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Código Penal atualizado até 19.06.18 (com questões de concursos e jurisprudência)

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CÓDIGO PENAL BRASILEIRO - CP
MATERIAL COM QUESTÕES DE CONCURSO e ALGUMAS REFERÊNCIAS À SÚMULAS E JULGADOS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.
	Última atualização legislativa e jurisprudencial: Lei nº 13.445, de 2017 (publicada em 24/05/2017; em vigor após 180 dias da publicação oficial); Lei 13.531/2017 (publicada em 07/12/2017); Lei 13.606/2018 (publicada em 09/01/2018); Lei 13.654, de 2018 (publicada em 23/04/2018).
Última atualização questões de concurso: 19/06/2018 (Crimes contra Administração e contra a incolumidade pública)
Observações quanto à compreensão do material:
Cores utilizadas:
EM VERDE: destaque aos títulos, capítulos, bem como outras informações relevantes, etc.
EM ROXO: artigos que já foram cobrados em provas de concurso.
EM AZUL: Parte importante do dispositivo (ex.: questão cobrou exatamente a informação, especialmente quando a afirmação da questão dizia respeito à situação contrária ao que dispõe no CP).
EM AMARELO: destaques importantes (ex.: critério pessoal)
Siglas utilizadas:
MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base legal), etc.
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.
	Vigência
	Código Penal.
        O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:
PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Anterioridade da Lei 
        Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
	DICA ROGÉRIO SANCHES: O art. 1º do CP diz que não há crime ou pena sem lei anterior. Não está falando das contravenções penais ou das medidas de segurança. Será então que as contravenções penais e as medidas de segurança não estão asseguradas pelo princípio da legalidade (leia-se: reserva legal + anterioridade)? Isso já caiu em concurso. De fato, medida de segurança não está assegurada expressamente pelo princípio da legalidade, mas não é o que prevalece. Quando o art. 1º diz que não há crime sem lei anterior, leia-se crime e contravenção; quando diz que não há pena sem prévia cominação, leia-se pena ou medida de segurança sem prévia cominação legal. Medida de segurança está sim assegurada pelo princípio da legalidade (reserva legal + anterioridade). Por isso que o art. 3º do CPM não foi recepcionado, em parte, pela CF/88. O art. 3º do CPM atrelou medida de segurança à lei, mas não atrelou a anterioridade, mas não o fez. 
(TJRS-2012): Em relação ao princípio da legalidade (art. 1º do Código Penal), permite-se concluir que ninguém poderá ser punido por conduta praticada que não esteja previamente definida como crime na lei. BL: art. 1º, CP.
(TJMS-2015-VUNESP): A tipicidade conglobante é um corretivo da tipicidade legal, posto que pode excluir do âmbito do típico aquelas condutas que apenas aparentemente estão proibidas.
(TJSP-2011-VUNESP): Antônio, quando ainda em vigor o inciso VII do art. 107 do CP, que contemplava como causa extintiva da punibilidade o casamento da ofendida com o agente, posteriormente revogado pela Lei 11.106, publicada no dia 29 de março de 2005, estuprou Maria, com a qual veio a casar em 30 de setembro de 2005. O juiz, ao proferir a sentença, julgou extinta a punibilidade de Antônio, em razão do casamento com Maria, fundamentando tal decisão no dispositivo revogado (art. 107, VII do CP). Dentre os princípios, o magistrado fundamentou sua decisão no princípio da ultratividade da lei penal benéfica.
Explicação: A ultra-atividade representa a possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos. A nova lei que prejudica o réu (lex gravior) é irretroativa, devendo ser aplicada a lei vigente quando do tempo do crime. Trata-se de observância do princípio da anterioridade, corolário do princípio da legalidade. Como decorrência da irretroatividade da lei nova que de algum modo prejudica o réu, operar-se-á a ultra-atividade da lei mais benéfica. É dizer: a lei revogada (vigente na data dos fatos) será aplicada em detrimento da lei nova (vigente na data do julgamento).
        Lei penal no tempo
        Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJPR-2010)        
	(Escrivão de Polícia/MA-2018-CESPE): A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é típico e lei posterior suprime o tipo penal. BL: art. 2º, CP.
 Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (MPMS-2015)
	(Téc. Judic./TJAL-2018-FGV): Disposições constitucionais e disposições legais tratam do tema aplicação da lei penal no tempo, sendo certo que existem peculiaridades aplicáveis às normas de natureza penal. Sobre o tema, é correto afirmar que: a lei penal excepcional, ainda que mais gravosa, possui ultratividade em relação aos fatos praticados durante sua vigência. BL: art. 3º, CP.
(Advogado Legislativo-Câm. De Salvador/BA-2018-FGV): Em razão da situação política do país, foi elaborada e publicada, em 01.01.2017, lei de conteúdo penal prevendo que, especificamente durante o período de 01.02.2017 até 30.11.2017, a pena do crime de corrupção passiva seria de 03 a 15 anos de reclusão e multa, ou seja, superior àquela prevista no Código Penal, sendo que, ao final do período estipulado na lei, a sanção penal do delito voltaria a ser a prevista no Art. 317 do Código Penal (02 a 12 anos de reclusão e multa). No dia 05.04.2017, determinado vereador pratica crime de corrupção passiva, mas somente vem a ser denunciado pelos fatos em 22.01.2018. Considerando a situação hipotética narrada, o advogado do vereador denunciado deverá esclarecer ao seu cliente que, em caso de condenação, será aplicada a pena de: 03 a 15 anos, diante da natureza de lei temporária da norma que vigia na data dos fatos. BL: art. 3º, CP.
OBS: Em relação a essa questão deve se entender o seguinte:
Na lei temporária: Tempo certo para a sua vigência, no comando da questão fala da lei durante o período de 01.02.2017 até 30.11.2017.
Na lei expecional: sabemos quando começa, mas não temos ciência de quando termina. 
Logo, falou de lei com período certo, estamos falando de lei temporária.
(TJRN-2013): De acordo com entendimento doutrinário dominante, a lei excepcional ou temporária aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, ainda que, no momento da condenação do réu, não mais vija, ou ainda, que tenham cessado as condições que determinaram sua aplicação. BL: art. 3º, CP.
Explicação: Há doutrina minoritária que entende que este dispositivo não foi recepcionado pela CF/88.
(TJRJ-2012-VUNESP): A regra do tempus regit actum explica o fenômeno da ultratividade da lei penal excepcional.
(MPMG-2010): Sobre a Lei Penal Temporária ou Excepcional, é CORRETO afirmar: Aplicar-se-á aos crimes praticados no período em que esteve em vigor, embora decorrido o prazo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, mesmo que ainda não tenha sido instaurada a ação penal. BL: art. 3º, CP.
(TJPR-2010-PUCPR): A lei excepcional ou temporária, depois de decorrido o tempo de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. BL: art. 3º, CP.
(TJRS-2009): A lei penaltemporária, embora decorrido o período de sua duração, aplica-se a fato praticado durante sua vigência. BL: art. 3º, CP.
Explicação: As leis temporárias são leis penais ultra-ativas, que alcançam os fatos praticados durante a sua vigência, ainda que as circunstâncias de prazo (lei temporária) tenham se esvaído, uma vez que essas condições são elementos temporais do próprio fato típico.
        Tempo do crime
        Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2016) (Anal. Judic.-TRE/RJ-2017)
	(TJPI-2012-CESPE): Em relação ao tempo do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria da atividade, considerando-o praticado no momento da ação ou omissão. BL: art. 4º, CP.
