Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Historia da Arte - Gombrich, E.H.- Ed. LTC-16a ed 16a edição - Título original: “The Story of Art” 1950 1. Estranhos Começos: Povos pre-históricos e primitivos. América antiga. Parece que esses caçadores primitivos imaginavam que, se fizessem uma imagem de sua presa, os animais ver- dadeiros também sucumbiriam ao seu poder. Antigas civilizações pré-colombianas onde a feitura de imagens vinculada à magia e à realização, e também a primeira forma de escrita. 2. Arte para a Eternidade: Egito, Mesopotâmia e Creta. Regularidade geométrica e penetrante observação da natureza é característica de toda a arte egípcia. O mé- todo do artista se assemelhava mais ao do cartógrafo que ao pintor: tudo tinha que ser representado a partir do seu ângulo mais característico. Artistas cretenses representavam movimentos rápidos e ágeis em estilo livre e gracioso, já os mesopotâmios erigiam monumentos para celebrar vitórias nas guerras, verdadeiras crônicas ilustradas das campanhas dos reis. 3. O Grande Despertar: Grécia, séculos VII à V a.C.: Embora templos gregos sejam vastos e imponentes, não atingem as colossais dimensões das construções egíp- cias, foram edificados por seres humanos, para seres humanos, não existia um governante divino. Levar em conta o ângulo de onde o artista via o objeto, não mais como cartógrafo, mas como pintor. A velha idéia de que era importante mostrar toda a estrutura do corpo, com suas principais articulações, in- centivou o estudo de anatomia dos ossos e músculos, para aparecerem visíveis sob o ondulado das roupagens. os artistas gregos tinham dominado o meio de transmitir um pouco os sentimentos mudos existentes entre as pessoas: troca de olhares, por exemplo. 4. O Império do Belo: A Grécia e o mundo grego: século IV a.C. à I d.C. Vários métodos, estilos e tradições criaram a variedade que admiramos no período. O artista já não tinha a menor dificuldade em representar movimento ou perspectiva. O típico e o individual eram colocados num novo e delicado equilíbrio. Com o helenismo pós-Alexandre os estilos e invenções da arte grega foram apli- cados à escola grandiosa dos reinos orientais, de acordo com suas tradições. Os gregos romperam os rígidos tabus do primitivo estilo oriental, acrescentando às imagens tradicionais do mundo uma quantidade cada vez maior de características obtidas através da observação, possuem o cunho do intelecto que as criou. 5. Conquistadores do Mundo: Romanos, Budistas, Judeus e Cristãos, séculos I ao IV d.C. Arquitetura romana usa arcos, e assim se diferencia da grega, construiu abóbodas. Os indus com suas imagens de Buda em expressão de profundo repouso. Na decoração de sinagogas um estilo deselengante, pois quanto mais realista fossem os murais maior o pecado contra o Mandamento que proibia imagens. Artistas cristãos também se espelharam na tradição grega, adicionando clareza e simplicidade. 6. Bifurcação dos Caminhos: Roma e Bizâncio, séculos V a XIII. A mãe do imperador Constantino construiu uma primeira basílica, que serviu de modelo para todas as igrejas. As esculturas foram deixadas de lado e foi dado impulso as pinturas, que segundo o Papa Gregório Magno, fi- nal do século VI, servia muito bem aos analfabetos que não podiam ler a Palavra. O milagre dos pães e peixes, representado em mosaico numa igreja de Ravena é um bom exemplo. As idéias egípcias de dar importância a clareza na representação de todos objetos voltara com grande pujança, mas as formas não eram da arte primitiva, mas já da grega clássica. Processos primitivos misturados à metodos refinados são característicos da Idade Média. E em Constantinopla os iconoclastas ou destruidores de imagens, só permitiram imagens sacras ou ícones como da mãe de Deus com Jesus no colo, geralmente em mosaicos. 