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Unidade
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Personagens, tempo, 
espaço e narrador
 Personagens
Na história de nossa vida, somos os personagens reais em um tempo e espaço, os protagonistas respon-
sáveis pelo desenrolar das ações ao lado de outros personagens: pessoas da família, amigos, colegas, conhe-
cidos, etc. Como nas narrativas que nos emocionam e amamos ler, nossa história também possui conflitos e 
clímax e seus desfechos.
Nas narrativas de ficção ou baseadas na verdade, os personagens são seres fictícios, inventados, que 
praticam as ações do enredo. 
Todo ser presente na narração é chamado de personagem e, de acordo com sua participação na história, 
recebe uma classificação:
• protagonista: personagem principal da narrativa;
• antagonista: personagem que se opõe de alguma maneira ao personagem protagonista, por suas atitudes 
ou por suas características. Geralmente esse personagem é o vilão da história;
• secundários: possuem menor representatividade na estrutura da narrativa. Na história, eles atuam como 
ajudantes do protagonista ou do antagonista, são confidentes, figurantes...
Batman, da DC Comics, personagem criado pelo escritor Bill 
Finger e pelo artista Bob Kane, é um exemplo de protagonista, e 
Coringa, criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane, se opõe a 
Batman, por isso é o antagonista. Qualquer personagem que atue 
ao lado e a favor do Batman ou ao lado e a favor do Coringa será um 
personagem secundário. 
Os personagens podem ainda ser classificados como planos 
ou redondos.
Um personagem plano é caracterizado pela manutenção de 
aspectos comportamentais ao longo de toda a narrativa, ou seja, 
sempre age e produz da maneira que se espera de seu perfil estáti-
co. Heróis do imaginário infantil são personagens que se encaixam 
nessa definição, pois são permanentemente justos, honestos, co-
rajosos, independentemente das circunstâncias em que estejam. 
Por outro lado, um personagem redondo é marcado pela im-
previsibilidade de suas atitudes ao longo da narrativa; por exemplo, 
um personagem que, durante a maior parte da narrativa, mostrou-
-se honesto em determinando momento cede à oportunidade de 
levar vantagem sobre outro. 
 Tempo
O tempo na narração é o tempo interno ao texto narrativo, tempo da ficção, que liga as ações e os fatos 
do enredo.
Há narrativas que se passam em um curto período de tempo, como os contos, por exemplo, e outras que 
se estendem por um período bem maior, como os romances. 
 Objetivo(s)
• Compreender 
o conceito de 
personagem, 
tempo, espaço e 
narrador. 
• Reconhecer e 
distinguir os tipos 
e as características 
de cada um 
desses elementos 
fundamentais da 
narrativa.
Professor, comente com os alunos que o personagem secundário também pode ser 
chamado de personagem coadjuvante, expressão bastante recorrente nas narrativas 
do teatro, TV e cinema.
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Cosplayer vestido de Coringa, 
clássico antagonista de Batman, 
em Sheffield, Inglaterra, em 2016.
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O tempo na narração pode ser:
• cronológico: tem esse nome porque pode ser medido, visto que apresenta as divisões de tempo (relógio, ca-
lendário). O tempo cronológico é usado quando narramos uma história de maneira linear, na ordem natural 
dos acontecimentos do enredo, ou seja, do início para o fim;
• psicológico: diferentemente do cronológico, o tempo psicológico não apresenta uma ordem natural ou se-
quencial dos fatos. Ela é determinada pela imaginação do narrador ou dos personagens de maneira a propor-
cionar um enredo não linear. Um exemplo de tempo psicológico ocorre no clássico romance Memórias póstu-
mas de Brás Cubas, de Machado de Assis, no qual o narrador, usando flashback, inicia a história pelo fim, ou 
seja, ele conta primeiro a sua morte, para depois narrar sua infância, juventude e velhice.
 Espaço
De simples entendimento, o espaço da narrativa é o local onde as ações e os fatos da história são realizados 
no texto. Quando há muitos acontecimentos na narrativa, aparecem vários espaços. Se há poucos, menos espaços.
Além de ajudar a situar as ações dos personagens, o espaço, se utilizado adequadamente, reforça a ve-
rossimilhança para o leitor, pois mostra informações concretas. Existem dois tipos de espaço na narrativa:
• físico: é percebido com base em aspectos objetivos e exatos. O narrador descreve distâncias (em metros, 
quilômetros) e locais de maneira clara e absoluta, a fim de que a interpretação não dependa de percepções 
individuais;
• psicológico: é medido com base na percepção individual. O espaço psicológico dependerá, por exemplo, da 
idade do observador ou da frequência com que tal distância é percorrida. Podem ocorrer diferentes percep-
ções, pois o narrador descreve o espaço de maneira subjetiva, não exata.
