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Tópicos WALTZ (1979) - Teoria da Política Internacional

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Tópicos WALTZ, Kenneth (1988 [1979]). Teoría de la Política Internacional. Capítulos 1-6.
WALTZ, Kenneth N. Teoría de la Política Internacional. Buenos Aires: Grupo Editorial Latinoamericano, 1988. 
Capítulo 1 – Leis e Teorias
* Leis entendidas como relações de causalidade sistematicamente verificadas ao longo do tempo, de modo a permitir uma inferência coerente da probabilidade de sua continuidade (p. 9-10). 
* A mera estatística e acúmulo infinito de dados e ‘experimentos’ é insuficiente para a construção do conhecimento (negação do método indutivista e do empiricismo). É necessário organizar e selecionar esses dados de alguma forma, de modo a obter resultados concretos deles. Esse papel de organização é desempenhado pela teoria (p. 9-14).
* Os dados e experiências permitem descrever o mundo, mas apenas a teoria pode explicar o mundo. São mais que conjuntos de leis, são enunciações que as explicam. Leis são “descobertas” a partir da observação e experimentação. Teorias são “inventadas” a partir da construção de noções teóricas (conceitos e suposições, corretas ou não) para tentar explicar o funcionamento dessas leis (p. 15). As leis são permanentes, as teorias podem ser falhas e são substituíveis por outras mais adequadas para a explicação das leis (p. 16). “As leis são ‘fatos de observação’; as teorias são os ‘processos especulativos introduzidos para explicá-los” (p. 16)
* Objetivo da teoria, ao explicar, também é tornar possível o controle (mais que a mera predição, possibilitada pela observação das leis) sobre os fenômenos (p. 16). 
* Nenhuma teoria, por mais acertada que seja, é capaz de representar plenamente a “realidade”. Pelo contrário, uma teoria “elegante” e de alto poder explicativo exige um certo distanciamento da realidade. É esse distanciamento que, se conduzido de maneira inteligente, permite ao teórico explicar, e não somente descrever. É pra isso que existem os modelos – para servir como parâmetro da teoria, do que ela prioriza e do que ela omite em sua explicação (e não mera descrição!) da “realidade” (p. 17).
* Assim como a indução (empiricista), a formulação de teorias permite inferir hipóteses que, se sistematicamente confirmadas, tornam-se leis (ou seja, leis não necessariamente são descobertas somente através da observação/empiricismo, podem ser ‘previstas’ pelo próprio exercício teórico) (p. 18). 
* Faz parte da função da teoria separar um determinado ‘reino’ – considerado por ela como de maior poder explicativo para um determinado fenômeno – do ‘todo’ do qual ele faz parte na “realidade”. A questão não é então se essa “separação” e o modelo teórico baseado nela é realista, mas sim se é útil, ou seja, se é capaz de explicar e fazer previsões acerca do fenômeno estudado com precisão (p. 19).
* Não existe nenhuma teoria verdadeira – a “verdade” inevitável está nas leis, e não em suas possíveis explicações – tampouco capaz de representar plenamente a “realidade”. Podem, no máximo, representar uma “realidade” priorizada por ela (p. 20).
* “Fazer” uma teoria é um ato criativo de construção de uma estrutura capaz de explicar a conexão e inter-relação entre fenômenos diversos e os possíveis resultados gerados a partir dessa conexão que, sem a teoria, não seria “notada” (p. 20-21).
* Walz determina três princípios que devem ser seguidos para uma formulação teórica que não seja vazia ou “inútil”:
(1) Utilização do método analítico da física clássica deve ser possível sobre o “objeto” investigado – ou seja, o exame da interação entre certas variáveis específicas enquanto outras se mantém constantes.
(2) Aplicação de estatísticas nos casos em que o número de variáveis for muito grande.
(3) Em caso de não ser passível das duas abordagens anteriores, o “objeto” investigado deve ser passível de um enfoque sistêmico, isto é, ser ao mesmo tempo complexo e organizado (p. 23).
* Waltz faz algumas considerações acerca da verificação de teorias, que deve se dar de acordo com 7 regras (p. 24), partindo das concepções próprias da teoria, e não das expectativas e conceitos próprios do “testador”. Também é necessário prestar atenção no fato de que o encontro de certos “equívocos” nas teorias pode ser resultado de variáveis ou hipóteses específicas, o que não necessariamente rejeita a teoria como um todo, apenas demonstra a necessidade de uma reavaliação de seus preceitos (p. 24-30). 
