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Regras de Pontuação Acadêmicas: Bruna R. Portes, Claudia Cristina Joner, Júlia Benteo Maia, Laura Marcély Saraiva Alves, Sthefanye Kelly Medeiros. “O enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios.” (BECHARA, 1999.) VÍRGULA ( , ) Para separar palavras ou orações justapostas assindéticas. Ex: “A terra, o mar, o céu, tudo apregoa a glória de Deus.” “Os passantes chegam, olham, perguntam e prosseguem.” OBSERVAÇÃO: NA SÉRIE DE SUJEITOS SEGUIDOS IMEDIATAMENTE DE VERBO, O ÚLTIMO SUJEITO DA SÉRIE NÃO É SEPARADO DO VERBO POR VÍRGULA. Ex: Carlos Gomes, Vitor Meireles, Pedro Américo, José de Alencar tinham-nas começado [CL.1, I, 53]. Para separar orações coordenadas aditivas ainda que sejam iniciadas pela conjunção e, proferidas com pausa. Exemplo: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quanta podia obter” [CL.1, I, 163]. Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer, etc), quando proferidas com pausa: Ex: “Ele sairá logo daqui, ou eu me desligarei do grupo. ” OBSERVAÇÃO: VIGORA ESTA REGRA QUANDO OU EXPRIMIR RETIFICAÇÃO Ex: “Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer outro nome, que eu de nome não curo [MA.1, 52].” SE DENOTA EQUIVALÊNCIA, NÃO SE SEPARA POR VÍRGULA O OU POSTO ENTRE DOIS TERMOS Ex: “Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino.” Nas aposições. Ex: “Ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para residência própria, casa do feitio moderno...” [MA.1, 238]. Para separar, em geral, os pleonasmos, e as repetições (quando não tem efeito superlativante). Ex: “Nunca, nunca, meu amor!” [MA.1, 55]. “A casa é linda, linda.” Para separar vocativos. Ex: “Olha, Roque, você vai me dar um remédio.” Para separar orações adjetivas explicativas. Ex: “Pelas 11h do dia, que foi de sol ardente, alcançamos a margem do rio Paraná.” Para separar orações intercaladas. Ex: “A história, diz Cícero, é a mestre da vida.” “Tudo se acertará, creio eu, muito em breve.” Para separar adjuntos adverbiais quando estiver deslocado. Ex: “Os estudantes viram o assalto ao banco semana passada.” (Ordem Direta) “Semana passada, os estudantes viram o assalto ao banco.” (Termo Deslocado) Para separar, nas datas, o nome do lugar. Ex: Rio de Janeiro, 8 de agosto de 2012. Para separar expressões explicativas, corretivas ou continuativas, representadas por: isto é, por exemplo, ou seja, aliás, então, entre outras. Ex: “Pretendo despachar os documentos em breve, isto é, na próxima semana.” “Diga, então, o que quer.” Para separar conjunções pospositivas (que não se usam no início das orações), como porém, contudo, pois, entretanto, portanto, etc. Ex: “Não me sinto preparada para esta viagem, pois tive que decidir rapidamente.” “Estou atrasada, entretanto, vou atendê-lo rapidamente.” Para indicar a elipse do verbo. Ex: “Rodrigo ensina português e Marcos, química.” ( = Marcos ensina química.) “Uns diziam que se matou, outros, que fora para o Acre.” ( = outros diziam que fora para o Acre.) Ponto e vírgula ( ; ) O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos: Para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si. Ex: O rio está poluído; os peixes estão mortos. Para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula. Ex: O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra. Para separar itens de uma enumeração. Ex: No parque de diversões, as crianças encontram: brinquedos; balões; pipoca. A turma de português estudou: a) morfologia; b) sintaxe; c) semântica. Para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.), substituindo, assim, a vírgula. Ex: Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã. Para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração. Ex: Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns. Dois Pontos ( : ) Emprega-se para anunciar a fala dos personagens nas histórias de ficção. Ex: “O Baixinho retomou o leme, dizendo: – Olha, menino, veja a Bahia.” (Adonias Filho) Antes de uma explicação ou citação. Ex: Bem diz o ditado: Vento ou ventura, pouco dura. Disse Sócrates: “Só sei que nada sei.” Antes de certos apostos, principalmente nas enumerações. Ex: Tudo ameaçava a plantação: vento, enchentes, geadas, insetos daninhos, bichos, etc. Existem na esgrima três modalidades de arma: florete, sabre