Um mesmo espaço pode ser descrito física e psicologicamente. Veja: 
Havia uma rua com casas de cor cinza e calçadas cobertas de neve.
Havia uma rua sombria, isolada da civilização, amedrontadora.
 Narrador
Uma narração só existe porque o narrador se dispôs a contar. Ele estrutura e narra a história a partir de 
seu ponto de vista em relação aos acontecimentos da narrativa. Existem vários tipos de narrador (também 
chamados de focos narrativos) de acordo com os pronomes pessoais que os representam: primeira ou terceira 
pessoa do singular. Veja esses tipos a seguir.
Narrador-observador
Este narra, em 3a pessoa, os fatos a partir de uma posição de fora dos acontecimentos. Por não participar 
da história como personagem, seu ponto de vista tende a ser mais imparcial e lhe permite onisciência (sabe 
tudo a respeito da história) e onipresença (está presente em todos os espaços da narrativa).
Observe um exemplo de narrador-observador neste trecho do conto “A mulher ramada”, de Marina 
Colasanti:
Mas enquanto todos os arbustos se enfeitavam de flores, nem uma só gota de vermelho 
brilhava no corpo da roseira. Nua, obedecia ao esforço do seu jardineiro que, temendo viesse a 
floração romper tanta beleza, cortava rente todos os botões.
De tanto contrariar a primavera, adoeceu, porém, o jardineiro. E ardendo de amor e febre 
na cama, inutilmente chamou por sua amada. [...]
COLASANTI, Marina. Doze reis e a moça no labirinto do vento. 12. ed. São Paulo: Global, 2006. p. 26-28.
Narrador-personagem
Este narra, em 1a pessoa, os acontecimentos a partir da perspectiva de quem também é um personagem. 
Por participar da história como personagem, seu campo de visão e percepção dos fatos fica reduzido, pois ele 
não é onisciente nem onipresente. 
 Glossário
Flashback: técnica 
usada em textos 
narrativos para 
provocar uma 
regressão no 
tempo da narração. 
Também existe 
o flashforward, 
que provoca uma 
progressão no 
tempo da história. 
Esses recursos 
são muito usados 
em romances 
modernos para 
causar mistério e 
tensão.
Professor, comente com os estudantes que o conto “A mulher ramada” é narrado em 3a pessoa, por um narrador onisciente, não 
 nomeado, que registra a insólita história de amor entre um jardineiro solitário e a roseira por ele 
 plantada.
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Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O narrador-personagem pode aparecer nas narrativas de duas maneiras diferentes:
• narrador-testemunha: narra a história em 1a pessoa como personagem secundário. Observa os fatos 
na perspectiva de quem está na história, mas não penetra o pensamento dos demais personagens. Veja 
este exemplo:
O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser 
verdade, ele regula pelos dezessete anos, justamente o tempo em queestive solto no mun-
do, sem contato nem notícia.
Modificado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M. Os cem melhores 
contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.
• narrador-protagonista: é o personagem principal da história que ele mesmo narra. Veja um exemplo 
neste trecho:
Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu 
cap. IX, vers. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher, para que ela não se meta a enganar-te 
com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te 
lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como 
a fruta dentro da casca.
[...]
Machado de Assis, Dom Casmurro.
 Atividade discursiva
(UEL-PR − Adaptada) Proposta de redação
Gente venenosa: os sabotadores
Não há como afirmar que existe alguém totalmente bom ou totalmente mau como nas 
maniqueístas histórias infantis. Mas em determinadas situações há pessoas de personalidade 
difícil, que potencializam as fragilidades de quem está a sua volta, semeando frustrações e 
desestruturando sonhos alheios. Atitudes que, em resumo, envenenam. O terapeuta familiar 
argentino Bernardo Stamateas identificou essas pessoas, cunhou o termo “gente tóxica” e 
falou sobre elas no livro Gente tóxica — como lidar com pessoas difíceis e não ser dominado 
por elas. 
