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FLEXÃO SIMPLES NA RUÍNA: TABELAS – CAPÍTULO 6 Libânio M. Pinheiro, Cassiane D. Muzardo, Sandro P. Santos, Artur L. Sartorti 13 março 2016 FLEXÃO SIMPLES NA RUÍNA: TABELAS O emprego de tabelas facilita muito o cálculo de flexão simples em seção retangular. Neste capítulo será revisto o equacionamento na flexão simples, com o objetivo de mostrar a obtenção dos coeficientes utilizados nas tabelas, além de mostrar o uso dessas tabelas. 6.1 EQUAÇÕES DE EQUILÍBRIO Para o dimensionamento de peças na flexão simples, considera-se que as barras que constituem a armadura estão agrupadas, e se encontram concentradas no centro de gravidade dessas barras (Figura 6.1). d h d' d" A A 's s bw c =3,5‰ Md 3 2 1 Corte da seção transversal Rs ' Vista lateral s s ' deformação Diagrama de tensão Diagrama de x y=0,8x cd Rc Rs y/2 y/2 d Figura 6.1 - Resistências e deformações na seção No Capítulo 5 foram deduzidas as equações para o dimensionamento conforme quatro situações. Situação i) Concretos C20 a C50 com seções onde a borda comprimida tem largura crescente ou constante 068,0 '' sssscdxw AAfdb (1i) )'(4,0168,0 '' 2 ddAfdbM ssxcdxwd (2i) y = x USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.2 Situação ii) Concretos C20 a C50 com seções onde a borda comprimida tem largura decrescente 0612,0 '' sssscdxw AAfdb (1ii) )'(4,01612,0 '' 2 ddAfdbM ssxcdxwd (2ii) Situação iii) Concretos C55 a C90 com seções onde a borda comprimida tem largura crescente ou constante 0 200 )50( 185,0 400 )50( 8,0 '' ssss ckck cdxw AA ff fdb (1iii) )'( 800 )50( 4,01 200 )50( 185,0 400 )50( 8,0 '' 2 ddA fff fdbM ss x ckckck cdxwd (2iii) Situação iv) Concretos C55 a C90 com seções onde a borda comprimida tem largura decrescente 0 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,0 '' ssss ckck cdxw AA ff fdb (1iv) )'( 800 )50( 4,01 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,0 '' 2 ddA fff fdbM ss x ckckck cdxwd (2iv) 6.1.1 Armadura Simples No caso de armadura simples, considera-se A’s = 0; portanto, as equações 1i a 2iv se reduzem a: Situação i 068,0 sscdxw Afdb (1i*) xcdxwd fdbM 4,0168,0 2 (2i*) Situação ii 0612,0 sscdxw Afdb (1ii*) xcdxwd fdbM 4,01612,0 2 (2ii*) USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.3 Situação iii 0 200 )50( 185,0 400 )50( 8,0 ss ckck cdxw A ff fdb (1iii*) x ckckck cdxwd fff fdbM 800 )50( 4,01 200 )50( 185,0 400 )50( 8,02 (2iii*) Situação iv 0 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,0 ss ckck cdxw A ff fdb (1iv*) x ckckck cdxwd fff fdbM 800 )50( 4,01 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,02 (2iv*) 6.1.2 Armadura Dupla Para armadura dupla tem-se A’s 0, sendo válidas as equações 1i a 2iv. Quando, por razões construtivas, se tem uma peça cuja seção não pode ser aumentada, e seu dimensionamento não é possível nos domínios 2 e 3, resultando portanto no domínio 4, torna-se necessária a utilização de armadura dupla, uma parte da qual se posiciona na zona tracionada, e outra parte, na zona comprimida da peça, ajudando o concreto a resistir compressão. O objetivo da armadura dupla, neste caso, e fazer com que a seção permaneça no domínio 3. Portanto, para o cálculo dessa armadura, limita-se o valor de x em x34 e calcula-se o momento fletor máximo (M1) que a peça resistiria com armadura simples. Com este valor, calcula-se a correspondente área de aço tracionado (As1). Como este valor do momento (M1) é ultrapassado, calcula-se uma seção fictícia com armadura dupla e sem concreto, parte comprimida e parte tracionada, para resistir o restante do momento (M2), obtendo-se a parcela As2 da armadura tracionada e a armadura A’s comprimida. No final, somam-se as duas armaduras tracionadas, calculadas separadamente. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.4 6.2 EQUAÇÕES DE COMPATIBILIDADE Para a resolução das equações de equilíbrio de forças e de momentos, necessita-se de equações que relacionem a posição da linha neutra e as deformações no aço e no concreto. Tais relações podem ser obtidas com base na Figura 6.2. c ' s d x d' s Figura 6.1 – Deformações no concreto e no aço )'dx( ' )xd(x ssc )d/'d( ' )1( x s x s x c (3) sc c x (3a) x xc s )1( (3b) x xc s )d/'d( ' (3c) 6.3 TABELAS PARA ARMADURA SIMPLES Para facilitar o cálculo feito manualmente, pode-se desenvolver tabelas com coeficientes que reduzirão o tempo gasto no dimensionamento. Esses coeficientes serão vistos a seguir. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.5 6.3.1 Coeficiente kc Por definição: d c M bd k 2 Situação i xcdxd c fM bd k 4,01.68,0 12 (4) Situação ii xcdxd c fM bd k 4,01.612,0 12 (5) Situação iii x ckckck cdx d c fff f M bd k 800 )50( 4,01 200 )50( 185,0 400 )50( 8,0 12 (6) Situação iv x ckckck cdx d c fff f M bd k 800 )50( 4,01 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,0 12 (7) Portanto, kc = f (x, fcd), sendo fcd = fck / c 6.3.2 Coeficiente ks Este coeficiente é definido pela expressão: d s s M dA k Situação i sscdxw Afdb 68,0 USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.6 xssd dAM 4,01 xsd s s M dA k 4,01 1 Como nos domínios 2 e 3 yds f em todas as quatro situações. xydd s s fM dA k 4,01 1 (8) Situação ii sscdxw Afdb 612,0 xssd dAM 4,01 xydd s s fM dA k 4,01 1 (9) Situação iii ss ckck cdxw A ff fdb 200 )50( 185,0 400 )50( 8,0 x ck ssd f dAM 800 )50( 4,01 x ck yd d s s f f M dA k 800 )50( 4,01 1 (10) Situação iv ss ckck cdxw A ff fdb 200 )50( 1765,0 400 )50( 8,0 x ck ssd f dAM 800 )50( 4,01 x ck yd d s s f f M dA k 800 )50( 4,01 1 Portanto, ks = f (x, s); nos domínios 2 e 3. USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.7 Os valores de kc e de ks encontram-se no Capítulo 6a. 6.4 TABELAS PARA ARMADURA DUPLA Assim como para armadura simples, também foram desenvolvidas tabelas para facilitar o cálculo de seções com armadura dupla. De acordo com a decomposição da seção (Figura 6.3), tem-se: d' b A A A' M = M + M1 2 + Seção 1 Seção 2 dh d - d' A A's s d s1 s2 s Figura 6.2 – Decomposição da seção para cálculo com armadura dupla Seção 1: Resiste ao momento máximo com armadura simples. M1 = b d² / kclim, em que kclim é o valor de kc para x = x34 As1 = kslim M1 / d Seção 2: Seção sem concreto que resiste ao momento restante. M2 = Md – M1 M2 = As2 fyd (d – d’) = A’s ’s (d – d’) 6.4.1 Coeficiente ks2 Da equação de equilíbrio da seção 2, resulta: USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.8 d'd M f 1 A 2 yd s2 Fazendo yd s2 f 1 k , tem-se: d'd M kA 2s2s2 , com ks2 = f (fyd) 6.4.2 Coeficiente k’s De modo análogo ao do item anterior, obtém-se: 'dd M ' 1 'A 2 s s Fazendo s s ' 1 k' , tem-se: 'dd M 'k'A 2ss , com k’s = f (’s) Nota-se que k’s depende da tensão que se desenvolve na armadura A’s. Seja a Figura 6.4 na qual é representado o diagrama de deformações da seção transversal no limite dos domínios 3-4. As' As cu s' 0 xL im 34 yd s = d' d h Figura 6.4 – Deformações na seção transversal no limite 3-4 USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.9 Observa-se que a deformação 's pode ser obtida por relação de triângulos em função de cu . A Tabela 6.1 apresenta os valores de cu para os diversos concretos. Tabela 6.1 – Valores de cu . ckf (MPa) 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 )( 000cu 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,1 2,9 2,7 2,7 2,6 2,6 2,6 2,6 34 34 ' 34 ' 34 )'( ' Lim Limcu s Lim s Lim cu x dx dxx Sendo d xLim xLim 34 34 tem-se: d d d dd xLim cu cu xLim xLimcu s 3434 34 ' ')'( 6.4.3 Armadura Total As tabelas com os coeficientes s2k e sk' encontram-se no Capítulo 6a. Armadura tracionada: As = As1 + As2 Armadura comprimida: A’s 6.5 EXEMPLOS Apresentam-se alguns exemplos sobre o cálculo de flexão simples. 6.5.1 EXEMPLO 1 Calcular a área de aço (As) para uma seção retangular. Dados: Concreto C25, aço CA-50, b = 30 cm, h = 45 cm, Mk = 170 kN.m, h – d = 4 cm USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.10 Solução: d = 45 – 4 = 41 cm kc = bd² = 30 . 41² _ = 2,1 ks = 0,029 Md 1,4 . 17000 ks = As Md As = 0,029 . 1,4 . 17000 / 41 As = 16,83 cm² 6.5.2 EXEMPLO 2 Mesma seção do exemplo anterior, para Mk = 309 kN.m e armadura dupla. Dados: d’ = 4 cm, x = x34 cmkN k bd M c .28017 8,1 4130 2 lim 2 1 21 1 18,21 41 28017 031,0 cm d M kA ss M2 = Md – M1 = 1,4 . 30900 – 28017 = 15243 kN.cm 22 22 48,9 441 15243 023,0 ' cm dd M kA ss 248,9'023,0'09,0 45 4' cmsAk h d s As = As1 + As2 = 21,18 + 9,48 = 30,66 cm² As : 6 Ø 25 (Ase = 30 cm²) 2 camadas 8 Ø 22,2 (Ase = 31,04 cm²) 2 camadas A’s : 2 Ø 25 (Ase = 10 cm²) 3 Ø 20 (Ase = 9,45 cm²) USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Flexão simples na ruína: tabelas 6.11 Solução adotada (Figura 6.5): Figura 6.5 – Detalhamento da seção retangular QUESTIONÁRIO 1) Quais as equações de equilíbrio para armadura simples em seção retangular? 2) Como se determinam as expressões de kc e ks para elaboração das tabelas? 3) Como se decompõe uma seção retangular com armadura dupla para cálculo usando tabelas? Qual o significado das seções 1 e 2? 4) Como se determina o momento na seção 1 e a correspondente armadura As1? 5) Como se calcula M2? 6) Como são obtidos os valores de ks2 e As2? 7) E de k’s e A’s? 8) Como se obtém a armadura total, tracionada e comprimida? REFERÊNCIA PINHEIRO, L. M. (2004). Tabelas gerais. Disponíveis no site: www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto. Acesso em 19 abril 2012.
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