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Rachel Andrade Vaz Sampaio 1 DIREITO AMBIENTAL – Raissa Pimentel SALA – 107 1ª PROVA – 18/02 2ª PROVA – 01/04 AULA 06/01/2017 - Aula introdutória | Meio Ambiente na Constituição Federal Temas: Apresentação do conteúdo programático da disciplina. Fundamentos constitucionais da proteção ambiental. Meio ambiente como bem de uso comum do povo. Antropocentrismo mitigado. Desenvolvimento sustentável e solidariedade inter geracional. Baixar Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente CF art. 225 - Capítulo VI - Do Meio Ambiente - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; - os espaços protegidos são exceção aos paralelismo das formas, se foi criado por decreto, uma vez criado só pode ser alterado ou revogado por lei especifica. IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. – os animais devem ser respeitados pois apesar de o homem estar no centro os animais tem também um valor inerente a eles, e não apenas instrumental. Temos, então, um antropocentrismo mitigado § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Rachel Andrade Vaz Sampaio 2 § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. – patrimônio nacional é diferente de bem da União, apenas para destacar como áreas de relevância. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Meio ambiente tratado como macro bem ou patrimônio público pela primeira vez foi na CF 88, isso por conta de uma bagagem histórica. Toda legislação ambiental praticamente foi construída de fora para dentro, com muita influencia do direito internacional. As primeiras grandes convenções de direito ambiental ocorrerão na década de 70. Macrobem x microbem: o macrobem ambiental está associado ao serviço e função ecossistêmica, e interessa a toda coletividade. Os elementos biogicos interegem e realizam funções, uma delas pode ser a fotossíntese, que produz o oxigênio, sendo essa uma função ecossistêmica, que é importante para toda coletividade, a vegetação prestando um serviço ecossitemico. Existem inúmeros serviços ecossitemicos, como transformação de carbono em oxigênio, reciclagem, regulação do clima... O micro bem, por sua vez, tem mais a ver com os interesses particulares. Ex: em 20% de uma fazenda deve ser mantida a vegetação nativa (macrobem), no restante ela pode desenvolver quaisquer atividades (microbem, interesse particular). Desenvolvimento sustentável: ideia de meio ambiente ecologicamente equilibrado no art. 225 CF, é um direito fundamental apesar de não estar no art. 5. Mas a própria CF no art. 170 garante outros direitos fundamentais, como atividade privada, a ideia do legislador constituinte é fomentar o desenvolvimento econômico. O desenvolvimento sustentável seria uma forma de tentar atingir o equilíbrio entre esses dois direitos fundamentais. O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado como direito fundamental de terceira dimensão Em 1945 na diretriz de londre estava no cenário de produção industrial acelerada. No final de 1952 ocorreu um fenômeno climático, que fez com que o estacionamento da massa de ar acumulada com a queima de carvão dos processos industriais e para aquecer as casas, a nuvem de enxofre não conseguia se dissipar (big smoke). Em 1954 no Japão (minamata) começou a se registrar nascimento de muitas crianças com deformações físicas, e perceberam que aquilo se devia a contaminação por mercúrio do consumo de peixes contaminados nos rios nos entornos de fabricas, onde descartavam esse mercúrio. Esses foram dois grandes problemas que fizeram o mundo pensar no desenvolvimento. Em 1964 foi publicado um livro chamado a primavera silenciosa, denunciando o uso desenfreado de agrotóxicos nas plantações. Em 1966 foi fundado o grupo de Roma, com intenção de encomendar ao EMETI a elaboração de um relatório do cenário para os próximos anos, se os níveis de crescimento da população e poluição continuassem naquele ritmo. Rachel Andrade Vaz Sampaio 3 Esse relatório (Meadows) foi publicado em 1972 chamado de Limites ao Crescimento, e dizia que continuando daquela maneira em 100 anos não haveria mais recursos naturais disponíveis para uso. Em 1972 houve uma reunião em Estocolmo, e que surgiu uma declaração de princípios, que apesar de não ter coercitividade inspiraram o surgimento de legislações em diversos países. Em 1986 houve um grande acidente, em Chernobyl na Ucrania, que foi o responsável pela inclusão de um capitulo na CF 88 para o direito ambiental. Em 1987 houve o Relatorio Brundtland (Nosso futuro comum) e surgiu pela primeira vez a utilização da expressão desenvolvimento sustentável, ligado a solidariedade intergeracional (alguns autores tratam como princípios distintos mas alguns tratam como se o 2 fosse desdobramento do 1). A CF não tras esse principio expressamente, mas traz a noção de solidariedade intergeracional e intragereacional, viabilizar o acesso aos recursos ambientais para todas as classes da presente e da futura geração. Há quem considere que o desenvolvimento sustentável não é nem um principio, mas sim um mandamento de otimização da ponderação entre princípios. 1988 – CF – incorporando essa bagagem criou um capitulo especifico para o direito ambiental, pensando na perspectiva do macro bem. Trouxe a União a competência para legislar sobre localização de usinas nucleares, com objetivo de evitar acidentes como Chernobyl. 