(TJPR-2011): No que tange ao tempo do crime, assinale a única alternativa CORRETA: Considera-se praticado o ato criminoso no exato momento da ação ou omissão, ainda que o resultado lesivo ocorra em momento diverso. BL: art. 4º, CP.
        Territorialidade
        Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (M)
	(TJBA-2012-CESPE): Suponha que João, brasileiro de 22 anos, sequestre Maria, brasileira de 24 anos, nas dependências do aeroporto internacional da cidade do Rio de Janeiro – RJ, levando-a imediatamente, em aeronave alemã, para o Paraguai. A esse caso aplica-se a lei penal brasileira, sendo irrelevante eventual processamento criminal pela justiça paraguaia.
Explicação: O crime de sequestro foi cometido no Brasil, aplicando-se, pois, princípio da territorialidade, com a incidência da lei brasileira. Ainda que se considere a permanência que caracteriza esse crime, o que enseja o prolongamento da consumação, que ocorre também no Paraguai, a lei brasileira continua aplicável diante da conduta social. É possível, pois que o agente seja processado e condenado no Paraguai, mas, diante da aplicação da lei penal brasileira, o processo será irrelevante, embora a pena eventualmente lá aplicada deva atenuar a imposta no Brasil ou ser nela computada, se for idêntica.
(MPMT-2012): Segundo o princípio da territorialidade, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional brasileiro, salvo se convenção ou tratado firmado pelo Brasil dispuser de forma diversa. BL: art. 5º, CP.
	OBS: Art. 5º, caput: Essa territorialidade é mitigada ou temperada, porque admite exceções, seja os casos de extraterritorialidade, seja as hipóteses de intraterritorialidade. 
        § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (MPSE-2010)
	(MPDFT-2013): O princípio da territorialidade regula a aplicação da lei penal brasileira ao crime praticado no interior de navio de guerra de bandeira pátria, quando em porto estrangeiro. BL: art. 5º, §1º do CP.
        § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJDFT-2016)
        Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (MPPI-2012) (MPPR-2012)
	(TJDFT-2014-CESPE): Considera-se lugar do crime, para efeito de fixação de competência territorial da jurisdição penal brasileira, o lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como o lugar em que se produziu o resultado. BL: art. 6º, CP.
(MPAL-2013-FCC): No que se refere à aplicação da lei penal, correto afirmar que para a determinação do lugar do crime vigora o princípio da ubiquidade. BL: art. 6º, CP.
	OBS1: 
Art. 4º: Tempo do Crime
Art. 6º: Lugar do Crime
Dica: LU/TA
LU = Teoria da Ubiquidade = lugar do crime (art. 6º)
TA = Teoria da Atividade = tempo do crime (art. 4º)
OBS2: Teoria da Atividade: Só tem relevância nos crimes materiais ou causais (crimes de resultado = STF), isto é, nos crimes materiais que o resultado naturalístico é obrigatório. Há nos crimes formais e de mera conduta, praticada a conduta, o crime está automaticamente consumado.
   
	   
	Crimes à distância (ou de espaço máximo)
	Crimes plurilocais (ou de espaço mínimo)
	- Envolvem países diversos, envolvendo questão de soberania (art. 6º, CP – adota a Teoria da Ubiquidade).
	- São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em Comarcas diversas, mas dentro do mesmo país. A questão aqui, portanto, não é de soberania, mas de competência, e essa problemática é solucionada, via de regra, pelo art. 70, caput do CPP.
OBS: A competência é definida pela Teoria do Resultado
	Atenção: Nos crimes plurilocais, a regra é a teoria do resultado. Porém existem exceções:
Art. 63 da Lei 9099/95: crimes de menor potencial ofensivo – Teoria da Atividade (regra);
Crimes de competência do Tribunal do Júri: Teoria da Atividade – criação jurisprudencial.
    Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
        Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) (M)
        I - os crimes [EXT. INCONDICIONADA]: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
        a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República [P. DEFESA REAL]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (DPF-2004)
        b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público [P. DEFESA REAL]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
	(TJDFT-2014-CESPE): Aquele que, no exterior, falsificar papel-moeda de curso legal no estrangeiro, estará sujeito a responder pelo mesmo crime perante a jurisdição brasileira, independentemente do cumprimento de pena no país onde o crime for praticado. BL: art. 7º, inciso I, alínea “b” e §1º c/c art. 289 do CP.
OBS: Vide redação do art. 289 do CP:
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no ESTRANGEIRO: (...)
OBS: Leciona Rogério Sanches (CP Comentado, 2012), que “Não somente a moeda nacional pode ser objeto material do crime, mas também a estrangeira, sendo que ambas devem ter curso legal no Brasil ou no país de origem, querendo isto dizer que, a moeda não pode ser recusada como meio de pagamento”. Ou seja, a moeda estrangeira deve ser tida como válida no Brasil, vindo a ser comercializada (para compra/venda) em casas de câmbio no território, a título de exemplo.
(TRF4-2010): Fica sujeito à lei brasileira o crime ocorrido no estrangeiro contra o patrimônio da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A. BL: art. 7º, inciso I, alínea “b”, CP.
        c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço [DEFESA REAL]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
	(TJDFT-2008): Aplica-se a lei brasileira aos crimes praticados em território estrangeiro em detrimento da administração pública, por quem está a seu serviço. BL: art. 7º, inciso I, “c” do CP.
        d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [P. PERSONALIDADE ATIVA] ou domiciliado no Brasil [PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        II -os crimes [CONDICIONADA]: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir [P. JUSTIÇA UNIVERSAL]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TRF4-2010)
        b) praticados por brasileiro [P. PERSONALIDADE ATIVA] ; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	(TJSP-2009-VUNESP): A norma inserida no art. 7º, inciso II, “b” do CP – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro (...) os crimes (...) praticados por brasileiro – encerra o princípio da nacionalidade ou da personalidade ativa.
Explicação: Tal princípio impõe a aplicação da lei do país a que pertence o agente, pouco importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico violado.
(TJRS-2009): Antônia, detentora de nacionalidade brasileira, quando no território austríaco, simula ter sido vítima de sequestro lesionando seu próprio corpo, com o objetivo de obter indenização ou o valor do seguro. Na hipótese considerada, em nenhuma circunstância a lei penal brasileira poderá ser aplicada.
Explicação: O art. 7º, II, b do CP prevê a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira por crime cometido no estrangeiro por brasileiro. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade condicionada, pois a aplicação da lei depende da entrada do agente no território nacional; de ser o fato punível também no país em que foi praticado; de estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; de não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; de não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
       
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados [P. DA REPRESENTAÇÃO]. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	(MPMG-2017): No direito brasileiro, adota-se, no âmbito espacial, como regra, o princípio da territorialidade. Dada, porém, a relevância de certos bens, protege-os o direito até mesmo contra crimes praticados inteiramente fora do Brasil, em respeito a certos princípios. É o que chama a doutrina de aplicação extraterritorial condicionada ou incondicionada, conforme o caso, da lei penal brasileira. A lei brasileira é aplicável, por força do princípio do pavilhão, ao crime praticado a bordo de embarcação mercante brasileira, quando em território estrangeiro e aí não seja julgado, falando a doutrina, nesse caso, de aplicação extraterritorial condicionada. BL: art. art. 7.º, II, “c”, do CP.
OBS: Princípio da representação ou princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou da substituição. Segundo esse princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam julgados. É adotado pelo art. 7.º, II, “c”, do CP (extraterritorialidade condicionada).
