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SERVIÇOS PÚBLICOS Conceito Existem duas correntes internacionais que conceituam serviços públicos, são elas: 1. Corrente Formalista - entende como serviço público todo aquele prestado pelo Estado, independentemente de sua natureza, afirmando não ser possível retirar um núcleo essencial nos serviços prestados. 2. Corrente Essencialista – afirma ser serviço público somente aquele prestado com características de essencialidade e necessidade para a sobrevivência da sociedade, portanto sujeita-se ao regime jurídico próprio dos serviços públicos. No Brasil, a doutrina majoritária adota a corrente formalista, conforme veremos abaixo: “É todo aquele prestado pela Administração ou por seus agentes delegados, sob normas e controles estatais para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado” Classificação 1) Serviço Público propriamente dito ou de utilidade pública: • Serviço Público São os que a Administração presta diretamente à comunidade. São serviços essenciais e necessários para a sobrevivência do bem comum da sociedade. Exemplo: Serviços de polícia. • Serviços de Utilidade Pública São aqueles prestados diretamente pela Administração ou através das concessionárias ou permissionárias de serviços públicos. São serviços em que há conveniência administrativa, porém não há essencialidade, nem necessidade. Exemplo: Transporte coletivo. 2) Serviços Próprios ou impróprios do Estado • Serviços Próprios São aqueles próprios da Administração e que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público.Tais serviços por serem essenciais, são geralmente gratuitos ou de baixa remuneração. Exemplo: Segurança pública. • Serviços Impróprios do Estado São os demais serviços que não são essenciais, mas satisfazem interesses comuns de seus membros. Exemplo: Serviços prestados por concessionárias. 3) Serviços Administrativos ou Industriais • Serviços Administrativos São os que a Administração executa para satisfazer suas necessidades internas. Exemplo: Diário Oficial e serviços de rotina • Serviços Industriais São os que produzem renda através da cobrança de tarifa ou preço público para quem o presta. Exemplo: Transporte coletivo. 4) Serviços uti universi ou Gerais ou Serviços uti singuli ou Individuais • Serviços uti universi ou Gerais São os que a administração presta para atender à coletividade. A Administração presta com recursos próprios. Exemplo: Polícia. • Serviços uti singuli ou Individuais São os que apresentam usuários determinados. A sua utilização é mensurável, portanto pode-se medir o quanto cada destinatário usufruiu. A Administração ou o agente delegado presta mediante a cobrança de tarifa. Exemplo: Serviço prestado por concessionária de serviço público (telefonia, água, energia elétrica, etc). Regulamentação e Controle A regulamentação e o controle dos serviços públicos caberão sempre à Administração Pública. Mesmo que tais serviços sejam terceirizados, ou seja, delegados a terceiros, não retira do Estado seu poder de regulamentá-los e controlá-los, pois este poder é indeclinável. Pois se o serviço se mostrar defeituoso, inapto, deficiente ou em desacordo com as obrigações que foram impostas pela Administração Pública, pode o Estado intervir para regularizar o funcionamento ou retirar-lhe a prestação. Neste caso cabem a regras de licitação e contratos administrativos. Competência dos serviços públicos União – artigo 21, X ao XII da Constituição Federal; Estados – artigo 25 §§ 1°e 2° da Constituição Federal; Distrito Federal – artigo 32 § 1° da Constituição Federal e Municípios – artigo 30, V da Constituição Federal Formas e Meios 1) Serviço centralizado É aquele prestado pela própria Administração, através de seus próprios órgãos e sob sua exclusiva responsabilidade. . 2) Serviço Descentralizado É aquele em que o poder público transfere a titularidade por: 1) Outorga ( transferência da titularidade e da execução do serviço ) Exemplo: Criação de uma Autarquia. 2) Delegação ( Administração mantém a titularidade e delega a execução do serviço ) Exemplo: Delegação do serviço público a uma concessionária de serviço público. 3) Serviço Desconcentrado É o que a Administração presta centralizadamente, através de diversos órgãos. Exemplo: A Administração arrecada centralizadamente ( competência da União ) o imposto de renda através de diversos órgãos da Receita Federal espalhados pelo país. Serviços Delegados Há delegação quando o Estado transfere a execução do serviço para o agente delegado, por contrato, Concessão, ou ato unilateral, Permissão, ou ainda para qualquer pessoa que preste serviços de interesse público, mediante Autorização. O agente delegado, que será um concessionário ou permissionário, prestará o serviço por sua conta e em seu nome, serviço que poderá também ser prestado por um autorizatário, nas condições regulamentares e sob o controle estatal. Concessão É a delegação contratual da execução do serviço, na forma autorizada