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Resina Composta • Resina Composta Histórico No início do século XX começou a procura por materiais restauradores mais estéticos que os presentes naquela época, com isso foram desenvolvendo materiais posteriores à resina composta com o intuito de sanar a procura inicial, ou seja, uma maior estética, sendo o “início” de tudo foi em 1904 com o Cimento de Silicato. O Cimento de Silicato, constituído por pó e líquido, é da família do Cimento de Ionômero de Vidro (CIV). As partículas de pó do Cimento de Silicato eram constituídas por três minerais: Silicato, Alumínio e Cálcio. Esse pó era misturado com um líquido, constituído por ácido fosfórico e água, que atacava as partículas de pó, eliminado a camada mais externa dessas partículas e formando uma camada de óxido nas partículas de pó. Com isso, formava-se uma matriz decorrente da mistura do ácido com a camada de óxido que está envolta, chamada de matriz gel. O cimento de silicato tinha as seguintes características prós e contras: Devido à perda de estética, manchamento, alteração de cor, microinfiltrações que levavam à recidivas de cárie pelo fato da pouca durabilidade, resolveram utilizar outro material que não levasse tanto problema ao paciente. A partir do ano de 1934, durante a Segunda Guerra Mundial foi criado um material, obtido como subproduto do petróleo, a Resina Acrílica. A Resina Acrílica é composta por um pó chamado de polímero e um líquido chamado de monômero que quando misturados tornavam-se um gel plástico posteriormente inserido na cavidade dentário, endurecendo ao passar do tempo, conforme acontecia a reação química entre polímero e monômero. A resina acrílica apresentava os seguintes prós e contras A resina acrílica foi caindo em desuso, seu alto grau de contração de polimerização causava os chamados GAPs (Fendas) entre dente e restauração acarretando em microinfiltrações e por consequência, recidivas de cárie; a reação de liberação de calor que ocorria durante a polimerização do material na cavidade causava em alguns casos inflamações pulpares; a estética era perdida com tempo devido a alteração de cor e tinha precária resistência levando a fraturas e como consequência, novamente microinfiltrações. Em 1940, foi adicionada uma "pedra" da cor transparente, chamada de Pedra Parkinson à resina acrílica, esta pedra foi triturada e misturada junto a este material, desenvolvendo assim um novo tipo de material chamado de Resina Pseudo-Composta, formado por resina acrílica mais pedra de Parkinson (partículas vítreas). Essa resina, entretanto, não obteve bons resultados, pois a matriz que segurava as partículas era a mesma que na resina acrílica, sendo assim, não havia nenhum tipo de ligação entre a matriz e as partículas. Em 1956, a fim de obter essa ligação, além de dar maior resistência para o material e sanar os problemas com a infiltração marginal, foi adicionado na porção de resina acrílica das resinas pseudo-compostas um elemento, a resina epóxica. A resina epóxica mudava quimicamente a resina acrílica, formando uma matriz gel que começou a ser chamada de BIS- GMA (Bisfenol-Glicidil-Metacrilato). O BIS-GMA, entretanto não tinha afinidade química com as pedras de Parkinson (partículas vítreas), proporcionando ao material formado grande desgaste estrutural quando entrasse em atrito. 7 anos depois, em 1963, desenvolveram um tratamento químico das partículas vítreas, a silanização fazendo que houvesse união entre o BIS-GMA e as partículas vítreas. A silanização consiste em, atacar as partículas vítreas através do ácido fluorídrico com uma concentração próxima de 10%, lavar, secar e aplicar sobre elas posteriormente um agente de união, que tem ligação química entre a matriz orgânica e a matriz inorgânica. Mais à frente detalharemos esse processo. Luis Augusto Barros Dentística II Com isso enfim a resina composta foi desenvolvida no início dos anos 70 através da incorporação de partículas minerais no BIS-GMA e o desenvolvimento da técnica de silanização. Ao BIS-GMA o denominamos de matriz orgânica (MO), as partículas minerais, também chamadas de partículas vítreas, chamamos de matriz inorgânica (MI). As resinas são compostas basicamente por: MO (BIS-GMA) + MI (Partículas Vítreas) + Agente de União (Silano) Junto a essa composição também é adicionado um sistema iniciador e acelerador de polimerização formado por peróxido de benzoíla na resina que são polimerizadas quimicamente e por diquetona ou canforoquinona em resinas fotopolimerizáveis. Outros componentes são: • Pigmentos p/ dar cor e opacidade à resina: Óxido Metálico; • Agente de Silanização: Ácido Fluorídrico; • Radiopacificadores: Bário e Estrôncio. Vamos agora abordar algumas características e propriedades dos três principais componentes da resina composta. Matriz Orgânica A matriz orgânica é a parte da resina que sustenta e envolve as partículas vítreas (matriz inorgânica) das resinas compostas. Ela é formada pela molécula BIS-GMA, porém sendo também formada por TEGMA, EDGMA ou UDMA (outras matrizes orgânicas). A quantidade de matriz orgânica está envolvida diretamente com resistência e com a contração de polimerização da resina composta. Há uma relação que diz o seguinte: “Quanto maior a quantidade de matriz orgânica na resina composta, menor será sua resistência e maior será sua contração de polimerização”. Porém, tem uma certa quantidade mínima de matriz orgânica que as resinas devem ter em sua composição que é de cerca de 20%, se colocar menos que isso não haverá envolvimento das partículas vítreas e a resina ficará mais porosa, por consequência absorvendo mais fluidos e se pigmentando com mais facilidade. A dilatação térmica também está relacionada com a quantidade de matriz orgânica, sendo que quanto mais matriz orgânica, maior grau de dilatação térmica. Matriz Inorgânica A matriz inorgânica, também chamada de partículas vítreas, é a porção da resina formada por partículas vítreas de natureza mineral ou artificial. Assim como na matriz orgânica, temos aspectos que são interferidos devido a sua concentração (quantidade) na composição da resina composta e também ao tamanho dessas partículas vítreas. Sendo assim a relação enuncia o seguinte: “Quanto maior a quantidade com certo tamanho de partículas vítreas na resina, maior será a resistência e menor será a contração de polimerização, a dilatação térmica e a absorção de fluidos pela resina”. Veremos mais à frente que as propriedades da, principalmente físicas e mecânicas das resinas compostas variam de acordo com o tamanho das partículas vítreas. Agente de União O agente de união é uma substância que faz com que haja união e coesão entre as matrizes orgânica e inorgânica (no caso, o Silano é a