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Aula 04 Direito Processual Civil p/ TJ-PE (Analista Jud -Áreas Judiciária e Administrativa) - Com videoaulas Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 86 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo V: Dos Atos Processuais. 02 2. Resumo 50 3. Questões comentadas 51 4. Lista das questões apresentadas 79 5. Gabarito 86 CAPÍTULO V: DOS ATOS PROCESSUAIS Ato, de modo geral, e sem alongamento na realidade processual, refere-se a uma ação, a algo que está sendo feito ou pode ser feito por uma pessoa. Transpondo a premissa para a realidade da ciência jurídica, podemos definir o ato processual como o comportamento das partes, do magistrado e de todos os auxiliares da justiça no sentido de criar, de modificar ou de extinguir um direito dentro do outro. (Montenegro Filho, Misael. Curso de Direito Processual Civil, v1) Assim, são atos processuais aqueles que podem criar, modificar ou extinguir direitos no curso do processo, procedentes das partes, dos agentes da jurisdição, ou, até mesmo, de terceiros. Praticam atos processuais as partes, o juiz, os auxiliares. São eles que iniciam, desenvolvem e encerram o processo. Não são esses atos, contudo, os únicos a produzirem efeitos processuais. Temos aqui uma primeira distinção, entre atos processuais, que são fruto de ação destinada a produzir efeitos no processo (a petição inicial e a sentença são Aula 04: DOS ATOS PROCESSUAIS. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 86 exemplos de atos processuais) e fatos processuais, decorrentes de eventos que acabam por produzir efeitos no processo, ainda que de maneira não intencional (a morte da parte e o decurso do tempo são exemplos de fatos processuais). Assim, tanto os atos como os fatos processuais influenciam o processo, contudo os atos decorrem da manifestação do ser humano e os fatos independem da vontade da pessoa humana. Não se fala em atos processuais quando praticados fora do processo, nem são todos os praticados dentro dele classificados como atos processuais. 1. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS Podem ser classificados de duas formas: 1. OBJETIVA (relativa ao objeto), os atos poderão ser: a) de iniciativa: pretendem iniciar a relação processual ± petição inicial. b) de desenvolvimento: pretendem movimentar o processo. São os atos de instrução ± provas e alegações ± e de ordenação ± impulso, formação, direção. c) de conclusão: são os decisórios do juiz ou dispositivos das partes ± a desistência, a renúncia, a sentença. 2. SUBJETIVA (relativa às pessoas). Classificação adotada pelo CPC/2015. a) Atos das partes (autor e réu): Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. São praticados pelas próprias partes ou pelos seus advogados, de modo excepcional. Produzem efeitos imediatos, em geral, e em alguns casos necessitam de homologação para externalizar seus efeitos. Exemplo: A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial (Parágrafo único, art. 200 do NCPC). b) Atos do juiz: Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 86 Classificam-se como atos do juiz: a sentença, o despacho, as decisões interlocutórias. c) Atos dos auxiliares da justiça: Podemos destacar o escrivão ou chefe de secretária como a espécie, do gênero auxiliares da justiça, mais importante, pois responsabiliza-se pela guarda dos autos e cumprimento das ordens do magistrado, como a expedição de mandados judiciais. Seus atos podem ser classificados em atos de documentação e de comunicação. OBJETIVA (objeto) Iniciativa, desenvolvimento, conclusão. SUBJETIVA (pessoas) Das partes, do juiz, dos auxiliares da justiça. A inobservância dos prazos estabelecidos no CPC para o cumprimento dos atos do escrivão, não acarretará penalidades processuais ao auxiliar. No entanto, o escrivão poderá ser punido administrativamente ou ter que reparar a parte que se sente prejudicada por perdas e danos. 2. FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS O CPC prevê o modo como devem ser praticados os atos. Quando há a exigência de que cumpram forma específica como condição de validade, falamos dos atos solenes. Quando não se exige uma forma pré-determinada para cumpri-los, falamos em atos não solenes. Mas, reparem que o legislador tratou de combater o formalismo excessivo, como apontam os seguintes artigos: Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. Ou ainda: Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 86 Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais. Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte. Vimos que no CPC vale o entendimento de que a forma é relevante, mas seu descumprimento não deve invalidar o ato, a menos que haja expressa previsão legal. O conteúdo do ato é mais importante do que a forma. Contempla, assim, o princípio da instrumentalidade da forma, bem como o princípio da liberdade dos atos processuais. (TRT 5ª Região/Adaptada) É correto afirmar que os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, tendo- se por válidos aqueles que, realizados de modo diverso, lhe preencham a finalidade essencial. Gabarito: (a) Certo. Linguagem dos Atos Processuais O ato jurídico é exteriorizado por linguagem oral ou escrita. O ato oral precisa ser reduzido a termo pelo chefe de secretaria. O documento em língua estrangeira deve ser acompanhado por tradução, realizada por tradutor juramentado ou indicado pelo juiz. Para os atos orais em língua estrangeira,faz-se necessário um intérprete. O mesmo valerá à linguagem mímica dos surdos-mudos, Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa. Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 86 2.1 DA PRÁTICA ELETRÔNICA DE ATOS PROCESSUAIS A regra no processo civil brasileiro é o registro escrito dos atos e termos do processo, formando autos ou caderno processual. O processo eletrônico também está a cada dia mais presente nos procedimentos do Judiciário. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei. A forma eletrônica também se aplica, no que for cabível, à prática de atos notariais e de registro. Os sistemas de automação processual devem respeitar a publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. Registro O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que atendam aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem, todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência. Também importante destacar que, ao se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 86 Eventuais contradições na transcrição devem ser suscitadas oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão. Competência para Regulamentar Compete ao Conselho Nacional de Justiça ± CNJ ± e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, conforme art. 196 do CPC/2015. Muito se comentou sobre a timidez do novo código com relação à prática eletrônica, já que pouco o diploma dispôs sobre a questão; mas o art. 196 evidencia a opção do legislador pelo detalhamento por normas infralegais, a serem expedidas pelo CNJ e tribunais, desse modo a atualização e adequação a novas tecnologias não ficariam subordinadas à rigidez de aprovação de uma nova lei. Compete aos tribunais, ainda, a divulgação de informações constantes de seu sistema de automação em página própria na rede mundial de computadores, gozando a divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista no art. 223, caput e § 1º do CPC/2015, a saber: ³Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. § 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. >���@´ Por determinação do art. 198 as unidades do Poder Judiciário devem manter gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele constantes, Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 86 sendo admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados esses equipamentos. Ademais, os órgãos judiciários assegurarão às pessoas com deficiência possibilidade de acesso a seus sítios (sites) na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica. Os documentos produzidos por meio eletrônico são considerados originais. Do mesmo modo, os extratos digitais e os documentos digitalizados e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça, Ministério Público, procuradorias, autoridades policiais, repartições públicas em geral e por advogados públicos e privados têm a mesma força probante dos originais, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou durante o processo de digitalização. (TRF 1º Região) Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. Eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas a) oralmente no momento da realização do ato, registrando-se a alegação, devendo o juiz decidir no prazo de cinco dias, sendo as partes intimadas desta decisão. b) oralmente no momento da realização do ato, registrando-se a alegação, devendo o juiz decidir no prazo de quarenta e oito horas, sendo as partes intimadas desta decisão. c) oralmente no momento da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano, registrando-se a alegação e a decisão no termo. d) oralmente no momento da realização do ato, devendo ser as razões da contradição feitas por escrito no prazo de cinco dias e o juiz decidir no prazo de quarenta e oito horas, sendo as partes intimadas desta decisão. e) por escritono prazo de vinte e quatro horas, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir no prazo de cinco dias, sendo as partes intimadas desta decisão. Gabarito: C Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 86 ENUNCIADOS DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS 263. (art. 194) A mera juntada de decisão aos autos eletrônicos não necessariamente lhe confere publicidade em relação a terceiros. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 264. (art. 194) Salvo hipóteses de segredo de justiça, nos processos em que se realizam intimações exclusivamente por portal eletrônico, deve ser garantida ampla publicidade aos autos eletrônicos, assegurado o acesso a qualquer um. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 265. (art. 194) É possível haver documentos transitoriamente confidenciais no processo eletrônico. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos). 3. PUBLICIDADE Nosso código contempla o princípio da publicidade, ao determinar que os atos processuais são públicos (art. 189). Todavia, prevê que correrão em segredo de justiça (art. 189), os processos: 1. quando o interesse público o exigir; 2. que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 3. em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; 4. que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo; Obs. O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores. Pode, contudo, o terceiro que demonstrar interesse jurídico requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação. 4. QUEM PRATICA ATOS PROCESSUAIS 4.1. ATOS DAS PARTES São praticados por: autor, réu, terceiros intervenientes, Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Pública. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 86 x Esses atos, em regra, produzem efeitos imediatos (vejam o art. 200, CPC/2015). Devido ao princípio dispositivo, os atos praticados pelas partes são fundamentais na dinâmica dos processos. São eles que estimulam os atos judiciais e os atos dos auxiliares. A petição inicial constitui o ato de maior relevância praticado pelo autor, pois, além de expor o objeto, a causa de pedir e o réu, ela limita a atuação do magistrado em respeito ao princípio da congruência. Da parte do réu, a contestação é o ato de maior importância, pois questiona os argumentos apresentados na petição inicial. A contestação assumiu no novo código uma abrangência que praticamente à equipara à resposta do réu, abrangendo, inclusive, a reconvenção, entre outras defesas que não eram antes consideradas contestação. As partes praticam uma série de outros atos