1992 – Cúpula da Terra – Rio Eco 92 – gerou a agenda 21 (que os países criasse metas especificas de implementação de politicas públicas); gerou a conferencia de biodiversidade e a convenção sobre o clima, que gerou o protocolo de Kyoto em 1997 (ideia dos créditos de carbono); e a declaração de princípios do Rio (todos princípios que temos na legislação infraconstitucional se espelharam nisso). Em 2002 houve a Rio+10, menos robusta, com menor produção. Em 2012 houve a Rio+20, mas ficou um pouco ofuscada pelo cenário de crise. AULA 13/01 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 1) e 2) PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL: em 1987 houve o Relatorio Brundtland (Nosso futuro comum) e surgiu pela primeira vez a utilização da expressão desenvolvimento sustentável, ligado a solidariedade intergeracional (alguns autores tratam como princípios distintos mas alguns tratam como se o 2 fosse desdobramento do 1). A CF não trás esse princípio expressamente, mas traz a noção de solidariedade intergeracional e intragereacional, viabilizar o acesso aos recursos ambientais para todas as classes da presente e da futura geração. Há quem considere que o desenvolvimento sustentável não é nem um princípio, mas sim um mandamento de otimização da ponderação entre princípios. 3) PRINCÍPIO DO POLUIDOR – PAGADOR: atenção!!! O princípio do poluidor pagador, apesar de ser tratado por alguns como princípios sinônimos, são completamente distintos. O poluidor pagador está Rachel Andrade Vaz Sampaio 4 relacionado a internalização de externalidades ambientais (externalidades são custos que não são contabilizados no valor total do produto). A externalidade ocorre quando uma ação praticada por um indivíduo ou um grupo de indivíduos vai provocar efeitos em terceiros que não participaram desta ação, as externalidades poderiam ser negativas ou positivas. A externalidade negativa ocorre por exemplo quando uma fábrica libera gases poluentes, e a emissão desses gases gera, além dos problemas de saúde, um aumento na temperatura do microclima – aumento da temperatura de determinada região. Assim, os custos desse aumento de temperatura não estariam incluídos no preço de um produto produzido pela fábrica. A ideia do princípio do poluidor pagador é internalizar esses custos eventuais na produção, a empresa teria, por exemplo, que instalar filtros para diminuir a produção provocada pela fábrica, aumentado o valor do produto comercializado. A ideia do poluidor pagador é evitar que ocorra a externalidade do dano, além de corrigir injustiças sociais, intenção mais de prevenir do que de penalizar posteriormente, tentando evitar possíveis problemas. 1ª distinção do princípio da responsabilidade: intervenção a priori, para evitar que ocorram externalidades ambientais e consequentemente o dano. 2ª distinção do princípio da responsabilidade: o destinatário imediato é o poder público, que deve adotar medidas para evitar que ocorram os problemas. Para fazer isso pode usar: 1) Instrumentos econômicos 2) Instrumentos de comunicação 4) RESPONSABILIDADE: imputa a quem gera algum dano ambiental responsabilidade civil, administrativa e criminal. Imputa um comportamento e sanção ao comportamento desviante, sanção a posteriori, quando ocorrer o dano. Para fazer isso pode usar: 3) Instrumentos de comando e controle 4) Instrumentos de comunicação OBS 1: E possível ainda a responsabilização decorrente de atividade lícita, mesmo que estivesse autorizado por exemplo e tenha gerado um dano, devido ao risco do empreendimento (responde objetiva). Presente no parágrafo 3 do Art. 225. OBS 2: possibilidade de responsabilização criminal da pessoa jurídica independentemente da responsabilização da pessoa física que provocou do ato, pacificado a partir do fim de 2015 entre STJ e STF. RESP 1049822 RS – responsabilidade sobre dano. É possível a inversão do ônus, não é preciso mostrar que a pessoa causou o dano, ela é que tem que mostrar que não causou. É possível a responsabilização do estado por ação ou omissão que venha gerar o dano ambiental. 5) PRINCÍPIO DO USUÁRIO – PAGADOR: criar uma tarifação sobre o acesso a determinado bem ambiental para evitar desperdício e falta de cuidados. Rachel Andrade Vaz Sampaio 5 6) PRINCÍPIO DO PROTETOR - BENEFICIÁRIO: foi incorporado de forma expressa no ordenamento a partir de 2010. Existem as externalidades negativas, mas existem também externalidade positivas, é possível que uma ação praticada por alguém gere benefícios à coletividade. Mas os custos dessa ação não seriam repassados a quem a gerou. Problema gerado devido à não internalização das externalidades positivas: caronagem ( por que vou realizar uma ação e gastar se meu vizinho pode fazer e me beneficiar? O problema é quando ninguém faz, gerando insuficiência na promoção das atividades de melhorias ambientais). Nessas situações o estado precisa intervir com instrumentos econômicos para tornar interessante esse comportamento. 7) PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO: proteger para evitar que ocorra o dano e a externalidade ambiental. Para operacionalizar será principalmente através do licenciamento ambiental, exigindo estudos, condicionantes e medidas de compensação para prevenir que ocorra o dano. Os técnicos que trabalham com os licenciamentos já tem noção dos impactos que os empreendimentos causarão. 8) PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO: diferente do anterior, estaremos diante de incertezas científicas absolutas quanto aos danos derivados da atividade. Declaração do Rio princípio 15. Principios 6 e 7 – inspiram a cooperação internacional – evitar a ocorrência de danos e externalidades ambientais que possam influenciar internacionalmente. 9) PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR PLENA: se dá quando são viabilizados 3 eixos: acesso a informação + efetivas instâncias de manifestação (que pode ser direta -participação em audiências publicas- ou indireta –pelos representantes eleitos- ou intermediária – através dos conselhos de meio ambiente) + acesso à justiça. AULA 20/01/17 – INSTRUMENTOS PARA OPERACIONALIZAR OS PRINCÍPIOS 1) POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (lei 6938/81) Para que se possa trabalhar de forma plena é preciso dividir competência. A diferença de politicas para normas comuns é que as politicas saõ hipertrofiadas, mais robustas, apresentam seus próprios instrumentos. Art 9º São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II o zoneamento ambiental; (Regulamento) III a avaliação de impactos ambientais; IV o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; VI a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; Rachel Andrade Vaz Sampaio 6 VII o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos NaturaisRenováveis IBAMA; XI a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; XII o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIII instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. SISNAMA – sistema nacional do meio ambiente – passa a ser conjunto dos entes federais, estaduais e municipais, bem como suas secretarias, englobam esse sistema. Art 6º Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente SISNAMA, assim estruturado: I órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; V Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. § 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. § 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA. Rachel Andrade Vaz Sampaio 7 O sistema nacional do ambiente é composto por uma série de atores e tem um órgão superior, que é a presidência da república (conselho de governo), e não o ministério do meio ambiente. O presidente junto ao conselho de governo é quem da a palavra final. O ministério do meio ambiente é o órgão central, pensa políticas públicas em matéria de meio ambiente, propondo as leis, decretos, apesar de quem efetivar ser o presidente da república dando sua palavra final. O primeiro braço executor da política nacional do meio ambiente é o Ibama, realizando fiscalizações, licenciamento ambiental, ações de educação ambiental e tudo que for ação de execução, é uma autarquia teoricamente independente do MMA mas tem ações alinhadas a este. O segundo braço executor é o Instituto Chico Mendes de Bioconservação (ICMBIO), específico para unidades de conservação, o que não for será responsabilidade do Ibama. Conama-conselho nacional do meio ambiente, órgão consultivo e deliberativo*. Também ligado ao MMA mas não é executor. É um órgão de representação social indireta intermediária. o Papel consultivo: assessorar o presidente e o ministro quanto as políticas públicas. o Papel deliberativo: existem estudos técnicos que normalmente mesmo quem trabalha na área não sabe fazer, e precisa de especialistas que possam deliberar sobre isso. As normas normalmente tem cláusulas abertas, e fica a cargo do Conama “legislar” expedindo atos com critérios para completar as lacunas técnicas da lei relativas a questões ambientais, conhecidas como resoluções. São deliberativo em seu âmbito, com ressalvas, legislam somente complementando as lacunas técnicas que eventualmente existirem. ANA – agencia reguladora, também vinculada a estrutura do ministério do meio ambiente. Compõe ainda o sistema nacional os órgãos seccionais (estaduais) e os órgãos locais (municipais), os ditos acima são federais. No Estado da Bahia, a estrutura é: governadoria e conselheiros (no lugar da presidencia) -> secretaria do meio ambiente (no lugar do MMA) -> conselho estadual de meio ambiente (SEPRAM) e conselho nacional de recursos hídricos (CONERH) (consultivos e deliberativos, no lugar do conama) -> instituto estadual do meio ambiente (inema, órgão executor, no lugar do ibama). Poluição: é uma espécie do gênero degradação, causada especificamente pela ação do homem. Degradação: toda e qualquer alteração negativa na qualidade do meio ambiente, e isso pode ocorrer independente da ação do homem. Art 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; Rachel Andrade Vaz Sampaio 8 b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera. V recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Para solicitar uma licença ambiental os legitimados para isso dentro do sisnama são o IBAMA ou o INEMA. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Competências: Por se tratar de competência comum, os 3 entes federais poderiam regular sobre a matéria, e existem então conflitos tanto positivos quanto negativos.A situação começou a ser resolvida a partir da resolução 237/97 do Conama, mas a polemica continuou por que se discutia quanto ao papel do Conama regulamentando o art. 23 da constituição. Até que em 2011 foi publicada a LC 140/11, e a partir disto houve uma divisão de competências para execução de políticas ambientais em fiscalização e licenciamento. Será competente para fiscalizar aquele que foi competente para licenciar. O detalhe em relação a isso é que os 3 entes podem fiscalizar para que não haja omissão, mas prevalece a notificação de fiscalização de quem é competência para tanto, tanto em caso de conflito positivo quanto negativo. Regulamentou-se que quando o IBAMA fiscalizar e der um auto de infração sobre um empreendimento que deveria ser estadual