e regularizada pelo Poder Executivo. É uma contrato administrativo e fica sujeito a todas as imposições da Administração necessárias à formalização do ajuste, dentre as quais a autorização governamental, a regulamentação e a licitação. Realizado com pessoas jurídicas ou consórcio delas; Sempre por prazo determinado Exige licitação e a modalidade será sempre Concorrência, tendo como formas de extinção: Reversão; Encampação; Caducidade; Rescisão; Anulação e Falência da empresa ou falecimento do titular em caso de empresa individual (vide artigos 35 ao 39 da lei 8987/95) Permissão É a delegação sob a forma de Termo de Permissão. Trata-se de contrato administrativo. Realizado com pessoas físicas ou jurídicas. Regra geral é feito por prazo indeterminado, pois pode ser revogado a qualquer tempo. Exige licitação, que poderá ser sob qualquer modalidade. Serviço permitido é serviço de utilidade pública, como a delegação de serviços de transporte coletivo a empresas de ônibus nas respectivas áreas de sua competência. É formalizado por contrato de adesão, artigo 40 da Lei 8987 / 95, entretanto, embora formalizada por contrato, a permissão mantém seu caráter de revogabilidade por ato unilateral da Administração. Autorização É a delegação por ato unilateral da Administração Pública. Trata-se de ato administrativo discricionário e precário. Realizado com pessoas físicas ou jurídicas. Serviço autorizado é serviço que atenda a interesses coletivos instáveis ou emergência transitória. É modalidade adequada para todos os serviços que não exigem execução pela própria Administração Pública,como ocorre com os serviços de táxi, despachante, pavimentação de ruas por conta dos moradores, guarda particular de residências. Por prestarem serviços de interesse da comunidade, sujeitam-se à autorização do Poder Público, da Administração Pública, entretanto, a contratação desses serviços com o usuário é sempre uma relação de Direito Privado, sem participação ou responsabilidade do Poder Público. CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO Tipos de Controle 1. Controle Hierárquico É o que resulta do escalonamento vertical dos órgãos do Poder Executivo. Os órgãos de cúpula exercem o controle dos órgãos subalternos. 2. Controle Finalístico É o que a norma legal estabelece para as entidades autônomas, indicando a autoridade controladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades. É um controle limitado e externo. Não tem fundamento hierárquico, porque não há subordinação entre a entidade controlada e a autoridade ou órgão controlador.É um controle teleológico, de verificação do enquadramento da instituição no programa geral do Governo. 3. Controle Interno É o controle realizado por entidade ou órgão responsável pela atividade controlada. É o controle exercido pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, sobre seus próprios atos ou pessoal. 4. Controle Externo É o que se realiza por órgão estranho à Administração responsável. Exemplo: A apreciação das contas dos Poderes Executivo e Judiciário pelo Poder Legislativo; Anulação de um ato do Poder Executivo pelo Poder Judiciário. 5. Controle Externo Popular Está previsto no artigo 31, p 3o. da CF, que estabelece que as contas do Município ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte. O controle poderá ser exercido mediante ação popular ou mandado de segurança. 6. Controle Prévio ou Preventivo É o que antecede a conclusão ou operatividade do ato, como requisito para sua eficácia. Exemplo: Senado Federal autorizando a União a receber empréstimo de Estado Estrangeiro. 7. Controle Concomitante ou Sucessivo É todo aquele que acompanha a realização do ato para verificar a regularidade de sua formação. Exemplo: Realização de uma auditoria durante a execução do orçamento. 8. Controle Subseqüente ou Corretivo É o que se efetiva após a conclusão do ato controlado. Exemplo: Visto de autoridades superiores. 9. Controle de Legalidade ou Legitimidade Visa verificar a conformação do ato ou do procedimento administrativo com as normas legais que o regem. 10. Controle de Mérito Visa à comprovação da eficiência do resultado, da conveniência ou oportunidade. Controle Administrativo É o controle que o Poder Executivo e os órgãos de administração dos demais poderes exercem sobre suas própria atividades. O controle administrativo deriva do poder-dever de autotutela que a Administração tem sobre seus próprios atos ou agentes. Este controle normalmente é exercido pelos órgãos da cúpula sobre os órgãos subalternos. De acordo com a Súmula 473 do STF “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” Através do controle administrativo, a Administração pode anular, revogar ou alterar seus próprios atos e punir seus agentes com as penalidades estatutárias. Meios de Controle Os meios de controle administrativos bipartem-se em fiscalização hierárquica e recursos administrativos, embora a lei possa especificar outras modalidades mais adequadas para certos órgãos ou entidades da Administração Direta ou Indireta, como a prestação de contas, por exemplo. 