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1 ABORDAGEM MORFOFUNCIONAL DO SISTEMA DIGESTÓRIO Djanira Aparecida da Luz Veronez1 Michele Patrícia Müller Mansur Vieira2 INTRODUÇÃO O sistema digestório é constituído pelo canal alimentar e alguns órgãos anexos. As funções principais do sistema digestório são: preensão dos alimentos, insalivação, mastigação, gustação, deglutição, digestão, formação do bolo alimentar, absorção de nutrientes, absorção hídrica, formação do bolo fecal e defecação. Em um indivíduo adulto, o canal alimentar é um tubo musculomembranoso com aproximadamente 9m de comprimento, com abertura nas duas extremidades, boca (abertura inicial) e ânus (abertura terminal). É revestido por mucosa em todo o seu trajeto. Nos diversos segmentos de seu percurso, recebe nomes distintos, como boca, cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Na porção inicial do canal alimentar se encontra a boca, na qual são realizadas a divisão mecânica dos alimentos (mastigação) e a mistura com o líquido secretado pelas glândulas salivares, processo denominado insalivação. Inferiormente, se encontra a faringe, considerado o órgão da deglutição, e o esôfago, responsável 1 Biomédica. Doutora em Ciências Médicas área de concentração Neurociências pela Universidade Estadual de Campinas. Professora do departamento de anatomia da Universidade Federal do Paraná. 2 Tecnóloga em Radiologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Mestre em Saúde Pública pela University of Essex; Professora do Curso Técnico em Radiologia do Instituto Federal do Paraná. 2 pelo transporte dos alimentos para o estômago, em que são armazenados por um período de tempo para realização do primeiro estágio do processo de digestão. Após o estômago, encontra-se o intestino delgado, constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. No intestino delgado completa-se o processo da digestão e os produtos resultantes são absorvidos pelos vasos sanguíneos e quilíferos. Na sequência, o intestino delgado desemboca no intestino grosso, constituído pelo ceco, cólons e reto, lugar em que acontece absorção hídrica, formação do bolo fecal e, consequentemente, as fezes. No término do canal alimentar identifica-se a abertura terminal, o ânus. Os órgãos acessórios que constituem o sistema digestório são os dentes, destinados à mastigação; os três pares de glândulas salivares maiores (a parótida, a submandibular e a sublingual) e as glândulas salivares menores (estruturas microscópicas distribuídas internamente na cavidade bucal), as quais secretam líquidos destinados a se misturarem com os alimentos, transformando-os em bolo alimentar devido à ação química; o fígado e o pâncreas, os quais são duas grandes glândulas, localizadas no abdome, que atuam no processo de digestão por meio de suas secreções. O tubo digestivo formado da boca ao ânus divide-se em dois andares: andar supradiafragmático e andar infradiafragmático. O andar supradiafragmático é constituído pela boca, cavidade bucal, faringe e pelas porções cervical e torácica do esôfago. O andar infradiafragmático é formado pela porção abdominal do esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. TUBO DIGESTIVO CAMADAS DA PAREDE DO TUBO DIGESTIVO Em geral, a parede do tubo digestivo é composta pelas seguintes camadas: 3 • A Túnica Mucosa, que corresponde a uma membrana mucosa mais interna do trato digestivo. É composta por uma camada de epitélio em contato direto com o conteúdo do trato gastrointestinal (TGI), tecido conjuntivo areolar e uma fina camada de músculo liso (lâmina muscular da mucosa). Esta fina camada de músculo liso determina pregas na túnica mucosa que aumentam a área de superfície para as atividades digestivas. Possui ainda células glandulares da mucosa, as quais secretam muco e suco digestivo; • A Túnica Submucosa, que consiste de tecido conjuntivo areolar unindo a túnica mucosa à túnica muscular. Possui numerosos vasos sanguíneos e linfáticos que atuam na absorção dos produtos de