faz cópia dos autos e envia para o estado que poderá manter o auto de infração ou afastá-lo, podendo posteriormente responder por este afastamento caso não fundamente. Competência para fiscalizar é de quem tem competência para licenciar, mas na omissão do ente que deveria fiscalizar os demais podem fazê-lo supletivamente. Competência para licenciar: a competência será fixada pelos seguintes critérios: Segurança, estratégia, defesa, terras indígenas. Dominialidade de Unidade de Conservação – se o empreendimento vai funcionar nas unidades de conservação federal, estadual ou municipal, cada um Rachel Andrade Vaz Sampaio 9 deles licenciará a depender de quem é. OBS: a mais flexível das unidades de conservação é a APA, por isso um empreendimento que será realizado na APA é exceção à Dominialidade de Unidade de Conservação, podendo um ente licenciar em uma APA que não “seja sua”, olhando o critério do impacto (terceiro). o União: por questões de interesse nacional, interesse macro da coletividade, por questões de segurança. Em alguns casos independentemente do tamanho do empreendimento a competência para licenciar será da União pelos seguintes critérios: LC 140/11 – Art. 7- São ações administrativas da União: XIV promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; o Estados: art. 8 LC 140/11. XIV promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; XV promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) o Municípios: art. 9 LC 140/11. a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); Rachel Andrade Vaz Sampaio 10 Âmbito de incidência do impacto/impacto local: impacto local não diz respeito ao empreendimento estar dentro do município ou não, pois é possível que um empreendimento em uma cidade tenha efeitos que impactem em cidades vizinhas, tendo um impacto regional. Quando houverem impactos regionais quem vai licenciar é o estado. Quem vai dizer o que é impacto local ou ambiental? As resoluções de impacto local ou regional, definidos pelo conselho nacional do meio ambiente. VER ROTEIRO DE ESTUDOS SOBRE COMPETÊNCIA! AULA 27/01/2017 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL A recomendação ao poder publico para promover o licenciamento é diretriz constitucional. CF art. 225 + Política Nacional do Meio Ambiente – Lei nº 6.938/1981 CF, art. 225 Resolução 237/97 CONAMA Lei Complementar nº 140/2011 Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidora, ou capaz de alguma forma de causar degradação ambiental. o Licenciar é autorizar a: Localização Instalação/construção Operação/funcionamento Alteração Aquelas atividades que o poder publico tem certeza que vão causar poluição ou tem potencial de fazê-lo. As atividades que não tem esse risco não estão sujeitas ao licenciamento. Estão dividas em 3 grupos, a depender do porte ou do tipo de atividade: o Atividades não efetiva/potencialmente poluidores: utiliza-se o rito ordinário de licenciamento. o Atividades efetiva ou potencialmente poluidoras: utiliza-se o rito ordinário de licenciamento. o Atividades com significativa degradação (além de serem efetiva/potencialmente poluidoras): utiliza- se o rito extraordinário de licenciamento. PROCEDIMENTOS DE LICENCIAMENTO A regra no país é que o procedimento de licenciamento ambiental é trifásico (licença de localização, instalação, e operação – quanto a hipótese de alteração, terá que ser solicitado uma nova licença), tentando ao máximo que o projeto se torne viável de acordo com a adequação (3 chances, compatibilizar os arts. 170 e o 225 CF). Rachel Andrade Vaz Sampaio 11 O um procedimento administrativo complexo, do qual derivam outros atos. Além das licenças (um dos atos), no procedimento de licenciamento podem haver também necessidade de autorizações, entre outros. 1. Procedimento Ordinário: o poder publico tem um prazo máximo de 6 meses para analisar o projeto. Não fazendo isso por deficiência de pessoal do órgão, a pessoa não passa a ter autorização automática pela inércia do órgão. O que poderá ser feito nesses casos de inercia após o tempo máximo (ex: um órgão estadual que tinha competência para analisar o processo - inema) é a solicitação da instauração da competência da instancia supletiva (ex: acionar ibama). 1.1. Licença prévia o Serão requisitados uma lista de documentos, dentre os quais estarão avaliações de impactos ambientais (aia) para que o governo avalie as condições prévias, para que após sejam realizados esses estudos junto aos documentos da empresa a pessoa vá ao órgão requisitar a primeira licença o Atesta a viabilidade do projeto e aprova a localização. o Terá um prazo máximo de 5 anos, até que faça a readequação do projeto para requerer a segunda licença. 1.2 Licença instalação o Para que seja concedida a segunda licença será requisitado uma readequação do projeto com o cumprimento de algumascondicionantes. o Autoriza a construção, mas não o funcionamento o Prazo de 6 anos, expirados volta à estaca zero, sem direito adquirido de receber a primeira licença novamente. 1.3 Licença de operação o O órgão vai conferir se os procedimentos requisitados foram cumpridos para expedir essa licença. o Essa licença são expedidas com prazo mínimo de 4 e máximo de 10 anos. Ao fim dos 10 anos não retorna ao começo, mas você terá que pedir uma renovação da licença, que poderá ser renovada sem ônus ou com a atribuição de novas condicionantes caso necessário. 