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AT 1 2 322 S U M Á R IO 3 UNIDADE 1 - Introdução 6 UNIDADE 2 - Deficiência múltipla – surdocegueira 6 2.1 Deficiência múltipla 9 2.2 Surdocegueira 10 2.3 Causas e etiologia 12 2.4 Características da Surdocegueira 14 UNIDADE 3 - As necessidades da criança surdocega e com deficiência múltipla 15 3.1 Planejamento de trabalho para atender as crianças surdocegas e com deficiência múltipla 20 UNIDADE 4 - A importância do movimento e da comunicação 20 4.1 Orientação e mobilidade 21 4.2 Orientação e mobilidade para surdocego 25 4.3 A comunicação 28 UNIDADE 5 - Adaptações de acesso ao currículo 32 UNIDADE 6 - Atendimento educacional especializado 33 6.1 Conceito e definição 35 6.2 As salas de recursos 37 6.3 Atribuições do professor no AEE 38 6.4 A importância da revisão do PPP e do currículo escolar 40 UNIDADE 7 - Atividades suplementares 42 UNIDADE 8 - Avaliação 47 REFERÊNCIAS 2 333 UNIDADE 1 - Introdução A deficiência múltipla é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais defici- ências primárias (mental/visual/auditiva/ física), com comprometimentos que acar- retam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa. As principais necessidades educativas serão priorizadas e desenvolvidas através das habilidades básicas, nos aspectos social, de autoaju- da e de comunicação (BRASIL/MEC/SEESP, 1994, p. 13). A Deficiência Múltipla refere-se à asso- ciação de duas ou mais deficiências, con- forme a letra ‘e’ do art. 5º do Decreto nº 5.296, o qual diz que: os órgãos da administração pública di- reta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as ins- tituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas porta- doras de deficiência ou com mobilidade re- duzida (BRASIL, 2004). De acordo com a Federação Nacional das APAEs (FENAPAES, 2007, p.22), ao consi- derar a gravidade da deficiência múltipla, os seguintes aspectos deverão ser consi- derados: tipo e número de deficiências associa- das; abrangência das áreas comprometi- das; idade de aquisição das deficiências; nível ou “grau” das deficiências asso- ciadas. A consideração sobre “gravidade” das deficiências depende de muitos aspectos que extrapolam as condições individuais das pessoas afetadas. Outros aspectos es- tão envolvidos, tais como: a atitude de aceitação por parte da fa- mília; a intervenção adequada para atuar nas causas e nos efeitos das deficiências; a oportunidade de participação e in- tegração da pessoa ao ambiente físico e social; o apoio adequado, com a duração ne- cessária, para melhorar o funcionamento da pessoa no ambiente; o incentivo à autonomia e à criativida- de; as atitudes favoráveis à formação do autoconceito e da autoimagem positivos. Por todos os aspectos considerados, en- tende-se que a educação exerce um papel relevante. Intervenções apropriadas e ini- ciadas o mais cedo possível, resultam em melhores condições de desenvolvimento, 3 UNIDADE 1 - Introdução 6 UNIDADE 2 - Deficiência múltipla – surdocegueira 6 2.1 Deficiência múltipla 9 2.2 Surdocegueira 10 2.3 Causas e etiologia 12 2.4 Características da Surdocegueira 14 UNIDADE 3 - As necessidades da criança surdocega e com deficiência múltipla 15 3.1 Planejamento de trabalho para atender as crianças surdocegas e com deficiência múltipla 20 UNIDADE 4 - A importância do movimento e da comunicação 20 4.1 Orientação e mobilidade 21 4.2 Orientação e mobilidade para surdocego 25 4.3 A comunicação 28 UNIDADE 5 - Adaptações de acesso ao currículo 32 UNIDADE 6 - Atendimento educacional especializado 33 6.1 Conceito e definição 35 6.2 As salas de recursos 37 6.3 Atribuições do professor no AEE 38 6.4 A importância da revisão do PPP e do currículo escolar 40 UNIDADE 7 - Atividades suplementares 42 UNIDADE 8 - Avaliação 47 REFERÊNCIAS 4 54 de aprendizagem e de integração familiar e comunitária, assim, a finalidade da abor- dagem educacional é melhorar a qualidade de vida das pessoas com múltipla deficiên- cia (SILVA, 2011). Podemos inferir que, embora o termo deficiência múltipla venha sendo utilizado com frequência para caracterizar o conjun- to de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emo- cional ou de comportamento social, não é o somatório dessas alterações que carac- terizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilida- des funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pes- soas. O desempenho e as competências des- sas crianças são heterogêneos e variáveis. Alunos com níveis funcionais básicos e possibilidades de adaptação ao meio po- dem e devem ser educados em classe co- mum, mediante a necessária adaptação e suplementação curricular. Outros, entretanto, com mais dificul- dades, poderão necessitar de processos especiais de ensino, apoios intensos, con- tínuos e currículo alternativo que corres- pondam às suas necessidades na classe comum (GODOI et al., 2006). Ao longo desta apostila, veremos que um dos maiores compromissos das pesso- as que trabalham com alunos com múltipla deficiência e surdocegueira está relacio- nado à autonomia da criança ou do adoles- cente. Devemos buscar atividades funcio- nais que favoreçam o desenvolvimento da comunicação, das interações sociais, dos cuidados pessoais, das habilidades domés- ticas, recreativas e sociais, sempre tendo, como base, as preferências e potencialida- des do aluno. Outro grande e complexo desafio de professores e familiares de crianças com múltipla deficiência refere-se à comunica- ção. A comunicação precisa ser o mais sig- nificativa possível para que os alunos com múltipla deficiência tenham o interesse de se comunicar. O que vai importar é o quan- to o ambiente e as experiências estão sen- do propícios para que essa comunicação aconteça. A comunicação dependerá também da relação de confiança estabelecida entre o adulto e a criança e, principalmente, da forma como as informações serão transmi- tidas a ela (HONORA; FRIZANCO, 2008). Para que cheguemos ao entendimento acima, passaremos pelos conceitos, defi- nições, caracterização, causas, etiologia, prevenção e classificação da deficiência múltipla e surdocegueira. Veremos também as necessidades da criança surdocega, as adaptações de aces- so ao currículo e atividades suplementares. Evidentemente que o foco desta apostila – o Atendimento Educacional Especializado (AEE) – permeia todos os conteúdos cita- dos. Ressaltamos em primeiro lugar que em- bora a escrita acadêmica tenha como pre- missa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não me- nos científicos. Em segundo lugar, deixa- mos claro que este módulo é uma compila- ção das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não 4 55 se tratando, portanto, de uma redação ori- ginal e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pesso- ais. Ao final do módulo, além da lista de re- ferências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente con- sultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. 6 76 UNIDADE 2 - Deficiência múltipla – surdocegueira A terminologia Surdocegueira sofreu muitas alterações, conforme relata Maia (2004): Desde que surgiu o primeiro aten- dimento ao surdocego por volta de 1800, por profissionais da Sense In- ternacional - Inglaterra, as seguintes denominações foram usadas: Dificul-dade de Aprendizagem Profunda e Múltipla (DAPM), Múltipla Deficiência Severa, Surda com Múltipla Deficiên- cia, Cego com Deficiência Adicional, Múltipla Privação Sensorial (MPS), Dupla Deficiência Sensorial e final- mente surdocegueira. A aceitação do termo surdocego e surdoceguei- ra, sem hífen, em 1991 foi proposta por Salvatore Lagati que defendeu na IX Conferência Mundial de Örebro - Suécia, a necessidade do reconhe- cimento da surdocegueira como de- ficiência única. Para Lagati (1995), a terminologia Sur- docego sem hífen se deve a condição de que ser surdocego não é simplesmente a somatória da deficiência visual e da defici- ência auditiva e sim de uma condição úni- ca que leva a pessoa a ter necessidades específicas para desenvolver comunica- ção, orientação e mobilidade e de acessar informações sobre o mundo para conquis- tar a autonomia pessoal e inserir-se no mundo. 