no curso do processo. A grande maioria deles exercida por seus advogados. Todavia, a parte poderá postular em causa própria (art. 103 CPC), quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, nos casos em que a lei autorizar. Há também aqueles atos que devem ser praticados pela própria pessoa e não por seu procurador. São os de caráter personalíssimo, cujo exemplo seria o do depoimento pessoal. Porém, também nesse caso, há exceção. Quando se tratar, por exemplo, de depoimento pessoal de pessoa jurídica, será realizado por representante legal ou por mandatário com poderes especiais. Ainda sobre atos das partes, devemos ter em mente que: ± se não houver disposição em contrário, os atos das partes produzem de modo imediato a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais. Mas, a desistência da ação somente produzirá efeito depois da homologação judicial. ± para a restauração do processo é possível que sejam utilizados os autos suplementares (§ 1º, art. 712). Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 86 4.2. ATOS DO JUIZ O juiz praticará atos decisórios e não-decisórios. Enquanto naqueles (decisórios) há conteúdo de comando, nestes (não-decisórios) há função administrativa somente. Os atos decisórios, por sua vez, são subdivididos em propriamente ditos e executivos, de acordo com a natureza do processo ± cognição ou execução. Com os atos decisórios propriamente ditos, pretende-se declarar a vontade da lei para o caso em questão. Nos atos executivos, pretende-se também aplicar a vontade da lei, só que para satisfazer direito do credor, por meio de providências concretas sobre o patrimônio do devedor. Exemplos do último: atos que determinam a penhora, adjudicação, arrematação. De modo não exaustivo, o CPC nomeou no art. 203 os atos do juiz. Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. [...] As decisões interlocutórias resolvem questão pendente no processo, sem que ele (o processo) venha a acabar. São exemplos da decisão interlocutória: antecipação de tutela, deferimento de liminar, deferimento ou não da oitiva de testemunhas, entre muitos outros. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 86 Cabe agravo para questionar a decisão interlocutória. E ela deve ser fundamentada. O artigo 93 da CF, em seu inciso IX, dispõe, entre outras coisas, que serão fundamentadas todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário, sob pena de nulidade. Os despachos não causam gravame a uma das partes, somente dão andamento ao processo. Podem ser proferidos ex officio ou por requerimento das partes. Em regra, não cabe recurso aos despachos (art. 1.001, CPC/2015). Contudo, se causam algum dano ou afetam direito, não são de mero expediente (ordinatórios), e poderão ser recorridos.Vamos lá! Não dispersem a atenção! Deixamos de ler acima o § 4º do art. 203, para lê-lo agora: § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. Vamos combinar esse parágrafo com o inciso XIV do art. 93 da CF: XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório. Legal! Não é mesmo? Para diminuir a carga de trabalho do juiz, o CPC e a CF permitem que o escrivão ou o secretário, de ofício, pratiquem os atos ordinatórios, podendo ser revistos pelo juiz. O legislador quis que todos os atos do juiz, não classificados como sentença ou decisão interlocutória, fossem considerados despacho. Mas, o conceito de despacho não alcança todos os atos possíveis de serem praticados pelo juiz, há também os atos administrativos do processo, sem caráter decisório. A exemplo do inciso VII do art.139: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 86 [...] VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais. Sobre a forma dos atos do juiz, façam a leitura do seguinte artigo: Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. § 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura. § 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei. § 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico. Conceitos Sentença: é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. (§1° do art. 203, CPC/2015) Acórdão: é o julgamento proferido por câmara, grupo de câmara, turma, órgão especial, seção, plenário, ou seja, pelos órgãos colegiados dos tribunais. É o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. (art. 204, NCPC) Decisão Interlocutória: é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não seja sentença. (§2° do art. 203, CPC/2015) Despachos: são todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. (§3° do art. 203, CPC/2015). 4.3. ATOS DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA Além do escrivão ou chefe de secretaria, são auxiliares da Justiça outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o oficial de Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 86 justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias. (art. 149). Assim, o CPC assegura ao sistema o impulso oficial, de modo que, mesmo as partes estando inertes, os agentes do órgão judicial dão andamento ao processo. Para cumprir esse objetivo, há o principal órgão auxiliar do juiz: o escrivão ou o chefe de secretaria. Suas funções estão definidas no CPC/2015: Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor; d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência; V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça; VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. § 1o O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 86 § 2o No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato. Exemplo de ato a ser praticado de ofício pelo escrivão: O ato de juntada de petições aos autos, que independe de despacho, devendo ser praticado de ofício por servidor e revisto pelo juiz quando necessário. Caiu em prova este conhecimento! (TRF) O ato de juntada de petições aos autos a) depende de decisão interlocutória do juiz, resolvendo pedido da parte no curso do processo. b) depende de prévio