substância). Nas primeiras resinas fabricadas não havia coesão entre as matrizes o que acabava deixando a resina mais susceptível a fraturas e desgaste do material, quando submetido ao atrito. Com isso criou-se um processo de união entre matrizes chamado de silanização. A silanização consiste em: 1º. Atacar as partículas vítreas com ácido fluorídrico a 10%; 2º. Lavar e secar as partículas; 3º. Aplicar o agente bifuncional (silano) que cria uma ligação química entre matriz orgânica e matriz inorgânica. O silano chamamos de agente de união e o ácido fluorídrico de agente de silanização. A partir de 1963 entãocomeçou a difusão do grande uso das resinas compostas. Inicialmente essas resinas tinha partículas vítreas grandes chamadas de macropartículas, sua polimerização (endurecimento), era através do meio químico em que era misturada uma pasta base e outra catalizadora e não havia o Resina Composta condicionamento ácido do dente. Com o tempo desenvolveram resinas fotopolimerizáveis, desenvolveram o condicionamento ácido, mudaram o tamanho das partículas e etc. Antes de continuarmos o contexto histórico vamos abordar a resina composta propriamente dita e conforme houver necessidade incluiremos o contexto histórico. Resina Composta Bem, já sabemos os compostos básicos que compõem as resinas compostas, a matriz orgânica, a matriz inorgânica e o agente de união, e suas características. Conforme foram desenvolvendo outros métodos técnicos e modificando as características dos compostos básicos das resinas foram criando classificações para a resina. A resina é classificada de acordo com o tamanho das suas partículas vítreas, consistência, sistema de polimerização, indicação e volume das partículas. 1. Tamanho das Partículas Vítreas As partículas vítreas são a porção que interferem nas propriedades físicas e mecânicas das resinas compostas, desde a resistência até a lisura da superfície das resinas. Ao decorrer dos anos até os dias atuais as partículas vítreas só diminuíram, as primeiras partículas que compunham as resinas eram as macropartículas posteriormente vieram as micropartículas, partículas híbridas, partículas micro-hibridas e as nanopartículas. Macropartículas As macropartículas foram as primeiras partículas a compor as resinas, na década de 60. As macropartículas tinham tamanho de 1 a 5 µM (Micrômetros), podendo chegar até 50 µM. Por serem partículas grandes proporcionavam para as resinas que as continham boa resistência, porém baixa lisura superficial por ser uma partícula grosseira e não ser de fácil polimento, deixando a resina porosa e com grande acúmulo de microrganismos, que poderia acarretar em vários problemas futuros como recidivas de cárie. Micropartículas As micropartículas, que têm o tamanho de 0,04 µM, surgiram no ano de 1976. Por serem pequenas as micropartículas davam para a resina coisas que as macropartículas não davam como, principalmente alta lisura superficial, não ocorrendo acúmulo de microrganismos, maior facilidade de polimento devido à presença de partículas menores, porém baixa resistência pois havia mais matriz orgânica que inorgânica. Outro fato que podemos aferir a partir da afirmação passada de que se tem mais matriz orgânica, por sua vez, a contração de polimerização será maior. Partículas Híbridas As partículas híbridas são partículas introduzidas no mercado no ano de 1984, formadas pela junção das micropartículas e das macropartículas. Essa mistura foi realizada a fim de compensar os pontos fracos de ambas e enaltecer os pontos favoráveis. Com isso as resinas com partículas híbridas apresentam boa lisura superficial, boa resistência, facilidade de polimento e principalmente menor contração de polimerização devido ao fato de as micropartículas tomarem o espaço da matriz orgânica entre as macropartículas, deixando-a em menor proporção. O tamanho das partículas é de 1 a 5 µM, podendo chegar a 50 µM para as macropartículas e de 0,04 µM, para as micropartículas. Partículas Micro-Híbridas Depois das partículas híbridas, as novas tecnologias de partículas vieram apenas para melhorar e não consertar nenhuma falha, assim, no ano de 1998 surgiram as resinas com partículas micro-hibridas. Nessas resinas aumentou-se a concentração de partículas e diminuíram um pouco as partículas que passaram a ter o tamanho de 0,4 a 0,04 µM, proporcionando assim às resinas com essas partículas altíssima resistência, boa textura superficial e boa resistência ao desgaste estrutural. Luis Augusto Barros Dentística II Nanopartículas Com a mesma premissa das partículas micro- híbridas (apenas melhorar os aspectos), as resinas com nanotecnologia em suas partículas surgiram no ano de 2006, proporcionando excelente polimento, boa lisura superficial, boa manutenção do brilho e excelente resistência. O tamanho de suas partículas é de 0,0004 µM. “Quando o assunto é propriedade física e mecânica das resinas sempre buscamos por uma resina que tenha a maior lisura superficial possível, estabilidade de cor, resistência, integridade marginal e a menor contração de polimerização possível. As resinas com características mais próximas às ideais são as hibridas, micro-hibridas e nanopartículas”. 2. Consistência e Densidade Em relação à consistência e densidade da resina, tudo dependerá da sua finalidade, as chamadas resinas flow tem que ter maior fluidez, ou seja, precisam ser menos densas já que são utilizadas para cimentação de peças e regularização da parede pulpar. Já as outras resinas de restauração direta precisam ser menos fluidas. A relação de densidade e fluidez é a seguinte: “quanto menos densa for a resina, maior será sua fluidez e em compensação maior será a contração de polimerização por haver maior quantidade de matriz orgânica para deixar menos densa a resina”. Encontramos essa situação em resinas flow, pois em resinas convencionais de restauração direta a situação é totalmente ao contrário da exposta acima. A resina conforme seu grau de densidade e consistência escoa mais ou menos. As que tem alto escoamento são as flow, as de médio escoamento as resinas convencionais e de baixo escoamento as resinas condesáveis. As resinas condensáveis foram um invento criado na durante a década de 90 com o um intuito específico. Um dos problemas atuais das resinas é a obtenção de um correto ponto de contato, devido a sua consistência (mais matriz orgânica que inorgânica) dificilmente o ponto de contato é formado corretamente, diferentemente do amálgama que podemos condensá-lo em direção à matriz e ao dente vizinho criando esse ponto de contato. Com isso as indústrias pensaram: “por que não criar uma resina condensável? ” E assim foi feito, uma resina que permitia melhor compactação que as anteriores já que agora ela continha