1) Fiscalização Hierárquica É exercida pelos órgãos superiores sobre os inferiores da mesma Administração, visando a ordenar, coordenar,orientar e corrigir suas atividades e agentes. 2) Supervisão Ministerial É um meio atenuado de controle administrativo, geralmente aplicável nas entidades da Administração indireta vinculadas a um Ministério, bem como àqueles órgãos que estão subordinados a este. 3) Supervisão Resulta do sistema legal imposto às autarquias e entidades paraestatais, sujeitas ao controle finalístico da Administração que as instituiu. A supervisão é limitada aos aspectos que a lei indica para não suprimir a autonomia administrativa e financeira das entidades da administração indireta, supervisionadas, vinculadas à administração central, supervisora. 4) Subordinação Decorre do poder hierárquico e admite o controle pleno pelo órgão superior. Recursos Administrativos São todos os meios hábeis a propiciar o reexame da decisão interna pela própria Administração. O julgamento do recurso administrativo torna vinculante para a Administração seu pronunciamento decisório e atribui definitividade ao ato apreciado em última instância. Após a decisão em última instância, o julgamento do recurso fica imodificável pela própria Administração. Somente o Poder Judiciário poderá reapreciá-lo e julgar sua legitimidade. Os efeitos do recurso administrativo são, normalmente, devolutivo ou suspensivo. 1) Representação Administrativa É a denúncia formal e assinada de irregularidades internas ou de abuso de poder na prática de atos da Administração. O direito de representar é constitucional, incondicionado, imprescritível e independe do pagamento de taxas, artigo 5° , XXXIV, a. Poderá ser exercido por qualquer pessoa, a qualquer tempo e em quaisquer circunstâncias. 2) Reclamação Administrativa É a oposição expressa a atos da Administração que afetem direitos e interesses legítimos do administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende a toda pessoa física ou jurídica que se sentir lesada ou ameaçada de lesão pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos. 3) Pedido de Reconsideração É a solicitação da parte dirigida à mesma autoridade que expediu o ato, para que o invalide ou o modifique nos termos da pretensão do requerente. Deferido ou indeferido, total ou parcialmente, não admite novo pedido, nem possibilita nova modificação pela autoridade que já reapreciou o ato. 4) Recursos Hierárquicos São todos aqueles pedidos que as partes dirigem à instância superior da própria Administração, propiciando reexame do ato. Poderão ter efeito devolutivo e suspensivo ou somente devolutivo, que é a regra. O efeito suspensivo é concedido expressamente em lei, regulamento ou no despacho de recebimento do recurso. Recurso Hierárquico Próprio É o que a parte dirige à autoridade ou instância superior do mesmo órgão administrativo, pleiteando revisão do ato recorrido. Recurso Hierárquico Impróprio É o que a parte dirige a autoridade ou órgão estranho à repartição que expediu o ato recorrido, como ocorre com os Tribunais Administrativos e com os Chefes do Poder Executivo. 5) Revisão do Processo É o meio previsto para o reexame da punição imposta ao servidor, a pedido ou de ofício, quando se aduzir fato novo ou circunstância suscetível de justificar sua inocência ou a inadequação da penalidade aplicada. Coisa Julgada Administrativa Impropriamente chamada, a coisa julgada administrativa é apenas uma preclusão de efeitos internos. Não tem alcance de coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração é um ato administrativo. O que ocorre na decisões administrativas finais é a preclusão administrativa, ou a irretratabilidade do ato perante a própria Administração. Entretanto, há ainda meios judiciais de recurso. 6) Prescrição Administrativa A prescrição pressupõe a existência de uma ação judicial apta à defesa de um direito, porque a prescrição representa a perda da respectiva ação, por inércia do seu titular. Transcorrido o prazo prescricional, a Administração, o administrado ou o servidor ficam impedidos de praticar o ato prescrito. Controle Legislativo O controle legislativo ou parlamentar é o controle exercido pelos órgãos legislativos ou por comissões parlamentares sobre determinados atos do Poder Executivo na dupla linha da legalidade e da conveniência pública, pelo que caracteriza-se como um controle político, indiferente aos direitos individuais dos administrados, mas objetivando os superiores interesses do Estado e da comunidade. O Poder Legislativo não poderá anular atos ilegais de outros poderes, entretanto, poderá apurar irregularidades através de Comissões Parlamentares de Inquérito. Éum controle que deve limitar-se ao que prevê a Constituição da República Federativa do Brasil. A Constituição de 1988 ampliou as atribuições do Poder Legislativo para a fiscalização e controle