2.1 Deficiência múltipla Múltipla deficiência é uma expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associa- ções diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funciona- mento individual e o seu relacionamento social e cuja combinação dá origem a ne- cessidades educativas únicas e perma- nentes (GODOI et al., 2006). A múltipla deficiência pode ser a defi- ciência auditiva ou a deficiência visual as- sociada a outras deficiências (intelectual e/ou física), como também a distúrbios (neurológico, emocional, de linguagem e de desenvolvimento global) que causam atraso no desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, dificultan- do a autonomia do indivíduo. Os alunos com deficiência múltipla po- dem apresentar alterações significativas no processo de desenvolvimento, apren- dizagem e adaptação social. Possuem variadas potencialidades, possibilidades funcionais e necessidades concretas que necessitam ser compreendidas e consi- deradas. Apresentam, algumas vezes, in- teresses inusitados, diferentes níveis de motivação, formas incomuns de agir, co- municar e expressar suas necessidades, desejos e sentimentos. Para a caracterização da deficiência múltipla deve-se considerar que a defi- ciência múltipla pode apresentar-se me- diante a associação das seguintes cate- gorias, dentre outras, de acordo com a Fenapaes (2007, p.23), FÍSICA E PSÍQUICA – são exemplos 6 77 dessa condição: (a) deficiência física associada à defici- ência intelectual; (b) deficiência física associada a trans- torno mental. SENSORIAL E PSÍQUICA – exemplifi- cam essa condição: (a) deficiência auditiva ou surdez asso- ciada à deficiência intelectual; (b) deficiência visual ou cegueira asso- ciada à deficiência intelectual; (c) deficiência auditiva ou surdez asso- ciada a transtorno mental. SENSORIAL E FÍSICA – são exemplos dessa condição: (a) deficiência auditiva ou surdez asso- ciada à deficiência física; (b) deficiência visual ou cegueira asso- ciada à deficiência física. FÍSICA, PSÍQUICA E SENSORIAL – são ilustrativas dessa condição: (a) deficiência física associada à defi- ciência visual ou cegueira e à deficiência intelectual; (b) deficiência física associada à defi- ciência auditiva ou surdez e à deficiência intelectual; (c) deficiência física associada à defi- ciência visual ou cegueira e à deficiência auditiva ou surdez. Algumas enfermidades estão compro- vadamente associadas à múltipla defi- ciência, com efeitos significativos para as pessoas afetadas. Para considerar o impacto da deficiência múltipla, é impor- tante analisar seus efeitos na funcionali- dade da pessoa frente ao ambiente físico e social, bem como avaliar de que modo às deficiências interferem na qualidade de vida. Ainda devem ser considerados os seguintes aspectos, de acordo com Brasil (2000, p.60): a) os tipos e quantidades de deficiên- cias primárias associadas; b) a amplitude ou abrangência dos as- pectos comprometidos; c) a idade de aquisição das deficiências; d) os fatores relacionados – familiares, comunitários, escolares; e) a eficiência das intervenções educa- cionais e de saúde. O conhecimento sobre a deficiência múltipla serve de base para evitar maior interferência adversa na vida da pessoa e reduzir seus efeitos sobre ela, bem como mediar a promoção humana. Ajuda a pre- venir deficiências decorrentes das já exis- tentes e a instrumentalizar o indivíduo para atuar eficientemente frente às de- mandas ambientais (SILVA, 2011). Considera-se uma criança com múltipla deficiência sensorial aquela que apresen- ta deficiência visual e auditiva associadas a outras condições de comportamento e comprometimentos, sejam eles na área física, intelectual ou emocional, e difi- culdades de aprendizagem. Quase sem- pre, os canais de visão e audição não são os únicos afetados, mas também outros sistemas, como os sistemas tátil (toque), vestibular (equilíbrio), proprioceptivo (po- sição corporal), olfativo (aromas e odores) ou gustativo (sabor). Limitações em uma dessas áreas podem ter um efeito singu- 8 9 lar no funcionamento, aprendizagem e desenvolvimento da criança (PERREAULT, 2002). Para Maia et al. (2008, p. 14), pessoa com Deficiência Múltipla Sensorial – Visu- al (MDVI); é aquela que tem a Deficiência Visual (baixa visão ou cegueira) associada a uma ou mais deficiências (intelectual, física/motora) ou a transtornos globais do desenvolvimento e comunicação e que necessita de programas que favoreçam o desenvolvimento das habilidades funcio- nais visando ao máximo de independência possível e uma comunicação eficiente. A pessoa com Deficiência Múltipla Senso- rial – Auditiva (MDHI), é aquela que tem deficiência auditiva/surdez associada à deficiência intelectual ou a deficiência fí- sico-motora ou a ambas, ou a Transtornos Globais do Desenvolvimento. Pode ocorrer com as pessoas com MDVI e/ou com MDHI outras associações tais como: graves problemas de saúde, sen- do necessários cuidados específicos ou uso de equipamentos para respiração e alimentação. Essas associações limitam a interação social e as respostas aos es- tímulos naturais do ambiente, exigindo o uso de várias abordagens para promover o desenvolvimento da aprendizagem des- sas pessoas. São características gerais da criança com múltipla deficiência: aprendem as habilidades mais lenta- mente; tendem a esquecer habilidades que não são praticadas; têm dificuldade em generalizar habi- lidades aprendidas separadamente; necessitam de instruções organiza- das e sistematizadas; apresentam necessidade de ter al- guém que possa mediar seu contato com o meio que o rodeia. Em muitos casos, devido as suas carac- terísticas, alguns são considerados autis- tas, porém apresentam diferenças signi- ficativas e quando estimulados evoluem sensorialmente, estabelecem códigos de comunicação que se tornam comuns en- tre o emissor e o receptor, proporcionan- do sua autonomia e independência (HO- NORA; FRIZANCO, 2008). Segundo Nascimento e Maia (2006), crianças que apresentam graves compro- metimentos múltiplos e condições médi- cas frágeis: 1. apresentam mais dificuldades no en- tendimento das rotinas diárias, gestos ou outras habilidades de comunicação; 2. demonstram dificuldades acentua- das no reconhecimento das pessoas sig- nificativas no seu ambiente; 3. realizam movimentos corporais sem propósito; 4. apresentam resposta mínima a ba- rulho, movimento, toque, odores e/ou ou- tros estímulos. Muitas dessas crianças têm dificuldade na obtenção e manutenção do estado de alerta o que é considerado crítico porque a prontidão é o estado comportamental em que as crianças estão mais receptivas à estimulação, aprendemmelhor e são ca- pazes de responder de uma maneira so- cialmente aceita. Crianças com múltipla deficiência sensorial têm uma variedade 8 9 de necessidades especiais que se asse- melham às necessidades da criança sur- docega. 2.2 Surdocegueira A criança surdocega tem uma das defi- ciências menos entendidas. Não é uma criança cega que não pode ouvir, ou uma surda que não consegue ver. É uma criança com privações multissenso- riais, a quem foi efetivamente negado o uso simultâneo dos dois sentidos distais (NASCIMENTO; MAIA, 2006). É uma deficiência única que apresenta a perda da audição e da visão de tal for- ma que a combinação das duas deficiên- cias impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vo- cacionais, recreativas, sociais, para aces- sar informações e compreender o mundo que o cerca. Aráoz (1999) salienta que na definição de surdocegueira, a palavra-chave é com- binação, ou seja, a pessoa com uma perda substancial da visão e audição experimen- ta uma combinação de privação de senti- dos que pode causar extrema dificuldade para alcançar as metas essenciais da vida. Segundo a intensidade das perdas, po- demos classificar em: surdocegueira total; surdez profunda com resíduo visual; surdez moderada ou leve com ce- gueira; surdez moderada com resíduo visual; perdas leves tanto auditivas quanto visuais. Tipos: cegueira congênita e surdez adquiri- da; cegueira e surdez adquirida; surdez congênita e cegueira adquiri- da; baixa visão com surdez congênita ou adquirida; cegueira e surdez congênita. Classificação segundo a época de aquisição: Surdocegueira congênita – quando a criança nasce com surdocegueira e/ou ad- quire a surdocegueira na mais tenra idade, antes da aquisição de uma língua (portu- guês ou Libras). Também conhecida como surdocegueira pré-linguística (HONORA;- FRIZANCO, 2008; MAIA et al., 2010). Surdocegueira adquirida – quando a criança, jovem ou adulto, que adquire a surdocegueira após a aquisição de uma língua (Português ou Libras). Nessa classificação temos: surdos congênitos com cegueira adquirida – a pessoa pertencente a esse grupo nasce surda e adquire posterior- mente a deficiência visual. Nesse grupo incluem-se as pessoas com Síndrome de Usher; cegos congênitos com surdez ad- quirida – a deficiência visual ocorre du- rante a gestação e, posteriormente, ocor- re a perda auditiva. Exemplo: Catarata Congênita e diabetes em idade juvenil ou 10 11 adulta; surdocegueira adquirida – pessoas que adquiriram a perda da visão e audição após a aquisição de uma língua. Exemplo: Acidente de Carro, Tombos e Tumores Ce- rebrais. 2.3 Causas e etiologia São várias as causas que envolvem a deficiência múltipla, de ordem sensorial, motora e linguística e ocorrer nos perío- dos pré-natal, peri-natal e pós-natal, den- tre elas: hipotireoidismo – quadro clínico que ocorre pela falta de hormônios da tireoide e no recém-nascido envolve falta de for- mação da glândula tireoide e defeitos he- reditários das enzimas que sintetizam os hormônios; síndrome da rubéola congênita – é a infestação do feto provocada pelos vírus da rubéola contraído pela mãe. O vírus ul- trapassa a barreira da placenta e provoca a malformação dos órgãos que estão sendo desenvolvidos nesse momento. Quanto menor é o período da gravidez em que isto acontece, maiores serão os danos, porque o tubo neural, a partir do qual serão for- mados todos os tecidos, é atingido como um todo, resultando no aparecimento de diversos sinais que caracterizam a Sín- drome da Rubéola Congênita que são: re- cém-nascido com baixo peso, dificuldades neurológicas, ortopédicas, cardíacas, pul- monares, endócrinas, oftálmicas e otoló- gicas (HELLER; KENNEDY, 2006; MANRE- ZA, 1996 apud ARÁOZ; COSTA, 2008). Quando a infestação ocorre em um pe- ríodo da gravidez mais avançado, do quin- to mês em diante, os danos resultantes serão menores, por vezes só aparecem di- ficuldades auditivas ou nenhum compro- metimento. Síndrome de Rett – ocorre mais frequentemente em meninas e sua inci- dência é de um caso para 15 mil meninas nascidas. Na grande maioria, as meninas se desenvolvem normalmente até o pri- meiro ano de vida, mas, após essa data, começam