(MPRS-2014): “Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro [...], os crimes [...] praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”. Esse art. 7º, inciso II, alínea c, define o princípio da representação. BL: art. 7º, II, “c” do CP.
       § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	(Analista-CRBio/1ªRegião-2017-VUNESP): De acordo com o Código Penal Brasileiro, fica sujeito à lei brasileira, embora praticado no estrangeiro, o crime contra o patrimônio dos municípios. O agente será punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro. BL: art. 7º, I, “b” e §1º, CP.
(TJDFT-2016-CESPE): Ficam sujeitos à lei brasileira os crimes contra o patrimônio ou a fé pública do DF, de estado, de município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo poder público, embora cometidos no estrangeiro, sendo o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido no estrangeiro. BL: art. 7º, I, alínea “b” c/c §1º, CP.
        § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TJRS)
        a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) ser o fato punível também no país em que foi praticado [P. DA DUPLA TIPICIDADE]; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) (TRF4-2010)
        e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
	(TJSE-2015-FCC): João, brasileiro, é vítima de um furto na cidade de Paris, na França. O autor do delito foi identificado na ocasião, José, um colega brasileiro que residia no mesmo edifício que João. A Justiça francesa realizou o processo e ao final José foi definitivamente condenado a uma pena de 2 anos de prisão. Ambos retornaram ao país e José o fez antes mesmo de cumprir a sua condenação. Neste caso, conforme o Código Penal brasileiro, aplica-se a lei penal brasileira, se não estiver extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável. BL: art. art. 7º, II, “b” c/c art. 7º, §2º, “e”, CP.
        § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior [P. DA PERSONALIDADE PASSIVA]: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
        Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(Anal. Judic./TRF2-2012-FCC): Lucius foi condenado, pelo mesmo crime, no Brasil, à pena de três anos de reclusão e, no estrangeiro, à pena de um ano de reclusão. Cumpriu integralmente a pena imposta no outro país. Nesse caso, a pena imposta no Brasil será reduzida a dois anos. BL: art. 8º, CP.
OBS: Como Lucius foi condenado pelo mesmo crime e cumpriu um ano no estrangeiro, faltaram somente dois anos para cumprir de pena no Brasil.
(TRF4-2010): A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena diversa imposta no Brasil pelo mesmo crime. BL: art. 8º, CP.
        Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016)
        II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (M)
        b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Contagem de prazo(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJRN-2013) (MPAL-2013)
	(Anal. Judic./TJPA-2014-VUNESP): A respeito da contagem de prazo no Código Penal, é correto afirmar que o dia do começo se inclui no cômputo do prazo. BL: art. 10, CP.
(DPDF-2006-CESPE): O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para as hipóteses de cálculo de duração da pena, do livramento condicional e da prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é feita pelo calendário gregoriano. BL: art. 10, CP.
        Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro [leia-se: real, desprezando-se os centavos na liquidação da sanção patrimonial]. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016) (MPBA-2015) (TJRN-2013)
        Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso [PRINC. DA CONVIVÊNCIA DAS ESFERAS AUTÔNOMAS]. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJRJ-2011-VUNESP): O agente que mata alguém, por imprudência, negligência ou imperícia, na direção de veículo automotor, comete o crime previsto no art. 302 da Lei 9503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), e não o crime previsto no art. 121, §3º do CP. Dentre os princípios que fundamenta tal afirmativa é o princípio da especialidade. 
Explicação: De acordo com esse princípio, afasta-se a lei geral para a aplicação da lei especial. Entende-se como lei especial aquela que contém todos os elementos da norma geral, acrescida de outros que a tornam distinta (chamados de especializantes). O tipo especial preenche integralmente o tipo geral com a adição de elementos particulares.
(TRF4-2010): As regras gerais do Código Penal não se aplicam às leis especiais que disponham de modo diverso. BL: art. 12, CP.
(TJRR-2008-FCC): Para solucionar questão relacionada a concurso aparente de normas, o intérprete pode valer-se, dentre outros, do princípio da especialidade.
Explicação: Tal princípio é adotado no art. 12 do CP e determina que se afaste a lei geral para a aplicação da lei especial. Neste caso, a lei especial contém todos os elementos da geral, acrescida de algum detalhe especial (especializante). Como exemplo, podemos citar a importação irregular de drogas. Num primeiro momento, os fatos poderiam se subsumir tanto ao art. 33 da Lei 11.343/06 quanto ao art. 334, caput do CP (crime de contrabando ou descaminho). Todavia, não há como negar que o primeiro dispositivo é o que melhor se aplica aos fatos, cuidando-se de norma especial.
TÍTULO II
DO CRIME
        Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJSP-2015-VUNESP): A relação de causalidade relevante para o Direito Penal é a que é previsível ao agente. A cadeia causal, aparentemente infinita sob a ótica naturalística, é limitada pelo dolo ou pela culpa do agente. BL: art. 13, CP.
(TJSP-2015-VUNESP): As concausas absolutamente independentes excluem a causalidade da conduta.
(TJPB-2011-CESPE): O nexo causal em mera constatação acerca da existência de relação entre conduta e resultado, tendendo a sua verificação apenas às leis da física, mais especificamente, da causa e do efeito, razão pela qual a sua aferição independe de qualquer apreciação jurídica, como a verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente. 
Explicação: Nexo causal é o vínculo entre conduta e resultado. Para a teoria normativa (predominante), todo e qualquer crime possui nexo de causalidade, muito embora haja corrente minoritária defendendo a existência de nexo de causalidade somente nos crimes de resultado material ou naturalístico.
        Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016) (MPSC-2016)
	(TJSP-2015-VUNESP): A superveniência de causa relativamente independente, que, por si só, produz o resultado, exclui a imputação original, mas os fatos anteriores são imputados a quem os praticou. BL: art. 13, §1º, CP.
        Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMS-2008) (Analista-CRBio/1ªRegião-2017)
	(MPPR-2017): Os tipos de omissão de ação podem aparecer sob a forma de omissão imprópria, fundada no dever jurídico especial de agir, que admite ações dolosas e culposas, e sob a forma de omissão própria, fundada no dever jurídico geral de agir, que admite apenas ações dolosas.
OBS: No caso da omissão imprópria, basta lembrar da mãe que deixa de alimentar o filho em tenra idade e este vem a falecer, que independentemente de ter agido com dolo ou culpa, responderá pelo resultado. Na omissão própria, apenas em caso de dolo o a gente responderá pela omissão.
(TJMSP-2016-VUNESP): Segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância penal se, além do dever de impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade de evitá-lo.
(TJPB-2015-CESPE): O crime omissivo admite a participação por meio de comissão.
Explicação:  É possível: 1) PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO, EM CRIME COMISSIVO (art. 13, §2º, CP). Ocorre quando o agente podia e devia agir para evitar o resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime de outrem. ex: policial que podia e devia agir, se omite, deixando de evitar um furto. 2) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO. Ocorre quando o agente induz (participação moral por induzimento) a mãe a matar o próprio filho por inanição (art. 13, §2º, alínea 'a', CP). 3) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO PRÓPRIO. Ocorre quando o agente induz (participação moral por induzimento) o autor a deixar de prover alimentos a vítima (art. 244, CP = é crime omissivo próprio/puro).
(TJES-2012-CESPE): Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de impedir o dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável nos delitos comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida. 