Assim como uma maçã estragada em uma fruteira é capaz de contaminar as outras frutas 
boas, as pessoas tóxicas, segundo Stamateas, tendem a envenenar a vida, plantar dúvidas e 
colocar uma pulga atrás da orelha de qualquer um. A vilania da situação reside no fato de que 
gente tóxica está sempre à espera da queda ou da frustração de alguém próximo para, então, 
assumir o papel de protagonista. “Eles (os tóxicos) se sentem intocáveis e com capacidade de ver 
a palha no olho do outro e não no seu”, comenta o autor.
(Adaptado de: BRAVOS, M. “Gente Venenosa: os sabotadores”. 
Gazeta do Povo – Suplemento Viver Bem, 19 set. 2010, p. 6.)
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Professor, ajude os estudantes a notar que a presença do narrador-protagonista nesse 
trecho, buscando a cumplicidade do leitor (“e tu concordarás comigo”), afirma sua con-
vicção de que a esposa, já falecida, desde muito jovem já manifestara indícios de um 
comportamento suspeito, especialmente pelo uso da 1a pessoa.
Jornal de Londrina, 19 out. 2010, p. 22.
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Anotações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com base no texto e na tira, redija uma narrativa envolvendo personagens cujo comportamento descon-
sidera os sentimentos das pessoas e “intoxica” as relações interpessoais.
Observação:
O esquema básico da história pode ser construído a partir de uma experiência pessoal ou protagonizada 
por outros, de maneira a contemplar os requisitos básicos de uma narrativa: apresentação, complicação, 
clímax e desfecho. 
Instruções:
Considere a estrutura do enredo e também os elementos da narrativa.
Dê título ao texto.
Escreva até 30 linhas.
Professor, comente com os alunos que a perspectiva do narrador é dada pela escolha do foco narrativo (1a ou 3a pessoa) e a
elaboração da trama deve privilegiar a apresentação dos acontecimentos por intermédio dos personagens, cujas ações
vão despertando o interesse do leitor a partir da instauração do conflito até atingir o ponto de tensão, denominado clímax. 
A sucessão temporal contribui para o encadeamento das ações, conferindo caráter dinâmico à narração, e a descrição do
espaço onde se movimentam os personagens deve filtrar impressões objetivas e subjetivas a fim de sugerir ao leitor
aspectos importantes para a perfeita compreensão da história. 
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 Atividades
 Em sala
1. (Unicamp-SP)
 
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Pobre alimária
O cavalo e a carroça
Estavam atravancados no trilho
E como o motorneiro se impacientasse
Porque levava os advogados para os escritórios
Desatravancaram o veículo
E o animal disparou
Mas o lesto carroceiro
Trepou na boleia
E castigou o fugitivo atrelado
Com um grandioso chicote
(Oswald de Andrade, Pau Brasil. São Paulo: Globo, 2003, p. 159.)
A imagem e o poema revelam a dinâmica do espaço na cida-
de de São Paulo na primeira metade do século XX.
Qual alternativa a seguir formula corretamente essa dinâmica?
a) Trata-se da ascensão de um moderno mundo urbano, onde 
coexistiam harmonicamente diferentes temporalidades, funções 
urbanas, sistemas técnicos e formas de trabalho, viabilizando- 
-se, desse modo, a coesão entre o espaço da cidade e o tecido 
social. 
b) Trata-se de um espaço agrário e acomodado, num período em 
que a urbanização não tinha se estabelecido, mas que abrigava 
em seu interstício alguns vetores da modernização industrial. 
c) Trata-se de um espaço onde coexistiam distintas 
temporalidades: uma atrelada ao ritmo lento de um passado 
agrário e, outra, atrelada ao ritmo acelerado que caracteriza a 
modernidade urbana. 
d) Trata-se de uma paisagem urbana e uma divisão do trabalho 
típicas do período colonial, pois a metropolização é um processo 
desencadeado a partir da segunda metade do século XX.
Texto para a próxima questão:
Não era feio o lugar, mas não era belo. Tinha, entretan-
to, o aspecto tranquilo e satisfeito de quem se julga bem com 
a sua sorte. 
A casa erguia-se sobre um socalco, uma espécie de de-
grau, formando a subida para a maior altura de uma pe-
quena colina que lhe corria nos fundos. Em frente, por entre 
os bambus da cerca, olhava uma planície a morrer nas mon-
tanhas que se viam ao longe; um regato de águas paradas 
e sujas cortava-as paralelamente à testada da casa; mais 
adiante, o trem passava vincando a planície com a fita clara 
de sua linha campinada [...]. 
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. 
São Paulo: Penguin & Companhia das Letras. p. 175. 