maior quantidade de matriz inorgânica que de matriz orgânica. O problema dessas resinas era que ela ficava com um aspecto mais ressecado, já que continha mais matriz inorgânica, as empresas até recomendavam a utilização de uma resina fluida por cima, para dar melhor acabamento. Por fim, o mercado não absorveu bem a ideia e a resina condensável sumiu do mercado. Ainda pensando no problema do ponto de contato proximal foi desenvolvida pela indústria um objeto chamado de Contact Pro. Esse instrumento é uma espécie de pé de cabra colocada na caixa proximal, até que alcance a parede gengival que cria um ótimo ponto de contato, após a realização de um leve movimento de alavanca. A contact pro promove um bom ponto de contato, reduz o volume de resina e faz com que haja fotopolimerização gradual da resina (fato explicado mais à frente). Esse instrumental é transluscente, ou seja, a luz passa por ele e fotopolimeirza a resina da região e o espaço criado é preenchido posteriormente com resina do tipo flow e resina microhíbrida, finalizando a caixa proximal. 3. Sistemas de Polimerização As resinas compostas têm uma consistência normal na forma de gel, macio e maleável,entretanto, ela não pode permanecer assim na cavidade, ela deve ter consistência sólida. Para isso a resina deve passar por um processo de endurecimento chamado de polimerização. A polimerização consiste na conversão de monômeros em polímeros. Quanto mais monômeros são convertidos em polímeros mais “dura” a resina ficará. A quantidade de monômeros que se convertem em polímeros chamamos de índice de conversão. “Quanto maior for o índice de conversão maior será as propriedades físicas da resina, mas em contrapartida maior será a contração de polimerização”. A quantidade de monômeros que são convertidos em polímeros, ou seja, o índice de conversão não é superior a 60% porque.........Existem três sistemas de Resina Composta polimerização, o sistema químico, o sistema físico e o sistema dual. Sistema Químico Nesse sistema, também chamado de sistema de autoindução, os ativadores se autoreagem e vão convertendo os monômeros em polímeros. Acontece da seguinte forma: 1º Misturamos as pastas base e catalisadora; 2º A amina terciária ativa o peróxido de benzoíla que converte os monômeros em polímeros. Conforme a amina terciária vai ativndo o peróxido de benzoíla e este, convertendo os monômeros, a resina passa da fase Pré-Gel, para a fase Pós-Gel e por fim para a fase de Polimerização que é quando ela endurece. Esse processo leva cerca de 3 a 5 minutos. Resinas autoativadas, ou seja, que possuem o sistema químico como polimerização tem um grande problema estrutural relacionadas ao seu sistema de polimerização. Há um grande desgaste de sua estrutura e as partículas se desprendem facilmente devido a degradação do BIS-GMA isso porque o peróxido de benzoíla, após a sua reação, produz como subproduto final uma amina terciária extremamente degradável que se dissolve e desintegra aos fluidos orais, dessa forma, comprometendo o componente orgânico da resina composta, aumentando consideravelmente o desgaste e perda estrutural do material restaurador. Sistema Físico Nesse sistema, também chamado de sistema fotoativado, os monômeros são convertidos em polímeros quando a um estimulo luminoso sobre a resina. Esse estímulo luminoso pode ser realizado por alguns tipos de luzes, criaremos um apêndice mais à frente para falar sobre. O processo de fotopolimerização ocorre da seguinte forma: 1º A resina é posta em uma cavidade. As resinas fotoativadas tem como ativador a substância canforoquinona, como já comentado; 2º Incidimos a luz sobre a resina, ativando a canforoquinona; 3º A canforoquinona, em seu estado reativo, reage com a amina transferindo alguns elétrons e produzindo radicais livres; 4º Os radicais livres quebram as ligações entre monômeros reorganizando-os em polímeros e endurecendo a resina. Conforme vai acontecendo isso, a resina passa pelas fases pré-gel, pula a fase pós-gel e passa pela fase de polimerização, que acarreta num dos grandes problemas da resina que é a contração de polimerização. 3.1. Contração de Polimerização As resinas antes de sua polimerização antes de sua polimerização, seja auto ou fotoativada, possuem uma consistência em gel em que chamamos essa fase na polimerização de fase pré-gel. Quando excitamos o ativador da reação de polimerização, a resina passa da fase pré-gel para a fase pós-gel e da pós-gel vai, por fim, para a fase de polimerização, acontecendo ao decorrer desse processo a conversão dos monômeros em polímeros de forma gradual. Com isso o material produz um menor índice de contração de polimerização e evita as possíveis infiltrações marginais devido a formação de GAPs (fendas entre dente e restauração). Nas resinas quimicamente ativadas a resina, durante sua polimerização, passa por todas as fases, porém isso não ocorre com as resinas foto ativadas que pulam a fase pós-gel fazendo a resina se polimerizar mais precocemente e tendo como consequência maiores índices de contração de polimerização. Com o intuito de diminuir isso, foram desenvolvidas técnicas de fotopolimerização, de incrementação da resina na cavidade e etc.. Vamos a elas: 3.1.1. Sistemas de Polimerização Foram desenvolvidas técnicas de fotopolimerização que tentassem fazer com que a resina não se polimerizasse rapidamente, evitando o pulo da fase pós-gel. Os sistemas de fotopolimerização desenvolvidos são: Sistema Convencional Nesse sistema, incide uma luz sobre a resina de intensidade constante por um período Luis Augusto Barros Dentística II de tempo específico. Mais utilizada na vida clínica; Sistema de Gradual Nesse sistema, aumenta-se a intensidade da luz gradualmente durante a incidência, permitindo o composto fotopolimerizar lentamente; Sistema de Pulso (Pulse Delay) Nesse sistema emitimos a partir de pulsos a luz do fotopolimerizador sob uma intensidade constante pré-determinada. Vale salientar que quanto maior a intensidade da luz do fotopolimerizador, maior será o índice de conversão, daí a importância de sempre verificar a intensidade de luz do foto e realizar a manutenção sempre que necessário. Por volta de 1985, alguns pesquisadores começaram a estudar mais profundamente o processo de fotopolimerização. Pesquisas e estudos equivocados levaram os pesquisadores acreditar que a resina composta contraia em direção a fonte de luz, o que era péssimo. Em 1986 Lutz, muito inteligentemente, desenvolve uma técnica de fotopolimerização em que ele emitia a fonte de luz em sentido contrário ao sentido que ele queria que a resina se contraísse (Imagine uma restauração na lingual do dente 21, ao colocar a resina na região Lutz emitia a luz do foto não pela lingual, pois aí a resina