Explicação: Nos crimes omissivos impróprios não basta a simples abstenção de comportamento. O não fazer será penalmente relevante apenas quando o omitente possuir a obrigação de agir para impedir a ocorrência do resultado (dever jurídico). Mais do que um dever genérico de agir, aqui o omitente tem dever jurídico de evitar a produção do evento. Além disso, é imprescindível a presença do elemento subjetivo, sob pena de se caracterizar responsabilidade objetiva.
(TJAC-2012-CESPE): Em se tratando de crimes omissivos impróprios, admite-se a tentativa.
Explicação: O crime omissivo impróprio, por se tratar de crime comissivo cometido por abstenção por parte de quem estava obrigado a atuar para evitar o resultado, admite a tentativa, ao contrário do crime omissivo próprio, que, por se caracterizar pela simples abstenção, é incompatível com a tentativa.
(MPRJ-2012): Admite tentativa a seguinte categoria de infração penal: crimes omissivos impróprios.
        a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; [dica: PVC] (Incluídopela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMG-2005)
        b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(PCMS-2017-FAPEMS): A partir da narrativa a seguir e considerando as classes de crimes omissivos, assinale a alternativa correta. Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um mercado, foi detido por populares que o amarraram em um poste de iluminação. Acabou agredido violentamente por Valdemar, vítima da subtração, que se valeu de uma barra de ferro encontrada na rua. Alice tentou intervir, porém foi ameaçada por Valdemar. Ato contínuo, Alice, verificando a grave situação, correu até um posto da Polícia Militar e relatou o fato ao soldado Pereira, que se recusou a ir até o local no qual estava o periclitante, alegando que a situação deveria ser resolvida unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança particular do mercado, gravou a agressão e postou as imagens em rede social com a seguinte legenda: "Aí mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu em decorrência de trauma craniano. Pereira poderá ser indiciado pela prática de crime omissivo impróprio. BL: art. 13, §2º, “b”, CP.
OBS: Os crimes omissivos impróprios ou impuros são crimes cujo tipo penal me descreve uma ação, então o sujeito deveria responder pelo crime, pelo agir, mas nesse caso, o resultado que deveria vir por ação, está vindo pela omissão. Mas, esse omitente daqui é um garantidor (art. 13, § 2º, do CP). Os garantidores respondem pelo resultado que deveriam ter impedido, mas não impediram. Exemplo: salva vidas que deixa a criança morrer afogada responde pelo crime de homicídio. Nos crimes omissivos impróprios a consumação ocorre com o resultado e admite-se a tentativa.
        c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(Téc. Judic./TRF1-2017-CESPE): Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou ocasionando dano à integridade física de uma pessoa. Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. A omissão de Antônio é penalmente relevante porque foi esse comportamento que criou o risco de ocorrência do resultado danoso à integridade física. BL: art. 13, §2º, “c”, CP.
        Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Analista-CRBio/1ªRegião-2017)
	(TJSC-2015-FCC): Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no sistema legal positivo brasileiro expressado pelo Código Penal vigente há preponderância do desvalor do resultado, embora haja relevância do desvalor da ação, como se vê no caso de cominação da pena para o crime tentado em relação ao crime consumado.
(TJPR-2010-PUCPR): Na tentativa de homicídio, incide o princípio da subsidiariedade. 
Explicação: A relação entre crime tentado e crime consumado é de subsidiariedade, pois tutelam o mesmo bem jurídico em fases diversas da execução do crime.
(TJMT-2009-VUNESP): Os crimes unissubsistentes, os crimes omissivos próprios e as contravenções penais, entre outros, não admitem a figura da tentativa. 
(TJRR-2008-FCC): A tentativa exige comportamento doloso do agente. 
Explicação: A punição pelo crime tentado pressupõe que o agente atue baseado em conduta dolosa. Considerando que no crime culposo o resultado é involuntário, não há compatibilidade entre a culpa e a tentativa (salvo a culpa imprópria).
(TJAL-2008-CESPE): Admite tentativa o crime de mera conduta.
Explicação: Tratando-se de delito sem resultado, a lei descreve apenas uma conduta, consumando-se o crime no momento em que esta é praticada. Independentemente disso, admite-se a tentativa, pois sua execução pode ser fracionada em vários atos (ex: violação de domicílio).
        Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJPR)
	(Anal. Judic./TRF1-2017-CESPE): No que concerne à punibilidade da tentativa, o Código Penal adota a teoria objetiva. BL: art. 14, § único, CP.
OBS: A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. 14, parágrafo único. E, nesse campo, o Código Penal acolheu como regra a teoria objetiva, realística ou dualista, ao determinar que a pena da tentativa deve ser correspondente à pena do crime consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços). Como o desvalor do resultado é menor quando comparado ao do crime consumado, o conatus deve suportar uma punição mais branda. Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela expressão “salvo disposição em contrário”. (Fonte: Cleber Rogério Masson - Direito Penal Esquematizado).
(TJSC-2015-FCC): Sobre as relações que se estabelecem entre os conceitos de desvalor da ação e desvalor do resultado, é correto afirmar que no sistema legal positivo brasileiro expressado pelo Código Penal vigente há preponderância do desvalor do resultado, embora haja relevância do desvalor da ação, como se vê no caso de cominação da pena para o crime tentado em relação ao crime consumado.
(TJPR-2010-PUCPR): Pode acontecer de um crime tentado ser punido com a mesma pena do consumado.
Explicação: Nos denominados crimes de atentado, a lei prevê a mesma punição para a tentativa e a consumação do crime. É o que ocorre no art. 352 do CP: “Evadir-se ou tentar evadir-se o preso...”.
(TJMT-2009-VUNESP): Nosso Código Penal adotou a teoria objetiva como como fundamento para a punição do crime tentado conforme se observa do art. 14, § único: “pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”. 
(TJMS-2008-FGV): Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. BL: art. 14, § único, CP.
        Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT-2016)
	OBS1: No art. 15, 1ª parte, do CP, consta a desistência voluntária. A 2ª parte (...impede que o resultado se produza...) é o instituto do arrependimento eficaz.
OBS2: Segundo posição MAJORITÁRIA, desistência voluntária e arrependimento eficaz são causas de exclusão da tipicidade. Essa posição é extraída do art. 15 do CP. Além disso, a doutrina denomina tais institutos de tentativa qualificada.
OBS3: Na desistência voluntária, o agente interrompe a execução do crime, não esgotando o processo executório do crime. Ela é incabível nos crimes unissubsistentes, porque nestes a conduta é composta de um único ato que consuma o crime. Ela é incompatível com a tentativa acabada.
OBS4: No arrependimento eficaz a execução do crime já se encerrou, só que ele adota providências para impedir a consumação. Ele só é possível nos crimes materiais, não cabendo nos crimes formais e de mera conduta. Isso porque no crime formal o resultado naturalístico pode ocorrer, mas é desnecessário. No crime de mera conduta inexiste resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera conduta o crime se consuma com a conduta, não havendo comose falar em resultado e, por conseguinte, não há como impedir a ocorrência do resultado.
        
	(TJCE-2012-CESPE): Apesar de ser possível a elaboração sucessiva dos quesitos atinentes à tentativa de homicídio e ao arrependimento eficaz, o resultado afirmativo em relação a um deles prejudica a análise do outro, em face de serem esses institutos completamente diversos entre si, sob pena de nulidade absoluta, que não está, pois, sujeita à preclusão.