Capítulo 2 – Teorias Reducionistas
* Dois tipos de teoria de política internacional: (i) reducionistas – partem do nível individual ou nacional; (ii) sistêmicas – nível de análise no sistema internacional como um todo (p. 33).
* Nos enfoques reducionistas abordados no capítulo, parte-se da pressuposição de que o todo pode ser entendido a partir de suas partes, das características particulares e das interações existentes entre estas (p. 33). 
* Waltz categoriza a teoria econômica do imperialismo de Hobson e Lenin como o melhor exemplo de um enfoque simplista, não pela assertividade da análise, mas pela elegância da teoria, sua capacidade de estabelecer explicações e predições e a importância que teve posteriormente na produção de tentativas de continuidades e refutações de suas alegações (p. 35). 
* Para o autor, as teses do imperialismo de Hobson e de Lenin passam pelo primeiro “teste” de verificação (apresentam uma argumentação coerente a respeito da inter-relação entre certas variáveis [p.ex.: subconsumo interno e busca por mercados externos], a partir de uma base econômica capitalista) (p. 42). 
Falham, porém, no segundo “teste” (o estatístico), uma vez que – de acordo com Waltz – (A) as potências capitalistas imperialistas nem sempre destinaram a maior parte de sua exportação de capital para as suas colônias; (B) nem todas as potências imperialistas eram capitalistas (ex: Japão e Rússia, em suas respectivas regiões) (p. 42). Waltz argumenta ainda que o imperialismo seria um fator muito mais antigo que o capitalismo (o autor parte, porém, de uma concepção de imperialismo diferente da de Lenin. O próprio Lenin reconhece que certas formas de imperialismo podem ser verificadas desde pelo menos a Roma Antiga, mas que as formações econômico-sociais de cada momento histórico devem ser consideradas na análise, o que distinguiria a sua concepção de imperialismo enquanto predomínio do capital financeiro/monopólio). Ainda assim, para Waltz, as teorias de Hobson e Lenin não são suficientes para explicar o “imperialismo” enquanto fenômeno amplo da política internacional justamente por levarem em consideração suas manifestações “contemporâneas”, e não sua replicação sistemática ao longo da história no sistema internacional (p. 42-43). 
A “simples” explicação do imperialismo a partir de fatores internos (regimes capitalistas caracterizados pelo monopólio e predomínio do K financeiro) seria insuficiente, por excluir os fatores externos relacionados com o fenômeno (p. 43). Em contraposição, Waltz propõe que uma explicação do imperialismo enquanto política de poder seria mais adequada, podendo abarcar os diferentes casos em que ocorreu ao longo da história – a partir de distintos regimes políticos e econômicos internos – pela existência de desequilíbrios de poder e capacidades de os “mais fortes” exportarem seus produtos e formas de governo para os países “mais fracos”, aumentando assim seu próprio poder (p. 44-45). 
* Assim, os países com a organização econômica (seja ela mercantilista, feudalista, capitalista ou socialista) mais eficiente em uma determinada época e território será aquele que exercerá o “imperialismo do grande poder”, pelo fato de que o mais forte tende a dominar o mais fraco (p. 45-46).
* Ao longo da argumentação que faz ao longo do capítulo contra as perspectivas imperialistas e neocolonialistas – de Hobson à Galtung – Waltz parece se prender demasiadamente a “realidades fixas”, desqualificando tais perspectivas teóricas por tratarem como “novas” certas tendências e fatos que existem há muito tempo (ex: nações ricas e nações pobres e a desigualdade existem desde muito antesdo capitalismo). Assim, a impressão que se tem é que o autor nega as renovações, reestruturações e reconfigurações das formas de exercer domínio e exploração nas relações internacionais (certas formas de domínio econômico e militar na Antiguidade, outras na Idade Média, outras na modernidade/capitalismo, outras em distintas etapas do capitalismo [imperialista, neocolonialista etc.]) e daí por diante, desqualificando análises que utilizam algumas dessas “reconfigurações” como ponto de partida por supostamente não darem conta do “todo” que o fenômeno que estudam representa e é expressado (de maneira supostamente “fixa”, explicado pelas mesmas tendências e padrões) ao longo da História. Ok o fato de a desigualdade entre nações ricas e pobres existir há eras. Não significa que se deve desqualificar estudos e análises de como elas se manifestam especificamente na contemporaneidade (que formas específicas manifestaram na “fase imperialista”, na neocolonialista etc.). 