degradação da digestão, e nervos que controlam as secreções do TGI. Tem como função compensar as alterações em tamanho do tubo digestivo durante a passagem do alimento; • A Túnica Muscular, que é uma camada espessa de tecido muscular. Na boca, na faringe e na parte superior do esôfago, consiste de uma parte de músculo estriado esquelético com capacidade para produzir a deglutição voluntária. No restante do trato digestivo, a túnica muscular consiste de músculo liso, usualmente disposto em um estrato interno de fibras circulares e um estrato externo de fibras longitudinais. As contrações involuntárias desse músculo liso auxiliam fisicamente a degradação do alimento, misturando-o com as secreções digestivas e propelindo-o através do trato digestivo. A túnica muscular também contém nervos que controlam os movimentos do TGI (motilidade); • A Túnica Serosa (Peritônio), que corresponde à camada mais externa do TGI. É uma membrana serosa composta de epitélio escamoso simples e tecido conjuntivo. A túnica serosa é responsável pela secreção de um líquido seroso, que permite ao trato deslizar facilmente contra outros órgãos. O peritônio é a maior túnica serosa do corpo. Enquanto o peritônio parietal reveste a parede da cavidade abdominal, o peritônio visceral reveste alguns dos órgãos da própria cavidade. As duas camadas de peritônio estão em contato, sendo o espaço existente entre elas denominado cavidade peritoneal. 4 BOCA E CAVIDADE BUCAL A boca é a primeira porção do canal alimentar, comunicando-se anteriormente com o meio externo por meio de uma abertura na forma de uma fenda transversal mediana, limitada pelos lábios superior e inferior e a rima bucal. A cavidade da boca (oral ou bucal) apresenta a forma semi-oval, delimitada lateralmente pelos dentes e bochechas, superiormente pelos palatos duro e mole, inferiormente pela língua e posteriormente pelo istmo das fauces (ou istmo da garganta). A cavidade bucal apresenta-se dividida em dois compartimentos, um externo e outro interno. A parte externa, menor, corresponde ao vestíbulo bucal, e a outra interna, maior, é a cavidade bucal propriamente dita (Figura 1). O vestíbulo é um espaço em forma de fenda cujo limite externo é feito pelos lábios e bochechas, e, internamente, pelas gengivas e dentes. A cavidade bucal propriamente dita possui seu teto formado pelos palatos duro e mole, seu assoalho formado pela língua e sua parede anterolateral pelas arcadas dentárias, superior e inferior. Os lábios correspondem a duas pregas carnosas ao redor da abertura da boca. São revestidos externamente pela pele e internamente por mucosa. Assim como as bochechas, os lábios auxiliam na manutenção do alimento entre os dentes superiores e inferiores. O palato separa a cavidade nasal da cavidade oral. É formado pelo palato duro, constituído por uma parte dos ossos maxilares e ossos palatinos, e pelo palato mole, formado por tecido muscular. Do palato mole, no plano mediano, projeta-se uma saliênciacônica denominada úvula palatina. Posteriormente ao palato mole, a cavidade bucal comunica-se com a parte oral da faringe por meio de uma abertura chamada de istmo das fauces (ou istmo da garganta). Lateralmente à úvula ocorre a projeção de pregas musculomembranosas revestidas por mucosa - chamadas de 5 prega palatoglosso e prega palatofaríngea. Entre estas, identificam-se as fossas tonsilares preenchidas pelas tonsilas palatinas. Figura 1. Cavidade Bucal. As bochechas encontram-se constituindo as paredes laterais da cavidade bucal, sendo revestidas por epitélio pavimentoso estratificado. São formadas por alguns músculos acessórios da mastigação, entre os quais se destacam os músculos bucinadores, que impedem o alimento de escapar da ação trituradora dos dentes. DENTES 6 Para que o alimento sólido seja reduzido a pequenas partículas, anteriormente à ação das enzimas digestivas liberadas junto ao processo de insalivação, os dentes promovem essa função através do processo da mastigação. Os dentes (Figura 2) são estruturas acessórias do sistema digestório. São elementos rijos, esbranquiçados, implantados em cavidades da maxila e da mandíbula, denominados de alvéolos dentários. Figura 2. Boca,vestíbulo bucal e arcadas dentárias, superior e inferior. Em cada dente distinguem-se três partes: a coroa, que corresponde à parte exposta livre; a raiz, que consiste de projeções em número de um a três, implantadas no alvéolo e o colo, zona estreitada circundada pela gengiva (Figura 3). 