7. Olhando para o Oriente: Islã, China - séculos II à XIII. No Islã fazer imagens era definitivamente proibido, os artistas então criaram as ornamentações rendilhadas e sutis, conhecidas como arabescos, formas usadas também nos tapetes orientais. É o mundo onírico de linhas e cores. O impacto religioso sobre a arte foi mais forte ainda na China, um dos primeiros rolos ilustrados chi- neses mostra uma coleção de grandes exemplos de senhoras virtuosas, com escritos no espírito Confucionista. Com o Budismo, monges e ascetas eram representados em estátuas de um surpreendente realismo. Para repre- sentar paisagens nas pinturas os chineses não íam a campo, sentar-se num banquinho em frente a uma tela, eles aprenderam por um complexo de meditação e estudo, “como desenhar um pinheiro”, “como desenhar rochas”, etc. Quando então, já tinham aprendido a pintar é que saiam a campo para captar o espírito da paisagem. Só então voltando aos ateliês é que rapidamente começavam e terminavam a obra, geralmente escrevendo poesias sobre as telas, isso para materializar sua visão enquanto a imaginação estava fresca. A arte chinesa é comedida. 8. A Arte Ocidental em fase de Assimilação. Europa séculos VI a XI. Conflito de grande números de estilos diferentes durante esse período, na Europa da Baixa Idade Média, e só no final do período começa a se amalgamar. Vikings usam a arte como magia, tal qual os primitivos das caver- nas. Na Irlanda monges tentaram adaptar as técnicas dos Vikings a arte cristã e coseguiram bom resultado em especial com manuscritos dos séculos VII e VIII (Evangelhos de Lindisfarme). Os artistas eram solicitados a serem copistas de obras antigas, mas mesmo assim lhes imprimiam seu estilo diferente (como numa capa - São Mateus escrevendo o Evangelho). Ora, os egípcios haviam desenhado o que sabiam existir, os gregos o que viam, na Idade Média desenhavam também o que sentiam. 9. A Igreja Militante, o século XII Igreja Militante quer dizer que era sua tarefa combater as forças do mal até a hora do triunfo no Juízo Final. A arte romana de abobadar grandes edificações exigia uma série de conhecimentos e cálculos que em sua maior parte tinham se perdido. Tiveram a idéia de não fazerem um teto tão pesado, contar com um certo número de arcos de reforço e preencher os intervalos com material mais leve. Isso não tardou a revolucionar os métodos de construção. Agora tem-se um significado mais definido para formas fantásticas. Teólogos tornam-se conselheiros dos ar- tistas. Buscaram na Bíblia, nos ditames da construção do templo de Salomão modelos para a arte. A pintura estava a caminho de se tornar uma forma escrita por imagens, experimentando novas formas de composição. Não se obrigavam mais a imitar as reais gradações de tonalidades cromáticas que ocorrem na natureza. Essa liberdade emancipou-os da necessidade de imitar a natureza, habilitou-os a transmitir a idéia do sobrenatural. 10. A Igreja Triunfante, o século XIII. Estilo gótico: cruzamento das “nervuras”, arco ogival, arcobotantes que completam a armação externa da abóbada gótica. As igrejas já não só serviam para proteção dos fiéis, mas para seu vislumbre de um mundo diferente. Apocalipse 21,1a2: “Vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra de- sapareceram, o mar já não existia. Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus...” 5a7: “...Eis que renovo todas as coisas... Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. Eu darei gratuitamente da fonte da água da vida ao que tiver sede. Aquele que vencer possuirá estas coisas. Eu serei seu Deus e ele será meu filho.” O escultor estava embuido de um novo espírito: dignidade individual. E assim recuperaram a arte clássica perdida, que mostra a estrutura do corpo sob as dobras das roupagens. Observavam a natureza, não mais para copiá-la, para aprender com ela. Como se tornou importante para o ilustrador mostrar seus sentimentos nas figuras, proporções corretas. E foi a arte bizantina que proporcionou aos artistas italianos transporem a bar- reira que separa a escultura da pintura, eles preservaram maisas descobertas dos pintores helenísticos, que os ocidentais. Giotto: -- redescobriu a arte de criar a ilusão de profundidade numa superfície plana, possibilitando a ele mu- dar toda concepção de pintura. Visualizar mentalmente, sua pintura nos faz acreditar que estamos testemun- hando um evento sendo representado num palco. A partir de Giotto a História da Arte passou a ser também a História dos grandes artistas. 