a apresentar estagnação no de- senvolvimento, desaceleração do cresci- mento da calota craniana, dificuldade na aquisição da linguagem, diminuição das interações sociais, isolamento, movimen- tos estereotipados (que lembram o movi- mento das pessoas com autismo), dificul- dade na coordenação motora e presença de problemas na coluna. Essa síndrome também é encontrada em alunos com de- ficiência intelectual. Outros problemas e doenças que po- dem causar deficiência múltipla seriam: Icterícia – é comum em recém-nas- cidos. Refere-se à cor amarela da pele e do branco dos olhos que é causada pelo excesso de bilirrubina no sangue. A bilir- rubina é um pigmento normal, amarelo, gerado pelo metabolismo das células ver- melhas do sangue. A criança fica ictérica quando a formação de bilirrubina é maior do que a capacidade do seu fígado de metabolizá-la. Existe preocupação com uma criança com icterícia, pois o acúmulo desse pigmento acima de certos limites é extremamente tóxico para o sistema ner- voso, podendo causar lesões graves e ir- reversíveis; Prematuridade – a prematuridade ainda é frequente em nosso meio; exis- tem casos de prematuridade extrema que 10 11 podem apresentar sequelas como: atraso motor, retinopatia e deficiência auditiva. Mas é importante ressaltar que nem to- dos os prematuros irão apresentar seque- las intelectuais ou motoras; Sífilis Congênita – o contaminador é a mãe. O contágio se faz por via placen- tária, exclusivamente após o quarto mês. Em caso de infecção maciça, o feto mor- rerá após o quinto mês. Sobrevivendo, o feto poderá adquirir lesões que se mani- festam após o nascimento ou muitos anos mais tarde, como deficiência intelectual, surdez, defeitos dentários e outras con- sequências de lesões degenerativas do Sistema Nervoso Central; Meningite – é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o Sistema Nervoso Central, as meninges. A meningite pode ser de origem viral, ad- quirida depois de alguma gripe ou outra doença causada por vírus, ou de origem bacteriana. A pessoa com meningite apre- senta alguns sintomas: febre, rigidez da nuca, dor de cabeça e vômitos. Saber se a meningite foi causada por vírus ou bac- téria é importante porque a gravidade da doença e o tratamento diferem. Meningi- te viral é geralmente menos grave e cura- -se sem tratamento específico, enquanto a meningite bacteriana pode ser muito sé- ria e resultar em danos ao cérebro, perda de audição ou dificuldade de aprendizado; Síndrome de West – é um tipo raro de epilepsia. As convulsões afetam ge- ralmente crianças com menos de um ano. Os espasmos são diferentes para cada criança. Podem ser tão leves no início que não são notados. No início, a criança pode experimentar somente um ou dois espas- mos por vez, mas, no decorrer de um pe- ríodo de dias ou semanas, estes evoluem para dúzias de espasmos que ocorrem em intervalos de poucos segundos. Pode aparecer em diferentes circunstâncias, por exemplo: em crianças com enfermida- des estruturais do cérebro (fenilcetonú- ria, esclerose tuberosa, entre outras) ou em crianças com lesões cerebrais não pro- gressivas (sequelas de infecções pré-na- tais, anóxia pré ou perinatal, meningites, entre outras); Anóxia – é definida como a ausência de oxigenação das células cerebrais. Cada indivíduo apresenta um quadro específi- co, pode perder o movimentomuscular, dificuldade para a fala, a visão, a audição e, mais raramente, comprometimento mental. Dependerá de quais células forem afetadas; Fator-Rh Negativo – apresenta-se devido à incompatibilidade de Rh. Se um pouco de sangue fetal entrar em contato com a corrente sanguínea da mãe, o cor- po produzirá anticorpos. Esses anticorpos podem voltar para a placenta e danificar o desenvolvimento dos glóbulos vermelhos do bebê, causando uma anemia no feto que pode ser de muito suave a muito gra- ve. É muito mais comum na segunda ges- tação e nas subsequentes. As consequên- cias são sérias lesões neurológicas; Glaucoma – é uma alteração em que a pressão do líquido que preenche o glo- bo ocular está anormalmente aumentada. Esse acúmulo se produz ou pelo aumento da formação do líquido ou pela obstrução do conduto pelo qual normalmente esse líquido sai do olho. O glaucoma ocasiona lesão no olho; se não for tratado e se o processo não for controlado, poderá le- var à cegueira. As pessoas que têm maior 12 13 risco de sofrer de glaucoma são as diabé- ticas e as com familiares portadores de glaucoma; Síndrome de Usher – de origem ge- nética, tem graus variáveis se associando a surdez, presente já no nascimento, com a perda da visão, que se inicia na infância ou na adolescência. A cegueira parcial ou total é causada pela retinose pigmentar. A doença afeta, primeiro a visão noturna e, depois, a periférica, das laterais, preser- vando por mais tempo a central. Também há sensibilidade a excesso de luz. Existem quatro tipos: Tipo I – provoca deficiência auditiva profunda de nascimento e retinose pig- mentar, cegueira noturna com perda de equilíbrio; Tipo II – provoca Deficiência Auditiva leve a moderada, não progressiva, com re- tinose pigmentar no início da puberdade, cegueira noturna com perda de equilíbrio, na maioria dos casos, na fase-adulta; Tipo Ill – provoca deficiência auditiva congênita progressiva, com retinose pig- mentar e cegueira noturna que aparece na infância, com perda de equilíbrio; Tipo IV – é um tipo mais raro, afeta apenas 10% da população portadora da síndrome. Toxoplasmose – é uma doença in- fecciosa causada por um protozoário cha- mado Toxoplasma gondii, que pode ser encontrado em fezes de gatos e em ou- tros animais contaminados. Ter a doença durante a gestação significa risco eleva- do de comprometimento fetal. Podem ocorrer aborto, crescimento intrauterino abaixo do normal, morte fetal, prematuri- dade, microftalmia (olhos pequenos), mi- crocefalia (crânio pequeno), hidrocefalia, deficiência intelectual, lesões de pele e calcificações do cérebro; Consanguinidade – significa o grau de parentesco entre indivíduos de ascen- dência comum (parentes). Podem ocorrer diversas sequelas, entre elas: síndromes degenerativas, deficiência intelectual, deficiência física, deficiência auditiva e deficiência visual (HONORA; FRIZANCO, 2008). Como fatores de risco temos: epidemias de doenças, como rubéola, sarampo, meningite; doenças venéreas; infecções hospitalares; gravidez de risco; falta de saneamento básico. 2.4 Características da Sur- docegueira Algumas pessoas com surdocegueira são retraídas e isoladas, apresentam difi- culdade para se comunicar, não demons- tram curiosidade e motivações básicas, normalmente apresentam problemas de saúde que acarretam sérios atrasos no desenvolvimento, não gostam do toque das pessoas, não conseguem se relacionar com as pessoas, encontram dificuldade para se alimentar e com a rotina do sono, têm problemas de disciplina, atrasos no desenvolvimento social, emocional e cog- nitivo, e o mais importante, desenvolvem estilo único de aprendizagem. Surdocegos com baixo desempenho são resistentes ao contato físico; não têm 12 13 comunicação efetiva; apresentam com- portamentos estereotipados ou autistas; se auto estimulam no âmbito proprio- ceptivo e cinestésico; também podem se auto estimular sexualmente quando se encontram em ociosidade; não têm co- nhecimento de pessoas e objetos a sua volta, não têm conhecimento de rotina; não lidam com frustrações; apresentam atraso neuropsicomotor por falta de esti- mulação; têm dificuldade para se alimen- tar e rejeitam alimentos sólidos, têm difi- culdade para aceitar o uso de óculos e de aparelho auditivo. Surdocegos com nível intermediário ainda apresentam comportamentos este- reotipados; não têm forma estruturada de comunicação, mas já demonstram alguma intenção comunicativa, seja por gestos ou por movimentos corporais; utilizam os resíduos dos sentidos que são funcionais; começam a conseguir lidar com alguns estímulos novos e diferenciados; podem apresentar hiperatividade; têm alguma independência em atividades de vida diá- ria; ainda apresentam dificuldades com a alimentação, principalmente a sólida. Surdo cegos com bom desempenho de- monstram boa funcionalidade dos resídu- os auditivo e visual e aproveitamento dos sentidos remanescentes; já têm conheci- mento de rotina; demonstram mais pro- gressos no desenvolvimento psicomotor; adaptam-se aos óculos e ao aparelho au- ditivo; apresentam alguma comunicação gestual ou representativa e possibilidade de aprender LIBRAS (HONORA; FRIZAN- CO, 2008). 14 1514 UNIDADE 3 - As necessidades da criança surdocega e com deficiência múltipla Para introdução deste tópico, vamos de imediato apresentar alguns comporta- mentos e necessidades das crianças sur- docegas no ambiente educacional, para depois refletirmos sobre como ajudá-lo nessa caminhada que, embora a princípio possa ser dolorida para ele, aos poucos vai se tornando gratificante, afinal de contas, a socialização, as possibilidades de se co- municar das mais variadas formas só tem a ajudá-los a ter uma vida melhor e mais prazerosa. Comportamento Necessidades Movimentos estereotipados e repeti- tivos; Não demonstra saber as funções dos objetos ou brinquedos, utilizando-os de maneira inadequada; Pode rir e chorar sem causa aparente; pode apresentar resistência ao contato físico; Movimenta os dedos e as mãos em frente aos olhos; Não se comunica de maneira conven- cional; Pode apresentar distúrbio de sono; Não explora o ambiente de maneira adequada; tropeça muito e bate nos móveis, obje- tos, etc.; Gosta de ficar em locais com luminosi- dade; Pode não reagir a sons. Evitar o toque de muitas pessoas; Estruturar o planejamento com ativi- dades funcionais para o aluno; Não infantilizar, considerar sua idade cronológica; Estabelecer uma rotina previsível com uma comunicação possível; Estabelecer uma relação de confiança; respeitar o tempo de aceitação; Desenvolver um diálogo não verbal, utilizando os movimentos do aluno; Utilizar as habilidades que o aluno apresente; Enfocar o processo de aprendizagem e não o resultado; Ter informações de todos que atuam com a criança; Prepare um ambiente que estabeleça um lugar com limites espaciais, lugares muito amplos pode causar alteração de comportamento; Perceber suas intenções comunicati- vas; Dar novo significado a objetos e pes- soas; Respeitar o tempo do aluno e não ser invasivo. 