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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO NOVO

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
O fundamento dos crimes contra o patrimônio acha-se no art. 5º da CF, quando afirma “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade”. O direito à propriedade é inviolável, e situa-se no rol dos direitos fundamentais.
DELITO DE FURTO – art. 155 
Furtar significa apoderar-se ou assenhorear-se de coisa pertencente a outrem. Subtrair significa retirar da esfera de posse do dono ou do possuidor. Os bens jurídicos protegidos são a posse e a propriedade da coisa móvel. 
FURTO SIMPLES: é o previsto no caput do artigo 155 do CP: 
O objeto jurídico: é a propriedade, a posse e a detenção legítima. 
O objeto material é a coisa alheia móvel sem violência. Coisa para fins penais é tudo aquilo que pode ser deslocado, removido, apreendido ou transportado de um lugar para outro. Entretanto, por ficção jurídica, a luz, o ar, o calor, a água do mar ou do rio, embora não possam ser apreendidos ou utilizados em sua totalidade, mesmo assim podem ser aproveitados ou consumidos como força ou energia, e assim são objeto de furto. Coisa imóvel jamais poderá objeto de furto ou roubo. Entretanto, os acessórios do imóvel podem, tais como árvores, madeiras, plantas e todos adornos do imóvel. O elemento subjetivo é o dolo constante da vontade livre e consciente de apoderar-se de forma definitiva da coisa alheia móvel.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário. Também podem ser objeto de furto os condôminos, os coerdeiros e os sócios, em razão de que não se pode subtrair coisa própria. 
Sujeito passivo: o proprietário, o possuidor ou o detentor legítimo da coisa. Objeto material, coisa móvel não abrangendo as presunções da lei civil. A energia elétrica ou outras de valor econômico são equiparadas a coisa móvel (CP - artigo 155, § 3º). Os direitos não podem ser objeto, mas, sim, os títulos que os representam, exige-se o valor econômico porque é crime material requerendo efetiva lesão ao patrimônio. Elemento normativo: a coisa deve ser alheia. Não pode ser objeto do crime de furto: res nullius (coisa sem dono, coisa de ninguém); res de relicta (coisa que já pertenceu a alguém, mas que foi abandonada); res desperdiça (coisa perdida); res comuns ominam (coisa de uso comum, que embora de uso de todos, não pode ser objeto de ocupação em sua totalidade. Entretanto, a res desperdita pode ser objeto de apropriação indébita, conforme artigo 169, § único, II-C P. Res communes omnium são o ar, a luz, calor do sol, água do mar ou de rios. Porém, a res comunas pode ser parcialmente objeto de furto, quando captada e aproveitada como força ou energia, como por exemplo, ar liquefeito, calor do sol como força motriz, vento como força motriz, etc, incidindo na propriedade de alguém, e assim, podem ser furtadas. As águas de cisternas ou águas colhidas para uso de alguém podem ser objeto de furto. Mas o desvio ou o represamento de águas correntes alheias, em proveito próprio ou de outrem, tipifica o crime de usurpação de águas – art. 161, § 1, I, e não o crime de furto. Os direitos reais ou pessoais, a despeito do Código Civil considerá-los como coisa móvel (art. 83), não podem ser objeto de furto, por não serem coisas passíveis de apreensão, subtração, remoção ou transporte pelo agente. Contudo, os títulos ou documentos que os constituem ou representam podem ser furtados de seus titulares ou detentores. Também o ser humano vivo pode ser objeto de furto, em razão de que não se trata de coisa. No entanto, quando um cadáver pertence a uma instituição de ensino com o objetivo de estudo, passa a ter valor econômico, e, portanto, pode ser objeto de furto 
Momento consumativo: com a posse tranquila da coisa, ou saída da esfera de cuidado do respectivo dono ou possuidor. Ação penal pública incondicionada. 
Admite-se a tentativa. 
FURTO NOTURNO - art. 155, § 1º do CP
Quando o furto ocorre durante o repouso noturno, o legislador tornou mais grave o crime, em razão da menor vigilância que as pessoas exercem sobre seus patrimônios. O repouso noturno pode-se dar em variados horários, mas normalmente compreende entre o início da noite, com o pôr do sol até o alvorecer. Neste período a vigilância fica dificultada quando a luz solar é substituída pela luz artificial. As expressões “repouso noturno” e “à noite” não possuem o mesmo significado, pois esta última pode abranger períodos anteriores e posteriores ao repouso noturno. Também pode configurar o furto agravado pelo repouso noturno quando o local achar-se habitado ou não, estando seus moradores presentes ou ausentes, pois a majorante, repouso noturno reside na maior facilidade com que o agente pode praticar o crime, dada a carência de vigilância durante esse período. Relativamente à aplicação do aumento de pena do repouso noturno ao furto qualificado, a maioria da doutrina e jurisprudência tem se posicionado no sentido de que somente cabe a majorante ao furto simples, na medida em que o furto qualificado já tem a punibilidade potencializada pelo dano produzido. 
FURTO PRIVILEGIADO - Artigo 155 § 2º 
Ocorre quando o autor é primário e a coisa furtada é de pequeno valor. Preenchidas as condições, é direito subjetivo do a gente e o juiz deve aplicar os benefícios. O juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa. Aplica-se ao furto simples quanto ao repouso noturno, excluindo-se o furto qualificado. Primário é aquele que já praticou crime, mas não fora condenado irrecorrivelmente. Reincidente é aquele que praticou um crime após o trânsito em julgado com decisão condenatória, enquanto não tenha decorrido o prazo de 5 anos do cumprimento da pena ou da extinção da pena. Coisa de pequeno valor, segundo a melhor doutrina, é aquela cuja perda pode ser suportada sem dificuldades pela maioria das pessoas. A orientação majoritária é de que pequeno valor é aquele que não ultrapassa o equivalente a um salário mínimo. Nos crimes contra o patrimônio, a recuperação da res furtiva não pode ser usada como causa de exclusão da tipicidade da conduta do agente. 
FURTO QUALIFICADO - Artigo 155 § 4º 
I – Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração. A violência deve ser contra o obstáculo que dificulta a subtração da coisa e não, contra a própria coisa ou a pessoa. Não se aplica quando é inerente à coisa. 
OBSTÁCULO é tudo aquilo que é empregado para proteger a coisa contra a ação do agente. Exemplos: ofendículos, alarme, maçaneta eletrificada, muros, paredes, vidraças, portas, grades, telas metálicas, etc... 
Não é obstáculo aquilo que integra a própria coisa: vidros do carro e a retirada dos pneus. No caso dos vidros do carro, será considerado obstáculo se forem rompidos para que seja retirado alguma coisa que esteja em seu interior. 
DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO 
Destruição: ocorre quando demolição, aniquilamento ou desaparecimento do obstáculo que serve de proteção para a coisa.
Rompimento: ocorre quando há deslocamento ou supressão do obstáculo, visando facilitar a subtração d a coisa. Romper significa arrombar, serrar, cortar, forçar, deslocar, perfurar o obstáculo. 
II – COM ABUSO DE CONFIANÇA 
Confiança é sentimento de credibilidade, que representa vínculo subjetivo de respeito e consideração entre as pessoas. Abuso de confiança consiste em trair esse sentimento de confiança entre a vítima e o acusado. Os exemplos típicos são os empregados domésticos ou de empresas, bem como também as relações de coabitação ou hospitalidade. Ressalta-se, no entanto, que não basta a simples relação empregatícia, coabitação ou hospitalidade, mas é indispensável para caracterizar a qualificadora do abuso de confiança, que haja um vínculo subjetivo de confiança. O simplesfato de um empregado ter furtado objetos de casa não caracteriza a qualificadora, abuso de confiança não é condição obrigatória das relações trabalhistas ou domésticas, podendo, entretanto, caracterizar a agravante genérica das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade – art. 61, II, alínea f. Quando os empregados domésticos não gozam da confiança dos patrões prevalece o entendimento de que há furto simples. 
MEDIANTE FRAUDE: que é o emprego de ardil ou artifício para distrair a vítima e facilitar a subtração da coisa. O agente, usando de artimanhas, burla a vigilância da vítima, que não percebe a retirada da res de sua esfera de vigilância. A fraude neste caso do furto, é uma relação de confiança instantânea, formada a partir do ardil. Exemplo: um funcionário de uma rodoviária, a pretexto de prestar auxílio a um passageiro, promete-lhe tomar conta das malas, enquanto o passageiro vai ao banheiro e neste momento, ele subtrai objetos das malas 
MEDIANTE ESCALADA: é a penetração no local do furto por meio anormal, artificial ou impróprio, demandando esforço incomum. Escalada não significa necessariamente subida de algo, pois tanto pode ser galgar alturas quanto pular fossos, rampas ou subterrâneos, desde que o faça para vencer obstáculos. O acesso ao local a subtração da coisa deve apresentar dificuldade, a ponto de exigir esforço incomum. Exemplo: Lino furtou equipamentos de uma fábrica, que possui muros de 3 metros de altura e arame farpado. Se para ingressar em local da subtração da coisa, mesmo por meio de uma janela ou saltando um muro, não for exigível esforço anormal, não se pode falar em escalada. Exemplo: Paulo entrou em uma casa e furtou objetos, e para tal usou uma janela, que tinha um metro e meio do solo e próxima à rua, que estava sem grade. 