11. Cortesãos e Burgueses: o século XIV. Mais irefinado do que grandioso o século XIV trouxe-nos a habilidade na decoração e nos rendilhados: Palácio dos Doges em Veneza. As obras não pretendiam proclamar uma verdade solene, mas provocar amor e ternura. Minuciosa atenção ao detalhe, simbólica. Os artistas queriam explorar as leis da visão e adquirir conhecimen- tos suficientes do corpo humano para incluí-las nas estátuas e pinturas, como os gregos e romanos. Podemos dizer que a arte medieval chegou ao fim e entramos na Renascença. 12. A Conquista da Realidade: início do século XV. A idéia de uma ressureição da “Grandeza de Roma”. Um grupo de artistas florentinos se dispos a criar uma nova arte e romper com as idéias do passado. Seu líder, Filippo Brunelleschi (1377-1446). Durante cerca de 500 anos arquitetos da Europa e América seguiram seus passos. Pinturas seguindo regras matemáticas. Encomendas de nobres, de burgueses, até de guildas de alfaiates e armeiros. Donatello, Maraccio, Claus Sluter, Jan van Eyck e toda a geração de artistas em sua apaixonada busca da verdade, desafiam antigas idéias de beleza e chocavam muita gente mais velha. Konrad Witz radical inovador suiço pintou o lago de Genebra como se fosse o mar da Galiléia. 13. Tradição e Inovação I, final do século XV na Itália. A arte podia agora refletir um fragmento do mundo real. Para ser admitido numa corporação o artista tinha que se mostrar capaz em atingir determinados padrões, criou-se um estilo internacional que outro só veio no século XX. Alberti traduziu um plano gótico para formas clássicas suavizando o bárbaro arco ogival e usando os elementos da ordem clássica num contexto tradicional. Fra Angélico criou a beleza e simplicidade, humil- dade do dominicano transparecia. Uccello dizia: “Quão doce é a perspectiva!” Gozzoli (1421-97) vivicidade e aprazividade da época, vida festiva. Mantegna movimento e perspectiva. Piero della Francesca esmerou-se na indumentária de legionários romanos e no tratamento da luz, jogo de luz, que ajuda a criar uma atmosfera misteriosa, simples e calma. Pollaiuolo, acurado no desenho e harmonioso na composição, claro e simétrico. Botticelli = ação rapidamente entendida, movimentos graciosos e linhas melodiosas. 14. Tradição e Inovação II. O século XV no norte. Le Tavernier reflete fielmente a vida na cidade da sua época, possuia penetração e humor. Fouquet usa a luz, a calma, textura e superfície das coisas. Rogier van der Weydin de Flandres: fidelidade a cada fio de cabelo, cada ponto de costura; mas não representa uma cena real, tudo está como que num palco, a pouca profundidade, as- sim salvou boa parte do desenho lúdico. Hugo van der Góes: tenso e austero, usava toda a gama de expressões faciais, movimento distorcido. Veit Stoss: veracidade e expressividade. A impressão de estampas havia precedido em algumas décadas a impressão de livros. Xilogravura e xilogra- fia, mestre - Martin Schongauer. E da mesma forma como a imprensa acelerou o intercâmbio de idéias, sem a qual a Reforma talvez não tivesse ocorrido, a impressão de imagens (xilogravura) assegurou o triunfo da Renascença. 15. Realização da Harmonia, Toscana e Roma, início do século XVI. Leonardo, Miguel, Rafael e Ticiano, Correggio e Giorgione, Durer e Holbein. Os horizontes dos artistas am- pliaram-se através das grandes navegações. Os artistas deixaram de receber encomendas do tipo: dois sapatos, três armários e uma pintura à óleo, agora tinham adquirido status. Agora podiam escolher que encomenda fariam, de certo modo o artista é que escolhia quem ele iria agradar com sua obra, ao contrário de antes onde os príncipes e nobres escolhiam um dentre vários artistas, agora os artistas escolhiam um dentre vários nobres. Tornaram-se criaturas livres. Conato Bramante (1444-1514) chegou a planejar um igreja circular para São Pedro, não chegou a ser constru- ida como nos seus planos, mas é circular, de 1502, está lá para quem quizer ver, em Roma. Os grandes artistas tornaram-se orgulhosos, nada lhes parecia extraordinário, mas não podemos esquecer dos pequenos artífices que estes sim carregavam a árdua tarefa da arte nas suas pobres mãos. O cúmulo do orgulho está em Leonardo, que por ser canhoto, egoisticamente resolveu escrever da direita para esquerda e danem-se os outros. A nova pintura era diferente de todas as anteriores. Há nela drama, teatralidade e excitação. Monalisa parece estar viva, a última ceia parece estar acontecendo a nossa frente. “Leonardo conhecia a fórmula mágica que infundia vida nas cores espalhadas por seu sortílego pincel. Miguel não era pintor, mas escultor, como poderia negar um pedido do Papa? Quatro anos trabalhou no teto. Com que minúcia. Miguel estudou todos os detalhes e com que cuidado preparou cada figura dos desenhos. Rafael, simplicidade na pintura, eternização na obra: a perfeita harmonia na composição de figuras movimentando-se livremente, e a pura beleza. 