7 Figura 3. Partes do dente. Durante a vida do indivíduo, surgem duas dentições, a decídua, ou temporária, e a permanente. A dentição decídua, existente principalmente na primeira década de vida, é constituída por vinte dentes, sendo oito incisivos, quatro caninos e oito molares. A substituição dos dentes decíduos pelos dentes permanentes ocorre a partir de seis ou sete anos de idade, podendo se estender até vinte e cinco anos. Na dentição permanente do indivíduo adulto há trinta e dois dentes, sendo oito incisivos, quatro caninos, oito pré-molares e doze molares. Os seres humanos possuem diferentes dentes que desempenham diferentes funções. Os incisivos são destinados a cortar os alimentos, por terem uma forma de bisel. Os caninos situados posteriormente aos incisivos possuem uma superfície pontiaguda favorável para lacerar e rasgar o alimento. Os dentes pré-molares e molares apresentam classicamente duas e três cúspides, respectivamente, para triturar e esmagar o alimento. 8 LÍNGUA A língua (Figura 4) é uma estrutura muscular revestida por mucosa situada no assoalho da boca. É o principal órgão gustativo além de auxiliar na mastigação, deglutição dos alimentos e na articulação da fala. É uma estrutura acessória do sistema digestório, composta de músculos estriados esqueléticos divididos em dois grupos: músculos intrínsecos da língua (formando a língua propriamente dita) e os músculos extrínsecos (constituintes do assoalho da mandíbula). Figura 4. Vista superior da língua. Entre os músculos intrínsecos e extrínsecos da língua encontra-se o frênulo da língua, caracterizado como uma prega de túnica mucosa localizada na face inferior e 9 mediana da língua. É responsável pelo limite dos movimentos da língua no sentido posterior. Na face superior e nas margens anterolaterais da língua são encontradas projeções denominadas de papilas linguais. Atuam como receptores para o paladar doce, salgado azedo e amargo. A língua contribui para a mistura da saliva com o alimento, mantém o bolo alimentar pressionado entre os dentes para a mastigação e auxilia no mecanismo de deglutição. GLÂNDULAS SALIVARES As glândulas salivares são responsáveis pela secreção de um líquido denominado saliva. Estas estruturas acessórias ao sistema digestório se situam fora dos limites anatômicos da boca e despejam o seu conteúdo por meio de ductos que desembocam na cavidade bucal. Três pares de grandes glândulas salivares maiores, macroscópicas, lançam a sua secreção na cavidade bucal; são elas: a parótida, a submandibular e a sublingual. 10 Figura 5. Glândula parótida. As glândulas parótidas (Figura 5), maiores glândulas salivares, localizam-se na região antero-inferior das orelhas, entre a pele e o músculo masseter. Seu canal excretor, o ducto parotídeo, abre-se no vestíbulo bucal próximo do segundo pré- molar superior. As glândulas submandibulares (Figura 6) situam-se anteriormente à parte mais inferior da glândula parótida, sendo protegida pelo corpo da mandíbula. O ducto submandibular abre-se no assoalho da boca, inferiormente à língua, próximo do plano mediano. As glândulas sublinguais encontram-se lateral e inferiormente à língua, abaixo da mucosa do assoalho bucal. Sua secreção é lançada sob a porção 11 anterior da língua por canais que desembocam independentemente por uma série de orifícios no assoalho da cavidade bucal. Figura 6. Glândula submandibular. O mecanismo de salivação se apresenta totalmente controlado pelo sistema nervoso. O alimento, sentido pelo olfato ou pelo paladar quando ingerido, estimula as glândulas salivares a secretarem intensamente. Mesmo quando apenas pensados, os alimentos provocam impulsos parassimpáticos que aumentam a secreção da saliva. 