MEDIANTE DESTREZA: é uma especial habilidade de impedir que a vítima perceba a subtração feita em sua presença. Pressupõe ação dissimulada e incomum habilidade, que aumenta o risco de dano ao patrimônio e dificulta a sua proteção. O punguista é o exemplo característica do furto qualificado pela destreza, pois ele age de forma dissimulada, não percebendo a vítima a retirada de seus objetos. Exemplo: Há furto qualificadora pela destreza, quando o agente, que estava atrás da vítima no interior de um caixa eletrônico, apoderou -se de seu cartão magnético e, devido ao protesto da mesma, devolveu-lhe outro, fazendo troca de cartões. A destreza deve ser analisada sob a ótica da vítima e não do terceiro, e nesta linha, se a vítima não percebe a punga, é irrelevante para caracterizar o furto qualificado pela destreza, mesmo que um terceiro impeça a sua consumação. Não se pode falar em furto qualificado pela destreza quando, por inabilidade do agente, é surpreendido pela vítima no momento da ação. 
COM EMPREGO DE CHAVE FALSA: consiste em utilizar qualquer instrumento apto a abrir fechadura ou fazer funcionar aparelho como cópia de chave sem autorização, arame, alfinete, grampo, gazua, ferro e outros objetos semelhantes. Chave falsa é qualquer instrumento capaz de abrir fechadura ou fazer funcionar aparelho, tendo ou não formato de chave. Se a chave verdadeira for ardilosamente conseguida pelo agente, o furto será qualificado pelo emprego de fraude. Se a chave verdadeira for perdida e encontrada pelo agente, que a usa para retirar algum objeto, o furto será simples. A simples posse da chave falsa é autentico ato preparatório. Para caracterizar a tentativa, é preciso pelo menos que o agente tenha começado a introduzir a chave na fechadura, sendo interrompido por causa estranha a sua vontade. Por outro prisma, a chamada ‘ligação direta’, usada para furtar veículo, não configura a qualificadora (TSMG, RT 692/310), entendimento majoritário. 
MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS: O fundamento desta qualificadora reside na diminuição da possibilidade de defesa do bem quando é atacado por duas ou mais pessoas. Para configurar o concurso tanto pode haver coautor quanto partícipe. Sobre a presença física no local do furto qualificado pelo concurso de pessoas, há duas correntes: 
1- Para qualificar o furto por meio do concurso de pessoas, não se exige a presença de todos no local; 
2- Embora todos que concorram para o crime, seja material ou moralmente, devem ser punidos – art. 29 CP – porém, a qualificadora do concurso de pessoa somente se configura se necessariamente elas estiverem presentes in loco, pois elas devem participar dos executórios do crime. 
O fundamento maior da punição, seria a maior temibilidade do número de pessoas envolvida no local do crime. A maioria entende que é necessário a presença de ambos no local, outros que não e que basta a união das vontades, sendo mais viável o primeiro entendimento. “Coautor e partícipe inimputável: não exclui a qualificadora (STF, RTJ 1 23/268...) ”. 
FURTO DE VEÍCULO – QUALIFICADORA ESPECIAL -Artigo 155, § 5º. 
Quando se tratar de veículo automotor transportado para outro Estado ou para o exterior, a Lei 9.426/96 estabeleceu os dois requisitos: 
a) veículo automotor (automóvel, caminhão, ônibus, trator etc., excluídos os a eletricidade ou de tração animal ou humana; 
b) transportado efetivamente para outro Estado ou para o Exterior. Por lapso do legislador ficou excluído o Distrito Federal, mas que se equipara aos Estados. 
A razão de ser dessa qualificadora reside no fato de que, se o carro já está em outro estado ou no exterior, a recuperação se torna mais difícil. A qualificadora somente incide se for comprovado que o ladrão pretendia levar o veículo para outro estado ou outro país. 
FURTO DE ENERGIA: ocorre quando, há ligação clandestina, desviando a energia antes de passar pelo medidor da companhia de eletricidade. Quando o desvio da energia ocorre após o medidor, o agente para fazer a subtração, necessita fraudar a empresa fornecedora, induzindo-a a erro, causando-lhe prejuízo. Aqui não houve ligação clandestina, o medidor continua ligado e a companhia acredita que esteja medindo corretamente. Tal conduta amolda -se à figura do estelionato. São exemplos de furto de energia: solar, química, térmica, eólica, sonora, atômica, genética (esperma humano e de animais), etc. 
DELITO DE ROUBO – ART. 15 7 
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido também a integridade física ou psíquica da vítima. Na verdade, o roubo é o crime de furto qualificado pela violência à pessoa. É um crime complexo (formado pela reunião dos crimes de constrangimento ilegal e furto), onde o objeto jurídico imediato do crime é o patrimônio, tutelando-se também a integridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio, a vida do sujeito passivo. O Roubo também é um delito comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, menos o proprietário da coisa, por faltar-lhes a elementar “alheia”. Se o proprietário subtrair coisa própria, responderá por exercício arbitrário das próprias razões, dependendo das circunstancias e do dolo que orientar a conduta. 
Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de propriedade. Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia, mas faz-se necessário que o agente se utilize de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito passivo. A vontade de subtrair com emprego de violência, grave ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de roubo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou para outrem, é que se dá a subtração. O roubo distingue-se do furto exclusivamente pelo emprego da violência contra a pessoa.
MOMENTO CONSUMATIVO 
Consuma-se o crime de roubo quando o agente se torna possuidor da res furtiva, subtraída mediante violência ou grave ameaça, independentemente de sua possemansa e pacífica, saindo o bem da esfera de disponibilidade da vítima. O roubo próprio se consuma no momento em que res é retirada da esfera de disponibilidade da vítima, não havendo necessidade da posse tranquila, mesmo que passageira. O roubo impróprio consuma-se com o emprego de violência ou grave ameaça à vítima, logo após a subtração da res. 
TENTATIVA DO DELITO DE ROUBO 
Quanto ao roubo próprio, é tranquila a admissibilidade da tentativa. Quanto ao roubo impróprio, porém, há duas correntes, saber: 
1- Não se admite a tentativa; 
2- Admite-se a tentativa quando, após a subtração da res, o agente é preso ao empregar violência ou grave ameaça contra a vítima. 
Porém, para as duas correntes, se a subtração da res ficar na tentativa e houver grave ameaça ou violência no momento da fuga, haverá furto tentado em concurso com crime contra a pessoa, e não tentativa de roubo. No roubo, o início da execução coincide com a prática da ameaça ou da violência, ou ainda, com o uso de qualquer outro meio para inibir a vítima. Nesta linha, se o agente aponta uma arma para a vítima e determina que ela saia do carro, neste momento já ingressou na fase executória do crime de roubo. Quando a vítima não possui objetos de valor em seu poder, tal fato não descaracteriza o roubo, pois sendo um crime complexo, a grave ameaça ou a violência despendida pelo agente, constitui início de execução do crime. 
VIOLÊNCIA FÍSICA – vis corporalis 
O termo violência empregado no tipo significa o uso de força física contra o corpo da vítima, podendo ser lesão leve ou simples vias de fato. O emprego de fogo, água, energia elétrica (choque), gases (confinamento), podem caracterizar o crime de roubo. Violentos empurrões e trombadas também caracterizam o emprego de violência no roubo. 
 VIOLÊNCIA MORAL – VIS COMPULSIVA 
A vis compulsiva, que se efetiva por meio da grave ameaça, é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça pode ser dirigida tanto para a vítima quanto para pessoas que lhe são queridas. 
SIMULAÇÃO DE ARMA OU USO DE ARMA DE BRINQUEDO 
A simulação de estar armado ou a utilização de arma de brinquedo, quando desconhecida ou não percebida pela vítima, constitui grave ameaça, caracterizando o roubo. São irrelevantes os meios usados pelo agente para fazer a ameaça, podendo real ou imaginário para amedrontar a vítima, como exemplo: mostrar que porta arma, fingir, com o dedo embaixo da roupa que porta arma, ou ameaçar com agressão física têm a mesma potencialidade de amedrontar pessoas. O assalto de inopino (de maneira súbita), surpreendendo a vítima, e retirando os pertences das vítimas, mesmo sem mostrar armas, constitui grave ameaça, e, portanto, o roubo.
OUTROS MEIOS DE REDUZIR A RESISTÊNCIA 
A expressão ‘outros meios’ para reduzir a resistência significa a utilização de todo e qualquer meio pelo qual a vítima não ofereça resistência ou defesa, sem usar de violência física ou moral. Exemplos: uso de soníferos, anestésicos, narcóticos, hipnose, máquina da verdade, etc. Esses outros meios devem ser empregados de forma sub-reptícia ou fraudulentamente, isto é, sem violência ou grave ameaça. 
ROUBO PRÓPRIO E ROUBO IMPRÓPRIO
No crime de roubo, a violência contra a pessoa pode ocorrer antes, durante ou depois da subtração da coisa alheia móvel. 
ROUBO PRÓPRIO – art. 157, caput do CP 
Ocorre quando o a gente pratica a grave ameaça, violência ou qualquer outro meio que reduza a resistência da vítima antes ou durante da subtração da coisa alheia móvel. Exemplo: Pedro aponta uma pistola para Genus, e ameaçando-o de morte, ordena a entrega de seu celular, carteira e relógio. 
