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A Política – Aristóteles Víctor Rodrigues Nascimento Vieira I - Sobre o autor: Aristóteles nasceu na região da Calcídia, em Estagira e por isso era chamado também de Estagirita, ele foi o mais metódico e sistemático dos três grandes filósofos da Grécia Antiga, ele considerava que o conhecimento e a justiça estavam apenas interligados, diferentemente do que pensava Platão que dizia que conhecimento e justiça são inseparáveis. O criador do silogismo (fórmula de raciocínio construída de duas premissas e uma conclusão) foi aluno de Platão e tutor de Alexandre, o Grande. Entre as frases célebres que foram ditas por ele, esta é uma delas: “Assim como o homem é o melhor de todos os animais quando alcança seu pleno desenvolvimento, também é o pior quando se afasta da lei e da justiça.”. O legado de Aristóteles é imenso e sua influência ainda é notada, na área política da filosofia encontra-se uma de suas obras, que é“A Política” e sua concepção de democracia serve de referência para as discussões contemporâneas. II - A Política: - Aristóteles começa o capítulo IX de sua obra especificando como e por quem, deve ser governado o Estado, ressaltando que “governo é o exercício supremo do poder do Estado.” e destacando que podem existir várias formas de governo, que são: A Monarquia, A Aristocracia, a República, a Tirania, a Oligarquia e a Democracia. (pág. 105). - Como critério de justiça ele define que o governo justo é aquele que “Quando o monarca, a minoria ou a maioria não buscam, uns ou outros, senão a felicidade geral”.“Mas, se ele visa ao interesse particular do príncipe, ou dos outros chefes, há um desvio. O interesse deve ser comum a todos, ou se não o for, não são mais cidadãos.” (pág. 105 e 106). - O Estagirita ressalta a importância dos militares quando diz que “a parte principal do Estado consiste em homens de guerra e seus primeiros cidadãos são os que portam armas.” (pág. 106). - Ele faz uma distinção das formas de governo caracterizando a Tirania, a Oligarquia e a Democracia como formas degeneradas da Monarquia, da Aristocracia e da República respectivamente, pois “nenhuma das três (a Tirania, a Oligarquia e a Democracia) ocupam-se do interesse público”. (pág. 106). - Para discutir os critérios de classificação do governo Aristóteles diz que “A minoria e a maioria devem ser encaradas apenas como acidentes, um da oligarquia, outro da democracia, sendo comum em todos os lugares que haja poucos ricos e muitos pobres. A esquisitice desses casos particulares não deve, portanto, impedir que a oligarquia se distinga pela riqueza e a democracia pela pobreza. Assim, quer formem a minoria ou a maioria, se são os ricos que comandam, será sempre a oligarquia; se são os pobres a democracia.”(pág. 107) - “Além das diferenças de riqueza, há também as que são criadas pelo nascimento, pelo mérito ou por qualquer outra prerrogativa”. (pág. 108) - Por Constituição entende-se que “não é senão a ordem dos poderes ou magistraturas que nela se distribuem a todos, ou então segundo a espécie e igualdade comum admitida quer entre os pobres, quer entre os ricos, quer entre ambos. Portanto, deve haver tantas formas de governo quantas ordens estabelecidas segundo estas superioridades, em qualquer gênero que for e segundo estas diferenças entre as partes integrantes.” (pág. 108 e 109). - Sobre a Monarquia: “Devemos dizer inicialmente, se só há uma espécie de monarquia ou se há várias. Que haja muitas e nem todas se pareçam é algo muito fácil de observar.”