* Para Waltz, não há correlação nenhuma entre a riqueza de uns países e a pobreza de outros. O que explica a riqueza dos países desenvolvidos é a sua capacidade de uso da tecnologia e organização da economia em escala nacional (p. 54). (Sério que o cara da “teoria política internacional” ignora a desigualdade histórica sistêmica decorrente do colonialismo/imperialismo capitalista e suas consequências para a “distribuição de poder” entre os países no SI contemporâneo?).
* Waltz nega que a união entre países pobres possa trazer-lhes benefícios. Para o autor, a regra mais verificável é a de que “os que tem, podem”, enquanto que “a miséria pode gostar de ter companhia, mas quando os pobres e débeis unem as suas mãos, pouco ganham – se é que ganham algo – em prosperidade e força” (p. 57) (tom pejorativo).
* O autor desqualifica especialmente as abordagens neocoloniais porque, em sua visão, seriam mais esforços para dar novos significados aos conceitos da teoria econômica do imperialismo e, assim, “salvá-la”, do que um esforço de construção teórica em si mesmo. Seriam uma tentativa de modelar conceitos equivocados para fazê-los “caber” nos novos acontecimentos observados (p. 57-58).
Capítulo 3 – Enfoques e Teorias Sistêmicos
* Waltz distingue o enfoque analítico do enfoque sistêmico. O analítico, baseado n’“O” método da física clássica, busca explicar as relações e interações entre variáveis interdependentes em uma estrutura permanente, cujas variáveis não geram impactos significativos nas “partes” analisadas. Tal método seria inapropriado para pensar a política internacional, pois o nível sistêmico – isto é, a ‘estrutura do sistema internacional’ – é uma variável interveniente forte: influencia e determina consideravelmente as inter-relações entre as “partes” (p. 62-63). 
* Um sistema é um conjunto de unidades que interagem entre si. Apresenta, portanto, uma estrutura na qual essas unidades interagem, sendo que a estrutura é algo diferente – e regido por ‘forças’ diferentes – que as unidades (p. 63-64).
* Para Waltz (diferentemente do que geralmente alegam os seus críticos), tanto as estruturas influenciam o comportamento das unidades quanto as unidades influenciam a composição da estrutura (p. 64). 
* Waltz apresenta uma refutação dos modelos sistêmicos de Rosencrance (p. 65-68); Stanley Hoffmann (p. 68-77) e Morton Kaplan (p. 77-89). 
Capítulo 4 – Teorias Sistêmicas e Reducionistas
* As teorias reducionistas são aquelas que buscam explicar a conduta das partes, em nível nacional ou subnacional, identificando este como o caminho para entender a política internacional (p. 91).
* Para o autor, não seria possível compreender a política mundial analisando características internas dos Estados. Tais características são múltiplas, instáveis, excessivamente e ‘irracionalmente’ mutáveis, não podem servir como base para a inferência de nenhuma regularidade ou generalização verdadeiramente válida que possa levar a uma construção teórica relevante (p. 98).
 * Em contrapartida, Waltz afirma que a “textura” da política internacional segue sendo consideravelmente constante, gerando ao longo dos milênios padrões e regularidades permanentes, independentemente das profundas alterações ocorridas nas políticas domésticas dos Estados ao longo desses mesmos séculos (p. 99). 
* Fator explicativo para essa permanência observada por Waltz seria a continuidade, ao longo dos milênios, da condição de anarquia na política internacional (p. 100). 
* Waltz cita o exemplo da guerra para desqualificar argumentos e perspectivas reducionistas. Seria errôneo atribuir empreendimentos bélicos a determinadas formas de organização política, cultural, ideológica, institucional ou econômica, uma vez que ao longo da História distintos “arranjos” ‘socio-político-econômicos’ entraram em guerra entre si (p. 101). 
* Uma teoria de política internacional só pode ser bem-sucedida se possuir uma definição acertada de estrutura política internacional e de seus efeitos causais nas interações entre as unidades, bem de como mudariam esses efeitos mediante a possibilidade de mudança de estrutura (p. 105). 