ROUBO IMPRÓPRIO – ART. 157, § 1º 
Ocorre quando a grave ameaça ou violência são praticadas logo depois da subtração da coisa alheia móvel, para assegurar a impunidade do crime ou assegurar a detenção da coisa subtraída. Exemplo: Pedro entra na casa de Beto de madrugada, subtrai vários pertences. Porém, no momento da saída da casa, derruba um objeto e acordo Beto. Este sai para ver o que ocorreu, sendo ameaçado por Pedro para não reagir. O emprego de violência ou grave ameaça posterior à subtração da coisa par a assegurar a sua impunidade ou a posse da coisa, deve ser imediato para caracterização do roubo impróprio. O modus operandi do roubo impróprio se dá por meio da grave ameaça ou da violência empregada contra a pessoa, não se incluindo a expressão, qualquer outro meio, que reduza a resistência da vítima. A eventual utilização do recurso ‘qualquer outro meio’, após a subtração da coisa, não tipifica o crime de roubo, próprio ou impróprio. O crime ali perpetrado será o de furto, podendo haver concurso de outros crimes. 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA OU MAJORANTES 
Hipóteses de causas de aumento de pena, popularmente chamadas de majorantes, descritas no § 2º do artigo 157 do Código Penal Brasileiro: “a pena aumenta-se de um terço até metade”. 
• A primeira hipótese é se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. 
Neste caso é necessário o efetivo emprego da arma (revólver, faca, canivete, punhal), seja para caracterizar a ameaça, seja para a violência. O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma proporciona. Para a maioria da doutrina e jurisprudência, para caracterizar a majorante do emprego de arma, esse emprego tem de ser efetivo, isto é, o uso da arma na prática da violência tem que ser real, descaracteriza a “majorante”, o simples porte da arma. Por outro prisma, a inidoneidade lesiva da arma (brinquedo, desmuniciada ou simplesmente à mostra) pode ser suficiente para caracterizar o roubo simples, porém, não tem o mesmo efeito para qualificá-la, como pretendia a súmula 174 do STJ, que já fora revogada, e que enunciava: “nos crimes de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza a aumento da pena”. Assim, é preciso que a arma empregada no roubo qualificado apresente idoneidade ofensiva, fato que não ocorre quando a arma é de brinquedo, está desmuniciada ou esteja com defeito. Ausência de apreensão da arma: o fato de não ser apreendida a arma usada no crime de roubo, não afasta a majorante, se o demonstrar a prova oral produz ida na instrução da causa. • A Segunda hipótese é se há o concurso de duas ou mais pessoas. 
Ocorre aqui a mesma relevância da situação já estudada no crime de furto, ou seja, agindo os agentes entre duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime. Roubo em que o coparticipe não tenha sido identificado e denunciado, mesmo assim aplica-se a qualificadora. Também se aplica esta majorante quando, inimputáveis participam do roubo. 
• se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância: Nítida está aqui a intenção da lei penal em proteger o transporte de dinheiro, joias, ouro, etc. O ofendido deve estar transportando valores de outrem, e não próprios. Apenas incide a qualificadora quando o agente tem consciência de que a vítima está em serviço de transporte de valores (dinheiro, joias, títulos, pedras preciosas e outros bens valiosos passíveis de serem transportados. O sujeito passivo não pode ser o proprietário dos valores transportados, o texto legal reza que a “vítima está a serviço de transporte de valores”, isto é, serviço sempre se presta a outra pessoa. Portanto, quem está transportando os valores está a serviço de alguém, que em tese, é o proprietário. Assim, se é o proprietário que transporte os valores, o carro for roubado, não incide a majorante do §2º, inciso III do CP.
Mesmo que se prove mais de uma qualificadora, incide apenas uma; as demais servirãocomo circunstâncias agravantes, se cabíveis. 
ROUBO QUALIFICADO PELA LESÃO CORPORAL GRAVE 
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasileira primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 7 (sete) à 15 (quinze) anos, além da multa”. 
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo simples seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal. A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro. Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte.
ROUBO QUALIFICADO PELA MORTE 
Ocorre latrocínio, no ordenamento jurídico brasileiro, quando há dolo na conduta antecedente (roubo) e dolo ou culpa na conduta subsequente (morte). Enfim, o latrocínio é a conduta de matar para roubar, ou matar para assegurar a impunidade do crime ou para manter-se na posse da coisa subtraída. O latrocínio é crime de natureza patrimonial, pois é um roubo. Nos termos legais, o Latrocínio não exige que o evento morte seja desejado pelo agente, bastando que ele empregue violência para roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o delito. No latrocínio, a morte pode resultar de conduta dolosa, culposa ou preterdolosa, quando o legislador lhe atribui a mesma gravidade na sanção, que é de 20 a 30 anos; 
DUAS OU MAIS VÍTIMAS DE LATROCÍNIO 
A diversidade de vítimas fatais, não altera a tipificação do crime, continuando a configurar latrocínio único, e não duplo ou triplo latrocínio. A pluralidade de vítimas não constitui crime continuado nem concurso de crimes. Nesse sentido, tem sido a orientação do STF, que em vários julgados entende que a pluralidade de vítimas não implica a pluralidade de latrocínio. Na verdade, o fato das vítimas serem duas ou mais, deve ser levando em conta no momento da dosimetria da pena, nos termos do artigo 59 do CP. 
LATROCÍNIO E MORTE DE CO-AUTOR 
Se durante um roubo, um dos participantes do crime (autor, co-autor ou partícipe), por divergência qualquer, resolve matar o outro, não há falar em latrocínio, na medida em que a violência exigida pelo tipo penal refere-se ao sujeito passivo. 
LATROCÍNIO E LEGÍTIMA DEFESA 
Quando a própria vítima do roubo reage e mata um dos sujeitos ativos, agindo em estado de legítima defesa, também não se pode falar em latrocínio para agravar a situação do outro sujeito ativo que sobreviveu, pois, a violência exigida pelo tipo do art. 157, § 3º refere-se ao sujeito passivo. 
MORTE DECORRENTE DE GRAVE AMEAÇA 
A violência contida no § 3º do art. 157 é somente a física, não incluindo a grave ameaça (violência moral), podendo resultar lesão grave ou morte. Assim, se alguém sofre um roubo (assalto), e mesmo sem o agente empregar violência física, a vítima fica assustada com a arma usada e sofre um enfarto, vindo a falecer, o agente não responde pelo crime de latrocínio, pois não houve emprego de violência física. Neste caso, o agente responderá por roubo em concurso material com homicídio, podendo ser doloso ou culposo, dependendo das circunstancias. 
CRIME DE EXTORSÃO – ART. 158 
Extorsão é o ato de constranger (obrigar ou coagir) alguém, mediante violência (física) ou grave ameaça (violência moral), com o fim de obter vantagem econômica indevida, para si ou para terceiro, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. A conduta do agente objetiva constranger a vítima a: 
1 - FAZER: exemplo: Pedro, usando de violência ou grave ameaça, constrange Maria a depositar certo valor em sua conta bancária;
2- TOLERAR que se faça: Dino, com emprego de violência ou grave ameaça, coage Sandro a permitir que ele use seu automóvel em certa viagem; 
3- DEIXAR de fazer alguma coisa: Paulo, usando de violência ou grave ameaça, impede que José lhe faça cobrança de uma dívida pessoal. 
BENS JURIDICOS TUTELADOS: neste crime, os bens tutelados são a liberdade individual, o patrimônio (posse e propriedade) e a integridade física e psíquica da pessoa. 
SUJEITO ATIVO: pode ser qualquer pessoa; 
SUJEITO PASSIVO: pode ser qualquer pessoa, inclusive aquele que sofre o constrangimento sem perder o bem material. Pode ocorrer que o sujeito passivo da violência ou grave ameaça seja diverso do sujeito passivo que teve a perda patrimonial, vale dizer, neste caso, haverá dois sujeitos passivos do crime de extorsão: um em relação ao patrimônio e outro em relação à violência ou grave ameaça. 
PESSOA JURÍDICA pode ser vítima do crime de extorsão, quando seus representantes legais são coagidos a fazer, tolerar ou deixar de fazer alguma coisa desejada pelo agente. 
USO DE ARMA: o agente tem de usá-la realmente no crime, não bastando o simples porte ou ostentação da arma no momento. 
EXTORSÃO E ROUBO – DIFERENÇAS 
No crime de roubo, o agente toma a coisa da vítima ou obriga a entregá-la; no crime de extorsão, o extorsionário faz com que a vítima lhe entregue a coisa. No crime de roubo, o agente subtrai a coisa mediante violência; no crime de extorsão, a vítima entrega a coisa ao agente. Na extorsão a vítima coopera ativamente, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa em razão da violência ou da grave ameaça. Já no crime de roubo, o agente atua sem a colaboração da vítima, tomando a coisa. No roubo, a coisa desejada está à mão, enquanto no crime de extorsão, a coisa desejada precisa ser alcançada pelo agente, com a colaboração da vítima. Exemplos: Pedro para roubar um carro, aponta uma pistola para o seu proprietário e o retira violentamente do carro. No crime de extorsão, Pedro aponta a pistola para o filho do proprietário do carro, e ordena que ele busque o carro na garagem e o entregue em outra rua mais tranquila. 
CONSUMAÇÃO DA EXTORSÃO: consuma-se o crime quando a vítima é constrangida a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, não sendo necessária para a consumação, a entrega da vantagem indevida econômica. Portanto, sendo um crime formal, consuma-se com o ato de constrangimento. O crime compõe-se de três estágios: 
o agente constrange a vítima, usando de violência ou grave ameaça; 
a vítima, diante da violência ou grave ameaça, faz, tolera que se faça ou deixa de fazer alguma coisa; 3
o agente, em fase posterior, obtém a vantagem econômica desejada. Esta última fase não é necessária para configurar a extorsão. 