2. (UEG-GO) Com relação ao tempo narrativo, nota-se que a uti-
lização do pretérito imperfeito: 
a) aproxima o material narrado do universo contemporâneo do leitor.
b) confere ao texto um caráter dual, que oscila entre o lírico e o 
metafórico. 
c) faz com que o tempo da narrativa se distancie, até certo ponto, 
do tempo do leitor. 
d) torna o texto mais denso de significação, na medida em que 
institui lacunas temporais. 
3. (Cefet-MG) Associe a caracterização do narrador às passagens 
extraídas dos textos reunidos em Retratos da Escola.
CARACTERIZAÇÃO DO NARRADOR
1. Atua como protagonista da narrativa.
2. Participa da história como testemunha dos fatos narrados.
3. É onisciente.
PASSAGENS
( ) “Chegou atrasado à primeira aula. A porta estava encostada, e 
ele empurrou-a. Ao entrar, não vendo nenhuma carteira vazia, 
pegou a que estava em frente à porta e arrastou-a para junto 
das outras.” – O professor de inglês.
( ) “Saíram as duas pisando leve. Quando dobraram o corredor, 
dispararam numa corrida. De tempos em tempos, endureciam 
as pernas e freavam, patinando pelo chão encerado de 
vermelho. Pareciam ter asas nos pés.” – Pisando leve.
( ) “Maio chegou com a certeza do enfrentamento dos gigantes, 
era inevitável; antecipávamos uma luta tão violenta que era 
capaz de alguém morrer.” – A luta do ano.
Rua da Liberdade – São Paulo-SP – 1937.
Resposta: C.
Resposta: C.
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( ) “Saiu depois a mostrar o estabelecimento, as coleções 
em armários dos objetos próprios para facilitar o ensino. Eu 
via tudo curiosamente, sem perder os olhares dos colegas 
desconhecidos, que me fitavam muito ancho na dignidade do 
uniforme em folha.” – O Ateneu.
( ) “Eram dez para as cinco da tarde. Perdera a prova de 
matemática. Bateu a mão na testa. [...]Depois de tanto esforço, 
estava à beira de morrer na praia. Logo a prova especial, última 
chance para se recuperar. Sem ela, repetiria o ano.” – A prova de 
matemática.
A sequência correta encontrada é 
a) 3, 3, 2, 1, 3. 
b) 3, 3, 2, 1, 1. 
c) 1, 2, 3, 2, 2. 
d) 1, 2, 1, 3, 1. 
 Para casa
Texto para a próxima questão:
O coração roubado
Eu cursava o último ano do primário e como já estava 
com o diplominha garantido, meu pai me deu um presen-
te muito cobiçado: Coração, famoso livro do escritor italiano 
Edmondo de Amicis, bestseller mundial do gênero infanto-
juvenil. Na página de abertura lá estava a dedicatória do 
velho, com sua inconfundível letra esparramada. Como todos 
os garotos da época, apaixonei-me por aquela obra-prima e 
tanto que a levava ao grupo escolar da Barra Funda para 
reler trechos no recreio.
Justamente no último dia de aula, o das despedidas, de-
pois da festinha de formatura, voltei para a classe a fim de 
reunir meus cadernos e objetos escolares, antes do adeus. Mas 
onde estava o Coração? Onde? Desaparecera. Tremendo cho-
que. Algum colega na certa o furtara. Não teria coragem de 
aparecer em casa sem ele. Ia informar à diretoria quando, 
passando pelas carteiras, vi a lombada do livro, bem escon-
dido sob uma pasta escolar. Mas... era lá que se sentava o 
Plínio, não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação e 
comportamento, o exemplo para todos nós. Inclusive o mais 
limpinho, o mais bem penteadinho, o mais tudo. Confesso, 
hesitei. Desmascarar um ídolo? Podia ser até que não acredi-
tassem em mim. Muitos invejavam o Plínio. Peguei o exem-
plar e o guardei em minha pasta. Caladão. Sem revelar a 
ninguém o acontecido. Lembro do abraço que Plínio me deu 
à saída. Parecia segurando as lágrimas. Balbuciou algumas 
palavras emocionadas. Mal pude retribuir, meus braços se 
recusavam a apertar o cínico.
Chegando em casa minha mãe estranhou que eu não 
estivesse muito feliz. Já preocupado com o ginásio? Não, eu 
amargava minha primeira decepção. Afinal, Plínio era um 
colega que devíamos imitar pela vida afora, como costuma-
va dizer a professora. Seria mais difícil sobreviver sem o seu 
exemplo. Por outro lado, considerava se não errara em não 
delatá-lo. “Vocês estão todos enganados, e a senhora tam-
bém, sobre o caráter de Plínio. Ele roubou meu livro. E depois 
ainda foi me abraçar...”.