2. Procedimento extraordinário (EIA/RIMA) Aqueles que devido ao porte ou natureza são considerados de significativa degradação. A uma lista do CONAMA que define hipóteses (ex: complexo hoteleiro) em que independente do tamanho, apenas pela natureza, já se considera assim. A diferença para o rito ordinário vai se dar antes expedição da licença. Vai exigir um estudo prévio de impacto ambiental (EIA/EPIA), dispondo quais técnicos devem compor a equipe que o realizará, e isso será feito por quem quer a licença a suas expensas e não do órgão, para quem o estudo apenas chega depois para que seja analisado junto ao atestado de responsabilidade técnica. Rachel Andrade Vaz Sampaio 12 Os órgãos podem discordar dos estudos e mandar devolver mandando revisá-lo – posicionamento majoritário. RIMA -> tradução para leigos do EIA. Necessidade que além de apresentação do EIA seja apresentado também o RIMA para que a comunidade que será afetada possa entender o que está sendo dito sobre o impacto ambiental. O órgão deve publicar um edital com prazo mínimo de 45 dias após a chegada do estudo (as expensas do interessado) para que apenas após isso analise e possa expedir a primeira licença, para permitir que a comunidade possa apresentar considerações contraditando o estudo. Os interessados podem também nesse prazo de 45 dias solicitar audiência publica que terá que ser realizado pelo órgão obrigatoriamente, sob pena de nulidade da licença (podem haver até 10 audiencias). Legitimados: o Ministério Público o Entidade ambientalista o 50 assinaturas com petição ao órgão o Órgão ambiental de oficio. Essas considerações vinculam o órgão ambiental? Parcialmente, não vincula no sentido de ter que aceitar as recomendações, pode deferir o pedido, mas tem que fazer um relatório fundamentando o por que de não acatar. Com a pretensão de deferir o pedido, a comunidade pode sugerir então condicionantes a serem aplicadas já que será licenciado para diminuir os impactos, o que os órgão acabam acatando. A partir daí é que será concedida a primeira licença e sucessivamente, assim como no rito ordinário. A diferença é que no extraordinário tem uma fase a mais que é o estudo de impacto ambiental, visto no molde acima. O prazo nesse procedimento para analise também é diferente, será de 1 ano para licença previa, e 6 meses para a de instalação e de operação como no rito ordinário. Os prazos de duração das licenças também são os mesmos. Rito mais demorado, estudo mais rigoroso, e custos muito superiores. Obs.: PL 654/2015 →Procedimento especial para empreendimentos de infraestrutura considerados estratégicos e de interesse nacional. Descumprimento do prazo pelo órgão ambiental = aquiescência (art. 4º, §3º). Obs 2.: PEC 65/2012 – proposta de que entregando o estudo no órgão você já receberia licença para construir, quebrando o principio da prevenção, da participação popular e do poluidor pagador, o que se entende por absolutamente inconstitucional. Obs 3.: Na Bahia existe um procedimento simplificado de licenciamento, no qual este pode ser requerido pela internet. LAC -> determinados empreendimentos que se entendeu que em relação a poluidores-pagadores a poluição é mínima e há uma autorização automática, recebendo as três licenças ao mesmo tempo. Existe uma Rachel Andrade Vaz Sampaio 13 ADIN tramitando em relação a isso, ao mesmo tempo em que há um projeto de lei que visa replicar a LAC a nível nacional. Compensação ambiental - Empreendimentos de significativo impacto Lei nº 9.985/200 (SNUC) Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. É um percentual dos custos totais de implantação do empreendimento. Um empreendimento de significativo impacto antes de sua instalação deve prestar essa compensação ambiental. A compensação ambiental é aplicada a impactos não mitigáveis, não cabíveis de aplicação de condicionantes de licenciamento (relativas aos impactos mitigáveis). Foi prevista no art. 36 da lei 9985/2000 (lei de unidades de conservação). Sua destinação é a unidades de conservação de proteção integral. O posicionamento do STF é que a compensação ambiental se trataria de uma obrigação de fazer decorrente de um dano, futuro, mas certo e não mitigável. A discussão a luz da responsabilidade civil é do pagamento de uma indenização por um dano que ainda não ocorreu. A compensação é paga entre a licença previa e a de instalação, sendo requisito necessário para expedição desta. Parte da doutrina entende que deveria ser cobrada entre a licença de instalação e a de operação. Quanto a porcentagem devida, o STF entendeu que o valor não poderia ser fechado em 0,5%, deveria oscilar entre x e y com base nos parâmetros de impacto. Na Bahia ignorou-se o posicionamento do STF e determinou que aqui aplica-se fixamente 0,5%. A natureza da compensação ambiental, portanto, é de responsabilidade civil pelo entendimento do STF. Execução da compensação ambiental: o O empreendedor pode executar diretamente: prestar o valor relativo à compensação e investir diretamente na unidade de conservação. o O empreendedor pode executar indiretamente: prestar o valor relativo à compensação para o estado para que estes transmitissem para a unidade de conservação, tem-se feito isso Rachel Andrade Vaz Sampaio 14 contratando o estado ongs e entidades para que recebem o valor e executem a ação, pois havia um problema quanto ao recebimento da verba pelo estado por se tratar de verba indenizatória. AULA 03/02/17 - ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS Se subdivide em unidades de conservação, código florestal (área de preservação permanente e reserva legal) e rebio’s. CF. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridadedos atributos que justifiquem sua proteção; 1. Unidades de Conservação – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Unidades de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. LEI 9985/2000. Objetivo de que o poder público faça garantir o macro bem ambiental através de restrições administrativas. As unidades de conservação são instituídas a qualquer tempo e com objetivos específicos, enquanto o código florestal criou dois espaços protegidos especificamente que devem ser obedecidos por propriedades que se enquadrem nos critérios. 1º requisito: fundamentação, demonstrar objetivo geral (se o uso dos recursos deve se dar de modo direto – uso sustentável - ou indireto – proteção integral) e os específicos (delimitar dentre as 12 categorias em qual quero transformar a unidade de conservação). O poder público quando vai cria-las tem que informar o motivo pelo qual está criando a restrição sobre aquela área. Criada sobre uma área especifica. 2º requisito: realização de consultadas públicas, pois esta sendo criado proteção sobre estado publico ou particular, devem ser ouvidos portanto os interessados, lembrando que o órgão não é obrigado a aceitar as solicitações da comunidade mas deve fundamentar por que não aceitou. 3º requisito: poligonal -> deve haver marcação em unidades geográficas dos limites da unidade de conservação, dizer qual é a poligonal significa dizer qual é a área. Rachel Andrade Vaz Sampaio 15 4º requisito: antes de criar é preciso que haja embasamento com estudos técnicos, para evitar que haja desvios. Os objetivos devem estar alinhados a estudos técnicos que justifiquem a ação por parte do poder público. 5º requisito: legalmente deve ser entendido em sentido amplo. Pode ser criado ou ampliado por decreto (iniciativa do executivo), lei (iniciativa do legislativo), ou ainda por ato de particular*. OBS: há aqui uma exceção ao paralelismo das formas. Uma norma de um nível em regra pode ser revogada por outra de mesmo nível. Aqui, para que haja extinção, redução da poligonal ou recategorização para mais frágil (P.I -> U.S) da U.C. será necessária lei específica. * Parte da doutrina diz que a reserva particular do patrimônio natural (RPPN – deverá ser anotada na matricula do imóvel e é perpetua, não pode ser desfeita) pode ser criada por ato do particular, entretanto é preciso que o poder público ateste a viabilidade ambiental daquela área (valem aqui os mesmos requisitos); por isso alguns autores consideram que também é criado pelo poder público. A criação dessa unidade de conservação é de iniciativa do particular, informando essa pretensão ao poder público e este entendendo conveniente haverá um auxilio econômico anual por hectare a quem criou, além de isenções como do ITR. Existem dois grupos de unidades de conservação: o Proteção Integral: o poder público cria partindo do pressuposto que a área precisa de uma proteção muito maior, restrições mais brandas. Mesmo dentre elas existem as mais e menos severas quanto as restrições. Aqui haverá uso indireto dos recursos naturais. Em regra, não é possível aproveitamento econômico dos recursos. Por ordem de restrição: Reserva Biológica Estação ecológica Parque nacional Monumento Natural Refúgio da Vida Silvestre o Uso sustentável: restrições menos severas, objetivo de desenvolver consciência. Mesmo dentre elas existem as mais e menos severas quanto as restrições. Aqui haverá uso direto dos recursos naturais, é possível o aproveitamento econômico dos recursos. Se divide em 7 categorias. Reserva de Fauna Reserva extrativista Floresta Nacional Reserva Particular de Patrimônio Natural Reserva de Desenvolvimento sustentável Área de Transição ambiental Área de relevante interesse biológico Após a criação será necessário que a administração crie em até 5 anos um plano de manejo: documento técnico que estabelece o zoneamento e as normas referentes ao uso da área. Deve ser elaborado no prazo Rachel Andrade Vaz Sampaio 16 máximo de 5 anos após a criação da UC. Esse prazo é improprio, caso não faça isso nesse prazo não acontece nada. Mosaico de unidades de conservação: é um modelo de gestão. O órgão ambiental, por estratégia, entende conveniente criar em uma região varias unidades de conservação de forma integrada, mas cada qual com objetivos e afetações distintas. Corredores ecológicos: estratégia de gestão de áreas protegidas (como UC´s e terras indígenas) e áreas de interstício, com o objetivo de reduzir a fragmentação dos ecossistemas e facilitar o fluxo gênico. Zona de amortecimento: é uma área no entorno da unidade de conservação, com restrições menos inflexíveis que as da unidade de conservação, para gerar uma forma de adaptação para a população. Todas as unidades de conservação quando forem criadas precisam respeitar os requisitos, porém existem duas formas de unidades de conservação que não precisará de consulta pública, são elas: reservas biológicas e as estações biológicas. Limitação administrativa: proibir que se realizem certas atividades por até 7 meses em um local mesmo antes de já ter sido criada a unidade devido a algum tipo de risco iminente. O prazo aqui não é improprio, expirados os 7 meses cai a limitação e o particular volta a poder desenvolver suas atividades. Haverá ainda um prazo para desapropriação quando for criada. Lei 9.985/2000. Art. 22-A. O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com vistas na criação de Unidade de Conservação, quando, a critério do órgão ambiental competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes. § 1o Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constante do caput, na área submetida a limitações administrativas, não serão permitidas atividades que importem em exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa. § 2o A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no prazo de 7 (sete) meses, improrrogáveis, findo o qual fica extinta a limitação administrativa. Meio ambiente na CF, princípios, competência, licenciamento, unidades de conservação, cod florestal (1977/PLL) – assuntos prova AULA 10/02/17 – ESPAÇOS PROTEGIDOS NO CODIGO FLORESTAL Norma geral e abstrata, os imóveis que aqui se enquadrem deve observar esse regramento. 