14 1515 Quando conhecemos um aluno com múltipla deficiência ou surdocego, mergu- lhamos em muitas indagações e nos senti- mos incapazes de realizar algo que possa auxiliá-lo. Deparar-nos com esses novos desafios nos faz enfrentar os medos e as resistên- cias, quebrar paradigmas e práticas, rede- finir nosso mundo para auxiliar na defini- ção do mundo do outro. Devemos nos conscientizar de que es- ses alunos acabam ficando presos dentro de seu corpo, e não conseguem exprimir desejos, vontades, alegrias, tristezas nas situações cotidianas.A primeira pergunta que devemos nos fazer é: COMO auxiliar esse aluno a se de- senvolver? Em primeiro lugar, criar um vínculo deve ser o centro de todo trabalho. Caso não haja vínculos entre professor/aluno, nenhum trabalho pedagógico poderá ser realizado. O vínculo é a ligação que se faz entre as pessoas por meio de emoções, confiança e entrega, assim, após se con- seguir alguma forma de vínculo, tudo se torna mais fácil. Depois, é primordial encorajar e propor- cionar a independência e a autonomia do aluno, com enfoque em suas aptidões es- colares, desenvolvendo suas habilidades para que ele possa estar o mais próximo possível dos colegas e da rotina escolar. Da mesma forma, manter a privacidade e a dignidade do aluno com múltipla defi- ciência e surdocegueira, deixando que ele faça suas próprias escolhas, sem imposi- ções, é muito importante. De que manei- ra? Sempre antecipando o que ocorrerá, não o deixando pensar que tudo é cons- tituído de surpresas e ele não tem direito de escolha. Não podemos esquecer que, para tan- to, precisamos de regras que devem ser combinadas e não podem ser quebradas, pois os limites devem ser respeitados. Além disso, repita as tarefas várias ve- zes até que o conteúdo seja assimilado. Não faça para seu aluno, e sim com o seu aluno. Não seja controlador, permita que seu aluno compartilhe a experiência de tocar os objetos ou fazer movimentos. Coloque suas mãos à disposição da criança para que ela as use como queira (HONORA; FRIZANCO, 2008). Pois bem, feitas essas reflexões e orientações iniciais, vamos à sua educa- ção em ambiente escolar! 3.1 Planejamento de tra- balho para atender as crian- ças surdocegas e com defi- ciência múltipla O objetivo de qualquer programa para uma criança portadora de necessidades especiais e, especificamente, para crian- ças surdocegas, é proporcionar o desen- volvimento de seu potencial singular como ser humano e como membro útil de sua família e sociedade. Em termos práti- cos e operativos, o objetivo é proporcio- nar a cada criança surdocega um planeja- mento individualizado, traçado de acordo com suas necessidades, interesses e ha- bilidades. Esse planejamento deve consi- derar os resultados alcançados e o nível atual de desenvolvimento da criança. Ele necessita ser aplicado em um ritmo contí- 16 17 nuo, com profundidade, e por um método que melhor se adapte ao estilo de apren- dizagem da criança. O planejamento deve ser avaliado a partir das capacidades desenvolvidas pela criança, sendo ampliado com base em seu desempenho e capacidades. Tendo em vista a especificidade de um programa de ensino, buscar-se-á ilustrar algumas atividades básicas que poderão ser desenvolvidas com crianças surdo- cegas. Ressalta-se que essas atividades são sugestões para orientar o trabalho do professor no exercício de suas funções profissionais. O primeiro passo de um programa de ensino para crianças surdocegas consiste em fazer com que ela aprenda a utilizar os recursos de que dispõe. Para isso, é ne- cessário fazer com que a criança sinta-se à vontade, segura, e autorize o profes- sor a ficar perto dela, demonstrando que gosta da sua presença. A ligação afetiva entre a criança e o professor, o prazer de estar perto, o querer estar perto, o cuidar, o aprender e o ensinar são os primeiros pi- lares para que o objetivo educacional seja alcançado. Nesse sentido, o vínculo pos- sibilita o estabelecimento de uma relação com o outro (educador), que garantirá à criança a sensação de segurança, confian- ça e prazer (NASCIMENTO; MAIA, 2006). Recepcionar a criança, promover a identificação do professor, da escola, das outras crianças, da sala, das atividades são ações que tendem ao sucesso! A recepção é o primeiro passo na vida escolar da criança surdocega. Ela poderá ser realizada pelo professor que irá ser o responsável por acompanhá-la nas ativi- dades desenvolvidas na creche e/ou es- cola. Assim, na sala poderá permanecer o professor que irá trabalhar com a criança e seu acompanhante, uma pessoa que irá observar e anotar o desempenho e as rea- ções da criança diante dos estímulos ofe- recidos pelo professor. Como viabilizar um ambiente re- ceptivo para a criança surdocega? Antes de qualquer ação, o professor precisa desejar estar perto da criança sur- docega, precisa ter disposição e prazer em compartilhar seu tempo com ela. Esse é o primeiro passo, desejar estar perto. Quan- do se quer, não há distâncias e nem impe- dimentos no estabelecimento de um novo vínculo afetivo. A criança, geralmente, chega à insti- tuição acompanhada de alguém, sejam os pais, amigos ou parentes. É importan- te considerar que esse acompanhante já possui vínculo afetivo com a criança. É o acompanhante (pai, mãe, amigo, res- ponsável) que irá apresentar você para a criança. Passe um tempo olhando e observando a criança, seus movimentos, suas emis- sões verbais, sua forma de posicionar o globo ocular, a posição de suas mãos (se estão paradas, se movimentam, se acari- ciam, se batem). Aproxime-se mais da criança e de seu acompanhante. Tente repetir o mesmo movimento da criança, por exemplo, se ela apresentou durante o tempo de observa- ção o comportamento de virar a cabeça de um lado para o outro, tente repetir e acompanhar esse movimento. Observe as reações da criança. Verifi- 16 17 que se ela percebeu você, percebeu seu movimento. Se percebeu, a que distância? Não percebeu? Ela parou o movimento e ficou “olhando” para você? Alterou os músculos faciais? Alterou o movimento das mãos? Relaxou ou contraiu a muscula- tura? Enfim, é preciso saber qual foi a rea- ção da criança. Caso a criança tenha reagido de for- ma positiva, isto é, relaxada, se dirigiu o olhar para você, se ficou observando o movimento que você realizou, se virou e escondeu o rosto no colo do acompanhan- te, voltando-se gradativamente para ver você, isso pode indicar que ela o autori- zou a aproximar-se. Tudo isso é uma for- ma de comunicação e manifestação das necessidades e do interesse da criança. Em outros casos, é importante que a pro- ximidade com a criança ocorra gradativa- mente. Nesse contexto, não toque logo na criança, isso pode muitas vezes as- sustá-la. Peça para que o acompanhante leve sua mão até a criança e realize mo- vimentos circulares e carinhosos em par- tes do corpo dela. Preste atenção: a mão do acompanhante deve estar em contato direto com a pele da criança, o contato da mão do professor é indireto. Posterior- mente, o acompanhante poderá retirar gradativamente sua mão, permitindo uma ampliação do contato do professor com a criança. Para isso, poderá colocar a mão do professor em uma parte do corpo da criança (braço). As ações seguintes de- vem ser as mesmas que foram realizadas anteriormente. Outra opção é solicitar ao acompanhante algo de que a criança gos- te muito. De posse desse objeto, deve-se buscar a comunicação. O importante nes- se momento é que sua aproximação física com a criança seja mediada pelo acompa- nhante ou por um objeto de que a criança goste muito (NASCIMENTO; MAIA, 2006). A sensibilidade tátil da criança pode ser bastante aguçada. Nesse sentido, busque toques suaves. Inicialmente, sua mão po- derá percorrer a mão da criança, deixando um espaço de 2 cm de distância entre elas. Gradativamente, você poderá diminuir ou aumentar a distância, observando sem- pre a reação muscular, facial, ocular, entre outras, da criança. É importante perceber se a criança gosta mais do movimento re- alizado mais distante ou mais próximo; se ela busca a aproximação; se ela busca o distanciamento; se ela repete seu movi- mento. Tudo isso ajudará você no trabalho cotidiano com a criança. O próximo passo pode ser a identifica-ção do professor responsável pelo atendi- mento com a criança. Para ajudar a criança a identificar e reconhecer o professor, é importante que ele sempre utilize o mes- mo indicativo, por exemplo: comprimento do cabelo, algum adereço (colar, brinco, pulseira, tiara). Ao optar por um indicativo/referencial, o professor deverá usá-lo sempre que for atender a criança. Exemplificando: caso o seu cabelo seja liso, oriente a mão da criança para que a passe no sentido de cima para baixo em um único movimento. Se o seu cabelo for ondulado, oriente a mão da criança para que realize movimen- tos ascendentes e descendentes (imitan- do as ondulações do cabelo), começando pela parte superior, em direção ao pesco- ço. Agindo assim, você estará proporcio- nando a criança o seu reconhecimento, partindo de uma característica corporal 18 19 pessoal. Sua identificação deve ser a úni- ca da instituição. Cada pessoa que se aproximar da crian- ça deverá criar sua própria identificação, seja mediante o uso de pulseiras, brinco, colar, cabelo sempre preso, seja por uma marca no corpo (cicatriz, pinta). Enquan- to as crianças ouvintes irão aprender os nomes das crianças e o surdo aprende a identificar os colegas por algum sinal ou gesto visual, a surdocega irá identificar o outro pelo toque. Dessa forma, o pro- fessor precisa acrescentar informações complementares, estimulando as vias vi- sual, tátil e olfativa da criança surdocega. Posteriormente, as crianças poderão as- sociar à identificação primária (perfume, adereço) uma identificação mais elabo- rada. Exemplificando: a introdução da le- tra inicial do próprio nome realizada pelo alfabeto manual utilizado pelos surdos ou o registro da letra inicial do próprio nome em caixa alta na palma da mão da criança. Com isso, o professor e funcionários esta- rão acrescentando estímulos às vias audi- tiva e visual e maximizando a utilização da via tátil da criança. Essa ação viabilizará sua aprendizagem, promovendo seu de- senvolvimento autônomo e independen- te. No processo de identificação, é impor- tante que a criança também se reconhe- ça por um sinal, característica e/ou letra inicial do próprio nome. A identificação da criança poderá ser feita com o professor realizando o movimento de mão embaixo de mão (a criança no início fica com a mão posicionada em cima da mão do profes- sor). Nessa posição, o professor orienta a mão da criança até o próprio peito, tocan- do-o. Essa ação poderá ser repetida várias vezes, sendo esse movimento de identifi- cação da criança realizada por toda a equi- pe de profissionais que mantêm vínculo e atividades com ela. Posteriormente, o professor poderá ampliar o universo do “EU - VOCÊ - ELE”. Para tanto, o professor poderá brincar de pegar em partes do corpo da criança. Exemplificando: pega no pé da criança e, em seguida, indica que o pé é dela to- cando em seu peito. Essa atividade pode- rá ser circular, isto é, o professor poderá também alternar o que faz parte do corpo da criança e o que faz parte do seu próprio corpo ou do corpo de outra criança que esteja perto. O professor poderá passar a mão da criança no próprio braço e, depois, levar a mão desta para realizar o movi- mento de “meu”, enfatizando: “o braço é da criança” por meio do sinal “meu”. A dis- tinção na marcação do que é da criança do que é do professor poderá ser realizada com a orientação do professor ao tocar e direcionar a mão para seu peito ou para o peito da criança. Nessa brincadeira, o professor pode- rá ter uma outra criança ao lado (tendo a criança surdocega no colo e a outra ao lado). A atividade será realizada como na sequência anterior, acrescentando a par- ticipação de mais uma criança. Com isso, o professor poderá explorar as partes do corpo como sendo dele, meu e seu. Toda a atividade é realizada tatilmente. Pega-se parte do corpo e, em seguida, identifica- -se de quem é. Pode-se também realizar massagens e automassagens, do profes- sor com a criança, do professor orientan- do e conduzindo as mãos de uma criança sobre a outra. As brincadeiras de rolar 18 19 com as crianças, passando uma em cima da outra, pode ser uma atividade que pro- porcione prazer a todos. Em uma outra atividade, utilizar-se-á uma fralda ou um pedaço de papel lumino- so. O brilho, em muitos casos, pode con- tribuir para atrair o olhar da criança (caso ela tenha convulsões, é bom evitar usar brilho) assim como tecido ou material em contraste. Com esse recurso, o professor irá cobrir partes do corpo da criança, per- guntando verbalmente e tatilmente “cadê o seu pé?” (tocando na criança). Nesse mo- mento, o professor realizará movimentos de cabeça como se estivesse buscando algo, olhando de um lado para o outro me- diante o direcionamento da cabeça para a direita ou para esquerda. Combinado a esse movimento, poderá realizar movi- mentos de busca tátil no corpo da própria criança. Além dessas atividades, o professor poderá assistir à televisão com som am- pliado, tendo nas mãos um balão. Com esse recurso, o professor fará com que a criança surdocega tenha conhecimento da existência do som, uma vez que o balão amplia as vibrações promovidas pelas on- das sonoras. O professor poderá também assistir a filmes com a criança, desde que haja resíduo visual, em língua de sinais e legendado. Quando o professor optar por atividades que envolvam a leitura, poderá fazê-las tendo a criança, de preferência, no colo, ou poderá sentá-la no tablado e utilizar o amplificador sonoro comum ou a própria caixa de som. Essas brincadeiras e atividades, além de possibilitar o desenvolvimento da no- ção de permanência do objeto, estimula- rão a criança a brincar e a realizar trocas mais significativas com o ambiente. Sempre que estiver orientando a mão do bebê para explorar alguma parte do próprio corpo ou do professor, este exe- cutará a atividade tendo sua mão embai- xo da mão da criança. É o professor que irá orientar e mostrar como explorar partes do corpo, partes de um objeto, de um novo espaço, etc. Posteriormente, poderá posi- cionar sua mão em cima da mão da criança, motivando-a a explorar o próprio corpo, o corpo do professor ou objetos/brinque- dos. Observe qual a posição da mão que faz a criança sentir-se mais à vontade, sendo esta a priorizada. É importante considerar que o proces- so de aprendizagem para o surdocego se dá inicialmente por meio do movimento, da mesma forma que a criança normal, conforme defende Piaget (1982). A crian- ça surdocega terá no movimento do edu- cador (ressonância) a referência de como usar o seu próprio corpo. O movimento constitui a base da comunicação. Quando a criança é capaz de iniciar um movimen- to, pode significar uma forma de pedir, para que a atividade tenha continuidade. Nessa fase, as atividades podem propiciar melhores condições do desenvolvimento da autopercepção, consequentemente, da diferenciação entre eu e o outro. A importância do movimento e orienta- ção será analisada em detalhes no próxi- mo tópico. 20 2120 UNIDADE 4 - A importância do movimento e da comunicação As crianças com múltipla deficiência, geralmente, apresentam dificuldade de comunicar seus pensamentos, desejos, intenções. A maior parte desses alunos não apresenta linguagem verbal, mas pode comunicar-se por gestos, olhar, mo- vimentos corporais mínimos, sinais, obje- tos e símbolos. Necessitam, para isso, de pessoas interativas, receptivas, que ofe- reçam apoio e incentivem esse processo de comunicação não verbal como vimos anteriormente. Brodin (1991) observou que essas crianças tomam pouca iniciativa de comu- nicação espontânea, talvez pelo fato de terem pouca experiência nesse sentido, e porque os adultos tendem a superprote-gê-las, adiantando-se às suas necessida- des, sem esperar que haja algum esforço para se comunicar. Estudiosos da deficiência múltipla, Nielsen (1983) e Akesson & Brodin (1991) afirmam que o adulto se converte na parte mais forte da interação, tende a falar sem esperar resposta ou sem dar tempo sufi- ciente para que a criança possa produzir a resposta, reduzindo, assim, a capacidade responsiva e a intenção comunicativa. O grande desafio que se impõe aos cen- tros de educação infantil no Brasil hoje constitui-se na transformação da cultura pedagógica. Isso requer a compreensão das possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem, e a identificação dos ta- lentos, necessidades e limites de todas as crianças, considerando suas diferenças e os mecanismos funcionais de cada uma, conhecendo seus interesses, desejos e experiências vividas (GODÓI, 2006). 4.1 Orientação e mobilida- de Orientar vem do latim óriens (orientis) que, em português, deu oriente, ou seja, “o lado onde nasce o sol”, nascente, leste, levante. A palavra mobilidade também se origina do latim, do adjetivo móbilis (mó- vel), que por sua vez deriva do verbo mo- vére: mover. Enquanto orientar significa “determi- nar os pontos cardeais, indicar o rumo exato”, mobilidade é a “propriedade do que é móvel”; assim, temos que orienta- ção é aprendida, e mobilidade é inata. Combinando os dois conceitos – orien- tação e mobilidade – podemos dizer que a expressão orientação e mobilidade sig- nifica mover-se de forma orientada, com sentido, direção e utilizando-se de várias referências como pontos cardeais, lojas comerciais, guia para consulta de mapas, informações com pessoas, leitura de in- formações de placas com símbolos ou es- crita para chegarmos ao local desejado. Assim, orientação e mobilidade se apli- cam a toda e qualquer pessoa que neces- sita chegar a algum local e que, para isso, dispõe de todas essas referências para cumprir sua rota. Orientação e mobilidade fazem parte da nossa rotina. Quando estamos dentro de nossa casa e nos deslocamos de um ambiente para outro, estamos nos mo- vendo de forma orientada, pois conhece- mos o ambiente e sabemos as direções 20 2121 que devemos seguir para chegar até lá e também porque temos nossa consciên- cia corporal e de como devemos nos mo- ver para cumprir nossa meta. Se estiver- mos em nosso bairro, em nossa cidade, e conhecemos várias rotas para chegar a determinados lugares, nós as utilizamos quando necessitamos. Só vamos nos sen- tir “desorientados e imobilizados” quando temos que nos deslocar a um lugar e não conhecemos o caminho para chegar a ele. Nesse caso, teremos que usar todas as in- dicações e referências acima citadas para nos orientar e seguirmos o caminho certo. 