Curioso, a decepção prolongou-se ao livro de Amicis, 
verdadeira vitrina de qualidades morais dos alunos de uma 
classe de escola primária. A história de um ano letivo co-
roado de belos gestos. Quem sabe o autor não conhecesse 
a fundo seus próprios personagens. Um ingênuo como nossa 
professora. Esqueci-o.
Passados muitos anos reconheci o retrato de Plínio num 
jornal. Advogado, fazia rápida carreira na Justiça. Recebia 
cumprimentos. Brrr. Magistrado de futuro o tal que furtara 
meu presente de fim de ano! Que toldara muito cedo minha 
crença na humanidade! Decidi falar a verdade. Caso alguém 
se referisse a ele, o que passou a acontecer, eu garantia que 
se tratava de um ladrão. Se roubava já no curso primário, 
imaginem agora... Sempre que o rumo de uma conversa le-
vava às grandes decepções, aos enganos de falsas amizades, 
eu contava, a quem quisesse ouvir, o episódio do embusteiro 
do Grupo Escolar Conselheiro Antônio Prado, em breve de-
sembargador ou secretário de Justiça.
— Não piche assim o homem — advertiu-me minha mulher.
— Por que não? É um ladrão!
— Mas quando pegou seu livro era criança.
— O menino é o pai do homem — rebatia, vigorosamente.
Plínio fixara-se como um marco para mim. Toda vez que 
o procedimento de alguém me surpreendia, a face oculta de 
uma pessoa era revelada, lembrava-me irremediavelmente 
dele. Limpinho. Penteadinho. E com a mão de gato se apode-
rando de meu livro.
Certa vez tomara a sua defesa:
— Plínio, um ladrão? Calúnia! Retire-se da minha presença!
Quando o desembargador Plínio já estava aposentado mu-
dei-me para meu endereço atual. Durante a mudança alguns 
livros despencaram de uma estante improvisada. Um deles, Co-
ração, de Amicis. Saudades. Havia quantos anos não o abria? 
Quarenta ou mais? Lembrei da dedicatória de meu falecido 
pai. Ele tinha boa letra. Procurei-a na página de rosto. Não a 
encontrei. Teria a tinta se apagado? Na página seguinte havia 
uma dedicatória. Mas não reconheci a caligrafia paterna.
“Ao meu querido filho Plínio, com todo amor e carinho 
de seu pai”.
REY, Marcos. O coração roubado. In: MACEDO, Adriano (org.). 
Retratos da escola. Belo Horizonte: Autêntica. 2012. p. 69-71. 
1. (Cefet-MG) A passagem em que NÃO se manifesta a voz do 
narrador-protagonista do texto é: 
a) “Mas ... era lá que se sentava o Plínio, não era?” (2o parágrafo) 
b) “Havia quantos anos não o abria?” (13o parágrafo) 
c) “Já preocupado com o ginásio?” (3o parágrafo) 
d) “− Por que não? É um ladrão!” (7o parágrafo)
Resposta: A.
Resposta: C.
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Texto para a próxima questão:
O charme de Madureira 
Bailes suingados na terra do samba
por João Carvalho
Faltavam poucos minutos para as oito e meia da noite 
de uma segunda-feira, em julho, quando umas três dezenas 
de pessoas caminharam apressadas para baixo do viaduto 
Prefeito Negrão de Lima, em Madureira, no subúrbio ca-
rioca. Ia à frente um rapaz de cabelos curtos, tingidos de 
castanho-claro e raspados nas laterais. Tão logo atravessou 
o portão que dá acesso a uma extensa pista de dança sob o 
elevado, Eduardo Gonçalves, de 30 anos, tratou de ir até a 
área aos fundos, onde ficam os banheiros. Espetou uma das 
pontas de um fio desencapado na tomada e emendou a outra 
a cabos elétricos que saíam da parede. Estava ligada a caixa 
de som que – conectada a um celular – embalaria mais uma 
oficina de charme do Viaduto de Madureira.
Ao notar que a instalação improvisada por Gonçalves 
fora bem-sucedida, Lucas Leiroz não perdeu tempo. O bai-
xinho de 18 anos com piercing no nariz e a cabeça coberta 
por um boné de tamanho exagerado organizou os alunos da 
turma de iniciantes em pequenas fileiras.
Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-108/esquina/ 
o-charme-de-madureira>. Acesso em: 20 set. 2015, às 17h (excerto). 
2. (USF-SP) Os textos são produzidos, entre outras carac-
terísticas, de acordo com sua finalidade discursiva. Sobre 
o excerto de “O charme de Madureira”, é possível afirmar 
corretamente que: 
a) os fatos estão descaracterizados devido à perceptível falta de 
experiência do narrador. 
b) a sequência de ações ocorre em tempo psicológico, por se tratar 
de um texto de ficção. 
c) a posição do narrador em relação aos fatos é de quem os está 
julgando negativamente. 
d) o uso de verbos no pretérito perfeito ocorre por tratar-se de 
uma transposição de discurso. 
e) o predomínio dos verbos em terceira pessoa coloca o narrador 
como observador das ações. 
Resposta: E.
 Mais Enem 
1. (Enem) Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, 
orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, 
carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho 
da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo 
de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica 
com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se 
estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de 
travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do 
indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas 
encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorren-
to, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, 
pensava Nhô Tomé... E pôs-se a cochilar. A sua modorra 
durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou 
assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta... Dá 
pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça! Despois do ar-
moço num far-má... mais despois da janta?!
PIRES, Cornélio. Conversas ao pé do fogo.São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 
1921, o narrador: 
a) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costumes da época, 
descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô 
Tomé e de Tia Policena. 
b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa 
usos próprios da linguagem regional das personagens. 
c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que 
tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as refeições. 
d) utiliza a diversidade sociocultural e linguística para demonstrar 
seu desrespeito às populações das zonas rurais do início do 
século XX. 
e) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao transcrever 
a fala dela com os erros próprios da região. 
2. (Enem)
Famigerado
Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido 
de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava 
com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabisme-
ditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se 
riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, 
só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. 
Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, 
da Serra, do São Ão, travados assuntos, insequentes, como 
dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha 
de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos 
e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, 
ele enigmava. E, pá:
— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me 
ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz-me-gerado... 
falmisgeraldo... familhas-gerado...?
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. 
Resposta: A.
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A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No frag-
mento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque: 
a) o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor. 
b) o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de aranhas”. 
c) entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais. 
d) a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa. 
e) a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos incomunicáveis. 
 Sintetizando a unidade
Chegamos ao final da unidade e é hora de sintetizar os conteúdos trabalhados. Você verá, no esquema a seguir, que os conteúdos 
estudados mantêm relações entre si e servem de fundamento para assuntos que ainda trabalharemos neste material. 
Observe com atenção o mapa esquemático e faça o que se pede de acordo com os conteúdos selecionados no mapa.
1
Enredo
2
Personagem
3
Tempo
4
Espaço
5
Narrador
Elementos da narrativa
1 Enredo é uma trama de fatos desencadeados por meio da ação de personagens e que levam a narrativa ao seu ponto mais 
intenso, clímax , para depois encaminhá-la ao desfecho .
2 Personagem é um ser fictício, inventado que pratica as ações do enredo. Existem três tipos de personagem. Defina-os: 
• protagonista: personagem principal da narrativa .
• antagonista: que se opõe de alguma maneira ao personagem protagonista 
 .
• secundário: possui menor representatividade na estrutura da narrativa, pois atua como ajudante do protagonista ou do antagonista, é 
confidente, figurante .
3 O tempo na narração pode ser cronológico ou psicológico. O tempo cronológico pode ser medido, pois apresenta as divisões de tempo 
(relógio, calendário). Por outro lado, no tempo psicológico, a ordem dos fatos é determinada pela imaginação do narrador ou dos 
personagens de maneira a proporcionar um enredo não linear .
4 O espaço na narrativa pode ser físico ou psicológico .
5 O narrador pode contar a história em 1a ou 3a pessoa. Se narrar em 1a pessoa, ele será narrador- personagem , que, na 
história, poderá ser uma testemunha dos fatos ou o próprio personagem protagonista , ao redor do qual toda a 
trama se desenvolve. Se ele narrar em 3a pessoa, será chamado de narrador- observador e terá estas duas características 
fundamentais: onisciência e onipresença .
Resposta: E.
Professor, nesta seção os alunos serão desafiados a definir as partes do enredo, ou seja, a 
estrutura básica da narrativa. Todos os conceitos foram trabalhados, por isso eles estão aptos 
para responder com suas próprias palavras, porém podem buscar tais informações nas páginas 
iniciais desta unidade.
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