16. Luz e Cor. Veneza e Itália Setentrional, início do século XVI. Foivanni Bellini unificou seus quadros com uma feliz união de luz e cor. Giorgione com luz sobrenatural de uma tempestade, e especialmente o fato de que na paisagem diante da qual os personagens do quadro se movi- mentam; não apenas um fundo. Ticiano, que ombreou fama com Miguel, ao afastar a Santa Virgem do centro da tela e lá colocar São Francisco foi muito ousado; mas permitiu que a luz, o ar e as cores uniformizassem as cores. Procurou superar Rafael pintando o Papa. Correggio (1489-1534) deu tratamento a luz e sombra, luz e cor para equilibrar formas e dirigir nosso olhos para certas linhas. Pintou a assenção de Nossa Senhora com suas pernas balançando no espaço, muita ousadia para a época. 17. A propagação do novo saber: Alemanha e Países Baixos, início do século XVI. França, Inglaterra e Alemanha possuem igrejas onde os pilares de sustentação da abóbada foram superficial- mente convertidos em colunas para lhes afixarem capitéis. Era o gótico transformado Albrecht Duer e suas assustadoras xilogravuras do apocalípse, quando fez “Adão e Eva” estava trazendo para o norte dos Alpes, o que já se fazia na Itália, corpos humanos em formas harmoniosas, na postura e na com- posição simétrica. Grunewald, único pintor alemão a comparar-se com Durer, proclamava a verdade ensinada nas igrejas usando contrastes. Lucas Cranach (1472-1553), amigo de Lutero. Mabuse (1478-1532), desejava com ardor expressar a verdade ensinada nas igrejas. Bosch, famoso por suas assustadoras representações das forças do mal, pela primeira vez e talvez única vez um artista conseguiu dar forma concreta e tangível aos medos que obicecavam o espírito dos homens da Idade Média. 18. Uma crise na Arte, Europa, fins do século XVI. “É um mísero discípulo aquele que não for capaz de superar o seu mestre” Leonardo. Federico Zucaro (1543-1609) construiu uma janela na forma de rosto no Palácio Zuccari em Roma. Benvenuto Cellini (1500-71) é o típico artista da época: irriquietas tentativas em criar algo mais interessante e incomum do que a geração anterior. Tintoretto (1518-94) pinta o reencontro do corpo de São Marcos, nas catacumbas de Alexandria, com gritantes contrates de luz e sombra, de proximidade e distância, entre a falta de harmonia nos gestos e movimentos. Giorgio Vasari (1511-74), crítico de arte e biógrafo florentino escrevia: “se em vez de abandonar os caminhos já abertos e trilhados ele tivesse seguido pelo belo estilo de seus predecessores, poderiater se tornado um dos maiores pintores já vistos em Veneza.” El Greco (1541-1614), descaso por formas e cores naturais, visão dramática e emocional, maneirismo de figu- ras exageradamente alongadas. No norte, com a Reforma, pintores e escultores se deparavam com protestantes iconoclastas. Holbein teve que procurar trabalho em Londres, lá crou uma composição perfeitamente equilibrada, óbvia. O único ramo da pintura que sobreviveu à Reforma foi o retrato. Pieter Bruegel, o velho (1525-69) cenas de vida camponesa. Oh estultíce da espécie humana! Como ele organizou seu quadro “Casamento aldeão” para não parecer con- gestionado, nem confuso com tantos personagens! Jacques Callot (1592-1635), surpreendentes combinações com figuras enormes e descarnadas. Jean Goujon escultor de figuras requintadamente graciosas. 