4.2 Orientação e mobilida- de para surdocego A orientação e mobilidade é um conjunto de técnicas e estratégias, ba- seadas em informações psicossensoriais, que auxiliam a criança a se orientar e a se locomover nos espaços em que ela vive e que devolvem para a pessoa surdocega (os jovens e adultos que se tornaram sur- docegos no decorrer da vida) um desloca- mento orientado e seguro para conhecer o seu entorno e dele usufruir. O ensino de orientação e mobilidade é muito mais que o treinamento sobre o uso correto das técnicas do guia vidente, ou de bengalas. Mais que isso, é a possibili- dade que oferecemos à pessoa surdocega de aprender a organizar e familiarizar-se com o mundo, através do contato físico e de tudo o que possa permitir compre- ender o mundo ao seu redor e com ele se comunicar. Segundo Gense & Gense (2004) e Gia- comini (2005), as necessidades que as pessoas surdocegas têm de aprender e de utilizar as técnicas de orientação e mobili- dade estão relacionadas a três aspectos, que antecedem às próprias técnicas: a) Vínculo – a aproximação a uma pessoa surdocega deve ser tranquila e devagar. Você pode gentilmente encostar a sua mão na mão da pessoa surdocega para ela saber que você está perto dela. Você pode combinar com a pessoa sur- docega um toque na mão, no antebraço ou no ombro como forma de identificação pessoal, o que facilitará o seu contato nos próximos encontros com esta pessoa; b) Segurança – a pessoa surdocega começa a se sentir mais tranquila ao per- ceber que pode confiar nas pessoas com as quais ela formou um vínculo. O víncu- lo oferece também a segurança de poder identificar tais pessoas, permitindo-lhe escolher com quem quer estar para rea- lizar determinadas atividades e sentir-se mais encorajada e motivada em diversas situações; c) Comunicação – cada pessoa sur- docega dispõe de um sistema de comuni- cação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é que o pro- fissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para que interaja diretamen- te com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-intérprete ou instrutor-media- dor. “Guia-intérprete é aquele profissio- nal que serve de canal de comunicação e visão entre a pessoa surdocega e o meio no qual ela está interagindo” (GIACOMINI, 2002, p. 31). Segundo Rodriguez (2005), o papel do guia-intérprete consiste em ser intérprete ou transliterador, descritor vi- sual e guia. 22 23 Para Serpa (2005), o instrutor media- dor é a pessoa que media e faz a ponte entre o mundo e a pessoa surdocega. O papel do instrutor mediador é de inter- mediar a comunicação de pessoas surdo- cegas e deficientes múltiplos congênitos que não possuem um sistema de comuni- cação simbólica e guiá-las. Segundo Murdoch (1989), a orientação e mobilidade das crianças surdocegas pré- -linguísticas inicia-se a partir do momento em que ela nasce. É um processo que faz parte da rotina diária da vida e não, como se pensava anteriormente, decorrente da necessidade de criar um programa especí- fico para treinamento de técnicas. A mobilidade começa através do es- paço nos braços da mãe e dos movimen- tos que esta faz com o seu bebê quando o faz dormir, balançando-o suavemente, por exemplo. Quando ela leva o bebê do quarto para o banheiro, na hora do banho; quando ela o coloca na cadeira na cozinha para alimentá-lo; quando ela o leva para a sala para brincar, ela está realizando a Orientação e Mobilidade com o seu bebê. Com o desenvolvimento da criança sur- docega, ela vai sendo exposta a outras experiências como engatinhar, andar com apoio de um adulto, saber posicionar suas mãos como proteção, utilizar carrinhos de brinquedo como antecipador de obstácu- los e a própria pré-bengala como instru- mentos para se deslocar com segurança e confiança para conhecer seu entorno. Os pais devem receber orientação para au- xiliar os filhos no seu dia a dia a utilizar a pré-bengala. Recomenda-se a confirmação de que a pessoa consegue realizar a atividade, que ela pode repetir e que ela é capaz. Segundo Troncoso (2002), para que a criança surdocega adquira a aprendiza- gem de se deslocar e explorar o seu en- torno com autonomia, é importante que desenvolva os seguintes aspectos: Imagem Corporal – como ela con- segue ter representação do seu próprio corpo; Conceito Corporal – conhecer e no- mear as partes de seu corpo e entender para que servem; Consciência Sensorial – saber rece- ber a informação do meio através de to- dos os sentidos; A Criança Surdocega Precisa Ad- quirir Permanência dos Objetos – com- preender que os objetos existem mesmo quando não se pode tocar, escutar ou sentir. Quanto às noções espaciais, a criança surdocega necessita entender as relações espaciais que existem entre os objetos, pessoas, como em cima/embaixo, perto/ longe, à frente/atrás, entre, dentro/fora e outros. As noções temporaisprecisam ser ensinadas. O ontem, hoje, amanhã, o dia, a noite, o antes e o depois devem ser compreendidos. A criança surdocega deve aprender a buscar e a encontrar objetos. A medi- da que os movimentos se tornam inde- pendentes (capacidade de girar, rodar, engatinhar, caminhar), pode-se, grada- tivamente, introduzir as técnicas de au- toproteção, tais como proteção superior, proteção inferior; rastreamento, locali- zação de objetos e familiarização com os ambientes; técnicas de desenvolvimento 22 23 da orientação, como o uso do tato, olfato, visão, audição; leitura de mapas táteis. O uso das técnicas de guia vidente é de suma importância. O professor de orien- tação e mobilidade deverá estar atento ao momento certo para oferecer a benga- la ou a pré-bengala quando de fato este instrumento possa ser usado com pro- priedade e segurança pela criança, trans- formando-se em um facilitador para seu deslocamento. Bengala é um bastão geralmente con- feccionado em alumínio. Já há algumas versões em fibra de vidro que são mais le- ves e dão maior sensibilidade ao usuário. A bengala pode ser fixa ou dobrável. Po- demos encontrar bengalas com ponteiras de silicone fixa, de alumínio e com o siste- ma roller. A Pré-bengala é um objeto retangular, confeccionada em canos PVC, que possi- bilita o apoio das duas mãos, dispensando o arco de proteção de uma bengala longa e servindo como identificador de obstá- culos. Assim como a bengala, é confeccio- nada na altura correta do usuário. A altura é medida a partir do diafragma da pessoa até o chão. Depois, mede-se o ombro do usuário, acrescentando-se 2 cm de cada lado (FOY; KIRCHNNER, 1991). Uma pré-bengala é personalizada às necessidades da pessoa com deficiência e confeccionada com tubos e conexões em PVC. Podemos construir estes conhecimen- tos de orientação e mobilidade através de jogos e atividades simples e na rotina diária de um bebê e de uma criança sur- docega, o que ajudará a desenvolver esta habilidade desde o primeiro ano de vida. Importa ressaltar que, nesse processo de aprendizagem do uso dos recursos da tecnologia assistiva, a participação da fa- mília, dos professores e dos colegas é ab- solutamente imprescindível. O tablado de ressonância é uma placa retangular, de madeira, de espessura de 2 a 3 mm, com pés para apoio, colocado sobre o piso para que a criança possa sen- tir a vibração das brincadeiras que iremos proporcionar a ela em cima do tablado, criando condições propícias para que ela inicie a verbalização de intenções comu- nicativas. Os tablados de ressonância são utilizados, principalmente, com crianças pequenas que apresentam resistência ao toque (crianças que não gostam de ser tocadas diretamente por nossas mãos). Nesses casos, o tablado lhes permite sen- tir outras texturas e ir, pouco a pouco, tendo maior aceitação do toque em geral. O tablado permite que a criança se movi- mente em busca da estimulação que lhe é oferecido. É possível utilizar também o quartito, que são placas de madeira ou de papelão revestidas com tecidos ou brinquedos em alto contraste para estimular a visão, a au- dição residual ou o tato da criança que rola sobre o tablado de ressonância que está debaixo dela, buscando esses estímulos. O quartito desenvolve o movimento da criança que apresenta graves dificulda- des motoras para agarrar ou para mover- -se de um lado para outro. O uso da tecnologia assistiva, como quartito, tablado de ressonância e as pré- -bengalas favorecem a autonomia e a in- dependência das crianças surdocegas e com deficiências múltiplas e as auxilia na exploração dos ambientes (GIACOMINI; 24 25 SARTORETO; BERSCH, 2010). Devido a importância da orientação e mobilidade da criança no espaço escolar, vamos à descrição de uma atividade com esse objetivo, descrita por Nascimento e Maia (2006). É importante passear com a criança pela instituição. Pegue a criança no colo e conduza sua mão pelas paredes da es- cola. Muitas vezes, é importante utilizar um porta-criança (canguru), o que contri- bui para a liberação das mãos e braços da criança e do