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O conceito de empreendedorismo Cátia Raulino e Roberto Padilha Introdução Muitas pessoas sonham em abrir o próprio negócio, ou seja, desejam entrar no mundo do empreendedorismo. Porém, muitas delas não sabem exatamente o que significa o termo empre- endedorismo. Logo, não sabem se realmente estão aptas a isso. Compreender o significado do termo empreendedorismo é o ponto de partida para uma pessoa que pretenda ser empreendedora. No caso do Brasil, o empreendedorismo tem despertado o interesse de pessoas que investem em micro e pequenos negócios gerando, em muitos casos, empregos e impostos para o desen- volvimento. A contribuição delas é essencial à economia brasileira, pois são diversas as formas de atuação do empreendedorismo empresarial. Aqui iremos tratar a respeito do conceito de empreendedorismo, fazendo relação com a importância que ele tem para o desenvolvimento da economia do País e para as pessoas que nele vivem. Você conhecerá um pouco mais sobre as diferentes formas de atuação permitidas pela legislação dentro do empreendedorismo. Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer o surgimento do empreendedorismo e seu contexto no Brasil e no mundo. • compreender o conceito de empreendedorismo. 1 Empreendedorismo Ao iniciarmos nosso estudo, saiba que o empreendedorismo no Brasil tem sido muito incen- tivado principalmente por entidades de apoio, como por exemplo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Mas para que possamos aprofundar mais o tema é impor- tante conhecer o conceito de empreendedorismo. De acordo com Dornelas (2012, p. 28), o termo empreendedorismo significa “[...] o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades”. Esse conceito conduz à necessidade de que essas oportunidades devem ser implementadas para que possam surgir novos negócios no mercado, ressaltando que o envolvimento das pessoas é um ponto crucial para o sucesso dos negócios. FIQUE ATENTO! A prática do empreendedorismo está associada ao envolvimento do empreende- dor e a um conjunto de processos que possam viabilizar e colocar em prática um novo negócio. O conceito de empreendedorismo na prática começou a ser aplicado no Brasil a partir dos anos 90. Embora já existisse antes, esta ocorrência prática iniciou-se efetivamente em função da abertura da economia, e o auge se deu a partir de 2000. Com a introdução de novos produtos, ser- viços e tecnologias a taxa de desemprego começou a aumentar, e os empreendedores brasileiros viram uma grande oportunidade de iniciarem negócios próprios. Figura 1 – Empreendedorismo gerando renda Fonte: Andrey_Popov/Shutterstock.com A aplicação do conceito de empreendedorismo também traz benefícios à economia por meio da criação e desenvolvimento de novas micros e pequenas empresas. De acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010. p.. 3), “[...] são as pequenas e novas empresas e não as grandes corporações as maiores geradoras de empregos”. Em outras palavras, o desenvolvimento do empreendedo- rismo está associado diretamente à criação de micro e pequenas empresas. EXEMPLO Segundo a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, atualmente no Brasil existem três empresas atuando no setor de bijuterias. Os principais polos de produ- ção estão localizados nas cidades de Limeira (SP), Guaropé (RS) e Cariri (CE). Nesse segmento da economia a participação das micro e pequenas empresas corresponde a 85% do mercado. O empreendedorismo no setor depende muito mais da criativida- de e empenho do empreendedor do que de grandes investimentos financeiros. 2 A importância das micro e pequenas empresas É importante compreender que a prática do empreendedorismo conduz ao surgimento de diversas micro e pequenas empresas espalhadas no País, aumentando a produtividade e o emprego, além de gerar renda às pessoas e de dinamizar os negócios. De acordo com o Sebrae (2014), as micro e pequenas empresas representam 53,4% do PIB (Produto Interno Bruto) brasi- leiro no setor de comércio; 22,5% do PIB no setor da indústria e 36,3% no de serviços. FIQUE ATENTO! A participação das micro e pequenas empresas no PIB brasileiro vem crescendo a cada ano, sendo o setor de comércio o mais representativo desse aumento. Para a geração de emprego, o Sebrae (2014) aponta que os pequenos negócios no setor de serviços representam 44% dos empregos formais, e no setor de comércio esse número chega a aproximadamente 70%. Com relação ao número de empresas de pequeno porte, no setor de servi- ços elas já são mais de 98% do total de empresas no país. No comércio o número de empresas de pequeno porte já supera 99%. Por fim, no setor da indústria o número de pequenos negócios está acima dos 95%. Esses dados só ressaltam a importância das micro e pequenas empresas para o desenvolvimento brasileiro. Figura 2 – Desenvolvimento de pequenos negócios Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com SAIBA MAIS! No estudo “Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira”, publicado pelo Sebrae, é possível pesquisar mais sobre a importância das micro e pequenas empresas no Brasil. Você pode acessá-lo em: <http://www.sebrae. com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Estudos%20e%20Pesquisas/Participacao%20 das%20micro%20e%20pequenas%20empresas.pdf>. 