(pág. 109) “Assim, há quatro tipos de monarquia: - a primeira, que é a dos tempos heróicos, procede de uma submissão livre e voluntária, mas limitada a certos objetos como a guerra, os julgamentos e o culto; - a segunda, a dos bárbaros, ligada a certa raça e despótica, mas conforme a lei ou convenção primitiva; - a terceira, Aisymnética, que é também um despotismo eletivo; - a quarta, à maneira da Lacedemônia, isto é, uma autoridade perpétua e transmissível aos descendentes sobre as coisas da guerra. Mas existe ainda uma quinta espécie: é a soberania que uma cidade isolada ou uma nação inteira conferem a um só, sobre todas as pessoas e sobre todas as coisas comuns, para governá-las à maneira do pai e da família.” (pág. 111 e 112) “Entre estas diferentes espécies de monarquias, apenas duas merecem alguma atenção: estas de que acabamos de falar e a da Lacedemônia.” (pág. 112) - Sobre a Aristocracia: “Na aristocracia, o título de bom cidadão é sinônimo de nobreza.” (pág. 112) “São aquelas em que os magistrados são eleitos não apenas em razão de sua riqueza, mas pelo mérito.” (pág. 113) -Sobre a “República”: pode-se dizer que “ela reúne o que há de bom em dois regimes degenerados, a oligarquia e a democracia.” (pág. 113) “Chamamos comumente “republicanas” as formas que se inclinam para a democracia e “aristocráticas” as que tendem para a oligarquia, porque é mais comum encontrar saber e conhecimento entre os ricos.” (pág. 113 e 114) “A aristocracia consiste principalmente em atribuir os cargos mais altos segundo o mérito. A virtude é seu primeiro objeto; a riqueza, o da oligarquia; a liberdade, o da democracia. Estes três governos tem por máxima comum decidir pela maioria das opiniões. Em todos os três, o que é decidido pela maioria que têm estatuto de cidadãos e nesta qualidade, participam do governo adquire força de lei.” (pág. 114) - Sobre a Tirania:esta forma de governo é considerada por Aristóteles “o pior dos governos.” (pág. 117). E este é o pior entre as formas de governo, “porque o poder se exercia despoticamente e conforme o arbítrio dos príncipes.” (pág. 118) - “A Oligarquia ocupa o segundo lugar entre os governos depravados. É bastante distinta da Aristocracia. A primeira forma de oligarquia é aquela em que as magistraturas são dadas às grandes riquezas.” (pág. 118). “Tal índice mantém-se até nos limites da mais simples mediocridade. Isto basta para ser admitido nos cargos” (pág. 118) “A segunda espécie é aquela em que os proprietários são minoria, mas mais ricos do que os da precedente. Sendo mais poderosos, querem também ter mais autoridade. Para isso, escolhem como colegas gente de seu tipo.” (pág. 119) “Se seu número diminuir e sua riqueza tiver novos aumentos, forma-se um terceiro grau de oligarquia, no qual aproveitando a ascendência que adquiriram por seus postos, fazem com que se ordene por uma nova lei que seus filhos serão seus sucessores. A quarta é aquela em que ocorrem as mesmas coisas, mas dominam os magistrados e não a lei. Chama-se dinastia ou, mais exatamente, politirania esta espécie de oligarquia.” (pág. 119) - Aristóteles entendia por Democracia “o Estado que os homens livres governam, e oligarquia o que os ricos governam.” (pág. 120). Ele dizia também que “trata-se de uma democracia quando os homens livres e pobres, formando a maioria, são senhores do Estado, ao passo que há oligarquia quando governam os ricos e os mais nobres, embora inferiores em número.” (pág. 121) - A democracia era composta de classes de plebeus e de nobres. As classes plebéias eram a dos agricultores, a dos artesãos, a dos comerciantes, a dos homens de mar, a dos trabalhadores manuais. As classes nobres eram as dos guerreiros que compunham o exército, a dos magistrados, a dos ricos, a dos oficiais ministeriais. A democracia divide-se também em quatro espécies. “ A primeira espécie é aquela em que os poderes se distribuem segundo as posses até certa mediocridade...”(pág. 124) “A segunda espécie reconhece-se pelo direito de voto nas eleições que se realizam na Assembléia; todos são admitidos, se seu nascimento for digno, mas somente são elegíveis os que têm meios de viver sem trabalhar.”