iria contrair para a lingual, mas sim pela vestibular pois aí a resina iria contrair em direção à parede aderida, acomodando mais sob a estrutura dental), ou seja, o vetor de polimerização deveria ser contrário ao vetor de contração. A partir daí Lutz começou a fazer uso de matrizes transparentes e cunhas transparentes reflexivas, para restaurações compostas e complexas que desviava a luz para a direção que ele queria criar maior adesão e adaptação na parede gengival da caixa proximal entre resina e dente. Vários e vários experimentos realizados por Lutz comprovavam que pela técnica dos vetores havia menor índice de contração de polimerização, além de casos com menor índice de infiltração marginal, fendas ou sensibilidade pós-operatória. Em 1998, após inúmeras pesquisas e trabalhos, Versuluiz pode comprovar que a resina não se contraia em direção à luz. Começou a pergunta de como Lutz conseguiu menores índices de contração de polimerização. Após alguns anos foi descoberto o simples fato de que ao realizar a técnica do vetor de polimerização, da matriz transparente ou da cunha reflexiva, Lutz, nada mais nada menos, estava realizando o sistema de polimerização gradual, porque a luz não estava passando de forma direta, mas passando por estruturas como esmalte, dentina ou perdendo intensidade ao desviar os feixes de luz com a cunha transparente reflexiva, chegando a luz com uma potência mais baixa na resina, resultando num menor índice de conversão e em consequência em baixa contração de polimerização. 3.1.2. Técnica de Incrementação Colocamos a resina aos poucos, da metade da parede pulpar até a metade da parede circundante, reconstruindo partes mais importantes como cúspides, uma de cada vez e fotopolimerizandoa cada etapa. 3.1.3. Fator de Configuração Cavitária É a relação entre as superfícies aderidas com as superfícies não aderidas de um material restaurador. O fator de configuração cavitária, também denominado de fator C, é importante no que diz respeito à adesão da restauração ao dente em que quanto menor o número de superfícies livres, menor será a capacidade da resina escoar e liberar estresse, tornando desfavorável a união da resina ao dente. Para que ocorra um bom escoamento e liberação devida de estresse o número de paredes aderidas deve ser igual ou menor com ao número de paredes não aderidas do material restaurador. Sendo assim para fazer valer o fator C, e haver o bom escoamento e liberação de estresse da resina, realizamos a técnica de incrementação das resinas. 3.1.4. Escolha da Resina Existem diversas resinas no mercado, com as mais diversas tecnologias e indicações, a escolha da resina também é bem importante na questão da contração de polimerização. Isoladamente a resina não ocasionará uma menor taxa de contração de polimerização, é necessário a realização dos outros quesitos para evitar de forma considerável esse problema. Resina Composta As resinas de macropartículas, quando ainda usadas, eram indicadas para classe III e IV de Black; as resinas de micropartículas são indicadas para restaurações cervicais, por ser um material mais liso e promover menor agressão ao tecido gengival e menor acúmulo de bactérias e para cobertura de restaurações extensas devido sua alta característica estética; as resinas hibridas, assim como as micro- hibridas, são indicadas para restaurações anteriores que estejam sujeitas a tensões concentradas, como por exemplo classe IV de Black e para restaurações anteriores e posteriores (Melo et al. 2011); por fim, as resinas nanopartículas são indicadas para todas as regiões de dentes anteriores e posteriores. Há também a Resina Flow, resina fluida de baixa densidade utilizada para cimentação de facetas, núcleos, pinos, aparelho ortodôntico, forrador e para regularização da parede pulpar, aumenta a elasticidade da camada híbrida, restaurações cervicais. 3.1.5. Adesivo A contração de polimerização pode resultar na formação de GAPs, fendas entre dente e restauração, passagem de fluidos, bactérias, restos de alimento, ocasionando, recidivas de cárie, sensibilidade e podendo culminar na perda do dente. Nem sempre apenas a contração foi o principal problema, antigamente, a retenção também era dificilmente obtida, sendo necessária a criação de características na cavidade que iria receber a restauração, muitas vezes, comprometendo tecido hígido saudável na preparação da cavidade e de suas conformidades. Com isso, em 1955 Michael Buonocore desenvolveu um produto chamado de adesivo, que criava adesão necessária entre dente e restauração após ele observar o processo de pintura de cascos de navio onde aplicavam um ácido nesse casco, criando irregularidades na superfície para melhor adesão da tinta. A partir daí muita, mas muita coisa mudou na odontologia estética, pois esse adesivo proporcionava diversos benefícios como conservação maior de tecido hígido; maior resistência da estrutura dental remanescente; melhor estética; diminuiu os GAPs que ficavam entre dente e restauração, por consequência diminuindo o índice de infiltração marginal e recidivas de cárie; menor potencial de sensibilidade pulpar e ampliação do número de técnicas restauradoras. Muito bem, muito bom, quer dizer que agora temos um material perfeito? Hoje pode até chegar próximo do ideal, mas não começou assim... O primeiro adesivo desenvolvido era um adesivo a base de BIS-GMA, que aumentava a retenção e aderência da resina ao dente chamado de Adesivo de 1ª Geração. Os testes laboratoriais foram feitos em dentes humanos extraídos, onde utilizavam o ácido, que criava microrretenções, aplicaram o adesivo e restauraram. Nos testes o adesivo mostrou ser efetivo. Pois bem, achamos o nosso adesivo! Não, não mesmo... O que ocorreu foi o seguinte, os dentes extraídos eram secos, sem umidade dentinária, proporcionando boa adesão, já os dentes vitais eram dentes que apresentavam umidade dentinária que acabavam não proporcionando boa adesão, pois o adesivo era hidrofóbico e com isso, acabava perdendo a capacidade adesiva, resultando em queda da restauração, infiltração marginal e recidivas de cárie. Game over! Voltamos à estaca zero... Bom, aí lá foram os pesquisadores e empresas desenvolver um adesivo melhor chegando numa segunda geração de adesivo chamado de Adesivo de 2ª Geração ou Adesivo Fosfanado. Esse adesivo era a evolução, o top do momento, pois não necessitava de um ataque ácido na estrutura dentária! (Na verdade retiraram o ácido porque achavam que ele era o vilão da história). Mas alto lá! Vivemos falando desse tal ácido, desse tal ataque ácido e etc., mas que blá, blá, blá é esse? Vamos lá então... Condicionamento Ácido Vamos ver mais adiante que os adesivos só funcionam após um correto condicionamento ácido da estrutura