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Hidrostática ESCOAMENTO EM DUTOS O escoamento em dutos é estudo de grande importância, pois dutos são os responsáveis pelo transporte de fluidos desde os primórdios da civilização. No passado, os dutos eram essencialmente utilizados no transporte de água. Atualmente os dutos são utilizados no transporte de líquidos e gases dos mais diversos tipos e em várias situações. Quando os dutos são acoplados a mecanismos de bombeamento adequados, formam um sistema que permite cobrir um range de distâncias que pode chegar a milhares de quilômetros. Os dutos podem ser instalados enterrados, a céu aberto e subaquáticos, e representam, hoje em dia, um sistema de transporte indispensável à economia mundial. Hidrostática Uma diferença básica do escoamento em dutos e canais é que, enquanto nos canais a seção do escoamento varia, pois depende da vazão transportada, nos dutos, normalmente, a seção de escoamento ocupa toda a seção transversal disponível no duto, independentemente, até certo limite, da vazão que é transportada. Um escoamento em duto com essa característica é conhecido como escoamento em duto forçado. PERDA DE CARGA EM DUTO FORÇADO A perda de carga em tubo de corrente no interior de duto forçado compreende as perdas de carga distribuídas que ocorrem nos trechos cilíndricos longos do duto e as perdas de carga localizadas (ou singulares) que ocorrem nas descontinuidades dos trechos cilíndricos longos do duto, como por exemplo, mudanças de direção e de seção, presença de válvulas, captação e descarga em reservatórios. Hidrostática PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA EM DUTO FORÇADO A perda de carga distribuída em duto forçado é calculada com: onde D é o diâmetro do duto, L o comprimento do duto, V é a velocidade média, g é a gravidade e f é o coeficiente de perda de carga distribuída. Condição: escoamento esteja dinamicamente estabelecido no interior do duto Hidrostática RUGOSIDADE Os condutos apresentam asperezas nas paredes internas que influem na perda de carga dos escoamentos. Tais asperezas não são uniformes e apresentam uma distribuição aleatória tanto em altura quanto em disposição. Para efeito de estudo, tais asperezas são consideradas uniformes. A altura uniforme das asperezas será indicada por “” denominada de rugosidade absoluta uniforme. Hidrostática CAMADA LIMITE Forças viscosas dependem da dinâmica do escoamento numa camada fina do fluido em contato com a superfície do corpo, denominada de camada-limite. Detalhes da camada-limite que se forma numa parede plana e lisa Na camada-limite, os efeitos viscosos são importantes. Fora da camada-limite, os efeitos viscosos podem ser desprezados. HidrostáticaA camada-limite é inicialmente laminar e sendo a parede suficientemente longa, adquire movimento turbulento após o ponto de transição. A espessura da camada-limite turbulenta cresce mais rapidamente com x do que a espessura da camada-limite laminar. A subcamada viscosa é uma camada muito fina, tipicamente menor que 1% da espessura da camada- limite e que fica em contato com a parede onde a mistura turbulenta é impedida. A espessura da subcamada viscosa fica mais fina à medida que o número de Reynolds aumenta. Hidrostática Na camada de amortecimento, os efeitos turbulentos se tornam mais significativos, mas ainda o escoamento é dominado pelos efeitos viscosos. Acima dessa camada, os efeitos da turbulência vão se intensificando e os viscosos vão se reduzindo até a borda da camada-limite; a partir daí, o escoamento não sofre mais a influência da parede, não sendo mais importantes os efeitos viscosos fora da camada-limite. Hidrostática Hidrostática A distância, a partir da entrada do duto até a seção onde o escoamento se estabelece dinamicamente, é chamada de comprimento de entrada le. O comprimento de entrada depende do tipo de escoamento na camada-limite (se laminar ou turbulento) e do número de Reynolds. Hidrostática camada-limite é laminar: camada-limite é turbulenta: Os comprimentos de dutos tipicamente utilizados em instalações fluido-mecânicas são, normalmente, muito maiores que le, sendo