* Como exemplo, Waltz cita o caso da Europa Ocidental. Por muito tempo, a estrutura do sistema internacional esteve organizada de modo multipolar. Nesse cenário, a possibilidade de cooperação entre os Estados europeus era quase nula – a lógica era de soma-zero: nenhum Estado se comprometeria com esquemas de “benefício mútuo”, uma vez que o benefício de outro é necessariamente visto como uma perda para si mesmo. Com a transição para uma estrutura bipolar cindida entre EUA e URSS, os países da Europa Ocidental teriam maior “espaço” e tendência à cooperação. O medo de que os benefícios de um Estado específico da região pudesse ser convertido em força militar para atacar os demais se tornou infundado, uma vez que a “sobrevivência” e a “segurança” foram diretamente transferidos para a alçada da política das grandes potências (p. 105-107). Foi essa mudança de estrutura da política internacional que possibilitou um tipo de interação diferente entre os Estados da Europa Ocidental, culminando em sua integração (impossível na estrutura multipolar anterior) (p. 107). 
* Assim, uma abordagem estrutural permite compreender e explicar as “pressões” as quais estão submetidos os Estados em suas interações. Como esses Estados vão reagir a tais pressões é uma questão que exige a compreensão de suas disposições internas, ou seja, um enfoque reducionista (p. 107). 
* São coisas distintas, de modo que uma teoria sistêmica de política internacional não exige uma teoria de política externa. O objetivo é demonstrar as principais condicionantes que influem sobre a relação entre os Estados. Como cada Estado vai reagir a tais condicionantes é uma questão que não interessa à abordagem sistêmica como a proposta por Waltz, e sim aos estudos de política exterior (p. 108). 
* Para Waltz, tanto a teoria quanto a história da política internacional se escrevem em termos das grandes potências de uma época (p. 109). Isso porque a política internacional é um sistema de autoajuda, no qual os Estados mais poderosos definem as ‘regras do jogo’ para os demais e para si mesmos. A estrutura do sistema é gerada pela interação entre as suas “partes principais” (mais poderosas, com “mais capacidades”). “Seria [...] ridículo construir uma teoria política internacional baseada na Malásia ou na Costa Rica [...]. A preocupação da política internacional como sistema implica uma concentração nos Estados que causam maiores diferenças. Uma teoria geral da política internacional se baseia necessariamente nos grandes poderes” (p. 109). 
* Tendo em vista a “modinha” em torno do termo “estrutura” nas ciências sociais, Waltz vê a necessidade de delimitar mais precisamente o que entende pelo termo: um conjunto de condições limitativas. Não é algo “observável”, “visto”. Tampouco algo que “age” no sentido de influenciar a ação das unidades. A influência que exerce se dá de maneira indireta (p. 111). Nesse sentido, ocorre principalmentede duas formas: pela socialização – isto é, imposição de padrões que moldam e limitam a conduta – e pela rivalidade/competição, que exerce efeito semelhante (p. 114). Ambas geram uma redução da variedade de condutas e resultados (p. 116). Assim, a estrutura influencia sem determinar (p. 117). 
* Necessidade de se estudar a estrutura de maneira separada das unidades; funciona em seus próprios termos, por si só e de acordo com as suas leis, e uma teoria sistêmica da política internacional deve levar isso em consideração (p. 117). 
Capítulo 5 – Estruturas Políticas
* Waltz começa o capítulo argumentando a favor da singularidade do sistema político internacional com relação a outros “sistemas internacionais”, como o econômico e o social (p. 119). 
* Para sustentar o argumento, o autor retorna à sua concepção de sistema como um conjunto de estrutura e unidades interatuantes. Nessa composição, a estrutura seria o componente sistêmico que possibilita pensar no sistema como um todo. Sendo assim, o autor dedica a primeira seção do capítulo ao conceito de estrutura social, para depois tentar aplicá-lo à política nacional e internacional (p. 119). 
* Em primeiro lugar, uma noção adequada de estrutura deve se abstrair dos atributos particulares das unidades que nela se relacionam. No que tange às unidades, o que importa não é como elas interatuam entre si (base em propriedades ‘individuais’ das unidades), mas sim como elas estão dispostas no interior da estrutura (base em propriedades do próprio sistema) (p. 120). 