TENTATIVA DE EXTORSÃO 
Embora o crime de extorsão se consuma com o constrangimento sofrido pela vítima, ele efetivamente se concretiza quando a vítima se submete à vontade do agente, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa. Portanto, o simples constranger a vítima, sem que ela faça, tolere que se faça ou deixe de fazer alguma coisa, caracteriza a tentativa de extorsão, pois o fato somente não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade do agente. A eventual prisão em flagrante delito do agente no momento em que ele recebe a vantagem econômica, não configura a tentativa de extorsão, pois o crime já estava consumado. Trata-se de mero exaurimento do crime. 
SEQUESTRO RELÂMPAGO – ART. 156, § 3º 
Ocorre seqüestro relâmpago quando o agente restringe a liberdade da vítima, sendo essa condição necessária para se obter vantagem econômica. Exemplo: Tino obriga Paulo a fazer saques em caixas eletrônicos, e para fazer isso, o priva de sua liberdade. No sequestro relâmpago é imprescindível a atuação da vítima para que o delito se consuma, ou seja, a cooperação da vítima é condição necessária para a obtenção da vantagem econômica. Por força da Lei 11.923/2009, queentrou em vigor no dia 17.04.09, o chamado sequestro relâmpago, no nosso ordenamento jurídico-penal, passou a ser tipificado no art. 158, § 3º, do CP, nestes termos: 
 "Art. 158. .................................................................... § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente." 
A pena do sequestro relâmpago foi reduzida: Partindo-se do fato de que antes da vigência da Lei 11.923/2009, o fato de se privar liberdade de alguém para obrigá-la a dar dinheiro ou outro bem, era enquadrado no delito de extorsão mediante sequestro – art. 159, cuja pena era de 8 a 15 anos de reclusão.
Agora, com o novo crime – art. 158, § 3º, a pena é de 6 a 12 anos de reclusão (crime simples). A nova lei diminuiu a pena do delito em destaque. Além desse fato, o sequestro relâmpago deixou de ser crime hediondo: antes o sequestro relâmpago (sendo enquadrado no art. 159) era crime hediondo. Agora deixou de ser crime hediondo (porque a extorsão do art. 158, § 3º, não está catalogada, no Brasil, como crime hediondo - ver art. 1º da Lei 8.072/1990). Não sendo possível analogia contra o réu, não pode o juiz suprir esse vácuo legislativo. Por outro prisma, o novo parágrafo § 3º é mais benéfica ao réu: antes não se permitia para o sequestro relâmpago a anistia, graça, indulto. Agora todos esses institutos são cabíveis. Antes se exigia o cumprimento de dois quintos (se primário) ou três quintos (se reincidente) para a progressão de regime; agora basta o cumprimento de um sexto da pena para obter esses benefícios (LEP, art. 112).
Sequestro relâmpago com lesão grave ou morte. Se resulta do sequestro relâmpago, lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. Esclareça-se que o crime não se converte em extorsão mediante sequestro, tão-somente são aplicadas as suas penas (só é extorsão mediante sequestro quo poenam).
Roubo + sequestro relâmpago: se o agente rouba a vítima (rouba o carro, uma carteira, dinheiro, relógio etc.. ) e, em seguida, no mesmo contexto fático e sem interrupção temporal, pratica também o sequestro relâmpago (saques em caixas eletrônicos), temos dois delitos e m concurso formal: roubo + art. 158, § 3º. O roubo pode ser simples ou agravado pelo concurso de pessoas ou emprego de armas.
Exemplo: João, rouba o carro, carteira, relógio e celular de Cíntia. Não achando suficiente, logo em seguida e no mesmo contexto fático, a leva para um caixa eletrônico, obrigando a fazer retirada de dinheiro. Logo em seguida, a liberta em uma rua deserta. 
ROUBO, SEQUESTRO RELÂMPAGO E EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Distinções: haverá o crime de roubo quando o agente, apesar de prescindir (não necessitar) da colaboração da vítima para apoderar-se da coisa visada, restringe sua liberdade de locomoção para garantir o sucesso da empreitada criminosa. Ocorre extorsão comum (seqüestro relâmpago) quando o agente, dependendo da colaboração da vítima para alcançar a vantagem econômica visada, priva a vítima da sua liberdade de locomoção pelo tempo necessário até que o locupletamento se concretize. Por fim, teremos extorsão mediante s sequestro quando o agente, privando a vítima do seu direito de deambulação, condiciona sua liberdade ao pagamento de resgate a ser efetivado por terceira pessoa (ligada, direta ou indiretamente, à vítima). 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – ART. 159 
É um crime complexo, pois resulta da fusão dos crimes de extorsão (158 CP) e sequestro (148 CP), tutelando 2 objetos jurídicos: patrimônio e liberdade individual. É também crime hediondo em todas as modalidades, conforme diz o art. 1º, inciso IV da lei nº 8072/90. 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo sequestrar no sentido de privar uma pessoa da sua liberdade por tempo juridicamente relevante. Não é exigido que a pessoa seja removida ou transportada de um para outro local, pois o que interessa ao artigo é que a pessoa seja colocada em estado de sujeição ao criminoso. Exemplo: uma pessoa pode ser sequestrada dentro de sua a própria casa ou dentro de uma fazenda, desde que lhe seja retirado o direito de sair desse local. 
SUJEITO ATIVO: o crime pode ser cometido por qualquer pessoa. Porém, aquele que simula o próprio sequestro para extorquir familiares com a ajuda de terceiro, responde pelo crime de extorsão (158 CP). Se o crime é praticado por FP no exercício da função, responderá em concurso formal pelos crimes de extorsão mediante sequestro e abuso de autoridade – art. 3º, a e 4º, a da lei nº 4.898/65. 
SUJEITO PASSIVO: pode ser tanto a pessoa que suporta a lesão patrimonial quanto aquela que for privada de sua liberdade. Se a vítima for > de18 anos ou < de 60 anos de idade, o crime será qualificado. 
ELEMENTO SUBJETIVO: É o dolo, não se admitindo a forma culposa. 
MOMENTO DA CONSUMAÇÃO: trata-se de crime formal ou de consumação antecipada, pois concretiza-se a partir do momento em que houver a privação da liberdade da vítima, mesmo que não tenha havido a obtenção da vantagem, pois o legislador não exige a entrega da vantagem ou resgate. A privação da liberdade a ser por tempo relevante, apto a demonstrar a vontade do agente de tolher a liberdade de locomoção da vítima. Também é crime permanente, pois a consumação se prolonga no tempo em que a vítima estiver privada de sua liberdade. 
TENTATIVA: admite a tentativa, pois se trata de crime plurissubsistente, isto é, aquele em que a conduta pode ser fracionada em diversos atos, pois iniciada a execução o crime só não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
DELAÇÃO PREMIADA: é admitida, pois se trata de especial causa de redução de pena, encontrando respaldo no Direito premial na medida em que o Estado premia o criminoso arrependido que colabora com a persecução penal. 
EXTORSÃO INDIRETA – ART. 160 
O crime tutela o direito ao patrimônio e a liberdade individual. O sujeito ativo (credor da dívida) pode ser qualquer pessoa, que exige ou recebe a garantia ilícita.
Sujeito passivo (devedor) é aquele que cede à exigência ou entrega documento ao agente. A conduta incrimina exigir significa impor, ordenar, obrigando a vítima a lhe entrega o documento. Na conduta receber, o próprio agente é quem entrega o documento como garantia de dívida. Exemplo: Paulo, necessitando pagar certa dívida, voluntariamente entrega a Cláudio um cheque sem suficiente provisão de fundos, sendo aceito por aquele. O mero fato de Cláudio aceitar o cheque, já configura o crime de extorsão indireta, pois tem consciência de que poderá, no futuro, apresentar tal cheque e enquadrar o devedor no crime de estelionato. A expressão “abusando da situação de alguém”, significa que o agente aproveita -se do momento de necessidade do devedor para explorá-lo. O documento pode ser público ou particular, devendo ser apto a gerar a instauração de inquérito ou processo criminal contra a vítima ou contra terceiro, por exemplo, cheque sem fundos, confissão da prática de um crime, duplicata falsa, dentre outros.
Só admite a forma dolosa. Na modalidade da conduta exigir, o crime se consuma com a simples exigência, independente da obtenção ou não do documento. Na modalidade receber, o crime se consuma com a efetiva entrega do documento ao agente. Só admite a tentativa em a modalidade receber, pois se trata de crime material. Na modalidade exigir, não admite a tentativa, por ser formal, salvo se a exigência for por escrito. 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA – ART. 168 
No crime de apropriação indébita a vítima voluntariamente entrega a coisa móvel ao agente e este, com a posse ou detenção, passa a agir como se fosse proprietário do bem. Há uma quebra de confiança. 
NÚCLEO DO TIPO: é o verbo “apropriar-se”, quesignifica tomar uma coisa alheia como se fosse sua definitivamente (animus rem subi havendo). 
REQUISITOS: 
1- Entrega voluntária do bem pela vítima: a vítima entrega a coisa móvel de forma voluntária (posse ou detenção). Não há fraude, pois se a houvesse seria o crime de estelionato; 
2- A posse ou detenção desvigiada: não há fiscalização ou controle por parte do titular da coisa móvel; 
3- Boa fé do agente no momento da entrega do bem móvel: ao ingressar na posse ou detenção da coisa móvel é preciso que o agente esteja a intenção de devolver o bem ou lhe a destinação certa. Se se provar que o agente, no momento da entrega da coisa, já tinha a intenção de apropriar-se do bem, passa a praticar o crime de estelionato. 
4- Modificação posterior da conduta do agente: após entrar licitamente na posse ou detenção do bem, o agente passa se comportar como se fosse dono da coisa móvel (animo de assenhora mento), por meio da recusa de devolver o bem ou na prática de algum ato de disposição (venda, doação, locação, etc.). 