dentária e isso ocorre por dois motivos principais que devemos descrevê-los separadamente, pois um é referente ao esmalte e outro à dentina. Condicionamento Ácido do Esmalte O esmalte não é muito frescurento, o ácido sob a superfície de esmalte vai Luis Augusto Barros Dentística II proporcionar a desmineralização dos seus cristais de hidroxiapatita e de cálcio, criando microporos nessa superfície que darão condições do adesivo penetrar nesses poros e criar microrretenções. Além disso o ácido aumenta a área de superfície que é diretamente proporcional à desmineralização do esmalte. Condicionamento Ácido de Dentina A dentina é mais chatinha, ao aplicar o ácido na superfície dentinária ocorrerá fatos diferente dos ocorridos no esmalte. Durante o preparo cavitário cortamos estrutura dentinária contaminada e não contaminada, sangue pode estar presente na cavidade, microrganismos, óleo da caneta, saliva e etc., formando uma pasta que cobrirá toda a dentina intertubular e parte da dentina peritubular. Essa camada é uma camada de sujeira e chamamos ela de smear layer, formada por smear on + smear in (smear on sobre dentina intertubular e smear in sobre dentina peritubular). Como podemos aferir, o ácido terá duas funções, ele vai remover toda essa camada de smear layer, expondo dentina intertubular e dentina peritubular. A segunda função do ácido será desmineralizar parte dessa dentina expondo as fibras colágenas, criando um emaranhado de fibras colágenas que servirão para proporcionar retenção para o adesivo. Ufa! Agora que entendemos o que é e como age esse bendito ataque ácido, vamos continuar a história dos adesivos. Como eu vinha dizendo, aquele primeiro adesivo, o de 1ª Geração, não deu certo e precisaram desenvolver outro, o de 2ª Geração, que não necessitava de ataque ácido... já viu que não vai dar certo de novo né? Hehehe... pode até ter certa adesão para esmalte, mas para dentina não vai prestar, isso devido a uma lógica muito simples, seus adesivos de caderno colam na sujeira? Não! A mesma coisa vai acontecer com esse adesivo de 2ª Geração, sem ataque ácido em dentina, sem remoção de sujeira, sem adesão, mesmo ele falando que havia uma certa adesão à smear layer, mas era precária e fraquíssima. Voltamos à estaca zero. Lá vamos nós de novo! Desenvolveramum terceiro adesivo chamado de adesivo de 3ª Geração, esse adesivo necessitava da utilização do ataque ácido, além do mais já vimos que é necessário esse ataque, utilizando para isso um ácido chamado de ácido poliacrílico à 10%. Esse ácido fazia um dos papéis necessários, porém pela metade, retirava parcialmente a smear layer, apenas a camada mais grosseira, não retirando o necessário para a penetração do adesivo nas fibras colágenas que ficavam expostas e criando adesividade entre dente e restauração. Putz! Vai ter que criar outro adesivo? É isso mesmo! Mas calma, eu não contei tudo do adesivo de 3ª Geração ainda... nesse adesivo foi desenvolvido um material novo, o Primer, que passava depois do ataque ácido e antes do adesivo. O primer tinha e tem a função de remover o excesso de umidade da cavidade que é evaporada junto ao solvente e de fixar e estabilizar as fibras colágenas. Então o senhor primer continua conosco até o fim! Boom! Surgiu o novo adesivo o quarto, e adivinha o nome, Adesivo de 4ª Geração. Como sabemos, no adesivo de 3ª Geração realizávamos um condicionamento ácido com ácido poliacrílico a 10% que não removia toda a smear layer, então esse era o problema a ser resolvido, colocar um ácido que removesse toda a smear layer, além de desenvolver um adesivo que tivesse afinidade com a água (hidrofílico) e assim foi feito. O ácido escolhido foi o ácido fosfórico a 37% que removia toda a smear layer e expunha as fibras colágenas da dentina intertubular. Pronto! Tínhamos um adesivo perfeito, acabaram nossos problemas. Sim realmente acabou! O adesivo era hidrofílico e obtemos um condicionamento ácido eficiente. Mas o capitalismo é selvagem amiguinho e não se importaram se o negócio estava bem, resolveram inovar outra vez. Desenvolveram um adesivo que não necessitava de ataque ácido, sim isso mesmo, sem ataque ácido! E a adesão ainda ocorria. Isso se devido o adesivo, mais especificamente o primer desse adesivo, já ser acidificado. A desmineralização e exposição das fibras ocorre de forma menos intensa, no qual é criada uma camada híbrida (explicaremos o que é e como se forma mais à frente) menos espessa que a formada no adesivo de 4ª geração, mas com efetividade semelhante, inteirando a smear layer, dentina desmineralizada e fibras colágenas, além de sua aplicação ser menos agressiva ao complexo Resina Composta Dentino-pulpar gerando menos sensibilidade operatória já que o primer acidificado não remove a smear layer, mas sim a modifica, agrega e envolve não havendo penetração do material em profundidade e resultando em menor troca de líquidos e menor movimento dos prolongamentos odontoblásticos. Observe a seguir o quadro comparativo entre os adesivos de 4ª e 5ª geração: Os adesivos de 4ª e 5ª geração ainda são classificados de acordo com o número de passo clínicos, sendo o de 2 passos melhor: • Fontes de Luz do Fotoativador ou Fotopolimerizador O fotopolimerizador é um aparelho emissor de luz no espectro visível voltada para a coloração branca, mas preferencialmente azulada, tendo comprimento de onda de aproximadamente 400nm a 520nm (nanômetros), que ativa o BIS-GMA das resinas compostas e outros produtos odontológicos. Atualmente temos dois tipos de lâmpadas utilizadas nos fotopolimerizadores, os de luzes halógenas e os de luz LED. Luz Halógena A Luz Halógena é presente em modelos mais antigos de fotopolimerizadores. Ela possui uma luz branca que após passar pelo filtro óptico dispersa apenas a luz azul e retém as outras cores (A luz branca é formada por um conjunto de cores de diversas tonalidades, vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, violeta...). Esse processo de reter diversos comprimentos de ondas faz com que o aparelho aqueça, fazendo com que esse aparelho necessite de “ventoinhas” para refrigeração. Luz LED A luz LED, presente nos modelos mais atuais de fotopolimerizadores, já liberam a luz azul sem necessidade de filtro, diminuindo o aquecimento e na maioria dos casos, sem necessidade de refrigeração interna. As vantagens da lâmpada LED, sobre a lâmpada halógena são: ✓ Praticiticidade no uso; ✓ Recarregáveis; ✓ Leves; ✓ Alta potência; ✓ Baixa emissão de calor; ✓ Alta durabilidade da lâmpada; Luis Augusto Barros Dentística II 4. Quanto ao Volume de Partículas Vítreas Como já sabemos, as resinas compostas possuem em sua composição uma diversidade de compostos, mas os dois principais são as duas matrizes, a orgânica e a inorgânica. A