19. Visão e Visões: A Europa Católica, primeira metade do século XVII. Barroco: a Igreja tinha que ser cruciforme, e rematada por uma cúpula alta e imponente. Num vasto espaço obilongo, a nave, a congregação podia reunir-se confortavelmente e olhar na direção do altar-mor. Curvas e espirais, ornamentos ofensivos são a coerência e unidade essenciais as construções barrocas, sem as quais ela se desintegra. Carracci: pintor autêntico, simples, e harmonioso, contudo o modo como faz a luz é barroco. Caravaggio que- ria a verdade e sua obra não perdeu nada do peculiar arrojo nos três séculos que lhe sucederam. Suas figuras são reais e tangíveis. Guido Reni, seguiu Carracci, com graça e beleza. Rubens aprendera a arte de dispor as figuras numa vasta escala e de usar a luz e cores para aumentar o efeito geral. Sua mágica habilidade para tornar viva, intensa e jubilosamente real qualquer figura, assegurou-lhe fama e um êxito que até então nenhum pintor conseguira. Van Dyck, discípulo de Rubens, tinha em suas figuras textura e superfície. Diego Velásquez (1599-1660) transformou esses retratos (da família real de Fe- lipe IV), em algumas das mais fascinantes pinturas que o mundo já viu. Pintou o Papa. Pintou a ele mesmo pintando, com “meninas” no primeiro plano. Tornou-se o mais admirado pintor pelos impressionistas em Paris no século XIX. 20. O Espelho da Natureza: Holanda, século XVII. A guerra dos 30 anos, a guerra civil inglesa, a divisão da Europa em um campo católico e outro protestante afetou a arte de pequenos países como a Holanda. Arquitetura grandiosa porém simples em seus traços e parco em sua decoração. Frans-Hals (1580-1666), seus retratos captam os modelos num momento característico, numa impressão ful- gidia, detalhe após detalhe. Embora seus retratos não sejam simétricos, não lhes faltam equilíbrio. Simon de Vlieger (1601-53) capaz de transmitir a atmosfera do mar usando meios simples e despretenciosos. Jan van Goyen, paisagista, simples e despojado, transforma a cena banal numa visão de repousante beleza. Rembrandt (1606-69) e seus auto-retratos. Ele dificilmente precisa de gestos e movimento para expressar-se. Usou o “chiaroscuro” para adensar o dramatismo da cena. Abordagem não convencional de temas religiosos. Jean Steen, genro de Jan van Goyen, pintou festa de batizado, muito bem humorado. Jacob van Ruisdail descobriu a poesia da paisagem nórdica. Willem Kalf (1619-93) conhecido pintor de natureza morta, assim como palavras triviais podem servir para uma bela canção, objetos triviais podem compor um quadro perfeito. O tema torna-se secundário. Jan Verneir van Delf (1632-75) incluia até seres humanos nas suas naturezas mor- tas. E é quase um milagre o que ele consegue reproduzindo texturas, cores, formas sem jamais dar um aspecto rude ou elaborado. É simples. 21. Poder e Glória I - Itália final do século XVII e século XVIII. A acumulação de novas idéias para produzir decorações mais complexas, cada vez mais deslumbrantes du- rante a primeira metade do século XVII, concluiram o período barroco no estilo. Francesco Borromini (1599- 1667) compôs sua igreja através de um agrupamento de unidades diferentes: a vasta cúpula, as torres laterais e a fachada curva, o primeiro andar das torres é quadrado, o segundo é redondo. O frontão emoldura uma janela oval. Lorenzo Berrini (1598-1680) escultor insuperável ao reproduzir a expressão facial, rejeitou deliberada- mente todas as limitações e nos levou a um extremo de emoção. No século XVIII artistas italianos eram principalmente soberbos na decoração de interiores. Geovanni Bat- tista Tiepolo (1696-1770) produziu afrescos alegres de se ver, mas de um valor menor, a arte italiana estava chegando ao fim. Exceto num ramo: pintura e gravura de panoramas, com Francesco Guardi (1712-93) e o sentido de teatralidade, luz e cor dominou completamente os efeitos dos seiscentistas. Olhando com atenção vemos que um simples punhado de manchas coloridas habilmente dispostas, e ao recuarmos se tornam as gôndolas de Veneza. 22. Poder e Glória II - França, Alemanha, final do século XVII e começo do XVIII. O escultor Bernini foi chamado por Luís XIV para trabalhar o Palácio de Versailles (1660-1680), que é bar- roco mais por sua imensidão que pelos detalhes decorativos. O período ao redor de 1770 foi o maior para a arquitetura e não só para ela. Lucas von Hildebrandt (1668-1745) construira um palácio em Viena, que está sob um colina e parece pairar sobre um jardim disposto em terraço, com fontes e sebes aparadas. Jakob Prand- tauer (?