dos atos da Administração. Ver artigo 49, X da Constituição de 1988. Além da função de fiscalização dos atos da Administração direta e indireta que a Constituição atribui ao Poder Legislativo, outras formas de controle político, como a de aprovação de tratados e convenções internacionais, artigo 49, I, autorização ao Presidente da República para declarar guerra e fazer paz, artigo 49, II, aprovação ou suspensão de intervenção federal ou de estado de sítio, artigo 49, IV, julgamento das contas do Presidente da República, artigo 49, IX, e fiscalização financeira e orçamentária da União, com o auxílio do TCU, artigo 70. Há ainda funções de controle legislativo privativas do Senado Federal, como a aprovação da escolha de Magistrados, Ministros do TCU, Governador de Território, Presidente e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República e titulares de outros cargos que a lei determinar, artigo 52, III. Fiscalização Financeira e Orçamentária A fiscalização financeira e orçamentária é conferida ao Congresso Nacional. Refere-se à prestação de contas de todo aquele que administra bens, valores ou dinheiros públicos. Toda a Administração fica sujeita à fiscalização hierárquica, entretanto, por sua repercussão imediata ao erário, a administração financeira e orçamentária submete-se a maiores rigores em matéria de acompanhamento. A Constituição determina o controle externo pelo Poder Executivo e o controle externo pelo Congresso Nacional, auxiliado pelo TCU, artigos 70 a 75. Controle Interno Visa a criação de condições indispensáveis à eficácia do controle externo e visa assegurar a regularidade da realização da receita e da despesa, possibilitando o acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de trabalho e a avaliação dos respectivos resultados. É um controle de legalidade, conveniência, oportunidade e eficiência. Controle Externo Visa a comprovar a probidade da Administração e a regularidade da guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiros públicos, bem como a fiel execução do orçamento. É um controle político de legalidade contábil e financeira. A parte contábil fica a cargo do Poder Legislativo e a parte financeira a cargo do TCU. Atribuições dos Tribunais de Contas No controle externo da Administração financeira e orçamentária é que se inserem as principais atribuições dos Tribunais de Contas, como órgãos independentes, mas auxiliares dos órgãos do Poder Legislativo e colaboradores dos órgãos do Poder Executivo. Os Tribunais de Contas atuam com funções técnicas opinativas, verificadoras, assessoradoras, e jurisdicionais administrativas. Principais Atribuições 1. parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República. 2. julgamento da contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da Administração direta e indireta. 3. aplicação das sanções previstas em lei aos responsáveis pelas ilegalidades apuradas. 4. fixar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei bem como sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão ao Poder Legislativo, artigo 71. Não há controle prévio por parte do TCU sobre os atos ou contratos da Administração direta e indireta. Controle Judicial É o exercido privativamente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade administrativa. É um controle a posteriori, unicamente de legalidade, por restrito à verificação da conformidade do ato com a norma legal que o rege. É um meio de preservação de direitos individuais, porque visa a impor a observância da lei em cada caso concreto, quando reclamada por seus beneficiários. Esses direitos podem ser públicos ou privados, entretanto, sempre subjetivos e próprios de quem pede a correção judicial do ato administrativo, salvo na ação popular e na ação civil pública, em que o autor defende o patrimônio da comunidade lesado pela Administração. Atos sujeitos a Controle Comum Os atos sujeitos a controle judicial comum são os administrativos em geral. No nosso sistema de jurisdição judicial única, consagrado pelo preceito constitucional de que não se pode excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito, individual ou coletivo (art. 511, XXXV), a Justiça Ordinária tem a faculdade de julgar todo ato de administração praticado por agente de qualquer dos órgãos ou Poderes de Estado. Sua limitação é apenas quanto ao objeto do controle, que há de ser unicamente a legalidade, sendo-lhe vedado pronunciar-se sobre conveniência, oportunidade ou eficiência do ato em exame, ou seja, sobre o mérito administrativo. Atos sujeitos a Controle Especial Enquanto os atos administrativos em geral expõem-se à revisão comum da Justiça, outros existem que, por sua origem, fundamento, natureza ou objeto, ficam sujeitos a um controle especial do Poder Judiciário, e tais são os chamados atos políticos, os atos legislativos e os interna corporis. Essa peculiaridade tem conduzido a maioria dos autores a considerá-los insuscetíveis de apreciação judicial, o que não é correto