Explicação: Não se confundem a tentativa e o arrependimento eficaz. Na tentativa, no caso, de homicídio, o agente emprega os meios necessários para matar alguém, mas, por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue alcançar seu intento. Já no arrependimento eficaz, o agente emprega os meios de que dispõe para matar, mas, em seguida, atua positivamente para evitar que o resultado se produza (socorrendo a vítima, por exemplo). Por isso, embora seja possível a elaboração de quesitos sucessivos à respeito da tentativa e do arrependimento eficaz no homicídio, o resultado afirmativo em relação a um deles prejudica a análise do seguinte.
(TJRJ-2014-VUNESP): Maria, 22 anos, aos 7 meses de gestação decide praticar um aborto em si mesma. Para tanto, pede e obtém auxílio de sua irmã Ana, 24 anos, que adquire medicamento abortivo. Sem muita coragem, mas mantendo seu propósito inicial, Maria pede a Ana que lhe administre a substância, de forma endovenosa, o que é feito. Quando se inicia a expulsão do feto, ambas arrependem-se da prática, e procuram um serviço médico em busca de auxílio. O feto é expulso no hospital, mas em virtude do seu já adiantado estado de desenvolvimento, sobrevive sem sequelas. Maria, em razão da ação do medicamento abortivo, sofre uma histerectomia. Diante desse quadro, Maria não será punida, em virtude do arrependimento eficaz, e Ana será punida por lesão corporal gravíssima (perda de função reprodutiva).
Explicação: No arrependimento eficaz, o agente só responde pelos atos já praticados, como Maria praticou auto-lesão (não punível pelo direito penal), somente Ana será punida. Ana responderá por lesão corporal gravíssima. Artigo 129, §2º, inciso III do Código Penal.
(TJPR-2010-PUCPR): O agente que impede a produção dos efeitos de sua ação faz, agindo assim, com que, o crime não se consume. Ocorre, desse modo, o arrependimento eficaz. BL: art. 15, 2ª parte do CP.
(TJMG-2008): Fulano de tal, decidido a matar Cicrano, carrega o seu revólver e parte em seu encalço. Localiza-o em lugar deserto e, em perseguição, atira e o acerta apenas de raspão. Fulano consegue alcançá-lo, chega ao seu lado e, com o revólver dispondo ainda de 6 tiros, decide não disparar a arma, deixando de consumar o seu intento inicial. Fulano responderá por lesões corporais.
Explicação: Houve, no caso, desistência voluntária, pois o sujeito ativo abandonou a execução do crime quando ainda lhe sobrava, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação. Trata-se de situação em que os atos executórios ainda não haviam se esgotado, mas o agente, voluntariamente, não prosseguiu com o seu dolo inicial. De acordo com o art. 15 do CP, o agente responde por atos já praticados, ou seja, pelas lesões corporais. De acordo com a maioria da doutrina, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, extinguem a punibilidade da tentativa do crime inicialmente desejado.
 Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJPR-2008) (Analista-CRBio/1ªRegião-2017)
	(TJSP-2015-VUNESP): No arrependimento posterior, o agente busca atenuar os efeitos da sua conduta, sendo, portanto, causa geral de diminuição de pena. Sobre esse instituto, assinale a alternativa correta. Deve operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa. BL: art. 16 do CP.
(AGU-2015-CESPE) João, empregado de uma empresa terceirizada que presta serviço de vigilância a órgão da administração pública direta, subtraiu aparelho celular de propriedade de José, servidor público que trabalha nesse órgão. Se devolver voluntariamente o celular antes do recebimento de eventual denúncia pelo crime, João poderá ser beneficiado com redução de pena justificada por arrependimento posterior. BL: art. 16 do CP.
(TJPE-2013-FCC): O arrependimento posterior pode reduzir a pena abaixo do mínimo previsto para o crime.
Explicação: O arrependimento posterior é uma causa de diminuição de pena, incidente na terceira fase de aplicação, que pode conduzir a reprimenda a patamar abaixo do mínimo abstratamente cominado ao delito.
(TJPI-2012-CESPE): Para a aplicação do arrependimento posterior não se exige do agente espontaneidade na devolução da coisa subtraída.
Explicação: A lei se contenta com a voluntariedade, atitude livre de coação física ou moral, independentemente da existência de interferências externas subjetivas, ou da ausência de motivos nobres na condução do arrependimento. Não é necessário, portanto, que o ato seja espontâneo.
(TJPI-2012-CESPE): No arrependimento posterior, a reparação do dano ou a restituição da coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, ainda que efetivada por um só agente, é circunstância objetiva e deve comunicar-se aos demais réus. (DPERN-2015)
Explicação: Arrependimento posterior é circunstância objetiva que se estende a todos os agentes da prática delitiva (art. 30 do CP). Concorrendo mais de uma pessoa para o crime, o arrependimento posterior de um deles gera a causa de redução de pena para todos os demais. É o entendimento do STJ (REsp 1.187.976/SP).
(TJRJ-2012-VUNESP): Assinale a hipótese que configura arrependimento posterior (art. 16 do CP): Autor de peculato doloso que no momento de sua prisão em flagrante devolve, voluntariamente, os bens móveis de que havia apropriado. 
Explicação: Em tese, o autor do peculato que devolve, voluntariamente, os bens de que havia se apropriado pode ser beneficiado pela causa de diminuição de pena relativa ao arrependimento posterior, ainda que a reparação do dano não tenha sido espontânea, requisito do qual o art. 16 do CP não se ocupa. Há de se destacar, todavia, a existência de orientação no sentido de que, tratando-se de peculato doloso, nem mesmo o arrependimento posterior é admitido, por não ser infração contra o patrimônio, mas contra o bom nome da administração. Incidiria, no caso, somente atenuante de pena, segundo o que dispõe o art. 65, III, “b” do CP (RT 659/253).
(TJAL-2008-CESPE): No arrependimento posterior, a redução da pena varia de um a dois terços. Conforme doutrina majoritária, o critério a ser utilizado pelo juiz para quantificar a redução da pena é o da celeridade da reparação. Assim, quanto mais rápida a reparação do dano, maior deverá ser a redução da pena pelo juiz.
Explicação: A diminuição se opera na 3ª fase de aplicação da sanção penal e terá como parâmetro a maior ou menos presteza (celeridade e voluntariedade) na reparação ou restituição.
        Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJAC-2012)
        Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - doloso, quando o agente quis o resultado [obs.: Teoria da Vontade – Dolo Direto] ou assumiu o risco de produzi-lo [obs.: Teoria do Assentimento ou Consentimento – Dolo Eventual];(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJSC-2012)
	(Anal. Judic./STJ-2018-CESPE): Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo direto e a teoria do assentimento para o dolo eventual. BL: art. 18, I,CP.
(Anal. Judic./TJMS-2017-PUCPR): Acerca do dolo e da culpa, marque a alternativa CORRETA: O Código Penal Brasileiro, ao dispor que o crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, está adotando as teorias da vontade e do assentimento, respectivamente. BL: art. 18, I, CP.
(TJPB-2011-CESPE): O estudo do tipo subjetivo dos crimes dolosos tem por objeto o dolo, elemento subjetivo geral, excluído nas hipóteses de erro de tipo, sendo as intenções, tendências ou atitudes pessoais elementos subjetivos especiais existentes em conjunto com o dolo em determinados delitos.
Explicação: O dolo pode ser conceituado como a vontade consciente dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta prevista no tipo penal incriminador. Majoritariamente, entende a doutrina que o dolo é um elemento subjetivo implícito da conduta. O dolo é composto por dois elementos. O primeiro deles é o elemento volitivo, a vontade de praticar a conduta descrita na norma, vontade esta que está representada pelos verbos querer e aceitar. Por outro lado, o elemento intelectivo se traduz na consciência da conduta e do resultado. O erro de tipo, em que o agente não sabe – ou não sabe exatamente – o que faz, porque tem uma falsa representação da realidade, exclui o dolo. O denominado elemento subjetivo do tipo está presente quando o agente tem vontade de realizar a conduta visando um fim específico que é elementar do tipo (no furto, por exemplo, é subtrair para si).