12 FARINGE A faringe é a porção do canal alimentar que atua como via tanto para o sistema respiratório (como via condutora de ar) quanto para o sistema digestório (via condutora de alimento). Apresenta-se com forma tubular musculomembranácea, com aproximadamente 12,5 cm de comprimento e se estende da face inferior do crânio até o nível da cartilagem cricoide, ventralmente, e da sexta vértebra cervical, dorsalmente. A faringe apresenta três porções (Figura 7): nasofaringe (posterior à cavidade nasal), orofaringe (posteriormente à cavidade bucal) e laringofaringe (posteriormente à laringe). 13 Figura 7. Faringe. A faringe apresenta comunicação com a cavidade nasal por meio das coanas; comunica-se com a cavidade bucal através do istmo das fauces; com a laringe, por meio do ádito da laringe; com o ouvido médio, através do óstio faríngeo da tuba auditiva e com o esôfago situado inferiormente. ESÔFAGO 14 O esôfago (Figura 8) é um canal muscular de aproximadamente 25 cm de comprimento e diâmetro médio de 2 cm, que se estende da faringe ao estômago. Situa-se posteriormente à traqueia e anteriormente à coluna vertebral. O esôfago atravessa o músculo diafragma anteriormente à artéria aorta, para desembocar na parte superior do estômago. Figura 8.Vista posterior do esôfago e estomago. 15 O esôfago é responsável pelo transporte do alimento da faringe para o estômago. Durante esta atividade, a luz do esôfago aumenta durante a passagem do bolo alimentar, que é impulsionado por contrações da camada muscular de sua parede. Esses movimentos peristálticos são característicos de todo o restante do canal alimentar. O esôfago, ao atravessar o pescoço, o tórax e o abdome, apresenta três porções: cervical, torácica e abdominal, sendo a torácica a maior delas. A porção cervical faz conexão com a faringe, compreendendo 1/5 do comprimento total do esôfago. A porção torácica situa-se no mediastino posterior, superiormente ao músculo diafragma. Na sua parte superior, relaciona-seanteriormente com a traqueia e, a seguir, com o brônquio principal esquerdo e a artéria pulmonar esquerda. Neste ponto, o pericárdio o separa do átrio esquerdo. A porção abdominal do esôfago mede de 2 cm a 3 cm. Após atravessar o músculo diafragma, une-se ao estômago na zona de transição denominada de junção esofagogástrica na cárdia do estômago. A junção esofagogástrica encontra-se à esquerda da vértebra T11, no plano horizontal que atravessa a extremidade do processo xifoide. Superiormente a esta junção, a musculatura que forma o hiato esofágico funciona como um esfíncter inferior do esôfago, que se contrai e relaxa. O esôfago está fixado às margens do hiato esofágico, no diafragma, através do ligamento frenicoesofágico, que, durante a respiração e a deglutição, permite a movimentação independente do diafragma e do esôfago. Normalmente, o esôfago apresenta três constrições distintas: • Constrição cervical: clinicamente denominada “esfíncter superior do esôfago”. Inicia-se na junção faringoesofágica; • Constrição broncoaórtica (torácica): neste local, o esôfago é primeiramente cruzado pelo arco da artéria aorta e em seguida pelo brônquio principal esquerdo; 16 • Constrição diafragmática: ocorre onde o esôfago atravessa o músculo diafragma por meio de um orifício denominado hiato esofágico. A artéria gástrica esquerda, um ramo do tronco celíaco, e a artéria frênica inferior esquerda promovem a irrigação arterial da parte abdominal do esôfago. A drenagem venosa das veias submucosas desta parte do esôfago é feita através da veia gástrica esquerda, para o sistema venoso porta, e através das veias esofágicas - que entram na veia ázigo - para o sistema venoso sistêmico. Os linfonodos gástricos esquerdos recebem a drenagem linfática da parte abdominal do esôfago. Os vasos linfáticos eferentes desses linfonodos