afirmar, porque a Justiça os aprecia, apenas com maiores restrições quanto aos motivos ou à via processual adequada. Atos políticos Atos políticos são os que, praticados por agentes do Governo, no uso de competência constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação da conveniência ou oportunidade de sua realização, sem se aterem a critérios jurídicos preestabelecidos. São atos governamentais por excelência, e não apenas de administração. São atos de condução dos negócios públicos, e não simplesmente de execução de serviços públicos. Daí seu maior discricionarismo e, conseqüentemente, as maiores restrições para o controle judicial. Mas nem por isso afastam a apreciação da Justiça quando argüidos de lesivos a direito individual ou ao patrimônio público. Exemplo Poder Executivo quando veta projeto de lei, quando nomeia Ministro de Estado, quando concede indulto. Poder Legislativo quando rejeita veto, quando aprova contas, quando cassa mandato. Poder Judiciário quando propõe a criação de tribunais inferiores, quando escolhe advogado e membro do Ministério Público parar compor o quinto constitucional. Em todos esses exemplos são as conveniências do Estado que comandam o ato e infundem-lhe caráter político que o torna insuscetível de controle judicial quanto à valoração de seus motivos. Entretanto, ninguém pode contrariar a Constituição e essa mesma Constituição veda se exclua da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito, individual ou coletivo (art. 511, XXXV), segue-se que nenhum ato do Poder Público deixará de ser examinado pela Justiça quando argüido de inconstitucional ou de lesivo de direito subjetivo de alguém. Atos legislativos Os atos legislativos, ou seja, as leis propriamente ditas, normas em sentido formal e material, não ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios processuais comuns, mas sim pela via especial da ação direta de inconstitucionalidade e, agora, também pela ação declaratória de constitucionalidade, tanto para a lei em tese como para os demais atos normativos. E assim é porque a lei em tese e os atos normativos, enquanto regras gerais e abstratas, não atingem os direitos individuais e permaneceminatacáveis por ações ordinárias ou, mesmo, por mandado de segurança. Somente pela via constitucional da representação de inconstitucionalidade e através de processo especial é que o STF pode declarar a inconstitucionalidade da lei em tese ou de qualquer outro ato normativo. Meios de Controle Judiciário Os meios de controle judiciário ou judicial dos atos administrativos de qualquer dos Poderes são as vias processuais de procedimento ordinário, sumário ou especial de que dispõe o titular do direito lesado ou ameaçado de lesão para obter a anulação do ato ilegal em ação contra a Administração Pública. Essa regra está excepcionada pela ação popular e pela ação civil pública, em que o autor não defende direito próprio mas, sim, interesses da coletividade ou interesses difusos, e pela ação direta de inconstitucionalidade e pela declaratória de constitucionalidade. Em princípio, cabem contra a Fazenda Pública todos os procedimentos judiciais contenciosos aptos a impedir ou reprimir a ilegalidade da Administração, a invalidar o ato ilegal ou abusivo e a propiciar a reparação do dano patrimonial causado ao administrado. Entretanto, há ações especiais, adequadas para coibir determinadas ilegalidades ou abusos de autoridade e, até mesmo, invalidar a lei em tese quando inconstitucional, as quais veremos sucintamente a seguir. 1) Mandado de Segurança Individual Mandado de segurança individual é o meio constitucional, artigo 5o, LXIX, posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual ou universalidade reconhecida por lei para proteger direito individual, próprio, líquido e certo, não amparado por hábeas corpus, lesado ou ameaçado de lesão por ato de qualquer autoridade. O mandado de segurança é ação civil de rito sumário especial, sujeito a normas procedimentais próprias, pelo quê só supletivamente lhe são aplicáveis disposições gerais do Código de Processo Civil. Destina-se a coibir atos ilegais de autoridade que lesam direito subjetivo, líquido e certo, do impetrante. Por ato de autoridade, suscetível de mandado de segurança, entende-se toda ação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las. Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. O prazo para impetração é de cento e vinte dias do conhecimento oficial do ato a ser impugnado. O mandado de segurança individual admite suspensão liminar do ato, e, quando concedida, a ordem tem efeito mandamental e imediato, não podendo ser impedida sua execução por nenhum recurso comum, salvo pelo presidente do tribunal competente para apreciação da decisão inferior. 