(TJPR-2008): George Shub, conhecido terrorista, pretendendo matar o Presidente da República de Quiare, planta uma bomba no veículo em que ele sabe que o político é levado por um motorista e dois seguranças até uma inauguração de uma obra. A bomba é por ele detonada à distância, durante o trajeto, provocando a morte de todos os ocupantes do veículo. Com relação à morte do motorista, George Shub agiu com dolo direto de segundo grau.
Explicação: A doutrina, especialmente alemã e espanhola distingue dolo de primeiro grau de dolo de segundo grau: o primeiro compreende o resultado ou resultados que o agente persegue diretamente; o segundo, todas as consequências que, mesmo que não perseguidas e até eventualmente lamentadas, o autor prevê como inevitáveis. 
(TJPR-2008): George Shun, conhecido terrorista, pretendendo matar o Presidente da República de Quiare, planta uma bomba no veículo em que ele sabe que o político é levado por um motorista e dois seguranças até uma inauguração de uma obra. A bomba é por ele detonada à distância, durante o trajeto, provocando a morte de todos os ocupantes do veículo. Com relação à morte do motorista, George Shub agiu com dolo de segundo grau.
(MPDFT-2004): O dolo direto de segundo grau versa sobre as consequências secundárias, decorrentes dos meios elegidos pelo autor para a prática da conduta, desde que por ele representadas como certas ou necessárias, ainda que não desejadas.
        Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJSC-2012): O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da excepcionalidade do crime culposo.
(TJMA-2013-CESPE): É possível a punição a título de culpa mesmo se o resultado não tenha sido previsto pelo agente.
Explicação: A culpa pode ser consciente ou inconsciente. Será consciente nas situações em que o agente representa a possibilidade de ocorrer o resultado, mas acredita poder evita-lo. A culpa será inconsciente quando, embora previsível o resultado, o agente não representa a possibilidade de sua ocorrência. Em ambas as hipóteses, pode ser punido. Afasta-se a responsabilidade pela culpa se o resultado não for sequer previsível.
(Analista-DETRAN/DF-2009-CESPE): João atropelou Pedro. O pai de João, que estava no banco do carona, ao seu lado, no intuito de eximi-lo da responsabilidade criminal e civil, alterou a posição da vítima e do carro antes de a perícia chegar ao local. Com base nessa situação hipotética, julgue o item seguinte: A conduta de João poderá ser considerada dolosa, caso fique demonstrado que assumiu o risco de produzir o resultado, ou culposa, caso tenha agido com imprudência, negligência ou imperícia. BL: art. 18, I e II do CP.
(TJPR-2008): A culpa que decorre de erro culposo sobre a legitimidade da ação realizada denomina-se culpa imprópria.
Explicação: Culpa imprópria (ou culpa por equiparação, por assimilação, ou por extensão), é aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. Nos casos de culpa imprópria, pode-se dizer que a estrutura do crime é dolosa, porque, no plano dos fatos, é dolosa a ação, respondendo o agente por culpa por razões de política criminal.
        Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Analista do MPRJ-2016)
	(TJDFT-2016-CESPE): A conduta será culposa quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia e só poderá ser considerada crime se houver previsão do tipo penal na modalidade culposa. BL: art. 18, II e § único, CP.
(TJRR-2015-FCC): Não se admite tentativa de crime culposo.
Explicação: Em regra, não se admite tentativa de crime culposo. Todavia, há uma exceção não mencionada na questão pelo examinador, qual seja, se for o caso de culpa imprópria, aquela que decorre do erro. Porém, a banca considerou o gabarito como correto.
(TJMA-2013-FCC): É possível a punição a título de culpa mesmo se o resultado não tenha sido previsto pelo agente.
(Anal. Judic./TJDFT-2008-CESPE): Excetuadas as exceções legais, o autor de fato previsto como crime só poderá ser punido se o praticar dolosamente. BL: art. 18, § único, CP.
        Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJRS-2016) (TJDFT-2016) (TJES-2012) (MPMG-2009) (TJMS-2008)
	(MPPR-2017): O erro de tipo evitável sobre elementos objetivos do tipo de homicídio cometido por omissão imprópria exclui o dolo, permitindo punição a título de culpa.
OBS: Nos crimes omissivos impróprios, também chamados de crimes omissivos espúrios ou comissivos por omissão, o dever de agir, disciplinado no art. 13, § 2.º, do Código Penal, funciona como elemento constitutivo do tipo. Destarte, nada impede a incidência do erro de tipo em relação ao dever de agir para evitar o resultado, levando-se em conta a relação de normalidade ou perigo do caso concreto. Em síntese, é cabível o erro de tipo na seara dos crimes omissivos impróprios. Exemplo: O salva-vidas avista um banhista se debatendo em águas rasas de uma praia e, imaginando que ele não estava se afogando (e sim dançando, brincando com outra pessoa etc.), nada faz. Posteriormente, tal banhista é retirado do mar sem vida por terceiros. Nessa hipótese, é possível o reconhecimento do instituto previsto no art. 20, caput, do Código Penal, aplicando-se os efeitos que lhe são inerentes.” (Fonte: Cleber Masson).
(TJPE-2015-FCC): O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo. BL: art. 20, CP.
(TJMT-2014-FMP): Em matéria de erro jurídico-penal, é correto dizer que o erro de tipo essencial sempre exclui o dolo. BL: art. 20, CP.
(TJMA-2013-CESPE): O erro de tipo inevitável exclui o doloe a culpa. BL: art. 20, CP.
Explicação: O erro de tipo essencial recai sobre elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica. Sua aplicação se encontra no art. 20, caput do CP.
(MPSP-2013): Sujeito foi abordado pela polícia quando se encontrava na direção de veículo automotor, em plena via pública, apresentando sinais de alteração da capacidade psicomotora por embriaguez completa, de acordo com os procedimentos previstos na Resolução n.º 432/13 – CONTRAN, a saber: exame clínico conclusivo firmado por médicos e constatação pelo agente de trânsito. No flagrante, Sujeito admitiu que, embora o uso de bebida alcoólica tivesse sido fruto de vontade livre, ele pensou que a ingestão de meia taça de vinho não iria causar mal, não cuidando assim de perguntar ao médico que receitara o remédio por ele ingerido uma hora antes do fato, conforme sugerido na bula que lera, se tal medicamento podia interagir com álcool. Restou evidenciado na investigação que o medicamento utilizado por Sujeito, embora não fosse do tipo de causar dependência, podia potencializar os efeitos do álcool, produzindo resultado idêntico ao de embriaguez completa; e que o exame de sangue a que ele se submetera ao sair da delegacia, em laboratório particular de renome, mostrou ser a quantidade de álcool por litro de sangue de Sujeito bem inferior ao limite mínimo (seis decigramas) legal. De acordo com os dados fornecidos, assinale a alternativa que mais bem reveste a conduta perpetrada por Sujeito: Erro de tipo (ele devia ter consultado o médico) e, assim, ele só poderia responder pelo crime a título de culpa. BL: art. 20, CP.
     
	OBS: O erro de tipo, se inescusável, exclui o dolo, permitindo a punição por crime culposo, desde que previsto em lei.