12651/12. Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.(Artigo 3º, III do Código Florestal de 2012) o Amazônia Legal: quase toda região norte e parte da centro-oeste. Dentro dos limites deve ser mantida a vegetação originaria, mas essa área não é totalmente intocada, pode ser realizado extrativismo sem corte (Ex: coleta de castanhas, seringueiras). Rachel Andrade Vaz Sampaio 17 Área de floresta: 80% do imóvel deve ser mantida como área de reserva legale o ônus de conservação do espaço é do dono. Área de cerrado: deve ser mantido 35 % da área do imóvel conservado. Área de campos gerais: deve ser mantido 20 % da área do imóvel conservado. o Demais Regiões do País: deve ser mantido 20 % da área do imóvel conservado (Bahia se enquadra aqui). o OBS: Anistia no Novo Código Florestal -> Imóveis que desmataram antes de 22.07.2008 não são obrigados a recompor as áreas abaixo do mínimo exigido pela lei para se adequar a reserva legal, fazendo para isso escolha entre algumas soluções: Tendo até 4 módulos rurais não precisam fazer nada (recompor, compensar ou conduzir a regeneração), bastava declarar que o desmatamento da sua região foi antes da data acima. Acima de 4 módulos deve fazer um programa de regularização ambiental, permitindo que continue com a plantação se comprometendo com uma das opções abaixo (essas compensações devem ser realizadas no mesmo bioma): Recompor – terá 20 anos para a cada 2 anos reflorestar 1/10 da área restante. Regenerar – não usa mais e deixa parado para que a natureza regenere. Compensar - continua plantando na mesma área desde que realize uma das seguintes ações (). o Compensação em outro imóvel: separar a área de outro imóvel para deixar preservada e continuar explorando o outro totalmente. o Aquisição de cota de reserva ambiental (CRA): vincular um imóvel que tenha um ativo de reserva legal a mais a outro que tinha um imóvel com passivo de reserva legal, ficando isso averbado no registro do imóvel, o estado não interfere no valor acordado entre ambos. o Compra Unidade de conservação: quando estava pendente de regularização fundiária, doa posteriormente para o estado Área de Preservação Permanente (APP): Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. (Artigo 3º, II do Código Florestal de 2012). o É permitido o acesso de pessoas e animais para a obtenção de água e para a realização de atividades de baixo impacto ambiental o Abertura de pequenas vias de acesso interno; Trilhas de ecoturismo o Moradia de populações tradicionais Manutenção de cercas e divisas Rachel Andrade Vaz Sampaio 18 o Supressão de vegetação apenas em casos de utilidade pública e interesse social. Áreas: o Encostas o Topos de morro o Nascentes: o Mata ciliar (cursos de rios): foram diminuídas no novo código as áreas de preservação. o Restinga AULA 10/03/17 - RESPONSABILIDADE CRIMINAL CF art. 225, 3º Lei 9.605/98 (lei de crimes ambientais) A maior questão a se tratar sobre responsabilidade criminal em matéria ambiental é sobre a possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica por crimes ambientais. Essa discussão começou com a CF 88 pois traz em seu artigo 3 divergência interpretativa, que foi superada com a entrada em vigor da lei de crimes ambientais que previu expressamente essa possibilidade. A doutrina se divide em 2 grupos: o O primeiro acredita ser possível. STF e STJ entendem ser possível. Subdivide-se em 2 correntes: Gilberto Passos e STF – PJ pode responder por crimes ambientais independentemente da pessoa física que praticou a conduta. A ação penal pode também continuar só com a PJ. 2013. STJ – tinha o entendimento pacifico até 2013 que deveria haver dupla imputação, deveria denunciar necessariamente a PJ e a PF, teoria da dupla imputação. Até que em Agosto de 2015 a segunda turma do STJ se alinhou ao entendimento do STF de que não é necessária a dupla imputação. o O segundo acredita que não faz o menor sentido. Subdivide-se em 2 correntes: Bitencourt e Reale – não é possível no ordenamento a responsabilização da personalidade jurídica e isso se deu a partir de problema interpretativo do art. 3 da CF por uma atecnia/equivoco. Maior parte dos criminalistas – entende que a PJ é uma ficção e por não ter comportamento provoca o tipo, além de que não teria potencial conhecimento da ilicitude. Requisitos para a responsabilização criminal: o Que a conduta tenha sido praticada em benefício da empresa e não do sócio administrador; Rachel Andrade Vaz Sampaio 19 o Que a decisão parta de uma pessoa que detenha poder econômico na empresa (sócio), a decisão tem que partir da gestão da empresa mesmo que praticado por um subordinado. RESPONSABILIDADE CIVIL EM MATERIA DE MEIO AMBIENTE o CF art. 225, §3 § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. o Lei 6938/81 – responsabilidade objetiva como regra – política nacional do meio ambiente o Primeiro elemento de resp civil ambiental: Conduta: ação/omissão Nexo de causalidade Dano: Presente: incide indenização. Futuro: é possível a configuração de um ano em que algum agente venha a ser responsabilizado por um dano que ainda não ocorreu? Essa possibilidade é admitida em se tratando de compensação ambiental. Aqueles empreendimentos causadores de significativa degradação deveriam passar ao estado um valor a título de compensação pois sabe-se que o empreendimento irá causar um dano que não pode ser recomposto nem compensado. A polêmica é por que é exigível entre a licença previa e a de instalação, ou seja, antes mesmo de começar a construir. O supremo se posicionou alegando que o dano é futuro e certo, e que por isso é cabível responsabilidade (recompor, compensar, indenizar – obrigação de fazer) nessa hipótese. Entretanto, caso a empresa quebre e não vá mais construir, a empresa terá direito a reaver o valor pago. Por isso outra corrente entende que a compensação deveria ser paga entre a licença de instalação e a de operação. Risco de dano: não é considerado para fins de indenização, está mais relacionado às medidas preventivas, pois pode ensejar um dano futuro, mas não é certo. o Responsabilização civil: obrigações de fazer. Recomposição: primeira medida que deve ser pensada, só depois passando para as próximas medidas possíveis. Compensação: em outra área. Indenização: hipóteses em que não é possível aplicar as 2 medidas acima. o Teoria do Risco integral: não admite excludentes de responsabilidade (caso fortuito, força maior, culpa exclusiva de terceiro). Admite o ressarcimento do dano independentemente de culpa, através recomposição, compensação ou indenização. Mais aplicada no ordenamento jurídico brasileiro em matéria de responsabilidade civil por dano ambiental. Rachel Andrade Vaz Sampaio 20 o Responsabilização do Estado: objeto de críticas em matéria de meio ambiente e também civil, mas é possível sim. Vai ser discutido se será objetiva ou subjetiva em matéria de meio ambiente. O estado além de precisar ter ações prestacionais não pode também violar direitos nossos, além de ter o dever de fiscalizar e evitar que alguém nos cause certo dano. Objetiva: quando o estado vier a causar uma ação lesiva irá se equiparar empresário e o STF entende que a responsabilidade será objetiva, ou seja, com ações que gerem degradação. Subjetiva: ocorrerá nas hipóteses em que houver culpa (negligencia na maioria das vezes) quanto a fiscalização das atividades que geram o dano, por falha no dever de fiscalizar. O estado pode responder junto ao particular causador do dano, prevalecendo que isso ocorrerá de modo subsidiário (apesarde haver quem entenda que será de modo solidário). Isso é difícil de ser provado pois o estado muitas vezes fazem medidas de fiscalização formal, mas não material. INSTRUMENTOS ECONÔMICOS Casos em que os instrumentos de comunicação e os de comando e controle não são efetivos, precisa-se então mexer no bolso. ICMS ecológico: técnica de alocação dos recursos arrecadados a título de ICMS (25% é repassado ao estado, e dentro disso 75% é distribuído de modo proporcional e 25% de modo maleável), para permitir o repasse dos 25% maleáveis aos municípios que adotem comportamentos ambientalmente interessantes. AULA 24/03/17 – POLITICA NACIONAL DE RESIDUOS SÓLIDOS – 12.305/10 Foi aprovado em 2010 mas levou 10 anos em tramitação. Teve maior visibilidade após um problema de intoxicação de crianças em um lixão de Brasília. A principal razão de sua publicação é a função social, devido as pessoas que vivem no ambiente dos lixões em péssimas condições de vida, além de evitar a entrada de chorume no solo e contaminação dos lençóis freáticos. RESIDO X REJEITO: o Resido: mais amplo, o que se compreende como lixo. São inseridos novamente no ciclo de produção através das cooperativas de catadores, que devem ser fomentadas pelo estado. o Rejeito: aquilo que não se consegue mais aproveitar. Disposição final ambientalmente adequada. Ordem: quando o legislador lançou a politica nacional criou uma ordem de metas que se teria a cumprir: o Não geração de resíduos: é o mais utópico, viria ao final de todo o processo abaixo. Rachel Andrade Vaz Sampaio 21 o Redução: serviria para chegar a não geração. o Reaproveitamento: o que passa por aqui são resíduos. o Reciclagem: o que passa por aqui são resíduos. o Tratamento: preparação para que haja o item abaixo, quando se não puder mais haver reaproveitamento ou reciclagem. o Disposição final ambientalmente adequada: associada aos rejeitos. Se dá em aterros sanitários controlados, e não em lixões. Lixões x aterros controlados: nos lixões o lixo fica amontoado em cima da terra com moradias acesso de pessoas e animais, enquanto nos aterros fica em um buraco até encher, depois é coberto e fica no solo. É chamado de controlado por serem objeto de concessão e estarem sujeitos a licenciamento ambiental com eia/rima (pois há uma possibilidade de aproveitamento econômico dos rejeitos depósitos nos aterros como produção de energia com biodigestores), área isolada. Com a entrada em vigor da lei havia um prazo de 4 anos para que todos os municípios deixassem de ter lixões e implementassem seus aterros, sob pena de não receberem mais verba federal, mas houve dilação dos prazos, alguns para até 2018 e outros para até 2022 (os menores podem se organizar em consorcio). Adicionar áudio do celular. PROVA Distinção entre APP e reserva legal, o que são e pra que servem, qual o objetivo do poder publico quando da instituição (e questões de micro bem e macro bem dentro disto).
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