professor, viabilizando me- lhores condições para exploração do am- biente. Durante o passeio, é importante que a criança seja posicionada de forma a olhar para frente, com as costas apoiadas no peito do professor. Em qualquer uma das situações, o professor necessita mos- trar as portas (abrindo a porta com ajuda da criança, entrando, e, na saída, fechar a porta, sendo ajudado pela criança). É importante que todas as salas sejam identificadas com objetos concretos, que indiquem uma referência do que ocorre em cada ambiente, isto é, que sirvam de objeto de referência. Exemplificando: na porta do refeitó- rio pode-se colo- car um prato e uma colher, indicando que aquele local é o espaço reservado para alimentação; no fraldário, po- de-se colocar uma fralda descartável; no banheiro, um peda- ço de toalha ou rolo de papel higiênico, ou sabonete. Tendo os objetos de referência, o professor precisa ter o cuidado de explo- rar tatilmente o objeto, e só depois entrar na sala. O professor associará ao objeto de referência o nome da atividade que se desenvolve no interior da sala, registra- do em tinta e no código braile. A figura ao lado ilustra a situação de identificação de ambiente sendo orientada pelo adulto. É importante que todas as atividades sejam antecipadas com objetos de refe- rência concretos e de fácil identificação pelo sistema tátil. Assim como as consideradas crianças normais são avisadas verbalmente ou gestualmente do banho, da comida, da hora de dormir, da hora de histórias, da troca de fralda, da hora de ir para casa, as crianças surdocegas também precisam ser avisadas. Para isso, é necessário que o professor estabeleça o que irá utilizar para indicar as atividades a serem realiza- das. A seguir, algumas sugestões. As brincadeiras infantis precisam ser antecipadas com o objeto a ser utilizado (bola, chocalho, brinquedos causa e efeito – apertar o botão desencadeando um som ou luz ou vibração ou movimento). Essa é uma oportunidade para introduzir a parti- cipação da criança surdocega em um gru- po maior, realizando atividades com as crianças posicionadas em círculo. Durante a atividade, a criança surdoce- ga necessita ser orientada pelo professor de como participar e do momento em que deve começar. O professor poderá apresentar o baba- dor, posicionando-o no peito da criança. Em seguida, poderá tocar com a palma da mão no peito da criança, levando-a até seus lábios e tocando-os de leve. Caso o professor queira, poderá pegar a mão da criança e orientá-la a tocar nos próprios 24 25 lábios. Em ambas situações, os sinais es- tarão substituindo a fala e informando para a criança o que irá acontecer. Após o indicativo, pegue a criança, posicione-a (se bebê, no colo, outras vezes, no berço) e ofereça-lhe o alimento (mamadeira ou não). Talvez seja interessante o professor encapar a mamadeira com um tecido em contraste de cores e texturas (fundo branco com listas pretas; ou fundo amare- lo com listas azuis). O contraste ajudará na estimulação da eficiência visual da crian- ça, possibilitando melhores condições do uso da discriminação visual e na explora- ção do material. O professor pode escolher o sabonete como objeto de referência da atividade banho. De posse desse objeto, irá apro- ximá-lo da criança para que ela sinta seu cheiro. Posteriormente, o professor rea- lizará movimentos circulares com o sabo- nete em partes do corpo da criança (bar- riga, braço, mão). Após esse indicativo, a criança será preparada para o banho. An- tes de colocá-la na água, molhe partes do corpo dela e leve sua mão para realizar o contornoda banheira ou para segurar o chuveiro. É importante que ela sempre seja avisada, isto é, o professor precisa antecipar tatilmente tudo o que irá acon- tecer. O professor poderá utilizar o travessei- ro da criança para indicar a hora de dormir, embalando-a em seguida. O professor, de posse do recipiente do creme, pode apresentá-lo à criança, ex- plorando-o com a mão. Depois, o profes- sor abrirá o recipiente e colocará, com aju- da da criança, um pouco de creme em sua mão, para em seguida espalhá-lo no corpo da criança em movimentos circulares. Esse é um bom momento para a criança perce- ber o cheiro do creme e sua consistên- cia. Nesse momento, o professor poderá fazer uma leitura com a criança sentada em seu colo ou em um tablado, para que possa perceber as vibrações relacionadas ao ritmo da leitura. O guia-intérprete ou o intérprete irá realizar o acompanhamento da leitura em sinais ou a dramatização das informações lidas. Na manipulação do cre- me, a criança pode ser orientada a passá- -lo no próprio corpo (NASCIMENTO; MAIA, 2006). 4.3 A comunicação A comunicação é um dos aspectos mais importantes do trabalho com alunos com múltipla deficiência e surdocegos, o que acontece efetivamente quando tocamos nosso aluno, portanto, é preciso cuidado com o toque, ele não deve ser brusco e inesperado, nem muito leve. De preferên- cia a mão-sob-mão, é a forma mais correta de trabalhar com esses alunos. As mãos são as ferramentas essenciais para se efetivar a comunicação com esses alunos como já introduzimos em tópico anterior. Elas podem expressar não so- mente sentimentos, como também inten- ções. Podem transmitir funções pragmá- ticas. Um toque pode ser uma ordem, uma pergunta, uma exclamação, um convite. Qualquer uma dessas funções pragmáti- cas usadas em excesso pode inibir a inte- ração de diálogos. Portanto, o toque deve representar, para o aluno, a forma de um novo conhecimento. Sabemos agora que o início da comuni- cação se dará por meio do toque e das lei- 26 27 turas desse toque. Ao conseguirmos com- preender, atingir, entrar, enfim, no mundo desse aluno, que pode estar total ou par- cialmente isolado, o fazemos trilhar o ca- minho da comunicação. Mesmo que con- sigamos apenas uma pequena intenção comunicativa, o desdobramento dessa intenção pode resultar num início de co- municação (HONORA; FRIZANCO, 2008). Assim, não importa como será e a que nível chegará a mensagem, o importante é conseguir o maior aproveitamento pos- sível do potencial comunicativo do aluno. Com isso, o aluno se tornará mais feliz, mais aceito e integrado na família, na es- cola e na sociedade. Segundo Van Dijk (1965), devemos con- siderar que a comunicação surge de uma interação entre desenvolvimento cogniti- vo e experiências sociais. Seu trabalho foi direcionado para indivíduos com compor- tamentos predominantemente voltados para si mesmos. Assim, esse comporta- mento sugere que as necessidades são satisfeitas por intermédio de estimula- ções físicas e de necessidades básicas. Muitas condutas comunicativas (pe- gar na mão, vocalizações, entre outras) surgem de um único objetivo: satisfazer as necessidades de estimulação física e atendimento das necessidades básicas, como fome, sono e desconforto. Assim, a comunicação é um aspecto do conhe- cimento, não uma habilidade indepen- dente. É um reflexo do desenvolvimento cognitivo que se manifesta durante as in- terações sociais. Mesmo percebendo que a maior parte do tempo a comunicação vinda do aluno tem, como objetivo principal, a satisfação de necessidades mais urgentes e práti- cas, devemos nos concentrar na função comunicativa como “instrumento para favorecer o desenvolvimento cognitivo e como uma consequência natural do uso das habilidades cognitivas em seu meio social” (STILLMAN, 1984) . Analisando por esse lado, o objetivo da comunicação para esses alunos é propor- cionar a oportunidade de formarem uma ideia do mundo que os rodeia, pois muito poucos discriminam a si e ao ambiente. É também dar oportunidade para que se de- senvolvam num mundo consistente, sen- tindo segurança, porque vivem momento a momento. É essencial demonstrar aos alunos com deficiência múltipla e surdocegueira o in- teresse e a importância de fazer algo em conjunto com o outro, pois vivem num mundo inconsistente e não formam ideia das coisas mais fundamentais de sua vida. Igualmente essencial é desenvolver um diálogo, mesmo que não seja verbal. O adulto é que irá estruturar este mun- do que está sendo apresentado, ele deve organizá-lo pensando em lugar, tempo e pessoas. Na verdade, é o adulto que preci- sa e deve entrar no mundo do aluno, dan- do novo significado a objetos e pessoas em um mundo de ação, processo e conhe- cimento. Para o desenvolvimento de habilida- des comunicativas não verbais, existem procedimentos e meios que não podemos desconsiderar, que são contínuos e gradu- ais, como: indicações táteis/ cinestésicas; sinais vocais/visuais; indicações ou mode- los; gestos naturais; sinais vocais; sinais físicos (movimento do corpo); objetos re- 26 27 ais; objetos representativos; fotografias de objetos; desenhos de objetos; ilustra- ções coloridas; ilustrações em branco/ preto; pictogramas; palavras impressas ou em braille; língua de sinais, sempre analisando e observando qual a necessi- dade de seu aluno, esse tipo de trabalho deve ser pensado pela equipe escolar, fa- mília e aluno. 