 
   Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (Anal. Judic./TJMS-2017)
	(Auditor Fiscal de Controle Externo/TCE-2016-CESPE): A culpa imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. BL: art. 20, §1º, 2ª parte, CP.
(TJSC-2015-FCC): O elemento subjetivo derivado por extensão ou assimilação decorrente do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso nas causas de justificação amolda-se ao conceito de culpa imprópria.  BL: art. 20, §1º, 2ª parte, CP.
OBS: De acordo com Rogério Sanches, na culpa imprópria (culpa por extensão, por assimilação, por equiparação) o agente, por erro evitável, fantasia certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. A estrutura do crime é dolosa, mas, em razão de política criminal, é punido como culposo. 
OBS: Exemplo: “A” está assistindo a um programa de televisão quando seu primo entra na casa, pela porta dos fundos. Pensando tratar-se de um assalto, “A” efetua disparos de arma de fogo contra o infortunado parente, certo de que está praticando uma ação perfeitamente lícita, amparada pela legítima defesa. A ação, em si, é dolosa, mas o agente incorre em erro de tipo essencial.
(TJSP-2015-VUNESP): Para o Código Penal (art. 20, §1º), quando a descriminante putativa disser respeito aos pressupostos fáticos da excludente, estamos diante de erro de tipo. BL: art. 20, §1º, CP.
(MPSP-2008): Nas descriminantes putativas, se o erro deriva de culpa, responde o agente por crime culposo, se previsto em lei. BL: art. 20, §1º, CP.
(MPPR-2013): É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. BL: art. 20, §1º, CP.
(TJAL-2008-CESPE): Roberto, que se encontrava próximo à entrada do banheiro localizado no interior de um bar, percebeu que Pedro, dando mostras de irritação, caminhava em sua direção. Supondo que seria agredido por Pedro, a quem sequer conhecia, Roberto sacou o revólver que trazia consigo e o matou. Na realidade, Pedro não tinha intenção de agredir Roberto, somente de dirigir-se ao banheiro. Nessa situação hipotética, Roberto praticou a conduta em situação de culpa imprópria. BL: art. 20, §1º, 2ª parte, CP.
        Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJPE-2015) (TJRS-2016)
	(TJSP-2015-VUNESP): Há representação equivocada da realidade, pois o agente acredita tratar-se a vítima de outra pessoa. Trata-se de vício de elemento psicológico da ação. Não isenta de pena e se consideram as condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Tal ocorrência configura error in persona. BL: art. 20, §3º do CP.
(TJRS-2012): O erro relativo à pessoa, sendo acidental, não isenta de pena, não se considerando na apreciação do fato concreto as condições e qualidades da vítima real, e sim as daquela que o agente pretendia atingir. BL: art. 20, §3º do CP.
        Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJPE-2015) (TJMG-2014) (MPPR-2013)
	(TJRJ-2016-VUNESP): Magnus, policial, adultera, sem autorização legal, sinal identificador de um veículo automotor a fim de que seja utilizado em investigação criminal, pois imagina, por erro evitável, que nesta hipótese sua conduta seria lícita. Na responsabilização penal pelo crime de “adulteração de sinal identificador de veículo automotor", Magnus deverá ter sua pena diminuída de um sexto a um terço. BL: art. 21 do CP.
(TJSE-2015-FCC): A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é amplamente permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação de erro de proibição indireto. BL: art. 21 do CP.
OBS: O agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo existir uma causa excludente da ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites da discriminante.
(TJAL-2015-FCC): O erro inescusável sobre a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena. BL: art. 21 do CP.
OBS: O erro inescusável (injustificável, evitável ou vencível) sobre a ilicitude do fato está previsto no art. 21 do CP (“o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, poderá diminuí-la (a pena) de 1/6 a 1/3”).
(TJRN-2014-CESPE): Conforme a teoria limitada da culpabilidade, o erro de proibição indireto, quando inescusável, é causa de diminuição da pena. BL: art. 21, CP.
(TJES-2012-CESPE): Caracterizada a ocorrência de erro de proibição indireto inescusável, o agente responsável pelo crime doloso, com pena diminuída de um sexto a um terço.
Explicação: No erro de proibição indireto o agente sabe que a conduta é típica,mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo existir uma causa excludente da ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites da descriminante. Este erro sofre os consectários previstos no art. 21 do CP (se inevitável o erro, exclui a culpabilidade; se evitável, diminui a pena).
(TJRS-2009): O desconhecimento da lei penal é inescusável; no entanto, nesta hipótese, deve o juiz atenuar a pena do condenado. BL: art. 21, 1ª parte, c/c art. 65, II do CP.
Explicação: Nos termos do art. 21, 1ª parte do CP, o desconhecimento da lei é inescusável. O art. 65, III, todavia, nessas hipóteses, atenua a pena.
(TJRS-2009): O erro de proibição, quando inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, pode o juiz diminuí-la de um sexto a um terço. BL: art. 21, 2ª parte II do CP.
Explicação: Conforme dispõe o art. 21, 2ª parte do CP, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
        Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJMG-2014) (MPPR-2013)
	(TJRS-2009): Considera-se evitável o erro de proibição quando o agente atua ou se omite por não ter se informado sobre a ilicitude do fato, sendo-lhe isso possível, nas circunstâncias. BL: art. 21, § único do CP.
Explicação: Nos termos do art. 21, § único, considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Evitável o erro, reduz-se a pena de 1/6 a 1/3, em nítida causa obrigatória de redução de pena.
(TJSP-2009-VUNESP): Depois de haver saído do restaurante onde havia almoçado, Tício, homem de pouco cultivo, percebeu que lá havia esquecido sua carteira e voltou para recuperá-la, mas não mais a encontrou. Acreditando ter o direito de fazer justiça pelas próprias mãos, tomou para si objeto pertencente ao dono do referido restaurante, supostamente de valor igual ao seu prejuízo. Esse fato pode configurar erro de proibição.
(TJSP-2008-VUNESP): Após a morte da mãe, A recebeu, durante um ano, a pensão previdenciária daquela, depositada mensalmente em sua conta bancária, em virtude de ser procuradora da primeira. Descoberto o fato, A foi denunciada por apropriação indébita. Se a sentença concluir que a acusada (em razão de sua incultura, pouca vivência, etc.) não tinha percepção da antijuricidade de sua conduta, estará reconhecendo erro de proibição. BL: art. 21, CP.
        Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPPR-2013) (TJRS-2016) (Analista-CRBio/1ªRegião-2017)
	(TJPB-2015-CESPE): Para o reconhecimento da excludente de culpabilidade caracterizada pela obediência hierárquica, é necessária a existência de relação de hierarquia, no âmbito do serviço público, entre o executor e o autor da ordem da prática do ato delituoso. BL: art. 22, CP.
(TJCE-2014-FCC): Na coação moral irresistível, há exclusão da culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.
(DPEGO-2010): Um determinado grupo de meliantes sequestra a mulher e os dois filhos de "A", gerente de banco, e exige que o mesmo os auxilie num roubo que farão contra a agência bancária em que trabalha. Visando proteger sua família, "A" acaba auxiliando no referido roubo. Neste caso, porém, "A" deve ser absolvido, em virtude da existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, qual seja, a inexigibilidade de conduta diversa. BL: art. 22, CP.
(TJSP-2009-VUNESP): Com relação à coação moral irresistível, é correto afirmar que exclui a culpabilidade. 