-1726) construiu mosteiro de Melk as margens do Danúbio, que demonstra grandeza sem monotonia. Cuidadoso ao graduar decoração e usar com parcimônia as formas mais extravagantes, sempre com a maior eficácia nas partes que queria destacar. Antonine Wattean (1684-1721) faz parte do período rococó, cores e decorações delicadas e alegres, frivolidades. Calma e docura quase melancólicas. 23. A Era da Razão: Inglaterra e França, século XVIII. Sir Chirstopher Wren (1632-1723), maior arquiteto inglês, comedimento e sobriedade. Bom gosto para residências de campo. William Kent, inventou o jardim paisagístico inglês. William Hogarth (1697-1764), pintura como dramaturgia, acreditava em regras ensináveis de gosto, era contra o gosto baseado no bom-tom. Joshua Reynolds (1723-92), “Em vez de se esforçar para divertir a humanidade (com minuciosa perfeição de suas imitações), o pintor autêntico deve empenhar-se em melhorá-las pela grandeza de suas idéias.” Nunca permitiu que o interesse do tema perturbasse a harmonia da pintura. Thomas Gainsborough (1727-88), tem uma delicadeza de nuanças e um refinamento no toque. No século XVIII, as instituições inglesas e o gosto inglês tornaram-se os modelos admirados por todos os po- vos da Europa, pois não fora a sua arte usada para enaltecer o poder e a glória de governantes de direito divino. Jean-Baptist Siméon Chardin (1699-1779) desenhava episódios comoventes ou divertidos que pudessem ser desenvolvidos numa historia, observando homens e mulheres do povo. Jean-Antoine Houdon (1741-1828), escultor do busto de Voltaire, sagaz e inteligente, com compaixão de um grande espírito. Jean-Honoré Frango- nard (1732-1806), capacidade de encontrar grandeza e encanto num trecho da paisagem real. 24. A Ruptura na Tradição: Inglaterra, América e França, fins do século XVIII e início do XIX. William Chambers (1726-96) estudou o estilo chinês na arquitetura e jardinagem. Sir John Soane (1752-1837) projetou uma casa de campo como um palacete palladino de William Kent, mas usou corretamente os recursos estilísticos gregos. Thomas Jefferson (1743-1826), neoclássico como Napoleão, Casa Branca. John Singleton Copley (1737-1815), americano, pesquisou a historia para ser fiel a pintura de um momento da historia res- cente. Jacques-Louis David(1748-1825), grandeza romana, mas austera em seu quadro “Marat assassinado”. Francisco Goya (1746-1828) único em retratar com fatuidade, ambição, feiura e vacuidade o rei Fernando VII. Também fez em “Grupo num balcão” o contraste de seu estilonas figuras das donzelas e o estilo de Hogarth em segundo plano. ARTISTAS LIVRES PARA PASSAR AO PAPEL SUA VISÕES PESSOAIS. William Blake (1757-1827): Provérbios VIII, 22-7, pintou um ancião agachado a medir o globo com compas- so, era sua “visão” dessa passagem bíblica. J.M.W.Turner (1775-1851) e John Constable (1776-1837), pais- agistas ingleses; a tradição tanto ajuda, para o primeiro, como obstaculiza, para o segundo. E ainda o alemão Gaspar David Friedrich (1774-1840) romantico, inspirado nas canções de Schubert, lembra pinturas chinesas. 25. A Revolução Permanente, o século XIX. A ruptura na tradição que marca o período da Revolução Francesa inevitavelmente mudaria a situação em que viviam e trabalhavam os artistas. A Revolução Industrial começou a destruir o artesanato. Sir Charles Barry(1795-1860) & Augustin Welby, nas casas do Parlamento de Londres fê-las parecerem dignas, de longe, mas de perto os detalhes góticos conservam algo de romantico. Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867), absoluta precisão nos modelos do natural e desprezo por improvisações e confusões. Eugene Delacroix (1798- 1863), cor mais importante que o desenho, imaginação mais importante que o saber, foi até o norte da África para estudar as cores resplandecentes e roupagens romanticas do mundo árabe. Jean-Baptiste Camile Corot (1796-1875) realismo na pintura. Jean-François Millet (1814-75) equilíbrio, ritmo calculado no movimento e na distribuição das figuras, para atingir um significado solene. Gustave Courbet (1819-77) nominou o realismo em 1855. Pintava com sinceridade. Dante Gabriel Rossetti retorna ao estilo