despacho do juiz, ordenando que o servidor assim o proceda. c) pode ser feito pelos advogados de quaisquer das partes, independentemente de ordem judicial. d) independe de despacho, devendo ser praticado de ofício por servidor e revisto pelo juiz quando necessário. e) só pode ser feito em decorrência de sentença pelo juiz, ao apreciar requerimento formulado pela parte. Gabarito: D Em regra, os atos praticados pelo escrivão serão de documentação ou de comunicação. Atos de documentação representam por escrito a vontade das partes, terceiros que participam do processo e membros do órgão jurisdicional. Os atos ocorrem e depois são documentados. A sentença do juiz, por exemplo, somente terá existência jurídica depois de ter sido publicada e documentada nos autos. A autuação é o primeiro ato de documentação do processo. Consiste em lavrar um termo à PI (petição inicial), indicando a natureza do feito, o número de registro, assentos Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 86 do cartório, nome das partes e a data de início (art. 206, CPC/2015). No curso do procedimento, o escrivão irá realizar:± Juntada (certifica ingresso de documento nos autos), vista (dá à parte acesso aos autos), ± Conclusão: certifica encaminhamento dos autos para deliberação do juiz e ± Recebimento: documenta retorno dos autos, que voltam a cartório, após vista ou conclusão. O escrivão ou chefe de secretaria pratica, além dos atos de documentação, atos de comunicação ± os principais: citação e intimação. CONCEITOS - Escrivão: é o auxiliar do juiz de maior relevância. - Oficial de Justiça: cumpre mandados de diligências fora do cartório. Exemplo: citações, intimações, notificações, imissão de posse. - Perito: auxiliar ocasional do juízo e atua quando a produção da prova depende de conhecimento técnico ou cientifico. - Depositário: é o auxiliar de justiça que tem como função a guarda e conservação dos bens colocados às ordens do juízo. - Administrador: é o depositário com funções de gestor. - Intérprete: é a pessoa encarregada de traduzir para a língua portuguesa os atos expressos em língua estrangeira ou em linguagem mímica dos surdos-mudos. É um auxiliar da justiça por necessidades técnicas, assim como o perito. A u xi lia re s d a Ju st iç a São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete. x Do Serventuário e do Oficial de Justiça Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições são Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 86 determinadas pelas normas de organização judiciária. 1) Incumbe ao escrivão ou chefe de secretaria: I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor; d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência; V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça; VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. a) O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a prática, de ofício, dos atos meramente ordinatórios. b) No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato. O escrivão ou chefe de secretaria deverá obedecer à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais. Sendo que a lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública. Ficam excluídos dessa regra, os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado; bem como as preferências legais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 86 Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferências legais. O novo CPC dá muito relevo à ordem cronológica dos processos, prevendo, inclusive, que a parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois) dias. Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor. 2) Incumbe ao oficial de justiça: I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora; II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; V - efetuar avaliações, quando for o caso; VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando: I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. x Do Perito Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 86 científico, o juiz será assistido por perito. Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados nos órgãos técnicos ou científicos respectivos. Devidamente escolhidos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados. Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade. Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Pode escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. A escusa será apresentada no prazode 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la. x Informações inverídicas (dolo ou culpa): 1) Responderá pelos prejuízos que causar à parte; 2) Inabilitado, por 2 a 5 anos, a funcionar em outras perícias; 3) Sanção que a lei penal estabelecer. x Do Depositário e do Administrador A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo. x Por seu trabalho o depositário ou o administrador perceberá remuneração que o juiz fixará levando em conta a situação dos bens, o tempo do serviço Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 86 e as dificuldades de sua execução. x O juiz poderá nomear um ou mais prepostos por indicação do depositário ou do administrador. x O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo. x O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça. x Do Intérprete e do Tradutor O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para: I - traduzir documento redigido em língua estrangeira; II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não conhecerem o idioma nacional; III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando assim for solicitado. Não pode ser intérprete ou tradutor quem: I - não tiver a livre administração de seus bens; II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no processo; III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos. O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado a desempenhar seu ofício, O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 86 ao direito