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BITCOIN: possíveis impactos no sistema financeiro convencional e liberdade individual

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Experimental 
de Itapeva
 
 
 
ALEXSANDRO PEREIRA DA SILVA 
GUILHERME POMPEU RAMOS GALVÃO 
 
BITCOIN: possíveis impactos no sistema financeiro convencional e liberdade individual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itapeva - SP 
2018
 
 ALEXSANDRO PEREIRA DA SILVA
GUILHERME POMPEU RAMOS GALVÃO
BITCOIN: possíveis impactos no sistema bancário convencional e liberdade individual 
 
Projeto de Pesquisa apresentado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Itapeva, como parte dos requisitos para a aprovação na disciplina de Metodologia Científica do curso de ngenharia de Produção. 
 
 
 	Orientador: Prof. Dr. André Luis Debiaso Rossi	 
 
 
 
Itapeva - SP 
2018 
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
1.1 Justificativa......................................................................................................1
1.2 Problemas de pesquisa...................................................................................1
1.3 Objetivos...........................................................................................................2
1.3.1 Objetivo geral............................................................................................2
1.3.2 Objetivos específicos................................................................................2
1.4 Hipóteses e variáveis.......................................................................................2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................3
2.1 Surgimento da moeda e mercado financeiro................................................3
2.2 Surgimento do Bitcoin, seus impactos na economia e características.....4
3. METODOLOGIA......................................................................................................8
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4. REFERÊNCIAS........................................................................................................9
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1 INTRODUÇÃO 
O Bitcoin é uma criptomoeda digital e descentralizada, capaz de realizar transações sem a necessidade de um intermediário, como os bancos. O termo “criptomoeda” é utilizado para denominar uma moeda totalmente digital, garantindo a segurança em transações a partir da criptografia, que, em concordância com Costa (2014, p. 7), tem a função de “codificar as informações enviadas, de forma que apenas o referente destinatário consiga decodificá-la, dificultando seu entendimento por parte de um interceptor.”
O surgimento do Bitcoin como uma moeda fiduciária representa uma utopia, posto que há uma abrupta ruptura com os valores do dinheiro físico, como a moeda e o papel, sendo um título baseado na confiabilidade. Entretanto, esta vem sendo afetada pelas características de descentralização e independência de instituições governamentais e bancárias. Porém, é exatamente este aspecto que torna o Bitcoin capaz de revolucionar o mercado financeiro, ao passo que o dinheiro é dissociado, fazendo a criptomoeda ter o potencial de devolver à sociedade sua liberdade sobre suas próprias finanças (ULRICH, 2014).
Apesar de muito improvável, o sucesso do Bitcoin é um fato. Seus usuários pagaram para ver o desconhecido, e então a moeda começou a ser aplicada, resultando em uma evolução no âmbito mundial, o que auxiliou na sua viralização e a transformou em um problema exponencial para o sistema financeiro convencional, pois este está totalmente baseado nas instituições financeiras que controlam as transações, não estando preparado para a ascensão de uma moeda totalmente livre de qualquer influência governamental ou institucional.
1.1 Justificativa 
Toda nova forma de relacionamento interpessoal deve ser estudada, para que seja possível entender a fundo seu potencial e objetivos, ainda mais tratando-se de uma moeda em tão crescente popularidade e influência, que promete revolucionar a economia, trazendo a tão sonhada e desejada liberdade individual. 
1.2 Problemas de pesquisa 
Quais os possíveis impactos a serem gerados na estrutura do mercado
financeiro convencional após a difusão do Bitcoin? 
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1.3 Objetivos 
1.3.1 Objetivo geral 
Este projeto de pesquisa tem como objetivo geral investigar os possíveis impactos que uma criptomoeda digital, chamada de Bitcoin, poderia causar na estrutura do mercado financeiro atual. 
1.3.2 Objetivos específicos 
Estudar acerca do funcionamento do Bitcoin, conhecendo suas principais características, métodos de transações e potencial econômico; 
Comparar a moeda digital perante a moeda convencional dentro do sistema macroeconômico, ponderando sobre suas vantagens e desvantagens; 