dos mestres da Idade Média com sinceridade e singeleza. Eduard Manet (1832-83), contrastes fortes e duros, ao ar livre e sob a luz do dia plena, as formas redondas parecem às vezes planas, quais meras manchas coloridas. William Powell Frith (1819-1909) não usava como Monet velocidade e movimento, mas impressão de luz em sua litografia (um método de reproduzir desenhos feitos diretamente na pedra, inventado no início do século XIX). Claude Monet (1840-1926) impressionista: os efeitos mágicos de luz e ar eram mais importantes do que o tema da pintura. Pierre Auguste Renoir (1841-1919): luz do sol não permite usar o “sfumato” de Leonardo (formas que se fun- dem intencionalmente em sombras), logo ele cria outra saída: suas formas dissolvem-se no sol e no ar. Os velhos chavões de “tema digno”, “composição equilibrada” e desenho correto foram sepultados. O artista só era responsável pelo que pintava e como pintava ante a sua própria sensibilidade. Surgiu a fotografia e a cromotipia japonesa. Hokusai (1760-1849) e Utanaro (1753-1806) usaram todos os aspectos inesperados e não-convencionais. Edgar Degas (1834-1917) foi quem mais se imprecionou com essas possibilidades, realçava a impressão de espaços e formas sólidas, vistos de ângulos os mais inesperados. Pintou muito balé, onde podia mostrar ângu- los bem estranhos. Auguste Rodin (1840-1917) deixava algo inacabado para o expectador imagianar, alguns o achavam preguiço- so. O americano James Abboutt McNeill Whistler (1834-1903) não se importava pelo tema e sim a maneira pela qual ele era traduzido em cores e formas. 26. Em Busca de Novos Padrões; o final do século XIX. Victor Horta (1861-1947), arquiteto belga de estilo próprio, baseado no Oriente, descartando a simetria ex- plorando o efeito das curvas sinuosas. Era a Art Nouveau. Paul Cézanne (1839-1906), pintor francês, beleza e harmonia, cores fortes e intensas, profundidade e distância num padrão lúcido. Georges Seriat (1859-91) conciliou métodos impressionistas com a necessidade de ordem, como equação matemática, ênfase sobre as verticais e horizontais, lembrando a arte egípcia. Vicente Van Gogh (1853-1890) ansiava por uma arte despojada, que proporcionasse alegria e consolo à todos, não apenas aos ricos compradores de arte. Ele pintava como se escrevesse. Foi o primeiro a descobrir beleza no restolho, nas cercas vivas, nos trigais, galhos descarnados das oliveiras e formas escuras dos ciprestes es- guios e pontiagudos como labaredas. Não queria a representação correta: usou cores e formas para expressar o que sentia, e o desejava que os outros sentissem ao apreciá-las. Paul Gauguin (1848-1903) abandonou a Europa e foi viver nas ilhas do Pacífico com os nativos, como se fosse um deles. Esforçou-se para harmonizar a arte primitiva com seus próprios retratos simplificando os contornos das formas e usando cores fortes. Pierre Bonnard (1867-1947) e Ferdinande Hodles (1853-1918) pintores suiços, o primeiro perspectiva e pro- fundidade para preservar o seu padrão de cor, o segundo simplificou o quanto pode parecendo pintar cartazes. Henry de Toulouse-Loutrec (1864-1901) a arte da propaganda em cartazes. Aubrey Beardsley (1892-1898) ilustrações em preto e branco que logo ficaram famosas. 27. Arte Experimental. A primeira metade do século XX. Arquitetura, não como arte, mas prática, funcional: Frank Lloyd Wright (1869-1959) a fachada não importa, mas sim os quartos, as salas, o interior. Durante a revolução nas artes que atingiu o clímax antes da 1a guerra mundial, a admiração pela escultura africana uniu vários jovens artistas. Expressividade, estrutura e simplicidade era o que nela buscavam. E o norueguês Edvard Munch (1863-1944) em sua litografia “O grito” de 1895 dá o tom ao movimento expres- sionista; bem distante do “belo” de até então. Kathe Kollinitg (1867-1945) alemã queria com sua arte patroci- nar a causa dos pobres e miseráveis. Foi utilizada, a sua obra, por propagandistas do comunismo no leste eu- ropeu. Emile Nolde (1867-1956) seguiu Kathe, com uma expressão potencialmente realçada. Ernest Barlach (1870-1938) escultor de mendigos também seguiu esta linha. O pintor austríaco Oscar Kokochka, desenhado crianças aparentemente tristes, deprimidas