SUJEITO PASSIVO: é a pessoa física ou jurídica proprietário da coisa móvel, mas também pode ser vítima o possuidor, usufrutuário, dentre outros. Em alguns casos, é possível que a vítima não se já a pessoa que fez a entrega do bem móvel, podendo ser outra pessoa. Exemplo: João, vendedor de uma loja, entrega em confiança uma peça de roupa para Sandro para que ele a experimente em sua casa, a qual João não paga nem devolve à loja. Neste caso, a vítima do crime não será João, mas a loja que foi lesada em seu patrimônio. 
TIPOS DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA: 
1- Apropriação indébita própria: é aquela que se consuma com a prática de algum ato de disposição por parte do detentor ou possuidor do bem móvel, incompatível com a condição de possuidor ou detentor. Exemplo: Lúcia tinha a posse legítima de um computador pertencente à Paulo. Em certo dia, Lúcia resolveu vender o computador. 
2- Apropriação indébita negativa de restituição: é aquela em que o agente possuidor ou detentor da coisa móvel se recusa a devolver o bem móvel a quem de direito. Exemplo: Mila recebeu de Maria um livro de certo valor econômico para que o devolvesse a João, seu dono. Mila, após um tempo, não quis mais devolver o livro ao seu verdadeiro proprietário. 
MOMENTO DA CONSUMAÇÃO: o crime se consuma a partir do momento em que ao agente (como possuidor ou detentor) passa a se comportar como se fosse dono da coisa móvel, resultando lesão ao patrimônio da vítima. 
TENTATIVA: o conatus é cabível somente na apropriação indébita própria, pois se trata de crime plurissubsistente. Exemplo: Pedro foi preso em flagrante no instante em que vendia para Clark a bicicleta pertencente a Carlos, da qual tinha a posse legítima. Não se admite a tentativa no crime de apropriação indébita negativa de restituição, pois neste caso, ou o agente se recusa a devolver o bem, e o crime se consuma, ou o devolve ao proprietário, não havendo crime. 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA - § 1º 
Inciso I - Depósito necessário: neste caso o depositário se apropria de coisa móvel que e recebeu em razão de obrigação legal. Exemplo: Há incêndio em certo edifício, e as pessoas que tiveram seus apartamentos atingidos, precisaram guardar seus bens móveis com alguém (depositário necessário). Este, posteriormente, se apropria de alguns desses bens. 
Inciso II – as pessoas constantes deste rol exercem um “múnus público”, não podendo recusar a tarefa. Elas recebem coisas móveis alheias para guardarem consigo, até o momento da devolução. 
Inciso III – o legislador incrimina a conduta dessas atividades profissionais em razão terem a posse ou detenção de coisa móvel para restituí-la posteriormente, mas não o fazem, incidindo penalmente neste inciso. Ofício: é a ocupação manual ou mecânica, que reclama certa habilidade. Exemplo: sapateiro. 
Empregado: é o prestador de serviços com subordinação. E: empregados de um restaurante. Profissão: atividade com ausência de hierarquia e exercício com predominância técnico e intelectual de conhecimentos específicos. Ex.: advogado; médico; engenheiro, etc. 
CRIME DE ESTELIONATO – ART. 171 CP 
Neste crime, o agente utiliza a fraude (engano, ardil, engodo, astúcia, malícia) para espoliar a vítima em seu patrimônio. Estelionato deriva da palavra latina “stellio”, significando camaleão, que com o seu mimetismo dissimulador consegue enganar a sua caça. A lei penal, com este artigo tutela o patrimônio das pessoas. 
NÚCLEO DO T IPO: é o verbo “obter”, significando alcançar um lucro indevido em razão de haver ludibriado a vítima. O agente não se utiliza de violência física ou moral, mas usa ardis e fraudes. A vítima, de forma inadvertida, colabora com a fraude sem perceber que está lesado em seu patrimônio. Induzir a vítima em erro: nesse caso, o agente é quem cria na vítima a falsa percepção da realidade. Manter a vítima em erro: significa que a vítima já está enganada e o agente não desfaz o engano percebido, mantendo-o no erro em que ela mesma se envolveu. Meios de execução do crime: para induzir ou manter a vítima em erro, o agente usa: 
1- artifício: é a fraude material, por meio de objetos ou instrumentos, em que o agente cria uma aparência material externa. Exemplo: Alberto veste-se de mecânico e vai para uma autoestrada. Escolhe um motorista e por meio de gestos, diz que o carro apresenta de efeito. Com a permissão do dono, abre o motor do carro e diz que o defeito certa em peça, que ele tira. Fala que tem tal peça em seu carro, que na concessionária a peça custa X, mas que pode trocar ali mesmo por Y custo. Sem entender de mecânica, o dono aceita. 
2- ardil: é a fraude moral, é a conversa enganosa e astuciosa, em que há aspectos intelectuais, atuando sobre a psique (sentimento) da vítima, criando uma percepção errônea da realidade. Exemplo: Pedro alegando ser uma expertise em relógios automáticos de alta qualidade, convence Beto a lhe entregar o seu relógio Rolex para proceder a uma limpeza de rotina. 
3- qualquer meio fraudulento: é qualquer conduta que provoque ou mantenha a pessoa em erro, na qual o agente obtenha uma vantagem indevida. Exemplo: Sandro ao pagar certa compra no shopping, o caixa lhe devolve troco a mais do que devia ser. Sandro percebe e nada fala, indo embora (silêncio). Estrutura do crime de estelionato: exige-se 4 momentos diversos 
Emprego de fraude pelo agente; 
Situação de erro criada ou mantida pelo agente; 
Obtenção de vantagem ilícita; 
Prejuízo suportado pela vítima. 
SUJEITO ATIVO: pode ser qualquer pessoa, tanto aquele que emprega a fraude como aquele que se beneficia da vantagem ilícita. 
SUJEITO PASSIVO: pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, seja aquela enganada pela fraude ou aquela que suporta o prejuízo material. Pode, pois existirem duas vítimas. A vítima deve ser pessoa certa e determinada, pois o tipo penal fala em “prejuízo alheio” e induzindo ou mantendo “alguém” em erro. Assim, condutas fraudulentas contra máquinas ou aparelhos eletrônicos não caracterizam o crime, pois a lei exige que a vítima seja pessoa (alguém). Há o crime de furto, mas não estelionato. Pessoa inimputável: Se a vítima for pessoa inimputável (menor ou alienado ou débil mental), e o agente a induz ou mantém em erro, causando prejuízo a si mesmo ou a terceiro, o crime não será o de estelionato, mas o de abuso de incapaz – art. 173 do CP. 
CONSUMAÇÃO: sendo um crime de duplo resultado, sua consumação depende de 2 requisitos: 
1- Obtenção de vantagem ilícita; 
2- Prejuízo alheio. O STJ tem firmado entendimento de que “ a doutrina penal ensina que o resultado, no estelionato, é duplo: benefício para o agente e lesão ao patrimônio da vítima. ” 
TENTATIVA: é admissível em 3 situações: 
1-O agente emprega meio fraudulento, mas não consegue enganar a vítima: só caracteriza o conatus de estelionato se a fraude era apta a ludibriar a pessoa. Caso contrário, fala-se em crime impossível em face daineficácia absoluta do meio de execução. 
2-O agente utiliza o meio fraudulento, engana a vítima, mas não consegue obter a vantagem ilícita por circunstâncias alheias à sua vontade. 
3-O agente utiliza o meio fraudulento, engana a vítima, obtém a vantagem ilícita, mas não causa prejuízo patrimonial à vítima. Assim se justifica juridicamente a tentativa, pois o crime de estelionato exige duplo resultado para se consumar: obtenção de vantagem ilícita MAIS prejuízo patrimonial. 
ESTELIONATO PRIVILEGIADO - § 1º 
O estelionato privilegiado exige 2 requisitos: 
a) primariedade: o agente não pode ser reincidente. 
b) pequeno valor do prejuízo: aquele em que o dano é igual ou inferior a um salário mínimo à época do fato criminoso. 
FIGURAS EQUIPARADAS AO CRIME DE ESTELIONATO - § 2º I 
DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA: aqui o agente finge ser o proprietário da coisa (móvel ou imóvel) e pratica qualquer das condutas típicas com terceiro de boa-fé, sem ter autorização, causando prejuízo patrimonial à vítima. Venda: é a transferência do domínio de uma coisa a alguém mediante pagamento de preço. Permutar: as partes convencionam a troca uma coisa por outra. Dar em pagamento: se presente o consentimento do credor, este pode receber coisa que não seja dinheiro, em substituição da prestação devida. Dar em locação: o agente transfere para outra pessoa o uso e gozo da coisa, mediante contraprestação. 
SUJEITO PASSIVO: normalmente, há 2 vítimas: a pessoa ludibriada e o titular da coisa que o agente se passa por proprietário. 
CONSUMAÇÃO: ocorre com o núcleo de cada tipo penal. 
Vender: consuma-se o crime quando o agente recebe o pagamento, ainda que não se tenha operado a entrega do bem móvel ou imóvel. 
Permutar: o crime se consuma quando o agente recebe o bem permutado. 
Dar em pagamento: consuma-se o crime quando o agente obtém a quitação da dívida. 
Dar em locação: consuma-se quando o agente recebe o valor do primeiro aluguel 
Dar em garantia: consuma-se o crime quando o agente consegue o empréstimo. 
II- ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA 
A conduta criminosa do agente recai sobre seu próprio patrimônio. Coisa própria inalienável: é aquela que não pode ser vendida em razão de disposição ou convenção (clausula de inalienabilidade temporária ou vitalícia) imposta aos bens pelos doadores ou testadores. Coisa própria gravada de ônus: certos bens são colocados à disposição da pessoa apenas para o seu usufruto, uso, servidão e habitação, não podendo ser vendido ou qualquer outro ato de disposição. Coisa própria litigiosa: é a coisa objeto de controvérsia submetido à apreciação do Poder Judiciário. Imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações: aqui o bem só pode ser imóvel, e que o agente prometeu vendê-lo mediante o pagamento de prestações. 
III – DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR: A coisa empenhada nesse caso fica em poder do devedor, e este aliena (vende ou doa), ou utiliza qualquer outro meio (abandono, destruição e ocultação) da coisa dada em garantia sem o consentimento do credor. Sujeito ativo: devedor. Sujeito Passivo: credor. Conduta: defraudar a garantia alienando ou, por exemplo, destruindo a coisa (qualquer outro modo) Consumação: o crime se consuma com o duplo resultado: vantagem mais prejuízo. Obs.: tem jurisprudência minoritária dizendo que o inciso III é formal. Basta a defraudação, sem a necessidade de vantagem. Sujeito Ativo: qualquer pessoa juridicamente obrigada a entregar a coisa a alguém, fora da relação comercial. Sujeito Passivo: o destinatário da coisa. 
IV- FRAUDE NA ENTREGA DA COISA este crime por supõe que haja um negócio jurídico envolvendo 2 pessoas, no qual o agente responsável pela entrega da coisa fraudulentamente o modifica e o entrega. Essa modificação da coisa pode cair sobre sua própria substância. Exemplo: Entregar um pneu recauchutado, em vez de um novo; pode recair sobre a quantidade da coisa. Exemplo: Entregar 900 g de ouro, e não 1 k conforme o combinado. 
Atenção 1: levar uma televisão para consertar e o agente substitui as peças originais por peças recondicionadas, neste caso o crime é do art. 175, do CP. (Sujeito ativo no exercício de atividade comercial).
Atenção 2: se a coisa defraudada é produto alimentício, enquadra-se o fato no artigo é o 272 do CP. 
Atenção 3: se a coisa é produto destinado a finalidade terapêutica ou medicinal, o crime é capitulado no art. 273, pena de 10 a 15 anos, sendo um crime é hediondo. 
V-FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO 
Neste tipo o legislador não importa os estragos produzidos pela pessoa em seu corpo ou em seu patrimônio. Aqui a lei se importa é com o patrimônio da seguradora, punindo o segurado que produz o dano de forma dolosa com o objetivo de obter indevidamente o prêmio do seguro. 
1-Destroi coisa própria: danificar Exemplo: jogar o próprio carro em um penhasco, objetivando receber o prêmio do seguro. 
2-Ocultar coisa própria: esconder ou dissimulá-la tornando-a irreconhecível. Exemplo: declarar o furto do carro que, na verdade está escondido em algum local. 
3-Lesar o próprio corpo ou saúde: significa provocar autolesão no corpo ou a saúde para receber fraudulentamente prêmio de seguro. Exemplo: Pessoa que amputa certa parte do corpo ou contrai dolosamente uma doença para receber seguro. 
4-Agravar as consequências da lesão ou doença: a lesão ou a doença não foram provocadas por ele, mas ele piora as condições da lesão ou da doença com o fim de recebimento de prêmio do seguro ou da indenização. 
Consumação: esta modalidade de estelionato é crime formal, pois o crime se concretiza no momento em que o agente destrói, oculta, lesa ou agrava, ainda que ele não consiga receber a vantagem indevida, bastando a intenção. Tentativa: é admissível por se tratar de crime plurissubjetivo. Exemplo: João foi flagrado no minuto em que havia jogado gasolina em seu carro e estava prestes a incendiá-lo. 
VI - FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE 
É a fraude usada como meio de enganar o tomador de um cheque, fazendo com que ele acredite que o título será honrado pelo banco sacado. Este inciso tutela o patrimônio e a fé pública. Emitir cheque sem fundo: o agente preenche e assina o cheque e o coloca em circulação, sem ter a quantia suficiente para honrar o pagamento. Frustrar o pagamento: o agente emite o cheque consciente de que há fundos para honrar o pagamento, mas posteriormente, por várias razões, dolosamente retira tais fundos, frustrando o pagamento. Observação: se o agente pratica ato impeditivo do pagamento do cheque, alegando falsamente a sustação por furto ou roubo ou o encerramento da conta, obtendo vantagem indevida em prejuízo alheio, neste caso se caracteriza o crime de estelionato simples (art. 171, caput), pois a fraude foi praticada antes da emissão do cheque. Consumação: o crime se concretiza no instante em que o banco se nega a efetuar o pagamento, seja pela ausência de fundos ou pela contraordem do correntista para não pagar. 
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
Com a evolução da sociedade, o nosso CP modernizou-se, deixando de tutelar os hábitos sexuais das pessoas. Passou, com a nova redação, a tutelar a dignidade sexual, que é corolário da pessoa humana. Dignidade traz embutido a noção de decência e respeitabilidade, que também está ligado à honra. Considerando que a Constituição Federal garante o direito à intimidade e à vida privada, é justo tutelar o Direito Penal os desejos sexuais do ser humano de forma digna, com liberdade de escolha. Veda-se, porém, a exploração da sexualidade. 
CRIME DE ESTUPRO – ART. 213 
Consiste em que o agente constrange alguém a manter conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça, ou a praticar ou com ele permitir que se pratique outro ato libidinoso. Conjunção carnal caracteriza-se com a introdução do órgão sexual masculino noórgão da mulher. Na expressão “outro ato libidinoso” estão todos os atos de natureza sexual que não a conjunção carnal, que tenham por objetivo satisfazer a libido. A doutrina aponta com o ato libidinoso, por exemplo, o sexo oral, o coito anal, a masturbação, as apalpadelas ou toques nas partes intimas e a contemplação lasciva. O constrangimento do a gente pode ter duas finalidades: 
1 - o agente obriga a vítima a praticar um ato libidinoso diverso da conjunção, agindo a vítima ativamente, podendo atuar sobre seu próprio corpo, como por exemplo, a masturbação. 
2- Pode também atuar no corpo de agente que a constrange, por exemplo, sendo obrigado a praticar sexo oral no agente. Pode também atuar sobre o corpo de outra pessoa, sendo observada pela agente. 
A segunda conduta a vítima é passiva, permitindo que, com ela seja praticado o ato libidinoso diverso da conjunção carnal, podendo ser o próprio agente constrangedor ou por uma terceira pessoa, a mando do constrangedor. 
Sujeito ativo e passivo: quando a finalidade for a conjunção carnal, o sujeito ativo poderá tanto o homem quanto a mulher. Se a finalidade for a prática de outro ato libidinoso, o sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, bem como o sujeito passivo. 
Consumação: quando a intenção do agente for manter conjunção carnal com a vítima, o crime se consuma com a penetração do pênis na cavidade vaginal, não interessando que houve penetração total ou parcial, ou ejaculação. Se a intenção do agente é praticar ato libidinoso, o estupro se consuma no momento em que ele obriga a vítima a praticar ou permitir que com ela se pratique o ato libidinoso. 
Tentativa: é possível quando o agente se preparava para fazer a penetração vaginal, mas por qualquer motivo, foi interrompido. Também no caso de praticar de ato libidinoso, é possível a tentativa, depois da prática do constrangimento, sem que o agente consiga praticar o ato. 
Bens jurídicos tutelados: o artigo 213 tutelas tanto a liberdade quanto a dignidade sexual, isto é, a lei protege o direito de liberdade que a pessoa tem sobre seu corpo sobre com quem praticar atos sexuais. 
Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo o CP a modalidade de estupro culposo, por expressa falta de disposição legal. 
Estupro na Modalidade comissiva: o verbo constranger no artigo 213, pressupõe ação por parte do agente. 
Estupro na Modalidade omissiva imprópria: ocorre quando o a gente tem o status de garante, nos termos do artigo 13, § 2º do CP. Exemplo: um agente penitenciário, durante o seu plantão, na ala em que há um estuprador preso, teve notícia de que durante o seu plantão os outros presos iriam estuprá-lo, praticando coito anal. 
Mesmo sabendo do fato, o agente penitenciário nada fez para evitar o crime. Neste caso, ele na condição de garantidor, como nada fez para evitar o crime, responderá pelo crime de estupro por omissão, nos termos do artigo 213, c apud c/com ar t. 13, § 2º, ambos do CP. 
Estupro nas modalidades qualificadas pelo resultado 
Se da conduta adotada pelo agente no estupro, resulta lesão corporal grave ou morte da vítima de forma culposa, ele responderá por estupro qualificado – art. 213, § 1º e 2º. Entende-se por lesão corporal de natureza grave aquelas capituladas no art. 129, §§ 1º e 2º do CP. 
Neste caso, o crime de estupro qualificado é complexo, isto é, o estupro soma -se aos crimes autônomos d e lesão corporal culposa grave e homicídio culposo. 
Neste caso também trata-se de c rime preterdoloso, isto é, há dolo no antecedente (estupro) e culpa no conseqüente (lesão corporal ou morte da vítima). 
Se, porém, comprovar que o agente teve a intenção de lesionar e matar, ele responderá pelos crimes de lesão corporal de natureza grave ou morte em concurso material com o crime de estupro. 
