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FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO (FBN) Profa Giselle Fracetto Aula 8 Fixação Anual de N2 FIXAÇÃO INDUSTRIAL - Processo caro. - Tem baixo aproveitamento agronômico. - Podem poluir. - Representam de 5 a 20% do custo de produção. FIXAÇÃO BIOLÓGICA - Recurso natural renovável e passivo de manipulação. - É barato e sem impacto ambiental. - Consome em torno de 2,5% da energia da fotossíntese do planeta. - Estima-se que a vida terminaria em 30 anos se a FBN parasse. Fixação Biológica do Nitrogênio Consumo aproximado de 12 g de C para cada 1 g de N2 fixado N2 + 8H + + 16 ATP + 8e- 2NH3 + H2 + 16 ADP + 16 Pi Nitrogenase Fixação Biológica do Nitrogênio Apenas uma pequena parcela de procariotos possui a enzima NITROGENASE Capaz de reduzir o N2 para a forma inorgânica combinada NH3 Disponível para plantas e outros organismos Nitrogenase Ferro proteína: coleta a força redutora Ferro-molibdênio: coleta e reduz o substrato Mecanismos de proteção da nitrogenase contra o O2 1) Proteção respiratório: altas atividades respiratórias. Azotobacter. 2) Proteção conformacional: altas [O2] a enzima “desliga”. Azotobacter. 3) Produção de polissacarídeos extracelulares. Derxia. 4) Relação superfície/volume celular: Azotobacter tem maior tamanho em relação à média das bactérias. 5) Formação de células especializadas: heterocisto. Cianobactérias Anabaena e Nostoc. Mecanismos de proteção da nitrogenase contra o O2 Heterocistos: localização da nitrogenase. Contem somente o fotossistema I, não ocorrendo, portanto, a fotossíntese Mecanismos de proteção da nitrogenase contra o O2 6) Locomoção das células: Azospirillum e Herbaspirillum são microaerofílicas. Movimento ondulatório rápido para sítios onde a pO2 é baixa. Cultivo em meio semi-sólido. 7) Leg-hemoglobina e nodulação: alta afinidade pelo oxigênio. Mantém a [O2] baixa no meio e fornece oxigênio ao microssimbionte em taxa constante. Exemplos de Bactérias Fixadoras de Nitrogênio Vida livre Simbiontes/Associativos Aeróbias Anaeróbias Leguminosas Outras plantas Azotobacter Beijerinckia Klebsiella (algumas) Cianobactérias (algumas)* Clostridium (alguns) Desulfovibrio Bactérias púrpuras sulfurosas* Bactérias púrpuras não-sulfurosas* Bactérias verdes sulfurosas* Rhizobium Bradyrhizobium Frankia Azospirillum Gluconacetobacter * Bactérias fotossintéticas Fixação Biológica do Nitrogênio Interações Rhizobium - leguminosas Colonização da rizosfera Adesão Infecção e desenvolvimento dos nódulos Formação do simbiossoma Diferenciação de bacteroides Fixação do nitrogênio atmosférico Senescência dos nódulos Interações Rhizobium - leguminosas Imaizumi-Anraku et al. (2005) Nature 433, 527-531 Interações Rhizobium - leguminosas Medicago truncatula Interações Rhizobium - leguminosas A. Microcolônia de rizóbios e curvamento do pelo radicular 4 dias após a inoculação de Medicago truncatula B. Microcolônia de rizóbios e cordão de infecção 7 dias após a inoculação de M. truncatula Limpens, et al., 2003 Interações Rhizobium - leguminosas Interações Rhizobium - leguminosas Interações Rhizobium - leguminosas Genes relacionados à FBN nod: genes que afetam a nodulação. Podem ser comuns, nodABC, ou hospedeiro-específicos, nodD, nodE, F, G. nif: genes que afetam a fixação do N2, requeridos para a estrutura, biossíntese e regulação da nitrogenase; fix: genes que afetam a fixação do N2 , encontrados em adição aos nif. Genes homólogos a alguns fix estão presentes em algumas bactérias que não fixam nitrogênio. nodulinas: codificam proteínas essenciais para o desenvolvimento e funcionamento dos nódulos; podem ser precoces (ENODs) ou tardias; genes para síntese de compostos fenólicos. Compostos fenólicos ativos como indutores de genes nod Luteolina (flavona): induz genes nod em Rhizobium meliloti Naringenina (flavonona): induz genes nod em Rhizobium leguminosarum viciae Daidzen (isoflavona): induz genes nod em Bradyrhizobium japonicum Fatores nod (lipoquitooligossacarídeos) Sinalização e regulação gênica em interações Rhizobium-leguminosas Fatores que afetam a FBN Temperatura: 25 e 32°C. Uso de cobertura minimiza efeitos negativos de altas temperaturas. Umidade e aeração. Pesticidas e antibióticos. Fatores que afetam a FBN Fertilidade