(pág. 124) “A terceira espécie é a que admite no governo todos os que são livres, mas, não oferecendo nenhum atrativo à cupidez, não sofre a concorrência perigosa de um número excessivo de pretendentes, de modo que a lei é necessariamente respeitada.” (pág. 124) A quarta “exibe a igualdade absoluta, isto é, a lei coloca os pobres no mesmo nível que os ricos e pretende que uns não tenham mais direitos ao governo do que os outros, mas que a condição destes e daqueles seja semelhante.”(pág. 125) - Dos Três Poderes existentes em Todo o Governo: “O primeiro destes três poderes é o que delibera sobre os negócios do Estado. O Segundo compreende todas as magistraturas ou poderes constituídos, isto é, aqueles de que o Estado precisa para agir, suas atribuições e a maneira de satisfazê-las. O terceiro abrange os cargos de jurisdição.” (pág. 127) O primeiro dos poderes é denominado de Poder Deliberativo, o segundo é o Poder Executivo, o terceiro é o Poder Judiciário. - Do Melhor governo : “No que diz respeito à arte política, deve-se considerar não apenas qual é o melhor governo , aquele que se deve preferir quando nenhum obstáculo exterior se opõe, mas também aquele que convém a cada povo, pois nem todos são suscetíveis do melhor.” (pág. 145) - “Das três irrepreensíveis formas de governo, a melhor é necessariamente a que é administrada pelos melhores funcionários” (pág. 151) - Aristóteles considera que a Monarquia seria uma das melhores formas de governo, se aplicada no contexto propício a ela e diz que o monarca deveria abster-se de suas paixões para poder governar de forma imparcial e que pudesse beneficiar a toda a população. - Na crítica das Repúblicas Aristóteles diz: “O bem é o fim de toda ciência ou arte; o maior bem é o fim da política, que supera todos os outros. O bem político é a justiça, da qual é inseparável o interesse comum, e muitos concordam em considerar a justiça, como dissemos em nossa Ética, como uma espécie de igualdade.” (pág. 162) - “Dizem comumente que o fundamento do governo democrático é a liberdade, como se só houvesse liberdade nessa forma de governo. Dizem também que este é o alvo da Democracia” (pág. 175) - Para a manutenção de um governo Aristóteles defendia que “não há dúvida porém, de que deva haver uma diferença entre os governantes e os governados. Cabe ao legislador decidir como ela será e repartirá os poderes. (pág. 176) - “A igualdade na alternância do mando e da obediência é o primeiro atributo da liberdade que os democratas colocam como fundamento e como fim da democracia.” (pág. 177). - Em síntese Aristóteles propõe três tipos de Estado, a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia. Em algumas circunstâncias a monarquia é aceitável, mas de forma geral ele era a favor da democracia. Na Democracia de Aristóteles um elemento importante para os políticos era a vida de ócio que possibilitava ao governante ter tempo para refletir e agir de forma mais racional. - Aristóteles dizia que “a vida feliz consiste no livre exercício da virtude, e a virtude na mediania; segue-se necessariamente daí que a melhor vida deve ser a vida média, encerrada nos limites de uma abastança que todos possam conseguir.” (pág. 187) - O Regime Moderado: “a justa moderação é reunir as instituições da oligarquia as da democracia, propondo um salário a uns e impondo uma pena aos outros. Mediante isso o governo ao invés de estar nas mãos de apenas uma parte, será comum a todos. De resto não devem ser admitidos senão os que portam armas.” (pág. 193) - Neste Livro III da obra “A Política” Aristóteles faz uma explanação das formas de governo existentes, ressaltando as características e os pontos negativos e positivos de cada uma delas. Ele explica também quais são os tipos de poder. É célebre a frase uma frase que marca Aristóteles: “O homem é um animal político por natureza.”
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