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Elementos básicos da narração tempo e espaço

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Elementos da Narrativa: o tempo e o espaço
O gênero narrativo pode ser cobrado no vestibular a partir da proposta de redação ou mesmo a partir das questões de interpretação de texto, então, é muito importante você ficar por dentro de tudo sobre a construção de um texto narrativo. Para escrevê-lo bem você precisa seguir uma estrutura específica para esse gênero textual. Por isso, é importante entender e saber utilizar os elementos da narrativa, como enredo, tempo, espaço, personagem e narrador. No post de hoje vamos falar especificamente sobre os elementos de tempo e espaço, vamos lá?
Elemento da Narrativa: Tempo
O tempo é um elemento de construção da narração e pode estar presente no seu texto como cronológico ou psicológico. Você precisa saber que o escritor tem todo o domínio sobre o tempo presente na narração. Isso faz toda a diferença para que você consiga desencadear os fatos da sua história.
Cronológico:
O tempo cronológico é o tempo real, é o tempo da natureza, dividido em dias, semanas, estações do ano, e etc. É o tempo marcado pelo relógio. Esse tempo é denominado como tempo externo, justamente por estar a parte do personagem, por ser externo a ele. E também é conhecido como tempo histórico.
A construção da sua narrativa precisa de um contexto temporal. É o que permite que o leitor possa se situar sobre o momento em que aconteceu determinado fato. Isso vai ajudar você a construir a sua história de forma mais completa e clara para o leitor.
Dica: Lembre-se sempre de que o tempo cronológico é igual para todos, nós o chamamos de tempo social ou coletivo.
A marcação de tempo cronológico não precisa necessariamente aparecer como horas ou dias da semana. Ela pode ser marcada por períodos do dia (manhã, tarde) ou do ano (natal, carnaval) que indicam um tempo específico. É muito comum que a marcação de tempo cronológico se apresente a partir de um adjunto adverbial. Veja um exemplo:
“Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos(…)” (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê, 2000.)
Psicológico:
O tempo psicológico é o tempo individual. Ao contrário do cronológico, não é igual para todos, cada pessoa (personagem ou narrador) sente a passagem do tempo de uma forma diferente. Isso significa que existe uma influência de emoções, situações, sentimentos, que determinam essa passagem do tempo. É um tempo interno.
Sabe quando você espera na fila da padaria e de repente 10 minutos parecem uma eternidade? E quando você quer dormir mais um pouquinho e 10 minutos passam como se fosse 1? O tempo real é o mesmo, mas as sensações daquele momento fazem você sentir que demorou mais ou que passou mais rápido. Esse é o tempo psicológico.
Ele é marcado na narrativa através de memórias e lembranças de um personagem, aparecendo como uma digressão ou um flashback. Normalmente, encontramos esse tempo em histórias com narrador onisciente (que tudo vê) ou narrador personagem (que participa da história).
O tempo psicológico é visto como um fluxo de consciência: uma imaginação, sonho ou um devaneio por parte do personagem. Como no exemplo a seguir, em que o defunto-autor relembra a sua morte:
“Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos!”  (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas).
Elemento da Narrativa: Espaço 
O espaço é um elemento muito importante para a narrativa, justamente por construir de fato a história. Através dele podemos sugerir características para os personagens e compreender ou inferir situações sociais. O espaço também serve para construir um “plano de fundo” para a história acontecer.
Em muitas narrativas o espaço pode ser dividido entre real e psicológico, assim como acontece com o elemento tempo. O espaço real é onde os personagens de fato vivem a história, estão presentes nele no momento dos fatos. Já o espaço psicológico, pode ser o espaço nas memórias do personagem, nas lembranças de determinado período ou fato passado.
A importância do Espaço
Esse elemento é tão importante para a construção de uma boa narrativa, que muitas vezes os espaço descritos nas histórias ganham uma personificação e são compreendidos como o próprio personagem. Isso acontece na obra “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, em que o cortiço (espaço onde ocorre a história) ganha características humanas: “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo (…)”
A construção do espaço na narrativa também pode acontecer como um reflexo do interior das personagens, das emoções e sensações representadas por elas. Por exemplo, uma cena onde é descrito que o céu está cinza e escuro, pode demonstrar um sentimento de angústia, nostalgia ou preocupação por parte do personagem e do momento na narrativa. Dessa forma, o elemento espaço pode representar não só o cenário de uma história, mas sim características internas e externas de uma personagem.
Elementos da Narrativa: Tempo, Espaço, Personagens & Foco narrativo
TEMPO:
Tempo cronológico ou tempo da história - determinado pela sucessão cronológica dos acontecimentos narrados.
Tempo histórico - refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola.