que os efeitos de entrada podem ser desprezados e a perda de carga poderá ser estimada assumindo-se escoamento completamente desenvolvido em todo o comprimento do duto. Hidrostática Para escoamento laminar, f independente da rugosidade relativa /D, sendo possível obter uma expressão analítica para f na forma: Colebrook em 1939 combinando os dados disponíveis para escoamento de transição e turbulento, em tubos lisos e rugosos, chegou à seguinte relação implícita para a determinação de f e que ficou conhecida como fórmula de Colebrook: com o logaritmo tomado na base 10 Hidrostática A fórmula de Colebrook requer, em geral, processo de cálculo iterativo para determinação de f. Pode-se evitar esse trabalho utilizando uma fórmula explícita em relação a f que tem sido recomendada: O diagrama de Moody-Rouse fornece valores de f com urna incerteza de até 15% dos dados experimentais. Rouse criou um gráfico para determinação de f, incluindo o regime laminar, aplicável às rugosidades de tubos comerciais. Moody reformulou o gráfico de Rouse, tendo gerado o notório diagrama de Moody-Rouse Hidrostática Hidrostática O diagrama de Moody-Rouse é subdividido em regiões onde o escoamento apresenta características peculiares. - Escoamento laminar: como os eixos do diagrama estão em escala bilogarítmica, f = 64/Re se apresenta como uma reta independente de /D, pois as partículas fluidas se deslocando em trajetórias retas paralelas não são afetadas pela rugosidade da parede do duto. - Escoamento de transição: na região de transição de escoamento laminar para turbulento, que ocorre na faixa de números de Reynolds compreendida entre 2.300 e 4.000 (área sombreada do diagrama), o escoamento pode se alternar de laminar para turbulento ou, dependendo das condições, se fixar em laminar ou turbulento, sendo que o valor f acompanha esse comportamento. - Escoamento turbulento: aqui f depende de Re e de /D. Essa região é caracterizada por uma subcamada viscosa de espessura tal que não consegue encobrir a rugosidade da parede do duto, a qual penetra no núcleo da camada-limite, intensificando a turbulência do escoamento, sendo o efeito o aumento de f à medida que /D aumenta para um mesmo Re. Essa região é limitada inferiormente pela curva de Dutos lisos (/D = 0), onde f só depende de Re. curva de escoamento turbulento liso Hidrostática Para escoamento em duto liso f poderá ser estimado por meio de: - Escoamento turbulento rugoso: nessa região a subcamada viscosa tem espessura tal que não consegue encobrir a rugosidade da parede do duto. Aqui f só depende de /D, e é por esse motivo que o escoamento é chamado de turbulento rugoso. Na região de escoamento turbulento rugoso, f poderá ser estimado por meio de: Hidrostática Define-se diâmetro-hidráulico Dh como quatro vezes a razão entre a área da seção transversal do duto S e o perímetro molhado s, assim denominado o comprimento do contorno sólido da seção do duto que está em contato com o fluido. DIÂMETRO-HIDRÁULICO DH As correlações apresentadas para o cálculo do coeficiente de perda de carga distribuída em dutos de seção transversal circular de diâmetro D se aplicam aos dutos de seção transversal não circular de diâmetro-hidráulico Dh, substituindo-se D por Dh. - Para dutos de seção quadrada de lado L, o diâmetro-hidráulico é igual a L/4. - Para dutos de seção transversal retangular de área b x h, o diâmetro-hidráulico é igual a 2 . h/(1 + RA), onde RA é a razão de aspecto do duto, dada por RA = h/b. Hidrostática Hidrostática Exemplo de aplicação de diâmetro hidráulico Pôr se tratar de um duto horizontal de diâmetro constante, a queda de pressão será igual àperda de carga distribuída dividida pelo peso específico do fluido. Hidrostática Para o cálculo de f será preciso calcular primeiro o número de Reynolds baseado no diâmetro- hidráulico do duto, o qual será dado por: A velocidade média do escoamento será dada por: Hidrostática O coeficiente de perda de carga distribuída será obtido para tubo liso no diagrama de Moody- Rouse, obtendo-se f 0,0195. Hidrostática PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM DUTO FORÇADO A perda de carga localizada