fez algo inédito, pois até então toda criança era pintada satisfeita e bonita. Wassily Kandinsky (1866-1944), pintor russo vivendo em Munique, escreveu sobre os efeitos psicológicos da cor pura, e sua obra inaugura a arte abstrata. Henri Matisse (1869-1954) francês, abusava de cores fortes, criou um padrão decorativo usando a mesma cor nas paredes e toalhas de mesa. A ele devemos o que hoje toda dona de casa exige: a geladeira combinando com a cozinha, e com a mesa e o fogão. Pablo Picasso (1881-1973) estranha mistura de imagens no final representam perfeitamente o que o artista queria dizer, como em “Violino e as Uvas”. Cria o Cubismo. Dizia aos jornalistas:”Todos querem entender a arte. Porque não começam procurando entender o canto dos pássaros?” Forma em 1o plano, tema em 2o plano = Paul Klee (1879-1940) amigo de Kandinky. Sua obra “Historieta de um anãozinho” conta a historia teatralmente, um gnomo se transforma em um homúnculo sob os olhares do gato e das estrelas. Mais o menos ao modo cubista. Lyonel Feininger (1871-1956) norte-americano, sele- cionava seus temas para dar vasão as formas que queria trabalhar. Constantin Brancusi (1876-1957) romeno simplificou a escultura ao máximo em sua obra “O beijo”, queria desgastar o mínimo a pedra original para criar suas esculturas, certamente foi considerado preguiçoso, em boa companhia com Rodin. A pintura como uma espécie de construção, quase como arquitetura na obra de Piet Mondrian de 1920 ou na de Ben Nicholson de 1934. O escultor Alexander Calder (1898-1976) iniciou o que hoje chamamos de “in- stalação” com suas peças “malucas” já em 1934. Henry Moore (1898-1986) em 1938 queria saber da pedra o que ela desejava se tornar como escultura. Imaginem ele abraçando a pedra e escutando o que ela desejava se tornar, com o martelo na mão. Henry Rousseau (1844-1910) em 1909 seguia o primitivismo de Gauguim e foi bastante simples e poético. Marc Chagall (1887-1985) também segue a linha simples e até ingenua. Grant Wood (1892-1942) americano fez em 1936 um modelo de barro parase inspirar num quadro onde retratou vales e morros. Georgio de Chirico (1888-1978) grego juntou por ironia a clássica cabeça de Alexandre o Grande a uma luva de operário. René Magritte (1898-1967) em seu auto retrato pintou ele pintando ele mesmo nú e com seios. Surgia o surrealismo, entre os mais famosos estão Alberto Giacometti e Salvador Dali. NADA EXISTE REALMENTE A QUE SE POSSA CHAMAR DE ARTE, O QUE EXISTEM SÃO OS ARTISTAS. 28. Uma Historia sem Fim. O Triunfo do Modernismo. Kurt Schwitters (1887-1948) inglês que colava bilhetes usados de ônibus, recortes de jornais, trapos e out- ros. Marcel Duchamps (1887-1968) e Joseph Benys (1921-86) francês e alemão ganharam notoriedade por “Dadaísmos” (infantilização da arte). Jackson Pollock (1912-56), americano com novas técnicas de aplicação de tinta (rabiscos). Franz Kline (1910-62) americano, e Pierre Soulager (1919-), o primeiro desenha linhas na tela para chamar atenção para a própria tela, o segundo tem o dom de nos permitir ver em terceira dimensão. Zoltan Kemeny (1907-65) em 1959 esse húngaro que viveu na Suiça nos reporta ao “ambiente urbano” com suas obras abstratas em metal. Nicolas de Stadl (1914-55) russo: luz e distância, como que por mágica, fazem-nos esquecer da cor. Marino Marini (1901-80) italiano dedicado à multiplas variações sobre o mesmo tema. Georgio Morandi (1890-1964) italiano, diferentes ângulos e diferentes luzes para natureza morta. Pós-modernismos: prédio da AT&T Nova Iorque 1982 e entrada da Close Gallery, Tate Gallery em Londres, 1986. “Histórias em quadrinhos”, de Stan Hunt e “Duas plantas” de Lucian Freud, 1958 e 1980 respectiva- mente, não são contraditórios, é o pós modernismo, completamente sem estilo, sem deixar que agora se faça a historia da arte, já que ela (a historia da arte está acontecendo agora)... Talvez possa chutar que ocorra uma fusão entre o pintor e o fotógrafo, mas deixo isso para os novos professores de História da Arte. O autor tam- bém faz , pgs. 614 e 615 um belo agradecimento aos livros que leu, e o ajudaram a escrever este. FIM. Créditos a http://jamspedagogo.spaces.live.com/blog/cns!55E525B28D775C52!9696.entry
Compartilhar