Avaliar o impacto que o anonimato do Bitcoin pode causar na sociedade; 
Investigar sobre o verdadeiro auxílio gerado pelo Bitcoin às populações periféricas, levando em conta taxas de transação nulas e facilidade de pagamentos; 
Examinar todas as possíveis desenvolturas dessa criptomoeda em função de sua grande e inesperada popularização. 
1.4 Hipóteses e variáveis 
Hipótese 1: Em relação ao controle do dinheiro e suas transações, os bancos terão sua influência diminuída, em consequência da facilidade, segurança e preços acessíveis proporcionados pela moeda digital, que é capaz de abranger diversas populações e realizar transações entre elas sem a necessidade de um intermediário, causando a desregulação do sistema financeiro a nível mundial. 
Hipótese 2: Em decorrência do absoluto anonimato da criptomoeda, o Bitcoin possui grande potencial para que atividades criminosas sejam cometidas em seu sistema, como pornografia infantil e tráfico de órgãos e drogas, com base no fato de que os criminosos podem negociar com facilidade sem serem descobertos. 
Hipótese 3: Por tratar-se de uma moeda descentralizada, realizando transações independentes de bancos e taxações governamentais, o Bitcoin afeta diretamente a economia, que é majoritariamente controlada pelo Estado, causando diversos conflitos entre liberdade individual e o controle estatal. 
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Surgimento da moeda e mercado financeiro:
Desde os primórdios da humanidade, com o final da época nômade, causada pela descoberta das técnicas agrícolas, houve a necessidade de trocas interpessoais de produtos, bens e alimentos, gerados a partir de formas manufatureiras de produção, a fim de suprir a suplementação básica para a sobrevivência e o bem-estar. O pontapé inicial para o surgimento da moeda vem dessas trocas, chamadas de trocas naturais. Contudo, diversos problemas foram desencadeados após se depararem com a falta de equivalência entre os variados produtos e serviços. Desse modo, a moeda apareceu como uma solução muito eficaz para resolvê-los, ocupando o posto de intermediária nas trocas, tornando-se um instrumento de valor padronizado que utiliza o ouro e a prata como matéria-prima. Segundo Tucker (2014, p. 11):
Estes [ouro e prata] eram o que o mercado havia selecionado pelas suas propriedades únicas particularmente adequadas à função monetária. Esse universalismo da moeda serviu bem ao mundo porque promovia o livre-comércio, auxiliando os comerciantes no cálculo econômico, e provia um freio sólido e confiável ao poder dos governos.
Com o passar do tempo, a moeda ganhou prestígio e usabilidade, tendo papel crucial nas sociedades e se tornou uma espécie de capital cultural. Na Idade Média, surgiu o costume de guardar as moedas com os ourives, que, como garantia, emitiam um recibo. Aos poucos esses recibos passaram a ser usados como forma de pagamento, o que deu origem à moeda de papel. Com o surgimento dos bancos, eles passaram a controlar a emissão dessas moedas e, gradualmente, os governos começaram a supervisionar a emissão de cédulas de dinheiro, a fim de evitar falsificações e garantir o poder de pagamento.Na macroeconomia, o aparecimento do sistema bancário central no século XX, que é distinto para cada Estado a fim de legitimar uma moeda estatal, centralizou e institucionalizou as principais funções da moeda, tais como: instrumento de troca, reserva de valor e unidade de referência de valor (NEVES, 1993), sendo instrumento de troca intermediário entre as mercadorias e serviços; uma reserva de valor, que 
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consiste na moeda possuindo um valor patrimonial que mantém o poder de compra; 
e a unidade de referência de valor, que quantifica os preços dos bens e serviços.
O mercado financeiro deu um grande salto com o aparecimento do dinheiro digital, que utiliza cartões de crédito e possibilita a criação de poupanças, sendo estas operações realizadas pelos bancos. Entretanto, mesmo com o depósito em espécie realizado pelo cliente ao banco, não é certeza que aquele dinheiro estará disponível para usufruir de fato, ou seja, a quantidade de dinheiro nos bancos é menor que as transações ocorrentes, devido à função da moeda como padrão de pagamentos diferidos, como os empréstimos.
A hegemonia do dinheiro físico em transações financeiras ainda é algo indispensável no dia a dia. A comodidade de fazer transações através de intermediários, como os bancos, ainda faz-se ponderar sobre a segurança e confiabilidade (CAMARA, 2014). Porém, o advento da tecnologia revolucionou o mundo, ela evolui a cada instante e sempre é atualizada, contribuindo para que métodos ultrapassados sejam substituídos por outros mais avançados.