28 2928 UNIDADE 5 - Adaptações de acesso ao currículo Incluir alunos com deficiência múlti- pla e necessidades educativas especiais nos centros de educação infantil não re- quer um currículo especial, mas ajustes e modificações curriculares envolvendo objetivos, conteúdos, procedimentos di- dático-metodológicos e de avaliação que propiciem o avanço no processo de apren- dizagem desses alunos. Esse processo é concebido como um conjunto de procedimentos que visa oferecer experiências de aprendizagem adequadas aos diferentes níveis de co- municação, de possibilidades motoras, cognitivas, socioemocionais e de vida di- ária, tendo em vista o atendimento às ne- cessidades específicas dos educandos. É a escola que se modifica para que o aluno obtenha êxito na aprendizagem e adquira conhecimento. As adaptações de acesso ao currículo são “modificações ou provisão de recursos espaciais, tempo- rais, materiais ou de comunicação que fa- vorecem o aluno com necessidades edu- cacionais especiais no desenvolvimento do currículo regular”, ou, se for o caso, do currículo adaptado (GUIJARRO, 1992, p.134 apud MONTE; SANTOS, 2004). Os ajustes, as modificações e adapta- ções são necessárias não apenas em de- corrência das necessidades específicas dos alunos, mas porque os sistemas de ensino, infelizmente, ainda fundamentam sua prática pedagógica em conceitos ho- mogêneos. Muitos professores e pais têm como ideal o modelo de escola homogê- nea e reprodutora, onde todos aprendem os mesmos conteúdos, da mesma forma, ao mesmo tempo e na mesma medida. O obstáculo que se enfrenta em alguns centros de educação infantil é com rela- ção ao conceito da homogeneidade no processo de desenvolvimento. Há esco- las que ainda esperam que o aluno esteja pronto para desempenhar determinadas tarefas ou lidar com determinados con- teúdos. Por exemplo: exigem autonomia no banheiro, coordenação motora, habili- dade para o desenho, letra cursiva para a escrita, leitura e escrita alfabética na pré- -escola. Nesse tipo de escola não há espaço para crianças com deficiência múltipla. No entanto, selecionar atividades que te- nham significado, relação com a vida prá- tica e experiência dos alunos, pode levar a pequenas modificações e adaptações nos objetivos, conteúdos e avaliação,de forma que os alunos com necessidades educativas especiais acentuadas tenham a oportunidade de participar, de se en- volver, de aprender e trabalhar junto com seus colegas no ensino regular. As adaptações curriculares estão ga- rantidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394/96 e pelas Diretrizes nacionais para a educação es- pecial na educação básica (BRASIL, 2001), que orientam adaptações em três ní- veis: a) no projeto político-pedagógico da escola, elaborado pela comunidade esco- lar; b) no currículo (objetivos, conteúdos, atividades, avaliação, metodologia) com a 28 2929 participação de todos os envolvidos; c) no nível individual, com a partici- pação da família na elaboração do plano educacional individual. O projeto de inclusão é elaborado e de- senvolvido coletivamente, não devendo as decisões ser tomadas isoladamente pelo professor ou pela família, sendo elas de responsabilidade da direção dos cen- tros de educação infantil, dos gestores da política de educação dos Municípios. Algumas ações são intersetoriais e en- volvem responsabilidade dos órgãos de saúde e ação social, principalmente no que diz respeito à diagnóstico, tratamen- to e equipamentos específicos para de- terminadas deficiências. As adaptações de acesso ao currícu- lo são de responsabilidade da escola, e envolvem: 1. mobiliário adequado (mesas, cadei- ras, triângulo para atividades no solo, equipamentos para atividades em pé e lo- comoção independente); 2. equipamentos específicos e tecnolo- gia assistida; 3. sistemas alternativos e ampliados de comunicação; 4. adaptação do espaço e eliminação de barreiras arquitetônicas, ambientais, playground; 5. recursos materiais e didáticos adap- tados; 6. recursos humanos especializados ou de apoio; 7. situações diversificadas de aprendi- zagem e apoio para participação em todas as atividades pedagógicas e recreativas; 8. adaptações de atividades, jogos e brinquedos. Além das formas de interação, comuni- cação, seleção de objetivos e conteúdos poderá haver, algumas vezes, necessida- de de modificação ou rearranjo nos agru- pamentos para o desenvolvimento de ati- vidades pedagógicas e recreativas. Há crianças que necessitam de ajuda física contínua ou de mediação do pro- fessor para que possam comunicar-se ou organizar-se na realização das atividades; nesses casos, torna-se impossível o tra- balho em salas com número muito grande de crianças ou em grupos demasiadamen- te agitados ou barulhentos. A adequada organização dos grupos, a diminuição do número de alunos, a boa mediação do professor e do grupo, a sim- plificação da atividade, a seleção dos ma- teriais e os recursos de apoio são elemen- tos imprescindíveis para que a criança com múltipla deficiência possa participar de todas as atividades, desenvolver ação funcional e autonomia moral e intelectual juntamente com as demais crianças. A introdução ou eliminação de determi- nados objetivos e conteúdos será acon- selhável após a utilização de diferentes estratégias didático-metodológicas e avaliação constante dos procedimentos didáticos e dos recursos específicos uti- lizados. Essas são decisões que devem ser tomadas em conjunto com a família e equipe de apoio. Os conteúdos, as atividades, organi- zações e orientações didáticas estão di- retamente relacionados à concepção de 30 31 aprendizagem e à crença que a escola tem acerca da possibilidade das crianças com deficiências. Dessa forma, as adapta- ções, os ajustes, tanto nos objetivos como nas atividades, a organização de espaço, tempo, agrupamentos (número de alunos em sala), adaptação de materiais, equipa- mentos e recursos pedagógicos devem estar explicitados no projeto pedagógico de inclusão. Cada escola deve ter seu pro- jeto de inclusão, e cada criança, um plano individual, inserido no plano geral da clas- se. Na educação infantil, os objetivos ge- rais, os conteúdos, os temas e as ati- vidades são os mesmos. Os objetivos específicos, as estratégias didático-me- todológicas, os materiais, os recursos e equipamentos é que se diferenciam. As atividades e as formas de avaliar são dife- renciadas para todos. Independentemente do nível intelec- tual e dos resultados a serem atingidos, os alunos com necessidades específicas devem ser expostos a situações de apren- dizagem em seu convívio social, ter um currículo acadêmico, aprender sobre lin- guagem, comunicação, história, geogra- fia, matemática, arte, música, literatura. Esses conteúdos são conhecimentos es- senciais para a promoção do processo de desenvolvimento e aprendizagem de to- dos (MONTE; SANTOS, 2004). Para que a criança com múltipla defici- ência participe dessas atividades peda- gógicas, tão importantes para o proces- so do desenvolvimento e aprendizagem, ela necessita de um professor disponível para dialogar e efetuar a mediação, tanto em termos de comunicação, como de aju- da física, na realização das brincadeiras e tarefas. Daí a necessidade de os grupos, na educação infantil, serem pequenos na creche e na pré-escola, para que haja a inclusão da criança com necessidades educativas especiais no trabalho em gru- po. Dependendo da necessidade de ajuda física contínua, a criança poderá precisar de tutoria para realização das atividades. Essas questões devem ser discutidas com a família e profissionais de apoio. Proporcionar atividades variadas, como fazer e construir coisas, brincadeiras com o corpo, objetos, jogos, histórias, teatro, música, modelagem, desenhos que per- mitam adquirir as noções de tempo, es- paço e causalidade é fundamental para as crianças com múltipla deficiência. Essas noções devem ser construídas na ação funcional, nas brincadeiras e jogos com o corpo, nas situações concretas de vida, na rotina diária, como também com jogos pedagógicos adaptados que per- mitam a aquisição das noções de classe, série, quantidade, número, por meio de atividades contextualizadas. Para isso, as atividades devem ter começo, meio e fim, e serem adaptadas à possibilidade de co- municação, compreensão e ação de cada criança. As estratégias pedagógicas devem priorizar a formação das habilidades cog- nitivas e aquisição do conhecimento, in- centivando a criança a fazer escolhas, manifestar suas ideias, expressar pensa- mentos, dúvidas para serem discutidas com os colegas e professor. Planejar situ- ações-problema para que a criança pense e utilize seus esquemas para perceber se- melhanças e diferenças, estabelecer re- 30 31 lações entre objetos e acontecimentos, e buscar soluções. É muito importante que sejam cons- truídos com todas as crianças livros fun- cionais para comunicação, ilustrados por imagens ou em relevo que contêm dados sobre sua história pessoal, seus gostos, desejos, seus brinquedos e brincadeiras preferidas, as vivências gostosas que re- alizam com os colegas, a participação na escola, na família e na comunidade (MON- TE; SANTOS, 2004). 32 3332 UNIDADE 6 - Atendimento educacional especializado O atendimento educacional especia- lizado é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, graus e etapas do percurso escolar e tem como objetivos, entre outros, identificar as necessidades e possibilidades do aluno com deficiência, elaborar planos de atendimento, visan- do ao acesso e à participação no proces- so de escolarização em escolas comuns, atender o aluno com deficiências no tur- no oposto àquele em que ele frequenta a sala comum, produzir e/ou indicar mate- riais e recursos didáticos que garantam a acessibilidade do aluno com deficiência aos conteúdos curriculares, acompanhar o uso desses recursos em sala de aula, ve- rificando sua funcionalidade, sua aplicabi- lidade e a necessidade
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