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Profa Juliana Lopes dos Santos “ Ao invés de cantar sistemas ou discutir princípios, Augusto dos Anjos traduz a sua subjetividade pessimista, que contamina toda a visão do mundo, num vocabulário científico tomado ao evolucionismo. Deste modo, renova o temário, versando as formas inferiores da vida, o verme, o germe, a doença, a ferida; contando o cachorro e dialogando com o vegetal.” Antônio Cândido Vida 1884 - Nasce na Paraíba; - cursa direito em Recife; - Leciona Português; 1910 - Vai para o Rio de Janeiro, como professor do colégio Pedro II; 1911 - Morre seu 1º filho; 1912 - Publica EU, seu único livro; 1914 - Morre de pneumonia, aos 30 anos. Momento de estagnação na poesia brasileira Parnasianismo X Simbolismo > Estagnação INFLUÊNCIAS Parnasianismo - Evita a exploração de temas sentimentais e autobiográficos: ( Eu = substantivo e não pronome); Simbolismo - Transmite impressões complexas e sutis sobre a vida e os sentimentos; Expressionismo - Interesse pelo mórbido; - Uso de termos científicos; Surrealismo - Ambiente de sonho ( pesadelo). CARACTERÍSTICAS GERAIS - Complicado vocabulário científico ( teorias evolutivas); - Antilírico ( rejeita a visão da poesia como expressão ou mero reflexo de vivências do indivíduo) - uso de termos científicos; - Usa fôrmas tradicionais da poesia, mas com cortes abruptos, que criam cenários com poucas palavras; - Têm consciência do poder de significação das palavras e da forma; - Não tem compromisso com o ideal de beleza do século XIX; - Possui ritmo que oscila entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande: vida da célula e morte de decomposição. PRINCIPAIS TEMAS - Podridão; - O nada; - A morte ( vista como um retorno para o nada original); - A vida decadente; - Decomposição ( no sentido metafórico e biológico); - Aversão às vontades; - Recusa do amor; - Funcionamento do “EU” - consciência individual, em face do mundo, da vida e da morte, e o seu destino efêmero na evolução das coisas. Versos Íntimos Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! 1 – Localize na música acima trechos que representem pontos de encontro com o fragmento abaixo, extraído de um dos poemas de Augusto dos Anjos trabalhados na última aula, explicando como eles são desenvolvidos. a)“O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.” b) O homem é levado a agir dessa forma, segundo Augusto dos Anjos, devido à pressão social. E segundo a canção? c) Caracterize o ser humano, de acordo com a letra da música. d) A que o homem “nunca cede” e o que ele nunca “esquece”? O Lobo Pitty Houve um tempo em que os homens Em suas tribos eram iguais Veio a fome e então a guerra Pra alimentá-los como animais Não houve tempo em que o homem Por sobre a Terra viveu em paz Desde sempre tudo é motivo Pra jorrar sangue cada vez mais. O homem é o lobo do homem! O homem é o lobo do homem! Sempre em busca do próprio gozo E todo zelo ficou pra trás Nunca cede e nem esquece O que aprendeu com seus ancestrais Não perdoa e nem releva Nunca vê que já é demais. O homem é o lobo do homem! O homem é o lobo do homem! O morcego Meia noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. Vou mandar levantar outra parede..." — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh'alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! 1 – Sobre a primeira estrofe, responda: a) O que “parece ser tão real”? b) Explique o que significa “se sentir vazio” e “sentir frio”? Isso é comum, de forma geral, no ser humano? Por quê? c) Qual verso expressa a ausência de compaixão, altruísmo e companheirismo entre os seres humanos? d) Qual a relação entre a televisão e a justiça, na quarta estrofe? Baader-Meinhof Blues (Legião Urbana) Dado Villa-lobos/ Renato Russo / Marcelo Bonfá A violência é tão fascinante E nossas vidas são tão normais E você passa de noite e sempre vê Apartamentos acesos Tudo parece ser tão real Mas você viu esse filme também. Andando nas ruas Pensei que podia ouvir Alguém me chamando Dizendo meu nome. Já estou cheio de me sentir vazio Meu corpo é quente e estou sentindo frio Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber Afinal, amar o próximo é tão demodé. Essa justiça desafinada É tão humana e tão errada Nós assistimos televisão também Qual é a diferença? Não estatize meus sentimentos Pra seu governo, O meu estado é independente. Já estou cheio de me sentir vazio Meu corpo é quente e estou sentindo frio Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber Afinal, amar o próximo é tão demodé. Psicologia de um vencido (PARA ATIVIDADE) Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epgênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que escapa da boca de um cardíaco. Já o verme - este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
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