Também o legislador criou a qualificadora quando o estupro for praticado contra pessoa tiver menos de 18 e mais de 14 anos. Portanto, quando a vítima for adolescente, o estupro torna-se qualificado. 
Marido ou esposa como sujeitos ativos do crime de estupro Com interpretação do Código Civil de 1916, h avia o chamado débito conjugal, com base no qual o homem podia obrigar a esposa manter com ele conjunção carnal contra a sua vontade, alegando o exercício regular de um direito.
Hodiernamente essa posição já não existe e o marido somente poderá manter relação sexual com sua esposa (e vice-versa) se ela ou ele consentir. 
Caso a esposa ou esposo se recuse ao cumprimento d o dever sexual, tal fato poderá motivar a separação do casal, mas nunca se justificará ações de uso de violência ou grave ameaça para obrigar ao coito. Tal conduta é ofensiva à liberdade sexual prevista na Constituição Federal. 
Com a nova redação do art. 213 CP, a esposa também poderá ser sujeito ativo do estupro, quando obriga o marido, por exemplo, a praticar ato libidinoso com ela contra a sua vontade. 
Mulher vítima de estupro praticado por outra mulher 
Agora é possível o estupro praticado por mulher contra outra mulher, na modalidade ato libidinoso, quando a vítima é constrangida mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ela se pratique outro ato libidinoso. 
Não importa o ato praticado, podendo ser felação, masturbação ou mesmo penetração com objetos, caracteriza o crime de estupro. 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL – ART. 217
A Considera-se vulnerável, nos termos do art. 217-A a vítima do sexo masculino ou feminino menor de 14 anos, bem como a vítima portadora de enfermidade ou d eficiência mental, não possuindo discernimento para a prática do ato sex ual. 
Enfermidade mental significa moléstia, doença que compromete o funcionamento de um órgão do ser humano, e consequentemente ao aparelho mental. Como exemplos de enfermidade mental citamos as psicopatias, as demências mentais e as neuroses. 
Por deficiência mental que dizer a insuficiência e o atraso do desenvolvimento psíquico. É o retardo mental adquirido desde o nascimento ou com dificuldade de aprendizado. 
Também é considerado vulnerável a pessoa que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência à prática do ato sexual. Caracteriza impossibilidade de resistência as situações de uso de sedativos usados por médicos com o objetivo de praticar abusos sexuais; há relatos em que pessoas que se encontravam em estado de coma sofreram abusos sexuais; há relatos de pessoas que, após serem colocadas em est ado de embriaguez letárgica, foram abusadas; casos que também não podem oferecer resistência como a hipnose ou de pessoas com ida de avançada ou crianças de tenra idade. Ressalta-se que, no crime do art. 217-A, não há exigência do uso de violência física ou grave ameaça. 
O fato de ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com a pessoa vulnerável, mesmo com o seu consentimento, já caracteriza o crime. 
Estupro de vulnerável na modalidade omissiva: se o agente usufrui da condição de garante ou garantidor, nos termos do art. 13, § 2º do CP, e permite que ocorra o fato delituoso tendo a possibilidade de evitá-lo, responderá pelo estupro de vulnerável na forma omissiva imprópria. Exemplo: mãe que, sabendo que o seu namorado mantém relações sexuais com sua filha de 10 anos, responderá pelo crime de estupro de vulnerável na forma omissiva imprópria. 
CRIME DE VIOLAÇÃO SEXAUAL MEDIANTE FRAUDE – ART. 215 CP 
O crime protege a liberdade sexual de qualquer pessoa no sentido de dispor o seu corpo sexualmente, sem que essa permissão seja obtida por meio que impeça ou dificulte a sua livre manifestação. 
A conduta do agente tanto poderá induzira vítima em erro quanto poderá aproveitar-se do erro da vítima para manter com ela conjunção carnal ou ato libidinoso. Exemplo: curandeiro que incute na cabeça da vítima que ela se ficará curada se mantiver relações sexuais com ele. Ressalta-se que o meio u sado pelo a gente há que ser eficiente, pois a fraude grosseira não caracteriza meio apto ao cometimento do crime em tela. Os sujeitos ativo e passivo podem ser tanto homens quanto mulher, pois o artigo fala em conjunção carnal e ato libidinoso. Também pode ser vítima da crime pessoa que exerce a prostituição, em face do princípio constitucional da dignidade da pessoa. Se a vítima for menor de 14 anos e o a gente conseguir praticar conjunção carnal ou ato libidinoso mediante fraude, o crime passa a ser o de estupro de vulnerável – Art. 217-A. Há o crime de violação sexual mediante fraude qualificada (art. 215, § único) quando for para obter vantagem econômica. 
ASSÉDIO SEXUAL – ART. 216-A 
O núcleo do tipo pen al é o verbo “constranger”, significa compelir ou forçar. Não há uso de violência física ou grave ameaça à vítima. Não é qualquer gracejo que pode caracterizar o assédio sexual, mas aquele que causa importunação ofensiva, chantagista ou ameaçadora a alguém que seja subordinado do acusado. O crime pode ser praticado verbalmente, por escrito ou por gestos. O agente aproveita-se da superioridade hierárquica ou da relação de ascendência ia decorrente de emprego, cargo ou função para obter favores sexuais. Superior hierárquico pressupõe relação de direito público, entre o superior e seu subordinado, e havendo tal relação, pode caracterizar o crime de assédio sexual. Ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função. 
E emprego é a relação trabalhista entre aquele que emprega e aquele que presta o serviço não eventual, pagando salário. Não pratica o crime de assédio sexual pessoa que se prevalece das relações de coabitação, domésticas ou hospitalidade, já que nesses casos não se configura subordinação. Mas, a empregada doméstica e a diarista, podem ser vítimas do crime de assédio sexual, vez que, na primeira há relação empregatícia, e na segunda, a diarista acha-se temporariamente inferiorizada na relação com seu patrão. Professor que usa sua condição para assediar sexualmente aluna, fazendo chantagem com notas, não caracteriza o crime de assédio sexual haja vista que entre professor e aluna há apenas o temor reverencial e não relação de subordinação. 
Pastor, padre ou freira em relações aos fiéis, que em razão de seu ofício ou ministério, usa essa condição para obter favores sexuais de seus fiéis, não caracteriza o crime, já que não relação de ascendência de emprego, cargo ou função, e, portanto, não há vínculo d e emprego. 
Sujeito ativo e passivo: é a pessoa (homem ou mulher) que é superior hierárquica ou tenha relação de ascendência sobre a vítima. Pode ser interesse heterossexual ou homossexual. A prostituta também pode ser sujeita passivo do crime. 
Não se configura crime de assédio sexual caso o funcionário que assedia possua o mesmo nível, nem quando o funcionário for subordinado. 
O elemento subjetivo: é sempre o dolo, consistente na intenção de obter vantagens sexuais para si ou para outra pessoa. Quando a terceira pessoa, desconhecia esse propósito do agente, mesmo assim ele pratica o crime. Mas quando terceira pessoa, sabe e deseja a obtenção dos favores sexuais, neste caso h á concurso de pessoas. Consuma-se o crime com o ato de constranger a vítima, pois é um crime formal, não exigindo que o agente obtenha o favor sexual.
ART. 218 – INTERMEDIAÇÃO DE MENOR DE 14 ANOS OU CORRUPÇÃO DE MENORES 
O verbo do tipo penal induzir significa sugerir, dar a ideia ao vulnerável para que ele satisfaça a lascívia de outra pessoa. É uma terceira pessoa, que intermédia o menor para satisfazer o desejo sexual de outra. É um tipo penal desnecessário, pois se poderia ter usado o próprio art. 217-A. Trata da participação moral no crime de estupro de vulnerável, que passa a ter pena mais branda. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, que é conhecido por proxeneta, o qual atua como mediador para satisfazer o desejo sexual de outra pessoa. Sujeito passivo: somente o menor de 14 anos Elemento subjetivo: é dolo, não havendo a forma culposa. 
ART. 218-A – SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA
Os verbos do tipo penal são: praticar e induzir, vale dizer, praticar na presença de menor de 14 anos conjunção carnal ou ato libidinoso, ou induzi-lo a presenciar o ato sexual, com objetivo de satisfação dos desejos sexuais próprios ou de terceiro. Na verdade, onde se ler induzir, leia-se também instigar ou auxiliar, todos são formas de participação. Voyeur é aquele que possui a tara sexual de presenciar (olhar) o ato sexual de outras pessoas. Aqui, o agente não atua como voyeur, mas ele quer que o menor d e 14 anos atue como voyeur, isto é, que o menor veja o ato sexual dele com alguém ou de outras pessoas. Perceba também, que o agente do crime não tem contato físico com o menor, pois se o fizer, o crime passa a ser o de estupro de vulnerável. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: O menor de 14 anos. Elemento subjetivo: é o dolo, existente ainda o dolo específico, que é a vontade de satisfazer a lascívia própria ou de terceiro. Não é exigível a presença física do menor no local onde está havendo o ato sexual, bastando apenas que o menor presencie a conjunção carnal ou o ato libidinoso, mesmo estando distante. Assim, pode caracterizar o crime, quando o menor estiver ao lado do agente assistindo o ato sexual praticado por outras pessoas, mas transmiti do por meios eletrônicos, por exemplo, câmeras ou vídeos (filmes pornôs). A simples presença do menor, causa satisfação no agente ou atende à satisfação alheia. 