e espada. Antes de orações apositivas. Ex: “Só ponho uma condição: vai almoçar comigo.” (Carlos de Laet) A verdadeira causa das guerras é esta: os homens se esquecem do Decálogo. Para indicar um esclarecimento, uma observação ou resumo do que se disse. Ex: “Afinal a casa não caíra por descuido: fora construída pelo major.” (Graciliano Ramos) Resumindo: será necessário um esforço por parte de todos para que tudo funcione corretamente. “Em resumo: saí com 1.029 cruzeiros no bolso, um tanto confuso.” (Carlos Drummond de Andrade) Reticências ( ... ) As reticências são usadas, principalmente: Para indicar suspensão ou interrupção de pensamento, ou ainda, corte da frase de um personagem pela interferência de outro. Ex: “– Mas essa cruz, observei eu, não me disseste que era teu pai que...” (Machado de Assis) “– Mas a Escritura... – ia dizendo o mestre de campo João Barbosa. – Deixemos em paz a escritura! – interrompeu o carmelita.” No meio do período, para indicar certa hesitação ou breve interrupção do pensamento, dúvida, timidez, suspense ou outra razão. Após a pausa, se pode retomar a fala do personagem. Ex: “– E o prêmio vai para... a equipe azul.” “– Porque... não sei, porque... porque é a minha sina...” (Machado de Assis) “– Saiba que fiz... fiz um drama.” No fim de um período gramaticalmente completo, para sugerir um certo prolongamento da ideia. Ex: “Na terra os homens sonham, os homens vivem sonhando...” (Malu de Ouro Preto) “Ninguém... A estrada, ampla e saliente Sem caminhantes adormece...” (Olavo Bilac) Para sugerir movimento ou a continuação de um fato. Ex: “E o pingo d’água continua...” (Olegário Mariano) “E a Vida passa... efêmera e vazia.” (Raul de Leoni) Para indicar chamamento ou interpelação, em lugar de ponto interrogativo. Ex: “– Seu Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos. – Que é?” (Machado de Assis) PONTO FINAL ( . ) Emprega-se, principalmente, para fechar o período. Ex: “Mestre Vitorino morava no mar.” (Adonias Filho) Usa-se em abreviaturas. Ex: Sr. (senhor), a.C.(antes de Cristo), pág.(página), P.S.(post scriptum), etc. Usa-se ao final de frases declarativas ou imperativas. Ex: Eu sempre faço isso. (afirmativo) Eu não fui ao mercado. (negativo) Declarativas Anda mais rápido, João. Faça o favor de ir embora. Imperativas Ponto de Interrogação ( ? ) Usa-se no fim de uma palavra, oração ou frase, para indicar pergunta direta. Ex: “Aonde? perguntou Dona Plácida.” (Machado de Assis) “Não estás farto do espetáculo e da luta?” (Machado de Assis) Aparece também em interrogativa indireta, que não leva ponto de interrogação e sim ponto final, mas não deixa de ser uma pergunta. Ex: Maria perguntou se ele faria o concurso. Aparece, às vezes no final de uma pergunta intercalada, que pode, ao mesmo tempo, estar entre parênteses. Ex: “A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que se tem inventado para a divulgação do pensamento.” (Carlos De Laet) Pode ser usado logo após uma exclamação. Quer dizer que estou fazendo uma pergunta denotando espanto. Ex: É verdade que o João acertou na loteria?! “Estás em teu juízo perfeito?! (Marco Martins Santos) Ponto de Exclamação ( ! ) É usado após interjeição e em frases exclamativas para expressar estados emotivos ou chamamentos. Ex: Não chegue mais perto! (estado emotivo) É um disco voador, Maria! (chamamento) Socorro! (interjeição) Substitui a vírgula depois de um vocativo enfático. Ex: “Colombo! Fecha a porta dos teus mares!” (Castro Alves) Parênteses ( ) Usam-se para isolar palavras, locuções ou frases intercaladas no período, com caráter explicativo, as quais são proferidas em tom mais baixo. Ex: “Mas o tempo (e é outro em que eu espero a indulgência dos homens pensadores!), o tempo caleja a sensibilidade...” (Machado de Assis) “O Pedro (aquele que conhecemos no cinema) fará aniversário hoje!” Indicar informações bibliográficas, como: o autor, o nome da obra, o ano de publicação, a cidade, a página, etc. Ex: “Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.” (Jorge Luís Borges. O livro. Humanidades, Brasília: Universidade de Brasília, v.1, nº 1, p.15, Out./dez. 1982). Em roteiros teatrais, expressa as ações dos personagens. Ex: João Grilo – Que é isso, Chicó? (Passa o dedo na garganta.) Já estou ficando por aqui com suas histórias. É sempre uma