a alegá-la. Será organizada lista de intérpretes e tradutores na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento. O intérprete ou tradutor que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras demandas no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis. x Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais Modalidade de auxiliares que não estava prevista no CPC/1973. Trata-se, portanto, de inovação do código de 2015 em consonância com sua tendência de estímulo a autocomposição em grau mais elevado que o CPC anterior. Neste código de 2015 admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. Destaque-se, ainda, que a mediação e a conciliação são regidas, no novo diploma, conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. A conciliação e a mediação observará os princípios da independência, Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 86 da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. Importante ressaltar que a confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. O artigo 167 do CPC/2015 dispõe que os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição nos mencionados cadastros, nacional e do tribunal de justiça ou do tribunal regional federal. Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional. Percebam que a instituição de concurso é uma possibilidade, a lei não prevê sua obrigatoriedade para o cadastramento de conciliadores e mediadores nos tribunais.O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos. Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes. Os dados colhidos serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores. Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados, se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 86 Além disso, as partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação, sendo que o conciliador ou mediador que vier a ser escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal. Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, a lei prevê que haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação. Sempre que recomendável deverão ser designados mais de um mediador ou conciliador. Ressalvada a hipótese de servidor dos quadros próprios do tribunal, o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal respectivo, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça. A mediação e a conciliação podem, ainda, ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal. Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento. Impedimento No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribuições Há também restrições posteriores à atividade prestada. Assim, o conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes. Com isso, quis o legislador garantir isenção dos auxiliares da justiça, restringindo a possibilidade de promessa de contrato entre a parte e o conciliador/mediador, após término da questão (pelo tempo de um ano). Exclusão do cadastro Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 86 Após apuração em processo administrativo, será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que: I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres previstos em lei; II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo. O CPC/2015 prevê que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criem câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. Essas câmaras não excluem outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Ademais, os dispositivos do NCPC aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas de conciliação e mediação. ENUNCIADO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS: 187. (arts. 649, 165, § 2º, 166) No emprego de esforços para a solução consensual do litígio familiar, são vedadas iniciativas de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem, assim como as de aconselhamento sobre o objeto da causa. (Grupo: Procedimentos Especiais) Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 86 5. COMUNICAÇÃO DOS ATOS 5.1. INTIMAÇÃO Na definição do código: ³é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.´ (art. 269). Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram- se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. Salvo disposição em contrário, o juiz determinará a intimação de ofício, não precisando de provocação (art. 271). Pode ser realizada pelo escrivão ou pelo oficial de justiça, ou pode ser publicada na imprensa. A arguição de vício da intimação será realizada na parte preliminar do ato que caiba à parte praticar. Assim, se o vício for reconhecido, o ato será tido por tempestivo. De outro modo, se o ato for praticado dentro do prazo determinado pelo juiz, não há que se alegar vício da intimação. Não sendo possível a prática imediata do ato diante da necessidade de acesso prévio aos autos, a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da intimação da decisão que a reconheça. Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. Desse modo, sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o respectivo númerode inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados. A grafia, sem abreviaturas, dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil. Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade. A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implica intimação Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 86 de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação. Para a retirada de autos por preposto, o advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o respectivo credenciamento. Procedimento Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo os advogados das partes: I - pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo; II - por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus representantes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria. Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço. A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio. A certidão de intimação deve conter: I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de seu documento de identidade e o órgão que o expediu; II - a declaração de entrega da contrafé; III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado. Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou por edital. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 86 Há também a possibilidade de a intimação ser realizada na própria audiência. Consideram-se intimados os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público em audiência quando nesta for proferida a decisão (art. 1.003, § 1º). A intimação do Ministério Público, da Advocacia Pública e da Defensoria Pública será feita pessoalmente. 5.2. CITAÇÃO É o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. (art. 238). Sem a citação a relação processual não se completará e a sentença será inútil. Uma vez que o Novo CPC extinguiu o Processo Cautelar (em ação autônoma), não há citação relativa a medidas cautelares, mas somente intimação. Vejam bem, o processo cautelar se extinguiu, mas não as medidas cautelares incidentes ao processo. Em qualquer momento, o réu poderá alegar independentemente de ação rescisória, nulidade da decisão do juiz pela falta de citação. Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. A citação é instituto tão indispensável ao princípio do contraditório no processo, que seu vício (se existir) o contamina por inteiro, sendo, inclusive, causa de nulidade irreparável. Assim, além de ser necessária, a citação tem que ser válida. Mas, imaginemos uma situação em que a citação eivada de vícios produza seus efeitos ± ocorrerá nulidade? Resposta: não! O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução (§1º, art. 239). Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 86 Nesse parágrafo o legislador foi como Neymar, Ronaldo ± nos bons tempos ± marcou um golaço! Se o objetivo da citação é estabelecer o contraditório mediante comparecimento do réu e, apesar de ela ter sido viciada ou mesmo ausente, o objetivo foi alcançado, bola pra frente! Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de: I - conhecimento, o réu será considerado revel; II - execução, o feito terá seguimento. A quem se dirige A citação será pessoal, dirigida à parte (réu), podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado. Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado habilitado para representar o locador em juízo. A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial. Lugar da Citação A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. Mas, reparem que há situações em que o legislador quis preservar a intimidade do réu, ao determinar que (salvo para evitar perecimento de direito) não se fará a citação (art. 244): I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 86 II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneoou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. A citação poderá ser classificada como pessoal ou ficta. A primeira, de regra, é realizada na própria pessoa do réu, como a citação por correio. A segunda, ficta, ocorre quando o réu não é encontrado pessoalmente, como a citação por edital. x Há casos em que a citação não é entregue ao réu ou ao seu representante pessoalmente e, ainda sim, será considerada uma citação pessoal. Exemplo clássico é a citação da pessoa jurídica. x Modos de realizar a citação Pelo Correio 1- É, atualmente, a mais utilizada. Carta do escrivão ou chefe de secretaria enviada ao réu pelo Correio. Há faculdade do autor em afastá-la. 2- Estará frustrada se o destinatário recusar-se a assinar o recibo, uma vez que o carteiro não tem fé pública. Por Oficial de Justiça 1- Prevalecem nos casos do art. 247 (em que não se aceita citação por Correio): a) nas ações de estado; b) quando o citando for incapaz; c) quando o citando for pessoa de direito público; d) quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; e) quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. O CPC/2015 excluiu deste rol a citação em processo de execução. 2- Quando frustrada a citação pelo correio (art. 249) 3- Citação com hora certa: Quando por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 86 ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar (Art. 252). Trata-se de citação ficta, presumida. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência. Por Edital 1- Citação presumida. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra o citando; III - nos casos expressos em lei. (art. 256) 2- Considera-se inacessível, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão. 3- O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. Meio Eletrônico Depende de: 1 - O tribunal estar adequadamente aparelhado e 2- prévio cadastro do réu para receber esse tipo de citação. O CPC/2015 prevê que (art. 246, §§ 1º a 3º): Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio. O mesmo se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades da administração indireta. Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 86 O prazo começa a fluir 1) da data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio; 2) da data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça; 3) da data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; 4) no dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; 5) no dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; 6) da data de juntada do comunicado de realização da diligência (por carta precatória, rogatória ou de ordem) ou, não havendo esse, da data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; 7) da data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico; 8) do dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. Efeitos da citação válida 1) Tornar prevento o juízo; 2) Induzir litispendência; 3) Fazer litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente; 4) Constituir em mora o devedor; 5) Interromper a prescrição (art. 240 do CPC). Os três primeiros são os chamados efeitos processuais da citação. Para ocorrerem, exigem perfeita regularidade do ato (citação). Para a constituição em mora do devedor deve-se observar o previsto nos artigos 397 e 398 do Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002): Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. 