drenam principalmente para os linfonodos celíacos. Os nervos destinados à musculatura estriada do órgão derivam do ramo recorrente do vago; os destinados à musculatura lisa, do tronco do vago e do simpático. São formados plexos, entre os dois estratos da camada muscular e também na submucosa, por estas fibras parassimpáticas craniais e simpáticas. ESTÔMAGO O estômago (Figura 9) é uma víscera oca constituída por uma parede fibromuscular. É a parte mais dilatada do tubo digestivo. Situa-se no quadrante superior esquerdo do abdome, abaixo do diafragma, parcialmente coberto pelas costelas. Atua principalmente como reservatório do alimento ingerido e câmara de mistura do alimento antes que este passe ao duodeno, sendo capaz de se expandir, podendo conter de 2 a 3 litros de alimentos. O formato do estômago, na maioria das pessoas, assemelha-se ao da letra “J”; porém, formato e posição podem variar muito devido aos diferentes biotipos e, no mesmo indivíduo, em virtude dos movimentos diafragmáticos durante a respiração, do conteúdo gástrico e da posição em que a pessoa se encontra. 17 Figura 9. Vista posterior do estômago. O estômago é dividido em quatro regiões principais: • Cárdia: corresponde a região que circunda o óstio cárdico (óstio esofagogástrico); • Fundo: é a região superior dilatada relacionada à cúpula esquerda do músculo diafragma, sendo limitada inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico. Entre o esôfago e o fundo do estômago encontra-se a incisura cárdica; • Corpo: corresponde à parte central do estômago, localizada entre o fundo e o antro pilórico; 18 Figura 10. Piloro. • Parte pilórica: região afunilada de saída do estômago. Possui uma parte larga, o antropilórico - que desemboca no canal pilórico - parte mais estreita internamente. A região esfincteriana distal da parte pilórica, o piloro (Figura 10), é um espessamento acentuado da lâmina circular de músculo liso, o qual, por meio do óstio pilórico, controla a saída do conteúdo gástrico para o duodeno. O estômago também possui duas curvaturas, maior e menor (Figura 11): • Curvatura menor: forma a margem côncava mais curta do estômago. Mais próximo da extremidade pilórica do que da cárdica, encontra-se uma incisura bem acentuada, a incisura angular, cuja posição varia um pouco com o estado de distensão do órgão. Esta incisura indica a junção entre corpo e a parte pilórica do estômago; • Curvatura maior: forma a borda convexa mais longa do estômago, sendo 4 ou 5 vezes mais longa que a curvatura menor. Exatamente oposto à incisura angular da curvatura menor, a curvatura maior apresenta uma dilatação, o 19 vestíbulo pilórico, limitada à direita por um sulco, o sulco intermédio, situado a cerca de 2,5 cm do óstio pilórico. O antro pilórico é a porção encontrada entre o sulco intermédio e o óstio pilórico. Figura 11. Vista anterior do estômago. A parede do estômago é composta pelas mesmas camadas encontradas nas outras regiões do tubo digestivo, com algumas modificações. Quando o estômago está vazio, a mucosa é disposta em pregas proeminentes chamadas rugas ou pregas gástricas (Figura 12), que se tornam lisas quando o mesmo está cheio. Durante a deglutição, há a formação temporária de um canal gástrico, entre as pregas gástricas longitudinais da mucosa ao longo da curvatura menor. 20 Figura 12. Vista interna do estômago. Exceto nos locais em que existem vasos sanguíneos ao longo de suas curvaturas e em uma pequena área posterior ao óstio cárdico, o estômago é totalmente recoberto por peritônio. Dobras de peritônio, denominadas omentos, estendem-se do estômago aos outros órgãos abdominais. O omento maior (Figura 13), ou grande omento, se projeta inferiormente, sobre o intestino, a partir da curvatura maior do estômago, ascendendo em direção ao cólon transverso do intestino grosso. Contém gordura em abundância e serve de cobertura isolante, podendo também limitar a propagação de infecções. O omento menor estende-se desde a curvatura menor do estômago até o fígado.