Explicação: A coação moral irresistível é causa legal de exclusão da exigibilidade de conduta diversa, um dos elementos da culpabilidade e está prevista no art. 22, 1ª parte do CP. Nessa hipótese, só é punível o autor da coação (coator), na condição de autor imediato. A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator.
(TJSP-2009-VUNESP): O pai que, tendo o filho sequestrado e ameaçado de morte, é coagido por sequestradores armados e forçado a dirigir-se a certa agência bancária para efetuar um roubo, a fim de obter a quantia necessária para o pagamento do resgate e livrar o filho do cárcere privado em que se encontra pode, em tese, lograr a absolvição com base na alegação de inexigibilidade de conduta diversa.
Explicação: O citado exemplo retrata a dirimente da coação moral irresistível, hipótese de inexigibilidade de conduta diversa. Neste caso, os próprios sequestradores responderão pela prática do roubo praticado pelo coagido, na condição de autores mediatos. 
(MPRN-2009): A coação física, quando elimina totalmente a vontade do agente, exclui a conduta; na hipótese de coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas a culpabilidade do agente é excluída; a coação moral resistível atua como circunstância atenuante genérica. BL: art. 22 e art. 65, III, c, 1ª parte, CP.
        Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(MPTO-2010): O dispositivo legal que prevê o estado de necessidade é uma norma penal não incriminadora permissiva justificante porque tem por finalidade afastar a ilicitude da conduta do agente.
        II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJPI-2012-CESPE): Se a excludente do estrito cumprimento do dever legal for reconhecida em relação a um agente, necessariamente será reconhecida em relação aos demais coautores, ou partícipes do fato, que tenham conhecimento da situação justificadora.
Explicação: O estrito cumprimento do dever legal ocorre quando o agente público, no desempenho de suas atividades, é obrigado, por lei (em sentido amplo), a violar um bem jurídico. Essa intervenção lesiva, dentro de limites aceitáveis, estará justificada, não se consubstanciando, portanto, em crime (art. 23, § IIII, 1ª parte, CP). Ora, uma vez admitida a licitude do fato, não é possível que assim seja para certo agente e não o seja para outro, razão pela qual a excludente beneficia a todos que tenham atuado no contexto da situação justificante.
        Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPSC-2014)
	(MPPR-2011): O excesso na legítima defesa pode caracterizar situação de exculpação, como hipótese concreta de inexigibilidade de comportamento diverso.
        Estado de necessidade
        Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJRR-2008-FCC): No estado de necessidade é cabível a modalidade putativa.
Explicação: É possível o estado de necessário putativo nos casos em que o perigo é imaginário. Aplica-se o art. 20, §1º do CP: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
        § 1º - Não podealegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Legítima defesa
        Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJMG-2008): Pela legítima defesa, o agente pode repelir agressão injusta a direito seu ou de outrem que pode ser qualquer pessoa física, mesmo que um criminoso.
(TJMG-2008): Através da legítima defesa pode-se proteger qualquer bem jurídico.
(TJMG-2008): Na legítima defesa o agente não pode empregar o meio além do que é preciso para evitar a lesão do bem jurídico próprio ou de terceiro.
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
        Inimputáveis
        Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Redução de pena
        Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(TJRR-2015-FCC): Se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, a pena será reduzida de um a dois terços, podendo-se considerar, na escolha do redutor, o grau de perturbação da saúde mental. BL: art. 26, § único c/c art. 98 do CP.
(TJMT-2014-FMP): Rosvaldo, doente mental acometido de esquizofrenia, manda sua filha, Georgina, comprar carne no açougue. Voltando a menor para casa com o troco errado, Rosvaldo foi até o açougue para corrigir a transação. O açougueiro, irritado, passou a destratar Rosvaldo, que, para não brigar, saiu de lá. Porém, o irritado açougueiro foi atrás do doente mental, com facão de cortar carne na mão. Este tropeçou e caiu, sendo que Rosvaldo, em sequência, vibrou-lhe um golpe certeiro com seu canivete, causando a morte do açogueiro. Com base no caso descrito, assinale a alternativa correta. Rosvaldo é considerado imputável, visto que não há nexo da doença mental com o homicídio.
(MPDFT-2013): Em razão do sistema vicariante acolhido pelo Código Penal brasileiro para o semi-imputável, a este poderá ser imposta medida de segurança quando necessitar de tratamento curativo. BL: art. 26, § único c/c art. 98 do CP.
(MPMT-2009-FMP): Em matéria de inimputabilidade, o indígena fica sujeito ao critério biopsicológico.
(MPSP-2005): Nos casos de semi-imputabilidade, não é permitida a cumulação da pena e medida de segurança. BL: art. 26, § único c/c art. 98 do CP.
        Menores de dezoito anos
        Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Emoção e paixão
        Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Embriaguez
        II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	(MPMA-2014): Ao contrário da embriaguez preordenada, na embriaguez voluntária a conduta de ingerir a bebida alcoólica não configura ato inicial do comportamento típico. BL: art. 28, II, CP.
(TJPR-2012-UFPR): A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeito análogo não exclui a imputabilidade penal. BL: art. 28, II, CP.
Explicação: Embriaguez é uma intoxicação transitória causada pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Temos embriaguez voluntária quando o agente ingere a substância alcoólica com a intenção de embriagar-se; surge a embriaguez culposa quando o agente, por negligência ou imprudência, acaba por embriagar-se. Pode ser completa (retirando do agente, no momento da conduta, a capacidade de entendimento e autodeterminação) ou incompleta (diminuindo a capacidade de entendimento e autodeterminação). Seguindo a orientação do CP, a embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade (art. 28, II), seja ela completa ou incompleta. 
        § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPDFT-2009) (MPMA-2014)
	(MPPR-2013): Pode excluir a imputabilidade penal a embriaguez acidental completa proveniente de caso fortuito.
(MPRJ-2012): Ao inimputável por embriaguez completa, proveniente do fortuito ou força maior, não é aplicada medida de segurança.
(TJGO-2012-FCC): A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade, mas pode ser considerada incompatível com o elemento subjetivo exigidos por certos delitos, afastando o próprio tipo, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial.
Explicação: A embriaguez voluntária ou culposa, por expressa disposição legal, não exclui a imputabilidade (art. 28, II do CP). Para uma parcela da doutrina, estando o agente embriagado, exclui-se o dolo configurador de determinados crimes (como o de resistência, por exemplo – RT 719/444, 566/321 e 525/366). Para outra, pode o estado de embriaguez excluir o elemento subjetivo do crime quando intenso, isto é, caso de intoxicação alcoólica dominante (RT 383/227). Ambas as lições, no entanto, afrontam claramente o disposto no art. 28, II, servindo a embriaguez como causa de exclusão da imputabilidade somente quando completa e acidental (RT 541/388, 518/350 e 501/309).
        § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (MPMA-2014)
	(MPSP-2015): A actio libera in causa se caracteriza quando o agente comete o crime em estado de embriaguez não proveniente de caso fortuito ou força maior.
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
        Regras comuns às penas privativas de liberdade 
        Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJDFT) (TJRS-2009/2016)
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (TJRS-2009/2016) (MPSC-2014)
	DICA:
1. regra: coautores e partícipes respondem pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade;
2. Participação de menor importância: causa de diminuição de 1/6 a 1/3
3. "Cooperação dolosamente distinta": 
a) responde pelo crime menos grave, ou; 
b) em sendo previsível o resultado mais grave, aplica-se o aumento até metade. 
	(TJSE-2015-FCC): Com relação ao concurso de pessoas, na dogmática penal brasileira

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