2) Mandado de Segurança Coletivo Mandado de segurança coletivo, é posto à disposição de partido político com representação no Congresso Nacional, ou de organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída, e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Seus pressupostos são os mesmos do mandado de segurança individual. A tutela não é individual, mas coletiva. A liminar, nestes casos, só será concedida após audiência da pessoa jurídica de Direito Público. 2) Ação Popular É via constitucional, artigo 5o, LXXIII, posta à disposição de qualquer cidadão para obter a anulação de atos ou contratos administrativos, ou a eles equiparados, lesivos ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa e ao meio ambiente natural ou cultural. É um instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável por qualquer de seus membros, no gozo de seus direitos cívicos e políticos. Por ela não se amparam direitos próprios mas, sim, interesses da comunidade. O beneficiário direto e imediato da ação não é o autor popular, é o povo, titular do direito subjetivo ao Governo. Tem fins preventivos e repressivos da atividade administrativa lesiva do patrimônio público, assim entendidos os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético ou histórico. A própria lei regulamentadora indica os sujeitos passivos da ação e aponta casos em que a ilegalidade do ato já faz presumir a lesividade ao patrimônio público, além daqueles em que a prova fica a cargo do autor popular. 4) Ação Civil Pública É o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. Não se presta a amparar direitos individuais, nem se destina à reparação de prejuízos causados a particulares pela conduta comissiva ou omissiva do réu. A Constituição Federal, artigo 129, III, atribui ao Ministério Público, como função institucional, a promoção de inquérito civil e de ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 5) Mandado de Injunção Mandado de Injunção é o meio constitucional posto à disposição de quem se considerar prejudicado pela falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, artigo 5o, LXXI. Se a norma existe, não cabe o mandado de injunção, mas, sim, o exame de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade. O STF tem entendido que, não obstante o caráter mandamental do instituto, é possível a cominação de prazo para o órgão competente editar a norma demandada, suprindo, assim, a mora legislativa, sob pena de, vencido esse prazo, assegurar, concretamente, apenas em relação ao impetrante o exercício do direito inviabilizado pela falta da norma. 6) Hábeas Data É o meio constitucional posto à disposição de pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de registros concernentes ao postulante e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis ao público, ou para retificação de seus dados pessoais, artigo 5°, LXXIII, a e h. 7) Ação direta de inconstitucionalidade A ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual está prevista na Constituição da República, artigo 102, I, a, como competência originária do STF. Por essa ação, que pode ser ajuizada a qualquer tempo, STF, Súmula 360, pelo Procurador-Geral da República ou por qualquer das autoridades, das entidades ou dos órgãos que a própria Constituição enumera, artigo 103, ataca-se a lei em tese ou qualquer outro ato normativo antes mesmo de produzir efeitos concretos, e a decisão declaratória da inconstitucionalidade deve ser obedecida não só na esfera judiciária como pelas demais autoridades incumbidas da aplicação da lei ou ato invalidado. O Plenário do STF, na forma regimental, artigo 170, § 1o, tem concedido suspensão liminar da lei impugnada, entretanto, a suspensão definitiva cabe ao Senado Federal, nos expressos termos do artigo 52, X, da CF, até que a norma seja revogada pela Câmara que a votou, pois o Judiciário não anula nem revoga normas legislativas, só anula atos administrativos ilegais, reconhecendo e declarando, apenas, sua ineficácia quando contrárias à Constituição. 8) Medida Cautelar O pedido de medida cautelar, feito pelo argüente da inconstitucionalidade, será julgado originariamente pelo STF, artigo 102, I, p da CF. Essa medida cautelar exige os mesmos pressupostos das cautelares comuns, e segue a tramitação regimental do STF, artigo 170, § 1° . 9) Ação de Inconstitucionalidade por Omissão A ação de inconstitucionalidadepor omissão, prevista no artigo 103, § 2o da CF, segue, quanto à legitimidade ativa e à competência, as mesmas regras da ação direta de inconstitucionalidade. Ela não objetiva a prática de determinado ato, concretamente, como no mandado de injunção, mas, sim, a expedição de ato normativo necessário para o cumprimento de preceito constitucional que, sem ele, não poderia ser aplicado. 10) Ação Declaratória de Constitucionalidade A ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, está prevista no artigo 102, I, a, da CF. 11) Outra Ações Outras ações especiais ou ordinárias podem ser adequadamente utilizadas pelo particular contra a Administração, tais como as ações possessórias, ação de nunciação de obra nova, ação de consignação em pagamento.
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