coisa toda esquisita. Quando se pede uma explicação, vem sempre com “não sei, só sei que foi assim”. Delimita intercalações dentro de um período. Ex: São Paulo (maior cidade do Brasil) é uma metrópole de contrastes. Delimita o período de vida de uma pessoa. Ex: Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1986) Indicar possibilidades alternativas de leitura. Ex: Prezado(a) usuário(a) Aluno(a) Professor(a) Às vezes substituem a vírgula ou o travessão: Ex: “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!...” (Olavo Bilac) OBSERVAÇÃO: O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses. Exemplos: Eu suponho (E tudo leva a crer que sim.) que o caso está encerrado. Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta. Caso contrário, não há necessidade se colocar o sinal de pontuação dentro do parênteses, pois ele pertence à frase que está fora. O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal). Travessão ( – ) O travessão é um traço maior que o hífen e usa-se: Nos diálogos, para indicar mudanças de interlocutor ou, simplesmente início da fala de um personagem. Ex: – Que horas são, por favor? – perguntou o desconhecido. – São onze horas – respondeu a senhora. – Obrigado! Nas orações intercaladas, para separar expressões ou frases explicativas. Podendo substituir os parênteses, vírgula e os dois-pontos. Ex: Dornelles disse que Gouvêa Vieira – senador de 1963 a 1967 – foi um grande líder. João – aquele do carro azul – também apareceu na festa O que o colono do Maranhão pretendia era isto – fazer estradas livres. Para criar destaque. Ex: Aquelas duas meninas – a Camila e a Tatiana – nos ajudaram. Ele esta fazendo o possível e o impossível para concretizar seu objetivo – ficar com minha vaga na empresa. Para ligar palavras em cadeia de um itinerário, indicando enlace de vocábulos, mas sem formar palavras compostas. Ex: A rodovia Belém ─ Brasília está em péssimo estado. A estrada Rio ─ São Paulo é movimentada. Aspas ( “ ” ) As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas: Antes e depois de citações ou transcrições textuais. Ex: Como disse Machado de Assis: “A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada.” Para representar nomes de livros ou legendas. Ex: Camões escreveu “Os Lusíadas” no século XVI. Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras ou colocar em itálico, conforme o exemplo: Ontem assisti ao filme Central do Brasil. Para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia, como nos exemplos: O “lobby” para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado. (Veja) ‘’ Com a chegada da polícia, os três suspeitos “se mandaram” rapidamente. Que “maravilha”: Felipe tirou zero na prova! Para realçar uma palavra ou expressão. Ex: Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”. Quem foi o “inteligente” que fez isso? OBSERVAÇÃO! Em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples ( ‘ ’ ) Ex: “Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar.” (Machado de Assis) Colchetes ( [ ] ) Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado: Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra. Ex: Amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário Aurélio) Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto. Ex: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar: 1- Bo ta bon? [Você está bem?] 2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.] Para inserir comentários e observações em textos já publicados. Ex: Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"] Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto. Ex: "É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis) Asterisco ( * ) O asterisco, a palavra que significa estrelinha, é usado: Para remeter a uma nota ou explicação ao pé da página ou no fim de um capítulo; Nos dicionários e nas enciclopédias, para remeter a um verbete; No lugar de um nome próprio que não se quer mencionar: o Dr.*, o jornal***. Referências Bibliográficas: Cegalla, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. Bechara, Evanildo, 1928 – Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. conforme o novo Acordo Ortográfico. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. www.soportugues.com.br – Acesso: 01/03/2017.
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