2.2 Surgimento do Bitcoin, seus impactos na economia e características:
A ideia de uma criptomoeda surgiu por volta de 1990, com um grupo anônimo de criptógrafos liberais entusiastas da privacidade, denominados "Cyberpunkers", que buscavam exatamente a descentralização da moeda, eclodindo como uma saída para solucionar problemas provenientes da Grande Depressão de 1929. A crise do Capitalismo Liberal tornou eminente a necessidade de uma solução, ainda mais com a instabilidade dos Estados Unidos no ano de 2009, prevista por Eric Hobsbawm em seu livro "Era dos Extremos - O Breve Século XX". Uma solução foi proposta por Satoshi Nakamoto (2008), com o resgate da criptomoeda, criando uma moeda virtual livre da crise, o Bitcoin.
A estabilidade do mercado financeiro está com os dias contados devido ao crescimento inesperado e exponencial da primeira moeda virtual. Segundo Ulrich (2015, p. 36): 
O atual arranjo monetário do Ocidente baseia-se em dois grandes pilares: 1) monopólio da emissão de moeda com leis de curso legal forçado; e 2) banco central, responsável por organizar e controlar o sistema bancário. Em grande parte dos
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países, a tarefa de emissão de moeda é delegada pelo estado ao próprio banco central. É, portanto, patente a interferência governamental no âmbito monetário.
Desta forma, o Bitcoin surge como uma revolução monetária, alterando a base do sistema financeiro convencional, dando vida a uma moeda que pode marcar o início da liberdade e descentralização no âmbito econômico mundial.
A ideia por trás do Bitcoin é funcionar como o e-mail nos dias de hoje. O e-mail substitui o método antigo de comunicação, que necessitava de um intermediário para entregar uma mensagem fisicamente para outra pessoa. O Bitcoin possui a mesma finalidade, só que com o dinheiro; ele substituiria os pagamentos e possibilitaria transferir fundos de uma pessoa a outra, que pode estar do outro lado do mundo, sem precisar de um terceiro indivíduo para realizar essa transação (ULRICH, 2014).
Segundo o programador não identificado e idealizador do Bitcoin, conhecido como Satoshi Nakamoto (2008), essa é uma moeda totalmente digital, descentralizada e parcialmente anônima; não é controlada por nenhum governo ou entidade legal e não pode ser resgatada em forma de ouro ou outra mercadoria. É baseada na rede Peer-to-Peer (P2P) de criptografia para manter a sua integridade e a de seus usuários.
Para Oliveira, Totti e Ney (2015, p. 02):
A ausência de um controle central mediado por um governo ou instituição financeira agregando seus impostos e taxas administrativas, bem como a manutenção da privacidade durante seu uso e o fato de serem objetos totalmente digitais, confere o crescente aumento de popularidade ao Bitcoin, se mostrando como uma alternativa as moedas convencionais e mais adequado as novas tecnologias da informação e comunicação.
Surda (2012), por sua vez, afirma que para a escolha de uma moeda é necessário avaliar sua liquidez, reserva de valor e custo de transação. Logo, a liquidez seria o maior desafio encontrado pelo Bitcoin, que, mesmo sendo potencialmente líquido, ainda não é tão aceito como forma de pagamento em diversas
partes do mundo. Sua reserva de valor pode atingir no máximo 21 milhões, o que, de 
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acordo com Calvette (2015), pode ser uma alternativa para a manutenção e, posteriormente, elevação do poder de compra. Os custos de transação envolvendo o Bitcoin são praticamente nulos comparados às transações mediadas por bancos convencionais. O baixo custo de transação, assim como a possibilidade da realização de pagamentos via internet, são características que podem tornar o Bitcoin uma moeda ideal para diversos consumidores e comerciantes tradicionais (REITMAN, THOMAS, 2011).
Essas transações, em termos simples, funcionam a partir de uma rede que informa quando o dono de uma certa quantia de bitcoins autoriza a transferência desses bitcoins para outro proprietário. Este, por sua vez, pode gastar essa quantia criando outra transação, autorizando mais uma transferência a outro proprietário e, assim por diante, criando uma certa cadeia de propriedade (ANTONOPOULOS, 2014).
Uma análise sobre as transações, feita por Antonopoulos (2014, p. 18), esclarece bem a relação entre seus proprietários:
As transações são como linhas em um livro de contabilidade de dupla entrada. Cada transação contém uma ou mais “entradas”, que são débitos contra uma conta bitcoin. No outro lado da transação, existem uma ou mais “saídas”, que são créditos adicionados a uma conta bitcoin. As entradas e saídas (débitos e créditos) não necessariamente somam o mesmo valor. Em vez disso, as saídas somam um pouco menos que as entradas, onde essa diferença diz respeito a uma “taxa de transação” implícita, que é um pequeno pagamento coletado para os “mineiros” que incluem a transação no livro de contabilidade.