do solo Acidez: ótimo entre pH 3,5 e 5,5. Alumínio: excesso inibe nodulação. Cálcio: baixa concentração afeta o desenvolvimento dos nódulos. Fosfato: requer altos níveis de P. Molibdênio: elemento constituinte da nitrogenase. Ferro e magnésio: funcionamento da nitrogenase. Nitrogênio: excesso inibe o desenvolvimento de nódulos e atividade da nitrogenase. Fatores que afetam a FBN Franco & Munns, 1982 Fatores que afetam a FBN Produção de grãos em kg/ha Jacob-Neto & Franco, 1988 Outros sistemas fixadores de N Simbioses actinorrízicas Actinomicetos do gênero Frankia com arbustos e árvores: colonizadores de áreas inóspitas e sítios pobres em N. Podem fixar entre 40 e 300 kg N ha-1 ano-1 Barreiras contra o vento (estabilização de dunas); revegetação de áreas degradadas. Alnus-Frankia Outros sistemas fixadores de N Simbioses Azolla-Anabaena Crescimento rápido e alto teor de N. Utilização como adubação verde ou consorciada com arroz irrigado. Adubo para outras culturas. Controle de plantas invasoras. Fatores limitantes à simbiose Azolla- Anabaena Umidade: ótima entre 85-90%; crítica abaixo de 60%. Luminosidade e temperatura: variam com a origem da espécie (clima tropical ou temperado). Salinidade: a planta é sensível a alta salinidade. Nutrientes: depende de P e Mo; N tem pouca influência. pH: ótimo entre 4,5 e 7,0. Turbulência da água: Azolla tem crescimento estimulado em águas paradas. Fungos e insetos: atacam a planta nas estações quentes e úmidas. Azolla-Anabaena como biofertilizante Crescimento rápido (biomassa pode dobrar a cada 5-7 dias) e alto teor de N (4-5%). 1 ha de Azolla pode produzir 9 t de proteína bruta por ano (equivalente a 50 ha de pastagens). Embrapa Amazônia. São recomendados 4 a 6 cultivos de Azolla seguido de drenagem e incorporação da biomassa (2 a 5 t/ha). Na China, o plantio de arroz consorciado com Azolla resulta em aproximadamente 100 mil t de fertilizante nitrogenado por ano, com valor de US$ 50 milhões. Diazotróficos associativos na rizosfera Diazotrófico Espécie vegetal Azotobacter paspali Paspalum notatum Azospirillum brasiliense/ Azospirillum lipoferum Milho, arroz, sorgo, trigo cevada Azospirillum amazonense Panicum boliviense, Paspalum repens, Sorghum arudinaceum, Brachiaria humidicola, Brachiaria brizantha Beijerinckia spp. Cana-de-açúcar, braquiária Burkholderia brasiliensis Arroz, mandioca, batata-doce e cana-de-açúcar. Diazotróficos associativos na rizosfera Espécie vegetal Bactéria Variação de crescimento* (%) Pennisetum americanum A. lipoferum A. brasiliense 0-29 -3-32 Panicum maximum A. lipoferum 0-16 Zea mays A brasiliense A. lipoferum 0-37 0-154 Oryza sativa A. lipoferum -32-99 Sorghum bicolor A. Brasiliense / A. lipoferum 0-370 * Em relação ao tratamento não inoculado N fixado em gramíneas ~ 25-50 kg N ha-1 ano-1 (aproximadamente 17% das necessidades das culturas) Associação Gluconacetobacter diazotrophicus – cana-de-açúcar G. diazotrophicus é uma bactéria endofítica isolada do colmo de cana-de-açúcar; É uma bactéria acidófila (pH 3) e tolerante a altas concentrações de açúcar; A cana-de-açúcar pode obter até 60% de sua necessidade de N da FBN (aproximadamente 164 kg N fixado ha-1 ano-1); Outras bactérias endofíticas ocorrem em cana, tais como Herbaspirillum seropedicae; Transferência via toletes Associação Gluconacetobacter diazotrophicus – cana-de-açúcar Variedade de cana N na planta (kg ha-1 ano-1) FBN (kg ha-1 ano-1) CB 45-3 281 175 SP 70-1143 258 173 NA 56-79 129 109 Krakatau 342 239 Chunee 110 56 Inoculação da soja com estirpes de Bradyrhizobium no Brasil: economia de US$ 1,3 bilhão anuais em fertilizantes nitrogenados Necessidade de inoculação Ausência da espécie hospedeira; Nodulação baixa; Baixo número de rizóbios no solo; Sistema de rotação; Solos degradados; Condições ambientais desfavoráveis aos rizóbios. Inoculantes Características desejáveis nos rizóbios Habilidade em nodular e fixar N na espécie alvo; Capacidade competitiva; Fixar N em vários hospedeiros; Alta persistência no solo; Habilidade em crescer no meio de cultura, no veículo de inoculação e no solo; Compatibilidade com agroquímicos; Tolerância a estresses ambientais; Estabilidade genética. Inoculantes Inoculantes Inoculação eficiente
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