inorgânica, são as partículas vítreas, que dão resistência ao material, além de outras características já estudadas e a matriz orgânica que é o BIS-GMA que tem por função principal envolver as partículas vítreas. Contudo, enquanto quanto mais matriz inorgânica tiver numa resina melhor já que assim a resina terá maior resistência, menor índice de contração de polimerização, quanto mais matriz orgânica tiver pior, pois o material ficará menos resistente, com um maior índice de contração de polimerização, porém com menor condutibilidade térmica. Vendo por esse lado, então seria bom ter a menor quantidade possível de matriz orgânica, não é? Bem... sim, mas toda resina deve ter uma quantidade mínima de 20% para que ocorra o envolvimento das partículas de matriz inorgânica, proporcionando assim, resistência, menor índice de contração de polimerização, menor condutibilidade térmica, viscosidade ideal, não sendo muito fluida, menor expansão térmica, menor absorção de corantes e água, mantendo a cor e as devidas propriedades ópticas. 5. Quanto à Indicação Quanto à indicação já comentamos no tópico 3.1.4. Escolha da Resina. Resinas Bulk Fill Recentemente a dentística estética tem sido apresentada a um novo grupo de materiais denominados de “bulk fill”, que nada mais são do que resinas compostas que se propõem a serem utilizadas em uma só camada de até 4mm de espessura. As resinas, para que sejam fotopolimerizadas em sua totalidade e profundidade devem ter espessura de no máximo 2mm, mais que isso compromete a polimerização da porção mais profunda dessa resina na cavidade. As mais recentes evoluções, diretamente ligadas às resinas compostas bulk fill, buscam minimizar os danos causados pela contração que a resina apresenta quando ativada (contração de polimerização). Adicionalmente, possibilitaram maior eficiência desta ativação, permitindo grandes profundidades de polimerização. Quando estas melhorias se associam, trazem a possibilidade de o profissional utilizar incrementos maiores com maior confiança e resultados satisfatórios. Ok…, mas ainda não conversamos sobre o que estas resinas têm de diferente em relação às outras resinas compostas que já estudamos. Para que fique mais claro, vamos discutir 5 pontos que fazem com que uma resina composta possa ser considerada uma bulk fill: ✓ Contração de polimerização e tensão gerada de modo controlado para minimizar os danos à camada de união com a estrutura dental (camada híbrida); ✓ Possibilidade de ser polimerizada em incrementos maiores que os tradicionais 2mm; ✓ Escoamento considerável, que permite o preenchimento de áreas e ângulos difíceis de serem preenchidos (ex.: ângulos de caixas proximais em cavidade classe II) ✓ Propriedades mecânicas que a tornem passível de receber cargas mastigatória de modo direto ou indireto ✓ Estéticaque seja, no mínimo, boa, para que possa ser usada em áreas que podem influenciar na estética, especialmente nos pré-molares. Para isso, as empresas fizeram algumas modificações: • Moduladores de Polimerização São substâncias químicas adicionadas nas resinas compostas que conseguem diminuir ou fazer com que as tensões geradas pela polimerização ocorram de modo mais controlado, evitando que o stress gerado seja liberado de uma só vez, minimizando os danos Resina Composta • Fotoativadores Específicos Alguns fabricantes informam o uso de fotoativador com maior e melhor sensibilidade à ação da luz do aparelho fotoativador. Por exemplo, nas resinas bulk fill da ivoclar, há a citação de uso de um fotoiniciador patenteado chamado ivocerin. • Aumento de Translucidez Com isso, a luz passa mais facilmente pela resina e consegue atingir áreas mais profundas. Contudo, para que isso seja conseguido, alguns fabricantes diminuem a quantidade de carga na resina, podendo comprometer a resistência mecânica e obrigando que a bulk fill seja coberta por outra resina com maior resistência. • Partículas de Carga Alteradas Alguns tipos de partículas de carga modificadas estão sendo usadas tanto para facilitar a passagem da luz quanto minimizar a tensão gerada pela contração de polimerização. Alguns fabricantes citam o uso de partículas de carga que funcionariam como “molas microscópicas” que minimiza os efeitos negativos da contração. Mas... vamos discutir dois pontos importantes: Ponto 1 O primeiro que eu gostaria de salientar, é com relação à translucidez. Algumas marcas apresentam alta translucidez, para facilitar a passagem da luz. Até aí tudo bem e é o que se deseja para facilitar a fotoativação. Mas o problema é que esta alta translucidez faz com que algumas resinas tenham uma aparência acinzentada, tornando-se um problema em dentes que tendem a aparecer mais, como os pré-molares. Alguns fabricantes tem tentado minimizar este problema alterando a resina para que seja muito translúcida antes da fotoativação e menos translúcida após esta etapa. Ponto 2 O segundo ponto que eu gostaria de salientar é com relação ao aparelho de fotopolimerização que deverá usar. Para que realmente se consiga a fotoativação na espessura indicada pelo fabricante, deve-se usar aparelhos de excelente qualidade, com potência mínima de 800mw/cm2, sendo o ideal aparelhos de 1000mw/cm2, pois parte da luz se “perde” até que chegue às camadas mais profundas. Este ponto pode ser a diferença entre obter bons ou maus resultados. Luis Augusto Barros Dentística II Casos Clínicos Agora iremos apresentar alguns casos clínicos de restaurações diretas de resina composta anteriores e posteriores e explicar alguns conceitos que possuem melhor entendimento durante a ação clínica. A seguir apresentaremos então esses casos, organizados em passo a passo, seguido de comentários e conceitos teórico, quando necessários. Caso 1 – Técnica da Matriz de Poliéster (Técnica a Mão Livre) Paciente leucoderma, 21 anos, apresentou-se à clínica integrada com uma fratura do ângulo mésio incisal do dente 11 decorrente de um combate físico na rua. O dente se encontrava em estado de vitalidade pulpar, com respostas normais aos testes e sem invasão do tecido periodontal. O fragmento dentário foi perdido descartando a possibilidade de colagem do mesmo, sendo assim, a técnica escolhida foi a da matriz de poliéster (técnica a mão livre). • Sequência clínica: 1. Com o dente ainda hidratado e antes de qualquer coisa escolhemos a cor da resina tomando como referência o canino, pois é o dente mais corado, devido à grande formação de dentina reacional (dentina terciária); Seleção da cor Devemos escolher o tipo de resina para a tal situação e consequentemente sua cor. As resinas apresentam dois tipos de indicação, a que substitui dentina, responsável pela opacidade e resistência da restauração e a que substitui esmalte, responsável