3 As diferentes formas do empreendedorismo empresarial Você precisa saber que para uma pessoa atuar de forma legalizada no empreendedorismo ela deve formalizar a empresa. É o chamado empreendedorismo empresarial. O empreendedor empresarial pode ser entendido, conforme Dolabela (2008, p. 25), como: “[...] indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela; pessoa que compra uma empre- sa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, seja na forma de vender, fabricar, distribuir ou fazer propaganda dos seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o sur- gimento de valores adicionais”. Essa atuação no empreendedorismo empresarial pode se dar por meio de uma empresa na forma de Microempreendedor Individual (MEI), Microempresa, Empresa de Pequeno Porte ou empresas de médio e de grande portes, como no quadro a seguir. Quadro 1 – As empresas Tipos empresariais Faturamento anual MEI Até R$ 60.000,00 ME Até R$ 360.000,00 EPP Até R$ 3.600.000,00 Normais (médio e grande portes) Superior a R$ 3.600.000,00 Fonte: elaborado pela AUTORA O Sebrae aponta as principais características e diferenças entre os tipos de empresas. Vamos conhecê-las a seguir. • Microempreendedor Individual: esta categoria foi criada para permitir a uma pessoa trabalhar por conta própria e legalizada. Esse tipo de negócio se enquadra para aqueles empreendedores que tenham receita bruta anual de até R$ 60.000,00, podendo optar pelo Simples Nacional. Este valor muda para R$ 81.000 a partir de 2018, em função da Lei Complementar 155, de 27 de outubro de 2016. Observe que há uma restrição para esse tipo de empresa. O microempreendedor pode empregar apenas uma pessoa e não pode configurar no quadro social de outra empresa, ou seja, não pode fazer parte de nenhuma outra empresa como sócio. FIQUE ATENTO! Caso o microempreendedor individual obtenha uma receita bruta anual superior aos R$ 60.000,00, ele deve ser enquadrado como microempresa para continuar atu- ando dentro da legislação. • Microempresa: esse tipo de empresa contempla a sociedade empresarial, a sociedade simples, a empresa individual e o empresário. A microempresa deve estar registrada nos órgãos competentes e sua receita bruta anual deve ser igual ou inferior a R$ 360.000,00 (com a mudança na legislação a partir de 2018 o valor passa a R$ 500.00,00). • Empresa de Pequeno Porte: é considerada uma Empresade Pequeno Porte aquela cujo faturamento anual seja superior a R$ 360.000,00 e inferior a R$ 3.600.000,00. A única ressalva é que se obtiver receitas extras oriundas de exportações esse tipo de empresa não deixa de se enquadrar como de pequeno porte, desde que essas receitas extras não ultrapassem R$ 3.600.000,00. Este valor será aumentado para R$ 4.800.000,00 também em razão da Lei Complementar 155, de 27 de outubro de 2016. EXEMPLO De acordo com o Sebrae, em 2013 o número de microempresas que exportaram foi de 4.716 estabelecimentos. No caso das de pequeno porte essa quantidade chegou a 6.215 empresas. Essas empresas, juntas, foram responsáveis pelo volume de US$ 2,0 bilhões em exportações naquele ano. No segmento de microempresas os setores de comércio e indústria tiveram praticamente o mesmo peso, porém entre as peque- nas empresas o setor de indústria destacou-se, com quase 67% das exportações. Figura 3 – Exportações brasileiras Fonte: Suwin/Shutterstock.com No Brasil, para que uma pessoa possa exercer uma atividade econômica empresarial ela necessariamente precisa abrir uma empresa. Dessa maneira, o empreendedor trabalha seguindo a legislação e consegue obter algumas vantagens, como por exemplo acesso a crédito, investidores, aquisição de insumos e matéria-prima mais baratos, entre outras. SAIBA MAIS! Para conhecer mais sobre a constituição de uma empresa e sobre as regras para o seu enquadramento, você pode consultar o portal do Sebrae: <http://www.sebrae. com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-as-diferencas-entre-microempresa- pequena-empresa-e-mei,03f5438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Fechamento Concluímos a unidade relativa ao conceito de empreendedorismo. Agora, você já conhece o significado do empreendedorismo, quais são seus principais benefícios e as formas de empreen- dedorismo empresarial. Nesta aula você teve a oportunidade de: • conhecer o conceito de empreendedorismo; • compreender a importância do setor ao desenvolvimento brasileiro, à geração de empregos e ao crescimento da economia; • identificar as formas de atuação no empreendedorismo empresarial observando a legislação; • aprender a diferenciar categorias empresariais de acordo com o faturamento bruto anual. • entender as vantagens de ter um negócio legalizado. Referências BRASIL. Lei Complementar n. 155, de 27 de outubro de 2016. Presidência da República. Brasí- lia. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm. Acesso em: 21 nov. 2016. DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luísa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008. DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. FERREIRA, Manuel Portugal; SANTOS, João Carvalho; SERRA, Fernando A. Ribeiro. Ser Empreen- dedor: pensar, criar e moldar a nova empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. ALBUQUERQUE, ELIETE. Beleza imune a crises. Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Dispo- nível em: <http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA455186-2481,00.html>. Acesso em: 04 out. 2016. SEBRAE. As Micro e Pequenas Empresas na Exportação Brasileira – 1998-2013 – Brasil. Disponível em < http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/As%20MPE%20 na%20expota%C3%A7%C3%A3o%20brasileira_Brasil_2013.pdf> Acesso em: 04 out. 2016. ________. Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira. Julho, 2014. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Estudos%20e%20Pesquisas/ Participacao%20das%20micro%20e%20pequenas%20empresas.pdf> Acesso em: 03 out. 2016. _________. Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Entenda as diferenças entre microempresa, pequena empresa e MEI. Disponível em: < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ entenda-as-diferencas-entre-microempresa-pequena-empresa-e-mei,03f5438af1c92410VgnVCM 100000b272010aRCRD >. Acesso em: 03 out. 2016.