de recuperação. Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei. CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO COM O CONSENTIMENTO DO CREDORES Se os credores consentirem com o plano do devedor, sem a apresentação de qualquer objeção, ou se eles aprovarem o plano, com ou sem alterações, na assembleia geral, caberá apenas ao devedor providenciar a apresentação de certidões negativas de débitos tributários, nos termos previstos pela legislação tributária. CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO SEM O CONSENTIMENTO DO CREDORES Art. 58. § 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa: I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45 desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas; III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei. §2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado. NOVAÇÃO Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1º do art. 50 desta Lei. § 1º A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III,do caput da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. § 2º Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. ENCERRAMENTO O objetivo do processo de recuperação judicial é propiciar ao devedor as condições necessárias à superação de sua crise econômico-financeira. As medidas propostas no plano, pois, devem ser levadas a cabo para que surtam 127 os efeitos esperados e permitam que a empresa continue em atividade. CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem ATÉ 2 (DOIS) ANOS depois da concessão da recuperação judicial. § 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei. Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial: I – por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta Lei. ADENDO CICLOS #SEGUEOJOGO SÚMULAS MAIS IMPORTANTES: 1. LIVROS COMERCIAIS Súmula 260-STF: O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os litigantes. Súmula 439-STF: Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação. 2. MARCA Súmula 143-STJ: Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos pelo uso de marca comercial. 3. CONTRATOS BANCÁRIOS Súmula 28-STJ: O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor. Súmula 72-STJ: A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente. Súmula 92-STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no certificado de registro do veículo automotor. Súmula 247-STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. 128 Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta- corrente, não é título executivo. Súmula 300-STJ: O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo. Súmula 283-STJ: As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. Súmula 285-STJ: Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista. Súmula 286-STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. Súmula 379-STJ: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês. Súmula 381-STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. Súmula 477-STJ: A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. Súmula 479-STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 4. SOCIEDADES Súmula 554-STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. 5. TÍTULOS DE CRÉDITO Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. Súmula 189-STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. Súmula 387-STF: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 129 Súmula 60-STJ: É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo Iegal, desde que não prescrita a ação cambiária. Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. Súmula 476-STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Súmula 26-STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. 6. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL Súmula 248-STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência. Súmula 361-STJ: A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu. Súmula 29-STJ: No pagamento em juízo para elidir falência, são devidos correção monetária, juros e honorários de advogado. Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. #UMJULGADOUMAFRASE #TALVEZDUAS #NOMÁXIMOTRÊS INFORMATIVOS: 1. SOCIETÁRIO STJ (595): Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada, de prazo limitado, exerce o direito de retirada por meio de inequívoca e incontroversa notificação aos demais sócios, a data-base para a apuração de haveres é o termo final do prazo de 60 dias, previsto no art. 1.029 do CC/02. 130 STJ (595): Excepcionalmente, admite-se a dissolução de S.A (sociedade de capital) na hipótese em que houver quebra da confiança entre os sócios. Ex. Sociedade composta por membros da mesma família. STJ (595): Admite-se a dissolução parcial de S.A. 2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL STJ (593): Se o titular da marca autoriza o seu uso até o dia X, então o interesse de agir da ação inibitória do uso dessa marca só nasce a partir do dia X. STJ (585): Em ação de nulidade de registro de marca, a que o INPI não deu causanem ofereceu resistência, não cabe condenação do instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. 3. TÍTULO DE CRÉDITO STJ (580): O prazo para a ação de locupletamento para a cobrança de nota promissória prescrita é de 03 ANOS. STJ (580): O aceite lançado em separado da duplicata não possui eficácia cambiária, por força do princípio da literalidade. STJ (584): A pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão) amplia o prazo de apresentação do cheque, mas a irregular não. STJ (584): Será sempre possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque com a indicação do emitente como devedor. STJ (587): Em ação de cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir da data da emissão da cártula, ao passo que os juros de mora são contados da primeira apresentação do título à instituição financeira sacada. 4. CONTRATOS EMPRESARIAIS STJ (582): Não é abusiva a previsão contratual que estabelece a duplicação do valor do aluguel, em shopping Center, no mês de dezembro. STJ (585): Não é abusiva a previsão da cláusula de raio em contrato de shopping Center. 5. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL STJ (589): A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor. STJ (589): É possível que a maioria dos integrantes da Assembleia-Geral autorize a supressão das garantias reais e fidejussórias existentes. STJ (592): Em liquidação extrajudicial, a decretação da indisponibilidade de bens não retira o interesse, pelo MP, de requerer, também, o arrolamento de bens do administrador, pois as duas medidas não se confundem. STJ (580): A nomeação de liquidante só é necessária na hipótese de dissolução total da sociedade, e não no caso de simples dissolução parcial.