5.3. CARTAS Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 86 Visam a produzir atos fora da sede do juízo. Podem ser: de ordem, rogatória ou precatória. Será expedida: - carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela originar; - carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; - carta precatória, quando dirigida a órgão jurisdicional de competência territorial diversa do juízo deprecante; - carta arbitral, serve para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. Atenção! Se o ato relativo a processo em curso na justiça federal ou em tribunal superior houver de ser praticadoem local onde não haja vara federal, a carta poderá ser dirigida ao juízo estadual da respectiva comarca. São requisitos das cartas de ordem, precatória e rogatória: 1- A indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; 2- O inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; 3- A menção ao ato processual, a que pretende cumprir; 4- O encerramento com assinatura do juiz. - O juiz mandará trasladar para a carta quaisquer outras peças, bem como instruí- la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que esses documentos devam ser examinados, na diligência, pelas partes, pelos peritos ou pelas testemunhas. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 86 - Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica. - A carta arbitral atenderá, no que couber, aos requisitos elencados e será instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função. Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando: I - a carta não estiver revestida dos requisitos legais; II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia; III - o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade. Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal competente. Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem no prazo de 10 (dez) dias, independentemente de traslado, pagas as custas pela parte. (TRE AP) Quando a carta precatória for enviada para Juiz que carecer de competência em razão da hierarquia, este a) a cumprirá, cabendo às partes a arguição da nulidade do ato. b) recusará cumprimento, enviando-a para a Corregedoria-Geral do Tribunal competente. c) a cumprirá e posteriormente enviará para a autoridade hierarquicamente competente para ratificação dos atos. d) recusará cumprimento, devolvendo-a com despacho motivado. e) recusará cumprimento, enviando-a para o Tribunal Superior competente para apreciação da irregularidade através de processo administrativo. Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com decisão motivada quando: II - faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 86 Gabarito: D 6. PRAZOS Prazo é o lapso temporal para que o ato seja validamente constituído. Delimita-se pelo termo inicial (dies quo) e pelo final (dies ad quem). Os atos processuais são realizados nos prazos prescritos em lei. Quando a lei é omissa, o juiz determina os prazos, levando em conta a complexidade da causa (art. 218). Os prazos se classificam quanto às consequências processuais, à origem e à natureza. Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas e será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. Além disso, é considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. Em relação às consequências processuais, os prazos se dividem em: próprios, aqueles fixados às partes, gerando a sua inobservância a perda da possibilidade de praticar determinado ato ± preclusão temporal; impróprios, que são fixados aos órgãos judiciários, ou seja, são os atos praticados pelos juízes. Esses, uma vez não observados, não geram qualquer consequência no processo. Quanto à origem, os prazos podem ser classificados em: legais, judiciais e convencionais. Os legais são definidos em lei e não podem ser, regra geral, modificados pelo juiz nem pelas partes do processo. Os judiciais são fixados pelo juiz como a escolha da data da audiência. Já os convencionais são definidos de comum acordo entre as partes. Por sua natureza, os prazos processuais podem ser: dilatórios e peremptórios. São dilatórios quando, embora fixados em lei, puderem ser ampliados ou reduzidos pelo juiz ou por convenção entre as partes. São exemplos de prazos dilatórios o art. 45 do CPC e o art. 313, inciso II, CPC/2015. Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 86 § 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo. Art. 313. Suspende-se o processo: [...] II - pela convenção das partes. O inciso IV do artigo 139 merece menção porque parece permitir que todos os prazos processuais sejam tidos como dilatórios. Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...] VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito. Pretende-se, assim, conferir maior efetividade à tutela do direito. Peremptórios são, por sua vez, aqueles que não podem ser alterados, nem pelas partes nem pelo juiz. O CPC/1973 já permitia que, em casos excepcionais, o juiz pudesse ampliar qualquer prazo. Assim, o juiz poderia, por exemplo, nas comarcas de difícil transporte, prorrogar o prazo processual por até 60 dias. Já nos casos de calamidade pública a prorrogação seria ilimitada, ou seja, não teria limite (art. 182, parágrafo único, CPC/1973). Art. 182: É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias. Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para a prorrogação de prazos. 6.1. CURSO Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 04 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página
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