Tempo psicológico - é um tempo subjetivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de espírito.
Tempo do discurso - resulta do tratamento ou elaboração do tempo da história pelo narrador. Este pode escolher narrar os acontecimentos por :
-ordem linear
-com alteração da ordem temporal, recorrendo à analepse ou à prolepse (antecipação de acontecimentos futuros)
-ao ritmo dos acontecimentos como, por exemplo, na cena dialogada
a um ritmo diferente, recorrendo ao resumo ou sumário, à elipse e à pausa
ESPAÇO:
- Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem.
- Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas personagens figurantes.
- Espaço ou Ambiente psicológico: espaço interior da personagem, abarcando as suas vivências, os seus pensamentos e sentimentos.
-O espaço ou ambiente: pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.
PERSONAGENS:
-Protagonista, personagem principal ou herói: desempenha um papel central, a sua actuação é fundamental para o desenvolvimento da acção.
-Personagem secundária: assume um papel de menor relevo que o protagonista, sendo ainda importante para o desenrolar da acção.
-Figurante: tem um papel irrelevante no desenrolar da acção, cabendo-lhe, no entanto, o papel de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante.
-Tudo o que ocupa um espaço e pratica uma ação,mesmo que involuntaria pode ser considerado um personagem.
FOCO NARRATIVO:
-Foco narrativo, ou ponto de vista: É o elemento estrutural da narrativa que compreende a perspectiva através da qual se conta uma história. É, basicamente, a posição a qual o narrador, enquanto instância narrante ou voz que articula a narração, conta a história. Os pontos de vista mais conhecidos são dois: narrador-observador & narrador-personagem
-Narrador-Observador: é aquele que conta a história através de uma perspectiva de fora da história, isto é, ele não se confunde com nenhum dos personagens. Este foco narrativo se dá, predominantemente, em terceira pessoa
-Narrador-Personagem :é aquele que conta a históriaatravés de uma perspectiva de dentro da história, isto é, ele, de alguma forma participa do enredo, sendo um dos personagens da história, usando a Primeira Pessoa (eu ou nós) para se contar história.
Exemplo de tempo cronológico – Uma vida em Segredo – Autran Dourado
Após a morte de seu pai, a jovem Biela, de 17 anos, passa a morar com Conrado, seu primo, que a leva para viver junto com sua família em uma pequena cidade. Constança, esposa de Conrado, busca adaptar Biela a uma vida social de acordo com as posses da família e para tanto encomenda vestidos ricos e a ensina a se portar como uma jovem educada e rica. Entretanto, Biela apenas se sente bem ao lado dos empregados da fazenda onde mora, com quem passa a conviver após uma grande desilusão amorosa.
Uma Vida em Segredo representou, na obra de Autran Dourado, mais um desafio: o de trazer ao primeiro plano da narrativa o retrato psicológico de Biela, personagem ingênua e primitiva, apegada às suas raízes roceiras, e com uma vida interior bastante complexa - conquanto externamente pareça simples, até simplória. Autran Dourado conseguiu fazer da humilde Biela, com sua canastra e jeitos acanhados, uma personagem que penetra fundo no coração dos leitores e se torna inesquecível. O narrador evidencia a simplicidade, o desapego aos bens matérias de Biela e através do fluxo de consciência, recurso utilizado por Autran Dourado, é mostrada a inadaptação da personagem ao espaço urbano. Pode-se concluir que a personagem teve a vida desperdiçada devido à sua criação, mas o verdadeiro segredo só ela realmente conhece. Uma vida em segredo é uma novela onde o escritor discorre sobre a gente simplória do interior das Minas Gerais. 
Exemplo de tempo - Cristovão Tezza – O Professor
O professor Heliseu será homenageado pela universidade à qual dedicou a maior parte de sua vida. Enquanto prepara o discurso de agradecimento é tomado por uma sucessão incontrolável de memórias e revisita momentos nem sempre felizes de sua vida: a convivência com o pai rígido; a morte da mãe; o tempo no seminário; o casamento com Mônica; o relacionamento conturbado com o filho; a paixão pela misteriosa Therèze. 
As lembranças se cruzam com a história do Brasil, desde o regime militar até os governos mais recentes, e o acerto de contas de Heliseu com seu passado transforma-se também no acerto de contas de um país com sua história. Tezza realiza a proeza de aliar pleno domínio dos recursos narrativos a um instigante enredo que não deixa pontas soltas, intrigando o leitor até o final. Com o lançamento do memorável O filho eterno Cristovão Tezza tornou-se um dos mais célebres autores brasileiros. E O professor é um romance destinado a também se atrelar ao nome de seu criador: Cristovão Tezza, autor de O professor.

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