Mesmo com a ascensão do Bitcoin e sua facilidade em realizar transações, seus usuários preocupam-se com seu status legal e com a possibilidade de uma repressão governamental. Por ser uma moeda anônima, alguns apontam para o potencial do Bitcoin em facilitar a lavagem de dinheiro, o comércio de drogas ilegais, a evasão fiscal e até mesmo a pornografia infantil. O cientista político e historiador americano, Peter C. Tucker (2009), relembra o fato de que o governo dos EUA 
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impediu uma espécie de moeda digital secundada pelo ouro, a e-gold, e processou seus criadores, sob as leis estaduais e federais relacionadas à conspiração e lavagem de dinheiro, além do fornecimento de serviços àqueles envolvidos em exploração infantil e fraudes em cartão de crédito. Outros apontam essa atitude do governo como interesse em proteger sua economia e monopólio.
Um crescente ecossistema envolve o Bitcoin, incluindo provedores de serviços de transações, informações mercantis e provedores de gráficos, bolsas, operações de mineração conjuntas e assim por diante. Atualmente, estão ausentes desse ecossistema bancos de reservas fracionárias, que são entidades capazes de oferecer retornos de investimento legítimo, embora alguns indivíduos já tenham anunciado seu interesse em incluí-los a esse sistema, fazendo com que ele se fortifique e aumente sua influência na economia mundial.
Para Ulrich (2014, p. 16):
O Bitcoin é a maior inovação tecnológica desde a internet, é revolucionário, sem precedentes e tem o potencial de mudar o mundo de uma forma jamais vista. À moeda, ele é o futuro. Ao avanço da liberdade individual, é uma esperançae uma grata novidade.
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3 METODOLOGIA
Para que os objetivos expostos sejam alcançados, será realizada uma pesquisa bibliográfica, constituindo parte de uma pesquisa descritiva e de natureza básica, tanto com a finalidade de compreender o regime financeiro convencional, para que seja possível uma interpretação e estudo acerca dos eventuais impactos do surgimento do Bitcoin, que é uma alternativa aos métodos de pagamento e transações tradicionais, quanto para analisar o comportamento da sociedade perante um sistema que, abruptamente, muda a dinâmica do comércio e abre portas para negócios realizados no anonimato. Todo conhecimento adquirido a partir da pesquisa bibliográfica viabilizará conclusões sobre prós e contras relacionados ao Bitcoin e todas suas variáveis, em comparação com a moeda tradicional.
Segundo Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como objetivo a descrição das características de um fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. O método descritivo também será empregado a fim de compreender as características práticas e obter dados sobre a utilização do Bitcoin em transações econômicas de uma empresa, ponderando sobre suas influências no âmbito empresa-consumidor. Para isso, será necessário entrar em contato com corporações que adotam o Bitcoin como meio de transação financeira, como a Nubank, um banco digital que permite que os boletos gerados em decorrência do uso do cartão de crédito sejam pagos com Bitcoins, entre outras grandes empresas.
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4 REFERÊNCIAS
ANTONOPOULOS, A. "Mastering Bitcoin". Estados Unidos: O’Reilly Media, 2014; 
BOHME, R; CHRISTIN, N; EDELMAN, B; MOORE, T. Bitcoin: Economics, 
Technology, and Governance. Journal of Economic Perspectives, Spring, v. 29, n. 02, p. 213-238. 2015. Disponível em <https://pubs.aeaweb.org/doi/pdfplus/10.1257/jep.29.2.213>. Acesso em: 25/04. 
2018; 
CAMARA, M. “O Bitcoin é alternativa aos meios de pagamento tradicionais?”. 2014. 76. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Departamento de Ciências Administrativas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
COSTA, E. “Bitcoin: Análise da moeda virtual descentralizada e suas implicações”. 2014. 46. Monografia (Bacharelado em Economia) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2014;
FAÉ, J. “A ascensão das criptomoedas: consequências para o regime monetário internacional. 2014. 43. Monografia (Bacharelado Relações Internacionais) – Departamento de Economia e Relações Internacionais, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014;
GARCIA, R. “Moedas virtuais são moedas? um estudo de caso para o Bitcoin e o Litecoin”. 2014. 36. Monografia (Bacharelado em Ciências Econômicas) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014;
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002;
ULRICH, F. "BITCOIN: a moeda na era digital". São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, 2014; 
 
 
 
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