pela translucidez e pelo polimento da resina. A resina artificial de dentina e a resina artificial de esmalte apresentam dois sistemas de cores: Matiz: A matiz é a cor base do dente, referente ao esmalte, que é classificada em 4 letras: A – Marrom B – Amarelo C – Cinza D – Vermelho Amarronzado Croma: O croma indica intensidade da cor da matiz, é referente à dentina e é indicado por números onde, quanto maior a numeração, mais escura a pigmentação. A pigmentação varia de 1 a 5 em matiz A e de 1 a 4 nas demais. A escolha será feita com o auxílio de uma escala de cores (escala Vita) da seguinte maneira: Se eu defini que a cor do canino é A4, a cor da dentina será a mesma, A4, e a cor do esmalte sempre um croma a menos que a cor que defini a partir do canino, nesse caso, A3 dando um efeito óptico à incidência da luz. 2. Realizaremos o isolamento relativo da região com o auxílio de roletes de algodão em todo o vestíbulo bucal. Após isso, para facilitar a visualização da área a ser restaurada, lançamos mão do uso de um abridor bucal; 3. Realizamos o biselamento vestibular no ângulo cavo-superficial do remanescente dentário com uma ponta diamantada de número 2200 criando um ângulo de aproximadamente 45° a 60° em relação ao longo eixo do dente e com uma extensão de aproximadamente de 2 a 3mm. A funcionalidade desse bisel vestibular é aumentar a retenção da restauração; diminuir a microinfiltração e principalmente melhorar a estética diminuindo a percepção entre a área de transição entre dente e restauração; Resina Composta 4. Realizamos o chanferete na face lingual do remanescente dentário com uma fresa de número 2135, com metade da espessura da ponta ativa e extensão aproximada de 1 a 1,5mm. A funcionalidade desse chanferete é aumentar a retenção da restauração; diminuir a microinfiltração e principalmente aumentar a resistência com um volume suficiente de material para evitar a fratura a contatos oclusais; 5. Realizamos a profilaxia do dente e de seus vizinhos, protegemos os dentes vizinhos e aplicamos ácido fosfórico à 37% no esmalte durante 30 segundos e 15 segundos em dentina (se houver exposição). Lavamos o dente durante 60 segundos, retiramos o excesso de umidade com um papel absorvente ou bolinha de algodão; OBS.: O tempo de lavagem deve ser o dobro do tempo de aplicação do ácido, pois assim retiramos o ácido e a sílica que por ventura pode ficar nas microrretenções do esmalte ou nas microporosidades de dentina. 6. Aplicamos o adesivo de com o auxílio de um microblush na área de fratura do remanescente, bisel vestibular e chanferete lingual de forma ativa, esfregando o microblush embebido em líquido adesivo durante 10 segundos, secando com jato de ar durante 5 seg. Repetir etapa mais 2 vezes, secando antes, as cerdas do microblush e fotopolimerizar ao final da terceira vez por 20 segundos; OBS.: Devemos realizar a aplicação de forma ativa três vezes para que o adesivo incorpore nas estruturas dentárias; A função do jato de ar a cada aplicação de adesivo é eliminar o solvente e a água. A eliminação de água é importante porque evita que essa água permaneça em abundância lá e degrade a camada híbrida que será formada. 7. Fazemos uma concha com a matriz usando como suporte a face lingual do dente. Colocamos a resina translucente ou incisal em posição, dando o formato do dente e fotopolimerizamos por 20 segundos. Estará formada uma película por lingual de resina, já no formato do dente que nos auxiliará e guiará durante o restante da restauração;8. Após a confecção da camada lingual de resina do referido dente, incrementamos uma camada de resina artificial de dentina, de modo que ela se estenda da metade do bisel vestibular, envolvendo os terços cervical e médio e vá até o início do terço incisal. Acomodamos com o auxílio das espátulas e um pincel. Faremos na região do início do terço incisal a confecção de três mamelos, fotopolimerizando posteriormente durante 40 segundos; OBS.: A incrementação da resina de dentina é uma etapa importante das restaurações anteriores, do ponto de vista estético. A falta de espessura nessa camada proporcionará menos opacidade ao dente, ou seja, não terá um aspecto de dente natural, “incorpado”, já que uma menor camada de resina artificial de dentina, proporciona menor opacidade e como consequência maior passagem de luz, deixando o dente mais transluzente. Da mesma forma, uma espessura excessiva de resina de dentina deixa o dente muito opaco e com aspecto “mais escuro”. 9. Sobre a resina de dentina, aplicaremos do ângulo cavo-superficial do bisel (da borda de transição entre bisel e dente) até a borda incisal a resina artificial de esmalte, cobrindo toda resina de dentina em todos os sentidos (mésio-distal e cérvico-incisal). Colocamos com auxílio das espátulas de inserção e manipulação de resina e principalmente com o auxílio do pincel, acomodando a resina e dando textura a sua superfície. Após o término deste procedimento fotopolimerizamos a resina durante 40 segundos; Luis Augusto Barros Dentística II 10. Prosseguiremos aos passos finais dando acabamento e polimento. Inicialmente retiramos os excessos grosseiros das proximais com uma lâmina de bisturi n. 12; ajuste anatômico e acabamento final das proximais com tiras de lixa de poliéster; 11. Remoção de excessos finos e alisamento inicial da resina com discos de lixa flexíveis de granulação média e grossa; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes com pontas de borracha abrasiva; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes e alisamento final da resina com discos de lixa flexíveis de granulação fina e ultrafina; 12. Polimento com discos de pelo de cabra, discos de feltro associados a pasta abrasiva para brilho final; 13. Retiramos o isolamento relativo e o abridor bucal. Caso 2 – Técnica da Matriz de Silicona Paciente de 23 anos de idade, do gênero masculino, melanoderma possui duas restaurações insatisfatórias do ponto de vista de adaptação e estética no dente 11 e 21. Resolveu-se, trocar as restaurações. Em função da extensão das restaurações, optou-se pela técnica da com matriz de silicona. • Sequência clínica: 1. Com o dente ainda hidratado e antes de qualquer coisa escolhemos a cor da resina tomando como referência o canino, pois é o dente mais corado, devido à grande formação de dentina reacional (dentina terciária); 2. Para realizar a confecção da matriz de silicona, manipulamos uma porção de silicona densa, fazemos um rolete e o colocamos na superfície incisiva, acomodando vagarosamente com a ponta dos dedos sobre as superfícies vestibular e palatina. Após a presa, retiramos e cortamos um desses moldes transversalmente (ao meio) separando parte vestibular do molde de parte lingual; OBS.: Utilizaremos a parte lingual que servirá como matriz para a confecção da parede palatina com resina transluscente ou incisal. 