hs em duto forçado é calculada por meio de: onde ks é o coeficiente de perda de carga singular (ou localizada). O coeficiente de perda de carga singular será, então, estimado por meio de: Hidrostática O coeficiente de perda de carga singular é obtido por via experimental, intercalando a singularidade num duto com área de seção transversal S, onde se mede, para uma dada vazão Q, a queda de pressão Dp = pl—p2 entre a seção de entrada e de saída da singularidade onde V = Q/S Determinação experimental do coeficiente de perda de carga singular Hidrostática No cálculo de V, quando as áreas das seções de entrada e de saída da singularidade são diferentes — caso das contrações e expansões de seção —, prevalece a menor área, ou seja, a área que gera a maior velocidade média, a menos que haja menção ao contrário. A perda de carga singular também pode ser expressa em termos do chamado comprimento equivalente Leq, definido como o comprimento do duto que contém o acessório que gera urna perda de carga distribuída igual à perda de carga singular do acessório. Onde f é o coeficiente de perda de carga distribuída e D éo diâmetro do duto que contém o acessório que apresenta o coeficiente de perda de carga singular ks Hidrostática A perda de carga total de um sistema que contém n trechos de dutos e m acessórios será dada por: Na eventualidade do sistema analisado ter um mesmo diâmetro, a Equação: se simplifica para Hidrostática lista de coeficientes de perda de carga singular para uma variedade de acessórios utilizados em instalações fluido- mecânicas Hidrostática Hidrostática Hidrostática Exemplo de aplicação de cálculo de perda de carga em sistema de bombeamento de água Água é bombeada entre dois reservatórios com unta vazão de 6 l/s, através de um duto em ferro fundido de 50 mm de diâmetro e comprimen-to de 120 m e diversas singularidades indicadas no sistema da Figura. Determine a potência hidráulica requerida da bomba. Hidrostática Aplica-se inicialmente a equação de Bemoulli generalizada entre as seções de escoamento (1) e (2): Solução onde H1 é a carga total média na superfície livre do reservatório inferior que será por: H2 é a carga total média na superfície do reservatório superior que será por: Hidrostática Corno se trata de um sistema cuja tubulação tem um mesmo diâmetro, a perda de carga total será calculada por meio da Equação: O cálculo da perda de carga entre as seções de escoamento (1) e (2), requer primeiro a determinação: da velocidade média V, do coeficiente de perda de carga distribuída f e dos coeficientes de perda de carga singular ks. Hidrostática No diagrama de Moody-Rouse, obtém-se a rugosidade do ferro fundido de 0,26 x 10-3 m que, juntamente com o número de Reynolds, permite calcular f por meio da Equação: Hidrostática Os coeficientes de perda de carga singular dos acessórios da instalação da Figura serão obtidos de Tabela. Hidrostática A perda de carga total será então de: Hidrostática Isolando HM no primeiro membro da Equação e substituindo os termos dessa equação pelos valores numéricos obtidos resultam em: portanto a máquina é bomba. A potência hidráulica da bomba WB será: Hidrostática Cabe observar que a perda de carga singular que ocorre na entrada e na. saída da bomba é incluída, por via indireta, no rendimento da bomba. Se a bomba da instalação opera com um rendimento de 70%, a potência que deverá ser fornecida ao seu eixo de acionamento W será dada por: Hidrostática EXERCÍCIOS Dois reservatórios de água (n água = 10 -6 m2/s) cujos níveis estão nas cotas 500 m e 480 m estão ligados por uma tubulação de concreto ( concreto=1 mm) de 8 km de extensão e 1 m de diâmetro. Calcule a vazão que pode ser transportada, desprezando as perdas de carga singulares. Resposta: 1,25 m3/s. Hidrostática Qual a potência hidráulica necessária para bombear água do reservatório A para o reservatório B, ambos de grandes dimensões, com vazão de 565 l/s? Dados: n água = 10 -6 m2/s; gágua = 10 4 N/m3; diâmetro da tubulação 200 mm; rugosidade da tubulação 0,2 mm. Resposta: 920 kW. Hidrostática PROVA P2: CONTEÚDO NOTAS DE AULA LIVRO DO BRUNETTI: CAP 3, CAP 4, CAP 5 e CAP 7