* Uma vez posta a definição de estrutura enquanto disposição – ou ordenamento – das partes de um sistema, na segunda seção do capítulo, Waltz busca entender a estrutura dos sistemas políticos domésticos, para depois tentar aplicá-la à política internacional. Assim, em sociedades domésticas, o primeiro (1) princípio de ordenamento da estrutura é hierárquico: as unidades – instituições e agências – se organizam em relações de supra/subordinação (p. 122). O segundo (2) é a especialização de funções de cada uma das unidades, diferente entre cada país (ex: sistema parlamentarista e presidencialista) (p. 123). O terceiro (3) são as capacidades relativas, isto é, a distribuição de capacidades (o que exatamente o autor entende por isso?) entre as unidades, independentemente de suas funções originais (p. 123). 
* Na terceira seção, Waltz busca aplicar esses três termos à esfera da política internacional:
1. Princípios Ordenadores:
* Ao contrário dos sistemas políticos domésticos, os sistemas políticos internacionais são decentralizados e anárquicos (p. 132). 
* Não existem atores com autoridade sistêmica legitimada. As OIs exigem respaldo dos principais Estados. Para Waltz, portanto, não haveria no sistema político internacional relações de supra/subordinação (p. 132).
* Como conceber uma ordem internacional na ausência de um ordenador? (p. 133) Explicação a partir de uma analogia à microeconomia (mais especificamente do laissez-faire de Adam Smith): os sistemas políticos internacionais – como o mercado – funcionam através da coação de unidades auto-interessadas (os Estados) e são gerados espontaneamente, a partir do momento em que há a coexistência entre essas unidades (p. 136). 
* Nesse cenário, a ação dos Estados só pode assumir a forma de autoajuda que, na simplificação confessa feita por Waltz, supõe-se que se dá em termos de luta pela sobrevivência, uma vez que não há nenhuma entidade capaz de garantir a sua segurança (p. 136-137). Essa é a ‘condicionante’ sistêmica imposta pela estrutura; como cada Estado buscará sua sobrevivência é um atributo particular de cada um (dominação mundial, aglutinação a um outro Estado, ‘auto-irrelevância’ nas grandes disputas geopolíticas etc.) e que foge à alçada da teoria política proposta por Waltz (p. 137). 
* As limitações estruturais, por si só, definem o tipo de conduta que será recompensado e o que será punido em seu interior, e as unidades são capazes de perceber isso e fazer a escolha racional de agir de acordo com essas condutas. Logo, não há necessidade de o sistema impor um sistema de conduta forçoso para que exista uma certa ‘ordem’ em seu funcionamento (p. 138). 
2. O Caráter das Unidades 
* Também de maneira distinta dos sistemas políticos domésticos, no sistema político internacional os Estados – sua unidade central – não possuem uma “especialização de funções” entre si, uma vez que não há hierarquia, tampouco relações de supra/subordinação. A anarquia exige a coordenação entre os Estados, o que por sua vez exige uma paridade de funções (p. 139). 
* Por que escolher os Estados como unidades fundamentais? Não são nem nunca foram as únicas unidades interatuantes numa estrutura internacional, mas são as mais importantes (p. 140).
* Para Waltz, a distinção entre “alta” e “baixa” política é equivocada. Os Estados utilizam meios políticos e militares para fins econômicos, e meios econômicos para fins políticos e militares (p. 141). 
* Ademais, para o autor, a política internacional se baseia em desigualdades. A estrutura internacional se define em virtude dos Estados mais poderosos. Assim, para Waltz, são os Estados que definem o cenário no qual vão se dar as relações entre si e deles com os diversos atores não-estatais. Os Estados controlam – em maior ou menor medida, mas controlam – os movimentos transnacionais e estabelecem os termos nos quais estes podem atuar (p. 141). 
* “Os Estados são as unidades cujas interações formam a estrutura dos sistemas políticos internacionais” (p. 142). 
* Por que considerar os Estados como “unidades semelhantes” se são tão diversos entre si? (p. 142). Porque todos são unidades políticas autônomas, ou seja, todos os Estados são igualmente soberanos. Isso não quer dizer que podem fazer o que quiserem, uma vez que as ações de uns podem coagir a de outros. “Ser soberano e ser dependente não são situações contraditórias”. Ser soberano, para Waltz, significa poder decidir por si só que estratégias adotar interna e externamente para garantir a sobrevivência, mesmo que as vezes as decisões impliquem em certas perdas de autonomia e liberdade (p. 143).