3. Realizaremos o isolamento relativo da região com o auxílio de roletes de algodão em todo o vestíbulo bucal. Após isso, para facilitar a visualização da área a ser restaurada, lançamos mão do uso de um abridor bucal; 4. Realizamos o biselamento vestibular no ângulo cavo-superficial do remanescente dentário com uma ponta diamantada de número 2200 criando um ângulo de aproximadamente 45° a 60° em relação ao longo eixo do dente e com uma extensão de aproximadamente de 2 a 3mm. A funcionalidade desse bisel vestibular é aumentar a retenção da restauração; diminuir a microinfiltração e principalmente melhorar a estética diminuindo a percepção entre a área de transição entre dente e restauração; 5. Realizamos o chanferete na face lingual do remanescente dentário com uma fresa de número 2135, com metade da espessura da ponta ativa e extensão aproximada de 1 a 1,5mm. A funcionalidade desse chanferete é aumentar a retenção da restauração; diminuir a Resina Composta microinfiltração e principalmente aumentar a resistência com um volume suficiente de material para evitar a fratura a contatos oclusais; 6. Realizamos a profilaxia do dente e de seus vizinhos, protegemos os dentes vizinhos e aplicamos ácido fosfórico à 37% no esmalte durante 30 segundos e 15 segundos em dentina (se houver exposição). Lavamos o dente durante 60 segundos, retiramos o excesso de umidade com um papel absorvente ou bolinha de algodão; 7. Aplicamos o adesivo de com o auxílio de um microblush de forma ativa, esfregando o microblush embebido em líquido adesivo durante 10 segundos, secando com jato de ar durante 5 seg. Repetir etapa mais 2 vezes, secando antes, as cerdas do microblush e fotopolimerizar ao final da terceira vez por 20 segundos; 8. Pegamos a porção palatina do guia de silicona, levamos à boca do paciente e fazemos uma marcação para saber o limite entre dente e a futura restauração. Retiramos novamente o molde da boca do paciente e vamos acomodando a resina transluscente ou incisal na região referente a restauração, estendendo um pouco acima do limite em direção ao dente. Essa resina deve estar bem acomodada, com uma boa espessura, lisa e não ultrapassar os limites incisal, mesial e distal; 9. Levamos novamente o guia matriz de silicona, agora com a resina acomodada, em posição na boca do paciente e em seguida fotopolimerizamos por 40 segundos; 10. Após a confecção da camada lingual de resina do referido dente, incrementamos uma camada de resina artificial de dentina, de modo que ela se estenda da metade do bisel vestibular, envolvendo os terços cervical e médio e vá até o início do terço incisal. Acomodamos com o auxílio das espátulas e um pincel. Faremos na região do início do terço incisal a confecção de três mamelos, fotopolimerizando posteriormente durante 40 segundos; 11. Sobre a resina de dentina, aplicaremos do ângulo cavo-superficial do bisel (da borda de transição entre bisel e dente) até a borda incisal a resina artificial de esmalte, cobrindo toda resina de dentina em todos os sentidos (mésio-distal e cérvico-incisal). Colocamos com auxílio das espátulas de inserção e manipulação de resina e principalmente com o auxílio do pincel, acomodando a resina e dando textura a sua superfície. Após o término deste procedimento fotopolimerizamos a resina durante 40 segundos; 12. Prosseguiremos aos passos finais dando acabamento e polimento. Inicialmente retiramos os excessos grosseiros das proximais com uma lâmina de bisturi n. 12; ajuste anatômico e acabamento final das proximais com tiras de lixa de poliéster; 13. Remoção de excessos finos e alisamento inicial da resina com discos de lixa flexíveis de granulação média e grossa; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes com pontas de borracha abrasiva; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes e alisamento final da resina com discos de lixa flexíveis de granulação fina e ultrafina; 14. Polimento com discos de pelo de cabra, discos de feltro associados a pasta abrasiva para brilho final; 15. Retiramos o isolamento relativo e o abridor bucal. Luis Augusto Barros Dentística II Caso 3 – Restauração Classe V Paciente leucoderma, 54 anos,sexo masculino, apresentou-se à clínica integrada queixando- se de sensibilidade severa na região dos pré-molares direito. Ao exame clínico constatou-se a presença de lesões cervicais nos dentes 24 e 25. Na anamnese constatou-se que o paciente exercia força excessiva durante a escovação. Utilizando ambos, constatou-se tratar de uma lesão cervical de abrasão. • Sequência clínica: 1. Realizamos a tomada de cor; 2. Realizamos a profilaxia dos referidos dentes e seus adjacentes; 3. Realizamos a técnica anestésica terminal infiltrativa dos dentes 24 e 25; 4. Realizamos isolamento relativo com roletes de algodão, afastador bucal e fio retrator; OBS.: O fio retrator além de afastar a margem da gengiva, ajuda na absorção do fluido presente no sulco gengival, sendo considerado um objeto de controle de umidade e isolamento também. Para colocar o fio retrato dentro do sulco gengival, contamos com o auxílio de uma espátula de inserção número 1, começando de uma das faces proximais. 5. Realizamos um leve preparo mecânico das paredes pulpar e axial dos dentes com o auxílio da ponta diamantada 1014; 6. Aplicamos ácido fosfórico à 37% no esmalte durante 30 segundos e 15 segundos em dentina. Lavamos o dente durante 60 segundos, retiramos o excesso de umidade com um papel absorvente ou bolinha de algodão; 7. Aplicamos o adesivo de com o auxílio de um microblush em esmalte e dentina de forma ativa, esfregando o microblush embebido em líquido adesivo durante 10 segundos, secando com jato de ar durante 5 seg. Repetir etapa mais 2 vezes, secando antes, as cerdas do microblush e fotopolimerizar ao final da terceira vez por 20 segundos; 8. Estratificamos a resina forrando a cavidade com resina flow, fotopolimerizando por 20 segundos, aplicando resina artificial de dentina, fotopolimerizando por 40 segundos e aplicando resina artificial de esmalte e fotopolimerizando por 40 segundos; 9. Remoção de excessos finos e alisamento inicial da resina com discos de lixa flexíveis de granulação média e grossa; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes com pontas de borracha abrasiva; remoção de pequenos riscos e imperfeições remanescentes e alisamento final da resina com discos de lixa flexíveis de granulação fina e ultrafina; 10. Polimento com discos de pelo de cabra, discos de feltro associados a pasta abrasiva para brilho final; 11. Retiramos o fio de afastamento gengival, os roletes de algodão e o abridor bucal, nessa sequência. Resina Composta