ART. 218-B – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA 
O tipo penal contém os verbos submeter (sujeitar alguém a algo), induzir (dar a ideia) ou atrair (chamar a atenção para al go), tendo por objeto a prostituição ou outra forma de exploração sexual de menor de 18 anos ou pessoa que tenha enfermidade ou deficiência mental que cause o não discernimento para a prática do ato sexual. A segunda parte do artigo, contém as condutas facilitar (tornar acessível a entrada e a permanência do menor no ambiente da prostituição), impedir (colocar obstáculos para que o menor não saia da prostituição) ou dificultar (tornar a saída da prostituição mais complicada, mais dificultosa). Embora seja um tipo alternativo, isto é, a prática de mais de duas condutas no mesmo contexto fático implica na prática de um só cri me. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: menor de 18 e maior de 14 anos, pois quando houver menor de 14 anos envolvida na atividade sexual, caracteriza o c rime de estupro de vulnerável – art. 217-A. No § 2º do art. 218-B, o legislador criou a figura do vulnerável relativo (aquele que pode ser vítima de crimes sexuais entre 18 e 14 anos). Pode-se falar em vulnerabilidade absoluta (menor de 14 anos) e vulnerabilidade relativa (vítima de crimes sexuais entre 18 e 14 anos de idade). Se uma pessoa sem discernimento para o ato sexual em razão enfermidade ou deficiência mental praticar um ato sexual com alguém, caracteriza-se a vulnerabilidade absoluta, e, portanto, a outra pessoa responderá por estupro de vulnerável. Se um menor de 16 anos, ingressa na prostituição ou outra forma de exploração sexual, sem a intermediação de ninguém, consciente do que está fazendo, não que se falar em crime. No § 2º, I, o legislador pretende punir o cliente e do cafetão, entra na condição de participe do crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual. No § 2º, II, o legislador busca punir o proprietário, gerente ou responsável pelo local onde ocorre a prostituição ou outro tipo de exploração sexual do menor de 18 e maior de 14 anos ou pessoa enferma ou deficiente mental. Há que se provar, que o menor de idade entre 18 e 14 anossó está local p o que está sendo submetido por terceiro para praticar prostituição. Se se provar, que o menor entre 18 e 14 anos está no local onde se explora a prostituição por livre vontade dele, o fato é atípico penalmente, pois neste caso a pessoa pode dispor de seu corpo para práticas sexuais. Prever ainda o legislador, como efeito da condenação pelo crime do art. 218-B, que o juiz mencione na sentença condenatória a cassação da licença de funcionamento e de localização do estabelecimento. 
AÇÃO PÚBLICA NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
Nos delitos contra a liberdade sexual ou nos delitos sexuais contra vulnerável, a iniciativa para promove r ação penal é publica incondicional, pois envolve menor de 18 anos e enfermo ou deficiente mental (pessoa vulnerável) – art. 225, § único do CP. Quando o fato não envolver menor de 18 anos nem pessoa vulnerável, a ação é publica condicionada à representação da vítima – art. 225, caput do CP. No caso de abuso do p átrio poder ou da qualidade de padrasto, tutor, curador , se a pessoa abusada não for menor de 18 anos, nem vulnerável, e desde que a pessoa tenha a discernimento em relação à sexualidade, a ação competente será ação condicionada à representação da vítima. 
ART. 227 – MEDIAÇÃO PARA SERVIR À LASCÍVIA DE OUTREM 
Lenocínio é a prestação de apoio e incentivo `vida voluptuosa de outra pessoa, dela tirando proveito. Aquele que explora essa atividade ilegal é chamado de rufião, cafetão ou proxeneta. O verbo do tipo penal é induzir, que quer diz era, inspirar e criar a ideia de satisfazer o prazer sexual de outra pessoa. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, sendo um crime que exige a participação da vítima, quando ela adere à ideia da satisfação. No entanto, a vítima não é punida. 
Sujeito passivo: é qualquer pessoa. Elemento subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma culposa. § 1º - trata da forma qualificado d o crime, quando a vítima for menor de 14 e maior de 18 anos, ou quando o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor, curador, ou pessoa a quem esteja confiada para educação, tratamento ou guarda, sendo crime qualificado por que dever ia ser a pessoa que deveria zelar pela integridade moral da vítima.
Crime qualificado pelo emprego de violência ou grave ameaça ou fraude: se o agente usa de meios violentos, ameaçadores ou fraudulentos para mediar a lascívia de outro, o fato é punido com pena mais grave (§ 2º do art. 227). Entretanto, quando o agente faz mediação para satisfazer a luxúria de outra pessoa objetivando o lucro, neste caso não se trata de qualificadora, mas de um acréscimo da pena de multa. Não se exige que o a gente obtenha o lucro, mas apenas que ele tenha a intenção de obter a vantagem econômica. 
ART. 228 – FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
O núcleo do tipo contém os verbos induzir ou atrair, que significa seduz ir para alguma coisa ou atividade; facilitar: dar acesso mais fácil; impedir: por obstáculo para que a pessoa saia; abandonar: significa largar ou deixar a atividade. A lei descreve vários núcleos, porém, quando um agente pratica duas ou mais condutas em relação à mesma vítima, ele somente pratica um crime. 
Exemplo: um agente induz uma pessoa à prostituição e depois lhe facilita o seu exercício. Ele responderá por um único crime (art. 228) 
O tipo penal não proíbe a prostituição, mas considera criminoso aquele que explora a prostituição alheia. Prostituição é a mercancia habitual da atividade sexual, pois não se pode considerar prostituta quando uma pessoa pratica sexo em troca de dinheiro, quando ela faz isso uma única vez. Prostituição exige habitualidade da atividade sexual. 
Outra forma de Exploração sexual: ocorre quando um terceiro obtém vantagem econômica com a atividade sexual da vítima, mesmo que consentido. Exemplos: shows de strip-tease ou de sexo explícito; serviços de disque-sexo. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa imputável. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, ressaltando que, alguns doutrinadores entendem que a pessoa já prostituída não pode ser sujeito passivo. Entretanto, há outros que entendem que sim, mas nas modalidades de “impedir ou dificultar”, pois a pessoa já se encontra na prostituição, porém, deseja abandonar. 
Não é possível ser vítima nas modalidades induzir, atrair ou facilitar, pois a pessoa já está corrompida e exercendo a habitualidade do comercio sexual. 
Elemento subjetivo: é o dolo, não se admitindo a forma culposa. 
Consumação do delito: nos núcleos induzir, atrair e facilitar, o crime se consuma no momento em que a pessoa passa a se dedicar, com habitualidade ao exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual. Exemplo: uma pessoa foi induzida à prostituição e passou a ficar à disposição de um bordel para programas sexuais com clientes. 
Mesmo que ela não mantenha relação sexual com clientes, o crime já está consumado. Por outro lado, nas modalidades impedir ou dificultar, o crime se consuma no momento em que a vítima decide abandonar a prostituição ou outra forma de exploração, porém, o agente impede ou torna mais onerosa a sua saída. 
Tentativa: é possível, pois sendo um crime plurissubsistente, permite-se o fracionamento do iter criminis em diversos atos. Formas qualificadas: §§ 1º e 2º. 
ART. 229 CP – MANUTENÇÃO DE ESTABELECIMENTO PARA EXPLORAÇÃO SEXUAL
As casas de prostituição, também conhecidas por bordeis, lupanares, zonas, baixo meretrício, casas de tolerância, inferninhos, casa da luz vermelha, etc..., e desempenham essa função por omissão do Estado e tolerância da sociedade. 
O verbo do tipo penal é manter, que significa sustentar, conservar estabelecimento em que ocorre a exploração sexual. 
Exige habitualidade da conduta e, portanto, a reiteração dos atos de manutenção do local para exploração sexual. 
A manutenção pode se dá pelo proprietário ou por terceiro e que se o proprietário aluga o estabelecimento, não tendo ciência da atividade desenvolvida ali, ele não poderá ser acusado do crime em razão da ausência de dolo. Sujeito ativo: qualquer pessoa que intermedia relações sexuais alheias. 
Sujeito passivo: é a coletividade (crime vago). 
Ressalta-se que a pessoa que se deixa prostituir não é vítima do crime, pois a escolha em se deixar ser explorada sexualmente é dela. Essa conduta é considerada um irrelevante penal e ofende a moralidade, razão pela qual não pode ser vítima. 
Elemento subjetivo: é o dolo de manter estabelecimento para exploração sexual. Não admite a modalidade culposa. 
Consumação: somente o crime se consuma com a habitualidade da conduta de manter a casa para exploração sexual. Um único dia em que se abra um estabelecimento para explorar sexualmente pessoa, torna-se um irrelevante penal, pois não houve a reiteração dos atos, mesmo que tenha havido a prática de atos sexuais. 
Também é um crime formal, bastando apenas a reiteração dos atos, e prescinde-se da prática de atos sexuais. 
Flagrante delito: uma corrente minoritária sustenta que ser incabível a prisão em flagrante no delito do art. 229, pois sendo um crime habitual não pode haver a prisão. A corrente majoritária firma posição que sim, pois provada a habitualidade da conduta, o crime resta consumado, sendo possível autuar o proprietário, gerente ou responsável pelo estabelecimento. 
ART. 230 – RUFIANISMO 
Neste crime, o legislador busca impedir a exploração sexual e de pessoas restituídas, pois embora se prostituir não seja crime, o ordenamento jurídico não tolera a atividade de exploração sexual de outras pessoas. 
O núcleo do tipo é o verbo “tirar” proveito no sentido de e atrair vantagem econômica ou aproveitar-se de outros bens materiais da pessoa prostituição. 
Objeto material: pessoa prostituída ou explorada pelo rufião ou cafetina. 
Subsiste o crime mesmo que a pessoa prostituída

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