* Em suma, os Estados são semelhantes em relação às funções que desempenham, mas diferentes com relação às capacidades (tamanho, riqueza, poder etc.) que possuem de desempenhá-las. Dentre as funções, Waltz cita a regulação da economia e a provisão de bem-estar aos cidadãos (p. 144). 
(3) Distribuição de Capacidades: 
* Como nos sistemas internacionais não há diferença de funções, o fator que realmente distingue os Estados é a sua maior ou menor capacidade para realizar essas funções (p. 145). 
* Logo, a distinção entre sistemas políticos internacionais se dá de acordo com a quantidade de grandes potências que esse sistema possui. A mudança da estrutura dos sistemas internacionais, portanto, se dá de acordo com a mudança na distribuição das capacidades entre os Estados (p. 145).
* Na teoria de Waltz, a distribuição de capacidades é um conceito sistêmico. Não parte das características particulares de cada Estado (ideologia oficial, forma de governo, desenho do aparato institucional etc.), mas sim da comparação entre as capacidades das unidades, a partir da qual se pode estimar o poder de cada uma delas (p. 146). 
* A política de alianças entre os Estados, para Waltz, não é um critério de avaliação da estrutura do sistema político internacional. Em um sistema político doméstico multipartidário com oito partidos, estes podem se reunir em duas coalizões para as disputas eleitorais sem que o sistema deixe de ser multipartidário. Em um sistema político internacional com três grandes potências, duas delas podem se aliar contra a outra sem que o sistema deixe de ser multipolar (p. 147).
* O que importa é a ‘quantidade’ de poder de cada Estado, e não as suas ‘qualidades’ particulares (legítimo ou ilegítimo, democrático ou autoritário etc.) (p. 147). 
Capítulo 6 – Ordens Anárquicas e Equilíbrios de Poder 
* “Entre os Estados, o estado natural é o daguerra”. No sistema anárquico, os Estados podem recorrer ao uso da violência para alcançar seus objetivos a qualquer momento. Sabendo disso, todos os Estados têm que se “preparar” para não ficar à mercê dos demais (p. 151). 
* Waltz argumenta que tal possibilidade constante do uso da violência não é um atributo particular da política internacional, mas sim de toda relação entre agrupamentos humanos (p. 151-153). Entre os âmbitos da política nacional e internacional, o autor afirma que a principal diferença é que a segunda é um sistema de autoajuda, enquanto que no âmbito doméstico existem uma série de instituições legítimas para mitigar o uso “indevido” da violência (da população contra outros nichos da população ou o Estado, p. ex.) (p. 153).
* Por que a integração entre os Estado é rara? Para Waltz, a explicação seriam os motivo estruturais que limitam as possibilidades de cooperação: (i) em um sistema de autoajuda, os ganhos advindos da cooperação são vistos como mais um fator de poder para Estados potencialmente ‘rivais’. Logo, primeiramente há uma tendência a ganhos relativos – o ganho de um necessariamente é a perda de outro, e a divisão dos benefícios pode favorecer mais a uma parte do que a outra. Mesmo em casos de um possível grande ganho absoluto para dois Estados cooperantes, há o temor de como e pra quê cada um deles vai utilizar os recursos desse ‘ganho’ (possível ameaça) (p. 155). 
(ii) Todo Estado busca evitar a dependência de recursos vindos de outros Estados, ou seja, evitar a especialização e procurar a autossuficiência. Interdependência = Vulnerabilidade (p. 157). 
* Assim, “em um sistema de autoajuda, a consideração da segurança subordina os benefícios econômicos ao interesse político” (p. 158). 
* Waltz contra-argumenta com as perspectivas que afirmam que os Estados (principalmente os mais poderosos) devem colocar um suposto “interesse internacional” sobre seus interesses nacionais. Para o autor, a ação racional de um Estado é buscar seus interesses próprios, especialmente definidos em termos de garantia da própria sobrevivência (p. 159-160). 
* Impossibilidade de uma organização com autoridade na política internacional: alcance e recursos para uma administração a nível global seriam inviáveis, tendência à concentração de poder em um ‘centro’ e revolta dos países fora desse ‘centro’, sendo portanto um convite à guerra (p. 165-166). 
* (------------------------------------------------)
** Muitos exemplos da física (e ciências naturais em geral) e da microeconomia para explicar a lógica de sua teoria política internacional.

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